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na Indústria Brasileira de Revestimentos Cerâmicos

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• Até mesmo a quantida<strong>de</strong> produzida por uma empresa po<strong>de</strong><br />

ser afetada pela supervalorização do indicador qualida<strong>de</strong>. Em<br />

geral, os produtos que não aten<strong>de</strong>m os requisitos da primeira<br />

classe, são classificados em uma segunda categoria, posteriormente<br />

comercializada com <strong>de</strong>scontos que oscilam entre<br />

20 e 30%. Muitas vezes prefere-se interromper a produção do<br />

forno por longos períodos, do que permanecer produzindo um<br />

produto <strong>de</strong> segunda classe por algum tempo, o qual po<strong>de</strong>ria<br />

ser comercializado posteriormente com o <strong>de</strong>sconto citado.<br />

A seguir são discutidos alguns exemplos que visam ilustrar<br />

as perdas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> registradas em situações típicas do<br />

cotidiano <strong>de</strong> indústrias produtoras <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos, que<br />

ainda não se atentaram para a importância <strong>de</strong> um gerenciamento<br />

<strong>de</strong> roti<strong>na</strong> compatível com a competitivida<strong>de</strong> crescente do setor.<br />

3. Discussão<br />

3.1. Ajustes no processo para melhorar a qualida<strong>de</strong><br />

O processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos po<strong>de</strong> ser<br />

compreendido como uma sucessão <strong>de</strong> etapas inter-relacio<strong>na</strong>das, que<br />

realizadas <strong>de</strong> modo apropriado, levam à obtenção <strong>de</strong> um produto com<br />

as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sejadas, isento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos.<br />

No entanto, durante a fabricação é comum encontrar períodos<br />

em que são fabricados produtos que não aten<strong>de</strong>m os requisitos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> da empresa, geralmente pela presença <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos:<br />

• Trincas;<br />

• Cantos quebrados;<br />

• Bordas lascadas;<br />

• Falhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração;<br />

• Variações <strong>de</strong> to<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>;<br />

• Furos no esmalte;<br />

• Depressões; e<br />

• Saliências superficiais causadas por contami<strong>na</strong>ntes, etc.<br />

Como nem sempre as causas dos <strong>de</strong>feitos são evi<strong>de</strong>ntes, os<br />

encarregados <strong>de</strong> produção buscam através <strong>de</strong> ajustes experimentais<br />

ao longo das distintas etapas do processo <strong>de</strong> fabricação, obter a<br />

elimi<strong>na</strong>ção dos <strong>de</strong>feitos mencio<strong>na</strong>dos. No entanto, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />

ajustes efetuados no processo po<strong>de</strong>m representar um aumento<br />

consi<strong>de</strong>rável no custo <strong>de</strong> fabricação e com isso reduzir a produtivida<strong>de</strong><br />

da empresa.<br />

Consi<strong>de</strong>remos para exemplificar a questão colocada, uma<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da produção que vem apresentando índice <strong>de</strong> aprovação<br />

(qualida<strong>de</strong>) <strong>de</strong> 85%, cuja análise do principal <strong>de</strong>feito<br />

responsável pela <strong>de</strong>sclassificação <strong>de</strong> parte da produção indique<br />

a presença <strong>de</strong> trincas superficiais (ou estrias, como <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do<br />

em algumas fábricas). Dentre as atitu<strong>de</strong>s tomadas pelo supervisor<br />

<strong>de</strong> produção para solucio<strong>na</strong>r o problema está o aumento <strong>de</strong> 25%<br />

do peso aplicado <strong>de</strong> engobe <strong>na</strong> peça. Como muitas vezes a causa<br />

do <strong>de</strong>feito é <strong>de</strong>sconhecida, são tomadas várias ações corretivas<br />

simultaneamente. O aumento da camada <strong>de</strong> engobe acaba sendo<br />

uma alter<strong>na</strong>tiva freqüentemente utilizada, pois sob a ótica dos<br />

encarregados <strong>de</strong> produção, não trará nenhuma conseqüência<br />

prejudicial ao produto e sua maior preocupação no momento é<br />

aumentar a qualida<strong>de</strong>.<br />

O resultado da somatória <strong>de</strong> ações tomadas permite que a<br />

qualida<strong>de</strong> que era <strong>de</strong> 85% passe a ser 90%, sendo que dificilmente<br />

se consegue i<strong>de</strong>ntificar com clareza o efeito isolado do aumento<br />

da camada <strong>de</strong> engobe, pois a velocida<strong>de</strong> com que o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong>ve<br />

ser elimi<strong>na</strong>do faz com que várias ações sejam tomadas simultaneamente.<br />

Consi<strong>de</strong>rando os custos do engobe e os custos <strong>de</strong> fabricação<br />

médios encontrados em uma indústria <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos,<br />

calcula-se para a situação exemplificada que o aumento <strong>de</strong><br />

camada <strong>de</strong>scrito no exemplo em questão gera um incremento da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1,8% no custo <strong>de</strong> fabricação do produto. Por sua vez,<br />

o aumento do índice <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> obtido, permite que 5% da<br />

produção possa ser comercializada como produto <strong>de</strong> primeira<br />

classe, o que representaria um ganho <strong>de</strong> 1,3% <strong>na</strong> comercialização<br />

do total produzido. A análise dos números calculados pelas<br />

operações <strong>de</strong>scritas não <strong>de</strong>ixa nenhuma dúvida <strong>de</strong> que a ação<br />

tomada traz prejuízos para a produtivida<strong>de</strong> da empresa, visto que<br />

o aumento gerado no custo <strong>de</strong> fabricação do produto é superior<br />

à lucrativida<strong>de</strong> gerada pela produção <strong>de</strong> maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produtos <strong>de</strong> primeira classe.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que não é interessante para nenhuma empresa a<br />

produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> segunda classe.<br />

No entanto, é comum em uma situação <strong>de</strong>ste tipo que a camada <strong>de</strong><br />

engobe permaneça elevada até o fi<strong>na</strong>l da produção e que nenhum<br />

estudo a respeito da origem do problema seja realizado, buscando<br />

i<strong>de</strong>ntificar a causa real do problema e uma alter<strong>na</strong>tiva que não onere<br />

o custo <strong>de</strong> produção para a elimi<strong>na</strong>ção do <strong>de</strong>feito.<br />

Importante ressaltar ainda, que a análise realizada através<br />

<strong>de</strong>sse exemplo levou em conta ape<strong>na</strong>s o aumento da camada <strong>de</strong><br />

engobe. O aumento <strong>de</strong> custo gerado quando se eleva a espessura<br />

da camada <strong>de</strong> esmalte é ainda maior, visto que a participação <strong>de</strong>ste<br />

no custo <strong>de</strong> fabricação do produto fi<strong>na</strong>l é mais representativa.<br />

3.2. O <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> peças cruas para aumentar a qualida<strong>de</strong><br />

Na fabricação <strong>de</strong> revestimentos cerâmicos existem <strong>de</strong>feitos<br />

que po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados <strong>na</strong>s peças cruas, antes da etapa fi<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> queima. Geralmente existem alguns pontos ao longo da linha<br />

<strong>de</strong> produção on<strong>de</strong> a visualização dos mesmos tor<strong>na</strong>-se possível.<br />

É o caso dos grumos <strong>de</strong> esmalte que são imperceptíveis após a<br />

esmaltação, mas tor<strong>na</strong>m-se facilmente visíveis após a <strong>de</strong>coração.<br />

Determi<strong>na</strong>das falhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração e borrados também po<strong>de</strong>m ser<br />

observados instantaneamente após a aplicação das camadas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>coração, além dos cantos quebrados e dos furos causados <strong>na</strong><br />

aplicação no esmalte, que também po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados antes<br />

da etapa <strong>de</strong> queima.<br />

Nos casos em que os <strong>de</strong>feitos são visíveis, a orientação transmitida<br />

aos operadores <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável parte das indústrias <strong>de</strong><br />

revestimentos cerâmicos é <strong>de</strong>scartar as peças <strong>de</strong>feituosas antes <strong>de</strong><br />

entrar no forno. Assim, em períodos críticos da fabricação, é comum<br />

verificar alguns operadores posicio<strong>na</strong>dos ao lado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da<br />

linha <strong>de</strong> fabricação, retirando sucessivamente peças da linha<br />

<strong>de</strong> produção e transferindo-as para os carrinhos apropriados para<br />

o <strong>de</strong>scarte. A orientação para o <strong>de</strong>scarte das peças é realizada com<br />

o objetivo <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> daquela produção. Se as peças<br />

não forem <strong>de</strong>scartadas, serão classificadas <strong>na</strong> escolha como produtos<br />

<strong>de</strong> segunda classe e, conseqüentemente, o índice <strong>de</strong> aprovação<br />

(qualida<strong>de</strong>) será menor.<br />

Como muitas <strong>de</strong>stas peças <strong>de</strong>scartadas já estão esmaltadas e<br />

<strong>de</strong>coradas, restariam ape<strong>na</strong>s as etapas <strong>de</strong> queima, classificação e<br />

embalagem para concluir a fabricação do produto. Dessa forma, ao<br />

se <strong>de</strong>scartar as peças cruas, os custos envolvidos até esse estágio<br />

da fabricação não são revertidos em lucrativida<strong>de</strong> para a empresa<br />

e representam perdas consi<strong>de</strong>ráveis. Se tais peças fossem queimadas<br />

e classificadas, po<strong>de</strong>riam ser comercializadas com <strong>de</strong>scontos<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 25% e representariam uma perda <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong><br />

menor para as empresas. Infelizmente, esse tipo <strong>de</strong> orientação se<br />

apresenta amplamente difundida no setor e raras são as empresas<br />

que não impe<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>scarte das peças cruas com pequenos <strong>de</strong>feitos<br />

ao longo da linha <strong>de</strong> produção. Tal atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser melhor<br />

orientada se os indicadores <strong>de</strong> perdas fossem mais valorizados pelos<br />

Cerâmica Industrial, 13 (6) Novembro/Dezembro, 2008 15

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