Dietilcarbamazina, citrato - Farmanguinhos - Fiocruz
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DIETILCARBAMAZINA<br />
Nome Genérico: <strong>citrato</strong> de dietilcarbamazina<br />
Classe Química: derivado piperazínico<br />
Classe Terapêutica: antiparasitário, anti-helmíntico<br />
Forma Farmacêutica e Apresentação: <strong>Dietilcarbamazina</strong> 50 mg, em<br />
envelope com 10 comprimidos<br />
INDICAÇÕES<br />
• Filaríase linfática - profilaxia<br />
e tratamento<br />
• Loíase<br />
• Larva migrans visceral<br />
• Eosinofilia tropical<br />
<strong>Dietilcarbamazina</strong> é usada principalmente no tratamento de infecções por<br />
filária. Em algumas espécies, a droga é eficaz tanto nos estágios adulto<br />
como microfilárias, enquanto em outras espécies é ativa apenas contra as<br />
microfilárias e não confere erradicação da infecção.<br />
No tratamento da oncocercose tem sido substituída pelo ivermectina. Nas<br />
infecções por Loa loa existe o risco de encefalite por tratamento com<br />
dietilcarbamazina e, por isso, também se tem preferido o uso de ivermectina.<br />
CONTRA-INDICAÇÕES<br />
Não há contra-indicações absolutas ao uso de dietilcarbamazina, mas<br />
pacientes com hipertensão arterial e doença renal devem merecer cuidados<br />
especiais durante o tratamento.<br />
POSOLOGIA<br />
DIETILCARBAMAZINA • ANTI-HELMÍNTICO<br />
— Filaríase linfática: 50 mg/dia, como dose inicial, aumentando-se 0,5 a<br />
1 mg/kg/dia, durante 2 a 3 semanas. A dose deve ser fracionada em 3<br />
tomadas ao dia.<br />
O medicamento deve ser tomado após as refeições.<br />
Um segundo tratamento é aconselhável, geralmente após o tratamento<br />
com macrofilaricida.<br />
— Loíase: 10 mg/kg/dia, durante 2 a 3 semanas. Poderão ser necessárias<br />
duas a três séries de tratamento.<br />
— Eosinofilia tropical: 2 mg/kg, 3 vezes ao dia, durante 7 dias.<br />
Devido à ocorrência freqüente de reações alérgicas, geralmente se<br />
recomenda o uso de corticóide (prednisona, 0,5 a 1 mg/kg/dia) e antihistamínicos.<br />
— Oncocercíase: por causa dos efeitos adversos, há sérias limitações no<br />
tratamento da oncocercose. É recomendado o uso da ivermectina<br />
preferencialmente. Nas infecções maciças ou com lesões oculares, a dose é<br />
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de 0,5 mg/kg, em 1 tomada, no primeiro dia e 2 vezes no segundo; a seguir,<br />
1 mg/kg 3 vezes ao dia no terceiro dia e 2 a 3 mg/kg em 2 doses fracionadas<br />
durante 14 dias.<br />
A dietilcarbamazina tem sido utilizada na quimioprofilaxia das filarioses em<br />
regiões endêmicas, na dose de 4 a 6 mg/kg 1 vez por semana.<br />
A dosagem de dietilcarbamazina deve ser reduzida em pacientes com alcalose<br />
urinária persistente ou com disfunção renal.<br />
ANTI-HELMÍNTICO • DIETILCARBAMAZINA<br />
PRECAUÇÕES<br />
• Doença renal (a dosagem deve ser reduzida)<br />
GRAVIDEZ E LACTAÇÃO: “categoria C” do FDA (vide pág. 10)<br />
A dietilcarbamazina não tem efeitos teratogênicos em animais de<br />
laboratório.<br />
Tem sido usada durante a gravidez, mas não há estudos suficientes sobre<br />
sua segurança.<br />
EFEITOS ADVERSOS / REAÇÕES COLATERAIS<br />
Os efeitos adversos próprios da dietilcarbamazina são moderados e<br />
transitórios, queixando-se os pacientes de anorexia, náusea, cefaléia,<br />
tonteiras, mal-estar geral. Estas reações, apesar de freqüentes, não são<br />
graves e desaparecem em poucos dias, a despeito do prosseguimento da<br />
terapia.<br />
As reações do tipo alérgico, com sensação de mal-estar, cefaléia, artralgia,<br />
mialgia, exantemas urticariformes ou papulose, prurido, leucocitose e<br />
eosinofilia são geralmente precoces, aparecendo entre as 6 horas seguintes<br />
à primeira dose. O efeito máximo ocorre no 1 o . e 2° dias, desaparecendo<br />
completamente em 4 a 6 dias.<br />
A resposta alérgica, causada pela morte das microfilárias, manifesta-se por<br />
edema, conjuntivite, prurido intenso, dermatite e febre.<br />
A destruição dos parasitos no início do tratamento pode provocar reações<br />
de hipersensibilidade, às vezes graves em pacientes com infecção maciça<br />
por O. volvulus, verificando-se, habitualmente, uma reação típica que<br />
surge dentro de poucas horas após a primeira dose oral (reação de<br />
Mazzotti), consistindo de prurido intenso, exantema, aumento dos<br />
linfonodos, febre, taquicardia, artralgia e cefaléia. Estes sintomas<br />
persistem por 3 a 7 dias e desaparecem a seguir. A partir daí, o indivíduo<br />
pode tolerar doses muito elevadas.<br />
Podem ocorrer complicações oculares, incluindo limbite, ceratite, uveíte e<br />
atrofia do epitélio retiniano pigmentar.<br />
Em pacientes com filariose por W. bancrofti podem aparecer nódulos ao<br />
longo dos linfáticos, com linfadenite. Estes efeitos também desaparecem<br />
em poucos dias.<br />
Nos pacientes com infecção maciça por Loa loa podem ocorrer reações de<br />
encefalopatia.<br />
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Quase todos os pacientes que recebem tratamento com dietilcarbamazina<br />
apresentam leucocitose e eosinofilia a partir do 2° ou 5° dia, com pico<br />
máximo no 4° ou 5° dia e desaparecendo gradualmente em poucas semanas.<br />
Também pode ocorrer proteinúria reversível e a eosinofilia preexistente<br />
pode ser intensificada.<br />
Devem ser utilizadas baixas doses no início do tratamento, sobretudo na<br />
oncocercose e infecção causada por Loa loa, para minimizar as reações<br />
devidas à destruição dos parasitos.<br />
O tratamento prévio com corticosteróides pode ser instituído nestes casos.<br />
+ Mais freqüentes –<br />
Menos freqüentes<br />
SNC: mal-estar, cefaléia, sonolência, tontura, encefalite<br />
AD: náuseas, vômitos<br />
HEMAT: eosinofilia, leucocitose<br />
Outros: proteinúria, reações alérgicas e de hipersensibilidade, urticária,<br />
linfangite, linfadenopatia<br />
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS<br />
Os alcalinizantes urinários podem reduzir a perda de dietilcarbamazina na<br />
urina, enquanto os acidificantes aumentam a perda, diminuindo os seus<br />
efeitos terapêuticos.<br />
SUPERDOSAGEM<br />
Não relatada.<br />
FARMACOLOGIA CLÍNICA<br />
A dietilcarbamazina é um derivado piperazínico sintético, eficaz nas<br />
infecções causadas por Wuchereria bancrofti, W. (Brugia) malayi, Loa loa,<br />
Onchocerca volvus e Dipetalonema (Acanthocheilonema) perstans, bem<br />
como na Larva migrans visceral e cutânea e contra o Ascaris lumbricoides.<br />
Provoca rápido desaparecimento das microfilárias de Wulchereria bancrofti,<br />
Wulchereria malayi e Loa loa do sangue humano e das microfilárias de<br />
Onchocerca volvulus da pele.<br />
Não afeta as microfilárias nos nódulos que contêm as fêmeas adultas de<br />
Onchocerca, nem as microfilárias de W. bancrofti numa hidrocele.<br />
Existem provas presuntivas de que a droga mata as formas adultas de W.<br />
bancrofti, mas exerce pouca ação contra Onchocerca volvulus adulto.<br />
As microfilárias de todas as espécies são mortas rapidamente com a<br />
dietilcarbamazina, mas os vermes adultos morrem mais lentamente,<br />
geralmente requerendo várias séries de tratamento. A droga é altamente<br />
efetiva contra os parasitos adultos de Loa loa.<br />
• Mecanismo de Ação:<br />
As microfilárias movem-se periodicamente para diferentes partes do<br />
organismo do hospedeiro. Nos pacientes tratados com dietilcarbamazina<br />
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ANTI-HELMÍNTICO • DIETILCARBAMAZINA<br />
as microfilárias ficam presas no fígado e são destruídas pelos fagócitos. A<br />
dietilcarbamazina imobiliza as microfilárias, deslocando-as dos tecidos.<br />
Tem sido demonstrado que a dietilcarbamazina potencializa a ação da<br />
acetilcolina no músculo do parasita, podendo concorrer para as alterações<br />
na superfície das microfilárias e aumentando a vulnerabilidade ao processo<br />
de defesa do hospedeiro.<br />
O modo de ação contra os parasitos adultos é desconhecido.<br />
• Farmacocinética:<br />
A dietilcarbamazina é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal; é<br />
também absorvida pela pele. Os níveis séricos de 2 µg\ml de dietilcarbamazina<br />
são atingidos em 2 a 6 horas depois de uma dose oral de 3 mg\kg. A meia-vida<br />
plasmática é de 2 a 3 horas na presença de urina ácida e de aproximadamente<br />
10 horas se a urina é alcalina. É rapidamente distribuída em todos os tecidos,<br />
exceto o tecido gorduroso. Parte da droga é metabolizada a N-oxido, que<br />
possui atividade antifilarial. A droga é completamente eliminada do organismo<br />
em 48 horas. Aproximadamente 29% da droga ingerida são excretados na<br />
urina durante as primeiras 24 horas após a administração da droga. A<br />
excreção urinária é pH-dependente, com 60% da droga excretada dentro de<br />
48 horas a um pH 5 e menos de 10% a um pH 8.<br />
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