04.06.2015 Views

Evandro do Rainha da Paz

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

JUNHO / JULHO - 2015 15<br />

Musa Canal UBiS<br />

Dayane Torres, mora<strong>do</strong>ra de Águas Lin<strong>da</strong>s há 16<br />

anos, 22 anos de i<strong>da</strong>de, é modelo e funcionária<br />

pública. Foi <strong>Rainha</strong> <strong>do</strong> Rodeio Espora Bati<strong>da</strong><br />

2013/2014, semifinalista no Garota Rodeio Brasil em Barretos.<br />

Professora de <strong>da</strong>nça country, apaixona<strong>da</strong> pela cultura<br />

sertaneja, rodeios e tu<strong>do</strong> que se enquadra nesse universo. Cursan<strong>do</strong><br />

fisioterapia.<br />

Gosta de: Filme; Mergulho em uma paixão, livro; bíblia,<br />

í<strong>do</strong>lo; minha mãe pois foi nela que me inspirei pra realizar um<br />

<strong>do</strong>s meus maiores sonhos. Isso é um pouco dessa jovem maravilhosa<br />

e de um futuro extremamente promissor.<br />

Instagram: @<strong>da</strong>yanecowgirl<br />

Fotos: Mariana Melo<br />

UmPapo<br />

& UmTrago<br />

Com:<br />

Francisco Dara<br />

Publicitário, escritor, estu<strong>do</strong>u<br />

Filosofia, Teologia, Administração e<br />

Engenharia de Telecomunicações.<br />

Diretor executivo <strong>do</strong> Canal UBiS.<br />

_ Vamos conversar pra descontrair?<br />

A vi<strong>da</strong> an<strong>da</strong> meio complica<strong>da</strong><br />

e somente o conhecimento<br />

para alimentar os inconforma<strong>do</strong>s.<br />

Imposto de Ren<strong>da</strong><br />

Minha vi<strong>da</strong> começa hoje. Estou preso há<br />

666 dias. Acusações: extravio de <strong>do</strong>cumentos<br />

públicos confidenciais, invasão de<br />

privaci<strong>da</strong>de, sequestro, terrorismo, genocídio e outros 12 crimes que<br />

sinceramente nem me lembro. Condenação recebi<strong>da</strong>: pena de morte.<br />

Fico em uma sela isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> por ser considera<strong>do</strong> de alta<br />

periculosi<strong>da</strong>de, engraça<strong>do</strong>, logo eu.<br />

Já não durmo, mas meu corpo continua deita<strong>do</strong> e meus olhos<br />

permanecem fecha<strong>do</strong>s, pois sei que quan<strong>do</strong> abrir os olhos hoje, será<br />

pela última vez. São 22 de junho de 2026. Os outros presos estão<br />

agita<strong>do</strong>s, a grande maioria deles se diz “meu fã”, aplaudem quan<strong>do</strong><br />

eu passo, falam comigo, mas prefiro manter o silêncio e a nostalgia<br />

<strong>da</strong> minha solidão.<br />

Uma luz forte e reluzente invade minha íris ao finalmente<br />

abrir os olhos, logo após a bati<strong>da</strong> <strong>do</strong> guar<strong>da</strong> na minha sela. De<br />

mãos trêmulas o guar<strong>da</strong> Fábio, diz baixinho ao me aproximar<br />

para colocar as algemas.<br />

_ foi mau amigo, boa sorte! Percebi em sua voz um tom triste<br />

e uma sensação de indisposição pra cumprir sua ordem de me levar<br />

pelo corre<strong>do</strong>r <strong>da</strong> morte.<br />

As sirenes tocam avisan<strong>do</strong> que já é hora <strong>da</strong> execução, Fábio<br />

o guar<strong>da</strong>, acompanha<strong>do</strong> de outros quatro agentes, segura minhas<br />

mão e me conduz pelo corre<strong>do</strong>r, onde outros presos, em um silêncio<br />

quase estridente, que machucam meus ouvi<strong>do</strong>s como um grito agu<strong>do</strong> e<br />

ensurdece<strong>do</strong>r. Ao fim <strong>do</strong> pavilhão, ouço um barulho que vai fican<strong>do</strong><br />

mais claro à medi<strong>da</strong> que me conduzem à sala de infeção letal. Ouço<br />

pessoas gritan<strong>do</strong> meu nome e chaman<strong>do</strong>-me de “herói” em meio a<br />

outras palavras de ordem e a gritos de “assassino, morra!”. Perguntei<br />

aos agentes:<br />

_ o que está haven<strong>do</strong> lá fora?<br />

_ nem queira saber! Respondeu um deles, claramente surpreso<br />

<strong>do</strong> que se tratava.<br />

_ é um protesto gigantesco – diz Fábio – <strong>do</strong> tipo que nunca vi<br />

antes em to<strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> de agente.<br />

_ e qual o motivo? – pergunto eu – não enten<strong>do</strong>!<br />

_ como você mesmo pode ouvir há um confronto de opiniões a<br />

respeito <strong>da</strong> sua condenação. Muitos te chamam de herói e outros<br />

de assassino, mas a grande maioria está <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> – diz Fábio,<br />

quase que sussurran<strong>do</strong>.<br />

Mais uma vez baixo a cabeça, fecho os olhos, por alguns segun<strong>do</strong>s,<br />

e em um singelo sorriso, meio que de canto <strong>da</strong> boca, agradeço<br />

WWW.REVISTAEVYDENCE.COM<br />

a Deus por tu<strong>do</strong> que fiz, as vi<strong>da</strong>s que tirei e por tamanha glória em<br />

minha morte. Continua...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!