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Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais<br />

Silva (2012), ao estudarem infiltração em uma camada de latossolo no Distrito Federal, mostraram<br />

que nesses solos a infiltração está bastante ligada à sucção inicial.<br />

Verifica-se, portanto, que a ocupação humana das vertentes altera sobremaneira o ciclo<br />

hidrológico, aumentando a necessidade apontada por Coelho Netto (1995) de localização e<br />

quantificação dos fluxos d’água para entendimento dos processos geomorfológicos que comandam<br />

as alterações do relevo em variadas condições do meio físico. A alteração dos fluxos<br />

d’água por ocupação humana com consequente desencadeamento de movimentos de massa<br />

resultando em verdadeiros desastres com perdas socioeconômicas e de vida é muito bem<br />

ilustrada na região dos “mares de morros”, onde prevalece a floresta tropical atlântica. Os<br />

solos rasos associados a altas declividades favorecem, em condições de grande oferta hídrica,<br />

marcada pelo verão chuvoso com altas taxas de precipitação, condições ideais para a rápida<br />

saturação do maciço. Essa saturação em solos profundamente intemperizados, ao atingir a região<br />

de macroporos, compromete a resistência do solo devido aos efeitos da sucção. Tal situação<br />

se agrava com a remoção da vegetação natural que ajuda no equilíbrio hídrico. Conforme<br />

Casseti (1991), a vegetação possui importância relevante na estabilização das vertentes com<br />

interceptação e dissipação da energia da água da chuva, influência na infiltração, escoamento<br />

hipodérmico, transpiração e evapotranspiração, variação da umidade e temperatura.<br />

Em estudo sobre a Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro, Coelho Netto (2005) aponta que<br />

a floresta apresenta uma estrutura funcional plena na regulagem dos processos hidrológicos<br />

e mecânicos, contribuindo para a estabilização das encostas. A eficiência da infiltração e percolação<br />

pode ser verificada quando são feitos cortes nesse tipo de paisagem, onde é comum<br />

a ocorrência de erosão interna (pipings) no maciço, pois a infiltração a montante torna-se<br />

eficiente em função das raízes da floresta, gerando cargas hidráulicas e, por consequência,<br />

gradientes importantes. Por outro lado, nos estágios pioneiro e inicial, ocorre apenas o funcionamento<br />

parcial desses processos. Pesquisas de campo de Deus (1991) e Cambra (1998),<br />

citados por Coelho Netto (2005), realizadas em encostas sob cobertura vegetal de gramíneas<br />

indicam que tal ambiente permite a infiltração das águas pluviais, todavia a zona radícula<br />

com densidade de raízes finas e pouco profundas (20 – 40 cm) resulta numa descontinuidade<br />

hidráulica logo abaixo da zona de enraizamento ou rizosfera. Com a desaceleração da<br />

percolação vertical da água na zona subjacente, menos enraizada, o topo tende à saturação,<br />

especialmente durante as chuvas mais intensas. Isso gera uma poro-pressão positiva que tende<br />

a provocar a instabilidade da vertente, resultando em deslizamentos. Assim, Coelho Netto<br />

(2005) aponta que os solos sob gramínea e outras espécies arbustivas ou arbóreas com raízes<br />

densas e pouco profundas tendem a ser altamente instáveis, potencializando a ocorrência de<br />

deslizamentos. Vem ao encontro dessas observações como elemento auxiliar no desencadeamento<br />

das instabilizações do maciço o fato de que, quando sob o efeito de elevadas sucções,<br />

o volume da fase ar no solo, geralmente contínuo e muitas vezes importante, é colocado<br />

sob pressão positiva, dificultando, a partir de certo momento, a infiltração e atuando como<br />

empuxo sobre a camada de solo sobrejacente saturada ou quase saturada, o que favorece os<br />

deslizamentos.<br />

Vale considerar, portanto, como aponta Carvalho (1999), que a manutenção da encosta,<br />

explicada por geomorfólogos por um equilíbrio dinâmico e pelos engenheiros pelo fator<br />

de segurança, pode variar pela ação do clima com a impregnação de águas pluviais. Assim,<br />

mesmo sem intervenção antrópica, mas sem desconsiderar os agravantes dessa intervenção,

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