16.06.2015 Views

Volume 31 - Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Volume 31 - Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Volume 31 - Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ASTM CODENT GAEDOW <strong>31</strong>(1):01-36 ISSN 0101-7772<br />

<strong>Volume</strong> <strong>31</strong> - Número 1 - Janeiro / Março, 2012


Obrigado por manter<br />

essa área sempre preservada!<br />

©Medley 2012 ® Marca registrada – ANM Dia do Gastro – 50515124 – Abril/2012<br />

29 <strong>de</strong> maio | Dia do Gastroenterologista


Gastroenterologia<br />

Endoscopia <strong>Digestiva</strong><br />

A Revista GED – Gastrenterologia Endoscopia <strong>Digestiva</strong> é o órgão oficial <strong>de</strong> circulação trimestral da SOBED<br />

(Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Endoscopia <strong>Digestiva</strong>), da FBG (Fe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Gastroenterologia), da<br />

SBH (Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Hepatologia), do CBCD (Colégio <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong>) e da SBMD<br />

(Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Motilida<strong>de</strong> <strong>Digestiva</strong>). Fundada pelo Capítulo <strong>de</strong> São Paulo da SOBED em 1982,<br />

durante a gestão do Prof. Dr. Arnaldo José Ganc. Registrado na Lei <strong>de</strong> Imprensa em 19/11/1981, sob o no<br />

1.870, Lv. A, n o 5 o Registro <strong>de</strong> Títulos e Documentos <strong>de</strong> São Paulo.<br />

In<strong>de</strong>xada nas seguintes bases <strong>de</strong> dados<br />

LILACS, Scopus, EMBASE/EXCERPTA MÉDICA, LATINDEX e ADSAÚDE<br />

Editor Chefe<br />

Paulo Roberto Arruda Alves (SP)<br />

Editores Responsáveis<br />

José Murilo Robilotta Zeitune (SP) – Gastroenterologia<br />

Nelson Adami Andreollo (SP) – <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong><br />

Paulo Roberto Arruda Alves (SP) – Endoscopia <strong>Digestiva</strong><br />

Rimon Sobhi Azzam (SP) – Motilida<strong>de</strong> <strong>Digestiva</strong><br />

Aécio Flávio Meirellez Souza (SP) – Hepatologia<br />

Editores Associados<br />

Arnaldo J. Ganc (SP)<br />

Jaime Natan Eisig (SP)<br />

Eduardo Luiz Rachid Cançado (SP)<br />

Marcelo Averbach (SP)<br />

Sânzio S. Amaral (SP)<br />

Conselho Editorial – Brasil<br />

Admar Borges da Costa Jr. (PE), Ana Maria Pittella (RJ), Antonio Fre<strong>de</strong>rico N. Magalhães (SP), Artur Parada<br />

(SP), Bruno Zilberstein (SP), Claudio Coy (SP), Deborah Crespo (PA), Decio Chinzon (SP), Edmundo Pessoa<br />

Lopes (PE), Edna Strauss (SP), Edson Pedro da Silva (SC), Everson Artifon (SP), Flair Carrilho (SP), Flavio Quilici (SP),<br />

Henrique Coelho (RJ), Hugo Cheinquer (RS), Ismael Maguilnik (RS), João Carlos Andreolli (SP), João Galizzi<br />

Filho (MG), José Galvão Alves (RJ), Julio Cesar U. Coelho (PR), Lix A.R. Oliveira (SP), Lorete M.S. Kotze (PR),<br />

Lúcia Câmara Castro Oliveira (RJ), Luiz Gonzaga Vaz Coelho (MG), Luiz Pimenta Mo<strong>de</strong>na (SP), Luiz Roberto<br />

Lopes (SP), Márcio M. Tolentino (SP), Marcus Túlio Haddad (RJ), Mario Pessoa (SP), Martha Pedroso (SP),<br />

Maurício Fernando <strong>de</strong> Almeida Barros (SP), Orlando J.M. Torres (MA), Paulo Bittencourt (BA), Paulo R. Ott<br />

Fontes (RS), Paulo Roberto Savassi Rocha (MG), Paulo Sakai (SP), Ramiro Mascarenhas (BA), Raymundo<br />

Paraná (BA), Ricardo A. Refinetti (RJ), Roberto Dantas (SP), Sérgio Gabriel Barros (RS), Tomas Navarro<br />

Rodriguez (SP), Venâncio A.F. Alves (SP), Vera Lúcia Andra<strong>de</strong> (MG), Walton Albuquerque (MG)<br />

Editores Internacionais<br />

Daniel Sifrim (Bélgica), Dirk J. Gouma (Holanda),<br />

Helena Cortez Pinto (Portugal), Jorge Daruich (Argentina)<br />

Secretaria<br />

Coor<strong>de</strong>nadora: Fátima Lombardi dos Santos<br />

Av. Briga<strong>de</strong>iro Faria Lima, 2.391, conj. 102 – 01452-000<br />

São Paulo, SP<br />

Tel.: (11) 3813-1610 – Fax: (11) 3032-1460<br />

E-mail: ged@fbg.org.br<br />

Tiragem: 7.000 exemplares<br />

Periodicida<strong>de</strong>: trimestral<br />

Circulação: nacional para todos os associados da SOBED, FBG, SBH, CBCD e SBMD<br />

Números anteriores e separatas: ged@fbg.org.br<br />

Editoração Eletrônica, Distribuição, Impressão e Publicida<strong>de</strong><br />

E-mail: editora@limay.com.br<br />

Tel.: (11) <strong>31</strong>86-5600


Índice<br />

Índice<br />

ISSN 0101-7772<br />

1<br />

7<br />

14<br />

19<br />

Artigo Original<br />

Análise Epi<strong>de</strong>miológica das Neoplasias<br />

<strong>de</strong> Esôfago Atendidas no Hospital<br />

Universitário Walter Cantídio da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) -<br />

Período <strong>de</strong> 2001 a 2010<br />

Epi<strong>de</strong>miological Analysis of Esophageal<br />

Neoplasms in the Walter Cantídio University<br />

Hospital of the Fe<strong>de</strong>ral University of Ceará (UFC)<br />

from the period 2001 to 201<br />

F e r n a n d o An to n i o Si q u e i r a Pinheiro, Ca i o Alc o b a ç a<br />

Ma r c o n d e s, Ma r i a n a Pa i va So u s a<br />

Impedâncio-pHmetria Prolongada:<br />

Observações Preliminares<br />

<br />

Exten<strong>de</strong>d Impedance-pHmetry: Preliminary<br />

Observation<br />

Ro s a n a Bi h a r i Sc h e c h t e r, Ep o n i n a Ma r i a Ol i v e i r a<br />

Le m m e<br />

Prevalência do Helicobacter pylori em<br />

população pediátrica atendida em uma<br />

Clínica Privada <strong>de</strong> Goiânia<br />

Prevalence of Helicobacter pylori in the pediatric<br />

population treated at a private clinic in Goiânia<br />

A m é r ic o d e Ol i v e i r a Si lv é r i o, Fe r n a n d a La ua r Sa m pa i o<br />

Me i r e lle s, Lí g i a Pa u l a Ar a ú j o, Jo s é Ed u a r d o Me k d e s s i,<br />

Sér g i o Te r u a k i Mi a m a e, Ya r a Ro c h a Xi m e n e s<br />

Frequência das Causas <strong>de</strong> Hemorragia<br />

<strong>Digestiva</strong> Alta em Pacientes com Cirrose<br />

Hepática Atendidos em um Hospital<br />

Universitário<br />

Frequency of The Causes of Upper<br />

Gastrointestinal Bleeding in Patients With Liver<br />

Cirrhosis Atten<strong>de</strong>d at an University Teaching<br />

Hospital<br />

Lu i z Ca r lo s Ma r q u e s d e Ol i v e i r a, Priscilla So a r e s<br />

Lim a , Bá r b a r a Re z e n <strong>de</strong> Ma r t i n s<br />

25<br />

Análise <strong>de</strong> 5 Anos <strong>de</strong> Seguimento <strong>de</strong><br />

Hepatectomias em Portadores <strong>de</strong> Tumor<br />

Hepático<br />

Analysis of 5 years following hepatectomy in<br />

patients with liver tumor<br />

S i d n e y Ra im u n d o Si lv a Ch a l u b, Ta i n ã Ma g a l h ã e s<br />

d e Ol i v e i r a, El a i n e Cristina Fo n s e c a<br />

29 Insuficiência Hepática Grave Associada<br />

à Amiloidose Hepática<br />

34<br />

35<br />

36<br />

Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Severe Liver Failure and Hepatic Amyloidosis<br />

V e r ô n ic a Me lo Be n evi <strong>de</strong> s Qu e i r o g a, Ma r i a n a Ro l i m<br />

Fe r nan <strong>de</strong> s Ma c ê d o, Ticiana Ma r i a d e La v o r Ro l i m,<br />

Fr a n c i s c o Sé r g i o Ra n g e l d e Pa u l a Pe s s o a, Da lg i m a r<br />

Be s e r ra d e Me n e s e s<br />

Imagem em Foco<br />

Lesões <strong>de</strong> Cameron<br />

Lesions of Cameron<br />

J o s é Au g u s to d e Ar a ú j o Pi r e s, Ma u r o d e De u s<br />

Pa s s o s, Ju s c e l i n o Nu n e s Vi d a l, Al e x a n d r e<br />

Fo n to u r a Be z e r ra<br />

Linfoma Primário <strong>de</strong> Cólon<br />

Prymary limphoma of large bowell<br />

I s a b e l a C. Sa h i u m, Fá b i o Y. Ho n d o, An a C. Mo r e i r a,<br />

Ro g é r i o Ku g a, Ca r lo s K. Fu r u ya Jú n i o r, Br u n o C.<br />

Ma r t i n s, Ri c a r d o S. Ue m u r a, Pa u lo Sa k a i<br />

Compressão Extrínseca em Cólon<br />

Sigmoi<strong>de</strong><br />

Extrinsic Compression in Sigmoid Colon<br />

C lo v i s d o Va lle


MODULADOR GASTRINTESTINAL<br />

DE DUPLA AÇÃO. 2<br />

Alívio rápido da dor e equilíbrio<br />

das funções motoras intestinais. 2<br />

Eficaz nos casos SII-C, SII-D e SII-A. 2<br />

SII-C = fase constipativa I SII-D = fase diarréica I SII-A = alternada<br />

Age perifericamente inibindo os efeitos<br />

do estresse sobre a motilida<strong>de</strong>. 2,3


Diretoria das Socieda<strong>de</strong>s<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Endoscopia <strong>Digestiva</strong> (SOBED)<br />

Diretoria Executiva (2010-2012): Presi<strong>de</strong>nte: Sérgio Luiz Bizinelli (PR) • Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Flávio Hayato Ejima<br />

(DF) • 1 o Secretário: Jimi Izaques Bifi Scarparo (SP) • 2º Secretário: Afonso Celso da Silva Pare<strong>de</strong>s (RJ) •<br />

1 o Tesoureiro: Thiago Festa Secchi (SP) • Se<strong>de</strong>: Rua Peixoto Gomi<strong>de</strong>, 515 – cj. 14 – 01409-001 – São Paulo, SP –<br />

Tel./fax: (11) <strong>31</strong>48-8200 e <strong>31</strong>48-8201 - E-mail: sobed@uol.com.br – Site: sobed.org.br<br />

Fe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Gastroenterologia (FBG)<br />

Diretoria (2010-2012): Presi<strong>de</strong>nte: José Galvão Alves (RJ) • Vice-Presi<strong>de</strong>nte: José Roberto <strong>de</strong> Almeida (PE)<br />

• Secretário Geral: Sen<strong>de</strong>r Jankiel Mizsputen (SP) • 1 o Secretário: Adávio <strong>de</strong> Oliveira e Silva (SP) • Diretor Financeiro:<br />

Rubens Basile (RJ) • Coor<strong>de</strong>nador do FAPEGE: Maria do Carmo Friche Passos (MG) • Presi<strong>de</strong>nte Eleito (2012-2014):<br />

José Roberto <strong>de</strong> Almeida (PE) • Se<strong>de</strong>: Av. Brig. Faria Lima, 2.391, 10º andar – cj. 102 – 01452-000 – São Paulo, SP –<br />

Tel.: (11) 3813-1610/3813-1690. Fax: (11) 3032-1460 - E-mail: fbg@fbg.org.br – Site: www.fbg.org.br<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Hepatologia (SBH)<br />

Diretoria 2012-2013: Presi<strong>de</strong>nte: Henrique Sérgio <strong>de</strong> Moraes Coelho • 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Maria Lucia Gomes Ferraz<br />

• Secretário Geral: Mário Reis Álvares da Silva • Secretária Adjunto: Jorge André <strong>de</strong> Segadas Soares • 1º Tesoureira:<br />

Letícia Cancella Nabuco • Se<strong>de</strong>: Av. Brig. Faria Lima, 2.391, 10º andar – cj. 102 – 01452-000 – São Paulo, SP – Tel.:<br />

(11) 3812-3253 - E-mail: secretaria@sbhepatologia.org.br – Site: www.sbhepatologia.org.br<br />

Colégio <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong> (CBCD)<br />

Diretoria - Gestão 2011-2012: Presi<strong>de</strong>nte: Cleber Dario Pinto Kruel • Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Luis Augusto Carneiro D’Albuquerque<br />

• 1 o Secretário: Cláudio José Caldas Bresciani • 2 o Secretário: Nicolau Gregori Czezcko • 1 o Tesoureiro: Bruno Zilberstein<br />

• Presi<strong>de</strong>nte Eleito (2013-2014: Ivan Cecconello • Se<strong>de</strong>: Av. Brig. Luiz Antonio, 278 – salas 10 e 11 – 01<strong>31</strong>8-901 – São Paulo,<br />

SP – Tels.: (11) 3289-0741 / 3266-6201 / Fone/Fax: (11) 3288-8174 – E-mail: cbcd@cbcd.org.br – Site: www.cbcd.org.br<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Motilida<strong>de</strong> <strong>Digestiva</strong> (SBMD)<br />

Diretoria - Gestão 2012-2013: Presi<strong>de</strong>nte: Sânzio Santos Amaral • Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Sérgio Gabriel S. Barros • Secretária<br />

Geral: Angela C. G. M. Falcão • 1 o Secretária: Stella M. M. Regadas • 1 o Tesoureiro: Luiz Henrique S. Fontes • Se<strong>de</strong>: Av.<br />

Briga<strong>de</strong>iro Faria Lima, 2391, Conj. 102, Jardim Paulistano – 01452-000 – São Paulo, SP – Fone: (11) 3518-9117 – E-mail:<br />

sbmd@sbmd.org.br – Site: www.sbmd.org.br


Informações aos Autores<br />

Modificado em outubro <strong>de</strong> 2007<br />

A GED, órgão oficial da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Endoscopia<br />

<strong>Digestiva</strong> – SOBED, da Fe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Gastroenterologia<br />

– FBG, da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Hepatologia – SBH, do<br />

Colégio <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong> – CBCD e da Socieda<strong>de</strong><br />

Brasileira <strong>de</strong> Motilida<strong>de</strong> <strong>Digestiva</strong> – SBMD, tem por objetivo a<br />

divulgação <strong>de</strong> trabalhos que contribuam para o progresso da<br />

Gastroenterologia, da Endoscopia <strong>Digestiva</strong>, da Hepatologia, da<br />

<strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong> e da Motilida<strong>de</strong> <strong>Digestiva</strong>.<br />

São publicáveis as colaborações que, enviadas à Secretaria da<br />

GED (Av. Brig. Faria Lima, 2.391 – 10 o andar – cj. 102 –1452-<br />

000 – São Paulo, SP, email ged@fbg.org.br), forem aceitas pelo<br />

Conselho Editorial e não tenham sido previamente publicadas<br />

e nem o venham a ser, simultaneamente, em outros periódicos.<br />

Serão aceitos artigos escritos na língua portuguesa. A critério<br />

do Conselho Editorial, po<strong>de</strong>rão ser consi<strong>de</strong>rados manuscritos<br />

em língua inglesa e castelhana.<br />

A GED adota as regras da Uniform Requirements for Manuscripts<br />

Submitted to Biomedical Journals emitidas pelo International<br />

Committee for Medical Journal Editors, disponível na Internet<br />

(http:// www.icmje.org).<br />

Conteúdo da GED<br />

Editoriais<br />

Destinam-se à apresentação <strong>de</strong> temas <strong>de</strong> natureza polêmica,<br />

atual e <strong>de</strong> impacto, nos quais os editores da GED percebam<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestar <strong>de</strong> forma sintética a visão <strong>de</strong>stes<br />

editores, abordando ou não artigos publicados na GED. Serão<br />

escritos pelos editores e/ou membros do Conselho Editorial<br />

ou, mediante convite, por outros especialistas.<br />

Artigos Originais<br />

De pesquisa clínica e/ou experimental, <strong>de</strong>vem apresentar a<br />

aprovação da pesquisa pelo Conselho <strong>de</strong> Ética do hospital,<br />

serviço ou instituição on<strong>de</strong> o trabalho foi realizado. Devem ser<br />

estruturados com os seguintes itens: Resumo (e Unitermos),<br />

Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões e<br />

Referências Bibliográficas (acompanhado <strong>de</strong> unitermos).<br />

Introdução – Em que se apresenta a justificativa para o<br />

estudo, com referências relacionadas ao assunto e o objetivo<br />

do artigo.<br />

Métodos – Em que se apresentam: a) <strong>de</strong>scrição da amostra<br />

utilizada; b) mencionar se há consentimento informado;<br />

c) i<strong>de</strong>ntificação dos métodos, aparelhos e procedimentos<br />

utilizados, <strong>de</strong> modo a permitir a reprodução dos resultados<br />

pelos leitores; d) breve <strong>de</strong>scrição e referências <strong>de</strong> métodos<br />

publicados mas não conhecidos amplamente; e) <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong><br />

métodos novos ou modificados; f) se for o caso, referir a análise<br />

estatística utilizada, bem como os programas empregados.<br />

Resultados – Em que serão apresentados os resultados em<br />

sequência lógica, em forma <strong>de</strong> texto, tabelas e ilustrações;<br />

recomenda-se evitar repetição excessiva <strong>de</strong> dados em<br />

tabelas ou ilustrações e no texto. No texto, números menores<br />

que 10 serão grafados por extenso; <strong>de</strong> 10 em diante, serão<br />

expressos em algarismos arábicos.<br />

Discussão – Em que serão enfatizados: a) os aspectos<br />

originais e importantes do artigo, evitando repetir dados já<br />

apresentados anteriormente; b) a importância e as limitações<br />

dos achados, confrontando com dados da literatura;<br />

c) a ligação das conclusões com os objetivos do estudo;<br />

d) as conclusões <strong>de</strong>correntes do estudo.<br />

Referências – As referências bibliográficas <strong>de</strong>vem ser<br />

numeradas na or<strong>de</strong>m em que são citadas primeiramente no<br />

texto. Elas <strong>de</strong>vem seguir as regras do Uniform Requirements<br />

for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals –<br />

http://www.icmje.org. Alguns exemplos mais comuns são<br />

apresentados a seguir.<br />

Exemplos:<br />

1. Artigo padrão em periódico (<strong>de</strong>vem ser listados todos os<br />

autores; se houver mais <strong>de</strong> seis, citar os seis primeiros,<br />

seguidos por et al.): Alper CA, Kruskal MS, Marcus-<br />

Bagle Y, Craven DE, Katz AJ, Brint SJ, et al.. Genetic<br />

prediction of response to hepatitis B vaccine. N Engl J<br />

Med. 1989;321:708-12.<br />

2. Autor institucional: NHI Consensus Development Panel on<br />

Helicobacter pylori in Peptic Ulcer Disease. Helicobacter<br />

pylori in peptic ulcer disease. JAMA. 1994;272:65- 9.<br />

3. Livro com autor(es) responsável(is) por todo o<br />

conteúdo: With TK. Bile pigments. New York: Aca<strong>de</strong>mic<br />

Press, 1968.<br />

4. Livro com editor(es) como autor(es): Magrath I, editor. The<br />

non-Hodgkin’s limphomas. 2nd ed. London: Arnold, 1997.<br />

5. Capítulo <strong>de</strong> livro: Warshaw AL, Rattner DW. Residual<br />

common duct stones and disor<strong>de</strong>rs of duo<strong>de</strong>nal<br />

ampullae.`In: Ellis H, editor. Maingot’s abdominal<br />

operations. New York: Lange Publishers, 1990:1471-2<br />

Os títulos dos periódicos <strong>de</strong>vem ser abreviados <strong>de</strong> acordo com<br />

o In<strong>de</strong>x Medicus (List of Journals In<strong>de</strong>xed). Se o periódico<br />

não constar <strong>de</strong>ssa lista, grafar o nome por extenso.<br />

Tabelas – As tabelas <strong>de</strong>vem possuir um título sucinto, com<br />

itens explicativos dispostos em seu pé. Devem ser numerados<br />

sequencialmente com algarismos arábicos.<br />

Figuras – Serão aceitas figuras em preto e branco. Figuras<br />

coloridas po<strong>de</strong>rão ser publicadas quando forem essenciais para<br />

o conteúdo científico do trabalho; nesses casos, o ônus <strong>de</strong> sua<br />

publicação caberá aos autores.


Informações aos Autores<br />

Artigos <strong>de</strong> Revisão<br />

Somente serão aceitos quando, a convite dos editores da<br />

publicação, fizerem parte da linha <strong>de</strong> pesquisa do autor,<br />

comprovada pela presença <strong>de</strong> artigos originais na bibliografia e<br />

citados no texto.<br />

Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Devem ser objetivos e precisos, contendo os seguintes itens:<br />

1) Resumo (e Unitermos) e Summary (e keywords); 2)<br />

Introdução; 3) Relato objetivo; 4) Discussão; 5) Conclusões; 6)<br />

Referências bibliográficas.<br />

Cartas ao Editor<br />

Cartas en<strong>de</strong>reçadas ao(s) editor(es) serão consi<strong>de</strong>radas<br />

para publicação se promoverem discussão intelectual sobre<br />

<strong>de</strong>terminado artigo <strong>de</strong> publicação recente. Devem conter título<br />

informativo e não mais que 500 palavras. Se aceita, uma cópia<br />

será enviada ao autor do trabalho que suscitou a discussão, com<br />

convite para submeter uma réplica que será publicada junto com<br />

a carta.<br />

Conflito <strong>de</strong> interesses<br />

Conforme <strong>de</strong>terminação da Agência Nacional <strong>de</strong> Vigilância<br />

Sanitária (RDC 102/2000) e do Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

(196/96) o(s) autor(es) <strong>de</strong>ve(rão) tornar explícito, por meio<br />

<strong>de</strong> formulário próprio (Divulgação <strong>de</strong> potencial conflito <strong>de</strong><br />

interesses), qualquer potencial conflito <strong>de</strong> interesse relacionado<br />

ao artigo submetido. A presente exigência visa informar sobre<br />

relações profissionais e/ou financeiras (como patrocínios e<br />

participação societária) com agentes financeiros relacionados<br />

aos produtos farmacêuticos ou equipamentos envolvidos no<br />

artigo, os quais po<strong>de</strong>m teoricamente influenciar as interpretações<br />

<strong>de</strong>ste. A existência ou não <strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong>clarado<br />

estará ao final <strong>de</strong> todos os artigos publicados.<br />

Bioética <strong>de</strong> experimentos com seres humanos<br />

Experimentos envolvendo seres humanos <strong>de</strong>vem seguir resolução<br />

específica do Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (196/96), disponível<br />

na Internet (http://conselho.saú<strong>de</strong>.gov.br//docs/Resoluções/Reso/96<strong>de</strong>96.doc),<br />

incluindo a assinatura <strong>de</strong> um termo<br />

<strong>de</strong> consentimento informado e a proteção da privacida<strong>de</strong> dos<br />

voluntários.<br />

Bioética <strong>de</strong> experimentos com animais<br />

Experimentos envolvendo animais <strong>de</strong>vem seguir resoluções<br />

específicas (Lei 6.638, <strong>de</strong> 8/5/1979, e Decreto 24.645, <strong>de</strong><br />

10/7/1934).<br />

Ensaios clínicos<br />

Artigos que contêm resultados <strong>de</strong> ensaios clínicos <strong>de</strong>verão<br />

possibilitar todas as informações necessárias à sua a<strong>de</strong>quada<br />

avaliação, conforme previamente estabelecido. Os autores<br />

<strong>de</strong>verão refeir-se ao “CONSORT” (www.consort.statement.org).<br />

Revisão pelos pares<br />

Todos os artigos submetidos serão avaliados por dois revisores,<br />

os quais emitirão parecer fundamentado que servirá para o(s)<br />

editor(es) <strong>de</strong>cidir(em) sobre sua aceitação. Os critérios <strong>de</strong><br />

avaliação incluem originalida<strong>de</strong>, contribuição para corpo <strong>de</strong><br />

conhecimento da área, a<strong>de</strong>quação metodológica, clareza e<br />

atualida<strong>de</strong>. Os artigos aceitos para publicação po<strong>de</strong>rão sofrer<br />

revisões editoriais para facilitar sua clareza e entendimento sem<br />

alterar seu conteúdo.<br />

Direitos autorais<br />

Todas as <strong>de</strong>clarações contidas nos artigos serão da inteira<br />

responsabilida<strong>de</strong> dos autores. Aceito o artigo, a GED passa a<br />

<strong>de</strong>ter os direitos autorais do material. Assim, todos os autores<br />

dos artigos submetidos à GED <strong>de</strong>vem encaminhar um Termo<br />

<strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong> Direitos Autorais. O autor responsável pela<br />

correspondência receberá 20 separatas impressas do artigo e o<br />

arquivo correspon<strong>de</strong>nte em formato pdf.<br />

Como enviar o artigo<br />

O(s) autor(es) <strong>de</strong>ve(m) encaminhar:<br />

• Carta <strong>de</strong> apresentação assinada por todos os autores ou pelo primeiro<br />

autor em nome dos <strong>de</strong>mais, contendo: 1) informação à respeito <strong>de</strong><br />

submissão prévia ou dupla ou submissão <strong>de</strong> qualquer parte do artigo<br />

atual; 2) uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> relações, financeiras ou não, que possam<br />

levar a conflito <strong>de</strong> interesses; 3) uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> que o artigo foi<br />

lido e aprovado por todos os coautores e que os critérios necessários<br />

para a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> autoria (consultar Uniform Requirements for<br />

Manuscripts Submitted to Biomedical Journals) foram alcançados por<br />

todos os autores e que cada autor afirma que os dados do manuscrito<br />

são verda<strong>de</strong>iros; 4) nome, en<strong>de</strong>reço, telefone e e-mail do autor para<br />

correspondência; ele será o responsável pela comunicação com os<br />

outros autores a respeito <strong>de</strong> revisões e provas gráficas.<br />

• Termo <strong>de</strong> Divulgação <strong>de</strong> Potencial Conflito <strong>de</strong> Interesses.<br />

• Termo <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong> Direitos Autorais.<br />

• Três cópias do artigo, digitado em espaço duplo, impressas em papel<br />

tamanho carta em somente um dos lados, com margens <strong>de</strong> 2,5cm<br />

e espaço 1,5, numerando as páginas no canto superior direito;<br />

as legendas das figuras, as figuras propriamente ditas e as tabelas<br />

<strong>de</strong>vem vir ao final, anexadas a cada cópia; assinalar no texto os locais<br />

a<strong>de</strong>quados para inserção <strong>de</strong> figuras e tabelas.<br />

• Três conjuntos <strong>de</strong> figuras em cópia fotográfica brilhante.<br />

• Um CD contendo somente um arquivo do texto, correspon<strong>de</strong>nte ao<br />

artigo, e os arquivos correspon<strong>de</strong>ntes a fotos ou figuras.<br />

Como preparar o CD<br />

• CD formatado compatível com IBM/PC;<br />

• Usar editor <strong>de</strong> texto Microsoft Word para Windows;<br />

• O arquivo <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>ve conter somente o texto, da página-título até<br />

as referências, e as tabelas;<br />

• As figuras não <strong>de</strong>vem ser incluídas no mesmo arquivo do texto;<br />

• Colocar no CD a última versão do artigo, idêntica à versão impressa;<br />

• Etiquetar o CD informando o programa e a versão utilizados, bem<br />

como o nome do arquivo.<br />

A submissão do artigo pelo correio eletrônico (e-mail) possibilita<br />

maior agilida<strong>de</strong> no procedimento <strong>de</strong> revisão. Para isso, será<br />

necessário o envio dos arquivos contendo o texto e as figuras<br />

para o e-mail da GED (ged@fbg.org.br).<br />

Mensagem aos editores com i<strong>de</strong>ntificação dos autores <strong>de</strong>ve ser<br />

enviada, acompanhada dos en<strong>de</strong>reços convencional e eletrônico<br />

e <strong>de</strong> informações sobre o formato utilizado. O artigo <strong>de</strong>verá ser<br />

enviado em anexo, como attachment, no formato Word para<br />

Windows. As figuras <strong>de</strong>verão estar nos formatos jpg ou tif.


Redução <strong>de</strong><br />

83 %<br />

distensão<br />

abdominal 3 , 4<br />

79 %<br />

cólicas e dores<br />

abdominais 3 , 4<br />

79<br />

Redução <strong>de</strong><br />

flatulência<br />

%<br />

3 , 4<br />

1,2<br />

Ação rápida no alívio<br />

dos sintomas das cólicas, dores<br />

e distensões abdominais. 1,2<br />

Dupla ação:<br />

Antiespasmódico 1,2<br />

Antiflatulento 1,2<br />

Redução <strong>de</strong><br />

Apresentações:<br />

20 e 60 cápsulas<br />

gelatinosas moles<br />

gastroresistentes. 3<br />

Posologia:<br />

1 a 2 cápsulas - 3 vezes ao dia<br />

no intervalo das refeições. 3<br />

Mentaliv. Alívio rápido.<br />

MENTALIV - Óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L. - Labiatae 200 mg. FORMA FARMACÊUTICA, VIA DE ADMINISTRAÇÃO E APRESENTAÇÕES. USO ORAL. Cápsula gelatinosa mole revestida gastrorresistente<br />

<strong>de</strong> 200 mg. Caixas com 20 e 60 cápsulas. USO ADULTO. COMPOSIÇÃO - Cada cápsula gelatinosa mole contém 200 mg. Óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita 200 mg. Excipientes* qsp.1 cáps. *Excipientes:<br />

óleo <strong>de</strong> soja, hidroxitolueno butilado, gelatina, glicerina, dióxido <strong>de</strong> titânio, metilparabeno, propilparabeno, corante amarelo quinoleína, corante azul brilhante, polímero metacrílico, hidróxido <strong>de</strong> sódio,<br />

polisorbato, trietilcitrato. Correspondência em marcador: Óleo <strong>de</strong> Mentha piperita L. 200 mg (30%-55% mentol e 14%-32% mentona). INDICAÇÕES: O medicamento MENTALIV, óleo essencial <strong>de</strong><br />

Mentha piperita L, está indicado no tratamento sintomático da síndrome do intestino irritável. INDICAÇÕES COMPLEMENTARES: Secundariamente, o produto po<strong>de</strong> ser utilizado em outras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

digestivas, como flatulência e dispepsia não ulcerosa. Contraindicações: O produto MENTALIV, óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L, está contraindicado em casos <strong>de</strong> inflamação do trato gastrointestinal<br />

e da vesícula biliar, obstrução dos dutos biliares e em casos severos <strong>de</strong> disfunção hepática. Na presença <strong>de</strong> cálculos biliares, o uso do produto <strong>de</strong>ve passar por avaliação médica. Também está<br />

contra-indicado em casos <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> ao óleo <strong>de</strong> menta. Quando utilizado em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, o óleo <strong>de</strong> menta po<strong>de</strong> favorecer a menstruação, sendo assim contraindicado na gestação.<br />

Um estudo realizado refere que o uso <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> menta po<strong>de</strong> vir a reduzir o fluxo <strong>de</strong> leite, contraindicando seu emprego na lactação. POSOLOGIA: O produto MENTALIV é apresentado na forma <strong>de</strong><br />

cápsula gelatinosa mole revestida gastrorresistente <strong>de</strong> 200 mg. MENTALIV <strong>de</strong>ve ser ingerido somente nos intervalos entre as refeições, por via oral, com o auxílio <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> suficiente <strong>de</strong> líquido.<br />

Adultos: A posologia recomendada <strong>de</strong> MENTALIV 200 mg é <strong>de</strong> 1 a 2 cápsulas, três vezes ao dia. ADVERTÊNCIAS: As cápsulas <strong>de</strong>vem ser engolidas inteiras, não <strong>de</strong>vem ser quebradas ou mastigadas.<br />

Pacientes que já sofreram <strong>de</strong> queimação gástrica (pirose) po<strong>de</strong>m eventualmente apresentar uma exacerbação <strong>de</strong>sse sintoma após a administração <strong>de</strong> MENTALIV (óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L).<br />

O tratamento <strong>de</strong>ve ser discontinuado nesses pacientes. O paciente <strong>de</strong>ve ser orientado a consultar o médico antes do uso <strong>de</strong>ste produto, nas seguintes circunstâncias: Primeira apresentação <strong>de</strong>sses<br />

sintomas para confirmação da Síndrome do Instestino Irritável; Pacientes com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 40 anos ou mais e após longo período da apresentação <strong>de</strong> alguns dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável<br />

ou os sintomas terem sido alterados, sangue nas fezes, náusea ou vômito, perda <strong>de</strong> apetite ou peso, pali<strong>de</strong>z e cansaço, severa constipação, febre, recente viagem ao exterior, gravi<strong>de</strong>z, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gravi<strong>de</strong>z ou intenção <strong>de</strong> engravidar, sangramento vaginal anormal ou precoce, dificulda<strong>de</strong> ou dor para urinar. GRAVIDEZ: Quando utilizado em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, o óleo <strong>de</strong> menta po<strong>de</strong> favorecer a<br />

menstruação, sendo assim contraindicado na gestação. Não há dados disponíveis que garantam a segurança do produto na gravi<strong>de</strong>z, portanto este produto não <strong>de</strong>ve ser utilizado em tais condições<br />

sem supervisão médica. AMAMENTAÇÃO: Um estudo realizado, óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L refere que o uso <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> menta po<strong>de</strong> vir a reduzir o fluxo <strong>de</strong> leite, contra-indicando seu emprego<br />

na lactação. Não há dados disponíveis que garantam a segurança do produto na lactação, portanto este produto não <strong>de</strong>ve ser utilizado em tal condição sem supervisão médica. INTERFERÊNCIA EM<br />

EXAMES LABORATORIAIS: Não há relato <strong>de</strong> interferência do óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L em exames laboratoriais. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O produto MENTALIV, óleo essencial <strong>de</strong><br />

Mentha piperita L, <strong>de</strong>ve ser utilizado com cuidado em pacientes que estiverem sob tratamento com medicamentos bloqueadores da secreção ácido gástrica (antagonistas H2, prostaglandinas,<br />

inibidores da bomba <strong>de</strong> prótons), <strong>de</strong>vendo-se utilizar sempre formas gastrorresistentes. Extratos <strong>de</strong> menta po<strong>de</strong>m aumentar o efeito estrogênico do estradiol quando administrados conjuntamente. O<br />

uso simultâneo com bloqueadores <strong>de</strong> cálcio po<strong>de</strong> aumentar a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais fármacos sobre a musculatura lisa. INTERAÇÕES COM ALIMENTOS: Formas farmacêuticas com revestimento gastrorresistente<br />

usadas para tratamento da síndrome do intestino irritável não <strong>de</strong>vem ser ingeridas com alimentos, <strong>de</strong>vendo ser administradas entre as refeições. REAÇÕES ADVERSAS: Erupções cutâneas, enxaqueca, azia,<br />

queimação perianal, bradicardia, tremores musculares e ataxia têm sido reportados como reações adversas raras, usualmente associadas com overdose. Dores musculares recorrentes têm sido<br />

associadas com a ingestão do óleo essencial. Pacientes com cálculos biliares po<strong>de</strong>m experimentar crises <strong>de</strong> cólicas <strong>de</strong>vido aos efeitos colagogos do produto. O óleo <strong>de</strong> menta tem sido associado com<br />

nefrite intersticial e falência renal aguda. Seu uso po<strong>de</strong>, teoricamente, exacerbar sintomas da hérnia <strong>de</strong> hiato pelo relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal. Em pessoas sensíveis ao<br />

mentol po<strong>de</strong>m aparecer insônia e irritabilida<strong>de</strong> nervosa. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. MS nº 1.0118.0607. APSEN FARMACÊUTICA S/A. Referências Bibliográficas: 1. Schulz V. Fitoterapia<br />

racional: um guia <strong>de</strong> fitoterapia para as ciências da saú<strong>de</strong>. São Paulo: Manole, 2002. p. 227-35 - 2. Beesley A, Hardcastle J, Hardcastle PT, et al. Influence of peppermint oil on absorptive<br />

and secretory processes in rat small intestine Gut 1996 39: 214-9. - 3. Bula do produto Mentaliv. 4. Schnei<strong>de</strong>r, M.M.E.; Otten, M.H. Efficacy of Colpermint in the treatment of patients with<br />

the irritable bowel syndrome. Gastroenteroloy, 98: A389, 1990.<br />

CONTRAINDICAÇÕES: O produto MENTALIV, óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L, está contraindicado em casos<br />

<strong>de</strong> inflamação do trato gastrointestinal e da vesícula biliar. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: O produto MENTALIV,<br />

óleo essencial <strong>de</strong> Mentha piperita L, <strong>de</strong>ve ser utilizado com cuidado em pacientes que estiverem sob tratamento<br />

com medicamentos bloqueadores da secreção ácida gástrica (antagonistas H2, prostaglandinas, inibidores da<br />

bomba <strong>de</strong> prótons), <strong>de</strong>vendo-se utilizar sempre formas gastrorresistentes.<br />

MAR/12<br />

A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.<br />

MATERIAL CIENTÍFICO DESTINADO EXCLUSIVAMENTE À CLASSE MÉDICA.


Informations to Authors<br />

GED is the official journal of the Brazilian Society of<br />

Digestive Endoscopy – SOBED, the Brazilian Fe<strong>de</strong>ration of<br />

Gastroenterology – FBG, the Brazilian Society of Hepatology<br />

– SBH, the Brazilian College of Digestive Surgery – CBCD,<br />

and of the Brazilian Society of Digestive Motility – SBMD,<br />

and the purpose of the journal is to publish papers that<br />

may contribute towards the progress of Gastroenterology,<br />

Digestive Endoscopy, Hepatology, Digestive Surgery and<br />

Digestive Motility. Papers sent to the GED Secretariat (Av.<br />

Brig. Faria Lima, 2.391 – 10o andar – cj. 102 –1452-000<br />

– São Paulo, SP, Brazil, e-mail ged@fbg.org.br), which are<br />

accepted by the Editorial Board, and which have not been<br />

previously or will not be concomitantly published in other<br />

journals may be published.<br />

Papers drafted in the Portuguese language will be<br />

accepted. At the discretion of the Editorial Board, papers<br />

in the Spanish and in the English language may also be<br />

accepted.<br />

GED adopts the Uniform Requirements for Manuscripts<br />

Submitted to Biomedical Journals of the International<br />

Committee for Medical Journal Editors, available in the<br />

Internet (http://www.icmje.org).<br />

GED Contents<br />

Editorials<br />

Inten<strong>de</strong>d to present polemic, current, and impacting topics<br />

whenever GED editors feel the need to present their view<br />

in a synthetic manner, whether or not such topics are<br />

presented in GEDpublished papers. Editorials are written<br />

by the editors and/or by Editorial Board members, or by<br />

invited specialists.<br />

Original Articles<br />

Clinical and/or experimental research papers should<br />

present the approval of the research given by the Ethics<br />

Committee of the hospital, clinic, or institution were the<br />

study was carried out. The following items must be inclu<strong>de</strong>d:<br />

Summary (and keywords), Introduction, Methods, Results,<br />

Conclusions, References, and Summary and Keywords.<br />

Introduction – Presents the justification for the study, with<br />

references related to the topic and the objective of the<br />

paper.<br />

Methods – Presenting: a) <strong>de</strong>scription of the sample<br />

used; b) mention whether or not an informed consent<br />

has been obtained; c) i<strong>de</strong>ntification of methods, <strong>de</strong>vices,<br />

and procedures used in or<strong>de</strong>r to permit reproduction<br />

of the results by the rea<strong>de</strong>rs; d) brief <strong>de</strong>scription and<br />

references to methods that have been published but that<br />

are not broadly know; e) <strong>de</strong>scription of new methods or of<br />

modified methods; f) mention the statistical analysis or the<br />

software used, as the case may be.<br />

Results – Presenting results in a logical sequence, in<br />

text format with tables and illustrations; authors should<br />

avoid excessive information repetition in the tables and<br />

illustrations and in the text. In the text, numbers below ten<br />

will be written in full, whereas numbers 10 and beyond will<br />

be written in Arabic numbers.<br />

Discussion – Emphasis will be given to: a) original and<br />

major aspects of the paper, without repetition of the aspects<br />

previously presented; b) relevance and limitations of the<br />

findings, comparing them to information in the literature; c)<br />

connection of the conclusions to the objectives of the study;<br />

d) conclusions arising out of the study.<br />

References – Bibliographic references should appear in the<br />

or<strong>de</strong>r in which they are first quoted in the text. They should<br />

follow the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted<br />

to Biomedical Journals – http://www. icmje.org. Some of the<br />

more usual example are presented.<br />

Examples:<br />

1. Standard paper in journals (all authors must be listed;<br />

if they are more than six, list the first six followed by et<br />

al.): Alper CA, Kruskal MS, Marcus-Bagle Y, Craven DE,<br />

Katz AJ, Brint SJ, et al.. Genetic prediction of response to<br />

hepati tis B vaccine. N Engl J Med. 1989;321:708-12.<br />

2. Autor institucional: NHI Consensus Development Panel on<br />

Helicobacter pylori in Peptic Ulcer Disease. Helicobacter<br />

pylori in peptic ulcer disease. JAMA. 1994;272:65- 9.<br />

3. Book with author(s) responsible for the full text With TK.<br />

Bile pigments: New York: Aca<strong>de</strong>mic Press, 1968.<br />

4. Book with editor(s) as author(s): Magrath I, editor. The<br />

non-Hodgkin’s limphomas. 2nd ed. London: Arnold,<br />

1997.<br />

5. Chapter of a book: Warshaw AL, Rattner DW. Residual<br />

common duct stones and disor<strong>de</strong>rs of duo<strong>de</strong>nal<br />

ampullae. In: Ellis H, editor. Maingot’s abdominal<br />

operations. New York: Lange Publishers, 1990:1471-2.<br />

The titles of journal should be abbreviated according to the<br />

In<strong>de</strong>x Medicus (List of Journals In<strong>de</strong>xed). If the journal is not<br />

inclu<strong>de</strong>d in such list, write the name in full.<br />

Tables – Tables should have a summarized title, with explanatory<br />

comments at the foot of the table. They should be sequentially<br />

numbered with Arabic numbers.<br />

Figures – Black and white figures will be accepted. Color figures<br />

may be published when they are essential for the scientific<br />

contents of the paper; in such case, the cost of publishing<br />

colored figures will be covered by the authors.


Dá um Frio<br />

na barriga<br />

O mundo gira<br />

em volta do<br />

próprio umbigo<br />

Um Soco<br />

na boca do<br />

estômago<br />

E um<br />

estômago <strong>de</strong><br />

avestruz<br />

O estômago está<br />

embrulhado<br />

Ainda bem<br />

que existe<br />

um especialista<br />

para cuidar<br />

disso.<br />

Tem um<br />

Rei na<br />

barriga<br />

E duro ter<br />

que engolir<br />

sapo<br />

29 <strong>de</strong> maio | Dia do Gastroenterologista<br />

11 <strong>31</strong>86-5600<br />

atendimento@limay.com.br


Informations to Authors<br />

Revision Articles<br />

Will be accepted only when the editors have invited the author<br />

to write such articles, when they are part of the research line of<br />

the author as evi<strong>de</strong>nced by the presence of original articles in<br />

the bibliography and in the quotations in the text.<br />

Case Report<br />

Should be objective and precise, with the following items:<br />

1) Summary (and keywords); 2) Introduction; 3) Objective<br />

Report; 4) Discussion; 5) Conclusions; 6) Bibliography.<br />

Letters to the Editor<br />

Letters sent to the editor(s) will be consi<strong>de</strong>red for publication<br />

if they carry an intellectual discussion regarding a recently<br />

published article. They should have an informative title and not<br />

more than 500 words. If accepted, a copy will be sent to the<br />

author of the paper that raised the discussion, with an invitation<br />

to submit a reply to be published together with the letter.<br />

Conflict of interests<br />

As <strong>de</strong>termined by the Sanitary Surveillance Agency (RDC<br />

102/2000) and by the National Health Council (196/96) author(s)<br />

should inform explicitly in the a<strong>de</strong>quate form (Disclosure of<br />

potential conflict of interests) about any potential conflict of<br />

interests related to the paper submitted. This requirement is<br />

inten<strong>de</strong>d to inform about professional and/or financial relations<br />

(with sponsorships and corporate interests) with financial<br />

agents related to medical drugs or equipment involved in the<br />

paper, which may theoretically influence the interpretation of the<br />

paper. The existence or non-existence of a <strong>de</strong>clared conflict of<br />

interests shall be inclu<strong>de</strong>d at the end of all articles published.<br />

Bioethics of experiments involving human beings<br />

Experiments involving human beings shall follow the specific<br />

resolution of the National Health Council available in the Internet<br />

address (http://conselho.saú<strong>de</strong>.gov.br//docs/Resoluções/Reso/<br />

96<strong>de</strong>96.doc), including the signature of an informed consent<br />

and the protection to volunteer privacy.<br />

Bioethics of experiments involving animals<br />

Experiments involving animals shall follow specific resolutions<br />

(Law 6,638, of May 8, 1979, and Decree 24,645, of July 10,<br />

1934).<br />

Clinical Assays<br />

Article containing results of clinical assays should disclose all<br />

information required for their proper evaluation, as previously<br />

established. Authors shall refer to the “CONSORT” (www.<br />

consort. statement.org).<br />

Review by peers<br />

All articles submitted shall be evaluated by two analysts,<br />

who shall issue a fundamented opinion to be used by the<br />

editors to <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> whether or not the paper will be accepted.<br />

Evaluation criteria inclu<strong>de</strong> originality, contribution to the body<br />

of knowledge in the area, methodological a<strong>de</strong>quacy, clarity, and<br />

contemporaneity. Articles accepted for publication may have<br />

editorial revisions to improve clarity and un<strong>de</strong>rstanding without<br />

changing its contents.<br />

Copyrights<br />

All statements contained in the articles will be un<strong>de</strong>r the full<br />

responsibility of the authors. After and article is accepted, GED<br />

becomes the owner of copyrights of the material. Thus, all<br />

authors of the articles submitted to GED should also send a<br />

Deed of Copyright Assignment. The author incharge of receiving<br />

letters from the rea<strong>de</strong>rs will receive 20 printed copies of the<br />

article and the corresponding pdf file.<br />

How to send a paper<br />

The author(s) should send:<br />

• A letter of submission signed by all authors or by the first<br />

author to appear in the list on behalf of all authors, containing:<br />

1) information regarding a prior or double submission of any<br />

part of the paper being submitted; 2) a <strong>de</strong>claration of relations,<br />

financial or otherwise, that could lead to a conflict of interests;<br />

3) a <strong>de</strong>claration that the article has been read and approved<br />

by all coauthors and that the criteria to claim authorship<br />

(see Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to<br />

Biomedical Journals) have been met by all authors and that<br />

each author represents that the information in the manuscript<br />

is true; 4) name, address, telephone number, and e-mail of the<br />

author who will receive letters; this author will be responsible to<br />

communicate revisions and print proofs to the other authors.<br />

• Deed of Disclosure of a Potential Conflict of Interests.<br />

• Deed of Copyright Assignment.<br />

• Three copies of the paper typed in double space, printed in<br />

letter-sized paper only on the front (without printing on the<br />

back), margins of 2.5 cm and 1.5 space, with pages numbered<br />

in the upper right corner; figure legends, figures, and tables<br />

should be placed at the end, attached to each copy; indicate<br />

in the text the place to insert figures and tables.<br />

• Three sets of figures in shiny photographic copies.<br />

• A CD containing the text file only, with the paper text, and the<br />

files containing photographs or figures.<br />

How to prepare the CD<br />

• Formatted CD compatible with IBM/PC;<br />

• Use Microsoft Word for Windows text software;<br />

• The text file to contain only the text, from the title page to the<br />

references, and the tables;<br />

• Figures are not to be inclu<strong>de</strong>d in the text file;<br />

• Place in the CD the lest version of the paper, i<strong>de</strong>ntical to the<br />

printed version submitted;<br />

• Label the CD informing the software and the version used, and<br />

the filed name.<br />

Submission of a paper by e-mail allows for greater efficiency<br />

of the revision procedures. For that purpose, the text and the<br />

figures files shall be sent to the GED e-mail (ged@fbg.org.br).<br />

Messages to the editors with i<strong>de</strong>ntification of the authors should<br />

be sent together with conventional and electronic addresses,<br />

and together with information about the format used. The paper<br />

shall be sent as an attachment, as a Word for Windows file.<br />

Figures shall be in the jpg or tif formats.


Economizar<br />

no tratamento,<br />

ajuda a<br />

aproveitar<br />

mais a vida.<br />

Melhor relação<br />

custo-benefício entre os IBPs<br />

1-4<br />

Alívio aos<br />

pacientes 5<br />

Comodida<strong>de</strong><br />

posológica 5<br />

Efeito prolongado 5<br />

Ação rápida 5 Segurança 7-10<br />

Eficácia 6<br />

Ação<br />

bactericida 6<br />

Menor ocorrência <strong>de</strong><br />

interação medicamentosa<br />

comparada ao omeprazol 7<br />

1<br />

Apresentações:<br />

30 mg c/ 14 cap<br />

15 mg c/ 28 cap<br />

Referências Bibliográficas: 1. Revista ABC Farma – PMC 18% - Maio/2012. 2. How<strong>de</strong>n CW, Ballard II ED, Robieson W. Evi<strong>de</strong>nce for Therapeutic Equivalence of lansoprazole 30 mg and esomeprazole<br />

40 mg in the treatment of erosive esophagits. Clin Drug Invest. 2002; 22 (2): 99-109. 3. Welage LS Berardi RR. Evaluation of omeprazole, lansoprazole, pantoprazole and rabeprazole in the treatment<br />

of acid-related diseases. J Am Pharm Assoc. 2000; 40: 52-62. 4. Manzionna G, Pace F, Porro GB. Efficacy of lansoprazole in the short and long-term treatment of Gastro-oesophageal reflux disease.<br />

A Systematic Overview. Clin Drug Invest. 1997; 14: 450-56. 5. Bula do Produto. 6. Nakao M, Malfertheiner P. Growth inhibitory and bactericidal activities of lansoprazole compared with those of omeprazole<br />

and pantoprazole against Helicobacter pylori. Helicobacter. 1998 Mar;3(1):21-7. 7. Blume H, Donath F, Warnke A, Schug BS. Pharmacokinetic drug interaction profiles of proton pump inhibitors. Drug Saf.<br />

2006;29(9):769-84. 8. An<strong>de</strong>rsson T. Pharmacokinetics, metabolism and interactions of acid pump inhibitors. Focus on omeprazole, lansoprazole and pantoprazole. Clin Pharmacokinet. 1996 Jul;<strong>31</strong>(1):9-<br />

28. 9. Matheson AJ, Jarvis B. Lansoprazole: an update of its place in the management of acid-related disor<strong>de</strong>rs. Drugs. 2001;61(12):1801-33. 10. Freston JW, Hisada M, Peura DA, Haber MM, Kovacs TO,<br />

Atkinson S, Hunt B. The clinical safety of long-term lansoprazole for the maintenance of healed erosive oesophagitis. Aliment Pharmacol Ther. 2009 Jun 15;29(12):1249-60. Epub 2009 Mar 17.<br />

Prazol ® - lansoprazol. Indicações: Prazol ® 30 mg: cicatrização e alívio sintomático <strong>de</strong> esofagite <strong>de</strong> refluxo, <strong>de</strong> úlcera duo<strong>de</strong>nal e <strong>de</strong> úlcera gástrica em tratamento <strong>de</strong> curto prazo. Para tratamento<br />

a longo prazo <strong>de</strong> pacientes hipersecretores, portadores ou não <strong>de</strong> síndrome <strong>de</strong> Zöllinger-Ellison; Prazol ® 15 mg: manutenção da cicatrização <strong>de</strong> esofagite <strong>de</strong> refluxo erosiva, <strong>de</strong> úlcera duo<strong>de</strong>nal<br />

e <strong>de</strong> úlcera gástrica. Contraindicações: hipersensibilida<strong>de</strong> conhecida ao lansoprazol ou a qualquer outro componente da fórmula.<br />

Precauções e Advertências: ingerir as cápsulas pela manhã, inteiras, sem mastigar e em jejum. O perfil farmacocinético <strong>de</strong> lansoprazol po<strong>de</strong> ser modificado por insuficiência hepática mo<strong>de</strong>rada a<br />

severa, bem como em idosos. Cautela na prescrição a pacientes idosos com disfunção hepática, durante a gravi<strong>de</strong>z e no período <strong>de</strong> amamentação. Cautela na administração <strong>de</strong> doses subsequentes<br />

maiores que 30 mg por dia para idosos. Não foram estabelecidas a segurança e a eficácia do uso em crianças. Cautela em portadores <strong>de</strong> diabetes. Interações Medicamentosas: teofilina,<br />

sucralfato, cetoconazol, ésteres da ampicilina, sais <strong>de</strong> ferro, digoxina. Reações Adversas: dor abdominal, cefaleia, síndrome gripal, ferimentos aci<strong>de</strong>ntais, dor no peito, infecção, diarreia, anomalias<br />

gastrointestinais (pólipos), vômitos, alterações <strong>de</strong>ntárias, náusea, gastroenterites, alterações retais, artralgia. Posologia: úlcera duo<strong>de</strong>nal: 30 mg ao dia, por duas a quatro semanas; úlcera<br />

gástrica e esofagite <strong>de</strong> refluxo, incluindo úlcera <strong>de</strong> Barrett: 30 mg ao dia, por quatro a oito semanas; síndrome <strong>de</strong> Zöllinger-Ellison: dose inicial <strong>de</strong> 60 mg ao dia, por três a seis dias. Tratamento<br />

<strong>de</strong> manutenção da cicatrização <strong>de</strong> esofagite <strong>de</strong> refluxo, <strong>de</strong> úlcera duo<strong>de</strong>nal e <strong>de</strong> úlcera gástrica: 15 mg uma vez ao dia. USO ADULTO. Registro no MS: 1.0181.0214. VENDA SOB PRESCRIÇÃO<br />

MÉDICA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.<br />

© Medley 2012 ® Marca Registrada – Prazol Anúncio Médico 2012– 50514796.<br />

Maio/2012. Material <strong>de</strong>stinado a profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.


Artigo Original<br />

Análise Epi<strong>de</strong>miológica das Neoplasias <strong>de</strong> Esôfago Atendidas<br />

no Hospital Universitário Walter Cantídio da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) - período <strong>de</strong> 2001 a 2010<br />

Epi<strong>de</strong>miological Analysis of Esophageal Neoplasms in the Walter<br />

Cantídio University Hospital of the Fe<strong>de</strong>ral University of Ceará (UFC)<br />

from the period 2001 to 2010<br />

Fe r n a n d o An to n i o Si q u e i r a Pinheiro 1 , Ca i o Alc o b a ç a Ma r c o n d e s 2 , Ma r i a n a Pa i va So u s a 3<br />

Se r v i ç o d e Ci r u r g i a Ge r a l e <strong>Digestiva</strong> d o HUWC da Fa c u l da d e d e Me d ic i n a da Un i v e rs i da d e Fe <strong>de</strong> ral d o Ce a rá – CE - Fo r ta l e z a - Br a s i l<br />

Resumo<br />

Summary<br />

Racional: O câncer <strong>de</strong> esôfago é muito frequente no<br />

Brasil e, conforme Ministério da Saú<strong>de</strong>, em 2010 ocorreram<br />

cerca <strong>de</strong> 7.890 novos casos em homens e 2.740 em<br />

mulheres. Objetivo: Analisar o perfil epi<strong>de</strong>miológico dos<br />

pacientes com neoplasia <strong>de</strong> esôfago submetidos a tratamento<br />

cirúrgico no Hospital Universitário Walter Cantí<strong>de</strong>o<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará, no período <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010. Métodos: Estudo <strong>de</strong>scritivo,<br />

transversal, quantitativo e retrospectivo, avaliando<br />

92 pacientes tratados no Serviço. Resultados: O sexo<br />

masculino correspon<strong>de</strong>u a 75% dos pacientes estudados<br />

e a ida<strong>de</strong> média encontrada foi <strong>de</strong> 63 anos. A disfagia<br />

e a perda pon<strong>de</strong>ral estiveram presentes em 100% dos<br />

pacientes; o etilismo e o tabagismo foram os fatores<br />

<strong>de</strong> risco mais prevalentes. A localização do tumor que<br />

esteve mais frequente foi no esôfago médio, predominando<br />

o carcinoma epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong> (75%). Os tumores T3<br />

(46%) e estádio III (61%) representaram a maioria dos<br />

casos, evi<strong>de</strong>nciando uma maior porcentagem <strong>de</strong> doença<br />

avançada no momento do diagnóstico. A esofagectomia<br />

transhiatal (38%) radical foi a modalida<strong>de</strong> terapêutica<br />

mais realizada no serviço. Conclusão: As neoplasias <strong>de</strong><br />

esôfago seguem o perfil encontrado na literatura, revelando<br />

maior prevalência <strong>de</strong> doença avançada no momento<br />

do diagnóstico e, portanto, traduzindo um prognóstico<br />

reservado para este tipo <strong>de</strong> neoplasia.<br />

Unitermos: Perfil <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, Neoplasias esofágicas,<br />

Esofagectomia.<br />

Background: Esophageal cancer is very common in<br />

Brazil and according to the Ministry of Health in 2010<br />

there were about 7,890 new cases in men and 2,740 in<br />

women. Objective: To analyze the epi<strong>de</strong>miological profile<br />

of patients with esophageal cancer un<strong>de</strong>rwent surgery at<br />

University Hospital Walter Cantí<strong>de</strong>o Fe<strong>de</strong>ral University of<br />

Ceará, from January 2001 to December 2010. Method:<br />

Cross-sectional, quantitative and retrospective study evaluating<br />

92 patients treated at the Service. Results: Males<br />

comprised 75% of the patients with the mean age was 63<br />

years. Dysphagia and weight loss were present in 100%<br />

of patients and alcohol consumption and smoking were<br />

the most prevalent risk factors. The location of the tumor<br />

was most frequent in the medium esophagus, predominantly<br />

squamous cell carcinoma (75%). T3 tumors (46%)<br />

and stage III (61%) were the majority of cases, showing<br />

a higher percentage of advanced disease at diagnosis.<br />

The transhiatal esophagectomy (38%) was the most<br />

commonly performed therapeutic modality. Conclusion:<br />

The cancer of the esophagus following the profile found<br />

in the literature, showing a higher prevalence of advanced<br />

disease at diagnosis and thus reflecting a poor prognosis<br />

for this type of neoplasia.<br />

Keywords: Health profile, Esophageal Neoplasms,<br />

Esophagectomy.<br />

125 1<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

1. Professor Assistente do Departamento <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará. 2. Médico<br />

Resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral do Hospital Universitário Walter Cantidio. 3. Médica Resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral do Hospital Geral <strong>de</strong><br />

Fortaleza. En<strong>de</strong>reço para correspondência: Prof. Fernando Antonio Siqueira Pinheiro - Departamento <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Medicina da UFC - Rua Prof. Costa Men<strong>de</strong>s, 1608 - Rodolfo Teófilo - CEP 60416-160 - e-mail: fernandosiqueira@ufc.br.<br />

Recebido em: 02/01/2012. Aprovação em: 05/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


Análise Epi<strong>de</strong>miológica das Neoplasias <strong>de</strong> Esôfago Atendidas no Hospital Universitário<br />

Walter Cantídio da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) - período <strong>de</strong> 2001 a 2010<br />

Introdução<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago é a sexta causa mais comum <strong>de</strong><br />

neoplasia maligna no mundo. No Brasil, segundo dados do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong>, ocorreram em 2010 cerca <strong>de</strong> 7.890<br />

novos casos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago em homens e 2.740 em<br />

mulheres.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é conhecer o perfil epi<strong>de</strong>miológico<br />

dos pacientes com neoplasia <strong>de</strong> esôfago tratados no<br />

Serviço <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral e <strong>Digestiva</strong> do Hospital Universitário<br />

Walter Cantí<strong>de</strong>o da UFC, no período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001<br />

a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, analisando os resultados e propondo<br />

modificações no protocolo <strong>de</strong> tratamento para que possa<br />

resultar na melhora do prognóstico <strong>de</strong> nossos pacientes.<br />

O envelhecimento populacional é a principal causa <strong>de</strong><br />

câncer em todo o mundo. A expectativa <strong>de</strong> vida da população<br />

brasileira, que era <strong>de</strong> 62 anos em 1980, será <strong>de</strong> 76<br />

anos no ano <strong>de</strong> 2020. Quanto mais a população envelhecer,<br />

maior a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver câncer.<br />

Métodos<br />

O estudo foi <strong>de</strong>scritivo, transversal, quantitativo e <strong>de</strong><br />

caráter retrospectivo.<br />

1262<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

Além do envelhecimento, o tabagismo, o etilismo e a<br />

ingestão <strong>de</strong> alimentos ricos em elementos carcinogênicos<br />

são consi<strong>de</strong>rados fatores <strong>de</strong> risco associados à neoplasia<br />

<strong>de</strong> esôfago 1-4 .<br />

A doença é mais comum em homens (3:1) e negros, com<br />

pico <strong>de</strong> incidência na 6° e 7° década <strong>de</strong> vida 5,6 . O carcinoma<br />

epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong> ainda é o tipo histológico mais frequente,<br />

sendo o terço médio e inferior as regiões do esôfago mais<br />

comumente afetadas, existindo uma íntima relação entre o<br />

etilismo e o tabagismo.<br />

O a<strong>de</strong>nocarcinoma surge na parte distal do esôfago e tem<br />

relação com o refluxo gastresofágico crônico, sobretudo<br />

com esôfago <strong>de</strong> Barrett 6-8 .<br />

Algumas características anatômicas do esôfago, como a<br />

complacência e a gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distensão, dificultam<br />

o diagnóstico precoce <strong>de</strong> modo que, na maioria das<br />

vezes, os sintomas aparecem tardiamente. O quadro clínico<br />

é, quase sempre, insidioso, predominando <strong>de</strong>sconforto<br />

retroesternal inespecífico, seguido <strong>de</strong> disfagia progressiva<br />

e perda <strong>de</strong> peso 3,8 .<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago se caracteriza por apresentar um<br />

comportamento biologicamente agressivo, <strong>de</strong> modo que<br />

o avanço da doença po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado tanto por<br />

invasão local como pelo comprometimento linfonodal e<br />

disseminação metastática via hematogênica.<br />

A ausência <strong>de</strong> serosa do órgão favorece o crescimento local<br />

do tumor <strong>de</strong> modo que, na prática, é comum encontrar lesões<br />

gran<strong>de</strong>s, sendo impossível ressecá-los a<strong>de</strong>quadamente 3,9-11 .<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago é, portanto, uma neoplasia <strong>de</strong> prognóstico<br />

reservado e todos os esforços <strong>de</strong>vem ser dirigidos<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção precoce<br />

da doença 5,6,12 .<br />

A i<strong>de</strong>ntificação dos casos foi realizada a partir do levantamento<br />

<strong>de</strong> prontuários <strong>de</strong> todos os pacientes portadores <strong>de</strong><br />

neoplasia <strong>de</strong> esôfago submetidos a procedimento cirúrgico<br />

no Serviço <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral do Hospital Universitário<br />

Walter Cantí<strong>de</strong>o da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará, no<br />

período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.<br />

Os prontuários foram analisados individualmente e as<br />

variáveis estudadas foram: ida<strong>de</strong>, sexo, quadro clínico,<br />

localização do tumor, tipo histológico, extensão do tumor,<br />

estadiamento, fatores <strong>de</strong> risco associado à doença, comorbida<strong>de</strong>s,<br />

tratamento, margem da ressecção cirúrgica,<br />

complicações pós-operatórias, mortalida<strong>de</strong> e sobrevida<br />

global dos pacientes.<br />

Foram excluídos os pacientes submetidos exclusivamente<br />

à radioterapia e à quimioterapia neoadjuvante, e os casos<br />

submetidos à esofagectomia distal <strong>de</strong>vido ao a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

da junção esofagogástrica com invasão do esôfago.<br />

Resultados<br />

No período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, 92<br />

pacientes foram submetidos a algum tipo <strong>de</strong> procedimento<br />

cirúrgico com objetivo radical ou paliativo. Foram excluídos do<br />

estudo 23 pacientes com a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>de</strong> junção esofagogástrica<br />

com invasão do esôfago por contiguida<strong>de</strong>.<br />

Neste estudo, 52 (75%) pacientes eram do sexo masculino e<br />

17 (25%) do sexo feminino. A ida<strong>de</strong> variou entre 37 a 86 anos,<br />

com uma média <strong>de</strong> 63 anos. Os sintomas mais prevalentes<br />

foram a disfagia, que estava presente em 69 (100%) pacientes,<br />

com tempo médio <strong>de</strong> seis meses <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos sintomas.<br />

A perda pon<strong>de</strong>ral importante foi registrada em 69 (100%)<br />

pacientes, média <strong>de</strong> 9kg.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


F. A. S. Pinheiro, C. A. Ma r c o n d e s, M. P. So u s a<br />

Dor epigástrica, odinofagia, pirose, vômitos, regurgitação e tosse<br />

crônica foram outros sintomas relatados.<br />

Os fatores <strong>de</strong> riscos mais comumente encontrados foram o tabagismo<br />

em 50 (72%) pacientes e o etilismo em 39 (56%). Os<br />

sintomas prévios <strong>de</strong> doença do refluxo gastresofágico, megaesôfago,<br />

história familiar <strong>de</strong> neoplasia do trato gastrointestinal<br />

foram encontrados em menos <strong>de</strong> 5% dos casos.<br />

Tabela 1: Características das neoplasias <strong>de</strong> esôfago<br />

atendidas no HUWC <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro 2010<br />

Variável Frequência %<br />

Sexo<br />

Homens<br />

Mulheres<br />

52<br />

17<br />

75<br />

25<br />

Sintomatologia Frequência %<br />

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) foi observada<br />

em 12 (17%) pacientes. Outras comorbida<strong>de</strong>s constatadas<br />

foram a hipertensão arterial (HAS) em 10 (14%) pacientes e<br />

ainda, em menor frequência, o diabetes mellitus, insuficiência<br />

renal crônica (IRC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e<br />

arritmia cardíaca.<br />

Disfagia<br />

Perda pon<strong>de</strong>ral<br />

Dor epigástrica<br />

Odinofagia<br />

Pirose<br />

Vômitos<br />

Regurgitação<br />

Tosse<br />

69<br />

69<br />

3<br />

3<br />

17<br />

11<br />

5<br />

7<br />

100<br />

100<br />

4<br />

4<br />

25<br />

16<br />

7<br />

10<br />

A localização mais frequente do tumor foi no terço médio em 35<br />

(51%) casos, <strong>31</strong> (45%) no esôfago distal e 3 (4%) no cervical.<br />

O tipo histológico mais frequente foi o carcinoma epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong>,<br />

confirmado em 52 (75%) pacientes, a<strong>de</strong>nocarcinoma em 16<br />

(23%) e sarcoma em 1 (2%).<br />

O tamanho do tumor variou <strong>de</strong> T1 em 2 (3%) pacientes, T2 em 8<br />

(12%), T3 em 32 (46%) e T4 em 27 (39%). Foi observado que o<br />

estadio I correspon<strong>de</strong>u a 3%(2) dos casos, IIa a 14%(10), IIb a<br />

3%(2), III a 61%(42), IVa a 7%(5) e IVb a 12%(8) – tabela 1.<br />

Os procedimentos cirúrgicos adotadas foram a esofagectomia<br />

transhiatal em 26 (38%) casos, esofagectomia em três campos<br />

7 (10%), esofagectomia abdominal-torácica 1 (1%), esofagectomia<br />

associada à laringectomia 2 (3%), esofagectomia distal<br />

associada à gastrectomia total em 4 (6%), confecção <strong>de</strong> bypass<br />

gástrico isoperistáltico (Postlethwait 10 ) em 9 (13%) e gastrostomia<br />

ou jejunostomia associada à quimioterapia e radioterapia<br />

em 20 (29%).<br />

Nos 40 pacientes submetidos à esofagectomia, que correspon<strong>de</strong>m<br />

a 58% do total, a margem <strong>de</strong> ressecção R0 ocorreu em<br />

33 (82%) e R2 em 7 (18%).<br />

As principais complicações pós-operatórias foram: infecção<br />

respiratória em 26 (36%) casos, a fístula cervical ocorreu em<br />

17 (25%) e o pneumotórax em 9 (13%). Outras complicações<br />

como a fístula bronco-pleural e abscesso intra-abdominal aconteceram<br />

em menos <strong>de</strong> 5% dos casos analisados.<br />

Doze pacientes evoluíram para óbito nos primeiros trinta dias,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a uma mortalida<strong>de</strong> perioperatória <strong>de</strong> 17%, e a<br />

etiologia na gran<strong>de</strong> maioria dos pacientes foi choque séptico.<br />

Trinta e cinco (51%) pacientes estavam vivos após 1 ano, 13<br />

(19%) após dois anos e apenas 1 (1,4%) cinco anos após a<br />

cirurgia.<br />

Fatores <strong>de</strong> risco Frequência %<br />

Etilismo<br />

Tabagismo<br />

História familiar <strong>de</strong><br />

neoplasia do trato<br />

gastrointestinal<br />

DRGE<br />

Megaesôfago<br />

39<br />

50<br />

3<br />

1<br />

1<br />

56<br />

72<br />

4<br />

Comorbida<strong>de</strong>s Frequência %<br />

DPOC<br />

Diabetes Mellitus<br />

ICC<br />

IRC<br />

HAS<br />

Arritmia<br />

12<br />

3<br />

2<br />

1<br />

10<br />

1<br />

1<br />

1<br />

17<br />

4<br />

3<br />

1<br />

14<br />

1<br />

Localização do tumor Frequência %<br />

Esôfago cervical<br />

Esôfago médio<br />

Esôfago distal<br />

3<br />

35<br />

<strong>31</strong><br />

4<br />

51<br />

45<br />

Tipo histológico Frequência %<br />

Epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong><br />

A<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

Sarcoma<br />

52<br />

16<br />

1<br />

75<br />

23<br />

2<br />

Tamanho do tumor Frequência %<br />

T1<br />

T2<br />

T3<br />

T4<br />

2<br />

8<br />

32<br />

27<br />

3<br />

12<br />

46<br />

39<br />

Estadiamento Frequência %<br />

I<br />

IIa<br />

IIb<br />

III<br />

IVa<br />

IVb<br />

2<br />

10<br />

2<br />

42<br />

5<br />

8<br />

3<br />

14<br />

3<br />

61<br />

7<br />

12<br />

Total 69 100<br />

127 3<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


Análise Epi<strong>de</strong>miológica das Neoplasias <strong>de</strong> Esôfago Atendidas no Hospital Universitário<br />

Walter Cantídio da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) - período <strong>de</strong> 2001 a 2010<br />

128 4<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

É importante informar que 10 (14%) pacientes com sobrevida<br />

superior a um ano foram operados mais recentemente, não<br />

sendo possível ainda avaliá-los quanto a uma sobrevida no<br />

período <strong>de</strong> 5 anos. E 33% dos pacientes que evoluiram a óbito<br />

apresentavam doença pulmonar crônica obstrutiva (DPOC)<br />

como comorbida<strong>de</strong> mais importante (tabela 2).<br />

Tabela 2: Procedimentos cirúrgicos e complicações das<br />

neoplasias <strong>de</strong> esôfago realizado no HUWC <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

2001 a <strong>de</strong>zembro 2010<br />

Discussão<br />

Variável Frequência %<br />

Tratamento realizado<br />

Esofagectomia trans-hiatal 26 38<br />

Esofagectomia 3 campos 7 10<br />

Esofagectomia abdominaltorácica<br />

1 1<br />

Esofagectomia e larigectomia 2 3<br />

Esofagectomia distal e<br />

gastrectomia total<br />

4 6<br />

Tubo gástrico retroesternal 9 13<br />

Gastrostomia / jejunostomia<br />

e quimioterapia / radioterapia<br />

adjuvante<br />

20 29<br />

Margem ressecção Frequência %<br />

R0 33 82<br />

R1 0 0<br />

R2 7 18<br />

Complicações pósoperatórias<br />

Frequência %<br />

Fístula cervical 17 25<br />

Infecção pulmonar 25 36<br />

Pneumotórax 9 13<br />

Fístula bronco-pleural 3 4<br />

Abscesso intra-abdominal 1 1<br />

Sobrevida global Frequência %<br />

> 1 ano 35 51<br />

> 2 anos 13 19<br />

> 5 anos 1 1<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago representa 4,5% <strong>de</strong> todos os carcinomas<br />

do trato digestivo 13 . Acomete mais homens do que<br />

mulheres e surge com maior frequência entre a sexta e sétima<br />

década <strong>de</strong> vida 2,6,13,14 . Neste estudo, a proporção encontrada<br />

foi <strong>de</strong> 3:1 entre o sexo masculino e o feminino e a média <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 63 anos, o que correspon<strong>de</strong> aos dados <strong>de</strong>scritos<br />

na literatura.<br />

A maioria dos pacientes com câncer <strong>de</strong> esôfago apresenta<br />

disfagia e perda pon<strong>de</strong>ral importante no momento do diagnóstico.<br />

Se a perda for superior a 10% da massa corporal<br />

representa um fator <strong>de</strong> pior prognóstico 3,5,8 . Outros sintomas<br />

ocorrem em menor escala, como vômitos, regurgitação,<br />

odinofagia, dor torácica, tosse e dispneia 3,5 . Em nosso estudo,<br />

a disfagia e a perda pon<strong>de</strong>ral estiveram presentes em todos<br />

os casos e foram o que motivaram a procura por assistência<br />

médica. O tempo médio entre o inicio dos sintomas e o tratamento<br />

adotado foi superior a 6 meses, o que justifica nossa<br />

elevada incidência <strong>de</strong> casos avançados (81% T3/T4) e, em<br />

última análise, po<strong>de</strong> ser o responsável pelos baixos índices<br />

<strong>de</strong> sobrevida.<br />

Na maioria dos estudos epi<strong>de</strong>miológicos, observa-se uma<br />

importante relação da neoplasia <strong>de</strong> esôfago com fatores<br />

dietéticos, hábitos comportamentais, baixo nível socioeconômico<br />

e, principalmente, o álcool e o fumo. A doença refluxo<br />

gastresofágico, o esôfago <strong>de</strong> Barrett, megaesôfago avançado,<br />

esofagite cáustica, a hiperceratose palmo - plantar (tilose),<br />

síndrome <strong>de</strong> Plummer - Vinson, entre outros, representam<br />

também fatores <strong>de</strong> agressão crônica da mucosa esofágica que<br />

aumentam o risco para o <strong>de</strong>senvolvimento do câncer 2-6,13,14 .<br />

Neste estudo, o etilismo (56%) e o tabagismo (72%) foram<br />

os principais fatores <strong>de</strong> risco relacionados ao carcinoma espinocelular,<br />

que ainda é o subtipo mais comum das neoplasias<br />

malignas que acometem o esôfago.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista histológico, cerca <strong>de</strong> 50% a 95% dos<br />

cânceres esofágicos no mundo todo são carcinomas espinocelulares<br />

(CEC). Nos países <strong>de</strong>senvolvidos observa-se um<br />

nítido aumento na incidência do a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>de</strong> esôfago,<br />

como é o caso dos Estados Unidos, e isto se <strong>de</strong>ve a uma<br />

série <strong>de</strong> fatores, como a obesida<strong>de</strong>, a incidência elevada <strong>de</strong><br />

doença do refluxo gastresofágico e modificação <strong>de</strong> hábitos<br />

alimentares 3,5,8 .<br />

O a<strong>de</strong>nocarcinoma surge a partir <strong>de</strong> glândulas profundas e<br />

superficiais do esôfago, principalmente em seu terço inferior,<br />

próximo à junção esôfago gástrica, e correlaciona-se com a<br />

DRGE, mais precisamente com o esôfago <strong>de</strong> Barrett.<br />

O carcinoma espinocelular localiza-se em 60% dos casos no<br />

terço médio do esôfago e 30% no terço distal do órgão. Em<br />

nosso grupo, 51% dos tumores estavam localizados no terço<br />

médio, 45% no terço inferior, sendo que 75% <strong>de</strong>les eram<br />

do tipo espinocelular, o que nos leva a concluir que nossas<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


F. A. S. Pinheiro, C. A. Ma r c o n d e s, M. P. So u s a<br />

condições sociais e econômicas, assim como nossos hábitos,<br />

permanecem ina<strong>de</strong>quadas e continuam a prevalecer como<br />

principais fatores na etiopatogenia da doença 3,5,7,8,14,15 .<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago se caracteriza por apresentar comportamento<br />

biológico agressivo, tanto no que diz respeito ao crescimento<br />

local quanto na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disseminação linfática<br />

e hematogênica. A ausência <strong>de</strong> serosa e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distensão do órgão favorecem a este crescimento e são responsáveis<br />

pelo aparecimento tardio dos sintomas 2,5,6,12,13,16 . Estes<br />

dados justificam nossos elevados índices <strong>de</strong> tumores avançados,<br />

T3 (46%) e T4 (39%). Nota-se, ainda, maior prevalência<br />

nos estadio III (T3 N1 M0 ou T4 N0-1 M0), traduzindo<br />

uma alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração local <strong>de</strong>sses tumores.<br />

A estratégia <strong>de</strong> tratamento inclui cirurgia, quimioterapia,<br />

radioterapia, uso <strong>de</strong> próteses ou a combinação <strong>de</strong>ssas<br />

modalida<strong>de</strong>s terapêuticas 9,10,14,17,18 . Contudo, apesar do<br />

gran<strong>de</strong> espectro <strong>de</strong> ensaios clínicos e revisões retrospectivas,<br />

nenhuma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento tem sido comprovadamente<br />

superior 5 . Na ausência <strong>de</strong> doença metastática, a esofagectomia<br />

po<strong>de</strong> ser realizada no paciente que tenha condições<br />

<strong>de</strong> tolerar o procedimento, exceto se a lesão apresentar critérios<br />

<strong>de</strong> irressecabilida<strong>de</strong>: invasão da árvore traqueo-brônquica,<br />

invasão do átrio esquerdo, invasão da artéria pulmonar<br />

ou aorta, fístula traqueoesofágica e rouquidão com paralisia<br />

das cordas vocais. Observa-se que 85 a 90% dos pacientes<br />

têm invasão ganglionar no momento da ressecção cirúrgica e<br />

menos <strong>de</strong> 10% daqueles que apresentam comprometimento<br />

linfonodal sobrevivem 5 anos 2,3,5,7,8,14,15 .<br />

A cirurgia ainda permanece como a principal opção terapêutica<br />

nos casos <strong>de</strong> doença ressecável 2,3,5,11,14 . A esofagectomia<br />

po<strong>de</strong> ser realizada por via trans-hiatal, tóraco-abdominal<br />

(operação <strong>de</strong> Ivor-Lewis) ou através da ressecção a três<br />

campos (laparotomia, toracotomia e cevicotomia). Nenhuma<br />

<strong>de</strong>ssas técnicas apresenta vantagem comprovada no que diz<br />

respeito à sobrevida. Embora as ressecções transtorácicas<br />

apresentem maior eficácia do ponto <strong>de</strong> vista oncológico<br />

quando comparadas à abordagem trans-hiatal, a elevada<br />

incidência e a gravida<strong>de</strong> das complicações pós-operatórias<br />

(<strong>de</strong>iscência da anastomose e infecção respiratória) tornam o<br />

método questionável.<br />

Assim, mesmo sabendo que a anastomose cervical apresenta<br />

maior incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>iscência do que quando realizada por<br />

via torácica (13,6% para transhiatal versus 7,2% para transtorácica),<br />

esta técnica continua a ser a mais utilizada em nosso<br />

meio. Uma opção que tem se tornado cada vez mais utilizada<br />

é a realização da esofagectomia por via tóraco-abdominal com<br />

anastomose cervical (operação <strong>de</strong> McKeown 8 ). Esta técnica<br />

permite a ressecção em bloco seguida <strong>de</strong> uma cervicotomia<br />

para realização da anastomose a nível cervical. Outra opção<br />

é aquela preconizada por Pinotti, na qual a esofagectomia<br />

trans-hiatal é realizada especificamente para aqueles casos<br />

<strong>de</strong> tumores localizados no terço inferior, on<strong>de</strong> a abertura do<br />

diafragma por via abdominal propicia uma boa abordagem do<br />

mediastino, sendo possível inclusive a ressecção dos linfonodos<br />

retrocarinais 2,3,5,11,17-22 . Em nosso trabalho, a esofagectomia<br />

trans-hiatal foi a mais empregada, correspon<strong>de</strong>ndo a<br />

38% dos casos; já a esofagectomia a três campos foi realizada<br />

em apenas 7 (10%) pacientes.<br />

Estudos multi-institucionais recentes confirmam que a taxa<br />

<strong>de</strong> ressecabilida<strong>de</strong> dos pacientes submetidos ao tratamento<br />

cirúrgico está em torno <strong>de</strong> 54-69%, que a mortalida<strong>de</strong> perioperatória<br />

ocorre em 4-10% dos pacientes e que a taxa<br />

<strong>de</strong> complicações pós-operatórias (complicações cardiopulmonares,<br />

infecções e <strong>de</strong>iscência <strong>de</strong> anastomose) é <strong>de</strong><br />

26-41% 5,16 . Neste estudo, a taxa <strong>de</strong> ressecabilida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong><br />

58%, sendo 33 ressecções a R0 com margens macroscópicas<br />

e microscópicas livres. A infecção pulmonar foi a mais<br />

prevalente das complicações pós-operatórias e ocorreu em<br />

36% das cirurgias, seguidas pela fístula cervical que ocorreu<br />

em 25% dos casos.<br />

O tratamento paliativo tem como objetivo principal melhorar<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stes pacientes, sobretudo possibilitar<br />

uma melhora na alimentação por via oral. Está indicado<br />

naqueles casos <strong>de</strong> tumores consi<strong>de</strong>rados irressecáveis,<br />

doença disseminada ou ainda quando os pacientes não<br />

possuam condições clínicas para se submeterem ao procedimento<br />

cirúrgico. A paliação po<strong>de</strong> ser realizada <strong>de</strong> forma<br />

cirúrgica, endoscópica com a dilatação esofágica ou uso <strong>de</strong><br />

próteses, terapia fotodinâmica, terapia com laser ou emprego<br />

<strong>de</strong> radioterapia associado à quimioterapia 3,5,7,8,14,15 .<br />

A melhor opção <strong>de</strong> paliação é o uso <strong>de</strong> próteses auto-expansivas<br />

colocadas por via endoscópica. Na falta <strong>de</strong> condições<br />

técnicas para realização <strong>de</strong>ste procedimento, outra opção é<br />

o bypass cirúrgico. A terapia fotodinâmica e a laser também<br />

po<strong>de</strong>m ser utilizadas, mas ficam restritas a protocolos <strong>de</strong><br />

pesquisa em grupos <strong>de</strong> estudo. Em pacientes com risco<br />

cirúrgico elevado, a outra opção é a radioterapia associada<br />

à quimioterapia.<br />

O esquema mais aceito atualmente é o que utiliza 5-fluoracil<br />

com cisplatino associado à radioterapia. A morbimortalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento é menor que a<br />

cirúrgica, porém a taxa <strong>de</strong> resposta é muito variável (30%<br />

a 70%), provavelmente refletindo uma falta <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong><br />

no estadiamento e nos critérios <strong>de</strong> inclusão e avaliação <strong>de</strong><br />

resposta 3,5,6,8,14,16,19 . O tratamento paliativo, em nosso trabalho,<br />

foi a modalida<strong>de</strong> terapêutica empregada em 42% dos casos.<br />

129 5<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


Análise Epi<strong>de</strong>miológica das Neoplasias <strong>de</strong> Esôfago Atendidas no Hospital Universitário<br />

Walter Cantídio da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) - período <strong>de</strong> 2001 a 2010<br />

130 6<br />

<strong>31</strong>(1):1-6<br />

A realização <strong>de</strong> gastrostomia ou jejunostomia. e em seguido<br />

<strong>de</strong> radioterapia e quimioterapia adjuvante, correspon<strong>de</strong>u a<br />

29% dos casos, e o bypass como cirurgia paliativa representou<br />

13% da casuística. Atualmente, a preferência do<br />

nosso Serviço é pelo uso <strong>de</strong> próteses endoscópicas.<br />

A neoplasia <strong>de</strong> esôfago é, portanto, uma doença muito<br />

grave, na qual a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> um tratamento<br />

curativo é muito baixa.<br />

Na maioria dos estudos publicados, a sobrevida média é<br />

<strong>de</strong> 13-19 meses, sendo que em torno <strong>de</strong> 35 a 42% sobrevivem<br />

dois anos e somente 15 a 24% conseguem estar vivos<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cinco anos 5 .<br />

Em nosso estudo, a sobrevida global dos pacientes submetidos<br />

à intervenção cirúrgica foi <strong>de</strong> 19% após dois anos e <strong>de</strong><br />

apenas 1% após 5 anos.<br />

Portanto, estes resultados mostram que no momento do<br />

diagnóstico a gran<strong>de</strong> maioria dos casos apresenta doença<br />

avançada, com reduzidas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cura.<br />

É importante enfatizar que, nos últimos anos ocorreu melhora<br />

na nossa mortalida<strong>de</strong> operatória, principalmente <strong>de</strong>pois da<br />

criação da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Esofágica do Serviço <strong>de</strong><br />

<strong>Cirurgia</strong> Geral e <strong>Digestiva</strong> do Hospital Universitário Walter<br />

Cantí<strong>de</strong>o. Além disso, a aplicação dos novos protocolos,<br />

que incluem neoadjuvância e tratamento complementar<br />

para os casos específicos, certamente irão elevar a taxa <strong>de</strong><br />

ressecabilida<strong>de</strong> e diminuir a mortalida<strong>de</strong>, contribuindo para<br />

melhorar a sobrevida <strong>de</strong> nossos pacientes.<br />

Um dos objetivos <strong>de</strong>ste trabalho é servir <strong>de</strong> parâmetros para<br />

futuros estudos.<br />

Conclusão<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago é uma neoplasia maligna relativamente<br />

comum e extremamente letal. A maioria dos pacientes é<br />

do sexo masculino, tabagista e etilista. Infelizmente eles<br />

são referenciados tardiamente ao cirurgião, já com invasão<br />

tumoral local ou metástase em outros órgãos, contraindicando,<br />

assim, o tratamento radical.<br />

Portanto, torna-se <strong>de</strong> extrema importância conhecer melhor<br />

o perfil epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong>sta afecção e incrementar os<br />

programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção precoce da doença.<br />

Referências<br />

1. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Estimativas da incidência e mortalida<strong>de</strong> por<br />

câncer no Brasil, 2010. Rio <strong>de</strong> Janeiro, INCA 2010.<br />

2. Siqueira Pinheiro FA, Regadas RP, Torres SM. Neoplasias do<br />

Esôfago. In: Sérgio Regadas, <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong> para Graduação.<br />

Fortaleza: Edições UFC, 2009, v. 1000, p.<br />

3. Tercioti Junior V, Lopes LR, Coelho Neto J<strong>de</strong> S, Carvalheira JB,<br />

Andreollo NA Local effectiveness and complications of neoadjuvant<br />

therapy in esophageal squamous cell carcinoma: radiotherapy<br />

versus chemoradiotherapy. Rev Col Bras Cir. 2011;38(4):227-34.<br />

4. Kruel RP, Pinto LFR, Blanco TCM, Barja-Fidalgo TC, Melo LL,<br />

Kruel CDP. Avaliação da expressão da Heme Oxigenase-1 em<br />

esofagite e câncer <strong>de</strong> esôfago induzidos por diferentes mo<strong>de</strong>los<br />

experimentais <strong>de</strong> refluxo e diethilnitrosamina. Acta Cir Bras.<br />

2010;25(3):304-<strong>31</strong>0.<br />

5. Enzinger PC, Mayer RJ. Esophageal cancer. New England J Med.<br />

2003; 349(4): 23.<br />

6. Queiroga RC, Pernambuco AP. Câncer <strong>de</strong> esôfago: epi<strong>de</strong>miologia,<br />

diagnóstico e tratamento. Rev Bras Cancerol. 2006;<br />

52(2);173-178.<br />

7. Ando N, Ozawa S, Kitagawa Y Shinozawa Y, Kitajima M. Improvement<br />

in the results of sugical treatment of advanced squamous<br />

esophageal carcinoma during 15 consecutive years. Ann Surg.<br />

2000; 232(2):225-232.<br />

8. Wu PC, Posner MC. The role of surgery in the management of<br />

oesophageal cancer. Lancet Oncolog. 2003; 4:481-488.<br />

9. Siewert JR, Stein HJ, Breucher LDM, et al. Histologic tumor type<br />

is an in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt prognostic parameter in esophageal cancer:<br />

lesions from more than 1,000 consecutive resections at a single<br />

center in the Western world. Ann Surg. 2001; 234:360–369.<br />

10. Siqueira Pinheiro FA, Regadas RP, Goes AM, Vasconcelos CRG,<br />

Brito AR O, Souza Junior ON. Tratamento Cirúrgico do Câncer <strong>de</strong><br />

Esôfago Estudo Retrospectivo <strong>de</strong> 40 Casos. Revista Científica do<br />

Instituto Dr. José Frota. 2004; IV:58-62.<br />

11. Hulscher JB, Tijssen JG, Obertop H, van Lanschot JJ. Transthoracic<br />

versus transhiatal resection for carcinoma of the esophagus:<br />

a metaanalysis. Ann Thorac Surg. 2001; 72(1):306–13.<br />

12. Patel AN, Buenaventura PO. Current Staging of Esophageal Carcinoma.<br />

Surg Clin N Am. 2005; 85: 555–567.<br />

13. Crew KD, Neugut AI. Epi<strong>de</strong>miology of upper gastrointestinal malignancies.<br />

Semin Oncol. 2004; <strong>31</strong>(4):450-64.<br />

14. Gee DW, Rattner DW. Management of Gastroesophageal Tumors.<br />

Oncologist. 2007; 12(2):175-85.<br />

15. Hagen JA, DeMeester SR, Peters JH, DeMeester TR. Curative<br />

resection for esophageal a<strong>de</strong>nocarcinoma: Analysis of 100 en bloc<br />

esophagectomies. Ann Surg. 2001; 234(4):520–30.<br />

16. Tercioti Jr V, Lopes LR, Coelho-Neto JS, Andreollo NA.Does neoadjuvant<br />

therapy increase postoperative complications of esophagectomy?<br />

ABCD Arq Bras Cir Dig. 2010;23(3):168-172.<br />

17. Altorki N, Skinner D. Should en bloc esophagectomy be the<br />

standard of care for esophageal carcinoma. Ann Surg. 2001;<br />

234:581–587.<br />

18. Rohatgi A, Forshw MJ, Sutcliffs RP, et al. Transhiatal esophagectomy:<br />

techiniques, tips and outcomes. Surgeon. 2008; 6:335-340.<br />

19. Ilson DH. Esophageal cancer chemotherapy: recent advances.<br />

Gastrointestinal Cancer Res. 2008; 2:85-92.<br />

20. Law S, Wong J. Two-field dissection is enough for esophageal<br />

cancer. Dis Esoph. 2001; 14:98–103.<br />

21. McKeown K.C. Total three-stage oesophagectomy for cancer of<br />

the oesophagus. Br J Surg. 1876; 63:259.<br />

22. Simon L, Wong J. Lymph No<strong>de</strong> Dissection in Surgical Treatment of<br />

Esophageal Neoplasms. Surg Oncol Clin N Am. 2007;16:115–1<strong>31</strong>.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):1-6


Artigo Original<br />

Impedâncio-pHmetria Prolongada: Observações Preliminares<br />

Exten<strong>de</strong>d Impedance-pHmetry: Preliminary Observation<br />

Ro s a n a Bi h a r i Sc h e c hte r 1 , Ep o n i n a Ma r i a Oli v e i r a Le m m e 2<br />

Tr a ba lh o r e a li z a d o n a Un i da d e d e Es ô fa g o, Se r v i ç o d e Ga s t r o e n t e r o lo g i a, Ho s p i ta l Un ive r s itár io Cle m e nti no Fr a g a Fi l h o, Un i v e rs i da d e Fe <strong>de</strong> ral d o Rio d e<br />

Ja n e i r o (UFRJ) - RJ<br />

Resumo<br />

Racional: A Doença do Refluxo Gastroesofágico<br />

(DRGE) é uma doença <strong>de</strong> alta prevalência em todo o<br />

mundo, apresentando elevada taxa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong>. O<br />

diagnóstico da DRGE tem evoluído muito nos últimos<br />

anos e a pHmetria esofagiana prolongada atualmente é<br />

consi<strong>de</strong>rada o padrão-ouro para este diagnóstico. Entretanto,<br />

este método é limitado, uma vez que avalia apenas<br />

a presença do refluxo ácido, não <strong>de</strong>tectando o refluxo <strong>de</strong><br />

outros tipos. Com a ampla utilização das drogas antissecretoras,<br />

surgiu um grupo diferente <strong>de</strong> pacientes, aqueles<br />

que persistem com sintomas típicos e/ou atípicos da<br />

DRGE, apesar do tratamento a<strong>de</strong>quado. Em tais casos,<br />

questiona-se a importância <strong>de</strong> outros fatores na gênese<br />

dos sintomas, como o refluxo não-ácido ou fracamente<br />

ácido. Nos últimos anos, a impedâncio-pHmetria 24h<br />

(IMP-PH) foi introduzida para diagnosticar estes casos.<br />

Entretanto, a real contribuição do método ainda é muito<br />

controversa, uma vez que os resultados dos estudos realizados<br />

são conflitantes e o número <strong>de</strong> pacientes incluídos<br />

nestes estudos pequenos. Objetivo: Avaliar a experiência<br />

prévia da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esôfago, Serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia,<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

no uso da IMP-PH. Métodos: Este é um estudo <strong>de</strong><br />

corte, transversal, que avaliou pacientes encaminhados<br />

à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esôfago, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro para serem submetidos á IMP-PH. Todos os<br />

pacientes estudados persistiam com sintomas da DRGE<br />

(típicos ou atípicos) e já haviam sido submetidos previamente<br />

à endoscopia digestiva alta, esofagomanometria<br />

(EMN) e à pHmetria esofagiana <strong>de</strong> 24h, sem esclarecimento<br />

da causa dos seus sintomas. Um gravador portátil<br />

foi empregado (Sleuth 200-0145, Sandhill Scientific), com<br />

um cateter <strong>de</strong> 2,1 milímetros <strong>de</strong> diâmetro, um sensor<br />

<strong>de</strong> pH e seis pares <strong>de</strong> eletrodos <strong>de</strong> impedância. Com o<br />

paciente em jejum, a sonda foi introduzida através <strong>de</strong> uma<br />

das narinas e o sensor <strong>de</strong> pH posicionado 5 cm acima do<br />

esfíncter esofagiano inferior (EEI) previamente <strong>de</strong>terminado<br />

pela EMN. As medidas <strong>de</strong> impedância foram feitas<br />

3, 5, 7, 9, 15 e 17 centímetros acima do EEI. Os pacientes<br />

foram instruídos a não restringir suas ativida<strong>de</strong>s, para<br />

excluir alimentos ácidos e bebidas carbonatadas, e a<br />

anotar as horas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito, a ingestão <strong>de</strong> alimentos e<br />

os sintomas. Eles também foram instruídos a pressionar<br />

botões específicos, se eles apresentassem sintomas como<br />

dor torácica, tosse e/ou azia. Após 22-24h, o paciente<br />

retornava ao laboratório, o equipamento era retirado e,<br />

em seguida, o exame processado pelo software Bioview.<br />

Além disso, era informado o uso (IBP em dose dupla) ou<br />

não <strong>de</strong> medicação antissecretora. No caso <strong>de</strong> um exame<br />

feito sem medicação, os inibidores da bomba <strong>de</strong> prótons<br />

(IBP) foram interrompidos 7-10 dias antes do exame. Com<br />

relação à impedância, consi<strong>de</strong>rou-se inicio do episódio<br />

<strong>de</strong> refluxo quando havia uma queda retrógrada na impedância<br />

<strong>de</strong> pelo menos 50% em relação ao seu valor basal<br />

e término do refluxo quando este valor voltava ao seu<br />

nível basal anterior. Na ausência <strong>de</strong> drogas antissecretoras,<br />

consi<strong>de</strong>rou-se refluxo anormal quando o número<br />

<strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> refluxo registrados pela impedância foi<br />

superior a 73 e para o monitoramento do pH quando a<br />

percentagem <strong>de</strong> tempo total pH


Impedâncio-pHmetria Prolongada: Observações Preliminares<br />

132 8<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

regurgitação em 1 (3%), rouquidão em 1 (3%) e soluços em<br />

1 (3%). Dos 30 pacientes estudados, o teste foi realizado em<br />

uso do IBP em 17 e sem IBP em 13. A IMP-PH mostrou que<br />

15 pacientes (50%) apresentavam refluxo anormal, sendo<br />

anormal ácido em 7 (23%) e anormal não-ácido em 8 (27%).<br />

Dos 15 pacientes em que o teste foi anormal, 7 (47%) apresentaram<br />

refluxo anormal ácido, e <strong>de</strong>stes apenas um (14%)<br />

apresentou IS positivo, 4 (57%) apresentaram IS negativo e<br />

2 (29%) não apresentaram sintomas. Nos 8 pacientes (53%)<br />

com refluxo anormal não-ácido, 4 (50%) apresentaram IS<br />

positivo, 3 (38%) apresentaram IS negativo (12%) e 1 (12%)<br />

foi assintomático. Conclusão: A IMP-PH é um novo método<br />

capaz <strong>de</strong> avaliar o refluxo anormal <strong>de</strong> qualquer natureza<br />

química e sua relação com sintomas típicos e atípicos da<br />

DRGE, especialmente nos pacientes em uso do IBP. Além<br />

disso, permite avaliar os pacientes on<strong>de</strong> a pH24h apresenta<br />

limitações (refluxo não-ácido), representando o progresso<br />

para o diagnóstico da DRGE. Entretanto, o significado real do<br />

refluxo não-ácido, ainda está por ser <strong>de</strong>terminado.<br />

Unitermos: Doença do Refluxo Gastroesofágico, Refluxo<br />

Não-ácido, Impedâncio-pHmetria <strong>de</strong> 24h.<br />

Summary<br />

Background: The gastroesophageal reflux disease (GERD)<br />

is a highly prevalent disease worldwi<strong>de</strong>, with high morbidity.<br />

The diagnosis of GERD has evolved greatly in recent years and<br />

esophageal pHmetry 24h (pH24H) is currently consi<strong>de</strong>red the<br />

gold standard for diagnosis. However, this method is limited,<br />

since evaluates only acid reflux, not <strong>de</strong>tect another types of<br />

reflux. With the wi<strong>de</strong>spread use of anti-secretory drugs, came<br />

a different group of patients, those who persist with typical or<br />

atypical GERD symptoms, <strong>de</strong>spite a<strong>de</strong>quate treatment. In such<br />

cases, arise the importance of other factors in the genesis of<br />

symptoms as non-acid or weakly acid reflux. In recent years, the<br />

impedance-pHmetry 24h (IMP-PH) was introduced to diagnose<br />

these cases. However, the real contribution of the method<br />

is controversial, since the results of the studies are conflicting<br />

and the number of patients enrolled in these studies small.<br />

Objective: Assess previous experience of Esophagus Unit,<br />

Gastroenterology Service, Fe<strong>de</strong>ral University of Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

using IMP-PH. Method: This is a cross-sectional study, that<br />

evaluated patients referred to the Esophagus Unit of Fe<strong>de</strong>ral<br />

University of Rio <strong>de</strong> Janeiro, to be submitted to IMP-PH. All<br />

patients had GERD persisting symptoms (typical or atypical)<br />

and had previously un<strong>de</strong>rgone upper endoscopy, esophageal<br />

manometry (EMN) and pH24h, without clarification of<br />

the cause of your symptoms. A portable recor<strong>de</strong>r was used<br />

(200-0145 Sleuth, Sandhill Scientific), with a catheter of 2.1 mm<br />

in diameter, a pH sensor and six pairs of impedance electro<strong>de</strong>s.<br />

With the fasting patient, the probe was introduced through one<br />

nostril and the pH sensor positioned 5 cm above the lower<br />

esophageal sphincter (LES) previously <strong>de</strong>termined by EMN.<br />

The impedance measurements were ma<strong>de</strong> 3,5,7,9,15 and 17<br />

cm above the LES. Patients were instructed not to restrict their<br />

activities, exclu<strong>de</strong> acidic foods and carbonated beverages, and<br />

record the hours of recumbency, food intake and symptoms.<br />

They were also instructed to press specific buttons, if they had<br />

symptoms such as chest pain, cough and or heartburn. After<br />

22-24h, the patient returned to the laboratory, recor<strong>de</strong>r was<br />

removed and then processed by the software Bioview. Furthermore,<br />

was reported use (IBP double dose) or absence of antisecretory<br />

drugs. In the case of a test done without medication,<br />

proton pump inhibitors (PPI) were stopped 7-10 days before<br />

the test. With respect to impedance, it is consi<strong>de</strong>red the start of<br />

reflux episo<strong>de</strong> when there was a retrogra<strong>de</strong> fall in impedance<br />

at least 50% compared to baseline level and end of reflux when<br />

the value returned to previous baseline level. In the absence<br />

of anti-secretory drugs, it was consi<strong>de</strong>red abnormal reflux<br />

when the number of reflux episo<strong>de</strong>s recor<strong>de</strong>d by impedance<br />

was greater than 73 and pH monitoring when the percentage<br />

of total time pH


R. B. Sc h e c h t e r, E. M. O. Le m m e<br />

Introdução<br />

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma<br />

doença <strong>de</strong> alta prevalência em todo o mundo. Estima-se<br />

que cerca <strong>de</strong> 7% <strong>de</strong> uma população aparentemente<br />

saudável apresente azia diariamente, o sintoma mais típico<br />

da doença 1 . Tem uma elevada taxa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido<br />

às possíveis complicações, recorrências frequentes e da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicação contínua. Por estas razões,<br />

o diagnóstico precoce e seu tratamento a<strong>de</strong>quado são<br />

importantes.<br />

A investigação rigorosa dos sintomas, tanto típicos (azia,<br />

regurgitação ácida), quanto atípicos (dor no peito, tosse,<br />

pigarro, rouquidão), é fundamental pois os pacientes<br />

muitas vezes não os valorizam. O diagnóstico da DRGE<br />

tem evoluído muito nos últimos anos.<br />

A endoscopia digestiva alta (EDA) irá <strong>de</strong>monstrar as<br />

consequências do refluxo gastroesofágico (RGE), mas é a<br />

pHmetria esofagiana prolongada (pH24h), com ou sem o<br />

uso <strong>de</strong> cateter, o método mais apropriado para quantificar<br />

o refluxo e <strong>de</strong>terminar a sua posição preferida. A pH24h<br />

tem sido consi<strong>de</strong>rada o padrão-ouro para o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> DRGE, mas é limitado pelo fato <strong>de</strong> só avaliar a presença<br />

do refluxo ácido, sendo incapaz <strong>de</strong> diagnosticar o refluxo<br />

causado por outros tipos <strong>de</strong> refluxo.<br />

Com a ampla utilização das drogas antissecretoras por<br />

médicos <strong>de</strong> atenção primária, um grupo diferente <strong>de</strong><br />

pacientes surgiu: aqueles que persistem com sintomas<br />

típicos e atípicos da DRGE, apesar do tratamento<br />

a<strong>de</strong>quado. Em tais casos, é questionada a importância <strong>de</strong><br />

outros fatores na gênese dos sintomas, como o refluxo<br />

não-ácido (RNA) ou fracamente ácido (RFA). Nos últimos<br />

anos, a monitorização com a impedâncio-pHmetria 24h<br />

(IMP-PH) foi introduzida para diagnosticar estes casos.<br />

Em 1991, Silny 2 <strong>de</strong>screveu a IMP-PH como um método<br />

baseado na medição da impedância entre pares <strong>de</strong><br />

eletrodos posicionados próximos uns dos outros. Eletrodos<br />

<strong>de</strong> metal são usados como sensores pareados em contato<br />

com a mucosa do esôfago. Estes sensores po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>tectar<br />

mudanças na resistência elétrica basal da mucosa esofágica<br />

quando substâncias ingeridas (ou refluxo) entram<br />

em contato com eles, mudando a resistência entre esses<br />

pontos.<br />

A impedância é inversamente proporcional à condutivida<strong>de</strong><br />

elétrica do conteúdo luminal; portanto, o ar que tem baixa<br />

condutivida<strong>de</strong> elétrica aumenta a impedância, enquanto<br />

a ingestão <strong>de</strong> líquidos ou o líquido refluído, que tem alta<br />

condutivida<strong>de</strong>, reduz a impedância. A associação <strong>de</strong> um<br />

sensor <strong>de</strong> pH aos eletrodos <strong>de</strong> impedância originaram<br />

a impedâncio-pHmetria (IMP-PH). Este teste permite<br />

avaliar o movimento retrógrado do material refluído, a sua<br />

natureza física (líquido, gás, mista), composição química<br />

(ácido, pH 4) e nível anatômico<br />

alcançado por ele. Como no monitoramento da pHmetria<br />

tradicional, a IMP-PH permite a análise dos sintomas,<br />

sendo capaz <strong>de</strong> fazer isso no que diz respeito ao refluxo<br />

ácido e não-ácido 3 .<br />

A real contribuição do método ainda é muito controversa,<br />

uma vez que os resultados dos estudos realizados são<br />

conflitantes e o número <strong>de</strong> pacientes incluídos nestes<br />

estudos pequeno. Mais pesquisas, com um número maior<br />

<strong>de</strong> indivíduos analisados, são necessárias para esclarecer<br />

a real importância <strong>de</strong>ste método.<br />

Objetivo<br />

Avaliar a experiência prévia da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esôfago do<br />

Serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro no uso da IMP-PH.<br />

Material e Métodos<br />

Este é um estudo <strong>de</strong> corte, transversal, que avaliou<br />

pacientes encaminhados à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esôfago, da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, para serem<br />

submetidos à IMP-PH. Todos os os pacientes estudados<br />

persistiam com sintomas da DRGE (típicos ou atípicos) e<br />

já haviam sido submetidos previamente à EDA, esofagomanometria<br />

(EMN) e à pHmetria esofagiana <strong>de</strong> 24h, sem<br />

esclarecimento da causa dos seus sintomas.<br />

Um gravador portátil foi empregado (Sleuth 200-0145,<br />

Sandhill Scientific), com um cateter <strong>de</strong> 2,1 milímetros<br />

<strong>de</strong> diâmetro, um sensor <strong>de</strong> pH e seis pares <strong>de</strong> eletrodos<br />

<strong>de</strong> impedância. Com o paciente em jejum, a sonda foi<br />

introduzida através <strong>de</strong> uma das narinas e o sensor <strong>de</strong> pH<br />

posicionado 5 cm acima do esfíncter esofagiano inferior<br />

(EEI), previamente <strong>de</strong>terminado pela EMN. As medidas<br />

<strong>de</strong> impedância foram feitas 3, 5, 7, 9, 15 e 17 centímetros<br />

acima do sensor do EEI. Os pacientes foram instruídos<br />

a não restringir suas ativida<strong>de</strong>s para excluir alimentos<br />

ácidos e bebidas carbonatadas, e a anotar as horas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cúbito, a ingestão <strong>de</strong> alimentos e os sintomas. Eles<br />

também foram instruídos a pressionar botões específicos,<br />

133 9<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):7-13


Impedâncio-pHmetria Prolongada: Observações Preliminares<br />

134 10<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

se eles apresentassem sintomas como dor torácica, tosse<br />

e/ou azia. Após 22-24h, o paciente retornava ao laboratório,<br />

o equipamento era retirado e, em seguida, o exame<br />

processado pelo software Bioview.<br />

Importante ressaltar a referência ao uso (IBP em dose<br />

dupla) ou não, <strong>de</strong> medicação antissecretora e a dose<br />

utilizada. No caso <strong>de</strong> um exame feito sem medicação, os<br />

inibidores da bomba <strong>de</strong> prótons (IBP) foram interrompidos<br />

7-10 dias e os antagonistas H2 três dias antes do exame.<br />

Com relação à Impedância, consi<strong>de</strong>rou-se inicio do<br />

episódio <strong>de</strong> refluxo quando havia uma queda retrógrada<br />

na impedância <strong>de</strong>, pelo menos, 50% em relação ao seu<br />

valor basal e término do refluxo quando este valor voltava<br />

ao seu nível basal anterior.<br />

Na ausência <strong>de</strong> drogas antissecretoras, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

refluxo anormal quando o número <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> refluxo<br />

registrados pela impedância foi superior a 734 e para o<br />

monitoramento do pH quando a percentagem <strong>de</strong> tempo<br />

total pH


R. B. Sc h e c h t e r, E. M. O. Le m m e<br />

Discussão<br />

Este estudo avaliou a importância da IMP-PH na investigação<br />

dos sintomas típicos e atípicos da DRGE, nos pacientes com ou<br />

sem uso do IBP. A prática clínica tem <strong>de</strong>monstrado um aumento<br />

no número <strong>de</strong> indivíduos com sintomas típicos e/ou atípicos da<br />

DRGE, sem melhora dos sintomas, apesar do uso das drogas<br />

antissecretoras. A IMP-PH é um novo método no estudo da<br />

DRGE e, portanto, é necessário avaliar a sua real importância.<br />

Neste estudo com a IMP-PH encontramos que 50% dos<br />

pacientes apresentavam refluxo anormal, ácido ou não-ácido,<br />

enquanto os outros testes previamente utilizados mostraram-se<br />

normais. Este achado representou uma contribuição<br />

para esclarecer o diagnóstico neste grupo <strong>de</strong> pacientes<br />

que, em muitos casos, permaneceria recebendo tratamento<br />

ina<strong>de</strong>quado.<br />

Importante ressaltar que a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> refluxo anormal<br />

ácido ou a ausência <strong>de</strong> refluxo anormal, com o consequente<br />

ajuste da dose do IBP ou substituição da droga e a mudança da<br />

conduta utilizada, respectivamente, po<strong>de</strong>m resultar em melhora<br />

significativa ou <strong>de</strong>saparecimento dos sintomas apresentados.<br />

No caso do refluxo anormal não-ácido, ainda há muita controvérsia<br />

sobre o seu real significado. Entretanto, parece que a<br />

IMP-PH nos pacientes com sintomas <strong>de</strong> DRGE, <strong>de</strong> uma maneira<br />

geral, aumenta a acurácia diagnóstica.<br />

Estudos têm <strong>de</strong>monstrado que a IMP-PH sem IBP, realizada<br />

em pacientes com sintomas atípicos da DRGE, apresentam<br />

um ganho diagnóstico <strong>de</strong> 22-32%, quando comparado com<br />

o monitoramento da pHmetria esofagiana 24h isoladamente,<br />

especialmente na investigação da tosse crônica.<br />

A vantagem adicional da IMP-PH é a sua capacida<strong>de</strong> em avaliar<br />

a extensão proximal do refluxo. Isto po<strong>de</strong> ser importante na<br />

presença <strong>de</strong> sintomas atípicos, e po<strong>de</strong> sugerir que os pacientes<br />

com refluxo proximal têm uma maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aspiração<br />

com manifestações pulmonares 9,10,11 .<br />

Nos pacientes com sintomas típicos e/ou atípicos que realizam<br />

IMP-PH em uso do IBP, o ganho diagnóstico é ainda maior pois<br />

o método permite avaliar pacientes com sintomas refratários,<br />

apesar do tratamento.<br />

Neste caso, o teste nos ajuda a enten<strong>de</strong>r a persistência dos<br />

sintomas, que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vido ao controle insuficiente <strong>de</strong><br />

ácido, ao controle a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> ácido mas com refluxo nãoácido<br />

persistente ou <strong>de</strong>monstrar a ausência completa <strong>de</strong> qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> refluxo. Outros estudos revelam que a IMP-PH,<br />

quando realizada em pacientes em uso do IBP, <strong>de</strong>monstram<br />

refluxo anormal não-ácido com mais frequência em pacientes<br />

com sintomas atípicos do que naqueles com sintomas típicos, o<br />

que sugere que a acurácia do método seria maior em pacientes<br />

do primeiro grupo 12 . Além disso, tão importante quanto <strong>de</strong>terminar<br />

a presença do refluxo não-ácido é estabelecer a relação<br />

entre este e os sintomas 13 .<br />

Alguns estudos têm tentado avaliar essa correlação (refluxo<br />

e sintomas), e vários índices foram criados. Os dois mais utilizados<br />

são o Índice <strong>de</strong> Sintomas (IS) e a Probabilida<strong>de</strong> Associação<br />

Sintoma (PAS), o que po<strong>de</strong> indicar uma boa resposta ao<br />

tratamento quando positivo 14 .<br />

Após <strong>de</strong>terminar a presença <strong>de</strong> refluxo não-ácido, alguns<br />

autores avaliaram a resposta ao tratamento clínico ou cirúrgico<br />

nesses pacientes. Vela et al. 15 avaliaram o efeito da inibição<br />

do relaxamento transitório do esfíncter esofagiano inferior, no<br />

refluxo ácido e não-ácido com a utilização <strong>de</strong> baclofen, um<br />

agonista do ácido-gama-aminobutírico.<br />

Neste estudo, o baclofen reduziu significativamente tanto o<br />

refluxo ácido quanto o não-ácido, assim como os sintomas<br />

relacionados a eles. No entanto, é importante ressaltar que<br />

esta droga apresenta vários efeitos colaterais, principalmente<br />

náuseas e sonolência, o que limita seu uso.<br />

Em pacientes com refluxo não-ácido comprovado, a fundoplicatura<br />

a Nissen (FN) foi realizada em alguns estudos. Tutuian<br />

et al. 16 avaliaram retrospectivamente seis pacientes com tosse<br />

persistente apesar do uso <strong>de</strong> IBP. Nestes pacientes, a IMP-PH<br />

<strong>de</strong>monstrou associação positiva com o refluxo não-ácido utilizando<br />

o IS. Estes pacientes foram submetidos à FN e todos<br />

permaneceram assintomáticos sem IBP 17 meses após a<br />

cirurgia.<br />

Outro estudo avaliou prospectivamente 18 pacientes submetidos<br />

à FN para o tratamento do refluxo não-ácido, <strong>de</strong>tectado<br />

pela IMP-PH em uso <strong>de</strong> IBP. Destes 18 pacientes com sintomas<br />

típicos e atípicos, 14 apresentavam IS positivo para refluxo nãoácido<br />

e 4 IS positivo para o refluxo ácido.<br />

Dos 18 pacientes, 1 foi perdido para seguimento, mas dos 17<br />

restantes, 16 permaneceram assintomáticos ou melhoraram<br />

após um seguimento <strong>de</strong> 14 meses 17 . Ambos os estudos não<br />

foram controlados mas, <strong>de</strong> qualquer forma, estimulam a realização<br />

<strong>de</strong> mais pesquisas sobre esta opção terapêutica para<br />

este grupo <strong>de</strong> pacientes.<br />

É importante ressaltar que ainda existem dúvidas sobre o<br />

papel do refluxo não-ácido na origem dos sintomas típicos<br />

e/ou atípicos. Será o refluxo não-ácido realmente a causa dos<br />

135 11<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):7-13


Impedâncio-pHmetria Prolongada: Observações Preliminares<br />

136<br />

12<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

sintomas ou o esôfago <strong>de</strong>sses pacientes é apenas mais sensível<br />

a este tipo <strong>de</strong> refluxo? Um estudo <strong>de</strong>monstrou que em pacientes<br />

com refluxo não ácido não houve um aumento do número <strong>de</strong><br />

episódios <strong>de</strong> refluxo, o que sugere hipersensibilida<strong>de</strong> do esôfago<br />

para este tipo <strong>de</strong> refluxo 18 . Neste caso, o tratamento do refluxo<br />

não-ácido po<strong>de</strong> ser tentado com drogas moduladoras da sensibilida<strong>de</strong><br />

visceral, e não com medidas <strong>de</strong>stinadas a aumentar a<br />

barreira mecânica.<br />

Em nosso estudo, a tosse crônica foi a principal indicação para<br />

a realização da IMP-PH. Sabe-se que a tosse é o sintoma mais<br />

comum na prática clínica, sendo consi<strong>de</strong>rada crônica quando<br />

dura mais <strong>de</strong> 8 semanas 19 . Embora existam muitas causas <strong>de</strong><br />

tosse crônica, a DRGE é consi<strong>de</strong>rada a terceira causa mais<br />

comum, per<strong>de</strong>ndo apenas para a asma e o gotejamento pósnasal<br />

20 .<br />

Estima-se que a prevalência da DRGE sintomática e/ou<br />

endoscópica, principalmente em populações oci<strong>de</strong>ntais varie<br />

<strong>de</strong> 21-59%, embora a prevalência <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>, em que é<br />

<strong>de</strong>monstrada relação do refluxo, com a tosse seja menor 21 .<br />

Deve-se ressaltar que cerca <strong>de</strong> 50% dos pacientes com tosse<br />

associada ao refluxo não apresentam sintomas típicos (pirose e<br />

/ ou regurgitação) da DRGE 16 , o que dificulta o esclarecimento<br />

diagnóstico, assim como a aplicação do tratamento médico<br />

a<strong>de</strong>quado. Além disso, o refluxo anormal <strong>de</strong> qualquer natureza<br />

química, mesmo presente, po<strong>de</strong> não ser a causa da tosse, e sim<br />

representar uma associação, sem causalida<strong>de</strong>.<br />

Desta forma, tão importante quanto <strong>de</strong>tectar a presença <strong>de</strong><br />

refluxo anormal, é analisar o IS ou PAS 9,11,22 . Pesquisas têm sido<br />

realizadas com a IMP-PH para avaliar a relação da tosse com<br />

o refluxo <strong>de</strong> qualquer natureza química 22,23 . Entretanto, muitos<br />

<strong>de</strong>sses estudos não foram controlados ou apresentavam amostra<br />

muito pequena, o que dificultou a validação <strong>de</strong>stes resultados.<br />

Em nosso estudo dos 30 pacientes, 14 tinham tosse crônica.<br />

Destes 14, oito foram submetidos ao teste em uso do IBP e<br />

6 sem uso do IBP. Dos 8 pacientes em uso do IBP, 5 apresentavam<br />

refluxo anormal, sendo 2 com refluxo anormal ácido<br />

(ambos IS -) e 3 refluxo anormal não-ácido (2 IS + e 1 IS -). Nos<br />

6 pacientes que foram submetidos à IMP-PH sem IBP, apenas 1<br />

tinha um teste ácido anormal com IS negativo.<br />

Desta forma, observamos nesse estudo que o IS + <strong>de</strong>monstrou<br />

relação entre o refluxo não-ácido e a tosse em 2 dos 8 pacientes<br />

em uso do IBP, beneficiando 25% dos pacientes que estavam<br />

sendo tratados com drogas antissecretoras sem resposta. Além<br />

disso, este estudo sugere que o refluxo ácido também presente<br />

e tratado a<strong>de</strong>quadamente não estava relacionado à tosse pela<br />

presença do IS negativo.<br />

A segunda indicação mais comum da IMP-PH no presente<br />

estudo foi a pirose refratária ao uso do IBP em dose dupla.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos o uso da IMP-PH neste grupo <strong>de</strong> pacientes<br />

como um progresso, uma vez que este método, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar<br />

refluxo ácido que não está sendo controlado com o IBP, <strong>de</strong>tecta<br />

o refluxo fracamente ácido ou não-ácido 17 . Além disso, permite<br />

a correlação entre sintomas e refluxo, o qual é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância,<br />

tanto para o refluxo ácido quanto para o não-ácido.<br />

Em nosso estudo, dos 8 pacientes com pirose, 4 foram examinados<br />

em uso do IBP; <strong>de</strong>stes, 3 apresentaram um teste anormal,<br />

sendo 2 anormal ácido (1 IS + e 1 assintomático) e 1 anormal<br />

não-ácido com IS positivo. Nos 4 pacientes restantes que realizaram<br />

a IMP-PH sem uso do IBP, 3 apresentaram um teste<br />

anormal, sendo 1 anormal ácido assintomático e 2 anormal nãoácido<br />

(1 IS negativo e 1 assintomático).<br />

A dor torácica não-cardíaca (DTNC) no nosso estudo foi a<br />

terceira indicação mais comum para IMP-PH. Mais <strong>de</strong> 30%<br />

dos indivíduos com dor torácica recorrente apresentam arteriograma<br />

normal.<br />

A doença do refluxo gastroesofágico é a causa mais importante<br />

<strong>de</strong> DTNC, sendo <strong>de</strong>tectado na maioria das vezes por PH24H,<br />

uma vez que muitos <strong>de</strong>stes indivíduos apresentam sintomas<br />

típicos <strong>de</strong> refluxo 24 . No entanto, mais uma vez um subgrupo<br />

<strong>de</strong> pacientes não é diagnosticado como portador <strong>de</strong> DRGE<br />

quando a dor é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada por refluxo fracamente ácido ou<br />

não-ácido.<br />

Poucos são os estudos <strong>de</strong> IMP-PH que avaliam este grupo <strong>de</strong><br />

pacientes; recentemente, um grupo <strong>de</strong> 75 pacientes com DTNC<br />

foram submetidos a testes esofagianos, incluindo a IMP-PH25.<br />

De acordo com a IMP-PH, 21% tinham exposição ácida<br />

anormal, porém não havia referência à validação pelo Índice <strong>de</strong><br />

Sintomas.<br />

Em nosso estudo 5 pacientes com dor torácica foram estudados,<br />

3 em uso do IBP; <strong>de</strong>stes, apenas 1 apresentava refluxo anormal<br />

não-ácido, com IS negativo, sugerindo que a dor não estava<br />

relacionada a qualquer tipo <strong>de</strong> refluxo. Nos 2 pacientes que<br />

foram examinados sem uso do IBP, os testes foram normais.<br />

Alguns autores 15,16 têm <strong>de</strong>monstrado que a IMP-PH aumenta<br />

a sensibilida<strong>de</strong> para o diagnóstico <strong>de</strong> regurgitação, principalmente<br />

quando <strong>de</strong> origem não-ácida, o que não seria <strong>de</strong>tectado<br />

por qualquer outro método atualmente disponível. Portanto, no<br />

subgrupo <strong>de</strong> pacientes que persistem com sintomas típicos e<br />

atípicos <strong>de</strong> DRGE, especialmente naqueles em uso do IBP, a<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> refluxo ácido anormal, não-ácido anormal ou<br />

ausência <strong>de</strong> refluxo pelo IMP-PH vai ajudar a esclarecer a maioria<br />

dos sintomas anteriormente não resolvidos. Neste estudo<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):7-13


R. B. Sc h e c h t e r, E. M. O. Le m m e<br />

preliminar, a IMP-PH foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar três grupos <strong>de</strong><br />

pacientes. No primeiro, os pacientes com refluxo ácido persistente<br />

apesar do uso <strong>de</strong> IBP, o qual po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrado com<br />

PH24H tradicional. No segundo grupo, composto por pacientes<br />

nos quais o método não mostrou refluxo anormal <strong>de</strong> qualquer<br />

espécie, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar outros diagnósticos foi<br />

estabelecida.<br />

O terceiro grupo <strong>de</strong>monstrou a relação dos sintomas com o<br />

refluxo não-ácido. Questões ainda permanecem em relação aos<br />

pacientes com refluxo não-ácido anormal, no qual o Índice <strong>de</strong><br />

Sintomas foi negativo ou não apresentaram sintomas durante<br />

o teste.<br />

Conclusão<br />

1) A IMP-PH <strong>de</strong>monstrou ser um método capaz <strong>de</strong> avaliar o<br />

refluxo anormal <strong>de</strong> qualquer natureza química, especialmente<br />

nos pacientes em uso do inibidor da bomba <strong>de</strong> prótons.<br />

2) Permitiu avaliar pacientes nos quais a PH24h apresenta limitações<br />

(refluxo não-ácido), representando progresso para o<br />

diagnóstico da DRGE.<br />

3) A utilização <strong>de</strong>ste novo método esclareceu a causa dos<br />

sintomas nos pacientes com refluxo não-ácido e índice <strong>de</strong><br />

sintomas positivo e naqueles sem refluxo <strong>de</strong> qualquer natureza,<br />

permitindo o tratamento a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>stes indivíduos.<br />

4) Mais estudos são necessários para avaliar a importãncia do<br />

refluxo não-ácido na sintomatologia <strong>de</strong>stes pacientes.<br />

Referências<br />

1.<br />

2.<br />

3.<br />

4.<br />

5.<br />

6.<br />

7.<br />

Locke GR, Talley NJ, Fett SL et al. Prevalence and clinical<br />

spectrum of gastroesophageal reflux: a population based<br />

study in Olmested country, Minnesota. Gastroenterology<br />

1997; 112:1448-56.<br />

Silny J. Intraluminal multiple electric impedance procedure<br />

for measurement of gastrointestinal motility. J Gastrointestina<br />

Motil 1991;3:151-62.<br />

Sifrim D, Castell DO, Kahrilas PJ. Gastroesophageal reflux<br />

monitoring: review and consensus report on <strong>de</strong>tection and<br />

<strong>de</strong>finitions of acid, non-acid, and gás reflux. Gut 2004;<br />

53:1024-<strong>31</strong>.<br />

Shay S, Tutuian R, Sifrim D, Castell D et al. Twenty four hour<br />

ambulatory simultaneous impedance and pH monitoring: A<br />

multicenter report of normal values from 60 healthy volunteers.<br />

Am J Gastroenterol 2004; 99:1037-43.<br />

DeMeester TR, Johnson LF, Joseph GJ, et al. Patterns of<br />

gastroesophageal reflux in health and disease. Ann Surg<br />

1976; 184: 459-70.<br />

Tutuian R, Mainie I, Casteoll DO et al. Normal values for<br />

ambulatory24 h combined impdance- pH monitoring on<br />

acid suppressive therapy. Abstract AGA ;2008:A-171.<br />

Katzka DA, Paoletti V, Leite L, et al. Prolonged ambulatory<br />

pH monitoring in patients with need for more agressive<br />

anti-reflux therapy. Am J Gastroenterol 1996; 91:2110-3.<br />

8. Singh S, Richter JE , Bradly LA et al. The symptom<br />

in<strong>de</strong>x. Differential usefulness in suspected acid-related<br />

complaints of heartburn and chest pain. Dig Dis Sci 1993;<br />

38(8):1402-8.<br />

9. Malhotra A, Freston JW, Aziz K. Use of pH-impedance<br />

testing to evaluate patients with suspected extraesophageal<br />

manifestations of gastroesophageal reflux disease. J<br />

Clin Gastroenterol 2008; 42:271-8.<br />

10. Bajbouj M, Becker V, Neuber M et al. Combined pH-metry/<br />

impedance monitoring increases the diagnostic yield in<br />

patients with atypical gastroesophageal reflux symptoms,<br />

Digestion 2007;76:223-8.<br />

11. Sifrim D, Dupont L, Blon<strong>de</strong>au K et al. Weakly acidic reflux<br />

in patients with chronic unexplained cough during 24h<br />

pressure, pH, and impedance monitoring. Gut 2005;<br />

54:449-454.<br />

12. Weight J, Monkemuller K, Peitz U et al. Musltichannel<br />

intraluminal impedance and ph-metry for investigation<br />

of symptomatic gastroesophageal reflux disease. Dig<br />

Diseases 2007; 25:179-82.<br />

13. Bre<strong>de</strong>norrd AJ, Tutuian R, Smout AJ et al.Technology<br />

review: esophageal impedance monitoring. Am J Gastroenterol<br />

2005; 54:1810-7.<br />

14. Bre<strong>de</strong>nord AJ,Weusten BI, Smout AJ. Symptom association<br />

analysis in ambulatory gastroesophageal reflux monitoring.<br />

Gut 2005; 24:1810-7.<br />

15. Vela MF, Tutuian R, Katz P et al. Baclofen <strong>de</strong>creases acid<br />

and non-acid PST-prnadial gastro-oesophageal reflux<br />

measured by combine multichannel intraluminal impedance<br />

and pH. Aliment Pharmacol and Ther 2003;17:243-51.<br />

16. Tutuian R, Mainie I, Agrawal D et al. Nonacid reflux in<br />

patients with chronic cough on acid-suppressive therapy.<br />

Chest 2006; 130:386-91.<br />

17. Mainie I, Tutuian R, Shay S et al. Acid and non-acid reflux in<br />

patients with persistent symptoms <strong>de</strong>spite acid supressive<br />

therapy. A multicentre study using combined ambulatory<br />

impedance-pH monitoring. Gut 2006; 55:1398-402).<br />

18. Katz P, Gi<strong>de</strong>on RM, Tutuian R. Reflux symptoms on twice<br />

daily (BID) proton pump inhibitor (PPI) associated with<br />

non-acid refux: a manifestation of hipersensitive esophagus?<br />

Gastroenterology 2005; (abstract)128:A130.<br />

19. Ford AC, Forman D, Moayedi P et al Cough in community:<br />

a crosssectional survey and the relationship to gastrointestinal<br />

symptoms. Thorax 2006; 61:975-9.<br />

20. Palombini BC. A pathogenic triad in chronic cough: ashma,<br />

postnasal drip and gastroesophageal reflux disease. Chest<br />

1999; 116:279-84.<br />

21. Heading RC. Prevalence of upper gastrointestinal symptoms<br />

in the general population. Scand J Gastroenterol<br />

Suppl 2003; 2<strong>31</strong>: 3-8.<br />

22. Weusten BL, Roclofs JM, Van Beye GP et al. The symptomassociation<br />

probability: an improved method for symptom<br />

analysis of 24-hour esophageal pH data. Gastroenterology<br />

1994; 107(6):1741-5.<br />

23. Blon<strong>de</strong>au K, Dupont LJ, Mertens V et al. Improved diagnosis<br />

of gastroesophageal reflux in patients with unexplained<br />

chronic cough. Aliment Pharmacol Ther 2007;<br />

25:723-732.<br />

24. Fass R, Achem SR. Non-cardiac chest pain: epi<strong>de</strong>miology,<br />

natural course and pathogenesis. J Neurogastroenterol<br />

Mot 2011;17:110-23.<br />

25. Kim BJ, Choi SC, Kim JJ et al. Pathological bolus exposure<br />

plays a significant role in eliciting non-cardiac chest pain J<br />

Gastroenterol and Hepatology 2010; 25:1855-60.<br />

137<br />

<strong>31</strong>(1):7-13<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):7-13


Artigo Original<br />

Prevalência do Helicobacter pylori em população pediátrica<br />

atendida em uma clínica privada <strong>de</strong> Goiânia<br />

Prevalence of Helicobacter pylori in the pediatric population treated<br />

at a private clinic in Goiânia<br />

Am é r ic o d e Oli v e i r a Si lv é r i o 1 , Fe r n a n da La ua r Sa m pa i o Me i r e lle s 2 , Líg i a Pa u l a Ar a ú j o 2 , Jo s é Ed ua r d o Me k<strong>de</strong> s s i 3 , Sér g i o<br />

Te r u a k i Mi am a e 4 , Ya r a Ro c h a Xi m e n e s 5<br />

Po n t if íc i a Un i v e rs i da d e Cat ó l ic a d e Go i ás e In stituto d o Apa r e l h o Digestivo d e Go i â n i a<br />

138 14<br />

<strong>31</strong>(1):14-18<br />

Resumo<br />

Objetivo: O Helicobacter pylori (HP) é um dos patógenos<br />

mais prevalentes, acometendo cerca da meta<strong>de</strong> da<br />

população mundial, ocorrendo em qualquer faixa etária.<br />

Em adultos, é a principal causa <strong>de</strong> úlcera péptica, a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

gástrico e linfoma gástrico primário. Todavia,<br />

a importância e prevalência <strong>de</strong>ste patógeno em crianças<br />

ainda são incertas. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>terminar<br />

a prevalência da infecção pelo HP em uma população<br />

pediátrica atendida em uma clínica privada <strong>de</strong> Goiânia,<br />

correlacionando-o com a faixa etária e a presença <strong>de</strong><br />

gastrite. Métodos: Avaliamos os achados endoscópicos<br />

e histopatológicos <strong>de</strong> pacientes com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> zero<br />

a quinze anos, submetidos à endoscopia digestiva alta<br />

e que fizeram biópsia gástrica. O protocolo foi aprovado<br />

pelo comitê <strong>de</strong> ética em pesquisa. Resultados: O HP foi<br />

positivo em 33/492 (6,7%) dos casos (IC 95% variando <strong>de</strong><br />

4,7% a 9,7%). Não houve relação entre a presença <strong>de</strong> HP<br />

e o gênero (p=0,4). A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos pacientes com<br />

HP positivo foi <strong>de</strong> 9,2 +/- 3,9 anos e <strong>de</strong> 6,6 +/- 4,0 anos<br />

nos negativos (p=0,0005). Em 73/492 (14,8 %) pacientes<br />

encontramos achado histológico <strong>de</strong> gastrite, <strong>de</strong>stes 33<br />

(45,2%) apresentavam HP (p=0,0000001). Processo<br />

inflamatório acentuado, mo<strong>de</strong>rado e leve foi encontrado,<br />

respectivamente, em 1 (3,0%), 24 (72,8%) e 8 (24,2%)<br />

pacientes com HP positivo e em nenhum (0%), 3 (7,5%) e<br />

37 (92,5%) dos com HP negativo. Conclusão: Nossos<br />

achados mostram uma prevalência baixa <strong>de</strong> HP em<br />

pacientes pediátricos atendidos em uma clínica privada<br />

<strong>de</strong> Goiânia (6,7%). O risco <strong>de</strong> adquirir HP aumenta com<br />

a ida<strong>de</strong>. E o processo inflamatório é mais acentuado nos<br />

pacientes com HP positivo.<br />

Unitermos: Endoscopia <strong>Digestiva</strong> Alta Pediátrica,<br />

Helicobacter pylori, Gastrite<br />

Summary<br />

Objective: Helicobacter pylori (HP) is one of the most<br />

prevalent pathogens worldwi<strong>de</strong>, occurring at any age.<br />

It is estimated that affects half the world population. In<br />

adults is a major cause of peptic ulcer, gastric a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

and primary gastric lymphoma. However, the<br />

importance and prevalence of this pathogen in children<br />

are still uncertain. The purpose of this study is to <strong>de</strong>termine<br />

the prevalence of H. pylori infection in a pediatric<br />

population treated at a private clinic in Goiânia, correlating<br />

it with age and the presence of gastritis. Methods:<br />

We evaluated the endoscopic and histopathological<br />

features of patients aged zero to fifteen years un<strong>de</strong>rgoing<br />

upper gastrointestinal endoscopy and gastric<br />

biopsy done. The protocol was approved by the ethics<br />

committee on human research at the Hospital Geral <strong>de</strong><br />

Goiânia. Results: The HP was positive in 33/492 (6.7%)<br />

of cases (95% CI ranging from 4.7% to 9.7%). There<br />

was no relationship between the presence of HP and<br />

gen<strong>de</strong>r (p = 0.4). The average age of patients HP positive<br />

was 9.2 + / - 3.9 years and 6.6 + / - 4.0 years in<br />

the negative (p = 0.0005). In 73/492 (14.8%) patients<br />

histological findings of gastritis, 33 of these (45.2%) had<br />

HP (p = 0.0000001). Severe gastritis, mo<strong>de</strong>rate and<br />

mild was found, respectively, in 1 (3.0%), 24 (72.8%)<br />

and 8 (24.2%) patients with HP positive and none (0%),<br />

3 (7 5%) and 37 (92.5%) of HP negative. Conclusion:<br />

Our findings show a low prevalence of HP in pediatric<br />

patients treated at a private clinic in Goiânia (6.7%). The<br />

1. Professor Assistente do Departamento <strong>de</strong> Medicina da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás (PUC-Goiás) e da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás e Médico Endoscopista do Instituto do Aparelho Digestivo (IAD). 2. Acadêmicas do Curso <strong>de</strong> Medicina PUC-<br />

Goiás. 3. Médico Endoscopista e Diretor Técnico do IAD. 4. Médico Anestesista do IAD. 5. Médica Patologista do Laboratório<br />

CAPC. En<strong>de</strong>reço para correspondência: Américo <strong>de</strong> Oliveira Silvério/ e-mail: aosilverio@gmail.com/ Rua SB-41, quadra 41,<br />

lote 9, Condomínio Portal do Sol 2, Goiânia – Goiás – Brasil. CEP: 74.884-651. Recebido em: 10/03/2012. Aprovação em:<br />

16/04/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):14-18


A. O. Si lv é r io , F. L. S. Me i r e lle s, L. P. Ar a ú j o, J. E. Me k d e s s i, S. T. Mi a m a e, Y. R. Xi m e n e s<br />

risk of acquiring HP increase with age. And the inflammatory<br />

process is more pronounced in patients HP positive.<br />

Keywords: Pediatric Upper Gastrointestinal Endoscopy,<br />

Helicobacter pylori, Gastritis.<br />

Introdução<br />

O Helicobacter pylori (HP), bactéria Gram Negativa espiralada,<br />

foi <strong>de</strong>scoberto em 1982 por Marshall & Warren 1,2 . É um<br />

dos patógenos com maior prevalência em todo o mundo,<br />

po<strong>de</strong>ndo ocorrer em qualquer faixa etária. Estima-se que<br />

50% da população mundial apresente a bactéria colonizando<br />

a mucosa gástrica 3 .<br />

A prevalência é maior em países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

sendo que higiene precária, domicílios aglomerados e <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> saneamento básico são os principais fatores <strong>de</strong><br />

risco tanto para a aquisição quanto para a propagação da<br />

doença 4,5 .<br />

Melhores condições <strong>de</strong> vida têm diminuído as taxas em<br />

várias partes da América do Norte e da Europa 6 . A transmissão<br />

do HP parece ocorrer predominantemente por<br />

contato direto do tipo fecal-oral ou oral-oral 2 .<br />

Em adultos, o HP é a causa principal <strong>de</strong> úlcera péptica,<br />

a<strong>de</strong>nocarcinoma gástrico e linfoma gástrico primário 7 . Na<br />

população pediátrica, o HP foi relacionado à dor abdominal<br />

recorrente 1,8 , à diarreia crônica 9 e à baixa estatura 10 . Todavia,<br />

a importância <strong>de</strong>ste patógeno em crianças ainda é tema a<br />

ser explorado.<br />

Estudos epi<strong>de</strong>miológicos revelaram prevalência alta <strong>de</strong><br />

infecção por HP em adultos no Brasil, sendo semelhante a<br />

resultados encontrados em países em <strong>de</strong>senvolvimento 7, 11, 12 .<br />

Entretanto, há uma gran<strong>de</strong> carência <strong>de</strong> informações em<br />

relação à faixa pediátrica, especialmente no nosso meio.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estudo é <strong>de</strong>terminar a prevalência da<br />

infecção pelo HP no nosso meio, em uma população pediátrica<br />

atendida em uma clínica privada <strong>de</strong> Goiânia, correlacionando-o<br />

com a faixa etária e à presença <strong>de</strong> gastrite.<br />

Métodos<br />

Foram avaliados retrospectivamente os achados dos exames<br />

<strong>de</strong> endoscopia digestiva alta (EDA) e o histopatológico das<br />

biópsias, <strong>de</strong> pacientes com ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> zero a quinze anos,<br />

realizadas no período <strong>de</strong> janeiro a agosto <strong>de</strong> 2008, no Instituto<br />

do Aparelho Digestivo <strong>de</strong> Goiânia.<br />

Dos prontuários coletamos dados referentes á i<strong>de</strong>ntificação<br />

(nome, sexo e ida<strong>de</strong>), os achados endoscópicos,<br />

realização ou não <strong>de</strong> biópsia gástrica e o resultado <strong>de</strong>sta,<br />

principalmente no que se refere à presença <strong>de</strong> infecção<br />

pelo HP.<br />

O HP foi pesquisado pela análise histológica utilizando as<br />

colorações <strong>de</strong> hematoxilina e eosina (HE) e Giensa.<br />

Foram incluídos no estudo todos os pacientes com ida<strong>de</strong><br />

entre zero e quinze anos que, neste período, foram<br />

submetidos à endoscopia digestiva alta e nos quais foram<br />

realizadas biópsias gástricas. Excluímos aqueles cujo<br />

prontuário não permitia a coleta dos dados do estudo.<br />

Para a análise estatística utilizamos o programa EpiInfo 6.0<br />

(Centers for Disease Control Epi<strong>de</strong>miology Program Office,<br />

Atlanta, Georgia).<br />

Para comparar as médias entre duas amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

empregamos o teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt e, para testar a<br />

correlação entre variáveis categóricas, utilizamos o teste<br />

qui-quadrado <strong>de</strong> associação.<br />

Os resultados foram expressos como média ± <strong>de</strong>sviospadrão<br />

(dp) e o nível <strong>de</strong> significância utilizado em todos os<br />

testes serão fixados em 5%.<br />

O protocolo <strong>de</strong> pesquisa foi avaliado e aprovado pelo<br />

Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa Humana do Hospital Geral<br />

<strong>de</strong> Goiânia.<br />

Resultados<br />

Durante o período foram realizados 542 exames <strong>de</strong> EDA<br />

em crianças com ida<strong>de</strong> menor ou igual a 15 anos; <strong>de</strong>stes<br />

50 foram excluídos da nossa análise por não conseguirmos<br />

avaliar os exames <strong>de</strong> endoscopia ou a histopatologia ou por<br />

não terem realizados biópsias gástricas. Os 492 (90,7%)<br />

restantes compuseram nosso grupo <strong>de</strong> estudo.<br />

A ida<strong>de</strong> média do grupo foi <strong>de</strong> 6,4 ± 4,1 anos, variando <strong>de</strong><br />

4 meses a 15 anos, com a mediana <strong>de</strong> 6 anos, dos quais<br />

248 (50,4%) eram do gênero masculino.<br />

A pesquisa <strong>de</strong> HP foi positiva em 33/492 (6,7%) dos casos<br />

(IC 95%, variando <strong>de</strong> 4,7% a 9,4%). Não houve relação<br />

entre a presença <strong>de</strong> HP e o gênero (p=0,22). A média<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos pacientes com pesquisa <strong>de</strong> HP positiva foi<br />

<strong>de</strong> 9,2 +/- 3,9 anos e <strong>de</strong> 6,2 +/- 4,0 anos naqueles cuja<br />

pesquisa foi negativa (p=0,0005)<br />

139 15<br />

<strong>31</strong>(1):14-18<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):14-18


Prevalência do Helicobacter p y lo r i em população pediátrica atendida em uma clínica privada <strong>de</strong> Goiânia<br />

140 16<br />

<strong>31</strong>(1):14-18<br />

Porcentagem<br />

Tabela 1 – Características <strong>de</strong>mográficas da população<br />

<strong>de</strong> acordo com a presença <strong>de</strong> Helicobacter pylori.<br />

Característica<br />

N (%)<br />

Média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

(anos)<br />

Gênero (F/M)<br />

Gastrite n(%)<br />

Ausente n(%)<br />

Grupo<br />

total<br />

492<br />

(100)<br />

6,4 ±<br />

4,1<br />

244 /<br />

248<br />

73<br />

(14,8)<br />

419<br />

(85,2)<br />

H. pylori<br />

Positivo<br />

H. pylori<br />

Negativo<br />

33(6,7) 459 (93,3)<br />

Valor<br />

do p<br />

9,2 ± 3,9 6,2 ± 4,0 0,0005<br />

13 / 20 2<strong>31</strong> / 228 0,22<br />

33 (100,0) 40 (8,7) 0,0000001<br />

0 (0) 419 (91,3) 0,0000001<br />

Leve n(%) 45 (9,1) 8 (24,2) 37 (8,1) 0,007<br />

Mo<strong>de</strong>rada<br />

n(%)<br />

Acentuada<br />

n(%)<br />

27 (5,5) 24 (72,8) 3 (0,7) 0,0000001<br />

1 (0,2) 1 (3,0) 0 (0) 0,07<br />

Em 73/492 (14,8%) pacientes, encontramos achado histológico<br />

<strong>de</strong> gastrite, <strong>de</strong>stes 33 (45,2%) apresentavam HP<br />

(p = 0,0000001). Ao avaliarmos o achado histológico <strong>de</strong><br />

gastrite em relação á presença ou não <strong>de</strong> HP, observamos<br />

a presença <strong>de</strong> gastrite acentuada, mo<strong>de</strong>rada e leve, respectivamente,<br />

em 1 (3,0%), 24 (72,8%) e 8 (24,2%) pacientes<br />

com HP positivo e em nenhum (0%), 3 (0,7%) e 37 (8,1%)<br />

dos HP negativo (figura 1).<br />

Figura 1 – Relação entre a presença <strong>de</strong> Helicobacter<br />

pylori e a faixa etária<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

HP positivo<br />

Quando dividimos os pacientes em três faixas etárias, nos<br />

quais o Grupo A foi composto por 227 (46,1%) sujeitos com<br />

ida<strong>de</strong> menor ou igual a 5 anos, o Grupo B <strong>de</strong> 176 (35,8%)<br />

com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seis a <strong>de</strong>z anos e o Grupo C <strong>de</strong> 89 (18,1%)<br />

com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> onze a quinze anos, observamos que tanto a<br />

presença <strong>de</strong> HP [7 (3,1%), 14 (7,9%) e 12 (13,5%), respectivamente]<br />

(p < 0,003) (figura 1), quanto o achado histológico<br />

<strong>de</strong> gastrite [ 16 (7,1%), 30 (17,1%) e 27 (30,3%),<br />

respectivamente] (p < 0,0000007) aumentaram com a<br />

ida<strong>de</strong>.<br />

Tabela 2 – Presença <strong>de</strong> Helicobacter pylori e<br />

achado histológico <strong>de</strong> gastrite <strong>de</strong> acordo com a<br />

faixa etária da população.<br />

Figura 2 – Relação entre a intensida<strong>de</strong> da gastrite<br />

e a faixa etária.<br />

.<br />

Característica<br />

N (%)<br />

Gênero M/ F<br />

Presença <strong>de</strong><br />

H. pylori n (%)<br />

Grupo<br />

total<br />

492<br />

(100)<br />

248 /<br />

244<br />

Faixa etária (anos)<br />

Valor<br />

do p<br />

0,5<br />

12<br />

33 (6,7) 7 (3,1) 14 (7,9)<br />

0,003<br />

(13,5)<br />

30 27<br />

Gastrite n(%) 73 (14,8) 16 (7,1)<br />

0,0000007<br />

(17,1) (30,3)<br />

Acentuada n (%) 1 (0,2) 0 (0) 0 (0) 1 (1,1) 0,1<br />

Mo<strong>de</strong>rada n (%) 27 (5,5) 4 (1,8) 13 (7,4) 10 (11,2) 0,002<br />

Porcentagem<br />

Leve n (%) 45 (9,1) 12 (5,3) 17 (9,7) 16 (17,9) 0,002<br />

Ausente n (%)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

419<br />

(85,2)<br />

Acentuada<br />

0-5 6-10 11-15<br />

227<br />

(46,1)<br />

125/<br />

102<br />

211<br />

(92,9)<br />

176<br />

(35,8)<br />

89<br />

(18,1)<br />

82/ 94 48/ 41<br />

146<br />

(82,9)<br />

Mo<strong>de</strong>rada<br />

62 (69,7)<br />

0,0000007<br />

Leve<br />

0<br />

0 a 5<br />

6 a 10 11 a 15<br />

Ida<strong>de</strong><br />

em anos<br />

0<br />

0 a 5<br />

6 a 10 11 a 15<br />

Ida<strong>de</strong><br />

em anos<br />

Discussão<br />

O Helicobacter pylori (HP) é uma bactéria <strong>de</strong> distribuição<br />

global que acomete mais da meta<strong>de</strong> da população mundial,<br />

sendo consi<strong>de</strong>rado importante problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública 1 .<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):14-18


A. O. Si lv é r io , F. L. S. Me i r e lle s, L. P. Ar a ú j o, J. E. Me k d e s s i, S. T. Mi a m a e, Y. R. Xi m e n e s<br />

Sua prevalência é significativamente maior em países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, em todas as faixas etárias. A infecção pelo<br />

HP é adquirida principalmente na infância e caracteriza-se<br />

pela cronicida<strong>de</strong>, predispondo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> afecções<br />

em adultos, tais como carcinoma gástrico e doença<br />

ulcerativa péptica 1 .<br />

A infecção é contraída, sobretudo na infância, principalmente<br />

em populações <strong>de</strong> alto risco, tais como famílias<br />

socialmente <strong>de</strong>sfavorecidas, algumas etnias e profissionais<br />

da saú<strong>de</strong> 2,4,8,13,14 . E, como <strong>de</strong> forma geral, não há clareamento<br />

espontâneo do micro-organismo, o indivíduo passa a<br />

albergar a bactéria por toda sua vida 15 . Por conseguinte, há<br />

um aumento cumulativo do número <strong>de</strong> indivíduos infectados<br />

nas faixas etárias mais velhas, tanto na população infantil<br />

quanto no início da vida adulta 15 . Dattoli e cols. 7 avaliaram<br />

1104 crianças no município <strong>de</strong> Salvador, com ida<strong>de</strong> entre<br />

4 e 11 anos, em dois períodos distintos (1997 a 2003 e<br />

em 2005) e <strong>de</strong>tectou anti-corpo anti-H. pylori em 28,7% da<br />

amostra.<br />

Os autores associaram o resultado a variáveis indicativas<br />

<strong>de</strong> condições <strong>de</strong> moradia precárias (superlotadas e saneamento<br />

insuficiente) 7 . Escobar-Pardo e cols. 4 , por intermédio<br />

do teste respiratório com ureia-13C, avaliaram 245 crianças<br />

indígenas entre 2 e 9 anos, <strong>de</strong> seis al<strong>de</strong>ias da região do rio<br />

Xingu, afluente do Amazonas. Os autores encontraram uma<br />

alta prevalência <strong>de</strong> HP (73,5%).<br />

No entanto, ressaltam que houve diferença significativa na<br />

prevalência do HP entre as diversas al<strong>de</strong>ias estudadas, e<br />

sugerem que, embora compartilhem hábitat semelhante,<br />

assim como similar formação social e cultural, as diferenças<br />

observadas entre as al<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ser justificadas<br />

por algumas diferenças culturais (processamento dos<br />

alimentos), pela genética, ou até mesmo pelo hábitat (localização<br />

da al<strong>de</strong>ia ao longo do rio) 4 .<br />

No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Ferreira e cols. 16 avaliaram as indicações<br />

e os resultados <strong>de</strong> 228 endoscopias em pacientes<br />

pediátricos <strong>de</strong> 3 meses a 19 anos (média 5,7 anos),<br />

observaram que a pesquisa <strong>de</strong> HP pelo método histológico,<br />

utilizando a coloração <strong>de</strong> HE, foi consi<strong>de</strong>rada positiva<br />

em 29 (22,3%) dos 130 pacientes que realizaram a sua<br />

pesquisa 16 .<br />

Oliveira e cols. 17 estudaram 249 crianças <strong>de</strong> nível socioeconômico<br />

baixo, em Belo Horizonte, com ida<strong>de</strong> variando <strong>de</strong> um<br />

mês a 18 anos, encontraram uma prevalência <strong>de</strong> anti-corpo<br />

anti-H. pylori <strong>de</strong> 34,1% 17 . Parente e cols. 18 compararam a<br />

prevalência <strong>de</strong> infecção pelo HP em 303 crianças assintomáticas<br />

oriundas <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> alto e baixo nível socioeconômico<br />

<strong>de</strong> Teresina (PI), e observaram que a infecção<br />

pelo HP, <strong>de</strong>terminada pela pesquisa <strong>de</strong> antígenos fecais <strong>de</strong><br />

HP, ocorria já no início da vida (antes dos 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>)<br />

em ambos os grupos (22,9% versus 14,3%; p = 0,061) e<br />

aumentava com a ida<strong>de</strong>. Cento e quinze (38,0%) crianças<br />

foram positivas para o HP (95% intervalo <strong>de</strong> confiança [IC] =<br />

1,<strong>31</strong>- 4,12). A maior prevalência foi observada em crianças<br />

da favela (55,0%; 95% IC = 2,39 - 6,71) em comparação<br />

com (16,4%; 95% IC = 1,67 - 3,82) daquelas oriundas <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong> alto nível socioeconômico (P


Prevalência do Helicobacter p y lo r i em população pediátrica atendida em uma clínica privada <strong>de</strong> Goiânia<br />

142 18<br />

<strong>31</strong>(1):14-18<br />

Em estudo realizado em Pernambuco 2 , que avaliou a soroprevalência<br />

do HP em 228 pacientes pediátricos <strong>de</strong> hospital<br />

conveniado ao sistema único <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com ida<strong>de</strong> variando<br />

<strong>de</strong> dois a <strong>de</strong>z anos, <strong>de</strong>monstrou que a sorologia foi positiva<br />

em 73 (32,0%) crianças. Os autores verificaram maior soroprevalência<br />

<strong>de</strong> HP em escolares (39,4%) do que em préescolares<br />

(25,8%) (p=0,04), ou seja, o risco aumentou com<br />

a ida<strong>de</strong>, sendo que as crianças soropositivas pertenciam<br />

a famílias com menor renda, moravam em domicílios com<br />

maior aglomeração <strong>de</strong> pessoas, em condições <strong>de</strong> higiene<br />

menos favoráveis e as mães apresentavam um menor nível<br />

<strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> 2 .<br />

O risco contínuo <strong>de</strong> infectar-se ao longo da vida parece<br />

levar ao aumento progressivo da positivida<strong>de</strong> para HP com a<br />

ida<strong>de</strong>. No presente estudo, quando dividimos os pacientes<br />

em três grupos <strong>de</strong> acordo com a faixa etária, observamos<br />

uma relação direta entre o aumento da ida<strong>de</strong> e a prevalência<br />

<strong>de</strong> HP, progredindo <strong>de</strong> 3,1%, no grupo <strong>de</strong> zero a<br />

cinco anos, para 7,9%, no grupo <strong>de</strong> seis a <strong>de</strong>z anos, e para<br />

13,5% no grupo <strong>de</strong> onze a quinze, sugerindo que o risco <strong>de</strong><br />

contaminação pelo H. pylori aumenta com a ida<strong>de</strong> (tabela<br />

2). Outros autores obtiveram resultados semelhantes 4,17 .<br />

O estudo histopatológico também foi analisado no que<br />

diz respeito ao grau <strong>de</strong> inflamação da mucosa gástrica.<br />

Notamos que dos pacientes com achado histológico <strong>de</strong><br />

gastrite, 45,2% apresentavam o H. pylori.<br />

Quando avaliamos a intensida<strong>de</strong> do processo inflamatório<br />

em relação à presença do HP, observamos a presença <strong>de</strong><br />

gastrite acentuada, mo<strong>de</strong>rada e leve, respectivamente, em<br />

1 (3,0%), 24 (72,8%) e 8 (24,2%) pacientes com HP positivo<br />

e em nenhum (0%), 3 (0,7%) e 37 (8,1%) dos com<br />

HP negativo, mostrando maior gravida<strong>de</strong> da gastrite nos<br />

pacientes infectados (tabela 1).<br />

Nossos achados mostram uma prevalência baixa <strong>de</strong> HP em<br />

pacientes pediátricos (6,7%) em uma clínica privada <strong>de</strong><br />

Goiânia, Brasil. Todavia, nosso estudo apresenta um viés<br />

<strong>de</strong> seleção, pois estudou crianças <strong>de</strong> uma clínica privada,<br />

portanto, pressupõe-se que tenham melhores condições<br />

socioeconômicas, o que po<strong>de</strong>ria explicar a baixa prevalência<br />

encontrada.<br />

À semelhança do observado em outros países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

nosso estudo também sugere que a infecção<br />

pelo HP inicia-se em uma ida<strong>de</strong> precoce e o risco <strong>de</strong> adquirí-lo<br />

aumenta com a ida<strong>de</strong>. Pu<strong>de</strong>mos observar também que<br />

a presença <strong>de</strong> HP está associada a processo infamatório é<br />

mais acentuado.<br />

Referências<br />

1. Kodaira MS, Escobar NMU, Grisi S. Aspectos epi<strong>de</strong>miológicos do Helicobacter<br />

pylori na infância e adolescência, São Paulo. Rev Saú<strong>de</strong> Pública<br />

2002;36(3):356-69.<br />

2. Moraes MMC, Silva GAP. Fatores <strong>de</strong> risco para infecção pelo Helicobacter<br />

pylori em crianças. J Pediatr. 2003;79(1):21-8.<br />

3. Zhang DH, Zhou L, Lin S, Ding S, Huang Y, Gu F, et al. Recent changes in<br />

the prevalence of Helicobacter pylori infection among children and adults<br />

in high- or low-inci<strong>de</strong>nce regions of gastric cancer in China. Chin Med J<br />

2009;122(15):1759-63.<br />

4. Escobar-Pardo ML, <strong>de</strong> Godoy AP, Machado RS, Rodrigues D, Fagun<strong>de</strong>s Neto<br />

U, Kawakami E. Prevalence of Helicobacter pylori infection and intestinal parasitosis<br />

in children of the Xingu Indian Reservation. J Pediatr. 2011;87(5):393-8.<br />

5. Souto FJ, Fontes CJ, Rocha GA, <strong>de</strong> Oliveira AM, Men<strong>de</strong>s EM, Queiroz DM.<br />

Prevalence of Helicobacter pylori infection in a rural area of the state of Mato<br />

Grosso, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 1998;93:171–4.<br />

6. Elitsur Y, Dementieva Y, Rewalt M, Lawrence Z. Helicobacter pylori infection<br />

rate <strong>de</strong>creases in symptomatic children: a retrospective analysis of 13 years<br />

(1993–2005) from a gastroenterology clinic in West Virginia. J Clin Gastroenterol<br />

2009;43:147–51.<br />

7. Dattoli VCC, Veiga RV, Cunha SS, Carvalho LCP, Barreto ML,NMA Neves.<br />

Seroprevalence and Potential Risk Factors for Helicobacter pylori Infection in<br />

Brazilian Children, Brazil. Helicobacter 2010; 15: 273–8.<br />

8. Or<strong>de</strong>da G, Vaira D, Holton J. Age related increase of Helicobacter pylori<br />

frequency in syntom-free and in dyspeptic children. Lancet 1992;340:671-2.<br />

9. Sullivan PB, Thomas JE, Wight DGD, Neale G, Easham EJ, Corrah T et al. Helicobacter<br />

pylori in Gambia children with chronic diarrhoea and malnutrition.<br />

Arch Dis Child 1990; 65:189-91.<br />

10. Patel A, Mendall MA, Khulusi S, Northfield TC, Strachan DP. Helicobacter<br />

pylori infection in childhood: risk factors and effect on growth. BMJ<br />

1994;309:1119-23.<br />

11. Custódio, RO; Daher, RR; Ximenes, YR; Silvério, AO; Custódio, NRO -i<strong>de</strong>ntificação<br />

do Helicobacter pylori pela citologia do escovado gástrico: comparação<br />

com o método histológico. Rev Soc Bras Med Trop. 2005; 38(4):322-5.<br />

12. Rodrigues MN, Queiroz DM, Rodrigues RT, Rocha AM, Braga Neto MB,<br />

Braga LL. Helicobacter pylori infection in adults from a poor urban community<br />

in northeastern Brazil: <strong>de</strong>mographic, lifestyle and environmental factors. Braz J<br />

Infect Dis 2005;9:405–10.<br />

13. Malaty HM, Evans DG, Evans DJ Jr., Graham DY.Helicobacter pylori in Hispanics:<br />

comparison with blacks and whites of similar age and socioeconomic<br />

class. Gastroenterology 1992;103:813-6.<br />

14. Malaty HM, Graham DY, Wattigney VA, Srinivasan SR, Osato M, Berenson GS.<br />

Natural history of Helicobacter pylori infection in childhood: 12-year follow-up<br />

cohort study in a biracial community. Clin Infect Dis 1999;28:279-82.<br />

15. Parente JML, Parente MPPD. Contexto epi<strong>de</strong>miológico atual da infecção por<br />

Helicobacter pylori. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010:29(3):86-9.<br />

16. Ferreira, CT; Berti, MR; Pires, ALG; Wieczorek, C; Alves, J. Endoscopia digestiva<br />

alta em pediatria: indicações e resultados. J. Pediatr 1998;74(1):39-44.<br />

17. Oliveira AM, Queiroz DM, Rocha GA, Men<strong>de</strong>s EN. Seroprevalence of Helicobacter<br />

pylori infection in children of low socioeconomic level in Belo Horizonte,<br />

Brazil. Am J Gastroenterol. 1994 Dec;89(12):2201-4.<br />

18. Parente JML, Silva BBS, Palha-Dias MPS, Zaterka S, Nisshimura NF, Zeitune JM.<br />

Helicobacter pylori infection in children of low and high socioeconomic status in<br />

northeastern Brazil. Am. J. Trop. Med. Hyg., 75(3), 2006, pp. 509–12.<br />

19. Graham DY, Adam E, Klein PD, Evans DG, Evans DJJr, Alpert LC et al. Comparison<br />

of the prevalence of asymptomatic C. pylori infection in the United<br />

States:effect of age, gen<strong>de</strong>r and race. Gastroenterology 1989;96: A180.<br />

20. Portorreal A, Kawakami E. Avaliação do método imunoenzimático (ELISA) pra<br />

diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori em crianças e adolescentes.<br />

Arq Gastroenterol 2002;39:198-203.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):14-18


Artigo Original<br />

Frequência das Causas <strong>de</strong> Hemorragia <strong>Digestiva</strong> Alta em<br />

Pacientes com Cirrose Hepática Atendidos em um Hospital<br />

Universitário<br />

Frequency of The Causes of Upper Gastrointestinal Bleeding in Patients<br />

With Liver Cirrhosis Atten<strong>de</strong>d at an University Teaching Hospital<br />

Lu i z Ca r lo s Ma r q u e s d e Oli v e i r a 1 , Priscilla Soa r e s Lim a 2 , Bá r b a r a Re z e n <strong>de</strong> Ma r t i ns 3<br />

Fa c u l da d e d e Me d ic i n a, Un i v e rs i da d e Fe <strong>de</strong> ral d e Ub e r l â n d i a<br />

Resumo<br />

Objetivo: Verificar as frequências das causas <strong>de</strong> hemorragia<br />

digestiva alta (HDA) em pacientes portadores <strong>de</strong><br />

cirrose hepática (CH) atendidos em um hospital geral<br />

universitário. Métodos: Analisaram-se os prontuários<br />

médicos <strong>de</strong> todos os pacientes portadores <strong>de</strong> CH atendidos<br />

no Hospital <strong>de</strong> Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />

durante o período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

2008. Coletaram-se dados referentes às ida<strong>de</strong>s, causa da<br />

CH, presença <strong>de</strong> varizes esofagogástricas, causas <strong>de</strong> HDA<br />

e suas evoluções durante a internação. Para as comparações<br />

das frequências analisadas, utilizou-se o teste exato<br />

<strong>de</strong> Fisher. Resultados: Foram analisados prontuários <strong>de</strong><br />

359 pacientes, sendo 266 (74,1%) homens e 93 (25,9%)<br />

mulheres, com ida<strong>de</strong> média (<strong>de</strong>svio padrão) <strong>de</strong> 53,6 ±<br />

13,4 anos. Entre eles, <strong>31</strong>7 submeteram-se à endoscopia<br />

digestiva alta e 246 (77,6%) tinham varizes esofágicas ou<br />

esofagogástricas; 115 (32,0%) apresentaram HDA e as<br />

causas foram varizes esofágicas (65,2%), úlcera péptica<br />

gástrica (12,2%) ou duo<strong>de</strong>nal (6,1%), varizes gástricas<br />

(5,2%), síndrome <strong>de</strong> Mallory-Weiss (1,7%) e lesão aguda<br />

da mucosa gastroduo<strong>de</strong>nal (2,6%); em 7% dos casos, a<br />

causa não pô<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida. A frequência <strong>de</strong> sangramento<br />

por úlceras pépticas foi maior (OR = 4,67; IC = 1,35 –<br />

16,16) entre os pacientes com CH com causa alcoólica<br />

[18/208 (8,6%) vs 3/151 (2,0%)]. Entre os 21 (18,3%)<br />

pacientes que morreram, as causas da HDA foram varizes<br />

esofágicas em 13 (52,4%) e gástricas em 2 (9,5%); em 8<br />

(38,1%) não foram i<strong>de</strong>ntificadas. Conclusão: Um terço<br />

dos pacientes teve HDA e as causas mais frequentes foram<br />

as varizes esofagogástricas. Sangramentos por úlcera<br />

péptica foram mais frequentes entre os pacientes com CH<br />

<strong>de</strong> causa alcoólica. As frequências <strong>de</strong> mortes durante a<br />

internação foram semelhantes àquelas <strong>de</strong>scritas na literatura<br />

hodiernamente.<br />

Unitermos: Hemorragia <strong>Digestiva</strong> Alta, Cirrose Hepática,<br />

Varizes Esofágicas,Varizes Esofagogástricas, Álcool,<br />

Úlcera Péptica.<br />

Summary<br />

Objectives: To assess the frequency of the causes of<br />

upper gastrointestinal bleeding (UGIB) in patients with<br />

liver cirrhosis (LC) atten<strong>de</strong>d at an university teaching<br />

hospital. Methods: We analyzed the medical records of all<br />

patients with LC treated at the Clinical Hospital of Fe<strong>de</strong>ral<br />

University of Uberlandia in the period from January 2006<br />

to December 2008. The data were collected regarding age,<br />

cause of LC, esophagogastric varices, causes of UGIB and<br />

its evolution during hospitalization. For comparisons of<br />

frequencies analyzed, Fisher’s exact test was employed.<br />

Results: We analyzed 359 patients’ medical records, 266<br />

(74.1%) men and 93 (25.9%) women with a mean age of<br />

(SD) 53.6 ± 13.4 years. Among them, <strong>31</strong>7 were submitted<br />

to the esophagogastroduo<strong>de</strong>noscopy and 246 (77.6%) had<br />

esophageal or esophagogastric varices, 115 (32.0%) had<br />

UGIB and the causes were esophageal varices (65.2%),<br />

gastric (12 2%) or duo<strong>de</strong>nal (6.1%) peptic ulcers, gastric<br />

143 19<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

1. Professor Associado-Doutor do Departamento <strong>de</strong> Clínica Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Uberlândia, Uberlândia, MG. 2. Médica Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica, Hospital <strong>de</strong> Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Uberlândia, Uberlândia, MG. 3. Médica Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica no Hospital Julia Kubitschek, Belo Horizonte, MG.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência: Luiz Carlos Marques <strong>de</strong> Oliveira - Rua Gonçalves Dias, 455 – Bairro Tabajaras – CEP<br />

38400-288 – Uberlândia – MG – e-mail: oliveiralcm@ufu.br. Recebido em: 12/02/2012. Aprovação em: 01/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


Frequência das Causas <strong>de</strong> Hemorragia <strong>Digestiva</strong> Alta em Pacientes<br />

com Cirrose Hepática Atendidos em um Hospital Universitário<br />

varices (5.2%), Mallory-Weiss syndrome (1.7%) and acute<br />

erosive gastroduo<strong>de</strong>nitis(2.6%); in 7% of cases the cause<br />

could not be <strong>de</strong>fined. The frequency of bleeding peptic ulcers<br />

was higher (OR = 4.67, CI: 1.35 to 16.16) among patients with<br />

LC due to alcohol (18/208 [8.6%]vs 3/151 [2.0%]). Among<br />

the 21 (18.3%) patients who died, the causes of UGIB were<br />

esophageal varices in 13 (52.4%) and gastric varices in 2<br />

(9.5%);in 8 (38.1%) it was not i<strong>de</strong>ntified. Conclusion: One<br />

third of patients had UGIB and the most frequent causes<br />

were the esophagogastric varices. Peptic ulcer bleeding was<br />

more frequent among patients with LC due to alcoholism. The<br />

frequency of <strong>de</strong>aths during hospitalization was similar to those<br />

<strong>de</strong>scribed in today’s literature.<br />

Keywords: Upper Gastrointestinal Bleeding, Liver Cirrhosis,<br />

Esophageal Varices, Esophagogastric Varices, Alcohol, Peptic<br />

Ulcer Disease.<br />

Além das varizes esofagogástricas, outras condições po<strong>de</strong>m<br />

ser responsáveis por HDA em pacientes com CH, entre elas se<br />

incluem gastropatia da hipertensão portal, úlcera <strong>de</strong> esôfago,<br />

úlceras pépticas gástricas ou duo<strong>de</strong>nais, gastroduo<strong>de</strong>nite<br />

erosiva, esofagite <strong>de</strong> refluxo, ectasia vascular, entre outros 6,7 ;<br />

as manifestações clínicas das hemorragias nestes casos po<strong>de</strong>m<br />

ser semelhantes, ou seja, se manifestarem por hematêmese e/<br />

ou melena ou hematoquezia, além dos sinais e sintomas <strong>de</strong><br />

hipovolemia. Em pacientes com CH, as frequências <strong>de</strong> HDA,<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas condições, variam entre<br />

os diferentes levantamentos. O objetivo do presente estudo foi<br />

avaliar as frequências das causas <strong>de</strong> HDA em pacientes com<br />

CH atendidos no Hospital <strong>de</strong> Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Uberlândia (HC-UFU).<br />

Casuística e Mé t o d o s<br />

144 20<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

Introdução<br />

Cirrose hepática (CH) é <strong>de</strong>finida anatomicamente como o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento histológico <strong>de</strong> nódulos <strong>de</strong> regeneração<br />

circundados por fibrose em resposta à lesão hepática crônica 1 .<br />

As causas mais frequentes <strong>de</strong> CH são o alcoolismo crônico<br />

e as infecções pelos vírus das hepatites B ou C; no entanto,<br />

várias outras doenças também po<strong>de</strong>m causar CH 2 .<br />

Baseando-se em estudos realizados nos Estados Unidos da<br />

América, Europa, Ásia e África, estima-se que até 1% da população<br />

possa ter CH histológica, sintomática ou assintomática,<br />

ou seja, ainda não i<strong>de</strong>ntificada 2 .<br />

As principais complicações da CH incluem ascite, peritonite<br />

bacteriana espontânea, encefalopatia hepática, hipertensão<br />

portal, sangramento das varizes <strong>de</strong> esôfago e síndrome hepatorrenal<br />

3 . In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da causa da cirrose, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> hipertensão portal é quase universal e resulta <strong>de</strong><br />

um aumento da resistência ao fluxo sanguíneo portal secundário<br />

à fibrose, estreitamento e compressão dos sinusoi<strong>de</strong>s<br />

hepáticos 3 . A hipertensão portal, por sua vez, po<strong>de</strong> acarretar<br />

o surgimento <strong>de</strong> varizes esofagianas e/ou esofagogástricas, e<br />

pelo menos dois terços dos pacientes com CH <strong>de</strong>senvolverá<br />

varizes esofagianas durante sua vida 4 .<br />

As varizes esofagogástricas são importantes causas <strong>de</strong> hemorragia<br />

digestiva alta (HDA), e a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> para cada<br />

episódio <strong>de</strong>sses sangramentos varia entre 30% e 60%, tendo<br />

por base relatos <strong>de</strong> estudos realizados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong><br />

1940 até a <strong>de</strong> 1980 5 .<br />

Foi realizado um estudo retrospectivo, transversal, por meio<br />

da análise dos prontuários médicos <strong>de</strong> todos os pacientes<br />

com diagnóstico <strong>de</strong> CH que foram atendidos ou que estavam<br />

em tratamento no HC-UFU no período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 a<br />

<strong>de</strong>zembro 2008.<br />

Para cada um dos pacientes, o diagnóstico <strong>de</strong> CH havia sido<br />

confirmado pelo seu médico responsável através <strong>de</strong> biópsia<br />

hepática ou pelos achados clínicos, bioquímicos e por exames<br />

<strong>de</strong> imagens (ultrassonografia e/ou tomografia computadorizada<br />

<strong>de</strong> abdômen).<br />

A causa da CH foi i<strong>de</strong>ntificada baseando-se na história clínica<br />

e em exames específicos, e quando nenhuma causa pô<strong>de</strong><br />

ser i<strong>de</strong>ntificada, era feito o diagnóstico <strong>de</strong> CH criptogênica.<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> hipertensão portal foi confirmado pelo<br />

achado <strong>de</strong> varizes <strong>de</strong> esôfago ao exame <strong>de</strong> endoscopia<br />

digestiva alta (EDA).<br />

Nos prontuários foram coletados os dados referentes ao<br />

sexo, ida<strong>de</strong>, resultados dos exames <strong>de</strong> EDA e as anotações<br />

referentes à presença ou não <strong>de</strong> sangramento digestivo alto.<br />

Para os pacientes que apresentaram HDA, investigou-se a<br />

sua origem, analisaram-se suas frequências em relação às<br />

suas causas e também as frequências <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> durante<br />

a internação.<br />

Os resultados foram reunidos em um banco <strong>de</strong> dados e analisados<br />

no programa Statistical Package for the Social Sciences<br />

Software (SPSS version 17.0, IBM Inc., Chicago, USA, 2008),<br />

que também foi utilizado para a realização das análises estatísticas.<br />

Para comparações das frequências entre os dados<br />

obtidos, foram utilizados os testes do qui-quadrado e o exato<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


L. C. M. d e Ol i v e i r a, P. S. Li m a, B. R. Ma r t i n s<br />

<strong>de</strong> Fisher. Também foram calculadas as razões <strong>de</strong> chances<br />

(oddsratio - OR) e os intervalos <strong>de</strong> confiança (IC) <strong>de</strong> 95%<br />

para comparações entre as frequências <strong>de</strong> HDA por úlceras<br />

pépticas entre os pacientes com CH <strong>de</strong> causa alcoólica com<br />

aqueles <strong>de</strong> causa não-alcoólica. P < 0,05 foi consi<strong>de</strong>rado<br />

significante. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética<br />

em Pesquisa com Seres Humanos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Uberlândia, parecer final número 290/07.<br />

Resultados<br />

No período <strong>de</strong>sse estudo, 359 pacientes com CH foram atendidos<br />

no HC-UFU, sendo 266 (74,1%) homens e 93 (25,9%)<br />

mulheres, com ida<strong>de</strong> média (<strong>de</strong>svio padrão) <strong>de</strong> 53,6 ± 13,4<br />

anos, intervalo <strong>de</strong> 12 a 86 anos.<br />

A análise <strong>de</strong> seus prontuários mostrou que <strong>31</strong>7 <strong>de</strong>les haviam<br />

sido submetidos à EDA e 246(77,6%) apresentavam varizes<br />

<strong>de</strong> esôfago ou esofagogástricas.<br />

Entre as causas <strong>de</strong> CH, predominou o alcoolismo crônico<br />

(57,9%), consi<strong>de</strong>rando-o como causa isolada (44,0%) ou<br />

em associação com as infecções pelos vírus da hepatite C<br />

(10,0%), B (3,3%) ou B e C (0,6%) - Tabela 1.<br />

Tabela 1 – Frequências das causas <strong>de</strong> cirrose hepática<br />

entre os pacientes avaliados.<br />

Causas da Cirrose N %<br />

Álcool 158 44,0<br />

Álcool + HCV 36 10,0<br />

HCV 35 9,8<br />

Criptogênica 34 9,5<br />

HBV 28 7,8<br />

Hepatite autoimune 18 5,0<br />

Álcool + HBV 12 3,3<br />

NASH 11 3,1<br />

Medicamentos 5 1,4<br />

Desor<strong>de</strong>ns biliares 4 1,1<br />

Álcool + HBV + HCV 2 0,6<br />

Doenças metabólicas 2 0,6<br />

Desarranjos vasculares 1 0,3<br />

HBV + HCV 1 0,3<br />

Em investigação 12 3,3<br />

Total 359 100<br />

Entre todos os pacientes, 115 (32,0%) apresentaram HDA,<br />

e a ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>sses pacientes era <strong>de</strong> 54,8 ± 10,5 anos<br />

(variando entre 23 e 80 anos).<br />

A causa mais frequente <strong>de</strong> HDA foi o sangramento por<br />

varizes esofagogástricas (70,4%), e as causas das HDA em<br />

relação às causas da CH estão listadas na Tabela 2.<br />

Tabela 2 – Frequência das causas <strong>de</strong> hemorragia<br />

digestiva alta em relação à causa da cirrose hepática.<br />

Causas da<br />

cirrose<br />

Causas da hemorragia digestiva alta<br />

Varizes<br />

<strong>de</strong><br />

esôfago<br />

Úlcera<br />

gástrica<br />

Úlcera<br />

duo<strong>de</strong>nal<br />

Varizes<br />

gástricas<br />

Mallory<br />

Weiss<br />

LAMGD<br />

Não<br />

<strong>de</strong>finida<br />

Álcool 33 (28,7) 10 (8,7) 4 (3,5) 3 (2,6) 0 2 (1,7) 3 (2,6) 55 (47,8)<br />

Álcool +<br />

vírus<br />

Vírus: Vírus da hepatite B ou vírus da hepatite C; EHNA: Esteatohepatite não-alcoólica;<br />

LAMGD: Lesão aguda da mucosa gastroduo<strong>de</strong>nal. * Hepatite autoimune (N=2);<br />

medicamentosa (N=1); em investigação (N=6).<br />

A frequência <strong>de</strong> sangramento por úlcera péptica gástrica<br />

ou duo<strong>de</strong>nal foi maior (p=0,02; OR=4,67; IC: 1,35 – 16,16)<br />

entre os pacientes que tinham CH com causa alcoólica<br />

(18/208; 8,6%) do que entre os que tinham causa nãoalcoólica<br />

(3/151; 2,0%).<br />

Não houve diferença na frequência <strong>de</strong> HDA <strong>de</strong>vido às<br />

varizes esofagogástricas (p=0,88; OR=1,07; IC: 0,65 –<br />

1,77) entre pacientes com CH <strong>de</strong> causa alcoólica (48/208;<br />

23,1%) e aqueles com causa não-alcoólica (33/151;<br />

21,8%).<br />

Entre os 115 pacientes que tiveram HDA, 21 (18,3%)<br />

morreram durante a internação.<br />

Destes, 15 (71,4%) eram homens e 6 (28,6%) eram<br />

mulheres, com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 63,0 ± 13,6 anos, variando<br />

<strong>de</strong> 33 a 86 anos, e as causas da HDA foram varizes <strong>de</strong><br />

esôfago em 11 (52,4%), varizes <strong>de</strong> fundo gástrico em 2<br />

(9,5%) e em 8 (38,1%) prontuários não haviam anotações<br />

sobre os resultados da EDA.<br />

Total<br />

11 (9,6) 2 (1,7) 2 (1,7) 1 (0,9) 1 (0,9) 0 0 17 (14,8)<br />

Vírus 9 (7,8) 0 0 1 (0,9) 1 (0,9) 0 1(0,9) 12 (10,4)<br />

Criptogênica 11 (9,6) 2 (1,7) 1 (0,9) 0 0 0 3 (2,6) 17 (14,8)<br />

EHNA 4 (3,5) 0 0 0 0 0 1 (0.9) 5 (4,3)<br />

Outras* 7 (6,1) 0 0 1 (0,9) 0 1 (0,9) 0 9 (7,8)<br />

Total 75 (65,2) 14 (12,2) 7 (6,1) 6 (5,2) 2 (1,7) 3 (2,6) 8 (7,0)<br />

115<br />

(100)<br />

145 21<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


Frequência das Causas <strong>de</strong> Hemorragia <strong>Digestiva</strong> Alta em Pacientes<br />

com Cirrose Hepática Atendidos em um Hospital Universitário<br />

146 22<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

Discussão<br />

Estima-se que, pelo menos, dois terços dos pacientes com<br />

CH <strong>de</strong>senvolverão varizes esofagogástricas e que 30% a<br />

40% <strong>de</strong>les terão grave HDA 4 . No presente estudo, observou-se<br />

que 77,6% dos pacientes submetidos a EDA tinham<br />

varizes <strong>de</strong> esôfago e/ou <strong>de</strong> fundo gástrico. Esta frequência<br />

é semelhante à <strong>de</strong>scrita em outro estudo, também transversal,<br />

em que se avaliou 40 pacientes com CH e com HDA<br />

e se observou que 70% <strong>de</strong>les tinham varizes gastroesofageanas,<br />

não se observando correlação entre a gravida<strong>de</strong> da<br />

doença hepática e a presença ou ausência das varizes 8 .<br />

Em outro estudo, tipo coorte, com 532 pacientes com CH<br />

observou-se que, em 10 anos <strong>de</strong> seguimento, 90% <strong>de</strong>les<br />

<strong>de</strong>senvolveram varizes esofagogástricas 9 . A causa mais<br />

frequente <strong>de</strong> HDA nos pacientes com CH avaliados foram as<br />

varizes <strong>de</strong> esôfago ou esofagogástricas (70,4%). É <strong>de</strong>scrito<br />

que o sangramento <strong>de</strong>stas varizes é a causa <strong>de</strong> HDA em 50<br />

a 60% dos pacientes com CH 10 ; no entanto, estas frequências<br />

variam entre os diversos estudos.<br />

Foram observadas HDA por varizes <strong>de</strong> esôfago em 46,6% <strong>de</strong><br />

352 pacientes com CH, outros 5,4% sangraram por varizes<br />

gástricas e 1,1 % por varizes gastroesofágicas 11 ; em 48%<br />

<strong>de</strong> 199 pacientes 9 ; em 50% <strong>de</strong> 40 pacientes 8 ; em 57,4%<br />

<strong>de</strong> 108 pacientes, outros 4,6% tiveram sangramento por<br />

varizes <strong>de</strong> fundo gástrico 12 ; em 57% <strong>de</strong> 53 pacientes 13 , em<br />

59,1% <strong>de</strong> 465 pacientes;14 em 63,9% <strong>de</strong> 465 pacientes,<br />

outros 8,4% sangraram por varizes gástricas 6 e em 90% <strong>de</strong><br />

140 pacientes portadores <strong>de</strong> varizes esofagogástricas 15 .<br />

Nesse último estudo, observou-se que as varizes eram as<br />

causas mais comuns <strong>de</strong> HDA in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente se a<br />

causa da CH fosse o álcool ou não, resultados semelhantes<br />

aos observados no presente estudo.<br />

Em um seguimento por 18 meses <strong>de</strong> 205 pacientes com<br />

CH e hipertensão portal, observou-se que, neste período,<br />

95 (46,3%) tiveram HDA em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> varizes gastroesofágicas<br />

16 .<br />

As frequências das causas <strong>de</strong> HDA em pacientes com CH,<br />

excluindo-se aquelas <strong>de</strong>correntes das varizes esofagogástricas,<br />

também variam entre os diferentes trabalhos, como<br />

po<strong>de</strong> ser observado na Tabela 3, na qual são apresentados<br />

os resultados <strong>de</strong>scritos em vários estudos 6,11,12,14,17,18 .<br />

Tabela 3 – Frequências, em porcentagens, <strong>de</strong> causas<br />

<strong>de</strong> hemorragia digestiva alta em pacientes com cirrose<br />

hepática, exceto por varizes gastroesofágicas, no estudo<br />

atual e em outros.<br />

Autor (es)<br />

Atual<br />

(N = 359)<br />

D’Amico et al. 6<br />

(N = 465)<br />

Del Olmo et<br />

al., 11<br />

(N = 352)<br />

Svoboda et<br />

al., 12<br />

(N = 108)<br />

Lecleire et<br />

al., 14<br />

(N = 465)<br />

Úlcera<br />

gástrica<br />

Úlcera<br />

duo<strong>de</strong>nal<br />

LAMGD<br />

Esofagite<br />

Mallory<br />

Weiss<br />

Outras<br />

12,2 6,1 2,6 0 1,7 7,0<br />

2,6 4,9 3,9 1,7 0 14,6<br />

9,9 7,7 17,3 0 3,7 7,1<br />

13,9 11,1 0,9 2,8 2,8 5,6<br />

– 15,7* 4,5 4,1 3,0 13,6<br />

Fassio et al., 17<br />

(N = 195) – 13,8* 13,8 0 0 14,8<br />

Svoboda et<br />

al., 18<br />

(N = 137)<br />

– 18,2* 1,5 2,9 2,9 9,5<br />

N = número <strong>de</strong> pacientes incluídos no estudo. LAMGD = lesões agudas da mucosa<br />

gastroduo<strong>de</strong>nal. *Úlceras pépticas gástricas ou duo<strong>de</strong>nais.<br />

No presente estudo, observou-se que a frequência <strong>de</strong> HDA<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> úlcera péptica gástrica ou duo<strong>de</strong>nal foi significantemente<br />

maior entre os pacientes com CH <strong>de</strong> causa alcoólica<br />

do que entre aqueles com causa não-alcoólica.<br />

Esses resultados são diferentes daqueles observados em<br />

outro estudo, no qual nenhuma diferença foi encontrada entre<br />

as fontes <strong>de</strong> sangramento e a causa da CH, alcoólica ou nãoalcoólica<br />

17 . Foi <strong>de</strong>scrito que a presença <strong>de</strong> úlceras gastroduo<strong>de</strong>nais<br />

em pacientes com CH estavam positivamente associadas<br />

com a gravida<strong>de</strong> da hipertensão portal e que a ingestão<br />

recente <strong>de</strong> álcool favorece a ocorrência <strong>de</strong> erosões gastroduo<strong>de</strong>nais<br />

19 . Também já foi encontrada correlação positiva significante<br />

da ingestão alcoólica como fator <strong>de</strong> risco para ulceras<br />

duo<strong>de</strong>nais ou gástricas 20 .<br />

Os principais fatores <strong>de</strong> risco para sangramento por úlcera<br />

péptica são a utilização <strong>de</strong> anti-inflamatórios não-esteroidais e<br />

a infecção pelo Helicobacter pylori 10 , no entanto, as anotações<br />

existentes nos prontuários analisados nem sempre continham<br />

informações a esse respeito, não permitindo tais análises.<br />

Entre os pacientes avaliados no período <strong>de</strong>ste estudo e que<br />

tiveram HDA, 18,3% <strong>de</strong>les morreram. É <strong>de</strong>scrito que cada<br />

episódio <strong>de</strong> sangramento por varizes esofagogástricas em<br />

pacientes com CH tem um risco <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 a 60%, 5<br />

e que a mortalida<strong>de</strong> precoce por sangramento <strong>de</strong> varizes <strong>de</strong><br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


L. C. M. d e Ol i v e i r a, P. S. Li m a, B. R. Ma r t i n s<br />

esôfago varia <strong>de</strong> <strong>31</strong>,6% a 63,3%, ainda quando se utiliza <strong>de</strong><br />

tamponamento com balão, drogas ou escleroterapia <strong>de</strong> emergência<br />

21 . No entanto, algumas vezes, nestes dados estatísticos,<br />

estão incluídos resultados <strong>de</strong> estudos realizados há mais<br />

<strong>de</strong> 20 anos quando os índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> eram maiores<br />

que os atuais. Neste sentido, entre pacientes portadores <strong>de</strong><br />

CH e com HDA por varizes esofagogástricas, Graham & Smith<br />

(1981) 22 relataram mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 42% <strong>de</strong> 85 pacientes nas<br />

primeiras seis semanas; Christensen et al. (1981) 9 verificaram<br />

uma frequência <strong>de</strong> 82% <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre 104 pacientes;<br />

Witzel et al. (1985)13 <strong>de</strong> 23% <strong>de</strong> 56 pacientes tratados profilaticamente<br />

com escleroterapia e <strong>de</strong> 55% <strong>de</strong> 53 pacientes com<br />

tratamento conservador; <strong>de</strong>l Olmo et al. (2000)11 <strong>de</strong> 7,4% nas<br />

primeiras 48 horas e <strong>de</strong> 24% em até 6 semanas,e Lecleire<br />

et al. (2005) 14 , mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 23,5% entre 465 pacientes,<br />

durante a hospitalização em <strong>de</strong>corrência da HDA.<br />

Como po<strong>de</strong> se observar nas últimas décadas, os índices <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> entre pacientes com CH hospitalizados por HDA<br />

têm diminuído. Em um estudo realizado no Hôpital Saint-Antoine,<br />

em Paris, França, mostrou-se que esses índices foram <strong>de</strong><br />

42,6%, 29,9%, 25%, 16,2% e 14,5% nos anos <strong>de</strong> 1980, 1985,<br />

1990, 1995, 2000, respectivamente, ou seja, houve diminuição<br />

para um terço no índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em 20 anos 23 .<br />

A diminuição da mortalida<strong>de</strong> por HDA em pacientes com<br />

CH é <strong>de</strong>corrente do <strong>de</strong>senvolvimento nos procedimentos <strong>de</strong><br />

ressuscitação, farmacológicos (somatostatina, octreoti<strong>de</strong> e<br />

β-bloqueadores), endoscópicos (escleroterapia, ligaduras),<br />

radiológicos (anastomose portossistêmica intra-hepática<br />

transjugular) e cirúrgico (transplante <strong>de</strong> fígado) 5 .<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>sses significantes <strong>de</strong>senvolvimentos, o sangramento<br />

agudo por varizes <strong>de</strong> esôfago permanece uma<br />

condição altamente fatal 5 . Apesar das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diagnóstico<br />

e <strong>de</strong> tratamento precoces das hemorragias por varizes<br />

esofagogástricas em pacientes com CH, as taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />

da primeira HDA por varizes permanece entre 20% e<br />

35% 4 .Insuficiência renal, ressangramento, carcinoma hepatocelular<br />

e encefalopatia hepática são preditores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> 11 .<br />

A síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e a<br />

falência orgânica se <strong>de</strong>senvolvem em muitos pacientes com<br />

CH internados por HDA, e também estão associadas com<br />

aumento da mortalida<strong>de</strong> 24 .<br />

As limitações do presente estudo são aquelas inerentes aos<br />

estudos baseados em levantamentos retrospectivos <strong>de</strong> prontuários,<br />

cujos preenchimentos muitas vezes são incompletos.<br />

Assim, não havia anotações suficientes para se saber, por<br />

exemplo, se os pacientes estavam ou não ingerindo anti-inflamatórios<br />

não-esteroidais, que po<strong>de</strong>riam predispor à HDA.<br />

Também não havia dados suficientes para classificarmos a<br />

gravida<strong>de</strong> da doença hepática <strong>de</strong> cada um dos pacientes<br />

através dos critérios <strong>de</strong> Child modificados por Pugh, que<br />

levam em consi<strong>de</strong>ração a presença <strong>de</strong> encefalopatia, <strong>de</strong><br />

ascite, dos níveis séricos <strong>de</strong> albumina e <strong>de</strong> bilirrubinas e o<br />

tempo <strong>de</strong> protrombina 25 .<br />

Discussão<br />

Um terço dos pacientes incluídos nesse estudo teve HDA e<br />

suas causas mais frequentes foram as varizes esofagogástricas.<br />

Sangramentos por úlcera pépticagastro-duo<strong>de</strong>nais<br />

foram mais frequentes entre os pacientes com CH <strong>de</strong> causa<br />

alcoólica do que entre aqueles com CH <strong>de</strong> causa não-alcoólica.<br />

A frequência <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> observada entre todos (<strong>de</strong><br />

menos <strong>de</strong> 20%) foi semelhante àquela <strong>de</strong>scrita em alguns<br />

outros estudos atuais. O conhecimento <strong>de</strong>sses resultados<br />

po<strong>de</strong> ser útil na conduta na sala <strong>de</strong> emergência uma vez<br />

que, por vários motivos, nem sempre os pacientes po<strong>de</strong>m ser<br />

submetidos imediatamente a uma endoscopia digestiva alta<br />

para o diagnóstico da origem da HDA.<br />

Referências<br />

1. Sherlock S, Dooley J. Hepatic cirrhosis. Diseases of the liver and biliary<br />

system. 10th ed. London: Blackwell Science, 1997:371-84.<br />

2. Schuppan D, Afdhal NH.Liver cirrhosis Lancet. 2008;371:838-51.<br />

3. Hei<strong>de</strong>lbaugh JJ, Sherbondy M. Cirrhosis and chronic liver failure: Part<br />

II. Complications and treatment. Am Fam Physician. 2006;74:767-76.<br />

4. Jensen DM. Endoscopic screening for varices in cirrhosis: findings,<br />

implications, and outcomes. Gastroenterology. 2002;122:1620-30.<br />

5. Chalasani N, Kahi C, Francois F, Pinto A, Marathe A, Bini EJ, et al.<br />

Improved patient survival after acute variceal bleeding: a multicenter,<br />

cohort study. Am J Gastroenterol. 2003; 98: 653-9.<br />

6. D’Amico G, De Franchis R, and a Cooperative Study Group. Upper<br />

digestive bleeding in cirrhosis. Post-therapeutic outcome and prognostic<br />

indicators. Hepatology. 2003; 38: 599-612.<br />

7. Pongprasobchai S, Nimitvilai S, Chasawat J, Manatsathit S. Upper<br />

gastrointestinal bleeding etiology score for predicting variceal and<br />

non-variceal bleeding. World J Gastroenterol. 2009;15:1099-104.<br />

8. O<strong>de</strong>lowo OO, Smoot DT, Kim K. Upper gastrointestinal bleeding in<br />

patients with liver cirrhosis. J Natl Med Assoc. 2002;94:712-5.<br />

9. Christensen E, Fauerholdt L, Schlichting P, Juhl E, Poulsen H, Tygstrup<br />

N. Aspects of the natural history of gastrointestinal bleeding in cirrhosis<br />

and the effect of prednisone. Gastroenterology.1981; 81: 944-52.<br />

10. Van Leerdam ME. Epi<strong>de</strong>miology of acute upper gastrointestinal<br />

bleeding. Best Pract Res Clin Gastroenterol. 2008;22:209-24.<br />

11. Del Olmo JA, Peña A, Serra MA, Wassel AH, Benages A, Rodrigo JM.<br />

Predictors of morbidity and mortality after the first episo<strong>de</strong> of upper<br />

gastrointestinal bleeding in liver cirrhosis. J Hepatol. 2000; 32: 19-24.<br />

12. Svoboda P, Ehrmann J, Klvana P, Machytka E, Rydlo M, Hrabovský V.<br />

The etiology of upper gastrointestinal bleeding in patients with liver<br />

cirrhosis. Vnitr Lek. 2007;53:1274-7.<br />

147 23<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


Frequência das Causas <strong>de</strong> Hemorragia <strong>Digestiva</strong> Alta em Pacientes<br />

com Cirrose Hepática Atendidos em um Hospital Universitário<br />

13. Witzel L, Wolbergs E, Merki H. Prophylactic endoscopic sclerotherapy<br />

of oesophageal varices. A prospective controlled study. Lancet.<br />

1985;1:773-5.<br />

14. Lecleire S, Di Fiore F, Merle V, Hervé S, Duhamel C, Ru<strong>de</strong>lli A, et al.<br />

Acute upper gastrointestinal bleeding in patients with liver cirrhosis<br />

and in noncirrhotic patients. J Clin Gastroenterol. 2005; 39: 321-7.<br />

15. Dave P, Romeu J, Messer J. Upper gastrointestinal bleeding in patients<br />

with portal hypertension: a reappraisal. J Clin Gastroenterol. 1983;5:<br />

113-5.<br />

16. Varghese J, Cherian JV, Solomon R, Jayanthi V. Predictors of variceal<br />

bleed among patients with liver cirrhosis in the era of sclerotherapy.<br />

Singapore Med J. 2008; 49: 239-42.<br />

17. FassioE, Viu<strong>de</strong>z P, Lan<strong>de</strong>ira G, Fernán<strong>de</strong>z N, Lattanzi M, Luis A. Upper<br />

digestive hemorrhage in liver cirrhosis: clinical and endoscopic findings.<br />

Acta Gastroenterol Latinoam. 1992;22:181-6.<br />

18. Svoboda P, Ehrmann J, Klvana P, Machytka E, Rydlo M, Hrabovský V. A<br />

different view of acute upper gastrointestinal bleeding in liver cirrhosis<br />

patients. Vnitr Lek. 2010;56:1116-21.<br />

19. Auroux J, Lamarque D, Roudot-Thoraval F, Deforges L, Chaumette MT,<br />

Richar<strong>de</strong>t JP, et al. Gastroduo<strong>de</strong>nal ulcer and erosions are related to<br />

portal hypertensive gastropathy and recent alcohol intake in cirrhotic<br />

patients. Dig Dis Sci. 2003;48:1118-23<br />

20. Bayyurt N, Abasivanik ME, San<strong>de</strong>r E, Salih BA. Canonical correlation<br />

analysis of factors involved in the occurrence of peptic ulcers. Dig Dis<br />

Sci. 2007;52:140-6.<br />

21. Le Moine O, Adler M, Bourgeois N, Delhaye M, Devière J, Gelin M, et<br />

al. Factors related to early mortality in cirrhotic patients bleeding from<br />

varices and treated by urgent sclerotherapy. Gut. 1992; 33: 1381-5.<br />

22. Graham DY, Smith JL. The course of patients after variceal hemorrhage.<br />

Gastroenterology. 1981; 80: 800-9.<br />

23. Carbonel lN, Pauwels A, Serfaty L, Fourdan O, Lévy VG, Poupon R.<br />

Improved survival after varicealbleending in patients with cirrhosis<br />

over the past two <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s. Hepatology. 2004; 40: 652-9.<br />

24. Afessa B, KubilisPS. Upper gastrointestinal bleeding in patients with<br />

hepatic cirrhosis: clinical course and mortality prediction. Am J Gastroenterol.<br />

2000; 95: 484-9.<br />

25. Pugh RN, Murray-LyonI M, Dawson JL, Pietroni MC, Williams R.<br />

Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. Br J<br />

Surg. 1973; 60: 646-9.<br />

148 24<br />

<strong>31</strong>(1):19-24<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):19-24


Artigo Original<br />

Análise <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> seguimento <strong>de</strong> hepatectomias em<br />

portadores <strong>de</strong> tumor hepático<br />

Analysis of 5 years following hepatectomy in patients with liver tumor<br />

Si d n e y Ra im u n d o Si lv a Ch a l u b 1 , Ta i n ã Ma g a l h ã e s d e Ol i v e i r a 2 , El a i n e Cristina Fo n s e c a 3<br />

Se r v i ç o d e Ci r u r g i a On c o l ó g ica d o Apa r e l h o Digestivo - Fu n da ç ã o Ce n t r o d e Co n t r o l e d e On c o lo g i a d o Am a zo n a s (FCECON) – Ma n a u s (AM), Br a s i l<br />

Resumo<br />

Summary<br />

Introdução: Os tumores hepáticos malignos são muito mais<br />

comuns do que os benignos, sendo os metastáticos ou secundários<br />

20 vezes mais frequentes do que os primários. A hepatectomia<br />

permanece como o principal e mais utilizado método <strong>de</strong><br />

tratamento dos tumores hepáticos. Infelizmente, esse método é<br />

aplicável apenas em cerca <strong>de</strong> 10% dos casos. Analisar a sobrevida<br />

dos pacientes portadores <strong>de</strong> tumor hepático submetidos<br />

a ressecções hepáticas no Estado do Amazonas, assim como<br />

as principais complicações pós-operatórias e índice <strong>de</strong> recidiva<br />

tumoral. Métodos: Estudo retrospectivo, analisando os prontuários<br />

e laudos anatomopatológicos dos pacientes submetidos<br />

à ressecção hepática na Fundação Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong><br />

Oncologia do Amazonas (FCECON), entre janeiro <strong>de</strong> 2006 a<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010. Resultados: Foram realizadas 34 ressecções<br />

hepáticas, sendo 55,9% tumores malignos primários do<br />

fígado, 26,5% doença metastática e 17,6% tumores benignos.<br />

Houve 17,64% <strong>de</strong> complicações pós-operatórias, sendo as mais<br />

graves o abscesso subfrênico e a hemorragia intra-abdominal. A<br />

taxa <strong>de</strong> reoperação foi <strong>de</strong> 2,94%. Não houve mortalida<strong>de</strong> operatória.<br />

O índice <strong>de</strong> recidiva tumoral foi <strong>de</strong> 23,5%, com óbito ocorrendo<br />

em 75% <strong>de</strong>stes casos. A taxa <strong>de</strong> sobrevida em um, três e<br />

cinco anos foi respectivamente 96%, 89% e 68%. Conclusão:<br />

A cirurgia hepática tem se tornado cada vez mais factível e as<br />

complicações pós-operatórias, sob maior controle clínico, tem<br />

diminuído consi<strong>de</strong>ravelmente a mortalida<strong>de</strong>.<br />

Unitermos: Ressecção Hepática, Tumor Hepático, Complicações,<br />

Sobrevida, Índice <strong>de</strong> Recidiva Tumoral.<br />

Introduction: Malignant Hepatic tumors are much more<br />

common than the benign ones, being the metastatics 20<br />

times more frequent than the primaries. Hepatectomy<br />

remains as the more common and used method in its treatment.<br />

Unfortunately this method can be applied in around<br />

10% of cases. To analyze the overall survival of malignant<br />

liver tumors patients who un<strong>de</strong>rwent a hepatic resection<br />

in the state of Amazonas, as well as the post-operative<br />

complications and recurrence rate. Methods: Retrospective<br />

study, analysing the patient records and anatomopathologic<br />

reports of patients who un<strong>de</strong>rwent liver resection in<br />

Fundação Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Oncologia do Amazonas<br />

(FCECON), between january 2006 and <strong>de</strong>cember 2010.<br />

Results: A total amount of 34 liver resections were done,<br />

being 55,9% liver primary malignant tumors, 26,5% metastatic<br />

disease e 17,6% benign tumors. There were 17,64%<br />

of post-operative complications, being the more serious<br />

diaphragmatic abscess and intra-abdominal bleeding.<br />

Reoperation rate was of 2,94%. There were no peroperative<br />

mortality. Tumor recurrence was 23,5%, with <strong>de</strong>ath<br />

happening in 75% of these cases. Overall survival in one,<br />

three and five years were respectively 96%, 89% e 68%.<br />

Conclusion: Hepatic surgery has been increasingly more<br />

appliable and post-operative complications, un<strong>de</strong>r strict<br />

clinical care, has consi<strong>de</strong>rably diminished mortality.<br />

Keywords: Hepatic resection, liver tumors, complications,<br />

survival, tumor recurrence rate.<br />

149 25<br />

<strong>31</strong>(1):25-28<br />

1. Doutorando em cirurgia hepática da Santa Casa <strong>de</strong> Porto Alegre. Mestre em cirurgia UFRJ. Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong><br />

Oncológica da FCECON. Membro Titular do Colégio <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> Cirurgiões e Colégio <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Digestiva</strong>.<br />

2. Resi<strong>de</strong>nte do 2º ano <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral da Fundação Hospital Adriano Jorge. 3. Resi<strong>de</strong>nte do 1º ano <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> Geral<br />

da Fundação Hospital Adriano Jorge. En<strong>de</strong>reço para correspondência: Sidney Raimundo Silva Chalub, R. José Furtuoso<br />

3003, House Ville, casa 27 – Nova Esperança - 69037-580- Manaus (AM), Brasil. E-mail: Sidney.chalub@hotmail.com.<br />

Recebido em: 30/01/2012. Aprovação em: 04/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):25-28


Análise <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> seguimento <strong>de</strong> hepatectomias em portadores <strong>de</strong> tumor hepático<br />

150 26<br />

<strong>31</strong>(1):25-28<br />

Introdução<br />

Os tumores hepáticos malignos são muito mais comuns do<br />

que os benignos, sendo os metastáticos ou secundários 20<br />

vezes mais frequentes do que os primários 1 .<br />

O carcinoma hepatocelular (CHC) é a neoplasia hepática<br />

maligna primária mais frequente em fígados cirróticos e nãocirróticos.<br />

Em 80 a 90% dos casos, o tumor instala-se sobre<br />

um fígado previamente comprometido por outras afecções,<br />

em especial as cirroses pelos vírus B e C 2 .Sua incidência varia<br />

significativamente <strong>de</strong> região para região, variando <strong>de</strong> um por<br />

100 mil habitantes em países oci<strong>de</strong>ntais a 100 por 100 mil<br />

habitantes em <strong>de</strong>terminadas regiões da Ásia e da África 1 .<br />

A hepatectomia permanece como o principal e mais utilizado<br />

método <strong>de</strong> tratamento dos tumores hepáticos. Infelizmente,<br />

esse método é aplicável apenas em cerca <strong>de</strong> 10% dos casos 2 .<br />

Na ausência <strong>de</strong> cirrose, a ressecção hepática é o tratamento<br />

<strong>de</strong> escolha, po<strong>de</strong>ndo ser conduzida com baixa morbimortalida<strong>de</strong><br />

hospitalar, entre 3 e 15% 3 . A abordagem cirúrgica dos<br />

pacientes portadores <strong>de</strong> cirrose hepática associada ao CHC<br />

não é tão bem estabelecida. Os índices <strong>de</strong> ressecção são<br />

pequenos, com avanço ou <strong>de</strong>scompensação da doença hepática<br />

crônica, em pacientes Child B ou C. O grau <strong>de</strong> reserva<br />

hepática funcional nesses pacientes <strong>de</strong>ve fazer parte da<br />

avaliação hepática pré-operatória 4 .<br />

O prognóstico <strong>de</strong> longo prazo após ressecção permanece insatisfatório.<br />

A sobrevida em cinco anos varia <strong>de</strong> 40% a 50%. A alta<br />

incidência <strong>de</strong> recorrência pós-operatória é a principal causa <strong>de</strong><br />

morte tardia. A recorrência ocorre no fígado remanescente em<br />

78% a 96% dos casos, tanto como resultado <strong>de</strong> metástases intrahepáticas<br />

como da ocorrência <strong>de</strong> tumor primário multicêntrico 5 .<br />

O presente estudo tem por finalida<strong>de</strong> analisar a sobrevida<br />

dos pacientes portadores <strong>de</strong> tumor hepático submetidos a<br />

ressecções hepáticas no Estado do Amazonas, operados pela<br />

mesma equipe na FCECON, entre janeiro <strong>de</strong> 2006 a <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2010, assim como as principais complicações pós-operatórias<br />

e índice <strong>de</strong> recidiva tumoral.<br />

Materiais e Métodos<br />

Trata-se <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong>scritivo e retrospectivo. Foram<br />

analisados os prontuários e laudos anatomopatológicos dos<br />

pacientes submetidos à ressecção hepática na Fundação<br />

Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Oncologia do Amazonas (FCECON),<br />

operados pela mesma equipe, entre janeiro <strong>de</strong> 2006 a<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010. Os dados foram coletados em uma ficha<br />

Número <strong>de</strong> casos<br />

padronizada, na qual constam dados pré, per, e pós-operatórios<br />

dos pacientes. Foram i<strong>de</strong>ntificados 34 pacientes portadores<br />

<strong>de</strong> tumor hepático, submetidos à hepatectomia no<br />

período avaliado. Foram excluídos aqueles pacientes em que<br />

não foi possível fazer o acompanhamento ambulatorial.<br />

A análise dos dados e os resultados foram <strong>de</strong>monstrados em<br />

tabelas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> frequências, gráficos e medidas<br />

paramétricas. Para gerar a curva <strong>de</strong> sobrevida utilizou-se o<br />

método <strong>de</strong> Kaplan-Meier. O programa utilizado para realizar<br />

as análises estatísticas foi o Epi Info versão 3.3. Os gráficos<br />

foram gerados através do software Microsoft Excel.<br />

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética e Pesquisa<br />

da Fundação Hospital Adriano Jorge com registro 0<strong>31</strong>/2005.<br />

Todos os pacientes assinaram um Termo <strong>de</strong> Consentimento<br />

Livre e Esclarecido.<br />

Resultados<br />

O número <strong>de</strong> hepatectomias não foi uniforme durante este<br />

período, sendo realizada em maior número no <strong>de</strong>correr do ano<br />

<strong>de</strong> 2007 (Gráfico 01).<br />

Gráfico 1- Distribuição do número <strong>de</strong> hepatectomias<br />

realizadas na FCECON entre janeiro/2006 a<br />

<strong>de</strong>zembro/2010.<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

5<br />

10<br />

2006 2007 2008 2009 2010<br />

A distribuição dos pacientes por sexo <strong>de</strong>monstrou que dos<br />

pacientes submetidos à hepatectomia, 52,9% (n=18) era<br />

feminino e 47,1% (n=16) masculino. A ida<strong>de</strong> variou <strong>de</strong> 4 a<br />

76 anos, com uma média <strong>de</strong> 49 anos, sendo 64,7% (n=22)<br />

entre 43 e 69 anos.<br />

A distribuição dos doentes quanto ao laudo histopatológico<br />

das peças cirúrgicas po<strong>de</strong> ser verificada na Tabela<br />

1. Destacando-se o hepatocarcinoma como a neoplasia<br />

maligna mais comum, a hidatidose <strong>de</strong>ntre as lesões<br />

benignas e o carcinoma colorretal entre as metástases.<br />

7<br />

Período (Ano)<br />

4<br />

8<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):25-28


S. R. S. Ch a l u b, T. M. d e Ol i v e i r a, E. C. Fo n s e c a<br />

Dentre as complicações pós-operatórias <strong>de</strong>stacaram-se<br />

infecções respiratórias, atelectasias e infecções do trato<br />

urinário, conforme Tabela 2. Os pacientes tiveram evolução<br />

pós-operatória satisfatória, com taxa <strong>de</strong> reoperação <strong>de</strong> 2,94%<br />

(n=1). Não houve mortalida<strong>de</strong> operatória (consi<strong>de</strong>rando até<br />

30 dias após o procedimento cirúrgico).<br />

Tabela 1- Histopatologia das peças cirúrgicas <strong>de</strong><br />

hepatectomias na FCECON no período <strong>de</strong> janeiro/2006<br />

a <strong>de</strong>zembro/2010.<br />

Descrição<br />

Neoplasia Maligna<br />

Primária<br />

Número <strong>de</strong><br />

Casos<br />

Hepatocarcinoma 11 32,4%<br />

Colangiocarcinoma 3 8,8%<br />

Hepatoblastoma 2 5,9%<br />

Fibrolamelar 2 5,9%<br />

Lesões benignas<br />

Linfoma 1 2,9%<br />

Hidaditose 3 8,8%<br />

Hemangioma Cavernoso 2 5,9%<br />

Hiperplasia Nodular Focal 1 2,9%<br />

Metástases Hepáticas<br />

Carcinoma Coloretal 5 14,7%<br />

Carcinoma <strong>de</strong> Vesícula Biliar 3 8,8%<br />

Carcinoma <strong>de</strong> Mama 1 2,9%<br />

O tempo <strong>de</strong> internação hospitalar variou <strong>de</strong> 4 a 61 dias,<br />

com média <strong>de</strong> 12,5 dias. Sendo o período <strong>de</strong> internação<br />

mais prolongado para aquele paciente que evoluiu com<br />

hemorragia intra-abdominal no pós-operatório, necessitando<br />

<strong>de</strong> re-intervenção cirúrgica.<br />

A taxa <strong>de</strong> sobrevida em 5 anos é apresentada no Gráfico 2,<br />

segundo a análise <strong>de</strong> Kaplan Méier. Apenas 14,7% (n=5)<br />

do total evoluíram para óbito durante o período <strong>de</strong> acompanhamento,<br />

com sobrevida mediana <strong>de</strong> 22,4 meses (7 a 57<br />

meses), sendo todos estes portadores <strong>de</strong> neoplasia hepática<br />

maligna.<br />

Dos 11 pacientes com histopatológico <strong>de</strong> carcinoma hepatocelular,<br />

oito eram portadores <strong>de</strong> doença hepática crônica,<br />

por alcoolismo ou pelo vírus B, sendo que quatro <strong>de</strong>stes<br />

pacientes apresentaram evidências <strong>de</strong> doença tumoral, o que<br />

correspon<strong>de</strong> a 50% <strong>de</strong> todos os casos <strong>de</strong> recidiva.<br />

%<br />

Probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sobrevida S (t)<br />

Tabela 2- Complicações pós-operatórias dos pacientes<br />

submetidos à hepatectomia na FCECON no período <strong>de</strong><br />

janeiro/2006 a <strong>de</strong>zembro/2010.<br />

Tipo <strong>de</strong> Complicação<br />

Gráfico 2- Curva <strong>de</strong> Kaplan Meier para amostra <strong>de</strong><br />

sobrevida <strong>de</strong> 34 pacientes e foram submetidos à<br />

hepatectomia na fcecon no período <strong>de</strong> janeiro/2006 a<br />

<strong>de</strong>zembro/2010.<br />

Evi<strong>de</strong>nciou-se recorrência tumoral em 23,5% (n=8) dos<br />

pacientes, com diagnóstico através <strong>de</strong> parâmetros clínicos,<br />

laboratoriais e/ou radiológicos da doença. Sendo o tempo<br />

médio <strong>de</strong> recidiva <strong>de</strong> 18,1 meses (5 a 52 meses), com mortalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 75% neste grupo <strong>de</strong> doentes.<br />

Discussão<br />

Número <strong>de</strong><br />

Casos<br />

Infecções respiratórias 2 18,2%<br />

Atelectasias 2 18,2%<br />

Infecção do trato urinário 2 18,2%<br />

Pneumotórax 1 9,1%<br />

Anasarca 1 9,1%<br />

Atualmente, a cirurgia hepática é dominada pelo transplante<br />

hepático, o que não é nossa realida<strong>de</strong>, e pelas ressecções<br />

<strong>de</strong> tumores, cuja frequência vem aumentando progressivamente<br />

nos últimos anos 6 . O conhecimento anatomofuncional<br />

do fígado, junto a uma avaliação pré-operatória rigorosa e<br />

a<strong>de</strong>quado controle pós-operatório, vem tornando possível o<br />

diagnóstico precoce <strong>de</strong> lesões hepáticas. Isto tem permitindo<br />

%<br />

Ascite 1 9,1%<br />

Abscesso subfrênico 1 9,1%<br />

Hemorragia intra-abdominal 1 9,1%<br />

1,000<br />

0900<br />

0,800<br />

0,700<br />

0,600<br />

0,500<br />

0,400<br />

0,300<br />

0,200<br />

0,100<br />

0,000<br />

1 0,96<br />

0,92<br />

0,89<br />

0,85<br />

0,68<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Tempo (Anos)<br />

151 27<br />

<strong>31</strong>(1):25-28<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):25-28


Análise <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> seguimento <strong>de</strong> hepatectomias em portadores <strong>de</strong> tumor hepático<br />

152 28<br />

<strong>31</strong>(1):25-28<br />

ressecções hepáticas com maior êxito, aumentando o tempo<br />

livre <strong>de</strong> doença e melhorando a sobrevida dos pacientes 5 .<br />

No presente estudo, foi observado um predomínio <strong>de</strong> tumores<br />

hepáticos malignos (82,35%) sobre os benignos (17,65%),<br />

conforme a literatura. Contudo, os tumores primários do<br />

fígado foram mais frequentes que os secundários. Provavelmente<br />

estes resultados têm relação com a en<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> vírus<br />

da hepatite B e C nesta região, representando um dos principais<br />

fatores <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento do carcinoma<br />

hepatocelular.<br />

Em relação ao pós-operatório, apenas 17,64% pacientes<br />

evoluíram com complicações, sendo as mais frequentes as<br />

afecções respiratórias e do trato geniturinário, consi<strong>de</strong>radas<br />

complicações menores. Não houve mortalida<strong>de</strong> operatória,<br />

consi<strong>de</strong>rando um período <strong>de</strong> até 30 dias após o procedimento<br />

cirúrgico.<br />

Resultados consi<strong>de</strong>rados satisfatórios se levarmos em conta<br />

Araújo et al. (2007), que <strong>de</strong>monstraram em seu estudo uma<br />

taxa <strong>de</strong> complicações pós-operatórias <strong>de</strong> 33%, sendo as<br />

mais frequentes o abcesso subfrênico e a peritonite, complicações<br />

consi<strong>de</strong>radas graves, e uma mortalida<strong>de</strong> operatória<br />

<strong>de</strong> 9,5% 7 .<br />

Cabe ressaltar que uma única equipe realizou todos os<br />

procedimentos cirúrgicos fazendo com houvesse uma uniformida<strong>de</strong><br />

na técnica e acompanhamento dos pacientes.<br />

A recidiva tumoral é a principal causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> tardia 8 .<br />

Dos 23,5% pacientes que apresentaram evidência clínica,<br />

laboratorial e/ou radiológica <strong>de</strong> recidiva, 75% (n=5) vieram<br />

a óbito. A recidiva tumoral em pacientes submetidos à<br />

ressecção hepática <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estádio pré-operatório da<br />

infecção viral, provavelmente, associado no pós-operatório à<br />

fibrose hepática <strong>de</strong>corrente da ativida<strong>de</strong> da doença 9 .<br />

Vários fatores têm sido relacionados a uma recidiva precoce<br />

em que os principais são a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transfusão<br />

sanguínea e o tamanho do tumor ressecado. Lembrando-se<br />

<strong>de</strong> que sempre <strong>de</strong>ve existir uma margem <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong><br />

ressecção <strong>de</strong>, pelo menos, 1 cm, objetivando evitar a recidiva<br />

10 .<br />

A sobrevida não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recidiva<br />

tumoral, mas também da evolução da doença hepática<br />

crônica 4 . A taxa <strong>de</strong> sobrevida observada em um, três e cinco<br />

anos <strong>de</strong> 96%, 89% e 68%, respectivamente, foi consi<strong>de</strong>rada<br />

alta. Contudo, esta não é significativa, lembrando que foram<br />

analisados tumores malignos e benignos concomitantemente.<br />

A maioria das séries <strong>de</strong>monstra uma taxa <strong>de</strong> sobrevida em<br />

cinco anos, variando entre 25 a 46% para a ressecção <strong>de</strong><br />

tumor secundário <strong>de</strong> fígado 11 .<br />

Conclusão<br />

A cirurgia hepática vem se tornando cada vez mais factível. As<br />

indicações cirúrgicas têm sido cada vez mais precisas, com<br />

o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, a maior experiência<br />

da equipe e o melhor controle pós-operatório. Desta forma,<br />

há uma tendência à diminuição nos índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e<br />

melhoras nas taxas <strong>de</strong> sobrevida, o que torna a hepatectomia<br />

um método seguro e eficaz.<br />

Referências<br />

1. EZAKI T. Hepatocellular carcinoma. B.M.J. 1992; 6821(304):<br />

196-7.<br />

2. FARMER D, ROSOVE M., SHAKED A, BUSUTIL RW. Current treatment<br />

modalities for hepatocellular carcinoma. Annals of Surgery.<br />

1994; 219(3): 236-47.<br />

3. CHEN M, HWANG T, JENG L. Hepatic resection for 28 patients with<br />

small hepatocellular carcinoma. Int Surgery. 1992. 77(2):72-6.<br />

4. BISMUTH H, HOUSSIN D, ORNOWSKI L, MERIGGI F. Liver resections<br />

in cirrhotic patients: a western experience. World Journal<br />

Surgery. 1986; 2(10):<strong>31</strong>1-17.<br />

5. NAGASUE N, YUKAYA H, OGAWA Y. Clinical experience with 118<br />

hepatic resections for hepatocellular carcinoma. Surgery. 1986;<br />

99(6):694-701.<br />

6. MACHADO MCC, HERMAN P, MACHADO MAC, BACCHELLA<br />

T, CUNHA JEM, PINOTTI HW. Hepatectomias: indicações e resultados<br />

imediatos: estudo <strong>de</strong> 114 pacientes. Rev. Col. Bras. Cir. 1997;<br />

24(5): <strong>31</strong>7-22.<br />

7. ARAÚJO FSB, Mattos AA, CORAL GP, COP A, VANDERBORGHT<br />

B, SANTOS DE, FRANÇA P. Occult Hepatitis B Virus Infection<br />

In Patients With Chronic Liver Disease Due To Hepatitis C Virus<br />

And Hepatocellular Carcinoma In Brazil. Arq. Gastroenterol. 2007;<br />

1(44): 58-63.<br />

8. VIEIRA OM et al. Clínica Cirúrgica: fundamentos teóricos e<br />

práticos. São Paulo: Atheneu, 2009.<br />

9. Gotoh M, Nakatani T, Masuda T,Mizuguchi Y, Sakamoto M,<br />

Tsuchiya R, et al. Prediction of invasive activities in Hepatocellular<br />

Carcinomas with special reference to α–fetoprotein and Des-γcarboxyprothrombin.<br />

Jpn J Clin Oncol 2003 ; 33(10).<br />

10. IZUMI R, SHIMIZU KLT et al. Prognostic factors of hepatocellular<br />

carcinoma in patients un<strong>de</strong>rgoing hepatic resection. Gastroeterology.<br />

1994; 106 (3):720-727.<br />

11. HUGES KS, SIMON R, SONGHORABODI S. Resection of the liver<br />

for colorectal carcinoma metastases: A multi-institutional study of<br />

patterns of recurrence. Surgery. 1986; 100(2): 278-284.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):25-28


Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Insuficiência Hepática Grave Associada<br />

à Amiloidose Hepática: Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Severe Liver Failure and Hepatic Amyloidosis: Case Report<br />

Ve r ô n ica Me lo Be n evi <strong>de</strong> s Qu e i r o g a 1 , Ma r i a n a Ro l im Fe r nan <strong>de</strong> s Ma c ê d o 2 , Ticiana Ma r i a d e Lav o r Ro l im 3 , Fr a n c i s c o Sér g i o<br />

Ra n g e l d e Pa u l a Pe s s oa 4 , Da lg i m a r Be s e r ra d e Me n e s e s 5<br />

Tr a ba lh o r e a li z a d o n o Ho s p i ta l Ge r a l d e Fo r ta l e z a, Ce a r á<br />

Resumo<br />

Summary<br />

A amiloidose primária é uma doença sistêmica que<br />

resulta do <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> fibrilas amiloi<strong>de</strong>s em vários órgãos<br />

e tecidos. É usualmente uma doença rapidamente progressiva<br />

que se apresenta com síndromes clínicas características.<br />

O envolvimento hepático sintomático está presente em<br />

16% dos pacientes, sendo a apresentação mais comum a<br />

hepatomegalia e elevação <strong>de</strong> fosfatase alcalina. Insuficiência<br />

hepática é incomum. A colestase é usualmente um achado<br />

pré-terminal. A biópsia hepática mostra <strong>de</strong>pósito amiloi<strong>de</strong><br />

perisinusoidal e portal com envolvimento vascular das<br />

tría<strong>de</strong>s portais. A sobrevida média após o diagnóstico<br />

é <strong>de</strong> 8 meses e meio. O prognóstico <strong>de</strong> pacientes com<br />

colestase hepática parece ser pior (sobrevida média 3<br />

meses). As terapias atuais baseiam-se no uso <strong>de</strong> melfalan<br />

e corticoi<strong>de</strong>, com pouca resposta hematológica, mínima<br />

melhora na função <strong>de</strong> órgãos acometidos e pequeno<br />

aumento da sobrevida. Relatamos um caso <strong>de</strong> uma<br />

mulher <strong>de</strong> 34 anos, há 2 meses com adinamia, náuseas,<br />

vômitos, dor epigástrica e icterícia, além <strong>de</strong> hepatomegalia.<br />

A paciente apresentou piora da função hepática,<br />

encefalopatia e hipotensão refratária, evoluindo para óbito<br />

7 dias após admissão hospitalar. A biópsia hepática transcutânea<br />

revelou amiloidose maciça.<br />

Unitermos: Insuficiência Hepática, Amiloidose, Colestase.<br />

Primary amyloidosis is a systemic disease that results<br />

from the <strong>de</strong>position of amyloid fibrils in various organs<br />

and tissues. It is usually a rapidly progressive disease<br />

which presents characteristic clinical syndromes. Symptomatic<br />

liver involvement accounts for 16% of patients,<br />

the most common presentation being hepatomegaly and<br />

elevated alkaline phosphatase. Liver failure is uncommon.<br />

Cholestasis is usually a pre-terminal finding. Liver biopsy<br />

discloses portal and perisinusoidal amyloid <strong>de</strong>position<br />

with vascular involvement in the portal spaces. Median<br />

survival after diagnosis is 8 and a half months. Prognosis<br />

of patients with cholestatic liver seems to be worse<br />

(median survival 3 months). Current therapies are based<br />

on the use of melphalan and corticosteroids, with little<br />

hematological response, minimal improvement in function<br />

of organs affected and small increase in survival. A case<br />

of 34 year-old woman is reported with adynamia, nausea,<br />

vomiting, epigastric pain, jaundice and hepatomegaly for<br />

two months, followed by worsening liver dysfunction,<br />

encephalopathy, and refractory hypotension, progressing<br />

to <strong>de</strong>ath 7 days after hospital admission. A transcutaneous<br />

liver biopsy revealed massive amyloidosis.<br />

Keywords: Liver Failure, Amyloidosis, Cholestasis.<br />

153 29<br />

<strong>31</strong>(1):29-33<br />

1. Médica resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia do Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza. 2. Médica resi<strong>de</strong>nte do Serviço <strong>de</strong> Endoscopia<br />

do Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza. 3. Médica Gastroenterologista do Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza. 4. Médico Gastroenterologista<br />

e Hepatologista, Chefe da Residência Médica <strong>de</strong> Gastroenterologia do Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza. 5. Médico Patologista do<br />

Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza. En<strong>de</strong>reço para correspondência: Verônica Melo Benevi<strong>de</strong>s - Rua Monsenhor Catão 948 - apt.<br />

402 - Bairro Al<strong>de</strong>ota - CEP 60175-000 – Fortaleza – Ceará/e-mail: vmbenevi<strong>de</strong>s@yahoo.com.br. Recebido em: 02/02/2012.<br />

Aprovação em: 01/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):29-33


Insuficiência Hepática Grave Associada à Amiloidose Hepática: Relato <strong>de</strong> Caso<br />

154 30<br />

<strong>31</strong>(1):29-33<br />

Introdução<br />

Amiloidose primária é uma doença sistêmica que resulta do<br />

<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> fibrilas amiloi<strong>de</strong>s constituídas por ca<strong>de</strong>ias leves<br />

<strong>de</strong> imunoglobulinas em vários órgãos e tecidos.<br />

A amiloidose sistêmica é usualmente uma doença rapidamente<br />

progressiva que se apresenta com síndromes clínicas<br />

características. Sintomas iniciais <strong>de</strong> fadiga e perda <strong>de</strong> peso são<br />

comuns, mas o diagnóstico é raramente feito até que sintomas<br />

relacionados a órgãos específicos apareçam. Os rins são os<br />

órgãos mais comumente afetados (80%), havendo proteinúria<br />

frequentemente nefrótica.<br />

Os sintomas cardíacos são a segunda apresentação mais<br />

comum (40%). Po<strong>de</strong>m também ocorrer neuropatia periférica,<br />

síndrome do túnel do carpo, disfunção autonômica com<br />

dismotilida<strong>de</strong> gastrointestinal e hipotensão ortostática. Macroglossia<br />

ocorre em 10% dos casos. Hepatomegalia é vista<br />

em 34% dos pacientes, po<strong>de</strong>ndo vir associada à colestase,<br />

porém insuficiência hepática é incomum. O baço é frequentemente<br />

envolvido, sendo que hipoesplenismo po<strong>de</strong> ocorrer na<br />

ausência <strong>de</strong> esplenomegalia significativa 1 .<br />

Envolvimento hepático sintomático está presente em 16% dos<br />

pacientes. A apresentação mais comum é a hepatomegalia e a<br />

elevação <strong>de</strong> fosfatase alcalina. Há elevada concordância entre<br />

envolvimento hepático e renal, e se o fígado estiver envolvido,<br />

o rim é o próximo órgão mais comumente afetado. Proteinúria<br />

em um paciente com hepatomegalia e elevação <strong>de</strong> fosfatase<br />

alcalina é uma importante pista para o diagnóstico <strong>de</strong> amiloidose<br />

sistêmica.<br />

A hepatomegalia também po<strong>de</strong> ter outras causas que não<br />

seja a infiltração direta do órgão, como congestão secundária<br />

ao envolvimento cardíaco 2 .<br />

Elevação isolada da fosfatase alcalina é o mais comum na<br />

maioria dos pacientes. As transaminases são tipicamente<br />

menores que duas vezes o limite superior da normalida<strong>de</strong> ao<br />

diagnóstico. As bilirrubinas são normais. O achado <strong>de</strong> bilirrubinas<br />

elevadas em pacientes com amiloidose hepática é<br />

usualmente um achado pré-terminal 2 .<br />

Hipertensão portal com varizes e hemorragia é raramente<br />

vista. Ascite é comum, mas, usualmente, é consequência da<br />

síndrome nefrótica concomitante.<br />

O diagnóstico requer a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> proteína amiloi<strong>de</strong><br />

em histopatológico e evidência <strong>de</strong> que o amiloi<strong>de</strong> resulta <strong>de</strong><br />

proliferação plasmocitária clonal, o que a diferencia das outras<br />

formas <strong>de</strong> amiloidose 1 . O <strong>de</strong>pósito é perisinusoidal e portal<br />

na maioria dos pacientes. Envolvimento vascular das tría<strong>de</strong>s<br />

portais é comum, mas não clinicamente importante.<br />

A sobrevida média após o diagnóstico é <strong>de</strong> 8 meses e meio 2 .<br />

As terapias atuais têm com alvo os clones plasmocitários e<br />

baseiam-se no uso <strong>de</strong> melfalan e corticoi<strong>de</strong>, com pouca<br />

resposta hematológica, mínima melhora na função <strong>de</strong> órgãos<br />

acometidos e pequeno aumento <strong>de</strong> sobrevida 1 .<br />

Relato <strong>de</strong> Caso<br />

K.A.F., 34 anos, sexo feminino, manicure, casada, proce<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Fortaleza. Foi admitida no serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia<br />

do Hospital Geral <strong>de</strong> Fortaleza em julho <strong>de</strong> 2008, com relato<br />

<strong>de</strong> que há 2 meses passou a apresentar adinamia, náuseas,<br />

vômitos não relacionados à alimentação e dor epigástrica.<br />

Após 1 mês, passou a evoluir com icterícia, não associada<br />

à colúria, acolia fecal ou prurido, tremor <strong>de</strong> extremida<strong>de</strong>s,<br />

aumento <strong>de</strong> volume abdominal e e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> membros inferiores.<br />

No dia anterior ao internamento havia apresentado um<br />

episódio <strong>de</strong> hematêmese. Não havia relato <strong>de</strong> patologias<br />

pregressas.<br />

A paciente havia sido tabagista e etilista, tendo cessado o<br />

uso há 5 meses e era usuária <strong>de</strong> drogas ilícitas (maconha,<br />

crack e cocaína). Não havia casos semelhantes na família,<br />

nem outras patologias relevantes.<br />

Ao exame físico da admissão, apresentava estado geral<br />

comprometido, hipocorada (2+/4+), ictérica (4+/4+), taquidispneica,<br />

orientada. Pressão arterial em <strong>de</strong>cúbito dorsal <strong>de</strong><br />

100 x 60 mmHg, frequência cardíaca <strong>de</strong> 92 bpm. Ausculta<br />

cardíaca e pulmonar fisiológica.<br />

O abdome era globoso por adiposida<strong>de</strong>, doloroso à palpação<br />

em epigástrio, e havia fígado palpável a 4cm do RCD, sem<br />

ascite. Extremida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong>maciadas (2+/4+), com presença<br />

<strong>de</strong> flapping.<br />

Os exames solicitados mostraram: anemia (Hb 8,9g/dl e Ht<br />

27,5%) macrocítica (VCM 101,47) e normocrômica, leucocitose<br />

(12.4060/mm 3 ) às custas <strong>de</strong> neutrófilos (8722/mm 3 ),<br />

plaquetas normais (216.000/mm 3 ), função renal levemente<br />

alterada (Cr 1,2 mg/dl e Ur 76), enzimas hepáticas aumentadas<br />

(AST <strong>31</strong>2, ALT 115, FA 2148 e GGT 854), bilirrubinas<br />

elevadas (BT 23.02, BD 20,04 e BI 2,98), albumina<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):29-33


V. M. B. Qu e i r o g a, M. R. F. Ma c ê d o, T. M. L. Ro l i m, F. S. R. P. Pe s s o a, D. B. Me n e s e s<br />

baixa (2,4) e TAP normal (ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 73%). O sumário <strong>de</strong><br />

urina apresentava proteinúria <strong>de</strong> 2+. A ultrassonografia <strong>de</strong><br />

abdome revelou fígado aumentado <strong>de</strong> volume, consistência<br />

homogênea, baço discretamente aumentado, ausência <strong>de</strong><br />

dilatação <strong>de</strong> vias biliares. EDA mostrou lesão <strong>de</strong> Dieulafoy,<br />

tenso sido realizado esclerose. Ecocardiograma mostrou<br />

cavida<strong>de</strong>s cardíacas <strong>de</strong> dimensões normais, função sistólica<br />

preservada, válvulas e pericárdio normais.<br />

Figura 2: Aspecto símile com aumento <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>. Vermelho<br />

Congo 20x.<br />

Durante internação, paciente evoluiu com piora dos níveis <strong>de</strong><br />

ureia e creatinina (Cr 4,7 e Ur 111) e queda da hemoglobina<br />

anemia (Hb 7,91). Os níveis <strong>de</strong> bilirrubinas e transaminases<br />

se elevaram (BT 26,47 e AST 461 e ALT 145) e houve alargamento<br />

do TAP (24%). As sorologias para hepatites A, B e C e<br />

HIV 1 e 2 foram negativas.<br />

A paciente passou a fazer uso <strong>de</strong> medicações para encefalopatia<br />

hepática e corticoi<strong>de</strong> 1mg/Kg <strong>de</strong>vido à hipótese <strong>de</strong><br />

doença autoimune.<br />

Figura 3: Depósitos amiloi<strong>de</strong>s corados por Vermelho Congo 40x.<br />

Evoluiu com <strong>de</strong>sorientação, agitação psicomotora, rebaixamento<br />

do sensório e dispneia, necessitando <strong>de</strong> suporte<br />

ventilatório, tendo evoluído com hipotensão refratária após<br />

intubação e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> droga vasoativa.<br />

155 <strong>31</strong><br />

<strong>31</strong>(1):29-33<br />

A gasometria mostrava pH 6,88; HCO 3<br />

5,0; pCO 2<br />

27 Sat O 2<br />

80 BE -30. Iniciou hemodiálise <strong>de</strong>vido à piora <strong>de</strong> escórias<br />

nitrogenadas, oligúria e acidose metabólica e foi transferida<br />

para Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva.<br />

Evoluiu com choque refratário e óbito 7 dias após admissão<br />

hospitalar. Após confirmação <strong>de</strong> morte encefálica, foi realizada<br />

biópsia hepática transcutânea para elucidação diagnóstica,<br />

que revelou amiloidose maciça (figuras 1, 2, 3 e 4).<br />

Figura 4: Envolvimento <strong>de</strong> espaço portal, inclusive <strong>de</strong> pare<strong>de</strong><br />

vascular. Vermelho Congo 20x.<br />

Figura 1: Deposição <strong>de</strong> substância amorfa e fibrilar, que se cora<br />

por Vermelho Congo, em meio às trabéculas hepáticas, em<br />

caráter maciço. Vermelho Congo 10x.<br />

Discussão<br />

Amiloidose é uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m do metabolismo das proteínas<br />

que leva ao <strong>de</strong>pósito extracelular <strong>de</strong> material proteináceo<br />

insolúvel. Os <strong>de</strong>pósitos amiloi<strong>de</strong>s são produzidos por várias<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):29-33


Insuficiência Hepática Grave Associada à Amiloidose Hepática: Relato <strong>de</strong> Caso<br />

156 32<br />

<strong>31</strong>(1):29-33<br />

doenças <strong>de</strong> diversas etiologias, e po<strong>de</strong>m estar presentes em<br />

um ou múltiplos órgãos 3 .<br />

Clinicamente, existem vários tipos <strong>de</strong> amiloidose, cuja classificação<br />

se baseia no maior componente amilói<strong>de</strong> presente 4 .<br />

A classificação mais popular subdivi<strong>de</strong> a amiloidose em<br />

primária (uma síndrome sem doenças preexistentes ou<br />

coexistentes) e secundária (associada a doenças inflamatórias<br />

crônicas); amiloidose localizada, familiar e associada<br />

ao mieloma múltiplo 3 . A amiloidose sistêmica resulta <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m clonal dos plasmócitos, que leva ao <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

imunoglobulinas <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias leves 2 .<br />

A ida<strong>de</strong> média ao diagnóstico é 65 anos, com apenas 1%<br />

dos pacientes apresentando menos <strong>de</strong> 40 anos. Dois terços<br />

são homens 4 .<br />

Os sintomas iniciais mais comuns são fadiga, dispneia, perda<br />

<strong>de</strong> peso, e<strong>de</strong>ma e parestesia 2 . Amiloidose po<strong>de</strong> causar<br />

sintomas gastrointestinais que se esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a boca<br />

até o ânus, incluindo macroglossia, disfagia, gastroparesia,<br />

constipação, diarreia, sangramento 2 . Quase um terço dos<br />

pacientes apresenta síndrome nefrótica. Síndrome do túnel<br />

do carpo, insuficiência cardíaca, neuropatia periférica e hipotensão<br />

ortostática são outras síndromes inicialmente vistas 4 .<br />

Na amiloidose primária, o fígado po<strong>de</strong> estar envolvido em<br />

mais <strong>de</strong> 70% dos casos, porém não é frequente haver manifestação<br />

clínica. O envolvimento hepático confere pobre<br />

prognóstico, refletindo doença mais avançada 5 .<br />

A clínica Mayo reportou sua experiência em 98 pacientes<br />

com amiloidose hepática, acompanhados no período <strong>de</strong> 22<br />

anos, e concluíram que hepatomegalia foi o sinal clínico mais<br />

comum, encontrada em 81% dos pacientes. A alteração<br />

laboratorial mais comum foi a elevação do fosfatase alcalina,<br />

que ocorreu em 86% dos casos, sendo superior a 500U/l<br />

em 61%. A concentração <strong>de</strong> aspartato aminotransferase foi<br />

maior que duas vezes o limite superior da normalida<strong>de</strong> em<br />

37%. Proteinúria foi encontrada em 89% dos pacientes. A<br />

sobrevida média dos doentes foi <strong>de</strong> 8,5 meses. Os preditores<br />

<strong>de</strong> prognóstico reservado nestes pacientes foram insuficiência<br />

cardíaca, elevada concentração <strong>de</strong> bilirrubinas e <strong>de</strong><br />

plaquetas 6 .<br />

As manifestações clínicas <strong>de</strong> envolvimento esplênico são<br />

infrequentes, mas incluem dor, infarto, ruptura e hipoesplenismo<br />

2 , que resulta do <strong>de</strong>pósito maciço <strong>de</strong> amiloi<strong>de</strong> no baço,<br />

interferindo na função fagocítica esplênica, resultando na<br />

formação dos corpúsculos <strong>de</strong> Howell-Jolly. No baço, mais<br />

<strong>de</strong> 30% das plaquetas po<strong>de</strong>m ser sequestradas e com a<br />

perda da função fagocítica, a trombocitose po<strong>de</strong> ocorrer.<br />

Portanto, a ocorrência <strong>de</strong> hipoesplenismo em um paciente<br />

com doença hepática po<strong>de</strong> sugerir amiloidose sistêmica 7 .<br />

Colestase intra-hepática severa é uma característica rara da<br />

amiloidose. Há apenas 27 casos <strong>de</strong>scritos na literatura. O<br />

mecanismo que leva à colestase não é conhecido, mas é<br />

provável que os <strong>de</strong>pósitos amiloi<strong>de</strong>s interfiram na passagem<br />

<strong>de</strong> bile. A maioria das obstruções biliares parece ocorrer<br />

entre os canalículos biliares e ductos biliares septais 8,9 .<br />

A presença <strong>de</strong> colestase intra-hepática em pacientes com<br />

amiloidose tem sido associada com pobre prognóstico.<br />

Vinte e dois dos 27 pacientes reportados com colestase<br />

intra-hepática morreram 6 meses após início da icterícia.<br />

Insuficiência renal foi a causa mais comum <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.<br />

A terapia específica com melfalan, prednisolona, ciclofosfamida,<br />

colchicina foi instituída em 9 pacientes, mas não houve<br />

resposta favorável 10,11,12 .<br />

Há relatos na literatura da ocorrência <strong>de</strong> amiloidose secundária<br />

em usuários <strong>de</strong> drogas endovenosas, <strong>de</strong>corrente do<br />

processo inflamatório prolongado presentes nas infecções<br />

cutâneas. O processo inflamatório necessita estar presente<br />

por muitos anos para ser consi<strong>de</strong>rado um fator etiológico<br />

importante, com média <strong>de</strong> 3 anos, segundo estudo realizado<br />

13, 14 .<br />

O diagnóstico é estabelecido através da <strong>de</strong>monstração<br />

<strong>de</strong> proteína amiloi<strong>de</strong> nos tecidos envolvidos. O <strong>de</strong>pósito<br />

amiloi<strong>de</strong> quando ligado ao vermelho congo produz birrefringência<br />

ver<strong>de</strong> quando examinado à microscopia óptica<br />

com luz polarizada. A biópsia do coxim adiposo é um<br />

procedimento simples e seguro que vai resultar positivo em<br />

85% dos pacientes portadores <strong>de</strong> amiloidose primária 3 . A<br />

biópsia hepática é segura, apresentando risco <strong>de</strong> sangramento<br />

<strong>de</strong> 4% 2 .<br />

Melfalan e prednisona têm sido o tratamento usado há<br />

vários anos, porém os resultados não estão sendo satisfatórios.<br />

Melfalan é utilizado na dose <strong>de</strong> 0,22 mg/kg/dia oral, por<br />

4 dias associado à <strong>de</strong>xametasona 40mg. Os ciclos são repetidos<br />

a cada 28 dias por um período não superior a 9 meses.<br />

Resposta hematológica foi observada em 67% em um trial e<br />

33% atingiram remissão hematológica completa.<br />

A melhora na função <strong>de</strong> órgãos acometidos foi vista em 50%<br />

dos pacientes que respon<strong>de</strong>ram. Pacientes com bom estado<br />

geral, sem comorbida<strong>de</strong>s e com mais <strong>de</strong> três órgãos acometidos,<br />

po<strong>de</strong>m ser candidatos ao transplante <strong>de</strong> medula óssea,<br />

sendo observada remissão em 50% dos pacientes tratados.<br />

Um estudo recente mostrou que a talidomida e a <strong>de</strong>xametasona<br />

po<strong>de</strong>m ser tratamento <strong>de</strong> segunda linha, com resposta<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):29-33


V. M. B. Qu e i r o g a, M. R. F. Ma c ê d o, T. M. L. Ro l i m, F. S. R. P. Pe s s o a, D. B. Me n e s e s<br />

hematológica em 48% e resposta na função dos órgãos em<br />

26%. Porém, a talidomida é pouco tolerada e associada com<br />

efeitos adversos significativos 15 . O transplante hepático po<strong>de</strong><br />

ser consi<strong>de</strong>rado, porém a supressão da produção <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />

leves é necessária para prevenir doença recorrente 16 .<br />

O tratamento <strong>de</strong> pacientes com amiloidose sistêmica é insatisfatório<br />

e o prognóstico, reservado. A sobrevida <strong>de</strong> pacientes<br />

com amiloidose primária é aproximadamente 20% em 5 anos,<br />

com uma sobrevida média <strong>de</strong> 20 meses. O prognóstico <strong>de</strong><br />

pacientes com colestase hepática parece ser pior (sobrevida<br />

média 3 meses) 17,18 .<br />

Em conclusão, amiloidose em pacientes jovens, evoluindo<br />

com icterícia e manifestações clínicas <strong>de</strong> envolvimento<br />

hepático, é uma característica rara e ainda pouco <strong>de</strong>scrita<br />

da amiloidose. A evolução com colestase no caso relatado<br />

indicou prognóstico reservado, tendo a paciente evoluído<br />

para óbito dois meses após o diagnóstico, confirmando os<br />

achados da literatura que <strong>de</strong>screvem sobrevida inferior a um<br />

ano nestes casos.<br />

Referências<br />

1.<br />

2.<br />

3.<br />

4.<br />

Braunwald, Fauci, Kasper, Hauser, Longo, Jameson. Harrison,<br />

Internal Medicine, 15th ed. México: Mc Graw Hill; 2001. Capítulo<br />

281, Amiloidose; p. 1701-1706.<br />

Hoffman: Hematology: Basic Principles and Practice, 5th ed.<br />

Phila<strong>de</strong>lphia : Elsevier; 2008. Chapter 89, Immunoglobulin lightchain<br />

amyloidosis (Primary amyloidosis).<br />

Sleisenger MH, Friedman SL, Feldman M. Gastrointestinal and<br />

Liver Disease. 7 th ed. Phila<strong>de</strong>lphia : Elsevier , 2003. Chapter<br />

34, Gastrointestinal and Hepatic Manifestations of Systemic<br />

Disease; p. 1607-1610.<br />

Lee Goldman, Dennis Ausiello. Cecil Medicine, 23th ed. Phila<strong>de</strong>lphia<br />

: Elsevier , 2007. Chapter 198, Plasma cells disor<strong>de</strong>rs; p.<br />

2083-2087.<br />

5. Buck FS, Koss MN. Hepatic amyloidosis: morphologic differences<br />

between systemic AL and AA types. Hum Pathol.<br />

1991;22:904–907.<br />

6. Primary (AL) Hepatic Amyloidosis Clinical Features and Natural<br />

History in 98 Patients Miguel A. Park, MD, Paul S. Mueller, MD,<br />

Robert A. Kyle, MD, Dirk R. Larson, MS, Matthew F. Plevak,<br />

BS, and Morie A. Gertz, MDMedicine _ <strong>Volume</strong> 82, Number 5,<br />

September 2003.<br />

7. Gertz MA, Kyle RA. Hepatic amyloidosis (primary [AL], immunoglobulin<br />

light chain): The natural history in 80 patients. Am J<br />

Med. 1988;85:73–80.<br />

8. Konikoff F, Mor C, Stern S, Shaklai M, Halevy J, Thedor E.<br />

Cholestasis and liver failure with lambda-AL amyloidosis. Gut<br />

1987;28:903-6.<br />

9. Hanna Sandberg-Gertze´n, Bo-Go¨ran Ericzon, Bjo¨rn Blomberg,<br />

Primary Amyloidosis With Spontaneous Splenic Rupture,<br />

Cholestasis, and Liver Failure Treated With Emergency Liver<br />

Transplantation. Am J gastroenterol 1998;93:2254-2256.<br />

10. Peters RA, Koukoulis G, Gimson A, Portmann B, Westaby D,<br />

Williams R. Primary amyloidosis and severe intrahepatic cholestatic<br />

jaundice. Gut 1994;35:1322-5.<br />

11. Konikoff F, Mor C, Stern S, Shaklai M, Halevy J, Thedor E.<br />

Cholestasis and liver failure with lambda-AL amyloidosis. Gut<br />

1987;28:903-6. Journal of Clinical Gastroenterology:<strong>Volume</strong><br />

23(2)September 1996pp 134-136.<br />

12. Hepatic Amyloidosis Presenting with Severe Intrahepatic<br />

Cholestasis [Case Studies] Goenka, M. K. M.D.; Bhasin, D. K.<br />

M.D.; Vasisth, R. K. M.D.; Dhawan, S. .M.D.<br />

13. Tan AU, Cohen AH, Levine BS. Renal amyloidosis in a drug<br />

abuser. J Am Nephrol. 1995; 5(9):1653-8.<br />

14. Osick LA, Lee TP, Pe<strong>de</strong>monte MB, Jacob L, Chauhan P, Navarro<br />

C, Comer GM. Hepatic amyloidosis in intravenous drug abusers<br />

and AIDS patients. J Hepatol. 1993; 19(1):79-84.<br />

15. Abeloff: Abeloff’s Clinical Oncology, 4th ed. Phila<strong>de</strong>lphia:<br />

Elsevier; 2008. Chapter 110, Multiple Myeloma and Related<br />

Disor<strong>de</strong>rs.<br />

16. Hoffman: Hematology: Basic Principles and Practice, 5th ed.<br />

Phila<strong>de</strong>lphia : Elsevier; 2008. Chapter 89, Immunoglobulin lightchain<br />

amyloidosis (Primary amyloidosis).<br />

17. Gladimir G, Ratko T, Steva P, Lidija B. The Liver in Systemic<br />

Amyloidosis. Arch Gastroenterol, 2000; 19: 54-59.<br />

18. Don C. Rockey, MD, Durham, NC. Striking Cholestatic<br />

Liver Disease: a distinct manifestation of advanced primary<br />

amyloidosis.J South Med.1999;2: 236-241.<br />

157 33<br />

<strong>31</strong>(1):29-33<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):29-33


Imagem em Foco<br />

Lesões <strong>de</strong> Cameron<br />

Lesions of Cameron<br />

Responsável: Eduardo Guimarães Hourneaux <strong>de</strong> Moura<br />

(e-mail: eduardogh<strong>de</strong>moura@gmail.com)<br />

Jo s é Au g u s to d e Ar a ú j o Pi r e s, Ma u r o d e De u s Pa s s o s, Ju s c e l i n o Nu n e s Vid a l, Al e x a n d r e Fo n to u r a Be z e r r a<br />

In s t i t u i ç ã o: Se r v i ç o d e Ga s t r o e n t e r o lo g i a d o Ho s p i ta l Un i v e r s i t á r i o d e Br a s í l i a - Br a s í l i a-DF<br />

Comentários<br />

158 34<br />

<strong>31</strong>(1):34-34<br />

As lesões <strong>de</strong> Cameron são uma causa pouco comum e esquecida <strong>de</strong> hemorragia digestiva, com consequente<br />

anemia ferropriva. Ocorrem em pacientes com hérnia hiatal, sendo vistas em 5,2% dos pacientes com esta condição<br />

que são submetidos a estudo endoscópico do trato digestivo alto. Estão situadas na porção distal ou no ístmo do<br />

segmento gástrico herniado, ao nível do pinçamento diafragmático. Historicamente, as lesões <strong>de</strong> Cameron foram<br />

<strong>de</strong>scritas como causa <strong>de</strong> sangramento gastrointestinal crônico e anemia ferropriva. Devido ao movimento da<br />

porção herniada do estômago para <strong>de</strong>ntro e fora do tórax, também são conhecidas como riding ulcers (úlceras<br />

“flutuantes”). Pacientes com lesões Cameron ten<strong>de</strong>m a ser do sexo feminimo e mais idosos.<br />

Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Paciente <strong>de</strong> 79 anos, encaminhada ao Serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília, com<br />

história <strong>de</strong> anemia ferropriva para investigação <strong>de</strong> possível sangramento digestivo alto.<br />

FOTO 1<br />

FOTO 2<br />

(A) Erosões curtas, enantematosas e recobertas<br />

por fibrina esbranquiçada, situadas no segmento<br />

gástrico herniado.<br />

(B) Pequena úlcera rasa, fusiforme, com fundo<br />

fibrinoso esbranquiçado com diminuto coágulo<br />

no seu centro.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência: e-mail: eduardogh<strong>de</strong>moura@gmail.com. Recebido em: 04/01/2012. Aprovação<br />

em: <strong>31</strong>/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):34-34


Imagem em Foco<br />

Linfoma Primário <strong>de</strong> Cólon<br />

Prymary limphoma of large bowell<br />

Responsável: Eduardo Guimarães Hourneaux <strong>de</strong> Moura<br />

(e-mail: eduardogh<strong>de</strong>moura@gmail.com)<br />

Isa b e l a C. Sa h i u m, Fá b i o Y. Ho n d o, An a C. Mo r e i r a, Ro g é r i o Ku g a, Ca r lo s K. Fu r u ya Jú n i o r, Br u n o C.<br />

Ma r t i n s, Ri c a r d o S. Ue m u r a, Pa u lo Sa k a i<br />

In s t i t u i ç ã o: Se r v i ç o d e En d o s c o p i a d o Ho s p i ta l Al e m ã o Os w a l d o Cr u z – SP – SP<br />

Comentários<br />

O linfoma colorretal primário é uma doença rara (0,2 a 0,6% <strong>de</strong> todas as neoplasias colônicas), apresentando<br />

pior prognóstico quando comparado com o linfoma gástrico primário ou com o a<strong>de</strong>nocarcinoma do cólon.<br />

É uma doença com sintomatologia inespecífica, o que dificulta o diagnóstico precoce. A importância <strong>de</strong>ste caso é<br />

mostrar as variadas formas <strong>de</strong> apresentação macroscópica do linfoma <strong>de</strong> células do manto (MCL), uma variante<br />

do linfoma não-Hodgkin <strong>de</strong> células B, <strong>de</strong> ocorrência rara no cólon.<br />

Relato <strong>de</strong> Caso<br />

Paciente 46 anos, feminino, assintomática, em exame <strong>de</strong> rotina, apresentou sangue oculto positivo. Foi submetida<br />

à colonoscopia que evi<strong>de</strong>nciou: lesões elevadas distribuídas em todo trajeto do cólon, incluindo óstio apendicular;<br />

algumas <strong>de</strong>las infiltrativas e outras subpediculadas, sendo a maior <strong>de</strong> 5 cm localizada em transição retossigmoi<strong>de</strong>.<br />

O exame histopatológico resultou em linfoma não-Hodgkin <strong>de</strong> células B, linfoma <strong>de</strong> célula do manto<br />

variante blastoi<strong>de</strong> com apresentação <strong>de</strong> polipose linfomatosa pela positivida<strong>de</strong> nuclear para ciclina D1, CD20 e<br />

Ki67. Submetida a 8 sessões <strong>de</strong> quimioterapia com esquema CHOP (ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e<br />

prednisona); em nova colonoscopia, observamos remissão macroscópica e ausência <strong>de</strong> infiltração residual no<br />

exame histológico.<br />

159 35<br />

<strong>31</strong>(1):35-35<br />

FOTO 1 FOTO 2 FOTO 3<br />

Lesão polipoi<strong>de</strong> pré-tratamento Lesão polipoi<strong>de</strong> Aspecto pós-quimioterapia<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência: e-mail: eduardogh<strong>de</strong>moura@gmail.com. Recebido em: 10/11/2011. Aprovação em:<br />

<strong>31</strong>/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):35-35


Imagem em Foco<br />

Compressão Extrínseca em Cólon Sigmoi<strong>de</strong><br />

Extrinsic Compression in Sigmoid Colon<br />

Responsável: Eduardo Guimarães Hourneaux <strong>de</strong> Moura<br />

(e-mail eduardoghmoura@gmail.com)<br />

Clo v i s d o Va lle<br />

In s t i t u i ç ã o: Cl í n i c a d e En d o s c o p i a <strong>Digestiva</strong> - Pa r a n á<br />

Comentários<br />

160 36<br />

<strong>31</strong>(1):36-36<br />

As imagens abaixo remetem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção do endoscopista quando se <strong>de</strong>para com imagens<br />

sugestivas <strong>de</strong> lesões subepiteliais, nas quais a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> secção da mucosa para abordagem direta da lesão<br />

é aventada. O risco <strong>de</strong> perfuração, nesta situação, é elevado, razão pela qual <strong>de</strong>vemos pensar na possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> compressão extrínseca.<br />

Relato <strong>de</strong> caso<br />

Paciente MHGV, <strong>31</strong> anos, sexo feminino, recebida para colonoscopia em janeiro <strong>de</strong> 2011, por apresentar dor<br />

abdominal. Ao exame observa-se lesão elevada compatível com nódulo submucoso com cerca <strong>de</strong> 2 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Ao toque com pinça, apresenta consistência firme e a mucosa que o recobre tem aspecto normal com sinal da<br />

tenda (imagem 1). Descrito no laudo: nódulo submucoso sugestivo <strong>de</strong> mioma da pare<strong>de</strong> do sigmoi<strong>de</strong>. Há indicação<br />

para ecoendoscopia. Paciente recebida para colonoscopia <strong>de</strong> acompanhamento do nódulo em janeiro <strong>de</strong> 2012.<br />

O exame mostrava-se normal (imagem 2). No intervalo entre os exames, a paciente foi submetida à histerectomia<br />

por apresentar útero miomatoso, inclusive com miomas subserosos fazendo proeminência extrauterina. A imagem<br />

que se viu no primeiro exame tratava-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes miomas uterinos, fazendo compressão no cólon.<br />

FOTO 1 FOTO 2<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência: e-mail: eduardogh<strong>de</strong>moura@gmail.com. Recebido em: 14/02/2012. Aprovação em:<br />

01/03/2012.<br />

GED gastroenterol. endosc. dig. 2012: <strong>31</strong>(1):36-36


O primeiro a gente<br />

nunca esquece 1<br />

O primeiro pack para o tratamento do H. pylori 1<br />

12 anos <strong>de</strong> pioneirismo<br />

no tratamento do H. pylori 1<br />

O tratamento triplo<br />

com lansoprazol,<br />

comprovadamente<br />

eficaz. 2-5<br />

7 dias<br />

28 dias<br />

14 dias<br />

Menor ocorrência<br />

<strong>de</strong> interação medicamentosa<br />

comparado ao omeprazol 4-5<br />

Referências Bibliográficas: 1. Dados IMS PMB. Dezembro/2011- Classe A02B2; 2. Uthaisaengsook W. Low dose, one-week triple therapy (lanzoprazole, amoxycillin, clarithromycin) for eradication of Helicobacter pylori infection. J<br />

Med Assoc Thai. 2003 Jul;86(7):599-602. 3. Fennerty MB, Kovacs TO, Krause R, Haber M, Weissfeld A, Siepman N, Rose P. A comparison of 10 and 14 days of lansoprazole triple therapy for eradication of Helicobacter pylori. Arch Intern<br />

Med. 1998 Aug 10-24;158(15):1651-6. 4. Blume H, Donath F, Warnke A, Schug BS. Pharmacokinetic drug interaction profiles of proton pump inhibitors. Drug Saf. 2006;29(9):769-84. 5. An<strong>de</strong>rsson T. Pharmacokinetics, metabolism and<br />

interactions of acid pump inhibitors. Focus on omeprazole, lansoprazole and pantoprazole. Clin Pharmacokinet. 1996 Jul;<strong>31</strong>(1):9-28.<br />

Pyloripac ® IBP - lansoprazol + claritromicina + amoxicilina. Indicações: alívio dos sintomas dispépticos relacionados à infecção por Helicobacter pylori e sua erradicação; pacientes com úlceras ativas ou história <strong>de</strong> úlcera<br />

há um ano. Contraindicações: pacientes com história <strong>de</strong> reação alérgica às penicilinas, hipersensibilida<strong>de</strong> aos componentes da fórmula, à eritromicina, a outros macrolí<strong>de</strong>os; distúrbios<br />

eletrolíticos, problemas cardíacos; pacientes em tratamento com terfenadina. Precauções e Advertências: não abrir ou mastigar as cápsulas; cautela em pacientes idosos, com disfunção hepática e/ou insuficiência renal<br />

mo<strong>de</strong>rada ou grave; possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência cruzada com outros macrolí<strong>de</strong>os; po<strong>de</strong> ocorrer anafilaxia, principalmente em histórias <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> às penicilinas, às cefalosporinas, não existem estudos a<strong>de</strong>quados<br />

durante a gestação humana; a amoxicilina é excretada no leite materno. Interações medicamentosas: lansoprazol: teofilina, sucralfato, fármacos que <strong>de</strong>pendam do pH gástrico; claritromicina:<br />

teofilina, carbamazepina, digoxina, cisaprida, primozida,terfenadina, astemizol, zidovudina; amoxicilina: probenecida, antibacterianos bacteriostáticos, alopurinol, digoxina, contraceptivos orais. Reações adversas: diarreia,<br />

cefaleia, tontura, náusea, constipação, epigastralgia, vômito, paladar alterado, elevação transitória <strong>de</strong> enzimas hepáticas incluindo aumento <strong>de</strong> enzimas hepáticas, hepatite colestática e/ou hepatocelular, com ou sem icterícia,<br />

glossite, estomatite e monilíase oral, reações alérgicas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> urticária e erupções cutâneas leves, até anafilaxia e síndrome <strong>de</strong> Stevens-Johnson, colite pseudomembranosa, anemia, trombocitopenia, púrpura trombocitopênica,<br />

eosinofilia, leucopenia e agranulocitose. Posologia: Pyloripac ® : 1 cápsula <strong>de</strong> lansoprazol 30 mg, 1 comprimido <strong>de</strong> claritromicina 500 mg e 2 cápsulas <strong>de</strong> amoxicilina 500 mg, ingeridos à cada 12 horas, em jejum, durante 7, 10<br />

ou 14 dias. Pyloripac ® IBP: 1 cápsula <strong>de</strong> lansoprazol 30 mg, uma vez ao dia, <strong>de</strong> 1 a 2 semanas. Após o uso <strong>de</strong> lansoprazol, iniciar o esquema tríplice ingeridos a cada 12 horas, em jejum, durante 7 dias. Po<strong>de</strong>-se também utilizar<br />

1 cápsula <strong>de</strong> lansoprazol 30 mg, por 1 a 2 semanas e após o esquema <strong>de</strong> eliminação do H. pylori, para complementação do tratamento e cicatrização da úlcera péptica. USO ADULTO. Registro no M.S: 1.0181.0<strong>31</strong>9. VENDA<br />

SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.<br />

©Medley 2012 ® Marca Registrada – Pyloripac ® IBP Anúncio Médico 2012 - 50514794 – Maio/2012. Material <strong>de</strong>stinado a profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!