17.06.2015 Views

baixar

baixar

baixar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O comportamento de solos não saturados submetidos à infiltração 161<br />

O comportamento clássico de solos não saturados, assim como o de solos saturados,<br />

pode ser dividido em três categorias de fenômenos: a) fluxo, b) resistência ao cisalhamento e<br />

c) deformabilidade. O comportamento de solos não saturados quanto aos fenômenos de fluxo<br />

e à forma como tais fenômenos se dão é abordado em vários capítulos deste livro e, por isso,<br />

não será explorado aqui. O principal foco deste capítulo é a discussão do comportamento<br />

mecânico do solo não saturado durante processos de infiltração. Processos de infiltração e<br />

umedecimento não apenas modificam o estado de tensões atuante no solo e alteram a resistência<br />

ao cisalhamento, como também causam deformações, que podem ser explicadas à luz<br />

da mecânica dos solos não saturados.<br />

Do ponto de vista dos tipos de materiais estudados, podem ser feitas algumas distinções<br />

entre a mecânica dos solos saturados e não saturados. A mecânica dos solos saturados tem<br />

como ênfase o comportamento de areias, siltes e argilas naturais, geralmente submetidas a<br />

poropressões de água positivas. Já a mecânica dos solos não saturados busca a compreensão<br />

do comportamento de solos naturais “dessecados”, sejam eles transportados ou residuais, e de<br />

solos compactados. No caso de solos não saturados, as poropressões de água estão geralmente<br />

negativas. No caso em que as poropressões estão negativas, a interação entre as partículas do<br />

solo, o estado de tensões e as interações físico-químicas passam a ter um comportamento<br />

mais complexo, que merece especial atenção, tanto em escala macroscópica, quanto na escala<br />

das partículas individualizadas.<br />

3 Resistência ao cisalhamento de solos não saturados<br />

A resistência ao cisalhamento de solos não saturados submetidos a processos de infiltração<br />

pode apresentar grandes variações em resposta às variações de umidade e, de forma mais<br />

fundamental, de sucção matricial. Variações de sucção osmóticas também podem ocorrer<br />

segundo a qualidade da água de infiltração. Destaca-se que, na sucção matricial aqui tratada,<br />

estão compreendidas as componentes capilares e aquelas oriundas de forças de adsorção.<br />

Conforme citado anteriormente, o estabelecimento das variáveis de tensões independentes<br />

pode ser utilizado como ponto de partida para a interpretação da resistência ao cisalhamento<br />

do solo não saturado.<br />

A influência da sucção matricial na resistência ao cisalhamento dos solos vem sendo<br />

estudada há décadas. A Figura 4 apresenta a ilustração de diversos modos de variação da<br />

resistência ao cisalhamento com a alteração da sucção matricial, observados na literatura. O<br />

estudo de Donald (1956) com diversas areias é um exemplo de investigações pioneiras neste<br />

tema dentro do campo da mecânica dos solos. Donald (1956), utilizando ensaios de cisalhamento<br />

direto modificados para a imposição de sucção, observou resistências ao cisalhamento<br />

que partiam de um valor inicial, para sucções nulas, sendo esses valores correspondentes à<br />

tensão vertical aplicada. Vários ensaios sob as mesmas tensões verticais, mas com diferentes<br />

sucções matriciais, foram realizados. O aumento da sucção matricial produziu ganho na resistência<br />

até um limite, situado em sucções relativamente baixas, de 10 a 20 kPa. A partir do<br />

valor máximo de resistência ao cisalhamento, observou-se uma perda de resistência, conforme<br />

ilustrado para o “solo arenoso” da Figura 4.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!