NESTA EDIÃÃO As novas metas do IBRACON - IBTS
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16<br />
Perspectivas<br />
<strong>As</strong> <strong>novas</strong> <strong>metas</strong> <strong>do</strong> <strong>IBRACON</strong><br />
I<br />
ncrementar as áreas de curso<br />
e pesquisa, além de promover<br />
eventos e atividades,<br />
neste momento em que as<br />
discussões sobre a formação de blocos<br />
econômicos, como o Mercosul e a<br />
Alca, tomam conta de nossa economia.<br />
Estes são alguns <strong>do</strong>s principais<br />
objetivos da diretoria <strong>do</strong> Ibracon<br />
que tomou posse no último mês de<br />
outubro.<br />
Segun<strong>do</strong> o novo presidente, prof.<br />
Paulo Helene, já está se investin<strong>do</strong> na<br />
organização de cursos de aperfeiçoamento<br />
e atualização na área de concreto,<br />
inclusive por conta das duas <strong>novas</strong><br />
normas, que entrarão em vigor<br />
obrigatoriamente a partir de março de<br />
2004, a NB-1 (NBR 6118) e a NBR<br />
14931, que trata da execução de<br />
estruturas de concreto.<br />
Uma das tônicas dessa gestão será<br />
o incremento das parcerias com envolvi<strong>do</strong>s<br />
na cadeia produtiva <strong>do</strong> concreto, visan<strong>do</strong> divulgar conhecimentos,<br />
produtos e procedimentos inova<strong>do</strong>res, para dinamizar<br />
ainda mais o setor. "Nós sentimos que o Ibracon tem<br />
muito potencial a ser utiliza<strong>do</strong>, então a idéia é projetar a entidade,<br />
mas, principalmente, projetar as estruturas de concreto<br />
no contexto nacional, ter assento no PBQP (Programa Brasileiro<br />
de Qualidade e Produtividade), uma influência maior junto ao<br />
Sinduscon, ABECE (<strong>As</strong>sociação Brasileira de Engenharia e<br />
Consultoria Estrutural), Institutos de Engenharia, às entidades<br />
de classe, com uma atuação à altura <strong>do</strong> que representam as<br />
estruturas de concreto para o país", revela o prof. Helene.<br />
O trabalho inicial da nova diretoria vem sen<strong>do</strong> "organizar a<br />
casa" para possibilitar uma maior projeção <strong>do</strong> Ibracon na defesa<br />
das estruturas de concreto, tanto no Brasil quanto no exterior.<br />
"Eu acho que nossa engenharia de concreto é muito boa, tem<br />
muita história e é pouco conhecida e respeitada lá fora", afirma.<br />
Para alcançar essa maior representatividade, o Ibracon está<br />
apostan<strong>do</strong> no aumento <strong>do</strong> número de sócios. A nova diretoria pretende<br />
implementar um programa de marketing nos próximos<br />
meses. Segun<strong>do</strong> o prof. Paulo Helene, atualmente a entidade tem<br />
cerca de 1.500 sócios, com alto índice de inadimplência, e o objetivo<br />
dessa gestão é recuperar esses sócios que se afastaram temporariamente<br />
da instituição e conquistar no mínimo o <strong>do</strong>bro de<br />
associa<strong>do</strong>s, terminan<strong>do</strong> o mandato com mais de 3.000 associa<strong>do</strong>s.<br />
Para tanto, terá continuidade o processo de aproximação com<br />
o segmento de arquitetura, inclusive com o convite para participação<br />
de arquitetos renoma<strong>do</strong>s nos próximos eventos <strong>do</strong> Ibracon.<br />
Em se tratan<strong>do</strong> de eventos, o Congresso Brasileiro <strong>do</strong> Concreto<br />
continua ten<strong>do</strong> destaque, mas os esforços serão distribuí-<br />
<strong>do</strong>s também na realização de outras<br />
atividades. "Havia uma distância muito<br />
grande entre o Congresso, que mobiliza<br />
toda a engenharia nacional nessa área,<br />
e o resto <strong>do</strong> ano, com poucas atividades.<br />
Agora, nós estamos queren<strong>do</strong><br />
fazer outras coisas, trabalhan<strong>do</strong> fortemente<br />
nas áreas de pesquisa e de cursos.<br />
Também pretendemos dar uma<br />
nova dinâmica aos comitês técnicos e<br />
às diretorias regionais <strong>do</strong> Ibracon, juntamente<br />
com o projeto Comunidade da<br />
Construção".<br />
Outra iniciativa que a entidade pretende<br />
colocar em prática é uma mudança<br />
radical nas características da Revista<br />
<strong>do</strong> Ibracon, que deverá ter um novo layout<br />
e ser transformada em publicação<br />
de âmbito internacional, inclusive com<br />
comitê científico internacional. O Ibracon<br />
já conseguiu autorização para utilizar<br />
o título "Concreto", que deverá ser<br />
o novo nome da publicação, cujo conteú<strong>do</strong><br />
aliará artigos científicos e material informativo mais moderno,<br />
que retratem a representatividade <strong>do</strong> segmento de concreto.<br />
Na visão da nova diretoria da entidade, a internacionalização<br />
da revista é importante porque, com o advento da Alca e o<br />
incremento <strong>do</strong> Mercosul, e sen<strong>do</strong> as estruturas de concreto algo<br />
muito presente em to<strong>do</strong>s os países vizinhos, poderá facilitar o<br />
intercâmbio até para empresas e profissionais brasileiros.<br />
Também com esta meta, o Ibracon estará promoven<strong>do</strong>, juntamente<br />
com o ACI - American Concrete Institute, o evento "O<br />
concreto como fator de integração das Américas", entre os dias<br />
25 e 27 de abril, em São Paulo. O objetivo inicial é comemorar<br />
os cem anos <strong>do</strong> ACI, mas o Ibracon quer aproveitar a ocasião<br />
para se discutir integração entre os países vizinhos. "Com o<br />
advento da Alca e to<strong>do</strong> esse movimento em torno <strong>do</strong> Mercosul,<br />
a cadeia da construção quer entender melhor esse processo de<br />
aproximação. Sentimos que há um certo interesse <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s em trocar alguns privilégios de subsídios agrícolas por<br />
uma penetração maior na área de engenharia. Acontece que a<br />
engenharia brasileira tem uma norma própria, diferente das<br />
<strong>do</strong>s nossos vizinhos, que são traduções das normas americanas.<br />
Por isso, traremos profissionais de Argentina, Chile,<br />
Peru, México e outros países, além <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, para<br />
discutir questões de segurança, durabilidade, integração, na<br />
área de estruturas de concreto", analisa o prof. Helene.<br />
A importância deste evento é ainda maior se for leva<strong>do</strong> em<br />
consideração que, fora <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, essa comemoração<br />
pelos cem anos <strong>do</strong> ACI, além de São Paulo, só vai acontecer em<br />
Paris e Sidney.<br />
■<br />
EXPEDIENTE<br />
Conselho Editorial<br />
Eng. João Batista Rodrigues da Silva (<strong>IBTS</strong>)<br />
Eng. Guilherme Bolini de Campos (ABESC)<br />
Eng. Eduar<strong>do</strong> Antonio Serrano (<strong>IBRACON</strong>)<br />
Eng. Hugo da Costa Rodrigues Filho (ABCP)<br />
Tecnologia <strong>do</strong> Concreto Arma<strong>do</strong><br />
em Notícias<br />
é uma publicação trimestral,<br />
destinada a difundir tecnologias<br />
a<strong>do</strong>tadas nas estruturas de concreto arma<strong>do</strong><br />
na construção civil brasileira.<br />
Entidades responsáveis:<br />
ABCP<br />
<strong>As</strong>sociação Brasileira de Cimento Portland<br />
Tel: (11) 3760-5300<br />
abcp@abcp.org.br<br />
www.abcp.org.br<br />
ABESC<br />
<strong>As</strong>sociação Brasileira das Empresas de<br />
Serviços de Concretagem<br />
Tel: (11) 3078-6775 - Fax: 3078-9270<br />
webmaster@abesc.org.br<br />
www.abesc.org.br<br />
<strong>IBRACON</strong><br />
Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Concreto<br />
Tel./Fax: (11) 3714-2149<br />
office@ibracon.org.br<br />
www.ibracon.org.br<br />
<strong>IBTS</strong><br />
Instituto Brasileiro de Telas Soldadas<br />
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Coordenação: <strong>IBTS</strong><br />
R. Car<strong>do</strong>so de Almeida, 313, cj. 132<br />
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Produção e Redação:<br />
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Flávio Falciano (MTb 20250)<br />
e Rosana Córnea (MTb 17183)<br />
Direção de Arte:<br />
José Renato Autilio<br />
Editoração:<br />
Edson Luiz<br />
Tiragem: 25 mil exemplares<br />
Distribuição gratuita.<br />
Os conceitos e opiniões emiti<strong>do</strong>s em<br />
artigos assina<strong>do</strong>s são de inteira<br />
responsabilidade <strong>do</strong>s autores e não<br />
expressam necessariamente a posição<br />
<strong>do</strong> Conselho Editorial.<br />
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agreement - Si sollicita lo scambio - Se solicita el<br />
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austausch erwunscht<br />
<strong>NESTA</strong> EDIÇÃO<br />
Pavimento de concreto gera<br />
economia e diminui acidentes<br />
O Anel Ro<strong>do</strong>viário de Belo Horizonte (MG) registra<br />
média de 1.500 acidentes por ano, com prejuízo de<br />
cerca de R$ 65 milhões/ano. Estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
com base em uma nova técnica, chamada Engenharia<br />
de Valor para Estradas, revelam que a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong><br />
pavimento de concreto, além de diversas outras alternativas<br />
na área de segurança viária <strong>do</strong> Anel<br />
Ro<strong>do</strong>viário de BH, podem resultar em economia de até<br />
R$ 4 bilhões em 20 anos, além de salvar muitas vidas.4<br />
Obra em hospital exige<br />
concreto de alta densidade<br />
A construção de uma sala para abrigar um acelera<strong>do</strong>r<br />
linear de partículas (equipamento que emite<br />
radiação e é utiliza<strong>do</strong> para tratamento <strong>do</strong> câncer),<br />
durante as obras de ampliação das instalações <strong>do</strong><br />
Hospital Alemão Oswal<strong>do</strong> Cruz, exigiu uma logística<br />
especial que incluiu a utilização de concreto de alta<br />
densidade, também conheci<strong>do</strong> como concreto pesa<strong>do</strong>,<br />
para impedir que a radiação ultrapassasse o<br />
espaço delimita<strong>do</strong>. Os estu<strong>do</strong>s para definição <strong>do</strong><br />
traço <strong>do</strong> concreto e ensaios de laboratório consumiram<br />
seis meses de trabalho.<br />
Recuperan<strong>do</strong> pavimento<br />
industrial<br />
8<br />
Destruí<strong>do</strong> depois de um incêndio e de passar cerca de<br />
11<br />
10 anos exposto às intempéries, o pavimento de um<br />
galpão na zona sul de São Paulo foi totalmente recupera<strong>do</strong><br />
com a construção de um sobrepiso em concreto<br />
arma<strong>do</strong> com telas soldadas. O trabalho completo<br />
durou apenas 15 dias.<br />
INFORMATIVO TÉCNICO: ABCP - ABESC - <strong>IBRACON</strong> - <strong>IBTS</strong><br />
Ano 7 - Nº 17 - Janeiro - 2004<br />
Lajes pré-moldadas em conjunto habitacional<br />
A criação de um amplo salão de convenções no térreo, com vãos livres<br />
de grandes dimensões, obrigou os construtores <strong>do</strong> Edifício Olímpia Trade<br />
a optarem pela a<strong>do</strong>ção de concreto de alto desempenho com fck 50<br />
MPa, desde a fundação até o topo da estrutura <strong>do</strong> prédio, que tem 17<br />
pavimentos.<br />
<strong>IBRACON</strong> EM NOVA FASE<br />
Normalmente utilizadas em obras de alto padrão, as <strong>novas</strong> tecnologias<br />
de construção civil já são a<strong>do</strong>tadas em habitações <strong>do</strong> tipo popular. Os<br />
524 apartamentos <strong>do</strong> novo conjunto habitacional da CDHU - Cia. de<br />
Desenvolvimento Habitacional e Urbano <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, no<br />
bairro da Moóca, na capital, estão sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s com lajes prémoldadas<br />
de concreto arma<strong>do</strong> com telas soldadas. Pág. 2<br />
Prédio em SP tem toda a estrutura em CAD<br />
Pág. 6<br />
Aumentar o número de associa<strong>do</strong>s, incrementar os convênios<br />
e parcerias com entidades da cadeia da construção,<br />
e investir na realização de eventos e nos meios de divulgação,<br />
são as principais <strong>metas</strong> da Diretoria <strong>do</strong> <strong>IBRACON</strong> que<br />
tomou posse no mês de outubro. O presidente da entidade,<br />
prof. Paulo Helene, fala sobre os planos da nova gestão.<br />
Arte gravada em concreto<br />
Uma das maiores gravuristas <strong>do</strong> Brasil, a artista plástica<br />
Maria Bonomi se dedica à criação de um grande painel que<br />
será um <strong>do</strong>s destaques <strong>do</strong> processo de remodelação da<br />
Estação Ferroviária da Luz, no centro de São Paulo e elege o<br />
concreto como principal material de trabalho, por possibilitar<br />
um verdadeiro dueto com o artista, geran<strong>do</strong> efeitos e sensações<br />
inespera<strong>do</strong>s. Pág. 14<br />
Pág.16
Tecnologia<br />
Ponte Rio-Niterói: concre<br />
to dispensa manutenção<br />
Recuperar o pavimento <strong>do</strong> vão central da Ponte Rio-Niterói foi por muitos<br />
anos uma preocupação <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res daquele que é um <strong>do</strong>s<br />
maiores corre<strong>do</strong>res de tráfego <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Até que no<br />
ano 2000 surgiu uma proposta inova<strong>do</strong>ra: utilizar o pavimento de concreto<br />
arma<strong>do</strong> como reforço estrutural, com aderência à estrutura metálica da<br />
ponte através de conectores metálicos.<br />
largura <strong>do</strong> vão navegável da Ponte é de 300<br />
m. <strong>As</strong> pistas de tráfego têm cada uma largura<br />
de 12,20 m e a estrutura metálica toda<br />
tem 848 m de comprimento. A obra foi rea-<br />
Alizada entre o final de 2000 e início de 2001.<br />
Para viabilizar esse projeto pioneiro foi utiliza<strong>do</strong><br />
concreto de alto desempenho com especificação<br />
de fck 60 MPa e armadura dupla. Os números <strong>do</strong>s<br />
ensaios de resistência à compressão (média aos 28<br />
dias de 65 MPa) obti<strong>do</strong>s na época levaram os construtores<br />
a avaliar que tratou-se <strong>do</strong> melhor desempenho<br />
em uma obra deste porte.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s, quase três anos depois, são os<br />
melhores possíveis. De acor<strong>do</strong> com o eng. Francisco<br />
Mendes, diretor de operações da Ponte Rio-<br />
Niterói, as condições <strong>do</strong> pavimento permanecem<br />
inalteradas após quase três anos de uso em severas<br />
condições, sem qualquer necessidade de reparos.<br />
"Nos primeiros meses de liberação <strong>do</strong> pavimento<br />
ao tráfego, surgiram fissuras muito peque-<br />
nas ao longo de to<strong>do</strong> o pavimento, que não abriram ou esborcinaram<br />
até hoje. Estamos estudan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong>, processo e/ou<br />
produto capaz de vedar essas micro-fissuras, de mo<strong>do</strong> a proteger<br />
as armaduras", explica.<br />
Devi<strong>do</strong> ao ineditismo deste tipo de solução em pavimentação<br />
de estruturas metálicas ortotrópicas com concreto de alto desempenho,<br />
foi implanta<strong>do</strong> um Plano de Monitorização <strong>do</strong> Pavimento,<br />
que consiste na realização de inspeções detalhadas semestrais<br />
para verificação e acompanhamento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> pavimento,<br />
além da realização de ensaios físico-químicos (resistência a compressão,<br />
profundidade de carbonatação, penetração de cloretos<br />
e sulfatos, e verificação de corrosão nas armaduras) nos anos de<br />
2002, 2003, 2005, 2010 e 2014. Após a realização das inspeções<br />
previstas para o ano passa<strong>do</strong> e primeiro semestre de 2003 não<br />
foi detectada necessidade de intervenção.<br />
Na avaliação <strong>do</strong> eng. Francisco Mendes, a obra<br />
pode ser considerada um sucesso, primeiramente<br />
por tratar-se de uma iniciativa inédita no país e em<br />
segun<strong>do</strong> lugar, por ter reduzi<strong>do</strong> a zero as intervenções<br />
para manutenção <strong>do</strong> pavimento <strong>do</strong> vão<br />
central da Ponte Rio-Niterói, que sempre foi um <strong>do</strong>s<br />
grandes problemas da Ponte desde sua inauguração<br />
em 1974, acarretan<strong>do</strong> prejuízos aos usuários<br />
e à própria estrutura metálica <strong>do</strong> vão central.<br />
A ABCP acompanhou toda a obra de pavimentação<br />
da Ponte Rio-Niterói, orientan<strong>do</strong> os construtores e<br />
participan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Plano de Monitorização, para verificação<br />
das condições <strong>do</strong> pavimento de concreto.<br />
■<br />
Novas tecnologias construtivas chegam<br />
a habitação popular<br />
<strong>IBTS</strong> lança nova tabela de<br />
Telas Soldadas Nervuradas<br />
O<br />
s avanços na área de tecnologia construtiva<br />
são acessíveis e viáveis a todas as construções.<br />
Os novos conjuntos habitacionais<br />
da CDHU - Companhia de Desenvolvimento<br />
Habitacional e Urbano <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São<br />
Paulo, no bairro da Moóca, em São Paulo, comprovam<br />
esse raciocínio.<br />
O empreendimento compreende 524 apartamentos,<br />
dividi<strong>do</strong>s em quatro con<strong>do</strong>mínios. O con<strong>do</strong>mínio<br />
"Moóca B" tem <strong>do</strong>is prédios, um de dez pavimentos<br />
com 80 apartamentos, e o de quinze pavimentos tem<br />
60 apartamentos. Os con<strong>do</strong>mínios "Moóca C",<br />
"Moóca D" e "Moóca E" têm, cada um, um prédio de<br />
16 pavimentos, com oito apartamentos por andar,<br />
num total de 128 apartamentos por con<strong>do</strong>mínio.<br />
<strong>As</strong> obras estão a cargo da Schahin Engenharia e<br />
tiveram início em abril deste ano, com previsão de entrega<br />
em junho de 2004.<br />
A tecnologia construtiva que está sen<strong>do</strong> utilizada<br />
prevê nas paredes blocos de concreto estruturais e<br />
lajes armadas com telas soldadas, moldadas no<br />
próprio canteiro de obras, além de, no acabamento<br />
externo <strong>do</strong>s edifícios, um revestimento tipo textura,<br />
colori<strong>do</strong>, de base cimentícia.<br />
Segun<strong>do</strong> o eng. responsável pela obra, Carlos Eduar<strong>do</strong><br />
Soares de Medeiros, esta é a primeira vez que a Construtora<br />
utiliza tecnologia de lajes pré-moldadas no can-<br />
teiro numa obra destinada a habitação popular. "Acredito<br />
que a cultura, sen<strong>do</strong> bem assimilada, se viabiliza. Pelos<br />
bons resulta<strong>do</strong>s que estamos alcançan<strong>do</strong>, a tendência é<br />
que esse processo construtivo passe a ser utiliza<strong>do</strong> por<br />
nós em outras obras semelhantes".<br />
<strong>As</strong> lajes têm espessura de 9 cm e utilizam concreto<br />
com especificação de fck igual a 20 MPa. A<br />
decisão de moldar as lajes no próprio canteiro deveu-se,<br />
primordialmente, à necessidade de agilizar a<br />
construção. "Se optássemos pelo sistema convencional<br />
de lajes moldadas in loco não conseguiríamos<br />
cumprir o curto prazo da<strong>do</strong> para a construção,<br />
mesmo utilizan<strong>do</strong> o sistema de alvenaria autoportante.<br />
Então, optamos por fazer lajes pré-moldadas,<br />
que possibilitam racionalizar o processo construtivo,<br />
resultan<strong>do</strong> numa velocidade bem maior",<br />
explica o engenheiro.<br />
De acor<strong>do</strong> com Medeiros, "o sistema para fabricar<br />
e montar uma laje no canteiro compreende um<br />
dia de trabalho. Se fosse moldada in loco o tempo<br />
necessário subiria para quatro dias".<br />
Nesse processo, a participação das telas<br />
soldadas na armação das lajes é fundamental,<br />
justamente por otimizar a mão-de-obra,<br />
conferin<strong>do</strong> maior qualidade ao produto final.<br />
"Com as telas, eu consigo uma velocidade<br />
bem maior <strong>do</strong> que se montasse a armação<br />
com vergalhão. Além disso, as telas já vêm<br />
nas dimensões necessárias, praticamente<br />
não haven<strong>do</strong> perdas", avalia o engenheiro<br />
responsável pelas obras.<br />
Depois de moldadas no canteiro, as lajes<br />
são içadas até o local definitivo através de<br />
gruas, sen<strong>do</strong> assentadas sobre a alvenaria.<br />
Além das lajes, também as escadas estão<br />
sen<strong>do</strong> moldadas no próprio canteiro de obras.<br />
Como o prazo para execução das obras é<br />
demasiadamente curto (cerca de um ano), os<br />
prédios estão sen<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong>s simultaneamente,<br />
sen<strong>do</strong> que a construtora optou pela<br />
terceirização de mão-de-obra como uma das<br />
estratégias para cumprir as <strong>metas</strong> orçamentárias<br />
e o prazo. "A cargo da Schahin ficarão<br />
a coordenação, fiscalização técnica, planejamento<br />
estratégico e todas as responsabilidades<br />
contratuais perante o cliente", explica<br />
Carlos Eduar<strong>do</strong> Medeiros.<br />
■<br />
Para mais informações:<br />
www.ibts.org.br<br />
2<br />
3
Projetos<br />
Ro<strong>do</strong>vias: pavimento de concreto economiz<br />
Um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is engenheiros<br />
mineiros sobre o Anel Ro<strong>do</strong>viário de Belo<br />
Horizonte (MG) vem chaman<strong>do</strong> a atenção<br />
<strong>do</strong> segmento de construção em to<strong>do</strong> o país.<br />
De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s, a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> pavimento<br />
de concreto pode gerar ao longo de 20 anos uma<br />
economia de R$ 4 bilhões.<br />
A meto<strong>do</strong>logia chamada Engenharia de Valor<br />
começou a ser utilizada recentemente no DER-MG<br />
(Departamento de Estradas e Rodagens) em empreendimentos<br />
de pequeno porte. Ao tomar conhecimento<br />
<strong>do</strong>s bons resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, a ABCP convi<strong>do</strong>u<br />
<strong>do</strong>is <strong>do</strong>s especialistas nessa técnica, os engenheiros<br />
Roger Gama Veloso e Marcos Augusto Jabôr, para<br />
atuarem como consultores independentes, realizan<strong>do</strong><br />
uma análise criteriosa das condições <strong>do</strong> Anel<br />
Ro<strong>do</strong>viário, cria<strong>do</strong> em 1980 para desviar o tráfego<br />
pesa<strong>do</strong> da região central de Belo Horizonte.<br />
Como acontece com a maioria das estradas<br />
brasileiras, o Anel apresenta buracos por toda a sua<br />
extensão, falta de acostamento e passarelas para<br />
pedestres e sinalização deficiente, geran<strong>do</strong> uma<br />
média assusta<strong>do</strong>ra de 1.500 acidentes/ano.<br />
Essa meto<strong>do</strong>logia foi desenvolvida a partir de<br />
1950, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, mas aqui no Brasil a aplicação<br />
em empreendimentos é relativamente re-<br />
cente. O trabalho tem como base a participação de<br />
uma equipe multidisciplinar, com vários especialistas<br />
na área de engenharia ro<strong>do</strong>viária e se utiliza de<br />
uma série de ferramentas de análise, exploran<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong> o potencial criativo da equipe, que é preparada<br />
para criar alternativas inova<strong>do</strong>ras.<br />
"O fato de você reunir uma equipe multidisciplinar e<br />
direcionar to<strong>do</strong> o esforço da equipe na criação dessas<br />
alternativas é que dá realmente o diferencial dessa<br />
meto<strong>do</strong>logia e surgem alternativas que não teriam<br />
si<strong>do</strong> concebidas anteriormente. Essa equipe tem que<br />
ter conhecimentos relaciona<strong>do</strong>s com o escopo <strong>do</strong> pro-<br />
Da esquerda para a direita, Márcio Pitta, especialista em pavimentos de concreto da ABCP e Renato Giusti, presidente da ABCP, fizeram<br />
parte da reunião da Comissão Permanente <strong>do</strong> Anel Ro<strong>do</strong>viário de BH (outubro de 2003) para apresentação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
a e salva vidas<br />
jeto. No caso de empreendimento ro<strong>do</strong>viário, alocamos<br />
especialistas em pavimentação, segurança<br />
viária, meio ambiente e custos ro<strong>do</strong>viários, entre<br />
outros", explica o eng. Roger Veloso.<br />
Para a solução de segurança viária no Anel Ro<strong>do</strong>viário<br />
de BH o Projeto Engenharia de Valor levantou 24<br />
alternativas, que poderão gerar uma economia da<br />
ordem de R$ 4 bilhões ao longo de 20 anos, a partir <strong>do</strong><br />
momento em que forem implantadas, e uma redução<br />
de R$ 33 milhões/ano em custos de acidentes.<br />
Segun<strong>do</strong> o eng. Roger Veloso, o Anel Ro<strong>do</strong>viário de<br />
BH registra em média 1.500 acidentes por ano, ou 4<br />
acidentes diariamente. "A avaliação que nós fizemos<br />
foi que esses acidentes gerariam um prejuízo anual de<br />
cerca de R$ 65 milhões/ano. A<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se as alternativas<br />
que propusemos a expectativa é de reduzir em<br />
35% o número de acidentes com veículos no Anel (é<br />
impossível reduzir a totalidade <strong>do</strong>s acidentes porque<br />
existem também as variáveis de erro humano e falhas<br />
mecânicas nos veículos) e em 80% o número de atropelamentos.<br />
Essas duas reduções gerariam uma<br />
economia da ordem de R$ 33 milhões/ano", declara o<br />
engenheiro. Como esse cálculos foram feitos levan<strong>do</strong>se<br />
em consideração principalmente os acidentes de<br />
maior gravidade, é possível avaliar que o número de<br />
mortos no Anel Ro<strong>do</strong>viário também diminuirá muito<br />
com a a<strong>do</strong>ção das medidas apresentadas.<br />
A maior parte da economia obtida nos estu<strong>do</strong>s<br />
através da redução de custos operacionais veio da<br />
alternativa <strong>do</strong> pavimento de concreto. <strong>As</strong> diferenças<br />
em termos de comparação entre o pavimento de concreto<br />
e o asfáltico num empreendimento em que circulam<br />
diariamente 75 mil veículos, como é o caso <strong>do</strong> Anel<br />
Ro<strong>do</strong>viário, são flagrantes: o pavimento de concreto<br />
apresenta durabilidade bem superior, permitin<strong>do</strong> que<br />
se tenha menos intervenções ao longo da vida útil (nos<br />
estu<strong>do</strong>s está prevista apenas uma intervenção para<br />
reselagem de juntas no décimo ano), ao passo que o<br />
pavimento asfáltico exigiria recapeamentos em média<br />
a cada cinco anos. "Isso significa congestionamentos,<br />
redução na capacidade da via em alguns perío<strong>do</strong>s,<br />
desconforto para os usuários, além <strong>do</strong> risco muito<br />
maior em termos de acidentes", justifica o eng. Veloso.<br />
Fruto <strong>do</strong>s bons resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, no âmbito <strong>do</strong><br />
DER-MG a aplicação da Engenharia de Valor tornouse<br />
obrigatória, em função da recente publicação de<br />
uma portaria interna que exige sua a<strong>do</strong>ção em<br />
empreendimentos acima de R$ 10 milhões. Existe<br />
também uma expectativa de que proximamente o<br />
Ministério <strong>do</strong>s Transportes a<strong>do</strong>te a mesma postura.<br />
Visan<strong>do</strong> divulgar essa técnica de Engenharia de<br />
Valor para Estradas, a ABCP realizou em São Paulo no<br />
final <strong>do</strong> primeiro semestre o primeiro curso sobre o<br />
assunto, coordena<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>is engenheiros especialistas<br />
na meto<strong>do</strong>logia. Dirigi<strong>do</strong> a profissionais de concessionárias,<br />
órgãos públicos, empresas de consultoria<br />
e projetos da área de construção e empreiteiras ligadas<br />
a obras de pavimentação, o curso tem o objetivo<br />
de otimizar gastos na elaboração e execução <strong>do</strong><br />
projeto, e capacitar os participantes a analisar as funções<br />
que não proporcionam vantagens ao projeto, fazer<br />
a avaliação <strong>do</strong>s critérios de valor <strong>do</strong> projeto e<br />
desenvolver projetos a partir da elaboração de alternativas<br />
com recomendações específicas validadas<br />
tecnicamente. O sucesso <strong>do</strong> curso e a importância<br />
<strong>do</strong> tema e <strong>do</strong> seu resulta<strong>do</strong>, fizeram com que o<br />
Ministério <strong>do</strong>s Transportes solicitasse técnicos <strong>do</strong><br />
DNIT, o que foi realiza<strong>do</strong> em dezembro de 2003. ■<br />
Planejan<strong>do</strong> o engenheiro<br />
Desenvolver um estu<strong>do</strong> estratégico para definir<br />
o perfil de profissional para a próxima década<br />
e as iniciativas para trabalhar sua formação.<br />
Com este objetivo a Escola Politécnica da<br />
Universidade de São Paulo começou a esboçar<br />
em 2002 o projeto Poli 2015, lança<strong>do</strong> oficialmente<br />
no último mês de agosto, durante as comemorações<br />
pelos 110 anos da faculdade.<br />
Coordena<strong>do</strong> pelo professor Francisco Romeu<br />
Landi, ex-diretor da Poli e hoje diretor-presidente da<br />
Fapesp, o projeto propõe transformações para que a<br />
Escola Politécnica promova uma maior integração<br />
com a comunidade e se comprometa com o desenvolvimento<br />
sustentável nas dimensões social, econômica<br />
e ambiental, tanto em nível de graduação,<br />
quanto em pós-graduação.<br />
A preocupação da Poli com o profissional que está<br />
sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> segue uma tendência verificada nas<br />
principais escolas de engenharia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e parte <strong>do</strong><br />
princípio de que a engenharia sofreu mudanças significativas<br />
a partir da segunda metade <strong>do</strong> século XX,<br />
com a quebra de vários paradigmas e introdução de<br />
novos conceitos com uma rapidez impressionante.<br />
A escolha <strong>do</strong> ano de 2015 também não se deu por<br />
acaso. Segun<strong>do</strong> o diretor da Escola Politécnica, prof.<br />
Vahan Agopyan, esse será o ano em que os futuros<br />
engenheiros dessa atual geração chegarão a ser<br />
considera<strong>do</strong>s profissionais seniores. A avaliação é<br />
de que o engenheiro de 2015 deverá ter um cérebro<br />
altamente exercita<strong>do</strong> por sólida base científica e tecnológica,<br />
mas com uma visão ampla, temperada por<br />
uma formação ética e humanística, grande capaci-<br />
dade de auto-aprendiza<strong>do</strong> e adaptação, e sensibilidade<br />
para os problemas sociais, <strong>do</strong> meio ambiente<br />
e qualidade de vida.<br />
Para desenvolver esse planejamento estratégico,<br />
a Poli está utilizan<strong>do</strong> ferramentas de gestão nunca<br />
usadas em educação, para uma autarquia inserida<br />
numa estrutura universitária sólida, como a USP, tais<br />
como a meto<strong>do</strong>logia de gestão Balanced Scorecard,<br />
desenvolvida por professores da Harvard Busines<br />
School, que deve auxiliar na priorização, articulação<br />
e organização correta <strong>do</strong>s projetos sugeri<strong>do</strong>s, monitoran<strong>do</strong><br />
as estratégias que levarão a Escola a promover<br />
as mudanças propostas no Poli 2015.<br />
A primeira etapa <strong>do</strong> Projeto Poli 2015 contou com a<br />
colaboração direta da comunidade externa à faculdade,<br />
engloban<strong>do</strong> indústria, governo, sociedade orga-<br />
<strong>do</strong> futuro<br />
nizada e até mesmo escolas de ensino médio. Foram<br />
definidas 10 áreas de projeto a serem trabalhadas:<br />
Marketing, Gestão, Modernização Administrativa,<br />
Valorização <strong>do</strong>s Funcionários, Melhoria da Infra-estrutura,<br />
Integração Acadêmica, Integração com a Sociedade,<br />
Integração com os Setores Produtivos, Gestão<br />
de Ensino e Adaptação da Estrutura Curricular.<br />
Na visão <strong>do</strong> prof. Agopyan a receptividade das<br />
comunidades externa e interna foi surpreendente.<br />
"To<strong>do</strong>s que foram contata<strong>do</strong>s se dispuseram a participar.<br />
Eu até esperava <strong>do</strong> meio interno mais<br />
reações contrárias, mas tive um retorno muito bom,<br />
tanto de funcionários administrativos, quanto técnicos<br />
e <strong>do</strong>centes. Sei que não vou ter 100% de<br />
adesão, é difícil lidar com mudança de cultura.<br />
Numa instituição como a nossa, que lida com o<br />
ensino e é uma autarquia, você tem<br />
que convencer e cooptar a pessoa,<br />
nunca impor uma posição. Eu sei que<br />
isso vai se dar ao longo <strong>do</strong> tempo".<br />
A expectativa da Diretoria da Escola<br />
Politécnica é que o trabalho de<br />
planejamento estratégico não se esgote<br />
com o projeto Poli 2015, mas que<br />
essa meto<strong>do</strong>logia possa servir como<br />
base para trabalhos semelhantes a<br />
serem realiza<strong>do</strong>s continuamente.<br />
"Somos gera<strong>do</strong>res de conhecimento,<br />
somos receptores de conhecimento e somos<br />
difusores de conhecimento. Temos essa missão e<br />
o nosso ‘cliente’ é a sociedade, que nos mantém e<br />
para a qual oferecemos o que temos de melhor,<br />
que são os profissionais que formamos", declara o<br />
prof. Agopyan.<br />
Vanguarda na tecnologia<br />
A Escola Politécnica da Universidade de São<br />
Paulo é uma das faculdades mais antigas <strong>do</strong> país,<br />
mas sempre se caracterizou pela<br />
ousadia, realizan<strong>do</strong> experiências<br />
inova<strong>do</strong>ras e trazen<strong>do</strong> a vanguarda<br />
da tecnologia para o Brasil.<br />
"A Poli foi criada para implementar<br />
a indústria nascente no Esta<strong>do</strong><br />
de São Paulo. Desde o princípio<br />
houve uma grande preocupação em<br />
investir em laboratórios, justamente<br />
para atender a indústria<br />
paulista“, explica o prof. Agopyan.<br />
A ligação da Politécnica com a<br />
indústria é muito forte. O primeiro computa<strong>do</strong>r<br />
brasileiro foi desenvolvi<strong>do</strong> na faculdade, em 1971.<br />
Hoje, a Poli coloca-se como a unidade com maior<br />
número de convênios em toda a USP, com mais de<br />
200 em andamento.<br />
Com 110 anos de tradição, a Escola Politécnica<br />
da Universidade de São Paulo conta atualmente<br />
com 500 professores, 4300 alunos de graduação e<br />
4.000 de pós-graduação, e mais de 12.000 usuários<br />
de educação continuada.<br />
■<br />
4<br />
5
Economia<br />
CAD viabiliza construção de prédio em São Paulo<br />
U<br />
tilizar concreto de alto desempenho com<br />
especificação de fck 50 MPa em toda a<br />
estrutura foi a solução encontrada por<br />
projetistas e construtores para viabilizar a<br />
obra <strong>do</strong> Edifício Olímpia Trade. O prédio,<br />
de uso comercial, apresenta 17 pavimentos tipo,<br />
com amplo salão de convenções no térreo e quatro<br />
subsolos para garagens subterrâneas, compreenden<strong>do</strong><br />
área construída de 24.400 m 2 , numa área<br />
total de terreno de 3.400 m 2 .<br />
O projeto <strong>do</strong> empreendimento já estava praticamente<br />
finaliza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s incorpora<strong>do</strong>res,<br />
que atua na área de pecuária, solicitou que o<br />
teatro previsto no projeto fosse transforma<strong>do</strong> em<br />
um grande salão de convenções, em que fosse<br />
possível, entre outras atividades, a realização de<br />
leilões de ga<strong>do</strong>. A proposta tinha como fundamento<br />
a falta de oferta desse tipo de local numa<br />
cidade como São Paulo. "Em virtude das características<br />
<strong>do</strong> prédio, com cargas elevadas e o<br />
número de vãos a vencer e a exigência da Incorpora<strong>do</strong>ra<br />
de não se colocar pilares dentro <strong>do</strong> salão,<br />
optamos pelo concreto de alto desempenho, alertan<strong>do</strong><br />
os incorpora<strong>do</strong>res que a estrutura sairia mais<br />
cara pela impossibilidade de se fazer as transições.<br />
Só para se ter uma idéia, uma viga na fachada que<br />
tinha dimensões de 0,30 m x 0,45 m passou para<br />
0,60 m x 1,20 m, para poder dar conta da sobrecarga.<br />
Portanto o prédio tornou-se uma obra complexa<br />
estruturalmente falan<strong>do</strong>, em virtude desses problemas",<br />
explica o eng. Artur W. Bazarian, diretor e<br />
responsável técnico da Classe Engenharia.<br />
Graças a essas mudanças, foi possível obter no<br />
salão de convenções um vão livre de 18 m x 32 m,<br />
e nos andares tipo, vão livre de 35 m x 16 m. A fundação<br />
<strong>do</strong> prédio é <strong>do</strong> tipo direta, com destaque para<br />
um grande bloco, com 8 m x 23 m e 1,60 m de altura<br />
(390 m 3 de concreto), para a área de eleva<strong>do</strong>res, e<br />
uma sapata, com 12 m x 6 m, com 3,5 m de altura<br />
(160 m 3 de concreto) no pilar da fachada frontal.<br />
Apesar da indicação inicial de utilização de gelo<br />
na concretagem <strong>do</strong>s blocos de fundação, a Construtora<br />
preferiu optar pela técnica tradicional da<br />
concretagem em camadas. "Como havia tempo para<br />
se lançar o concreto em camadas e preparação de<br />
juntas para se esperar uma dissipação <strong>do</strong> calor de<br />
hidratação, conseguimos ter expectativas de temperaturas<br />
não muito altas. Isso viabilizou a eliminação<br />
<strong>do</strong> gelo, que representa um custo a mais, além<br />
de uma complicação nas operações de lançamento",<br />
declara o eng. Fausto Villela Soares, que atuou<br />
como consultor para a Classe Engenharia.<br />
Para viabilizar esse processo de concretagem foi<br />
necessário um trabalho de logística com a concreteira,<br />
que permitiu a entrega e prestação <strong>do</strong> serviço<br />
de concretagem num bom prazo, sem grandes prejuízos<br />
ao trânsito no entorno da obra, que, aliás, fica<br />
localizada numa região muito movimentada.<br />
"Tivemos que definir detalhadamente quantas<br />
bombas eram necessárias, onde entrar com as<br />
betoneiras, qual o melhor caminho para elas chegarem<br />
à obra, como estaria o clima no dia da concretagem<br />
etc. Nas datas e horários marca<strong>do</strong>s para<br />
concretagem, uma usina da concreteira praticamente<br />
ficou à disposição para atender a nossa<br />
obra. Sempre havia <strong>do</strong>is ou três caminhões na fila,<br />
porque não podia haver um intervalo muito grande<br />
com a tubulação das bombas cheias, pelo fato de<br />
o concreto ser muito plástico. A logística incluiu<br />
até mesmo equipe extra, bombas de stand-by e<br />
vibra<strong>do</strong>res à gasolina, para evitar qualquer paralisação<br />
no processo de concretagem", avalia o eng.<br />
Vinicius André Pêgo, engenheiro residente da obra.<br />
Os construtores decidiram especificar o CAD, minimizan<strong>do</strong><br />
a possibilidade de patologias, ten<strong>do</strong> em<br />
vista a dificuldade de manutenção. Além disso,<br />
durante to<strong>do</strong> o processo de concretagem das fundações,<br />
foi feito um monitoramento constante da<br />
temperatura interna e externa <strong>do</strong> bloco, para evitar<br />
retração, seja hidráulica ou térmica.<br />
"O concreto levou entre 8 e 10 horas para dar<br />
pega. Quan<strong>do</strong> começava a dar pega ele era jatea<strong>do</strong><br />
com água, se retirava a nata, deixan<strong>do</strong> o agrega<strong>do</strong><br />
exposto, e já estava pronto para a execução<br />
da próxima camada", comenta o eng. Vinicius.<br />
Os pisos <strong>do</strong> subsolo são nivela<strong>do</strong>s com equipamento<br />
laser screed, ten<strong>do</strong> contrapiso arma<strong>do</strong>, com<br />
juntas de dilatação a cada 3 m e acabamento com<br />
cimento queima<strong>do</strong>. Na fachada <strong>do</strong> empreendimento<br />
estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s pré-fabrica<strong>do</strong>s de concreto.<br />
Os andares apresentam o que existe de mais avança<strong>do</strong><br />
em termos de tecnologia para uso de energia<br />
elétrica, ar condiciona<strong>do</strong>, cabeamento estrutura<strong>do</strong>,<br />
iluminação e piso eleva<strong>do</strong>.<br />
"Eu acredito que o prédio é um marco em função de<br />
ser uma estrutura que está totalmente calculada com<br />
fck 50 MPa, desde a fundação até o topo da estrutura.<br />
Ou seja, to<strong>do</strong>s os pavimentos vão exigir esse nível<br />
de resistência", afirma o eng. Fausto Villela.<br />
A construção <strong>do</strong> Olímpia Trade deverá estar<br />
totalmente concluída em janeiro de 2007. A previsão<br />
da Classe Engenharia é a utilização de cerca<br />
de 11.000 m 3 de concreto em toda a obra.<br />
■<br />
Tela soldada agiliza execução de<br />
pavimento industrial<br />
Viabilizar, em curtíssimo prazo,<br />
a ampliação <strong>do</strong>s galpões<br />
da unidade <strong>do</strong> bairro da Lapa,<br />
em São Paulo, era o grande<br />
desafio da Alstom Brasil, vence<strong>do</strong>ra<br />
de concorrência internacional<br />
para fornecimento<br />
de vagões para o metrô de<br />
Nova Iorque, para que pudesse<br />
entregar os trens dentro<br />
<strong>do</strong>s rigorosos prazos defini<strong>do</strong>s<br />
pelos norte americanos.<br />
P<br />
ara dar conta dessas necessidades, a<br />
construtora Camargo Correa executou<br />
6.480 m 2 de pavimento industrial num<br />
prazo recorde, entre os meses de março e<br />
novembro. O projeto de execução ficou a<br />
cargo da LPE Engenharia. O pavimento apresenta<br />
espessura variável, de 12, 14 e até 30 cm, em<br />
função da sobrecarga.<br />
O concreto especifica<strong>do</strong> apresenta fck 30 MPa,<br />
com resistência a tração de fctM,k 4,5 MPa, abatimento<br />
8 ± 1 cm, teor de argamassa: 49% < a <<br />
52%, consumo mínimo de cimento de 320 kg/m 3 ,<br />
retração hidráulica máxima de 400 µ/m, com<br />
armação superior e inferior em tela soldada.<br />
Segun<strong>do</strong> a eng. Vera Caputo, gestora de custo e<br />
análise econômico financeiro de obras de edificação<br />
da Camargo Correa, a utilização das telas foi<br />
fundamental. Por conta da necessidade de rapidez,<br />
foi feito um estu<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> otimizar prazos, que<br />
consistiu em que as telas chegassem à obra nas<br />
dimensões corretas, prontas para serem aplicadas,<br />
facilitan<strong>do</strong> sobremaneira a execução <strong>do</strong> piso. "A<br />
necessidade de rapidez, além da qualidade exigida,<br />
fizeram com que as telas soldadas fossem imprescindíveis<br />
para essa obra", avalia a engenheira.<br />
O acabamento <strong>do</strong> piso é <strong>do</strong> tipo liso, com pintura<br />
epóxi, sem a utilização de qualquer tipo de aditivo<br />
no concreto. Para garantir o nivelamento e a<br />
planicidade necessários foi utiliza<strong>do</strong> o equipamento<br />
laser screed.<br />
Ao to<strong>do</strong>, foram utiliza<strong>do</strong>s na obra 51 t de telas soldadas<br />
e cerca de 1.000 m 3 de concreto. ■<br />
6<br />
7
Segurança<br />
Racionalização<br />
Concreto pesa<strong>do</strong><br />
em hospital de São Paulo<br />
UParedes têm mais de um metro de espessura<br />
m <strong>do</strong>s mais importantes complexos de saúde<br />
da capital paulista, o Hospital Alemão<br />
Oswal<strong>do</strong> Cruz está investin<strong>do</strong> na modernização<br />
e ampliação de suas instalações.<br />
<strong>As</strong> obras estão a cargo da Construtora<br />
Moura Schwark, com projeto de arquitetura da Botti<br />
Rubin Arquitetos <strong>As</strong>socia<strong>do</strong>s.<br />
A obra <strong>do</strong> edifício de apoio, que deverá estar concluí<strong>do</strong><br />
no final de 2004, está demandan<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção<br />
de diversas técnicas construtivas, com destaque<br />
para a construção da sala que irá abrigar o novo<br />
acelera<strong>do</strong>r linear de partículas. O equipamento é utiliza<strong>do</strong><br />
para tratar pacientes com patologias oncológicas<br />
(câncer) e emite radiação biológica (fótons),<br />
que não deve ultrapassar os limites físicos da área<br />
onde é realizada a terapia.<br />
"Essa condição exigia a utilização de um material<br />
de uma massa específica de mo<strong>do</strong> que as ondas<br />
eletro-magnéticas de alta energia e freqüência<br />
geradas pelo acelera<strong>do</strong>r fossem atenuadas em sua<br />
trajetória através <strong>do</strong> corpo envoltório, reduzin<strong>do</strong>-as<br />
a níveis aceitáveis, de acor<strong>do</strong> com a legislação<br />
brasileira vigente", explica Martin Wende, engenheiro<br />
da Moura Schwark responsável pelo acompanhamento<br />
da construção <strong>do</strong> edifício de apoio.<br />
A atenuação de radiação de fótons independe da<br />
natureza <strong>do</strong>s materiais utiliza<strong>do</strong>s, porque está vinculada<br />
a uma massa específica, ou seja, diferentes<br />
materiais apresentam proteção equivalente contra<br />
os raios-X. Compara<strong>do</strong> a outros materiais de densidade<br />
igual ou maior, o concreto mostrou-se a alternativa<br />
mais econômica, principalmente em virtude<br />
<strong>do</strong> custo inicial e de manutenção.<br />
Entretanto, o concreto convencional possui<br />
massa específica entre 2300 a 2500 kg/m 3 e o projeto<br />
determinava densidade de 3870 kg/m 3 . Tal especificação<br />
exigiu um trabalho especial para que<br />
fosse desenvolvi<strong>do</strong> um traço de concreto de alta<br />
densidade, também conheci<strong>do</strong> como concreto<br />
pesa<strong>do</strong>, que, atenden<strong>do</strong> à massa específica, apresentasse<br />
ainda homogeneidade, resistência, abatimento<br />
e trabalhabilidade. Para evitar qualquer<br />
falha e levan<strong>do</strong> em consideração possíveis imprecisões<br />
no processo de fabricação e aplicação foi<br />
acrescentada uma margem de segurança de 5% à<br />
densidade recomendada no projeto. Dessa forma,<br />
o limite de densidade <strong>do</strong> concreto fresco para liberação<br />
de aplicação na peça atingiu a marca de<br />
4064 kg/m 3 .<br />
"Nesta obra, a opção foi pelo concreto arma<strong>do</strong>,<br />
pois, com uma massa específica possível de 4000<br />
kg/m 3 , alia<strong>do</strong> a uma espessura de parede de 125<br />
cm, ele atendia às exigências físicas e construtivas<br />
da edificação", informa Wende.<br />
Até chegar a um consenso sobre os componentes<br />
<strong>do</strong> concreto a ser utiliza<strong>do</strong> foram necessários<br />
seis meses, consumi<strong>do</strong>s com ensaios sobre diversos<br />
traços. Esses traços levaram em conta as<br />
condições diferenciadas de descarga das betoneiras<br />
feita através de grua com caçambas de apenas<br />
380 litros. "<strong>As</strong> caçambas de maior capacidade ultrapassavam<br />
o limite de içamento da grua. Com isso,<br />
a aplicação tornou-se um processo lento, exigin<strong>do</strong><br />
duas equipes de profissionais para, ao longo de 14<br />
horas de concretagem, aplicar apenas 30 m 3 ",<br />
conta o engenheiro.<br />
Ao contrário <strong>do</strong> concreto convencional (areia lavada,<br />
granito brita<strong>do</strong>, cimento tipo CP II ou CP III, aditivos<br />
e água), o concreto de alta densidade emprega<strong>do</strong><br />
na sala <strong>do</strong> novo acelera<strong>do</strong>r de partículas <strong>do</strong><br />
Hospital Oswal<strong>do</strong> Cruz utilizou os seguintes componentes:<br />
areia de quartzo, pó de magnetita, granalha<br />
de aço de <strong>do</strong>is diâmetros distintos, hematita,<br />
cimento CP V ARI, aditivos específicos e água.<br />
Apesar <strong>do</strong> custo eleva<strong>do</strong> desse concreto especial,<br />
os cuida<strong>do</strong>s toma<strong>do</strong>s pela equipe executiva da construtora,<br />
que desde o início acompanhou o processo<br />
de escolha e ensaio de material utiliza<strong>do</strong>, resultou<br />
numa perda de material inferior a 1,5%, garantin<strong>do</strong><br />
assim a viabilidade econômica <strong>do</strong> processo.<br />
Ainda de acor<strong>do</strong> com o engenheiro responsável<br />
pelas obras, houve um cuida<strong>do</strong> especial com o sistemático<br />
resfriamento da peça moldada por até<br />
três dias após a concretagem, com a finalidade de<br />
evitar a perda de água de hidratação, que poderia<br />
levar a tensões internas e resultar em fissuras<br />
indesejáveis em concretos blinda<strong>do</strong>s. ■<br />
Lajes pré-moldadas em conjunto residencial<br />
A<br />
Construtora Setin está em fase avançada<br />
de construção <strong>do</strong> conjunto residencial<br />
Villagio Maia, no município de Guarulhos.<br />
Na primeira fase <strong>do</strong> empreendimento,<br />
com previsão de conclusão em 2004, serão<br />
entregues 123 sobra<strong>do</strong>s.<br />
A tecnologia construtiva prevê a utilização de material<br />
reaproveita<strong>do</strong> da remoção <strong>do</strong> piso de concreto<br />
existente no local, num total de aproximadamente<br />
12.500 m 3 . O material é tritura<strong>do</strong> em um brita<strong>do</strong>r de<br />
mandíbula, passan<strong>do</strong> por peneiras, que separam a<br />
areia, o pó de pedra, o pedrisco e a brita. O material<br />
recicla<strong>do</strong> é utiliza<strong>do</strong> para fabricação de blocos de concreto,<br />
concreto e bica corrida para a pavimentação.<br />
"Em função da reciclagem montamos no canteiro<br />
o brita<strong>do</strong>r, a fabricação de blocos e a usina de concreto.<br />
Dessa maneira foi possível construirmos boa<br />
parte das casas, reduzin<strong>do</strong> custos e melhoran<strong>do</strong> a<br />
qualidade", explica o eng. Giorgio Vanossi, diretor<br />
técnico da Setin. Graças a esse processo, as lajes<br />
<strong>do</strong> pavimento térreo e da cobertura estão sen<strong>do</strong><br />
pré-moldadas em concreto numa verdadeira fábrica<br />
de pré-molda<strong>do</strong>s organizada no próprio canteiro<br />
de obras, com a montagem de 25 fôrmas diferentes<br />
para dar conta de todas as necessidades <strong>do</strong><br />
empreendimento, como blocos de fundação,<br />
muros, contramarcos para vãos de caixilhos e paredes<br />
hidráulicas.<br />
Essa infra-estrutura permite a fabricação por<br />
meio <strong>do</strong> sistema de fôrmas trepantes, de cerca de<br />
150 m 2 /dia de lajes, o que representa 15 m 3 de concreto<br />
diariamente, sen<strong>do</strong> que em cada casa são utiliza<strong>do</strong>s<br />
aproximadamente 10 tipos de laje, todas<br />
com espessura de 10 cm e concreto com especificação<br />
de fck de 22 MPa. No total, apenas na primeira<br />
fase <strong>do</strong> empreendimento, serão utiliza<strong>do</strong>s<br />
14.000 m 2 de laje.<br />
Para execução das lajes a Setin contratou a empresa<br />
Stone Pré-Fabrica<strong>do</strong>s Arquitetônicos. Pelo<br />
projeto original, todas as lajes foram calculadas<br />
com aço, ocorren<strong>do</strong> posteriormente uma transformação<br />
para telas soldadas, em virtude das diversas<br />
vantagens oferecidas pela tela, principalmente em<br />
termos de economia gerada pela ausência de perdas<br />
e grande velocidade de montagem da armadura.<br />
"Ao contrário <strong>do</strong> vergalhão, que exige corte, <strong>do</strong>bra e<br />
montagem, a tela só necessita ser posicionada no<br />
local correto, além de garantir qualidade, uma vez que<br />
existe uma uniformidade <strong>do</strong>s fios e espaçamento",<br />
afirma o diretor da Stone, eng. Paulo Koelle.<br />
Uma das principais vantagens desse processo<br />
construtivo de lajes pré-moldadas é que as lajes já<br />
são fabricadas acabadas, com toda a tubulação<br />
elétrica e hidráulica embutida, estan<strong>do</strong> prontas para<br />
a pintura. Nessa obra está sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> o acabamento<br />
tipo queima<strong>do</strong>, obti<strong>do</strong> com alisa<strong>do</strong>ra, que é<br />
passada quan<strong>do</strong> o concreto está em início <strong>do</strong> ponto<br />
de "pega".<br />
No momento, a construção está em fase final de<br />
montagem das lajes, o que ocorre em duas etapas:<br />
as lajes são levadas para o local de montagem com<br />
carretas e içadas por guindaste para serem dispostas<br />
no local correto. <strong>As</strong> paredes das casas são<br />
de bloco estrutural de concreto.<br />
De acor<strong>do</strong> com os construtores, na fabricação<br />
das lajes estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s aproximadamente<br />
1.400m 3 de concreto e cerca de 80 t de<br />
telas soldadas.<br />
■<br />
8<br />
9
Diferencial<br />
Popularizan<strong>do</strong> o<br />
concreto estampa<strong>do</strong><br />
Piso destruí<strong>do</strong><br />
em incêndio é recupera<strong>do</strong> em concreto arma<strong>do</strong><br />
AAnamaco - <strong>As</strong>sociação Nacional das Empresas<br />
de Material de Construção lançou<br />
no mês de novembro sua Loja-Escola,<br />
instalada no bairro da Barra Funda, em<br />
São Paulo. De acor<strong>do</strong> com o diretor de projetos<br />
especiais da Anamaco, Waldir Abreu, o empreendimento<br />
é um centro de referência para o<br />
varejo de material de construção, ten<strong>do</strong> no seu interior<br />
tu<strong>do</strong> o que há de mais moderno, inova<strong>do</strong>r e<br />
importante, para que o lojista de material<br />
de construção perceba como é possível<br />
melhorar sua loja e, conseqüentemente,<br />
seus resulta<strong>do</strong>s.<br />
A Loja-Escola tem 730 m 2 no térreo,<br />
onde de um la<strong>do</strong> existem gôn<strong>do</strong>las montadas<br />
para venda assistida, e <strong>do</strong> outro<br />
existem ambientes construí<strong>do</strong>s para apresentar<br />
produtos e serviços. Também há um mezanino de<br />
200 m 2 , com um auditório para a realização de cursos,<br />
salas de reunião e de trabalho, e a administração<br />
da Loja-Escola, que atualmente está funcionan<strong>do</strong><br />
com 21 parceiros patrocina<strong>do</strong>res.<br />
O projeto da Loja-Escola começou a ser desenvolvi<strong>do</strong><br />
em 1999, quan<strong>do</strong> a Anamaco fez a primeira<br />
loja modelo na Fehab, já com o conceito de agregar<br />
valor para o varejo de material de construção.<br />
A experiência se repetiu nos três anos seguintes,<br />
justamente para se testar a formatação da Loja e a<br />
definição <strong>do</strong>s parceiros.<br />
Em termos práticos, a Loja-Escola funciona como<br />
um centro de divulgação e informação, que não<br />
vende produtos, mas está pronto para atender<br />
todas as necessidades <strong>do</strong> lojista ou de seus funcionários.<br />
Isso significa que há na Loja-Escola um<br />
corpo técnico, forma<strong>do</strong> pelas equipes <strong>do</strong>s expositores,<br />
capacitadas para estar passan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> tipo<br />
de informação. "Quan<strong>do</strong> o lojista tiver uma dúvida<br />
sobre layout de loja, comunicação visual de loja,<br />
um <strong>do</strong>s parceiros que é responsável pela implementação<br />
da Loja-Escola vai ser aciona<strong>do</strong> para<br />
prestar os esclarecimentos e assessoria necessários",<br />
explica Waldir.<br />
Um <strong>do</strong>s destaques da Loja-Escola é a calçada,<br />
executada em concreto estampa<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> o<br />
diretor da Anamaco, a idéia <strong>do</strong> concreto surgiu<br />
porque a <strong>As</strong>sociação queria substituir a calçada<br />
anterior por algo inova<strong>do</strong>r, que combinasse com os<br />
objetivos <strong>do</strong> empreendimento. "Dentre as várias<br />
alternativas apresentadas, optamos pela calçada<br />
em concreto estampa<strong>do</strong>. A ABESC e a ABRACE -<br />
<strong>As</strong>sociação Brasileira de Concreto Estampa<strong>do</strong><br />
foram extremamente ágeis e<br />
a<strong>do</strong>tamos o concreto estampa<strong>do</strong><br />
não só na frente da Loja-<br />
Escola, mas também em toda<br />
a esquina, alcançan<strong>do</strong> os prédios vizinhos, para<br />
destacar ainda mais a novidade e diferenciá-la das<br />
demais edificações <strong>do</strong> bairro".<br />
A área calçada com concreto estampa<strong>do</strong> é de<br />
aproximadamente 270 m 2 , onde se utilizou 25 m 3 de<br />
concreto. Para Fernan<strong>do</strong> Majerowicz, presidente da<br />
ABRACE, a execução <strong>do</strong> concreto estampa<strong>do</strong> na<br />
calçada da Loja-Escola é importante por significar<br />
uma vitrine para o produto, atingin<strong>do</strong> justamente<br />
os varejistas de material de construção. "Esse<br />
público é forma<strong>do</strong>r de opinião e um <strong>do</strong>s principais<br />
objetivos de nossa entidade é justamente divulgar<br />
a alternativa <strong>do</strong> concreto estampa<strong>do</strong>, destacan<strong>do</strong> a<br />
durabilidade, agilidade de instalação, ampla variedade<br />
de cores e texturas e, principalmente, a<br />
garantia de qualidade graças ao selo de identificação<br />
da <strong>As</strong>sociação".<br />
Na avaliação de Waldir Abreu, para a Anamaco<br />
o resulta<strong>do</strong> da calçada em concreto estampa<strong>do</strong><br />
está sen<strong>do</strong> bastante satisfatório, por mostrar uma<br />
opção inova<strong>do</strong>ra, uma calçada toda em concreto<br />
sem deformações, com design belíssimo (incluin<strong>do</strong><br />
cor e estampa), fácil de limpar e, principalmente,<br />
executada de maneira muito rápida.<br />
A Anamaco pretende, inclusive, utilizar a experiência<br />
da Loja-Escola em São Paulo como ponto de<br />
partida para a implantação de projetos semelhantes<br />
em outras localidades <strong>do</strong> país. "Nós ainda<br />
não temos claro se isso será itinerante ou monta<strong>do</strong><br />
em locais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro,<br />
Recife e Curitiba. Primeiramente, vamos analisar os<br />
resulta<strong>do</strong>s de São Paulo, mas há a intenção de<br />
ampliar o projeto para outros locais", explica o<br />
administra<strong>do</strong>r da Loja-Escola.<br />
■<br />
P<br />
rojetar o pavimento de concreto arma<strong>do</strong><br />
em um galpão com 2.800 m 2 , localiza<strong>do</strong> no<br />
bairro de Santo Amaro, em São Paulo,<br />
poderia ser uma tarefa comum, mas<br />
acabou exigin<strong>do</strong> muito trabalho <strong>do</strong>s técnicos<br />
da Monobeton Soluções Tecnológicas, tradicional<br />
empresa de projetos no segmento de pisos e<br />
pavimentos e pioneira na especificação de pavimentos<br />
com grandes distâncias entre juntas (jointless<br />
floor).<br />
Isso por conta das características peculiares da<br />
edificação, parcialmente destruída por um incêndio<br />
ocorri<strong>do</strong> há cerca de 10 anos. Desde então, o prédio<br />
se manteve sem uso. O piso foi seriamente danifica<strong>do</strong><br />
em virtude da temperatura das chamas, da<br />
queda das telhas da cobertura e por ter fica<strong>do</strong> exposto<br />
às intempéries nesses anos to<strong>do</strong>s.<br />
Para a recuperação <strong>do</strong> galpão as soluções a<strong>do</strong>tadas<br />
foram a execução de reforços nos pilares, que passaram<br />
por um processo de "envelopamento" em concreto,<br />
além da substituição das telhas de cobertura.<br />
No caso <strong>do</strong> piso, a Monobeton, responsável pelo projeto<br />
de restauração e acompanhamento da execução<br />
da obra, avaliou diversas possibilidades.<br />
"A primeira opção seria a técnica <strong>do</strong> overlay, que<br />
baseia-se no conceito de fina camada de concreto<br />
aderi<strong>do</strong>, mas verificamos que era inviável, porque a<br />
parte <strong>do</strong> piso existente estava estruturalmente comprometida<br />
pelo acidente, não havia homogeneidade de<br />
estabilidade. Além disso, essa região em que a obra<br />
está situada apresenta um solo muito ruim. Se fosse<br />
feito o overlay, teríamos espessuras muito grandes de<br />
concreto em alguns pontos e muito pequenas em outros,<br />
começan<strong>do</strong> com 4 cm e chegaríamos em alguns<br />
pontos com 12 cm. E haviam pontos <strong>do</strong> piso velho que<br />
não tinham capacidade de aderência, porque ele foi<br />
queima<strong>do</strong> na superfície e acabou calcina<strong>do</strong>", explica o<br />
eng. Paulo Bina, diretor da Monobeton.<br />
<strong>As</strong>sim, a definição foi pelo sistema chama<strong>do</strong><br />
sobrepiso, ou seja, a construção de um novo pavimento<br />
sobre o que restou <strong>do</strong> antigo piso. Inicialmente,<br />
foi feita uma limpeza profunda e a regularização<br />
<strong>do</strong> piso antigo com concreto com baixo consumo<br />
de cimento, objetivan<strong>do</strong> torná-lo o mais<br />
homogêneo e plano possível. Só nessa etapa, foram<br />
utiliza<strong>do</strong>s 40 m 3 de concreto.<br />
Em seguida, foi feito um isolamento com <strong>do</strong>is<br />
lençóis de polietileno (lonas plásticas), para garantir<br />
a descontinuidade das juntas <strong>do</strong> piso existente com<br />
o novo piso, além de reduzir o atrito <strong>do</strong> concreto novo<br />
com o piso antigo no momento de sua retração.<br />
Depois disso, então, foi executa<strong>do</strong> o pavimento de<br />
concreto que teve espessura nominal de 12 cm, com<br />
variação pontual de 10 cm a 18 cm. Essa diferença se<br />
justifica porque o piso novo foi nivela<strong>do</strong> para corrigir<br />
as imperfeições <strong>do</strong> piso velho, que já apresentava<br />
deformações, até por conta das características <strong>do</strong><br />
solo, <strong>do</strong> incêndio e <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em que ficou exposto.<br />
O concreto utiliza<strong>do</strong> no pavimento apresenta<br />
especificação de fck de 30 MPa, com resistência a<br />
tração de fctM,k 4,5 MPa, cimento CP III, e aditivos<br />
plastificante e superplastificante.<br />
Na composição <strong>do</strong> pavimento utilizou-se ainda<br />
armadura superior (negativa) em tela soldada, para<br />
combater a retração e evitar o mapeamento das falhas<br />
<strong>do</strong> piso antigo, ou seja, não ter o risco de uma<br />
junta antiga ser filmada na superfície. Em alguns<br />
pontos foi utilizada armadura inferior (positiva)<br />
também em tela, porque nessa obra havia o risco<br />
de ocorrer empenamento das bordas. "Isso gerou<br />
grande preocupação e nós optamos por posicionar<br />
telas soldadas nas quinas e bordas das placas,<br />
como que crian<strong>do</strong> uma moldura, impedin<strong>do</strong> que se<br />
tenha uma movimentação dessas bordas de forma<br />
indesejada. O mesmo aconteceu nas áreas que<br />
sofrem interferências de pilares, caixas de passagens<br />
e insertes", comenta o eng. Paulo Bina.<br />
<strong>As</strong> telas soldadas utilizadas neste pavimento <strong>do</strong><br />
tipo Q283 e Q138 são um pouco mais pesadas <strong>do</strong><br />
que as que o merca<strong>do</strong> está acostuma<strong>do</strong> a trabalhar.<br />
Esses cuida<strong>do</strong>s também foram toma<strong>do</strong>s levan<strong>do</strong> em<br />
consideração as características da edificação e as<br />
possibilidades de sobrecarga a que o pavimento<br />
estará exposto, pois trata-se de edifício para<br />
locação, inclusive com a probabilidade de tráfego<br />
de empilhadeiras.<br />
Segun<strong>do</strong> os construtores, além de cumprir o papel<br />
necessário para a armadura, a tela soldada proporciona,<br />
no caso de armaduras superiores, uma maior<br />
facilidade de posicionamento. "O trabalho é facilita<strong>do</strong><br />
e os problemas minimiza<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> se trabalha<br />
com amarração, se puxar uma barra, todas as outras<br />
se movimentam. Com a tela isso nunca acontece, se<br />
consegue um ótimo posicionamento e firmeza. Ela<br />
tem uma distribuição em toda a massa <strong>do</strong> concreto,<br />
não escapa da direção das juntas e permite estar<br />
sempre trabalhan<strong>do</strong> no esquadro, ajudan<strong>do</strong> inclusive<br />
a aferir se as coisas estão funcionan<strong>do</strong> como o<br />
planeja<strong>do</strong>. É uma forma de se ter uma autoaferição<br />
<strong>do</strong> processo", avalia o diretor da Monobeton.<br />
Na ligação das placas de concreto foram utilizadas<br />
barras de transferência de 16 mm de<br />
diâmetro, posicionadas na linha neutra <strong>do</strong> piso a<br />
cada 30 cm. O pavimento de concreto foi executa<strong>do</strong><br />
numa seqüência de faixas alternadas, visan<strong>do</strong> evitar<br />
a quebra na retirada das fôrmas. <strong>As</strong> juntas<br />
foram preenchidas com epóxi semi-rígi<strong>do</strong>, nas<br />
áreas que podem sofrer tráfego, e mastique de poliuretano,<br />
nas demais áreas.<br />
O piso foi nivela<strong>do</strong> com régua vibratória e em<br />
seguida realiza<strong>do</strong> espargimento com agrega<strong>do</strong> de<br />
alta resistência, na proporção de 3,5 kg/m 2 , para<br />
promover uma maior resistência superficial. A<br />
planicidade e o espelhamento <strong>do</strong> piso foram obti<strong>do</strong>s<br />
com a passagem de acaba<strong>do</strong>ras simples e<br />
dupla. Finalizan<strong>do</strong>, na cura <strong>do</strong> concreto, foi empregada<br />
uma camada de agente de cura acrílico na<br />
superfície <strong>do</strong> piso, que também garante o efeito de<br />
brilho por mais tempo.<br />
O trabalho completo de recuperação <strong>do</strong> piso <strong>do</strong><br />
galpão levou apenas 15 dias para ser executa<strong>do</strong>.■<br />
10<br />
11
Entrevista Especial<br />
Francisco Oggi: pré-molda<strong>do</strong>s e a indu<br />
Como o sr. analisa o momento <strong>do</strong> setor<br />
de construção no Brasil?<br />
<strong>As</strong> construtoras hoje estão fican<strong>do</strong> cada vez mais<br />
enxutas. Elas querem administrar sistemas. Não<br />
querem mais ir atrás <strong>do</strong> bloco, pois preferem a parede<br />
pronta. Elas não procuram mais a barra de aço,<br />
porque contam com a armadura já montada. Essa é<br />
uma tendência mundial, porque no exterior a mão-deobra<br />
custa muito caro. Trata-se de um fenômeno que<br />
está se repetin<strong>do</strong> aqui, a mão de obra especializada e<br />
eficiente já está custan<strong>do</strong> muito. <strong>As</strong> construtoras estão<br />
enxugan<strong>do</strong>, porque estamos num ramo em que a<br />
solução de continuidade não é garantida, em virtude<br />
da crise econômica. A construção civil tem esse problema,<br />
sobe, desce, então o caminho a trilhar será o<br />
de comprar e administrar pacotes. Trocan<strong>do</strong> em miú<strong>do</strong>s,<br />
é muito melhor se eu tiver alguém que faça toda<br />
a estrutura da minha obra e me entregue pronta. Eu<br />
trato só com uma pessoa, não quero saber se o aço<br />
não deu, se o concreto voltou, se o caminhão tombou,<br />
se acabou a energia. Para compor o processo há ‘n’<br />
itens. Dentro da fôrma tem 50 mil tipos de pregos,<br />
sarrafos, pontaletes, assoalhos, escoras e travessas.<br />
O concreto <strong>do</strong> pilar tem especificação diferente <strong>do</strong><br />
concreto <strong>do</strong> restante da estrutura etc. Por isso, <strong>do</strong><br />
ponto de vista global, o item mais caro da obra é a<br />
estrutura e tem muitos ainda pensan<strong>do</strong> que são os<br />
eleva<strong>do</strong>res ou as esquadrias.<br />
“<br />
Os novos profissionais<br />
estão conquistan<strong>do</strong> espaço<br />
e já têm outra cabeça, porque<br />
o caminho natural é a<br />
industrialização, a a<strong>do</strong>ção<br />
de sistemas, racionalização<br />
e visão sistêmica da obra<br />
”<br />
Essa tendência de terceirização<br />
da obra é positiva?<br />
É positiva, à medida que dá oportunidade a<br />
empreiteiros e pequenas construtoras de se estruturarem<br />
para atender às grandes construtoras e incorpora<strong>do</strong>ras.<br />
Mas, em contrapartida, o gerencia<strong>do</strong>r da<br />
obra toda não consegue mais enxergar o pequeno<br />
12<br />
O eng. Francisco Pedro Oggi é considera<strong>do</strong><br />
um <strong>do</strong>s profissionais que mais<br />
entende de pré-molda<strong>do</strong>s de concreto<br />
no Brasil. Seu primeiro contato com<br />
essa tecnologia aconteceu ainda no<br />
perío<strong>do</strong> universitário, quan<strong>do</strong> cursava<br />
engenharia na Universidade Mackenzie.<br />
Depois, montou escritório de projetos e<br />
trabalhou em algumas empresas, sen<strong>do</strong><br />
que agora atua como consultor, na<br />
transformação de projetos para prémolda<strong>do</strong>s<br />
ou adequação <strong>do</strong>s mesmos<br />
para se obter maior eficiência. Filho de<br />
artista plástico e escritor, Oggi sempre<br />
teve apreço especial pela cultura e conhecimento.<br />
Por conta disso, viaja freqüentemente<br />
para o exterior, buscan<strong>do</strong><br />
<strong>novas</strong> informações sobre tu<strong>do</strong> o que envolve<br />
o segmento construtivo. Além disso,<br />
lê periodicamente mais de 12 revistas<br />
internacionais sobre o assunto e<br />
mantém uma biblioteca riquíssima, versan<strong>do</strong><br />
principalmente sobre concreto<br />
arma<strong>do</strong> e pré-molda<strong>do</strong>s. Nesta entrevista<br />
especial o eng. Francisco Oggi fala<br />
um pouco sobre pré-fabricação e compara<br />
o estágio <strong>do</strong> Brasil em relação aos<br />
demais países.<br />
empreiteiro. Por isso, cada vez mais se está exigin<strong>do</strong><br />
dessa cadeia uma formatação, onde qualidade,<br />
responsabilidade e garantia de prazo estão sen<strong>do</strong> a<br />
tônica <strong>do</strong> negócio, abrin<strong>do</strong> campo para o desenvolvimento<br />
e aplicação de sistemas.<br />
Isso não acaba geran<strong>do</strong> uma situação<br />
de maior desigualdade entre grandes<br />
e pequenas obras?<br />
É claro que estamos numa fase de transição, mas<br />
a tendência é que esses processos construtivos<br />
artesanais desapareçam, porque, em primeiro lugar,<br />
a mão-de-obra para esse trabalho tende a desaparecer.<br />
Os novos profissionais estão conquistan<strong>do</strong><br />
espaço e já têm outra cabeça, porque o caminho<br />
natural é a industrialização, a a<strong>do</strong>ção de sistemas,<br />
racionalização e visão sistêmica da obra. O concreto<br />
<strong>do</strong>sa<strong>do</strong> em central, por exemplo, ainda é utiliza<strong>do</strong><br />
por uma parcela pequena, mas só tende a crescer.<br />
Nas grandes construções já é quase uma unanimidade.<br />
Mas, até nas pequenas residências, se for<br />
feito um cálculo preciso, vai se chegar a conclusão<br />
que o concreto bombea<strong>do</strong> é economicamente competitivo,<br />
oferecen<strong>do</strong> maior agilidade e qualidade.<br />
Porque o uso <strong>do</strong> concreto ainda<br />
é tão reduzi<strong>do</strong> no Brasil?<br />
Inicialmente, porque consumimos muito pouco<br />
cimento per capita. A Indústria Italiana <strong>do</strong> cimento,<br />
por exemplo, já está em 41 milhões de toneladas/ano,<br />
para uma população de 45 milhões de<br />
habitantes, num país em que já está quase tu<strong>do</strong><br />
construí<strong>do</strong>. No Brasil, nós estamos em 37 milhões de<br />
toneladas/ano para 180 milhões de habitantes, num<br />
território 23 vezes maior que o da Itália. Temos muito<br />
que evoluir dentro <strong>do</strong> âmbito de produtos à base de<br />
cimento, além de tomarmos cuida<strong>do</strong> com outros<br />
setores que estão se estruturan<strong>do</strong> e conquistan<strong>do</strong><br />
fatias <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. A Espanha, que tinha uma cultura de<br />
utilização de estruturas metálicas, está entran<strong>do</strong> violentamente<br />
com o pré-fabrica<strong>do</strong>, porque custa menos.<br />
O concreto arma<strong>do</strong> ainda é o elemento mais barato.<br />
Apesar disso, no Brasil o concreto ainda não é devidamente<br />
entendi<strong>do</strong> por quem compra, é a famosa falta de<br />
informação. Nos últimos cinco anos, houve uma sensível<br />
evolução no segmento de aditivos, possibilitan<strong>do</strong><br />
fazer concretos com desempenhos mais eleva<strong>do</strong>s.<br />
O que é preciso para mudar essa situação?<br />
O que ocorre no Brasil e em outros países <strong>do</strong><br />
chama<strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong> é que a autoconstrução<br />
ainda é fator preponderante, o chama<strong>do</strong> "merca<strong>do</strong><br />
tecnologia. Então, em pouquíssimo tempo, até<br />
2010, não vai haver diferença em termos de tecnologia<br />
entre o que se faz aqui e no exterior, e seguramente<br />
com o potencial que temos, os superemos<br />
em alguma coisa. Concreto auto adensável, por<br />
exemplo, já se faz aqui. Um empecilho ainda é o<br />
custo <strong>do</strong>s aditivos, caros no mun<strong>do</strong> inteiro, aqui<br />
mais ainda, porque são importa<strong>do</strong>s. Mas isso é nastrialização<br />
na construção<br />
formiga" <strong>do</strong> cimento ocupa uma parcela muito<br />
grande. Se conseguirmos fazer com que esse consumi<strong>do</strong>r<br />
tenha acesso aos produtos industrializa<strong>do</strong>s<br />
de cimento, a parcela <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> “formiga”<br />
diminui e o cimento vai para o concreto <strong>do</strong>sa<strong>do</strong> em<br />
central e para o pré-fabrica<strong>do</strong>. A outra forma de<br />
alavancar o segmento é aumentar a quantidade de<br />
construções. Os pavimentos de concreto também<br />
devem evoluir muito nos próximos anos, pois apresentam<br />
inúmeros benefícios. A pré-fabricação é<br />
outro caminho interessante. Apenas para se ter<br />
uma idéia, na Itália existem mais de quatro mil<br />
empresas entre pré-fabrica<strong>do</strong>res e produtores de<br />
artefatos de cimento e aqui não temos mais <strong>do</strong> que<br />
<strong>do</strong>is mil.<br />
Mas estamos evoluin<strong>do</strong> em<br />
alguns setores, como o concreto<br />
de alto desempenho?<br />
Estamos evoluin<strong>do</strong> porque são tecnologias que<br />
estão muito mais disponíveis <strong>do</strong> que antes. A partir<br />
<strong>do</strong> Collor ocorreu essa abertura de merca<strong>do</strong> e de<br />
horizontes, fez com que a gente passasse a enxergar,<br />
permitiu que as pessoas começassem a viajar,<br />
e empresas de fora viessem para cá e trouxessem<br />
“<br />
Hoje, tu<strong>do</strong> pode ser feito em<br />
concreto. É um produto que<br />
está disponível no mun<strong>do</strong><br />
inteiro e é ecologicamente<br />
correto. O que precisamos é<br />
de maior investimento no setor<br />
da construção civil<br />
”<br />
tural, antigamente os aditivos superplastificantes<br />
eram caríssimos e hoje já são bastante acessíveis.<br />
E também a questão <strong>do</strong> custo já é vista de outra<br />
forma: o concreto auto adensável propicia peças<br />
mais esbeltas, com garantia de preenchimento<br />
melhor, em peças muito armadas, que os outros<br />
concretos, o que também vai significar economia<br />
no custo global. Essa evolução está aí e não estamos<br />
fora dela. Fizemos o primeiro prédio com concreto<br />
de alto desempenho, que é o e-Towers (em<br />
São Paulo), com concreto <strong>do</strong>sa<strong>do</strong> em central<br />
alcançou 125 MPa de resistência aos 28 dias. No<br />
mun<strong>do</strong> inteiro isso ainda não foi feito. O único<br />
problema é que aqui nós dependemos de demanda.<br />
Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, por exemplo, como eles têm<br />
muito capital, as empresas se estruturam para<br />
gerar demanda. Aí está a diferença: enquanto lá se<br />
tem ação, aqui trabalhamos apenas por reação.<br />
E em termos de pré-fabrica<strong>do</strong>s<br />
e pré-molda<strong>do</strong>s?<br />
Os pré-fabrica<strong>do</strong>res sofrem de um problema<br />
grave de capital de giro. Eles têm que pagar a mãode-obra,<br />
o aço e o cimento à vista, que são fundamentais,<br />
e normalmente só recebem pelo produto<br />
final em 45, 60, 90 dias, pois precisa ser transporta<strong>do</strong><br />
e monta<strong>do</strong> e depois fatura<strong>do</strong>. O pré-molda<strong>do</strong><br />
tem uma outra característica, geralmente acontece<br />
como uma reação: eu tenho uma obra para<br />
fazer e vou fazê-la em pré-molda<strong>do</strong>, porque o préfabrica<strong>do</strong><br />
mais próximo está muito longe, ou por<br />
ser uma alternativa mais econômica que o pré-fabrica<strong>do</strong><br />
ou as estruturas metálicas. O pré-molda<strong>do</strong><br />
só acontece se a obra sair, então é uma ferramenta<br />
que se encaixa perfeitamente no nosso esquema<br />
de execução de obra. E é bastante interessante<br />
porque eu posso fazer em qualquer lugar, desde<br />
que eu tenha aço, concreto e mão-de-obra disponíveis.<br />
Além disso, os pré-fabrica<strong>do</strong>res no Brasil,<br />
por uma questão de conveniência, impuseram, por<br />
um perío<strong>do</strong> que já esta acaban<strong>do</strong>, um padrão rígi<strong>do</strong><br />
que não existe fora daqui. O que existe nos outros<br />
países é uma quantidade muito grande de padrões,<br />
que certamente vão atender a inúmeras necessidades,<br />
mas aqui se decidiu por um único padrão.<br />
Isso o arquiteto não quer. Já os pré-molda<strong>do</strong>s não<br />
seguem padrão nenhum, se produz o que é necessário<br />
de acor<strong>do</strong> com o projeto.<br />
E como está a qualidade <strong>do</strong>s<br />
nossos pré-molda<strong>do</strong>s?<br />
Com relação às fôrmas para pré-molda<strong>do</strong>s sem<br />
dúvida deverá haver muita evolução, as empresas<br />
que atuam com fôrmas metálicas estão investin<strong>do</strong><br />
em tecnologia, se aprimoran<strong>do</strong>. À medida que<br />
aumenta a demanda pela pré-fabricação, vai aumentar<br />
também a qualidade e a quantidade de empresas<br />
fazen<strong>do</strong> fôrmas para pré-molda<strong>do</strong>s, porque<br />
é um setor reativo que funciona em cadeia. Porém,<br />
como existe também uma tendência de acompanhar<br />
o que está sen<strong>do</strong> feito nos outros países, essa<br />
necessidade de diversificação de padrões vai exigir<br />
investimentos nessa área.<br />
Está haven<strong>do</strong> uma ampliação das possibilidades<br />
de uso <strong>do</strong>s pré-molda<strong>do</strong>s?<br />
Recentemente, publicamos matéria sobre<br />
uma obra que teve sua participação em que<br />
até os muros eram pré-fabrica<strong>do</strong>s...<br />
Hoje, tu<strong>do</strong> pode ser feito em concreto. É um produto<br />
que está disponível no mun<strong>do</strong> inteiro e é ecologicamente<br />
correto. O que precisamos é de maior<br />
investimento no setor da construção civil. Nós<br />
temos demanda de habitação, infra-estrutura e<br />
malha viária no país inteiro Tu<strong>do</strong> isso à espera de<br />
recursos. Entretanto, em termos de volume, a participação<br />
<strong>do</strong>s pré-fabrica<strong>do</strong>s de concreto no Brasil<br />
ainda é insipiente. Do ponto de vista tecnológico<br />
ficamos um bom tempo para<strong>do</strong>s e agora será necessário<br />
um grande esforço para reverter o quadro.<br />
Um <strong>do</strong>s setores que promoveram excelente renovação<br />
é o das empresas que fabricam painéis acaba<strong>do</strong>s<br />
de fachada. Já existe uma quantidade relativamente<br />
grande de empresas nessa área, mas só<br />
produzem, por enquanto, o elemento de fachada.<br />
Existe uma necessidade de se apresentar produtos<br />
novos para estruturas de galpões, shopping centers,<br />
e até mesmo de edifícios altos, que lá fora são<br />
feitos com pré-molda<strong>do</strong>s e que aqui ou não se faz<br />
ou ocorre de maneira muito tímida.<br />
Em sua opinião a tecnologia da<br />
pré-fabricação já é de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s<br />
profissionais de engenharia?<br />
Definitivamente não. Há necessidade de um trabalho<br />
de conscientização por parte das entidades<br />
que têm o poder para isso, como ABESC, ABCP,<br />
ASBEA (<strong>As</strong>soc. Bras. de Escritórios de Arquitetura),<br />
CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura),<br />
que têm condições de promover palestras,<br />
cursos de aperfeiçoamento, de conscientização.<br />
Parte importante desse esforço deve ser canaliza<strong>do</strong><br />
para as universidades. E com isso a cultura, o conhecimento<br />
vai aumentan<strong>do</strong>, provocan<strong>do</strong>, conseqüentemente,<br />
evolução no segmento da construção.<br />
Porque hoje, quan<strong>do</strong> você chega numa construtora<br />
para falar de pré-molda<strong>do</strong>, é como se estivesse<br />
falan<strong>do</strong> de extraterrestre...<br />
■<br />
13
Arte em Concreto<br />
Literatura Técnica<br />
A arte em sentimen<br />
Com obras espalhadas por to<strong>do</strong><br />
o Brasil e exterior, Maria Bonomi<br />
começou a trabalhar com<br />
xilogravura em 1954<br />
tos concretos<br />
“Eu tenho um sonho de fazer arte<br />
em paredes de pontes, de<br />
hidrelétrica, barragens... intervir<br />
sobre essas superfícies que são as<br />
grandes telas <strong>do</strong> cotidiano e são<br />
suportes ociosos, divorcia<strong>do</strong>s de um<br />
visual enriqueci<strong>do</strong> e temático”<br />
Lançada<br />
publicação sobre<br />
tubos de concreto<br />
emoção da resposta, ao diálogo que o<br />
concreto tem com quanto o que a gente<br />
lhe propõe como contrapartida para ele<br />
solucionar, vira uma partitura musical por<br />
ser encontro de uma autoria e de um intérprete. Eu<br />
acho que o concreto é um interlocutor emocionante<br />
de tu<strong>do</strong> que se apresentar na superfície e dentro da<br />
sulcagem da fôrma onde se molda seu próprio<br />
corpo". <strong>As</strong>sim, a artista plástica Maria Bonomi, uma<br />
das mais importantes gravuristas brasileiras, sintetiza<br />
a relação de sua obra com o concreto.<br />
Com obras espalhadas por to<strong>do</strong> o Brasil e exterior,<br />
Maria Bonomi começou a trabalhar com xilogravura<br />
em 1954, com o mestre Livio Abramo. Desde o início<br />
de sua carreira, a artista sempre teve uma ligação<br />
especial com as matrizes e a possibilidade de extrapolar<br />
as estampas. "A matriz de xilogravura é uma<br />
parte muito rica, ela recebe muito <strong>do</strong> artista, o trabalho<br />
que é feito numa matriz é muito profun<strong>do</strong>, não se<br />
restringe à parte que é impressa, à superfície, ele é<br />
cava<strong>do</strong> manualmente, reten<strong>do</strong> o gesto, reten<strong>do</strong> a<br />
emoção, a dinâmica. O trabalho da matriz não passa<br />
para a estampa. Só é passada uma parte, o resto fica<br />
lá dentro. E esse lá dentro sempre me incomodava…"<br />
A primeira tentativa de reproduzir matrizes se deu<br />
em parceria com o engenheiro Salvatore Iannacone,<br />
utilizan<strong>do</strong> como matéria-prima poliéster sem manta<br />
com pigmentos, que a artista chamou de "Solombras".<br />
Entretanto, com a crise <strong>do</strong> petróleo, o preço<br />
<strong>do</strong> material aumentou sensivelmente, inviabilizan<strong>do</strong><br />
a continuidade <strong>do</strong> projeto bem sucedi<strong>do</strong> até comercialmente,<br />
mas crian<strong>do</strong> na artista o desejo de utilizar<br />
matrizes em superfícies maiores.<br />
Em 1976, surgiu o convite <strong>do</strong>s arquitetos Francisco<br />
Segnini e Joaquim Barreto para fazer um painel atrás<br />
<strong>do</strong> altar da Igreja Mãe <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, que estava acaban<strong>do</strong><br />
de ser construída em São Paulo. Como a obra<br />
estava sen<strong>do</strong> executada em concreto, esse era o material<br />
que a artista poderia dispor. A idéia desenvolvida<br />
por Maria Bonomi foi trabalhar com o conceito da<br />
redenção <strong>do</strong> homem, construin<strong>do</strong> longarinas de vários<br />
tamanhos, apoiadas entre si e no chão, como os<br />
"peca<strong>do</strong>res". A execução se deu através de fôrmas de<br />
madeira com barras de ferro, onde o concreto era<br />
coloca<strong>do</strong> com as mãos, por meio de pequenas<br />
janelas. "Fiz um painel, que está lá na Igreja e é extremamente<br />
simples. Para mim, essa obra foi um paradigma<br />
muito grande", explica a artista. Desde então,<br />
a Igreja é mais conhecida pelo nome de Cruz Torta.<br />
A partir dessa obra, a paixão por obras de grande<br />
dimensão, principalmente em espaços públicos,<br />
tomou conta da carreira de Maria Bonomi, intensifican<strong>do</strong><br />
sua relação com o concreto. Algumas obras<br />
são emblemáticas, como o painel <strong>do</strong> edifício Jorge<br />
Rizkallah Jorge, na avenida Paulista, as fachadas<br />
da sede <strong>do</strong> Esporte Clube Sírio e <strong>do</strong> Maksoud Plaza<br />
Hotel, o painel "Nemeton" no saguão <strong>do</strong> Edifício<br />
Premium da Construtora Gustavo Halbreich, o trabalho<br />
"Futura Memória", no Memorial da América<br />
Latina, e o belíssimo "Construção de São Paulo",<br />
instala<strong>do</strong> no interior <strong>do</strong> metrô paulistano.<br />
Em todas essas obras, o traço comum é a valorização<br />
<strong>do</strong>s sulcos, como sen<strong>do</strong> um importante<br />
espaço <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s. "O sulco grava<strong>do</strong> é o sulco<br />
deixa<strong>do</strong> pelo instrumento que temos na mão, como<br />
espaço escava<strong>do</strong>. O sulco é a linguagem da gravura,<br />
é onde você penetra no suporte e você ganha<br />
uma linha, um vazio ou um cheio não desenha<strong>do</strong>.<br />
Ele é fabrica<strong>do</strong> por uma gestualidade espontânea,<br />
portanto ele tem uma outra característica, um outro<br />
senti<strong>do</strong>. Não é algo que decora, é uma coisa que<br />
penetra, então ele tem uma margem correspondente<br />
ao fluxo da força, <strong>do</strong> ataque que você faz. É<br />
um sentimento expresso", comenta Maria Bonomi.<br />
Para obter to<strong>do</strong>s esses efeitos e sensações, a<br />
artista percebeu que o concreto poderia ser um<br />
excelente instrumento, como ela mesmo retrata:<br />
"Há uma dinâmica, porque o concreto não repousa.<br />
Digamos que o poliéster não me correspondia<br />
como participação, ele ficava ausente. Já o concreto<br />
produz bolhas, ele reage, se liquidifica, possui<br />
casca, e essa dança que se estabelece com a<br />
matéria na hora da cura é uma coisa fantástica, é<br />
o clímax, quan<strong>do</strong> ele vai ser ou deixar de ser".<br />
Outro ponto ressalta<strong>do</strong> pela artista é o fato de<br />
que o uso <strong>do</strong> concreto em cada trabalho gera uma<br />
nova sensação, porque nunca se tem certeza absoluta<br />
<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> a ser obti<strong>do</strong>. "É como um concerto,<br />
em que cada um atua por um certo tempo, dan<strong>do</strong><br />
lugar ao outro. É um relacionamento, uma mão<br />
dupla. Isso vai resultar na sensibilidade, na percepção<br />
emotiva de superfícies trabalhadas. <strong>As</strong> pessoas<br />
poderão viver os quadros de duas maneiras,<br />
através <strong>do</strong> visual e <strong>do</strong> tato. Eu faço questão que as<br />
pessoas passem a mão nos painéis". "Ver com as<br />
mãos e tocar com os olhos", como dizia Bachelard.<br />
Para Maria Bonomi o fato de sua carreira ter se<br />
encaminha<strong>do</strong> para obras de espaço público, nas<br />
quais é considerada uma verdadeira mestra, deriva<br />
de sua preocupação em tornar esse espaço público<br />
melhor, interativo, mais alegre, procuran<strong>do</strong> intervir<br />
na qualidade de vida de uma maneira perene. "Eu<br />
detesto tu<strong>do</strong> o que é feito para passar, senti que o<br />
concreto tinha uma estabilidade e que podia trabalhar<br />
o espaço público no senti<strong>do</strong> da arte estar presente,<br />
mas não aquela arte que está decoran<strong>do</strong>, e<br />
sim a arte que estaria participan<strong>do</strong> da própria construção,<br />
feita pelos próprios operários e localizadamente,<br />
trabalha com outros parâmetros, ela é<br />
pensada para aquele espaço, sabe-se quem vai vêla,<br />
quanto tempo tem para vê-la, e quanto o proprietário<br />
tem para gastar para aquela parede. É uma<br />
forma de você interferir nesse entorno tão massacra<strong>do</strong><br />
pelo anonimato, ou então pelas áreas publicitárias.<br />
O transeunte se apropria <strong>do</strong> espaço público,<br />
que se torna um referencial, pois é uma coisa que<br />
não vai ser deslocada de lá", defende a artista.<br />
Quan<strong>do</strong> questionada sobre qual seria a relação<br />
entre a engenharia e a arte, Maria Bonomi é enfática:<br />
“fazer uma ponte é fazer arte porque a arte<br />
também é funcional. Então, o engenheiro, que é o<br />
mestre que inicia a obra, sempre se moverá por um<br />
motivo estético ao fazer escolhas e definições. A<br />
arte tem de ser feita, e pode ser feita da mesma<br />
forma que se faria algo padrão. É o mesmo custo,<br />
é o mesmo tempo, só que você faz aquilo com<br />
charme, com beleza, com alegria. Eu tenho um<br />
sonho de fazer arte em paredes de pontes, de<br />
hidrelétrica, barragens... intervir sobre essas superfícies<br />
que são as grandes telas <strong>do</strong> cotidiano e<br />
são suportes ociosos, divorcia<strong>do</strong>s de um visual enriqueci<strong>do</strong><br />
e temático".<br />
Depois de concluir o <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na USP - Universidade<br />
de São Paulo, a artista está voltada para o mais<br />
novo desafio: um grande painel que terá destaque na<br />
remodelação da Estação Ferroviária da Luz, no centro<br />
de São Paulo. O projeto, que está na fase de captação<br />
de recursos, vem sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> em parceria<br />
com o arquiteto Rodrigo Velasco. ■<br />
A<br />
ABTC - <strong>As</strong>sociação Brasileira <strong>do</strong>s Fabricantes<br />
de Tubos de Concreto e o <strong>IBTS</strong> -<br />
Instituto Brasileiro de Telas Soldadas,<br />
estão colocan<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> a publicação<br />
"Projeto Estrutural de Tubos Circulares",<br />
visan<strong>do</strong> contribuir com profissionais, empresas e<br />
instituições que tenham compromisso com a qualidade<br />
no segmento da construção.<br />
A publicação apresenta informações que possibilitarão<br />
especificar, classificar, dimensionar e produzir<br />
corretamente, observan<strong>do</strong>-se todas as características<br />
técnicas da obra onde os tubos de concreto<br />
serão instala<strong>do</strong>s.<br />
Utilizan<strong>do</strong>-se de to<strong>do</strong>s os benefícios da linguagem<br />
multimídia, o material traz também um CD<br />
que oferece imagens e dicas sobre fabricação,<br />
transporte e estocagem, e um software que possibilitará<br />
ao usuário especificar tubos de concreto,<br />
tanto para águas pluviais como para esgoto sanitário,<br />
atenden<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os requisitos da norma NBR<br />
8890/2003. ■<br />
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