40 anos Porsche 911 Turbo A história de um vencedor O modelo que sintetiza a quintessência em carro esporte está melhor do que nunca. Lançado no Salão do Automóvel de Paris de 1974, o Porsche 911 Turbo tornou-se rapidamente um dos automóveis mais desejados, cobiçados e admirados do mundo. Mais do que isso, transformou-se em um símbolo permanente da ousadia e excelência da marca. O 911 Turbo foi uma das apostas mais corajosas e bem-sucedidas da história da Porsche. Não se tratava simplesmente de introduzir no mercado uma tecnologia totalmente nova, mas também de ir contra todas as tendências e conveniências de momento. Em setembro de 1973, a Porsche exibiu um protótipo do 911 Turbo no Salão de Frankfurt, apenas para mostrar ao mundo como seria a futura versão: carroceria e rodas mais largas, asa traseira pronunciada, spoilers dianteiros. Era um carro- -boneco, mas o desenvolvimento do motor já estava bastante adiantado, em boa parte graças aos ensinamentos extraídos da vitoriosa participação da Porsche nos campeonatos Can-Am (Estados Unidos e Canadá) e Intersérie (na Europa) com os 917/10 e 917/30, imbatíveis com seus motores turbinados que desenvolviam de 800 a 1.100 cv. O engenheiro Ernst Fuhrmann, que quase vinte anos antes havia criado o bem-sucedido motor de quatro comandos, era um dos maiores incentivadores da introdução do motor turbo na linha Porsche. Um mês depois daquele Salão de Frankfurt, os países-membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram diminuir a produção de petróleo e aumentar o preço do barril em até 300%. Fazia muito tempo que a OPEP estava descontente com o valor do petróleo no mercado internacional, mas o pretexto dos países-membros foi o apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra Árabe-Israelense (ocorrida entre 6 e 26 de outubro de 1973). Na época, praticamente todos os países do mundo ocidental dependiam de petróleo importado e os estoques existentes seriam suficientes para abastecer os mercados internos somente durante alguns meses. A incerteza total quanto à regularização de fornecimento de petróleo levou a medidas drásticas de racionamento do consumo de combustível e também a uma recessão econômica em todo o mundo. Na Alemanha, a primeira fase da crise fez o governo simplesmente proibir a circulação de automóveis aos domingos e a implantar limites de velocidade entre 80 e 95 km/h – extensivos, por incrível que pareça, aos autódromos de Hockenheim e Nürburgring e às pistas de teste dos fabricantes, como a da Porsche em Weissach. Essas medidas foram revogadas após cinco semanas, durante as quais a Porsche teve permissão para usar um trecho de uma autobahn inacabada entre Würzburg e Heilbronn para fazer os necessários testes em alta velocidade de seus veículos. Subitamente, veículos de alta potência e grande tamanho, antes símbolos de status e/ou esportividade, passaram a ser vistos como poluidores e esbanjadores. Não por acaso, diversos fabricantes cancelaram (ou adiaram por alguns anos) o projeto e desenvolvimento de modelos e versões mais potentes. A palavra de ordem na indústria automobilística passou a ser o desenvolvimento de automóveis menores e, se fosse necessário para torná-los mais econômicos, menos potentes. Parecia o pior cenário possível para lançar um carro de alto desempenho e preço mais elevado. Mas a Porsche não se intimidou. Combinar potência com eficiência energética fazia parte das diretrizes da marca desde seu surgimento, em 1948. O motor turbo se enquadrava perfeitamente nessa definição. E a fábrica finalizou o desenvolvimento do 911 Turbo. Quando lançou o modelo no Salão de Paris, em setembro de 1974, a fase mais aguda da crise já havia ficado para trás. O 911 Turbo foi um sucesso imediato. E rapidamente garantiu seu lugar na galeria das obras de arte sobre rodas. 12 Clubnews
40 anos Aposta ousada, sucesso imediato – e duradouro. Em 2014, o Porsche 911 Turbo completa sua quarta década de existência e permanece como referência de carro esporte. Texto: Luiz Alberto Pandini • Fotos: Porschepress Clubnews 13