17.06.2015 Views

baixar

baixar

baixar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A interação entre a geomorfologia e os processos de infiltração 85<br />

o fator de segurança pode sofrer gradual mudança ao longo do tempo, especialmente com a<br />

alteração dos minerais que compõem o maciço sobre o qual está esculpido o talude. Alguns<br />

taludes possuem um arranjo do meio físico que lhes confere um alto fator de segurança natural,<br />

exigindo, em casos de intervenções de engenharia, pouca ou nenhuma obra de contenção.<br />

Por outro lado, taludes com fator de segurança naturalmente baixo exigem, quando submetidos<br />

a obras, vários tipos de contenção: muros de arrimo, cortinas atirantadas, terra armada,<br />

dentre outros.<br />

Casseti (1991) aponta que o espaço, com seu preço determinado pela lei do mercado,<br />

traduzida pela especulação imobiliária, reserva compartimentos vulneráveis à ocupação clandestina<br />

daqueles que não podem pagar pela terra e muito menos custear as obras de contenção<br />

necessárias para garantir o fator de segurança dos taludes. Além disso, considerando a<br />

diminuição natural do fator de segurança por alterações mineralógicas do maciço, mesmo<br />

obras elitizadas e com cautela geotécnica podem estar vulneráveis em compartimentos do relevo<br />

como os “mares de morros”. Um exemplo muito esclarecedor da modificação natural do<br />

fator de segurança pode ser verificado nos escorregamentos que ocorreram mesmo em áreas<br />

preservadas na serra catarinense, em 2008. Cabe esclarecer que o fator de segurança pode ter<br />

se alterado por fatores naturais externos ligados ao clima e internos ligados às características<br />

do maciço.<br />

5.2 Influência dos processos de infiltração na formação do relevo<br />

Será dada ênfase aqui às influências da infiltração da formação do relevo oriundas da<br />

intervenção antrópica. Não serão abordados os processos naturais nem as alterações provenientes<br />

de cortes e aterros. A ação antrópica intervindo no processo de infiltração e na alteração<br />

das propriedades e do comportamento do solo se dá de modo distinto no meio rural e<br />

no meio urbano.<br />

No meio rural, a intervenção na superfície por meio do manejo, adubação, calagem<br />

e aplicação de defensivos agrícolas afeta, em um primeiro momento, as características da<br />

superfície frente à infiltração e erodibilidade do solo. Em uma segunda etapa, ao mudar as<br />

condições de fluxo e a qualidade da água de infiltração que transporta produtos químicos<br />

solubilizados ou não, podem gerar a degradação do maciço e o desequilíbrio de energia, favorecendo<br />

os deslizamentos e a modelagem do relevo. Logo, configura-se um quadro em que a<br />

infiltração modela o relevo em área rural.<br />

No meio urbano, as impermeabilizações afetam de modo marcante o balanço hídrico, a<br />

infiltrabilidade e a distribuição da infiltração. Isso pode ser agravado pela infiltração de águas<br />

servidas devido à sua carga química e à possibilidade de degradação do maciço. Em área urbana,<br />

mesmo que se evite a infiltração excessiva de água nas vertentes, seja ela contaminada<br />

ou não, ainda assim a simples impermeabilização por meio da ocupação do solo pode alterar<br />

a umidade de equilíbrio do maciço devido a fluxos oriundos de outras áreas, inclusive do<br />

próprio subsolo, desencadeando instabilizações e deslizamentos.<br />

O problema é complexo e está longe de oferecer um entendimento mais consistente dos<br />

fenômenos desencadeadores dos deslizamentos modeladores do relevo por ação antrópica.<br />

Cabe aqui lembrar Lima (2003), que, estudando o processo evolutivo de ravinas e voçorocas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!