CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE
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UNIVERSIDADE <strong>FEEVALE</strong><br />
CAROLINE FERNANDES<br />
ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E REOLÓGICAS DE ADESIVOS<br />
HOT MELT PSA COM VARIAÇÃO DE PLASTIFICANTES E ELASTÔMEROS<br />
NOVO HAMBURGO<br />
2010
CAROLINE FERNANDES<br />
ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E REOLÓGICAS DE ADESIVOS<br />
HOT MELT PSA COM VARIAÇÃO DE PLASTIFICANTES E ELASTÔMEROS<br />
Trabalho de Conclusão de Curso<br />
apresentado como requisito parcial à<br />
obtenção do grau de Bacharel em<br />
Engenharia Industrial Química pela<br />
Universidade Feevale.<br />
Orientador: Prof. Dr. Fabrício Celso<br />
Novo Hamburgo<br />
2010
CAROLINE FERNANDES<br />
Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Industrial Química, com<br />
título “Estudo das propriedades mecânicas e reológicas de adesivos Hot Melt<br />
PSA com variação de plastificantes e elastômeros”, submetido ao corpo docente<br />
da Universidade Feevale, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em<br />
Engenharia Industrial Química.<br />
Aprovado por:<br />
___________________________________<br />
Prof. Dr. Fabrício Celso<br />
Professor Orientador – Universidade Feevale<br />
___________________________________<br />
Prof. Dr. Ricardo Martins de Martins<br />
Banca Examinadora - Universidade Feevale<br />
___________________________________<br />
Profa. Dra. Vanusca Dalosto Jahno<br />
Banca Examinadora - Universidade Feevale<br />
___________________________________<br />
Mrs Geovana Bockorny<br />
Banca Examinadora - Artecola Indústrias Químicas<br />
Novo Hamburgo, Dezembro de 2010
AGRADECIMENTOS<br />
Aos meus pais por todo incentivo e apoio.<br />
À empresa Artecola Indústrias Químicas, pela colaboração na realização<br />
deste trabalho.<br />
Aos meus amigos da empresa Artecola, em especial aos amigos do<br />
Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Adesivos Hot Melt, pela ajuda<br />
indispensável.<br />
Ao professor Fabrício Celso pela ajuda neste trabalho.
RESUMO<br />
A utilização de adesivos do tipo Hot Melt PSA (Adesivo Sensível à Pressão) vem<br />
crescendo significativamente no mercado brasileiro, principalmente nos setores de<br />
produtos descartáveis, higiênicos e gráficos. Devido a este crescimento industrial, e<br />
com o intuito de conhecer e explicar suas propriedades mecânicas e comportamento<br />
reológico, muitos estudos estão sendo feitos, relacionando estas características com<br />
suas composições. Neste trabalho foram desenvolvidas e estudadas formulações<br />
deste tipo de adesivo, através de variações dos óleos plastificantes (parafínicos e<br />
naftênicos) e dos elastômeros termoplásticos (SIS Linear, SIS Radial e SBS Linear),<br />
utilizados em uma formulação já conhecida comercialmente. Desta forma foi possível<br />
avaliar as propriedades mecânicas e o comportamento reológico relacionado à<br />
variação de viscosidade em função da temperatura comparando os resultados<br />
obtidos com o referencial teórico. Ensaios utilizados na indústria de adesivos foram<br />
realizados para caracterizar os adesivos testados quanto à coesão, tack, resistência<br />
à temperatura, ponto de amolecimento e viscosidade. Os resultados mostraram que<br />
tanto as variações de óleo plastificante quanto elastômero, têm efeito significativo<br />
sobre todas as propriedades mecânicas dos adesivos, sendo possível assim,<br />
associar a melhor formulação com a aplicação final necessária, como no caso dos<br />
adesivos produzidos a partir dos elastômeros SIS Linear e Radial, que independente<br />
dos óleos utilizados, apresentaram as menores viscosidades, com exceção da<br />
amostra que foi produzida com elastômero SIS Linear e óleo parafínico. Já as<br />
amostras elaboradas com elastômero SBS Linear, apresentaram as viscosidades<br />
mais elevadas, o que dificulta a aplicação.<br />
Palavras Chaves: Adesivos PSA; plastificantes; elastômeros.
ABSTRACT<br />
The use of Hot Melt PSA (Pressure Sensitive Adhesive) type adhesives has been<br />
growing significantly in Brazilian market, mainly in the sectors of in disposable<br />
hygienic and graphic products. Due to this industrial growth and with to aim of<br />
knowing and explaining their mechanical properties and rheological behavior, many<br />
studies have been made, linking these characteristics with their compositions. In this<br />
work, formulations of this type of adhesive were developed and studied, through<br />
variations of plastifying oils (paraffinic and naphthenic) and the thermoplastic<br />
elastomer (SIS Linear, SIS Radial and SBS Linear), used in a commercially known<br />
formulations. This is how it was possible to evaluate the mechanical properties and<br />
rheological behavior, related to variation of viscosity as a function of temperature,<br />
comparing the results obtained with the theoretical reference. Experiments used in<br />
the adhesive industry were performed to characterize the adhesive tested in terms of<br />
coesion, tack, temperature resistance, ring and ball and viscosity. The results<br />
showed that either variations of plastifying oils or elastomer have a significant effect<br />
over all mechanical properties of adhesives, so it is possible associate with the best<br />
formulation to final application required, as in the case the adhesives produced from<br />
SIS Linear and SBS Radial elastomers, that indifferently or the oils used, showed the<br />
least viscosities, excepting the sample produced with SIS Linear elastomer and<br />
paraffinic oil. Now the samples elaborated with SBS Linear elastomer showed the<br />
highest viscosities which makes application difficult.<br />
Key words: Adhesives PSA; plastifying; elastomer.
LISTA DE ABREVIATURAS<br />
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas<br />
ABS – Acrilonitrila-Butadieno-Estireno<br />
ASTM – Sociedade Americana de Testes e Materiais<br />
BOPP – Polipropileno Biorientado<br />
cP – Centipoise<br />
DOP – Di-octil-ftalato<br />
EPDM – Etileno-Propileno-Dieno<br />
EVA – Etileno-acetate de Vinila<br />
mPa.s – Milipascais<br />
N – Newton<br />
PET – Politereftalato de etileno<br />
PSA – Adesivos Sensíveis à Pressão<br />
PVA – Polia-acetato de Vinila<br />
SBC – Copolímero em Bloco de Estireno<br />
SBR – Borrachas de butadieno – estireno<br />
SBS – Estireno-Butadieno-Estireno<br />
SIS – Estiren-Isopreno-Estireno<br />
T g – Transição Vítrea
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1: Adesão por ligação química ....................................................................... 14<br />
Figura 2: Adesão por ancoragem mecânica .............................................................. 14<br />
Figura 3: Representação de um copolímero aleatório ............................................... 20<br />
Figura 4: Representação de um copolímero alternado ............................................. 20<br />
Figura 5: Representação de um copolímero em bloco .............................................. 20<br />
Figura 6: Representação de um copolímero enxertado ............................................ 20<br />
Figura 7: Representação da molécula da borracha termoplástica ............................ 21<br />
Figura 8: Representação dos monômeros e seus respectivos polímeros ................. 22<br />
Figura 9: Resinas Hidrocarbônicas ........................................................................... 26<br />
Figura 10: Estrutura molecular do óleo aromático ..................................................... 30<br />
Figura 11: Estrutura molecular do óleo parafínico ..................................................... 31<br />
Figura 12: Estrutura molecular do óleo naftênico ...................................................... 31<br />
Figura 13: Caracterização de Reopexia .................................................................... 34<br />
Figura 14: Comportamento Tixotrópico ..................................................................... 35<br />
Figura 15: Comportamento Pseudoplástico .............................................................. 36<br />
Figura 16: Comportamento Dilatante ........................................................................ 36<br />
Figura 17: Comportamento Plástico .......................................................................... 37<br />
Figura 18: Equipamento de Bola e Anel .................................................................... 40<br />
Figura 19: Teste de Rolling Ball ................................................................................ 41<br />
Figura 20: Rampa para teste de Rolling Ball ............................................................. 41<br />
Figura 21: Esferas para teste de Rolling Ball ............................................................ 41<br />
Figura 22: Placa de metal contendo 10g de adesivo ................................................. 42<br />
Figura 23: Placa de adesivo dentro do recipiente de metal. Conjunto colocado na<br />
chapa aquecedora para a fusão do adesivo ............................................................. 43<br />
Figura 24: Adesivo já fundido e solidificado sobre a placa de metal ......................... 43<br />
Figura 25: Placa de metal encaixada sobre o suporte inferior................................... 43<br />
Figura 26: Pino superior sendo pressionado com uma força de 10N sobre o adesivo<br />
.................................................................................................................................. 44<br />
Figura 27: Descolagem do pino sobre o adesivo, determinação da força máxima em<br />
Newton (N) ............................................................................................... 44<br />
Figura 28: Representação de teste Saft Tack em adesivos PSA .............................. 45<br />
Figura 29: Representação de teste Holding Power em adesivos PSA ...................... 46<br />
Figura 30: Caracterização das curvas de viscosidade das amostras A1 (a), A2 (b),<br />
A3(c), A4 (d), A5 (e), A6 (f), A7 (g), A8 (h), 9 (i) e Padrão (j). .................. 55
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1: Primeira etapa dos experimentos somente com variação dos óleos<br />
plastificantes ............................................................................................. 51<br />
Tabela 2: Segunda etapa dos experimentos com variação dos óleos plastificantes e<br />
das borrachas termoplásticas ................................................................... 52<br />
Tabela 3: Resultados das análises de viscosidade das amostras confeccionadas nas<br />
duas etapas de produção. ........................................................................ 53<br />
Tabela 5: Resultados de teste de Rolling Ball. .......................................................... 56<br />
Tabela 6: Resultados do teste de Probe Tack........................................................... 57<br />
Tabela 7: Resultados de teste de Saft Tack. ............................................................. 58<br />
Tabela 8: Resultados de teste de Holding Power. ..................................................... 58
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11<br />
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13<br />
1.1 ADESIVOS .......................................................................................................... 13<br />
1.2 ANCORAGEM MECÂNICA ................................................................................. 13<br />
1.3 ADESÃO ............................................................................................................. 13<br />
1.4 COLAGEM .......................................................................................................... 14<br />
1.5 COESÃO ............................................................................................................. 15<br />
1.6 TECNOLOGIAS UTILIZADAS PARA ELABORAÇÃO DE ADESIVOS ............... 15<br />
1.6.1 Adesivos base aquosa ................................................................................... 16<br />
1.6.2 Adesivos base solvente ................................................................................. 16<br />
1.6.3 Adesivos hot melt .......................................................................................... 16<br />
1.7 ADESIVOS HOT MELT PSA ............................................................................... 17<br />
1.7.1 Composição de adesivos hot melt PSA ....................................................... 18<br />
1.8 CONCEITOS DE REOLOGIA ............................................................................. 33<br />
1.8.1 Comportamento dos fluidos .......................................................................... 33<br />
1.8.2 Comportamento elástico de fluidos viscoelásticos .................................... 37<br />
1.8.3 Comportamento viscoelástico de fluidos .................................................... 38<br />
1.8.4 Comportamento viscoelástico de fluidos em função da temperatura ....... 38<br />
1.9 ANÁLISES UTILIZADAS PARA CARACTERIZAÇÃO DE ADESIVOS HOT MELT<br />
PSA ..................................................................................................................... 39<br />
1.9.1 Viscosidade .................................................................................................... 39<br />
1.9.2 Ponto de amolecimento ................................................................................. 39<br />
1.9.3 Rolling Ball ...................................................................................................... 40<br />
1.9.4 Prob Tack adaptado para dinamômetro ....................................................... 41<br />
1.9.5 Saft Tack– Resistência do adesivo à temperatura ...................................... 45<br />
1.9.6 Holding Power – Resistência do adesivo à temperatura ambiente............ 45<br />
1.10 UTILIZAÇÃO NO MERCADO ............................................................................ 46<br />
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 49<br />
2.1 OBJETIVO ........................................................................................................... 49<br />
2.2 MATERIAIS ......................................................................................................... 49<br />
2.2.1 Matérias - primas utilizadas para as formulações ....................................... 49<br />
2.2.2 Materiais utilizados para realização dos testes e análises ......................... 49<br />
2.3 EXPERIMENTAL ................................................................................................. 50<br />
2.3.1 Preparação das amostras e ensaios............................................................. 52<br />
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 53<br />
3.1 ANÁLISE DE VISCOSIDADE .............................................................................. 53<br />
3.2 CURVAS DE VISCOSIDADE .............................................................................. 54<br />
3.3 ANÁLISE DE PONTO DE AMOLECIMENTO ...................................................... 56<br />
3.4 ANÁLISE DE ROLLING BALL ............................................................................. 56<br />
3.5 PROBE TACK ..................................................................................................... 57<br />
3.6 SAFT TACK – RESISTÊNCIA DO ADESIVO À TEMPERATURA ...................... 58<br />
3.7 HOLDING POWER – RESISTÊNCIA DO ADESIVO À TEMPERATURA<br />
AMBIENTE .......................................................................................................... 58
3.8 COLAGEM .......................................................................................................... 59<br />
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 60<br />
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62
11<br />
INTRODUÇÃO<br />
Adesivos são conceituados como substâncias sintéticas, normalmente<br />
poliméricas, capazes de manter dois materiais unidos, colados entre si. Existem três<br />
tecnologias utilizadas para a produção de adesivos: aquosos, sintéticos e adesivos<br />
sólidos, mais comumente conhecidos como adesivos termofusíveis ou hot melt.<br />
Adesivos aquosos são dispersos em água, adesivos sintéticos são produzidos à<br />
base de solventes orgânicos e os adesivos hot melt ou termoplásticos são adesivos<br />
100 % sólidos, que não possuem qualquer tipo de solvente, o que facilita o processo<br />
de colagem, que é extremamente rápido, bastando fundir o adesivo e resfriá-lo, para<br />
que a colagem esteja efetivada.<br />
Adesivos hot melt constituem uma tecnologia em ascensão pelos ganhos<br />
econômicos e ambientais no seu uso, e dentro desta classe de adesivos existem os<br />
adesivos do tipo hot melt PSA (Pressure Sensitive Adhesive), que também vêm<br />
crescendo significativamente no mercado brasileiro, principalmente nos setores de<br />
produtos descartáveis, higiênicos e gráficos.<br />
Adesivos hot melt PSA são adesivos sensíveis à pressão, também<br />
conhecidos como adesivos de tack permanente, ou seja, apresentam pegajosidade<br />
à temperatura ambiente. Por esta característica, aderem firmemente a uma<br />
variedade de superfícies diferentes após um breve contato, utilizando-se uma<br />
pressão manual.<br />
Estes adesivos são utilizados principalmente na fabricação de fitas adesivas,<br />
esparadrapos, produtos higiênicos como fraldas e absorventes descartáveis,<br />
rotulagem de garrafas PET, colagem de envelopes plásticos invioláveis, aplicações<br />
eletrônicas, domésticas, industriais e médicas.<br />
Adesivos hot melt PSA são produzidos a partir de copolímeros em bloco de<br />
poliestireno com polibutadieno ou poliisopreno, do tipo estireno – butadieno –<br />
estireno (SBS) e estireno – isopreno – estireno (SIS). Juntamente com este<br />
copolímero são utilizadas resinas taquificantes, aditivos antioxidantes e óleos<br />
plastificantes.<br />
O polímero base e as resinas são responsáveis pela flexibilidade e tack do<br />
adesivo, os óleos plastificantes facilitam o processamento, a flexibilidade e
12<br />
influenciam a viscosidade, por sua vez os aditivos antioxidantes tem o objetivo de<br />
reduzir a oxidação do adesivo.<br />
Cada formulação é desenvolvida de acordo com a necessidade da aplicação<br />
final e caso um determinado adesivo seja mal utilizado, pode comprometer ou alterar<br />
o resultado final dos produtos onde serão aplicados. Para evitar que tais problemas<br />
ocorram, vários testes são realizados pelos próprios fabricantes para não<br />
comprometer o resultado final.<br />
Nos últimos anos, muitos estudos vêm sendo realizados com o intuito de<br />
conhecer e explicar as propriedades mecânicas e o comportamento reológico,<br />
buscando relacionar estas características com suas composições, visando uma<br />
melhor associação com a aplicação final.<br />
Neste trabalho, foram desenvolvidas e estudadas formulações de adesivos<br />
hot melt PSA, através de variações dos óleos plastificantes (parafínicos e naftênicos)<br />
e dos elastômeros termoplásticos (SIS Linear, SIS Radial e SBS Linear), utilizados<br />
em uma formulação já conhecida comercialmente.<br />
Para avaliar cada formulação, testes de Probe tack, Saft Tack, Holding<br />
Power, viscosidade, ponto de amolecimento e colagem foram realizados,<br />
caracterizando os adesivos quanto à coesão, tack, resistência à temperatura, ponto<br />
de amolecimento e viscosidade.
13<br />
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
1.1 ADESIVOS<br />
Adesivos são conceituados como substâncias sintéticas, normalmente<br />
poliméricas, capazes de manter dois materiais unidos, colados por forças de<br />
superfície (devido às forças de atração entre as superfícies) ou por ancoragem<br />
mecânica (relacionada com a penetração do adesivo no substrato), no qual as<br />
superfícies a serem unidas denominam-se substratos. Podem ser tanto rígidos<br />
quanto flexíveis. As forças de superfície podem ser classificadas em força de adesão<br />
e força de coesão.<br />
1.2 ANCORAGEM MECÂNICA<br />
Na ancoragem mecânica, as forças de ligação entre o adesivo e o substrato<br />
são originadas pela difusão das cadeias poliméricas ou de seus segmentos<br />
individuais, através de espaços formados por irregularidades na superfície do<br />
substrato. É baseada nas características essenciais dos polímeros, estrutura da<br />
cadeia e flexibilidade das moléculas. Este fenômeno ocorre em substratos que<br />
apresentam rugosidade macroscópica, nos quais este mecanismo de adesão é<br />
chamado de ancoragem mecânica e em substratos com superfície lisa, porém, em<br />
escala microscópica.<br />
1.3 ADESÃO<br />
Adesão é a aderência do adesivo ao substrato. A aderência depende<br />
principalmente do material e acabamento superficial do substrato, bem como da<br />
"pegajosidade" do adesivo. Colas mais pegajosas possuem normalmente melhor<br />
aderência ou adesão. Os dois principais tipos de adesão são a química ou
14<br />
específica, que depende da afinidade química entre adesivo e substrato, relacionada<br />
com a força da ligação química existente entre ambos; e a adesão mecânica, que<br />
ocorre de acordo com a penetração do adesivo nos poros do substrato. As figuras 1<br />
e 2 representam estes dois tipos de adesão.<br />
Figura 1: Adesão por ligação química<br />
Fonte: SPECIALCHEM, 2010.<br />
Figura 2: Adesão por ancoragem mecânica<br />
Fonte: SPECIALCHEM, 2010.<br />
1.4 COLAGEM<br />
Colagem é o ato de unir dois ou mais tipos de substratos com a utilização de<br />
um adesivo. Esta colagem será efetuada através das forças de adesão e coesão,<br />
porém, alguns fatores podem afetar a adesão, como as condições de formação da<br />
junta adesiva, a pressão aplicada no momento da colagem, a temperatura, a<br />
rugosidade do substrato, a estrutura química do adesivo e do substrato e o tipo de
15<br />
forças intermoleculares atrativas (SATAS, 1989). Para otimizar a resistência de uma<br />
colagem, deve-se observar aspectos como a utilização de adesivos compatíveis às<br />
superfícies a serem coladas, a limpeza dos substratos, uso de adesivos com<br />
viscosidade coerente com a porosidade das superfícies, camadas de adesivos que<br />
apesar de finas possuam aderência suficiente, entre outras.<br />
1.5 COESÃO<br />
Coesão pode ser definida como resistência interna do adesivo, e consiste na<br />
capacidade do filme de adesivo de resistir a uma força de descolagem. Em outras<br />
palavras, é a força que o filme de adesivo oferece à deformação mecânica. Com o<br />
aumento da temperatura, o adesivo tende a ficar mais flexível e cede aos esforços<br />
de deformação, portanto a sua coesão é menor. Está relacionada às forças<br />
intermoleculares atuantes entre os materiais constituintes do adesivo. Os principais<br />
fatores que afetam as propriedades de coesão dos adesivos são: o estado físico do<br />
adesivo e a estrutura da cadeia. Materiais sólidos apresentam forças<br />
intermoleculares mais fortes que materiais líquidos, devido ao menor movimento<br />
molecular, que permite uma maior aproximação das cadeias, e com isso, forças<br />
intermoleculares mais fortes. Já adesivos produzidos a partir de polímeros com<br />
cadeia ramificada apresentam resistência ao deslizamento, o que confere maior<br />
adesão ao adesivo, porém, os com cadeia linear possuem o deslizamento facilitado.<br />
1.6 TECNOLOGIAS UTILIZADAS PARA ELABORAÇÃO DE ADESIVOS<br />
Existem três tecnologias utilizadas para a produção de adesivos: adesivos<br />
base aquosa, adesivo base solvente e adesivos sólidos, mais comumente<br />
conhecidos como adesivos termofusíveis ou hot melt. Esta classificação está<br />
relacionada com o polímero base e o meio em que está dissolvido.
16<br />
1.6.1 Adesivos base aquosa<br />
Este tipo de adesivo é disperso em água e normalmente são formulados a<br />
partir de polímeros naturais como amido e caseína, PVA (poli-acetato de vinila),<br />
poliacrilatos, dispersões de poliuretano, policloropreno, SBR e látex de borracha<br />
natural. Como alguns destes polímeros não são solúveis em água, utilizam-se<br />
agentes tensoativos específicos para que haja a estabilidade da dispersão do<br />
polímero.<br />
1.6.2 Adesivos base solvente<br />
Este tipo de adesivo é dissolvido em solventes orgânicos, e o tipo de<br />
solvente usado depende do polímero base da formulação. Os mais utilizados são<br />
tolueno, hexano, misturas de frações alifáticas de seis a oito carbonos, acetona,<br />
metiletilcetona e acetato de etila. Os principais tipos de polímeros utilizados nesta<br />
tecnologia são policloropreno, poliuretano, borracha natural, copolímero estirenobutadieno<br />
(SBR) e copolímeros em bloco de poliestireno e polibutadieno ou<br />
poliisopreno.<br />
1.6.3 Adesivos hot melt<br />
Adesivos hot melt ou termoplásticos apresentam-se 100% sólidos, não<br />
possuem qualquer tipo de solvente, o que elimina consideravelmente os riscos de<br />
intoxicação por inalação, ao mesmo tempo que torna o processo de colagem<br />
extremamente rápido, bastando fundir o adesivo e resfriá-lo, para que a colagem<br />
esteja efetivada. Constituem uma tecnologia em ascensão pelos ganhos econômicos<br />
e ambientais no seu uso.<br />
Suas composições são baseadas em polímeros termoplásticos, os quais têm<br />
a propriedade de fundir por aquecimento e de solidificar-se novamente por
17<br />
resfriamento. Estes materiais podem ser várias vezes aquecidos e resfriados sem<br />
que ocorra alteração significativa das suas propriedades (SMITH, 1988).<br />
Os principais polímeros utilizados nas composições de adesivos sólidos são<br />
poliamidas, poliésteres, polietileno e seus copolímeros, copolímeros em bloco de<br />
poliestireno com polibutadieno ou poliisopreno (SBC – Styrene Block Copolymers),<br />
poliolefinas, policarbonatos, derivados vinílicos e poliuretanos. São formados a partir<br />
de blendas poliméricas destes polímeros com resinas taquificantes e alguns aditivos<br />
como ceras, plastificantes e antioxidantes. Os adesivos hot melts são encontrados<br />
na forma de bastão, fios, granulados (pellets ou esferas), entre outros.<br />
1.7 ADESIVOS HOT MELT PSA<br />
Adesivos hot melt PSA (Pressure Sensitive Adhesive) são adesivos<br />
sensíveis à pressão, também conhecidos como adesivos de tack permanente, ou<br />
seja, apresentam pegajosidade a temperatura ambiente. Por esta característica,<br />
aderem firmemente a uma variedade de superfícies diferentes após um breve<br />
contato, utilizando-se uma pressão manual.<br />
Tack é uma das principais propriedades dos adesivos PSA e é definido<br />
como a propriedade de um adesivo de formar uma ligação de força mensurável com<br />
outro material sob condições de leve pressão e curto tempo de contato. De acordo<br />
com a ASTM (American Society for Testing and Materials) o tack é a força requerida<br />
para separar um substrato e um adesivo após estes serem unidos por uma leve<br />
pressão.<br />
As principais aplicações deste tipo de adesivo estão na fabricação de fitas<br />
adesivas, esparadrapos, produtos higiênicos como fraldas e absorventes<br />
descartáveis, rotulagem de garrafas PET, colagem de envelopes plásticos<br />
invioláveis, aplicações eletrônicas, domésticas, industriais e médicas.<br />
Adesivos hot melt PSA não requerem prensagem excessiva ou longo tempo<br />
de secagem para que colem os materiais. Não apresentam solventes orgânicos em<br />
sua composição, ou seja, não oferecem riscos à exposição do trabalhador. O<br />
principal cuidado que se deve ter ao trabalhar com estes adesivos é sua alta<br />
temperatura durante a aplicação, pois são fundidos acima de 100°C. São excelentes
18<br />
para materiais que apresentam dificuldade de colagem, como PET e demais tipos de<br />
plásticos.<br />
Este tipo de adesivo é produzido a partir de copolímeros em bloco de<br />
poliestireno com polibutadieno ou poliisopreno, cujo bloco intermediário elastomérico<br />
das moléculas é uma borracha insaturada do tipo estireno – butadieno – estireno<br />
(SBS) e estireno – isopreno – estireno (SIS). Este tipo de copolímero confere<br />
propriedades diferenciadas de flexibilidade e tack, o que classifica este tipo de<br />
adesivo como de tack permanente ou PSA (KRATON, 2004).<br />
1.7.1 Composição de adesivos hot melt PSA<br />
Adesivos hot melt PSA são formulados fundamentalmente a partir de um<br />
polímero base, resinas taquificantes, aditivos antioxidantes e óleos plastificantes.<br />
1.7.1.1 Polímero base<br />
Polímero é uma macromolécula composta por unidades de repetição<br />
denominadas meros, ligados entre si através de ligações covalentes. Dependendo<br />
do tipo de monômero, do número de meros e da ligação, os polímeros se dividem<br />
em plásticos, borrachas e fibras (CANEVAROLO, 2002). A reação que une estes<br />
monômeros é denominada polimerização. A massa molar média e a distribuição de<br />
massa molar interferem nas propriedades dos polímeros e através destas<br />
propriedades é possível também produzir vários tipos de polímeros, de acordo com<br />
as necessidades de aplicação ou processamento (FREITAG, 2005).<br />
Existem três tipos básicos de reação pelos quais se pode produzir um<br />
polímero: a poliadição, onde os monômeros geralmente apresentam duplas ligações<br />
entre os átomos de carbono, não há formação de subprodutos e as massas molares<br />
podem atingir valores bastante elevados; a policondensação, nos quais as massas<br />
molares dos polímeros obtidos apresentam menores valores que os obtidos por<br />
poliadição e há formação de subprodutos; e a modificação química de outro
19<br />
polímero, que resulta de reações químicas de polímeros já existentes e permite uma<br />
diversificação ampla de suas aplicações (MANO, 1991).<br />
O polímero base é o responsável pelas principais propriedades mecânicas<br />
de um adesivo. Adesivos sensíveis à pressão apresentam em sua composição, uma<br />
borracha termoplástica ou elastômero termoplástico, sendo este polímero resultante<br />
de uma reação de poliadição, e será caracterizado a seguir.<br />
1.7.1.2 Elastômero<br />
Elastômero é um polímero que à temperatura ambiente pode ser deformado<br />
repetidamente a pelo menos duas vezes o seu comprimento. Retirado o esforço,<br />
deve voltar rapidamente ao seu tamanho original (CANEVAROLO, 2002). Isso se<br />
deve ao fato de os elastômeros serem polímeros amorfos e compostos de cadeias<br />
moleculares altamente torcidas, dobradas e espiraladas (FREITAG, 2005).<br />
Uma das principais vantagens de utilização do elastômero termoplástico é a<br />
facilidade no processamento, já que associa vantagens da borracha convencional<br />
(borracha natural) com as facilidades e vantagens do plástico (QUAIATTI, 2005). A<br />
borracha natural é produzida a partir do látex de uma árvore chamada Hevea<br />
brasiliensis, e sua cadeia polimérica é bastante longa, emaranhada e enrolada, e a<br />
temperatura ambiente está em um estado de agitação contínua (SMITH, 1998).<br />
1.7.1.3 Copolímero<br />
Copolímeros são polímeros que apresentam em sua cadeia mais de um<br />
mero diferente, e este pode apresentar propriedades diferentes de qualquer um de<br />
seus componentes (VAN VLACK, 1984). Os monômeros utilizados na<br />
copolimerização são denominados de co-monômeros e serão representados nas<br />
figuras a seguir pelas seqüências AAAA e BBBB. Em razão da diferente distribuição<br />
dos meros da cadeia polimérica, pode-se dividir os copolímeros em:<br />
Copolímero Aleatório
20<br />
Neste tipo de copolímero a sequência de disposição dos meros não é<br />
definida, conforme mostra a figura 3. São exemplos de copolímeros aleatórios o<br />
copolímero de etileno-acetato de vinila (EVA) e a borracha sintética de estireno e<br />
butadieno (SBR) (CANEVAROLO, 2002).<br />
<br />
------------A-A-B-A-B-B-B-A-B-A-B-----------<br />
Figura 3: Representação de um copolímero aleatório<br />
Fonte: CANEVAROLO, 2002.<br />
Copolímero Alternado<br />
Em copolímeros alternados, a disposição dos diferentes meros é feita de<br />
maneira alternada. A figura 4 representa este tipo de disposição. Existem poucos<br />
exemplos para este tipo de copolímero, como o anidrido maleico-estireno<br />
(CANEVAROLO, 2002).<br />
<br />
-------------A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A--------------<br />
Figura 4: Representação de um copolímero alternado<br />
Fonte: SPECIALCHEM, 2010.<br />
Copolímero em Bloco<br />
Neste tipo de copolímero há uma formação de grandes sequências ou<br />
blocos, de determinados meros que se alternam com outras grandes sequências de<br />
outro mero. Borrachas termoplásticas tribloco de estireno e butadieno (SBS) ou<br />
isopreno (SIS) são exemplos deste tipo de copolímero como está representado na<br />
figura 5 (CANEVAROLO, 2002).<br />
<br />
AAAAAAABBBBBBBBBBBBAAAAAA<br />
Figura 5: Representação de um copolímero em bloco<br />
Fonte: SPECIALCHEM, 2010.<br />
Copolímeros Enxertados<br />
Copolímeros enxertados são copolímeros nos quais a cadeia de um<br />
homopolímero liga-se covalentemente a outra cadeia polimérica. Um exemplo deste<br />
tipo de copolímero é a acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS) e sua disposição pode<br />
ser verificada na figura 6 (CANEVAROLO, 2002).<br />
-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-Al<br />
B-B-B-B-B-B-B-B-B-B-B-B-<br />
Figura 6: Representação de um copolímero enxertado<br />
Fonte: SPECIALCHEM, 2010.
21<br />
1.7.1.4 Elastômeros Termoplásticos<br />
Elastômero termoplástico é um copolímero tribloco constituído por um bloco<br />
termoplástico (Poliestireno) em cada extremidade e um bloco intermediário<br />
elastomérico (Poliisopreno ou Polibutadieno). Estes materiais apresentam na cadeia<br />
polimérica, uma fase contínua de borracha (butadieno, isopreno, etileno), fornecendo<br />
características de resistência e resiliência, e a fase descontínua plástica (estireno),<br />
que oferece solubilidade e termoplasticidade (PIZZI; MITTAL, 2003).<br />
A fase mais importante para copolímeros tribloco é a intermediária, que<br />
apresenta temperatura de transição vítrea (T g ) bem abaixo da temperatura ambiente,<br />
aproximadamente -85°C, para o bloco butadieno e -60°C para o bloco isopreno, já<br />
que os extremos apresentam temperatura de transição vítrea (T g ) bem acima da<br />
temperatura ambiente, em torno de 92°C. Pode-se observar nas figuras 7 e 8, a<br />
representação de uma molécula de borracha termoplástica, dos monômeros e seus<br />
respectivos polímeros (KRATON, 2004).<br />
Figura 7: Representação da molécula da borracha termoplástica<br />
Fonte: SATAS, 1989.
22<br />
Figura 8: Representação dos monômeros e seus respectivos polímeros<br />
Fonte: SATAS, 1989.<br />
Copolímeros em bloco são obtidos por polimerização aniônica em solução,<br />
utilizando iniciadores do tipo alquil-lítio, onde muitas variações podem ser feitas na<br />
sua estrutura e estas são relacionadas à sua massa molar, teor de estireno,<br />
monômeros usados na polimerização e ao número de blocos na cadeia polimérica,<br />
podendo estes, apresentar cadeia do tipo linear ou radial (SATAS, 1989).<br />
Para utilização em adesivos PSA, uma propriedade importante é o teor de<br />
estireno do composto, que deve ser de 15 a 30% e a massa molar do bloco<br />
estirênico deve estar acima de 11.000 g/mol, para se manter imiscível com a fase<br />
elastomérica (SILVA, 2008).<br />
Elastômeros do tipo SBS são comumente utilizados em adesivos de contato,<br />
devido ao seu alto teor de estireno e à sua composição química, que proporciona<br />
uma grande força coesiva ao adesivo, já a borracha termoplástica do tipo SIS possui<br />
um menor teor de estireno e uma maior facilidade em taquificar, sendo portanto,<br />
utilizados em adesivos sensíveis à pressão, com tack permanente (QUAIATTI,<br />
2005).
23<br />
1.7.1.5 Resinas<br />
Resina é uma secreção extraída de diversos tipos de plantas, a mais<br />
conhecida é a derivada da colofônia, também chamada de resina de breu, uma<br />
resina termoplástica extraída do pinheiro, que consiste em uma mistura de ácidos<br />
orgânicos como abiético, pimárico e seus derivados. Há também as que podem ser<br />
obtidas sinteticamente, como as derivadas de petróleo. As resinas geralmente são<br />
solúveis em etanol, tetracloreto de carbono, óleos e éter e extremamente apolares<br />
devido às grandes cadeias dos ácidos e dos terpenos, por isso são muito insolúveis<br />
em água (LORENA, 2010).<br />
1.7.1.6 Resinas taquificantes<br />
A determinação da resina a ser utilizada em uma formulação de adesivos hot<br />
melt PSA é de extrema importância. Neste tipo de adesivo são adicionadas resinas<br />
taquificantes com o princípio de conferir adesão e tack. Uma formulação<br />
desenvolvida para um uso específico deve conter a combinação de vários<br />
ingredientes, uma vez que suas propriedades dependem das concentrações e da<br />
interação mútua entre os mesmos (KRATON, 2004). O elastômero termoplástico é<br />
compatível com diversos tipos de resinas, e como os polímeros base utilizados<br />
possuem sistema bifásico, as resinas devem ser compatíveis com apenas uma das<br />
fases.<br />
A maneira como a resina interage com os polímeros depende do seu<br />
parâmetro de solubilidade, que é função de sua natureza (QUAIATTI, 2005).<br />
Resinas de natureza aromática, com parâmetros de solubilidade mais elevados<br />
tendem a se associar com domínios de poliestireno. Já resinas de natureza alifática,<br />
terpênica, derivada de breu e hidrogenadas, com baixos parâmetros de solubilidade,<br />
tendem a se associar com a fase elastomérica devido a seus pontos de<br />
amolecimento e massas moleculares serem relativamente baixos. Resinas<br />
compatíveis com as fases terminais de poliestireno formam um material mole,<br />
pegajoso e flexível. Por outro lado, resinas incompatíveis com ambas as fases,
24<br />
formarão um composto duro e sem tack e não devem ser utilizadas em adesivos hot<br />
melt PSA (SATAS, 1989).<br />
Dentre as resinas taquificantes utilizadas na produção de adesivos hot melt<br />
PSA estão as resinas derivadas de breu, que compreendem o breu, o breu<br />
modificado e seus ésteres e as derivadas de petróleo, que compreendem as<br />
hidrocarbônicas.<br />
1.7.1.6.1 Resinas de Breu e seus derivados<br />
O breu é uma resina termoplástica obtida através dos pinheiros. Existem três<br />
principais métodos para obtenção do breu, e estes produtos resultantes variam de<br />
acordo com o processo utilizado. O primeiro é conhecido como goma de breu, e é<br />
obtido através de um corte direto na árvore viva, onde se retira o óleo-resina, que é<br />
destilado com ácido sulfúrico e tem-se a goma de breu. O segundo método consiste<br />
em obter a resina através de tocos de pinheiros velhos, que são lavados, picados e<br />
passam também por um processo de destilação, a fim de se retirar a resina da<br />
madeira. No terceiro método, utiliza-se um produto secundário da indústria do papel<br />
chamado tall oil, que é originado do processo de polpação da madeira, através de<br />
aquecimento e sob pressão em meio alcalino médio no qual a polpa é removida e a<br />
parte líquida é concentrada e acidificada, resultando no tall oil, que consiste de<br />
ácidos gordurosos e ácidos de breu, que são destilados e separados (SATAS, 1989,<br />
tradução nossa).<br />
O breu de qualquer uma destas fontes é uma mistura de ácidos orgânicos<br />
chamados ácidos de breu. Alguns componentes secundários são formados por<br />
ésteres de breu, anidridos, materiais não saponificados e ácidos gordurosos<br />
(SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
Resinas de breu são geralmente inadequadas para uso em formulações<br />
modernas de adesivos, devido a sua fácil oxidação e outras possíveis reações como<br />
cristalização por exemplo. Devido a isto, são utilizadas resinas de breu modificadas<br />
ou derivadas de breu. Entre as mais importantes modificações para uso em<br />
adesivos, está a polimerização, a hidrogenação e a esterificação. Através destas<br />
modificações, as resinas de breu oferecem propriedades taquificantes ao adesivo,
25<br />
associando-se a fase elastomérica da borracha termoplástica, oferecendo<br />
pegajosidade e tack, ao adesivo (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
1.7.1.6.2 Resinas Hidrocarbônicas taquificantes<br />
As resinas hidrocarbônicas taquificantes são polímeros de baixa massa<br />
molar derivados de monômeros obtidos do petróleo, carvão e madeira. O<br />
desempenho das resinas hidrocarbônicas é determinado pela composição<br />
monomérica, método de polimerização e massa molar do produto final (SATAS,<br />
1989, tradução nossa).<br />
Quimicamente, a cadeia da resina hidrocarbônica pode ser classificada<br />
como contendo monômeros primários alifáticos, aromáticos e dienos, sendo também<br />
chamados de C9, C5 e (C5) 2 , respectivamente, correspondendo a um número médio<br />
de átomos de carbono por moléculas de monômero. A polimerização destas cadeias<br />
é realizada com auxílio de um ácido de Lewis como catalisador ou pelo processo<br />
radical livre, usando calor e pressão. Essas cadeias, métodos de polimerizações e<br />
indicações gerais das resinas produzidas são mostradas na figura 9 (SATAS, 1989,<br />
tradução nossa).<br />
Devido à variedade de fluxo de alimentação disponível e às varias técnicas<br />
de polimerização que são utilizadas, uma grande variedade de resinas<br />
hidrocarbônicas estão disponíveis com uma ampla extensão de propriedades. Além<br />
disso, é esta diversidade que fez com que a resina se tornasse útil em muitas<br />
aplicações taquificantes, especialmente àquelas envolvendo adesivos sensíveis à<br />
pressão (SATAS, 1989, tradução nossa).
26<br />
Alifático<br />
Aromático<br />
Dieno<br />
Peróleo<br />
Petróleo de Alcatrão<br />
de Carvão<br />
Petróleo<br />
Terenbitina<br />
Alifática Mista Aromática Reativa com<br />
calor<br />
Terpeno<br />
Figura 9: Resinas Hidrocarbônicas<br />
Fonte: SATAS, 1989.<br />
1.7.1.6.3 Resina aromática hidrocarbônica<br />
O grupo de resinas aromáticas consiste basicamente de resinas de petróleo<br />
e resinas de alcatrão. Estas resinas são produzidas pela polimerização de soluções<br />
catiônicas de cadeias aromáticas brutas, contendo indeno como principal monômero<br />
polimerizável juntamente com uma pequena porcentagem de estireno, metil indeno e<br />
metil estireno. Coumarone e diciclopentadieno podem também estar presentes,<br />
dependendo da fonte de matéria prima. As resinas aromáticas podem ser obtidas<br />
em vários pontos de amolecimento, que vai de 10°C até mais de 150°C, e em cores<br />
variando de palha a âmbar escuro. O número de iodo, que é geralmente tirado como<br />
uma medida de reatividade ou insaturação, é relativamente baixo, na faixa de 30 a<br />
60. A densidade encontra-se normalmente na faixa de 1,05 a 1,15. Finalmente, o<br />
número médio da massa molar geralmente varia com o ponto de amolecimento e<br />
encontram-se na faixa de 290 a 1150 (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
Resinas aromáticas possuem uma ampla utilização devido a sua excelente<br />
compatibilidade com elastômeros sintéticos e podem ser usadas em uma grande
27<br />
variedade de formulações adesivas, que não necessitem a presença de tack, por<br />
sua facilidade de associação com o bloco final de estireno. Em adesivos hot melt<br />
PSA, a utilização deve ser em conjunto com uma resina hidrocarbônica alifática, que<br />
oferece tack ao adesivo (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
1.7.1.6.4 Resina alifática hidrocarbônica<br />
As resinas alifáticas são produzidas através da fração C5 do petróleo. Os<br />
monômeros principais são cis e trans-piperleno. Também são encontradas nessa<br />
cadeia uma quantidade variável de isopreno, 2-metilbuteno-2 e alguns casos<br />
diciclopentadieno. Estas cadeias são polimerizadas com uso de cloreto de alumínio<br />
e o ponto de amolecimento é controlado pela alteração nas condições de reação ou<br />
pela adição de óleos plastificantes (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
As resinas alifáticas são geralmente disponíveis com ponto de amolecimento<br />
na faixa de 80°C a 115°C, devido a sua produção e demanda serem bastante<br />
limitadas. A massa específica destas resinas fica em torno de 1,0, normalmente<br />
variando de 0,93 a 0,98, e seu peso molecular varia de 1000 a1500, que é bastante<br />
alto quando comparado aos outros tipos de resinas de ponto de amolecimento<br />
equivalentes (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
O alto nível de qualidade deste tipo de resina é relativamente recente. A<br />
nova classe de resinas alifáticas hidrocarbônicas possui excelente compatibilidade<br />
com ceras parafínicas, polietilenos, polipropilenos e borrachas de um modo geral,<br />
funcionando como ótimo taquificante. Essas propriedades se combinam e as tornam<br />
úteis na formulação de uma ampla variedade de adesivos hot melt PSA e em<br />
solução. Elas podem ser usadas como taquificantes de cores claras e plastificantes<br />
na composição de vários tipos de elastômeros (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
1.7.1.6.5 Resina modificada<br />
As resinas C5/C9 mistas são resinas híbridas produzidas pela combinação<br />
das cadeias C5 e C9 em proporções variadas e polimerizadas com cloreto de
28<br />
alumínio ou fluoreto de bromo. Essas resinas são produzidas geralmente em um ou<br />
dois níveis de ponto de amolecimento, e as propriedades obtidas são geralmente<br />
intermediárias, provenientes da resina aromática direta ou da resina alifática. Essas<br />
resinas são resultados de pesquisas realizadas por vários fabricantes, que<br />
minuciosamente estudaram a compatibilidade e as características taquificantes de<br />
suas resinas C5 para a obtenção de produtos com desempenho elevado para hot<br />
melt e adesivos sensíveis a pressão (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
O comportamento deste tipo de resina vai depender da sua proporção dentro<br />
de uma formulação, podendo ter características de uma resina alifática ou aromática<br />
(SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
1.7.1.6.6 Resina Terpênica<br />
As resinas terpênicas podem ser classificadas como dienos ou resinas nas<br />
quais o monômero usado em sua produção pode ser considerado como sendo<br />
isopreno. As resinas terpênicas são produzidas através de soluções catiônicas que<br />
são polimerizadas da matéria prima obtida da terpentina e outros recursos naturais,<br />
incluindo cascas cítricas. Resinas terpênicas normalmente apresentam coloração<br />
clara e podem ser obtidas com ponto de amolecimento que ficam entre 10°C e<br />
140°C. Sua massa específica varia de 0,97 a 1,00 e sua massa molar vai de 300 a<br />
2000 g/mol (SATAS, 1989, tradução nossa).<br />
Essas resinas foram utilizadas durante muitos anos em adesivos sensíveis a<br />
pressão, pois oferecem propriedades taquificantes elevadas quando usadas em<br />
formulações juntamente com borracha natural. Porém, nos últimos dez anos uma<br />
grande variedade de resinas hidrocarbônicas sintéticas vem surgindo especialmente<br />
para estas aplicações e substituindo o uso das resinas terpênicas (SATAS, 1989,<br />
tradução nossa).
29<br />
1.7.1.7 Óleos plastificantes<br />
Plastificantes são aditivos empregados em alguns tipos de materiais<br />
poliméricos, com o objetivo de melhorar a processabilidade e aumentar a<br />
flexibilidade, alterando a viscosidade do sistema e aumentando a mobilidade das<br />
macromoléculas (RABELLO, 2000).<br />
Os primeiros registros de utilização de óleos plastificantes em polímeros<br />
sintéticos datam de 1865, quando houve, sem grandes sucessos, a tentativa de<br />
adicionar óleo de caroço de algodão e de mamona ao nitrato de celulose. Um pouco<br />
mais recente, em 1910, usou-se o trifenilfosfato, também no nitrato de celulose; já<br />
em 1930 surgiu o DOP (di-octil-ftalato), um dos mais utilizados atualmente; em 1934<br />
já eram conhecidos 56 plastificantes, em 1943 passaram a ser 150 e na década de<br />
60 já eram 300. No final dos anos 70 existiam mais de 600. Porém, hoje apenas<br />
aproximadamente 35 tipos de óleos representam a maior parte consumida e outros<br />
100 uma menor parte (RABELLO, 2000).<br />
Os plastificantes possuem o objetivo de facilitar a aplicação dos adesivos,<br />
bem como evitar a cristalização dos polímeros e resinas existentes nas formulações<br />
dos mesmos, mantendo a pegajosidade superficial. Podem ser sólidos ou líquidos<br />
de alto ponto de ebulição. Os plastificantes utilizados em adesivos hot melt PSA são<br />
misturas de oligômeros derivados de petróleo. Podem ser classificados em<br />
aromáticos, parafínicos e naftênicos (RABELLO, 2000).<br />
1.7.1.7.1 Óleos plastificantes aromáticos<br />
Os óleos aromáticos são formados por uma estrutura hidrocarbônica<br />
primária que apresenta seis átomos de carbono dispostos em forma de anel, unidos<br />
por ligações simples e ligações duplas alternadas. A existência das duplas ligações<br />
na estrutura molecular dos óleos aromáticos torna-os muito compatíveis com a<br />
maioria das borrachas que possuem cadeias poliméricas insaturadas. Os óleos<br />
aromáticos são também muito empregados como extensores na produção de<br />
borracha. Porém, este tipo de plastificante é menos estável às altas temperaturas,<br />
volatilizando-se com maior facilidade. Por isso, normalmente não são indicados para
30<br />
compostos que estarão sujeitos às altas temperaturas de processamento de mistura<br />
ou conformação, ou ainda, quando o artefato vulcanizado irá trabalhar na presença<br />
de muito calor.<br />
Os óleos aromáticos também são mais facilmente extraídos em testes de<br />
imersão em solventes, principalmente solventes da mesma família química. A<br />
coloração dos óleos aromáticos é bastante escura. Eles são considerados como<br />
plastificantes manchantes em artigos de borracha. A viscosidade dos óleos<br />
aromáticos é mais elevada que a dos óleos parafínicos e naftênicos (GARBIM,<br />
2010). A figura 10 representa a estrutura molecular de um óleo parafínico.<br />
Figura 10: Estrutura molecular do óleo aromático<br />
Fonte: GARBIM, 2010.<br />
1.7.1.7.2 Óleos plastificantes parafínicos<br />
Óleos plastificantes parafínicos são hidrocarbonetos que apresentam átomos<br />
de carbono combinado com hidrogênio por meio de ligações simples, oferecendo<br />
cadeias moleculares lineares ou ramificadas. Os óleos plastificantes, altamente<br />
parafínicos (os que possuem predominância de moléculas parafínicas), apresentamse<br />
como um fluido quase transparente. São considerados como não manchantes,<br />
têm baixa polaridade e são menos voláteis (mais estáveis) em altas temperaturas,<br />
em torno de 150°C. Os plastificantes parafínicos são mais compatíveis com as<br />
borrachas butílicas e EPDM (Etileno – Propileno – Dieno), apresentando maior<br />
dificuldade de incorporação em outros tipos de elastômeros. Conforme a quantidade<br />
de átomos de carbono na cadeia molecular dos plastificantes aumenta, estes<br />
tornam-se mais viscosos, pesados e opacos, ou seja, o comprimento da cadeia<br />
molecular aumenta e, consequentemente, a massa molar também aumenta<br />
(GARBIM, 2010). A figura 11 demonstra a estrutura molecular de um óleo<br />
plastificante parafínico.
31<br />
ou<br />
Figura 11: Estrutura molecular do óleo parafínico<br />
Fonte: GARBIM, 2010.<br />
1.7.1.7.3 Óleos plastificantes naftênicos<br />
Os óleos naftênicos apresentam uma estrutura molecular bastante parecida<br />
com a dos óleos parafínicos, sendo que também neste caso, os átomos de carbono<br />
têm simples ligações. Porém, a disposição na cadeia tende a formar anéis cíclicos.<br />
Os óleos naftênicos têm uma boa compatibilidade com a grande maioria dos<br />
elastômeros comuns. Assim sendo, podemos acrescentar teores mais elevados<br />
(comparativamente aos parafínicos) às composições de borracha. Os plastificantes<br />
naftênicos apresentam uma coloração mais opaca. A viscosidade é um pouco maior<br />
que a dos óleos parafínicos e também são considerados como não manchantes em<br />
artefatos de borracha (GARBIM, 2010). A estrutura molecular de um óleo naftênico<br />
está representada na figura 12.<br />
Figura 12: Estrutura molecular do óleo naftênico<br />
Fonte: GARBIM, 2010.
32<br />
1.7.1.7.4 Compatibilidade plastificante – polímero<br />
É de estrema importância a escolha do tipo de plastificante que seja<br />
perfeitamente compatível quimicamente com o polímero e demais ingredientes da<br />
composição, pois estes atuam como solventes, e provocam a separação entre as<br />
macromoléculas, fazendo com que ocorra a dissolução, e haja a diminuição da<br />
energia necessária para os movimentos moleculares, conferindo ao material uma<br />
maior flexibilidade. Uma escolha inadequada poderá comprometer as propriedades<br />
do produto final (normalmente um plastificante incompatível com o polímero tende a<br />
migrar para a superfície do material, sendo lentamente extraído). Como orientação,<br />
é aconselhável a escolha de plastificantes com polaridade similar a do polímero<br />
utilizado na composição (GARBIM, 2010).<br />
1.7.1.8 Aditivos Antioxidantes<br />
Aditivos antioxidantes são produtos orgânicos, que quando presentes em um<br />
sistema inibem ou retardam o processo oxidativo, protegendo e impedindo sua<br />
degradação pela ação de agentes como oxigênio, ozônio, calor e luz, mantendo as<br />
características originais do produto por longo tempo (RABELLO, 2000).<br />
Adesivos hot melt PSA sofrem ação de calor em seu processo de fabricação<br />
e aplicação, e podem se degradar, perdendo propriedades mecânicas como adesão,<br />
coesão, tack e até alterações na viscosidade. Desta forma, é muito importante a<br />
utilização de um antioxidante nas formulações, a fim de se evitar esta degradação.<br />
Os antioxidantes podem ser classificados como primários ou secundários.<br />
Os primários atuam como doadores de hidrogênio para as terminações de cadeia<br />
que podem ter radicais livres, estes pertencem a classe dos fenóis e aminas; já os<br />
secundários são constituídos por peróxidos e hidroperóxidos com enxofre e fósforo.<br />
Os primários têm a função de proteger o produto durante o seu processamento e os<br />
secundários têm a função de protegê-lo durante o seu armazenamento (SATAS,<br />
1989).
33<br />
1.8 CONCEITOS DE REOLOGIA<br />
Reologia é a ciência que estuda o comportamento de fluidez, ou seja, a<br />
deformação de um material submetido à aplicação de uma tensão. A matéria pode<br />
estar no estado líquido, sólido ou gasoso. Existem três tipos ideais de materiais<br />
poliméricos: materiais viscosos, os quais durante a deformação dissipam todo o<br />
trabalho externo aplicado; materiais elásticos, os quais armazenam todo o trabalho<br />
aplicado e os materiais viscoelásticos, os quais dissipam e armazenam todo o<br />
trabalho externo aplicado. (BRETAS, D’AVILA, 2005).<br />
Os componentes dos fluidos também podem apresentar diferentes formas<br />
geométricas, ligações e tamanhos que lhe conferem comportamentos distintos. Isso<br />
faz com que alguns produtos possuam uma única viscosidade a uma dada<br />
temperatura independentemente da força de cisalhamento que é a quantidade de<br />
tensão aplicada em uma determinada área de fluido, e são denominados de fluidos<br />
Newtonianos, enquanto que a maioria dos fluidos apresenta comportamento<br />
reológico mais complexo, e bastante variados, dependentes do tempo ou viscoelásticos<br />
(BRASEQ, 2010).<br />
1.8.1 Comportamento dos fluidos<br />
1.8.1.1 Fluidos Newtonianos<br />
Materiais classificados como Newtonianos são aqueles em que a<br />
viscosidade é igual, independente da taxa de cisalhamento, sendo medida em uma<br />
determinada temperatura. É possível para um mesmo material ter ambos<br />
comportamentos, Newtonianos e não-Newtonianos, sendo este medido em uma<br />
larga faixa de taxa de cisalhamento (BRASEQ, 2010).
34<br />
1.8.1.2 Fluidos Não-Newtonianos<br />
Todos os outros fluidos que não exibem o comportamento de fluxo “ideal”<br />
são chamados de líquidos não-Newtonianos. Em quantidade eles excedem muito<br />
aos líquidos ideais (SCHRAMM, 2006). Os materiais não-Newtonianos podem ser<br />
classificados em dependentes do tempo e independentes do tempo.<br />
1.8.1.2.1 Fluidos não-Newtonianos dependentes do tempo<br />
Alguns fluidos apresentam mudança na viscosidade em função do tempo<br />
sob condições constantes de cisalhamento. Estes podem ser divididos em duas<br />
categorias (BRASEQ, 2010).<br />
1.8.1.2.1.1 Reopexia<br />
A reopexia caracteriza os fluidos que aumentam a viscosidade com o tempo<br />
a um cisalhamento constante conforme demonstrado na figura 13 (BRASEQ, 2010).<br />
Figura 13: Caracterização de Reopexia<br />
Fonte: BRASEQ, 2010.
35<br />
1.8.1.2.1.2 Tixotropia<br />
Os fluidos tixotrópicos decrescem a viscosidade com o tempo enquanto são<br />
submetidos a um constante cisalhamento, conforme representado na figura 14<br />
(BRASEQ, 2010).<br />
Figura 14: Comportamento Tixotrópico<br />
Fonte: BRASEQ, 2010.<br />
1.8.1.2.2 Fluidos não-Newtonianos independentes do tempo<br />
Fluidos não-Newtonianos independentes do tempo não apresentam variação<br />
na viscosidade em função do tempo, mas sim em função das condições de<br />
cisalhamento (BRASEQ, 2010).<br />
1.8.1.2.2.1 Pseudoplásticos<br />
Em fluidos pseudoplásticos a viscosidade decresce com o aumento da taxa<br />
de cisalhamento, porém, ao se retornar a taxa inicial de cisalhamento, a viscosidade<br />
mantém-se a mesma. A figura 15 representa o comportamento pseudoplástico<br />
(BRASEQ, 2010).
36<br />
Figura 15: Comportamento pseudoplástico<br />
Fonte: BRASEQ, 2010.<br />
1.8.1.2.2.2 Dilatantes<br />
Neste tipo de fluido a viscosidade aumenta com o aumento da taxa de<br />
cisalhamento. Este tipo de comportamento é mais raro que o pseudoplástico e<br />
observado em fluidos com altos níveis de defloculantes como argilas, lama e amido<br />
de milho em água. A figura 16 caracteriza o comportamento dilatante de um material<br />
(BRASEQ, 2010).<br />
Figura 16: Comportamento dilatante<br />
Fonte: BRASEQ, 2010.<br />
1.8.1.2.2.3 Plásticos<br />
Este tipo de fluido comporta-se como sólido em condições estáticas ou de<br />
repouso e após aplicação de uma certa força ele começa a fluir. Esta força aplicada
37<br />
chama-se tensão de deformação. Após começar a fluir, o comportamento pode ser<br />
Newtoniano, pseudoplástico ou dilatante. O comportamento plástico é demonstrado<br />
na figura 17 (BRASEQ, 2010).<br />
Figura 17: Comportamento plástico<br />
Fonte: BRASEQ, 2010.<br />
1.8.2 Comportamento elástico de fluidos viscoelásticos<br />
Alguns materiais podem apresentar tanto comportamento de sólido como de<br />
líquido, dependendo de suas características relacionadas ao fator tempo natural de<br />
relaxação e o tempo relacionado à duração do experimento. Viscosidade e<br />
elasticidade são, portanto, duas possibilidades de resposta dos materiais à tensão a<br />
que são submetidos. Em alguns casos o comportamento elástico é fator<br />
determinante, pois dificulta altas taxas de produção, já em outros casos, a alta<br />
viscosidade contínua a cisalhamento zero é o fator mais importante (SCHRAMM,<br />
2006).<br />
Muitas pesquisas em polímeros utilizam os resultados de testes reológicos<br />
para deduzir a estrutura molecular específica de polímeros fundidos em diferentes<br />
condições. Esse conhecimento permite que sejam feitas modificações na sua<br />
estrutura a fim de adequá-los às exigências de uso (SCHRAMM, 2006).
38<br />
1.8.3 Comportamento viscoelástico de fluidos<br />
Alguns polímeros possuem moléculas de cadeias muito longas. Estas<br />
moléculas apresentam-se num estado de energia (entropia) mínima. Uma<br />
deformação alonga a molécula na direção da força aplicada. Quando a força de<br />
deformação é removida, a molécula tenta relaxar, ou seja, voltar a sua forma inicial<br />
(SCHRAMM, 2006).<br />
Para as blendas poliméricas, assim como para os adesivos hot melt PSA,<br />
que são misturas de compostos com características físicas e químicas diferentes, as<br />
quais nunca são misturas homogêneas, elas apresentam elementos do polímero de<br />
maior massa molar dispersos em uma fase contínua formada pelos componentes<br />
menos viscosos. Portanto, a homogeneidade de uma mistura ou blenda polimérica<br />
afeta as características do produto final, além de influenciar na qualidade e na<br />
processabilidade (SCHRAMM, 2006).<br />
Através de medições de viscosidade e elasticidade sob determinadas<br />
temperaturas, taxas e tempos de cisalhamento, semelhantes aos do processo de<br />
produção, é possível caracterizar por meio de reologia a homogeneidade do material<br />
e aperfeiçoar as condições de processamento. Além disso, através de uma curva de<br />
viscosidade em função da temperatura, é possível obter-se informações que<br />
subsidiam a previsão do comportamento do material em diferentes temperaturas de<br />
trabalho (SCHRAMM, 2006).<br />
1.8.4 Comportamento viscoelástico de fluidos em função da temperatura<br />
As funções viscoelásticas para alguns fluidos, inclusive para adesivos hot<br />
melt PSA, podem ser relacionadas diretamente com a estrutura molecular e o seu<br />
comportamento pode ser caracterizado em função da temperatura. Um aumento na<br />
temperatura acelera o movimento molecular e as cadeias poliméricas deslizam mais<br />
facilmente umas sobre as outras, favorecendo o escoamento, mas diminuindo sua<br />
capacidade elástica. Já em temperaturas mais baixas, este deslizamento é mais<br />
difícil e as cadeias tendem a permanecer enoveladas, o que dificulta o escoamento e<br />
favorece a resposta elástica. Quedas bruscas na viscosidade em função de um
39<br />
pequeno aumento na temperatura (em torno de 10°C) representam a máxima<br />
temperatura de utilização de um adesivo devido ao fato do adesivo ter suas<br />
propriedades mecânicas reduzidas a partir desta temperatura (PETRIE, 2005).<br />
1.9 ANÁLISES UTILIZADAS PARA CARACTERIZAÇÃO DE ADESIVOS HOT MELT<br />
PSA<br />
Em adesivos hot melt PSA são realizadas análises de viscosidade, ponto de<br />
amolecimento, Rolling Ball, Prob Tack, Holding Power, Saft Tack e colagem. Estes<br />
testes visam caracterizar os adesivos e verificar qual o melhor tipo de aplicação.<br />
1.9.1 Viscosidade<br />
É o termo comumente conhecido que descreve as propriedades de<br />
escoamento de um fluido, ou seja, o atrito das camadas internas dentro do fluido que<br />
impõe resistência a fluir (BRASEQ, 2010). Também pode ser definida como a força<br />
de atração intermolecular existente em um líquido. É a força com a qual as<br />
moléculas de um líquido se atraem mutuamente. Em outras palavras, pode-se<br />
afirmar que viscosidade é a resistência que um determinado fluido oferece ao<br />
escoamento. Em hot melt PSA, a viscosidade é medida a quente em um sistema de<br />
viscosímetro e forno com temperatura controlada, cuja unidade de medida é cP<br />
(centipoise), equivalente a mPa.s (milipascais vezes segundos) e está baseada na<br />
norma ABNT NBR 9393.<br />
1.9.2 Ponto de amolecimento<br />
Uma determinada quantidade de adesivo é inserida em um anel e sobre o<br />
qual se coloca uma esfera de aço inox. Este conjunto de bola e anel é aquecido em<br />
um banho de glicerina (5°C/min) até que a bola atravesse a camada de adesivo e
40<br />
caia na glicerina. Neste momento é lida a temperatura. Esta faixa de temperatura<br />
lida é a faixa ou ponto de amolecimento para o adesivo hot melt.<br />
O ponto de amolecimento é uma característica avaliada somente em<br />
adesivos termofusíveis, pois a partir da temperatura que os mesmos fundem, eles<br />
possibilitam sua aplicação no processo. O ponto de amolecimento pode ser definido<br />
como a temperatura onde se inicia o amolecimento de determinado adesivo e está<br />
baseado na norma ABNT NBR 9424. A figura 18 representa um equipamento de<br />
Bola e Anel.<br />
Figura 18: Equipamento de Bola e Anel<br />
Fonte: ABNT NBR 9424<br />
1.9.3 Rolling Ball<br />
Este teste á baseado na norma ASTM D-3121-73 e tem como objetivo medir<br />
o tack de um adesivo com tack permanente. Para realização deste teste utiliza-se<br />
um filme do adesivo feito em papel siliconado que dever ser colocado em uma<br />
superfície plana apropriada, com o lado adesivado para cima. Coloca-se uma rampa<br />
inclinada padronizada para este teste em uma das pontas do filme e solta-se uma<br />
esfera de aço da parte superior da rampa que vai de encontro ao filme. A esfera de<br />
aço vai parar de acordo com a agressividade do tack, ou seja, quanto mais perto da<br />
rampa a esfera parar, e menor o valor encontrado (distância medida em
41<br />
centímetros), mais tack terá o adesivo. As figura 19, 20 e 21 representam o teste de<br />
Rolling Ball.<br />
Figura 19: Teste de Rolling Ball<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Figura 20: Rampa para teste de Rolling Ball<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Figura 21: Esferas para teste de Rolling Ball<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
1.9.4 Prob Tack adaptado para dinamômetro<br />
Este teste também possui o objetivo de mensurar o tack de adesivos PSA,<br />
porém, isso é verificado através da pressão de um pino metálico sobre um filme de<br />
adesivo. Este pino é pressionado sobre o filme de adesivo e, ao ser aderido sobre<br />
este, sua direção é invertida e ele é forçado a se descolar. Este teste é realizado em
42<br />
um equipamento de Probe Tack adaptado para dinamômetro com suporte inferior e<br />
pino superior. Também são utilizadas placas de metal nas dimensões 6 cm de<br />
diâmetro e 0,5 cm de altura. O dinamômetro utilizado tem capacidade de 20 kN. As<br />
células de carga para dinamômetro possuem capacidade de 100 N, 5000 N ou<br />
10000 N, conforme solicitação do ensaio.<br />
Um computador com software específico está ligado ao dinamômetro para<br />
efetuar as leituras de valores obtidos. Para realizar este ensaio, devem-se medir 10g<br />
de amostra de adesivo que deve ser colocado sobre a placa de metal específica que<br />
será encaixada no equipamento de Probe Tack. O adesivo sobre a placa deve ser<br />
colocado dentro de um recipiente de metal e este conjunto é colocado sobre uma<br />
chapa de aquecimento, na temperatura de aplicação usual do adesivo. A fusão<br />
ocorre, em média, após 10 minutos. Em seguida, deve-se aguardar o resfriamento<br />
do adesivo e já pode-se encaixar a chapa de metal no suporte inferior do<br />
equipamento para que se inicie o ensaio.<br />
A força aplicada sobre o adesivo será de 10 N e a força necessária para<br />
separar o adesivo do pino será fornecida em Newtons (N). Este equipamento atende<br />
os padrões da norma ASTM D2979. As figuras 22, 23, 24, 25, 26 e 27 representam<br />
a preparação da amostra para o teste de Probe Tack.<br />
Figura 22: Placa de metal contendo 10g de adesivo<br />
Fonte: Elaborado pela autora.
43<br />
Figura 23: Placa de adesivo dentro do recipiente de metal. Conjunto colocado na chapa<br />
aquecedora para a fusão do adesivo<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Figura 24: Adesivo já fundido e solidificado sobre a placa de metal<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Figura 25: Placa de metal encaixada sobre o suporte inferior<br />
Fonte: Elaborado pela autora.
44<br />
Figura 26: Pino superior sendo pressionado com uma força de 10N sobre o adesivo<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Figura 27: Descolagem do pino sobre o adesivo, determinação da força máxima em Newton (N)<br />
Fonte: Elaborado pela autora.
45<br />
1.9.5 Saft Tack– Resistência do adesivo à temperatura<br />
Este teste tem como objetivo determinar a resistência à temperatura de um<br />
adesivo com tack permanente submetido a uma força constante e a uma taxa de<br />
aumento de temperatura também constante.<br />
O teste consiste em unir duas tiras de filme de BOPP (polipropileno<br />
biorientado), de 30 mm de largura por 130 mm de comprimento com o adesivo a ser<br />
testado. As duas tiras de BOPP estarão unidas entre si por 100 mm de cada tira, nos<br />
quais ficarão de fora 30 mm de cada tira, uma para a parte de cima e outra para a<br />
parte de baixo. Uma parte onde não há adesivo servirá para ser fixada no suporte da<br />
estufa e a outra para se fixar uma massa que pode variar de 0,1 a 1,0 Kg.<br />
As amostras devem ser colocadas dentro de uma estufa onde ocorrerá<br />
aumento de temperatura constante. No momento em que as tiras não resistem mais<br />
a uma determinada temperatura, a massa cai e o tempo e a temperatura serão<br />
registrados. A seguir a figura 28 apresenta o teste Saft Tack sendo realizado.<br />
Figura 28: Representação de teste Saft Tack em adesivos PSA<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
1.9.6 Holding Power – Resistência do adesivo à temperatura ambiente<br />
Este teste está baseado na norma ASTM D-3654-82 e tem como objetivo<br />
medir a resistência ao cisalhamento, ou seja, a coesão de uma fita adesiva com tack
46<br />
permanente em uma determinada superfície quando aplicada uma carga estática<br />
paralelamente à superfície.<br />
Este teste é bastante semelhante ao Saft tack e consiste em unir duas tiras<br />
de filme de BOPP, de 30 mm de largura por 130 mm de comprimento com o adesivo<br />
a ser testado. As duas tiras de BOPP estarão unidas entre si por 100 mm de cada<br />
tira, onde ficarão de fora 30 mm de cada tira, uma para a parte de cima e outra para<br />
a parte de baixo. Uma parte onde não há adesivo servirá para ser fixada no suporte<br />
da estufa e a outra para se fixar uma massa que pode variar de 0,1 a 1,0 Kg.<br />
As amostras devem ser colocadas em um ambiente com temperatura e<br />
umidade controladas (25°C +/- 1°C e 50% +/- 1% respectivamente). No momento em<br />
que as tiras não resistem mais, elas soltam-se, a massa cai e o tempo deve ser<br />
registrado. Abaixo a figura 29 apresenta o teste Holding Power sendo realizado.<br />
Figura 29: Representação de teste Holding Power em adesivos PSA<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
1.10 UTILIZAÇÃO NO MERCADO<br />
Atualmente os principais consumidores de adesivos PSA são as indústrias<br />
de produtos descartáveis, higiênicos e gráficos, porém este tipo de adesivo também<br />
é utilizado em aplicações médicas, alimentícias, automobilística, calçadista, nas<br />
áreas de comunicação visual, vestuário, entre outras. O uso de adesivos sensíveis à<br />
pressão está crescendo significativamente no mercado brasileiro. A própria evolução<br />
tecnológica da indústria gráfica e o respeitável aumento no consumo de produtos<br />
descartáveis higiênicos contribuem vigorosamente para o sucesso dos adesivos
47<br />
PSA. Os maiores consumos de adesivos PSA no Brasil são relacionados à<br />
tecnologia base água e base solvente, estando esta última em declínio, visando a<br />
substituição por adesivos hot melt (SABBAG, 2010).<br />
Mesmo estando com crescimento elevado, a utilização de adesivos PSA<br />
está muito abaixo se comparada com níveis de consumo estabelecidos na Europa,<br />
Ásia e Estados Unidos. A taxa de crescimento prevista para o Brasil para os PSA<br />
está por volta de 11% chegando a US$ 130 milhões/ano, sendo que deste valor US$<br />
30 milhões/ano é para adesivos hot melt PSA(SABBAG, 2010).<br />
Adesivos com tack como os hot melt PSA podem comprometer ou alterar o<br />
resultado final dos produtos onde serão aplicados se em uma linha de produção com<br />
máquinas e equipamentos bastante rápidos, determinado adesivo for mal aplicado.<br />
Para evitar que tais falhas ocorram, testes como Probe tack, Saft Tack, Holding<br />
Power, viscosidade e ponto de amolecimento são realizados pelos próprios<br />
fabricantes para não comprometer o resultado final. Adesivos com viscosidades<br />
mais baixas, como por exemplo os utilizados para rotulagem de garrafas PET, são<br />
aplicados por Spray, já adesivos com viscosidades mais elevadas, são geralmente<br />
aplicados por bico ou rolete. Esses parâmetros direcionam o desenvolvimento de<br />
uma nova formulação ou a indicação de um adesivo PSA para determinada<br />
aplicação. Isso determinará o sucesso do produto adesivado, independente do tipo<br />
de substrato e das condições a que estarão submetidos (SABBAG, 2010).<br />
Para a indicação de um adesivo, alguns fatores como a quantidade aplicada,<br />
o tratamento e qualidade do substrato, as condições de secagem do adesivo,<br />
umidade e temperatura, condições e modo de aplicação do adesivo, entre outros<br />
devem ser observados de acordo com a necessidade da indústria, bem como para<br />
qual finalidade o adesivo será aplicado e o equipamento de aplicação ideal<br />
(SABBAG, 2010).<br />
Algumas características físico-químicas, tack e temperatura de aplicação<br />
também não podem ser esquecidas. A viscosidade, por exemplo, afeta a quantidade<br />
de adesivo aplicada e na adesão final do produto. Se houver excesso de tack,<br />
haverá o comprometimento dos insumos que compõem o substrato. Outro fator é a<br />
temperatura que, em alguns casos, pode afetar o material em que está sendo<br />
aplicado (SABBAG, 2010).<br />
A indústria brasileira de embalagens é um segmento que cresce<br />
vigorosamente. E quando este setor cresce, a necessidade de utilização de adesivos
48<br />
também aumenta. Buscando inovações de materiais, criatividade e sofisticação, a<br />
indústria de embalagens encara a competitividade de seu mercado passando a<br />
utilizar adesivos PSA, que estão em constante desenvolvimento tecnológico, mesmo<br />
que alguns tipos de embalagens não necessitem diretamente deste tipo de adesivo<br />
(SABBAG, 2010).
49<br />
2 METODOLOGIA<br />
2.1 OBJETIVO<br />
O objetivo deste trabalho foi estudar e desenvolver formulações de adesivos<br />
hot melt PSA, através de variações dos óleos plastificantes e elastômeros, avaliando<br />
desta forma, as propriedades mecânicas e reológicas (viscosidade), comparando-os<br />
com uma formulação utilizada comercialmente, buscando relacionar os resultados<br />
obtidos com o referencial teórico.<br />
2.2 MATERIAIS<br />
2.2.1 Matérias - primas utilizadas para as formulações<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Borracha termoplástica SIS radial;<br />
Borracha termoplástica SIS linear;<br />
Borracha termoplástica SBS linear;<br />
Óleo plastificante parafínico;<br />
Óleo plastificante naftênico;<br />
Resina derivada de breu;<br />
Antioxidante fenólico.<br />
2.2.2 Materiais utilizados para realização dos testes e análises<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Estufa com controle de temperatura;<br />
Massas de 0,1 Kg para testes de Holding Power e Saft Tack;<br />
Suporte para teste Holding Power e Saft Tack;<br />
Fitas de BOPP para teste de Holding Power e Saft Tack;
50<br />
altura;<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Rampa inclinada para teste de Rolling Ball;<br />
Esferas de aço para teste de Rolling Ball;<br />
Papel siliconado;<br />
Viscosímetro Brookfield;<br />
Forno com controlador de temperatura;<br />
Equipamento de Bola e Anel;<br />
Dinamômetro DL 2000 Emic (NS482, NO 8150, capacidade 20 kN);<br />
Placas de metal com dimensões de 6 cm de diâmetro e 0,5 cm de<br />
Recipiente de metal para fusão do adesivo;<br />
Chapa aquecedora;<br />
Balança semi-analítica;<br />
Panelas com aquecimento;<br />
Controlador de temperatura;<br />
Agitador mecânico;<br />
Caixa siliconada;<br />
Soprador térmico;<br />
Garrafas PET para teste de colagem.<br />
2.3 EXPERIMENTAL<br />
Para realização dos experimentos, foram elaboradas dez amostras. A<br />
produção das mesmas foi dividida em duas etapas. Primeiramente, optou-se pela<br />
produção de uma amostra que será denominada Padrão, com desempenho<br />
mecânico já conhecido e propriedades de colagem consideradas aceitáveis no<br />
mercado de rotulagem de garrafas PET. Sua formulação é composta por borrachas<br />
do tipo SIS Radial, óleo parafínico, resina derivada de breu e antioxidante.<br />
Juntamente com a amostra padrão, foram produzidas mais três amostras<br />
com variação do óleo plastificante. Dois óleos plastificantes do tipo naftênico que<br />
serão denominados A e B foram selecionados em função das suas viscosidades,<br />
140 e 600 cP, respectivamente, e por serem compatíveis com a grande maioria dos
51<br />
elastômeros. Para cada amostra, foi dividido o percentual da quantidade total do<br />
óleo plastificante (Amostra 1: 50% de cada óleo naftênico; Amostra 2: 25% do óleo<br />
naftênico A e 75% do óleo naftênico B; Amostra 3: 25% do óleo naftênico B e 75%<br />
do óleo naftênico A). Estas amostras foram comparadas com a mostra Padrão,<br />
produzida com óleo parafínico (Tabela 1). Inicialmente tinha-se a ideia de formular<br />
também amostras com óleo plastificante aromático para fins comparativos, porém,<br />
devido à sua cor escura e alta viscosidade (em torno de 1.000 cP), verificou-se que<br />
não seria viável a sua elaboração, já que óleos plastificantes são também utilizados<br />
para baixar a viscosidade dos adesivos e neste caso seria obtido um efeito contrário.<br />
A partir dos resultados obtidos com estas amostras, seguiu-se para a<br />
segunda etapa, na qual foram desenvolvidas outras seis formulações. Nesta fase, os<br />
óleos plastificantes (naftênico e parafínico) e suas quantidades continuaram sendo<br />
variadas, mantendo-se os mesmos percentuais das amostras produzidas na fase<br />
anterior, e passou-se a variar também o tipo de elastômero. Os elastômeros<br />
utilizados foram: borracha termoplástica SIS Linear, borracha termoplástica SIS<br />
Radial e borracha termoplástica SBS Linear; para completar as formulações foram<br />
utilizados o mesmo tipo de resina derivada de breu e o mesmo antioxidante das<br />
amostras da primeira etapa (Tabela 2).<br />
Borrachas do tipo SIS Linear foram selecionadas devido a sua maior<br />
facilidade de serem processadas, se comparadas às borrachas SIS Radiais que<br />
devido a sua cadeia polimérica, oferecem uma dificuldade de cisalhamento. Isso<br />
reduz o tempo em máquina para um adesivo ser produzido e acaba reduzindo o<br />
custo final do produto. Já as borrachas termoplásticas do tipo SBS Linear foram<br />
escolhidas pelo seu baixo custo. As formulações foram calculadas em quantidades<br />
percentuais de cada componente somando um total de 100%.<br />
Tabela 1: Primeira etapa dos experimentos somente com variação dos óleos<br />
plastificantes<br />
Total (100%) Padrão Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3<br />
Borracha SIS Radial 12,00 12,00 12,00 12,00<br />
Óleo Parafínico 25,90 - - -<br />
Óleo Naftênico A - 12,95 6,47 19,43<br />
Óleo Naftênico B - 12,95 19,43 6,47<br />
Resina 61,90 61,90 61,90 61,90<br />
Antioxidante 0,20 0,20 0,20 0,20<br />
Fonte: Elaborado pela autora.
52<br />
Tabela 2: Segunda etapa dos experimentos com variação dos óleos plastificantes e<br />
das borrachas termoplásticas<br />
Total (100%) Amostra 4 Amostra 5 Amostra 6 Amostra 7 Amostra 8 Amostra 9<br />
Borracha SIS Linear 12,00 12,00 - - - 12,00<br />
Borracha SBS Linear - - 12,00 12,00 12,00 -<br />
Óleo Parafínico - - 25,90 25,90<br />
Óleo Naftênico A 6,47 19,43 6,47 19,43 - -<br />
Óleo Naftênico B 19,43 6,47 19,43 6,47 - -<br />
Resina 61,90 61,90 61,90 61,90 61,90 61,90<br />
Antioxidante 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
2.3.1 Preparação das amostras e ensaios<br />
Para a elaboração das amostras, foram medidas as massas dos<br />
componentes de cada formulação em balança semi-analítica. Estes foram colocados<br />
em recipiente metálico sob aquecimento e agitação controlados. Todas as amostras<br />
foram feitas em condições semelhantes e, após estarem prontas, foram colocadas<br />
em caixas siliconadas para facilitar o resfriamento e manuseio das mesmas.<br />
Para cada amostra foram realizados os ensaios de Viscosidade, Ponto de<br />
Amolecimento, Rolling Ball, Saft Tack, Holding Power e colagem. Juntamente com a<br />
análise de viscosidade também foram realizadas as curvas de viscosidade, para<br />
observação do comportamento reológico dos adesivos. Os ensaios de viscosidade e<br />
ponto de amolecimento foram realizados apenas com uma amostra de cada<br />
formulação; já os ensaios de Rolling Ball, Saft Tack, Holding Power e colagem foram<br />
feitos sempre em triplicata
53<br />
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
As tabelas a seguir mostram os resultados dos testes realizados com as<br />
referidas formulações.<br />
Para facilitar a compreensão dos resultados, é importante ressaltar que os<br />
testes de Rolling Ball e Probe Tack estão relacionados com a parte adesiva (tack) do<br />
material. O teste Holding Power está associado com a parte coesiva do adesivo e o<br />
teste de Saft tack relaciona-se com a resistência à temperatura do adesivo.<br />
3.1 ANÁLISE DE VISCOSIDADE<br />
As análises de viscosidade foram realizadas em seis temperaturas diferentes<br />
em condições iguais para todas as amostras para obtenção das curvas de<br />
viscosidade.<br />
Tabela 3: Resultados das análises de viscosidade das amostras confeccionadas nas<br />
duas etapas de produção.<br />
Viscosidades (cP)<br />
T (°C) A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 P<br />
130 962,5 1050,0 907,5 902,5 1122,0 9540,0 7320,0 7430,0 3250,0 837,5<br />
140 675,0 720,0 652,5 637,5 690,0 6760,0 5100,0 5190,0 2230,0 600,0<br />
150 485,0 505,0 447,5 447,5 480,0 4570,0 3690,0 3370,0 1730,0 402,5<br />
160 357,5 370,0 335,0 315,0 317,5 3250,0 2710,0 2510,0 1170,0 290,0<br />
170 260,0 270,0 250,0 235,0 252,5 2440,0 1990,0 1940,0 890,0 205,0<br />
180 195,0 205,0 187,5 177,5 195,0 1680,0 1550,0 1350,0 670,0 177,5<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
De um modo geral, todas as amostras apresentaram resultados coerentes<br />
com suas formulações. A amostra A1, composta por borracha SIS Radial e os dois<br />
óleos naftênicos (50% de cada óleo), apresentou viscosidade intermediária, se<br />
comparada à amostra A2 formulada com 25% do óleo naftênico A e 75% do óleo<br />
naftênico B e com a amostra A3 composta de 25% do óleo naftênico B e 75% do<br />
óleo naftênico A.<br />
A amostra padrão apresentou a menor viscosidade em quase todas as<br />
temperaturas. A 150°C, que é sua temperatura de aplicação, a viscosidade ficou em<br />
402,5 cPs. As amostras A6, A7 e A8 formuladas com borracha SBS Linear,
54<br />
independentes do óleo utilizado apresentaram as viscosidades mais altas, o que<br />
pode dificultar o processamento devido a viscosidades mais elevadas não serem<br />
adequadas para este tipo de aplicação. Estes resultados também condizem com<br />
suas formulações, pois borrachas do tipo SBS possuem a viscosidade mais elevada<br />
do que as do tipo SIS (KRATON, 2004). As viscosidades das amostras A4 e A5<br />
ficaram bastante semelhantes em todas as temperaturas. Somente a amostra A9<br />
apresentou viscosidade bastante diferente de todas as outras, mais alta que a<br />
amostra Padrão e mais baixa que as amostras produzidas com borracha SBS<br />
Linear.<br />
3.2 CURVAS DE VISCOSIDADE<br />
A figura a seguir representa as curvas de viscosidade das amostras feitas<br />
nas duas etapas do desenvolvimento. Todas as amostras apresentaram<br />
comportamento semelhante, com diminuição da viscosidade em função do aumento<br />
de temperatura e em nenhuma delas ocorreu uma queda brusca da viscosidade, o<br />
que evidencia que sua utilização é viável até 180°C. Em temperaturas abaixo de<br />
130°C, as viscosidades tendem a aumentar consideravelmente, o que dificulta a<br />
aplicação do adesivo para este tipo de utilização. A aplicação de adesivos para<br />
rotulagem de garrafas PET é feita por aplicadores do tipo Spray, o que exige uma<br />
viscosidade mais baixa, de aproximadamente 500 cP para facilitar o escoamento do<br />
adesivo e diminuir a quantidade de produto aplicado sobre o substrato. Adesivos<br />
com viscosidades mais elevadas, como no caso das amostras A6, A7 e A8, tendem<br />
a ter este escoamento dificultado, o que impede a passagem pelo aplicador Spray.<br />
Nestes casos, um aplicador de bico ou rolete é o mais indicado.
55<br />
a) b)<br />
c) d)<br />
e) f)<br />
g) h)<br />
i) j)<br />
Figura 30: Caracterização das curvas de viscosidade das amostras A1 (a), A2 (b), A3(c), A4 (d),<br />
A5 (e), A6 (f), A7 (g), A8 (h), 9 (i) e Padrão (j).<br />
Fonte: Elaborado pela autora.
56<br />
3.3 ANÁLISE DE PONTO DE AMOLECIMENTO<br />
A tabela 4 apresenta os resultados das análises de pontos de amolecimento.<br />
Tabela 4: Resultados do teste de ponto de amolecimento.<br />
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 P<br />
Ponto de Amolecimento (°C) 66,7 65,6 67,1 59,7 60,3 64,4 65,2 63,0 66,5 75,8<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Em geral, todas as amostras apresentaram pontos de amolecimento<br />
bastante parecidos, diferenciando-se apenas da amostra Padrão. As amostras que<br />
mais se distanciaram da amostra Padrão foram as amostras A4 e A5 que ficaram<br />
com seus pontos de amolecimento em 59,7 e 60,3°C respectivamente. Estas duas<br />
amostras foram produzidas com borracha SIS Linear juntamente com os dois tipos<br />
de óleos naftênicos A e B, o que pode explicar o baixo ponto de amolecimento. A<br />
amostra padrão foi produzida com borracha SIS Radial e com óleo parafínico.<br />
3.4 ANÁLISE DE ROLLING BALL<br />
Abaixo a tabela 5 demonstra os resultados encontrados nos testes de<br />
Rolling Ball. Todos os testes foram realizados sob mesmas condições, em<br />
temperatura ambiente em torno de 25°C +/- 1°C e umidade relativa do ar em torno<br />
de 50% +/- 1%. A temperatura da chapa em que foi feito o filme do adesivo para<br />
realização deste teste foi de 160°C.<br />
Tabela 5: Resultados de teste de Rolling Ball.<br />
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 P<br />
Rolling Ball (cm) > 30 > 30 > 30 > 30 17 13 13 1 3,5 13<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
As amostras A1, A2, A3 e A4 apresentaram valores de Rolling Ball acima de<br />
30 cm. Resultados acima de 15 cm indicam que o adesivo apresenta um baixo tack<br />
(GARY, 2010). As amostras A6, A7 e Padrão apresentaram resultados que indicam<br />
que o adesivo possui um bom tack, todas ficaram em 13 cm. A amostra A5 pode ser<br />
considerada com um médio tack, pois seu resultado ficou pouco acima de 15 cm. As<br />
amostras A8 e A9 obtiveram resultados que indicam um tack excelente, 1 e 3,5 cm<br />
respectivamente.
57<br />
3.5 PROBE TACK<br />
O teste de Probe Tack foi realizado em sala com temperatura controlada de<br />
25°C +/- 1°C. Neste teste os resultados são obtidos em Newtons (N) e quanto maior<br />
o valor, maior a força necessária para soltar o adesivo do pino metálico, portanto,<br />
maior o tack do adesivo. A tabela 6 apresenta os valores encontrados no teste de<br />
Probe Tack.<br />
Tabela 6: Resultados do teste de Probe Tack.<br />
Probe Tack A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 P<br />
N 44,73 52,19 35,61 64,7 47,49 126,65 82,93 50,2 23,17 46,65<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
Para as amostras Padrão, A1, A2, A3, A4, A5 e A8 foi necessária uma força<br />
semelhante para soltar o adesivo do pino metálico. A amostra A7 necessitou de uma<br />
força levemente maior que as amostras citadas anteriormente. Já as amostras A6 e<br />
A9 representam os extremos de força utilizada, onde foram necessários 126,65 e<br />
23,17 N respectivamente, para fazer a descolagem do adesivo do pino metálico.<br />
Com base nestes resultados, verificou-se que todas as amostras produzidas<br />
com o elastômero SIS Radial ou o elastômero SIS Linear, com exceção da amostra<br />
formulada com SIS Linear e óleo parafínico, apresentaram valores de tack<br />
semelhantes e considerados bons, em torno de 50 N (GARY, 2010). Já as amostras<br />
produzidas com a borracha SBS Linear juntamente com os óleos naftênicos,<br />
apresentaram um excelente tack. De acordo com a literatura, elastômeros do tipo<br />
SBS oferecem ao adesivo uma excelente força coesiva e elastômeros do tipo SIS<br />
oferecem tack (KRATON, 2004). Borrachas SBS associam-se melhor a óleos<br />
naftênicos, se comparados aos óleos parafínicos, e por isso apresentam um melhor<br />
tack, como o demonstrado (GARBIM, 2010).<br />
Comparando os resultados do teste de Probe Tack com o teste de Rolling<br />
Ball, verificou-se que algumas amostras apresentam resultados que estão em<br />
contradição, já que os dois testes estão relacionados com o tack que o adesivo<br />
apresenta. O teste de Rolling Ball, que apesar de ser amplamente utilizado na<br />
indústria de adesivos, principalmente por seu baixo custo e simplicidade, é bastante<br />
empírico e não oferece resultados precisos em sua avaliação (SILVA, 2010),<br />
portanto somente os resultados do teste de Probe Tack serão considerados para fins<br />
de discussão e comparação.
58<br />
3.6 SAFT TACK – RESISTÊNCIA DO ADESIVO À TEMPERATURA<br />
Através da realização do teste de Saft Tack verificou-se que todas as<br />
amostras, com exceção da amostra Padrão, resistiram apenas 5 minutos à<br />
temperatura de 50°C. A amostra Padrão resistiu cerca de 30 minutos em<br />
temperatura de 70°C. O teste de Saft Tack está diretamente relacionado com o teste<br />
de Ponto de Amolecimento, no qual todas as amostras, com exceção da amostra<br />
padrão, apresentaram valores em torno de 60°C. O teste de Saft Tack teve seu<br />
início em temperatura de 50°C, que é relativamente próxima a 60°C. Considerando<br />
que as amostras são submetidas a uma massa constante de 0,1 kg, pode-se<br />
verificar que este resultado é totalmente coerente com os resultados de Ponto de<br />
Amolecimento. Abaixo a tabela 7 apresenta os resultados do teste de Saft Tack.<br />
Tabela 7: Resultados de teste de Saft Tack.<br />
Saft Tack A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9<br />
50°C 5 min 5 min 5 min 5 min 5 min 5 min 5 min 5 min 5 min<br />
Amostra Padrão resistiu aproximadamente 30 min em temperatura de 70°C<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
3.7 HOLDING POWER – RESISTÊNCIA DO ADESIVO À TEMPERATURA<br />
AMBIENTE<br />
O teste de Holding Power foi realizado à temperatura de 25°C +/- 1°C e<br />
umidade relativa do ar de 50% +/- 1%. A tabela 8 demonstra os resultados obtidos<br />
no teste de Holding Power.<br />
Tabela 8: Resultados de teste de Holding Power.<br />
Holding Power A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 P<br />
25°C 8h 8h 8h >72 h >72 h >72 h >72 h >72 h >72 h 12 h<br />
Fonte: Elaborado pela autora.<br />
A amostra padrão resistiu aproximadamente 12 horas e as amostras A1, A2<br />
e A3 resistiram durante 8 horas, o que podem ser considerados bons resultados, ou<br />
seja, apresentaram coesão moderada. O restante das amostras resistiu durante 72<br />
horas, indicando que as mesmas possuem uma excelente coesão.
59<br />
3.8 COLAGEM<br />
Foram realizados testes de colagem com tiras de rótulo de BOPP em<br />
garrafas PET submetidos a temperaturas de -10°C. Foi observado que na amostra<br />
Padrão houve uma perda significativa de tack, porém sua resistência à colagem se<br />
manteve boa. As amostras A1, A2, A3, A4, A5, A6 e A7 não tiveram perda de tack e<br />
apresentaram uma boa colagem. A amostra A8 apresentou uma excelente colagem,<br />
melhor que todas as amostras, inclusive a formulação padrão e não teve perda de<br />
tack. Já a amostra A9 também não perdeu tack e ofereceu uma ótima colagem,<br />
porém sua colagem foi inferior à amostra A8, mas melhor que todas as outras. As<br />
amostras A8 e A9 apresentaram uma resistência maior na descolagem do rótulo da<br />
garrafa PET.
60<br />
CONCLUSÕES<br />
Através do desenvolvimento das formulações de adesivos hot melt PSA com<br />
variações dos óleos plastificantes e elastômeros, foi possível avaliar as propriedades<br />
mecânicas e comportamento reológico relacionado à viscosidade.<br />
Com base nos resultados obtidos, verificou-se que o uso da borracha SIS<br />
Linear em substituição à borracha SIS Radial, utilizando o óleo parafínico, conferiu<br />
ao adesivo uma diminuição significativa no tack, um aumento na coesão e um<br />
aumento na viscosidade, o que dificulta a aplicação por spray.<br />
Utilizando a borracha SIS Radial e variando-se as intensidades de óleos<br />
naftênicos, observou-se que para quantidades iguais dos óleos A e B, as<br />
características de tack e coesão se mantiveram semelhantes ao padrão, somente a<br />
viscosidade apresentou um leve aumento. Utilizando o óleo A (óleo de menor<br />
viscosidade) em maior quantidade, verificou-se que o adesivo apresentou uma leve<br />
redução no tack e na viscosidade, porém a coesão se manteve boa; já utilizando o<br />
óleo B (óleo de maior viscosidade) em maior quantidade, houve um pequeno<br />
aumento no tack e na viscosidade, mantendo também uma boa coesão.<br />
As amostras produzidas com borracha SIS Linear apresentaram um bom<br />
tack e uma excelente coesão, demonstrando uma melhor associação entre a parte<br />
polimérica e a parte plástica do óleo, independente das quantidades dos óleos de<br />
menor ou maior viscosidades. Ambas também apresentaram viscosidade bastante<br />
semelhante à viscosidade da amostra padrão.<br />
O uso de borracha SBS Linear, juntamente com os óleos naftênicos, conferiu<br />
ao adesivo um melhor tack e uma melhor coesão, apresentando um nível de<br />
interação bastante elevado entre os componentes da formulação.<br />
A utilização de borracha SBS Linear com óleo parafínico proporcionou ao<br />
adesivo um aumento na coesão, tack considerado bom e um aumento na<br />
viscosidade, quando comparado à amostra padrão. Este aumento na viscosidade<br />
pode dificultar a aplicação por spray.<br />
Com relação ao ponto de amolecimento das amostras, verificou-se que<br />
somente a amostra Padrão apresentou um ponto de amolecimento mais elevado. O<br />
restante das amostras teve ponto de amolecimento bastante parecido.
61<br />
Em todas as formulações não foi verificado separação de fases, o que indica<br />
que em menor ou maior intensidade, todas as amostras apresentam boa<br />
compatibilidade e com isso é possível escolher a melhor associação de acordo com<br />
a aplicação desejada, ou seja, para alguns tipos de colagem, é necessário um bom<br />
tack, para outros tipos, apenas uma boa coesão, em alguns casos, há necessidade<br />
de tack e coesão elevados. Em algumas colagens uma boa resistência à<br />
temperatura é essencial e há também os casos em que a viscosidade deve ser<br />
maior ou menor.<br />
No trabalho executado, todas estas características foram encontradas nas<br />
diversas formulações desenvolvidas, e com isso foi possível avaliar as diferentes<br />
viscosidades, as fórmulas com maior ou menor tack e coesão e a resistência à<br />
temperatura, visando assim, uma melhor indicação para a aplicação final.
62<br />
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