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MONTE REDONDO 21 de Outubro de 2010
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Uziel Carvalho, técnico agrícola
UM OLHAR ATENTO
SOBRE A AGRICULTURA
“A agricultura tem perdido muito espaço em termos
de produção e esta situação é, de facto,
lamentável.” As palavras são de Uziel Carvalho,
natural de Monte Redondo, técnico agrícola e
proprietário das empresas Uziel Carvalho, Lda.
e Germiplanta. “Antigamente, a agricultura ia
muito além da subsistência”. Hoje, salienta, “a
pouca agricultura que existe em Monte Redondo
é apenas para o consumo das pessoas”. Esta
situação é, segundo Uziel Carvalho, “o resultado
da política agrícola do País e da política agrícola
comum”.
Em Monte Redondo e em toda a região norte, as
parcelas têm todas uma dimensão muito pequena,
afirma. Se antes, nesta zona, a agricultura
assentava na produção de cereais, presentemente,
“o milho é a cultura principal e não tem
viabilidade económica”. Com parcelas demasiado
pequenas e equipamentos excessivamente
caros, “a produção do milho não é rentável”, explica.
“Somos condicionados ao preço do mercado
comum e, posteriormente, aos preços do mercado
mundial; se não fossem as ajudas compensatórias,
Portugal deixava de poder produzir
cereais”, comenta. “Em 1985, o milho era vendido
a 55 escudos o quilo. Em 2009, um quilo de
milho custava o equivalente a 34 escudos, ou seja,
o preço do milho diminuiu e os custos de produção
– o gasóleo, os fertilizantes e a mão-de-obra
– triplicaram.”
Defende que “os diversos governos tomam este tipo
de medidas para alimentarem as pessoas a baixo
custo”, classificando esta visão estratégica de “fictícia”,
“pois quem paga as ajudas compensatórias
são as próprias pessoas, através dos impostos”.
A Uziel Carvalho, Lda. – a sua primeira empresa
– produz milho e cereais de Inverno (aveia e azevém).
O proprietário alugou as parcelas, comprou
equipamento e começou a produzir para alimentar
os seus animais, cerca de 400 cabeças de gado
bovino leiteiro. Nas suas duas empresas emprega
mais de meia centena de funcionários, incluindo
12 técnicos superiores. A Germiplanta nasceu
em 1987 e produz plantas hortícolas para o País
DR
inteiro, Galiza e Estremadura Espanhola. Sustenta
que “muita gente pensa que a agricultura é uma
actividade secundária, mas, em termos médios,
cada agregado familiar gasta 30% do nosso rendimento
em alimentação”. Logo, “com todas as
actividades que lhe estão associadas, pesa cerca
de 30% na economia do País. Será assim tão secundária?”,
interroga.
A Germiplanta iniciou a sua actividade com três
sócios fundadores e instalou-se em 1200m2, dos
quais 150m2 eram ocupados pela estrutura produtiva.
Dos 1200m2 iniciais, a empresa aumentou
muito rapidamente a sua área de produção,
subindo o volume de plantas vendidas de 1 200
000 no primeiro ano para 11 000 000 no terceiro
ano de produção. ●
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