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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE<br />

MÁRCIO ROSA JUNG<br />

CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO EM COMPRIMIDOS DE<br />

HIDROCLOROTIAZIDA 50 MG<br />

NOVO HAMBURGO, 2008.


MÁRCIO ROSA JUNG<br />

CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO EM COMPRIMIDOS DE<br />

HIDROCLOROTIAZIDA 50 MG<br />

Centro Universitário Feevale<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciência da Saú<strong>de</strong><br />

Curso <strong>de</strong> Ciências Farmacêuticas<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />

Professora Orientadora: Raquel Denise Petry<br />

Novo Hamburgo, junho <strong>de</strong> 2008.


RESUMO: A hidroclorotiazida é uma substância muito prescrita no <strong>controle</strong> <strong>de</strong> hipertensão e insuficiências<br />

cardíacas crônicas, pertence à classe dos diuréticos tiazídicos. O presente trabalho avalia e compara através dos<br />

testes físico-químicos, preconizados pela Farmacopéia Brasileira IV e Farmacopéia Portuguesa VII, a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> três amostras <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida 50 mg, medicamento <strong>de</strong> referência, um genérico e um<br />

similar. Tais amostras foram submetidas aos testes <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa, <strong>de</strong>sintegração, dureza, friabilida<strong>de</strong><br />

(F.Bras. IV), doseamento e perfil <strong>de</strong> dissolução (F. Port. VII). No teste <strong>de</strong> dissolução recomenda-se que a<br />

quantida<strong>de</strong> dissolvida seja <strong>de</strong> no mínimo 60% do teor indicado no rótulo da embalagem, após 30 minutos, o que<br />

todas as amostras cumpriram. Avaliando-se as curvas <strong>de</strong> porcentagem dissolvida versus tempo – do perfil <strong>de</strong><br />

dissolução, observou-se que as três amostras analisadas apresentam perfil <strong>de</strong> dissolução semelhante, a<strong>de</strong>quado<br />

a fármacos <strong>de</strong> pronta liberação. Destaca-se o fato que os comprimidos parecem atingir a estabilização do<br />

percentual dissolvido em torno <strong>de</strong> 80% após 60 minutos. As características da curva po<strong>de</strong>m sugerir<br />

questionamentos quanto à dissolução da totalida<strong>de</strong> do fármaco presente nos comprimidos. Para todos os ensaios<br />

físico-químicos realizados nos comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida dos medicamentos <strong>de</strong> referência, genérico, e o<br />

similar houve aprovação no <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ou seja, estão <strong>de</strong> acordo com as especificações preconizadas<br />

pela Farmacopéia Brasileira IV e Farmacopéia Portuguesa VII, sugerindo uma possível equivalência farmacêutica.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Comprimidos, perfil <strong>de</strong> dissolução, dissolução, hidroclorotiazida, <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

genérico, similar, testes físico-químicos.<br />

ABSTRACT: The hydrochlorothiazi<strong>de</strong> is a substance very prescribed in the hypertension control and chronic<br />

cardiac insufficiences, it belongs to the class of the thiazi<strong>de</strong> diuretics. The present work evaluates and compares<br />

through the physicist-chemistries praised tests for the Farmacopéia Brasileira IV and Farmacopéia Portuguesa VII,<br />

the quality of three compressed samples of hydrochlorothiazi<strong>de</strong> 50 mg, reference medicine, generic and a similar.<br />

Such samples had been submitted to the tests of mass uniformity, disintegration, hardness, coldness (F.Bras. IV),<br />

dosage and dissolution profile (F. Port. VII). In the dissolution test one is recommen<strong>de</strong>d that the dissolved amount<br />

be at least 60% of the text indicated in the label of the packing, after 30 minutes what all the samples had fulfilled.<br />

Evaluating the curves of percentage dissolved versus time - of the dissolution profile, it was observed that the three<br />

analyzed samples present a similar dissolution profile, adjusted the medicine of ready release. The fact is<br />

distinguished that the tablets seem to reach the stabilization of the percentage dissolved around 80% after 60<br />

minutes. The characteristics of the curve can suggest questionings about the dissolution of the totality of the<br />

present medicine in tablets. For all the physicist-chemistries assays in the in hydrochlorothiazi<strong>de</strong> tablets of<br />

reference medicines, generic, and the similar had approval in the quality control, so, they are in accordance with<br />

the praised specifications for the Farmacopéia Brasileira IV and Farmacopéia Portuguesa VII, suggesting a<br />

possible equivalence pharmaceutical.<br />

KEYWORDS: Tablets, dissolution profile, dissolution, hydrochlorothiazi<strong>de</strong>, quality control, generic, similar,<br />

physicist-chemistries tests.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A pressão arterial é um produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Os fármacos<br />

diminuem a pressão atuando sobre a resistência periférica e o débito cardíaco ou ambos (GOODMAN, 2003).<br />

A hipertensão e suas complicações como, <strong>de</strong>rrames, doenças do coração, paralisação dos rins, lesões nas<br />

artérias, alterações na visão entre outras são um grave problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública brasileira e mundial. Por isso, é<br />

importante o investimento num conjunto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong>, prevenção, diagnóstico e tratamento dos<br />

agravos da hipertensão. O objetivo é reduzir o número <strong>de</strong> internações, a procura por pronto-atendimento, os<br />

gastos com tratamentos <strong>de</strong> complicações, aposentadorias precoces e mortalida<strong>de</strong> cardiovascular, com a<br />

conseqüente melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos portadores (PORTAL DA SAÚDE, 2008).<br />

A prevalência estimada <strong>de</strong> hipertensão no Brasil atualmente é <strong>de</strong> 35% da população acima <strong>de</strong> 40 anos. Isso<br />

representa em números absolutos um total <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong> portadores da doença, segundo estimativa <strong>de</strong> 2004<br />

do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia Estatística (IBGE) (PORTAL DA SAÚDE, 2008).<br />

Os diuréticos constituem um grupo indispensável <strong>de</strong> medicamentos terapêuticos que são usados para<br />

ajustar o volume e a composição dos líquidos corporais em diversas situações clínicas (GOODMAN, 2003). Com<br />

os primeiros diuréticos, com ação predominante no túbulo distal, a serem estudados foram os do grupo dos<br />

benzotiazídicos, essas drogas ficaram conhecidas como tiazídicos (SILVA, 2002). Os diuréticos tiazídicos<br />

surgiram durante tentativas <strong>de</strong> sintetizar inibidores mais potentes da anidriase carbônica. Posteriormente, ficou<br />

claro que os tiazídicos inibem o transporte <strong>de</strong> NaCl in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> seu efeito sobre a ativida<strong>de</strong> da<br />

anidrase carbônica e que eles atuam sobre o transporte <strong>de</strong> sal no túbulo contorcido distal (KATZUNG, 2003). Os<br />

tiazídicos inibem a reabsorção <strong>de</strong> NaCl do lado luminal das células epiteliais no túbulo contorcido distal do néfron<br />

(KATZUNG, 2003), resultando em aumento da <strong>de</strong>puração <strong>de</strong> sódio e <strong>de</strong> água livre. Esse efeito provavelmente


3<br />

seja da inibição <strong>de</strong> transporte do NaCl. As tiazidas produzem menor diurese, que geralmente se esten<strong>de</strong> por um<br />

período mais longo <strong>de</strong> tempo. No paciente com insuficiência cardíaca leve, o efeito diurético mais leve das tiazidas<br />

po<strong>de</strong> ser mais aceitável para o paciente (GRAHAME-SMITH, 2004).<br />

A hidroclorotiazida é uma substância prescrita no <strong>controle</strong> da hipertensão e insuficiências cardíacas<br />

crônicas (ROKEMBACH, 2002), e é um diurético tiazídico amplamente empregado na terapêutica antihipertensiva,<br />

tem sido largamente utilizada como fármaco mo<strong>de</strong>lo para estudos biofarmacotécnicos (LAMOLHA &<br />

SERRA, 2007).<br />

A posologia da hidroclorotiazida mais utilizada em e<strong>de</strong>ma é <strong>de</strong> 50-100 mg ao dia por via oral, já para<br />

hipertensão a dose diária é menor variando <strong>de</strong> 25-50 mg. Segundo (GRAHAME-SMITH, 2004), todos os diuréticos<br />

tiazídicos são bem absorvidos e excretados na forma inalterada pelos rins, e seu tempo <strong>de</strong> meia-vida é <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 8-12 h, portanto <strong>de</strong>vem ser administrados pela manhã para evitar a nictúria.<br />

A via oral constitui a forma mais comum para administração <strong>de</strong> fármacos para efeitos sistêmicos e <strong>de</strong>ntre os<br />

medicamentos administrados por via oral, as formas farmacêuticas sólidas, sobretudo os comprimidos, são as<br />

mais empregadas na terapêutica, pois permitem administração <strong>de</strong> uma dose única e exata do fármaco, além <strong>de</strong><br />

apresentarem alta produtivida<strong>de</strong> e custos relativamente baixos (LAMOLHA & SERRA, 2007).<br />

Para obtenção do efeito terapêutico a partir <strong>de</strong> um medicamento na forma <strong>de</strong> comprimido, quando<br />

administrado por via oral, é necessário que o fármaco passe da forma <strong>de</strong> dosificação em que se encontra para<br />

outra em que seja diretamente absorvível. Este processo, chamado <strong>de</strong> liberação, é anterior a absorção, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da dissolução do fármaco nos líquidos orgânicos. Assim, é fácil imaginar a importância dos ensaios <strong>de</strong> dissolução<br />

na avaliação do <strong>de</strong>sempenho dos medicamentos na forma sólida (RODRIGUES, et al., 2008). Na tentativa <strong>de</strong><br />

ajustar as condições dos testes in vitro às condições fisiológicas, o <strong>de</strong>lineamento do teste <strong>de</strong> dissolução tem sido<br />

objeto <strong>de</strong> intensa e constante discussão nos últimos anos (NERY, et al., 2007). Segundo Rodrigues et al., (2008),<br />

o estudo do processo <strong>de</strong> dissolução in vitro, empregando-se o teste <strong>de</strong> dissolução e perfil <strong>de</strong> dissolução tem sido<br />

utilizado como parâmetro crítico para <strong>de</strong>terminar o <strong>de</strong>sempenho e <strong>de</strong>finir a qualida<strong>de</strong> da forma farmacêutica.<br />

Para Rumel et al. (2006), medicamentos novos ou <strong>de</strong> referência incluem aqueles com mecanismo <strong>de</strong> ação<br />

e/ou indicação terapêutica ainda não contemplada por outros princípios ativos, e aqueles com princípio ativo<br />

inédito, cuja indicação terapêutica já seja atendida. Genéricos são cópias <strong>de</strong> medicamentos novos ou referência<br />

que per<strong>de</strong>ram a patente, “emprestando” resultados dos ensaios clínicos <strong>de</strong> eficácia e segurança do produto<br />

original, por meio da comprovação <strong>de</strong> equivalência farmacêutica (in vitro) e bioequivalência (in vivo). Similares são<br />

medicamentos-cópia existentes antes da Lei dos genéricos que, a partir <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2003, <strong>de</strong>vem se assemelhar a<br />

genéricos, mediante apresentação daqueles mesmos testes, no momento <strong>de</strong> renovação do registro.<br />

Para o medicamento genérico e similar, o fabricante <strong>de</strong>ve investir no <strong>de</strong>senvolvimento farmacotécnico <strong>de</strong><br />

um produto que cumpra com as mesmas especificações in vitro, em relação ao medicamento <strong>de</strong> referência.<br />

Entretanto, aceita-se que a formulação e o processo <strong>de</strong> fabricação não sejam idênticos (KLEINKAUF, 2006).<br />

O <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é um conjunto <strong>de</strong> ações incessantes que ocorrem no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

produto, em etapas <strong>de</strong> produção e no produto acabado visando garantir a qualida<strong>de</strong> necessária. Na produção <strong>de</strong><br />

medicamentos, especialmente em escala industrial, o <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é parte integrante das rotinas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e produção há muito tempo, mas que ganhou <strong>de</strong>staque nas últimas décadas. Entre estas etapas<br />

do <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, os ensaios físico-químicos são importantes para elaboração <strong>de</strong> novas formulações,<br />

validação da qualida<strong>de</strong> dos medicamentos ou como comparativo entre medicamentos diferentes com o mesmo<br />

fármaco.<br />

Neste trabalho o principal objetivo foi aplicar os testes físico-químicos preconizados pela Farmacopéia<br />

Brasileira IV e Farmacopéia Portuguesa VII no <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida 50 mg.<br />

Como amostras foram utilizadas o medicamento <strong>de</strong> referência, um genérico e um similar. Os testes realizados<br />

foram: uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa, <strong>de</strong>sintegração, dureza, friabilida<strong>de</strong>, doseamento e perfil <strong>de</strong> dissolução. De posse<br />

<strong>de</strong> tais resultados foi analisada a equivalência farmacêutica (in vitro) entre as amostras.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Material<br />

Foram utilizadas três amostras <strong>de</strong> hidroclorotiazida: medicamento <strong>de</strong> referência 50 mg caixas com 20<br />

comprimidos todas sob mesmo lote, fabricado em 10/06, com valida<strong>de</strong> até 10/09; medicamento genérico 50 mg<br />

caixas com 20 comprimidos todos sob mesmo lote, fabricado em 10/07, com valida<strong>de</strong> até 10/09; medicamento<br />

similar 50 mg caixas com 20 comprimidos todos sob mesmo lote, fabricado em 06/07, com valida<strong>de</strong> até 06/09.<br />

Os equipamentos utilizados foram: dissolutor com cestos Nova Ética, mo<strong>de</strong>lo 299, espectrofotômetro<br />

Varian, mo<strong>de</strong>lo Cary50conc, balança analítica Marte, mo<strong>de</strong>lo AL 500, <strong>de</strong>sintegrador Nova Ética, mo<strong>de</strong>lo 301-AC,<br />

durômetro Nova Ética, mo<strong>de</strong>lo 298DGP e friabilômetro Nova Ética, mo<strong>de</strong>lo 300. Como reagentes foram utilizadas<br />

soluções <strong>de</strong> HCl 0,1 M e NaOH 0,1 M do fornecedor ALZ.


4<br />

Métodos<br />

Para avaliação e comparação das amostras <strong>de</strong> hidroclorotiazida 50 mg, os comprimidos do medicamento <strong>de</strong><br />

referência, um genérico e um similar foram submetidos aos ensaios físico-químicos preconizados pela<br />

Farmacopéia Brasileira IV e pela Farmacopéia Portuguesa VII. A Farmacopéia Brasileira IV foi utilizada como<br />

referência na avaliação da uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa em que foram pesados 20 comprimidos, da dureza, sendo<br />

analisados 10 comprimidos, da friabilida<strong>de</strong> em que 20 comprimidos foram submetidos ao teste e <strong>de</strong>sintegração,<br />

sendo avaliados 6 comprimidos. Já o doseamento foi realizado em triplicata conforme a Farmacopéia Portuguesa<br />

VII.<br />

Para a análise do perfil <strong>de</strong> dissolução das três amostras foi utilizado o método da Farmacopéia Portuguesa<br />

VII, com modificações. Foram utilizados 6 comprimidos <strong>de</strong> cada amostra, como meio <strong>de</strong> dissolução 900 ml <strong>de</strong> HCl<br />

0,1 M a 37±1 °C, em cada cuba do dissolutor; o sistema <strong>de</strong> agitação foi <strong>de</strong> cestos com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 150 rpm.<br />

Foram coletadas com auxílio <strong>de</strong> pipeta volumétrica, alíquotas <strong>de</strong> 25 ml nos intervalos <strong>de</strong> tempo: 5, 10, 20, 30, 40 e<br />

60 minutos com imediata reposição do meio. Em seguida as alíquotas foram filtradas com papel filtro, diluídas e<br />

realizada leitura da absorção a 273 nm no espectrofotômetro conforme a Farmacopéia Portuguesa VII.<br />

Perfis <strong>de</strong> dissolução foram obtidos a partir da relação entre a porcentagem <strong>de</strong> fármaco dissolvido em função<br />

do tempo. Para calcular a porcentagem dissolvida foi necessário primeiro <strong>de</strong>terminar a concentração <strong>de</strong><br />

hidroclorotiazida na alíquota usando a técnica espectrofotométrica <strong>de</strong>scrita no teste <strong>de</strong> doseamento (F. Port. VII).<br />

Para fins <strong>de</strong> cálculos <strong>de</strong> concentração foi feito a média entre as seis cubas <strong>de</strong> cada amostra para cada tempo.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados obtidos na análise e comparação das três amostras <strong>de</strong> hidroclorotiazida 50 mg para os<br />

ensaios <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa, dureza, friabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sintegração, doseamento e dissolução são<br />

apresentados na Tabela 1.<br />

Tabela 1. Resultados dos ensaios físico-químicos aplicados a comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida<br />

Referência<br />

( ± sd)<br />

Genérico<br />

( ± sd)<br />

Similar<br />

( ± sd)<br />

Uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

massa (g)<br />

0,229 ± 0,005 0,165 ± 0,002 0,172 ± 0,004<br />

Dureza (N) 40,0 ± 3,0 41,4 ± 5,69 47,9 ± 7,27<br />

Friabilida<strong>de</strong> (%) 0,5 0,8 0,7<br />

Desintegração (min) 1,42 ± 0,33 0,17 ± 0,0 0,88 ± 0,25<br />

Doseamento (%) 105,3 ± 0,21 97,06 ± 0,12 99,97 ± 0,45<br />

Dissolução em 30<br />

minutos (%)<br />

( ± sd) = média ± <strong>de</strong>svio padrão<br />

72,9 ± 8,77 73,6 ± 5,32 67,6 ± 3,74<br />

Para todos os ensaios físico-químicos nos comprimidos <strong>de</strong> hidrocolorotiazida dos medicamentos <strong>de</strong><br />

referência, genérico e o similar houve aprovação no <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ou seja, estão <strong>de</strong> acordo com as<br />

especificações preconizadas pela Farmacopéia Brasileira IV e Farmacopéia Portuguesa VII.<br />

No teste <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa nenhum comprimido ultrapassou o limite <strong>de</strong> variação que é <strong>de</strong> ± 10%<br />

para comprimidos com dose inferior a 80 mg e o coeficiente <strong>de</strong> variação das três amostras foi inferior a 2,4%.<br />

Porém o peso médio dos comprimidos para as amostras foi maior no comprimido <strong>de</strong> referência, que era esperado<br />

pelo seu tamanho que é bem superior aos outros, isso facilmente explicado pelo uso <strong>de</strong> diferentes excipientes e<br />

processos <strong>de</strong> produção como já foi comentado anteriormente.<br />

No teste <strong>de</strong> dureza a média foi superior ao mínimo preconizado que é <strong>de</strong> 30 N e nenhum dos comprimidos<br />

individualmente apresentou valor inferior ao mínimo. Neste ensaio ocorreu ampla variação entre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

uma mesma amostra, como po<strong>de</strong> ser verificado pelos <strong>de</strong>svios padrões (Tabela 1). Embora a variação seja maior<br />

para o genérico e o similar esses resultados po<strong>de</strong>m estar relacionados a limitações do equipamento utilizado para<br />

análise.


5<br />

No doseamento para comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida consta na Farmacopéia Portuguesa VII, que os<br />

mesmos contenham no mínimo 92,5% e no máximo 107,5% da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fármaco <strong>de</strong>clarada no rótulo e as<br />

três amostras apresentaram resultados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta faixa.<br />

Na friabilida<strong>de</strong> os resultados expressos em percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> massa foram inferiores ao máximo<br />

preconizado <strong>de</strong> 1,5%. A a<strong>de</strong>quação neste parâmetro <strong>de</strong>monstra a qualida<strong>de</strong> dos comprimidos no que diz respeito<br />

ao uso <strong>de</strong> excipientes, tamanho <strong>de</strong> partícula, formulação e compressão, entre outros fatores da produção. Isso<br />

garante também que os comprimidos cheguem íntegros ao consumidor evitando perda <strong>de</strong> massa dos comprimidos<br />

e consequentemente <strong>de</strong> fármaco.<br />

Em relação ao teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sintegração é preconizado que os comprimidos estejam totalmente <strong>de</strong>sintegrados<br />

em no máximo 30 minutos, o que foi verificado para as amostras testadas. Porém, <strong>de</strong>stacou-se o resultado do<br />

medicamento genérico, os quais ao entrarem em contato com a água, começaram a inchar e se <strong>de</strong>sintegraram em<br />

10 segundos, valores bastante distintos da média do medicamento <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> 1,42 minutos. Embora esses<br />

valores sejam diferentes não <strong>de</strong>ve haver repercussão dos mesmos na absorção do medicamento já que todos<br />

<strong>de</strong>sintegram-se em no máximo 2 minutos.<br />

O teste <strong>de</strong> dissolução dos comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida <strong>de</strong>scrito na Farmacopéia Portuguesa VII<br />

recomenda que a quantida<strong>de</strong> dissolvida seja <strong>de</strong> no mínimo 60% do teor indicado no rótulo, após 30 minutos.<br />

Todas as amostras avaliadas cumpriram com as especificações preconizadas pela Farmacopéia. O medicamento<br />

<strong>de</strong> referência atingiu este teor <strong>de</strong> dissolução em <strong>de</strong> 20 minutos bem como o medicamento similar, já o genérico<br />

atingiu na segunda alíquota retirada aos 10 minutos.<br />

A Figura 1 apresenta os perfis <strong>de</strong> dissolução das três amostras e a Tabela 2 apresenta os valores da<br />

porcentagem <strong>de</strong> dissolução <strong>de</strong> cada amostra.<br />

% dissolvida <strong>de</strong> hidroclorotiazida<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Referência<br />

Similar<br />

Genérico<br />

0 10 20 30 40 50 60<br />

Tempo (minutos)<br />

Figura 1. Porcentagem <strong>de</strong> hidroclorotiazida dissolvida em função do tempo.<br />

Tabela 2. Percentual médio <strong>de</strong> hidroclorotiazida dissolvida em função do tempo.<br />

Tempo<br />

5<br />

10<br />

20<br />

30<br />

40<br />

60<br />

(minutos)<br />

( ± sd)<br />

( ± sd)<br />

( ± sd)<br />

( ± sd)<br />

( ± sd)<br />

( ± sd)<br />

Referência 33,3% ± 2,4 51,4% ± 5,7 64,6% ± 5,6 72,9% ± 8,8 74,3% ± 4,7 78,6% ± 2,9<br />

Genérico 48,2% ± 2,9 62,5% ± 7,5 70,7% ± 5,4 73,6% ± 5,3 74,3% ± 4,7 74,5% ± 4,2<br />

Similar 40,6% ± 3,2 50,8% ± 2,7 62,2% ± 4,8 67,6% ± 3,7 70,2% ± 2,8 73,3% ± 2,2<br />

( ± sd) = média ± <strong>de</strong>svio padrão<br />

Avaliando-se o perfil <strong>de</strong> dissolução (porcentagem dissolvida versus tempo) na Figura 1, as três amostras<br />

analisadas apresentam perfil <strong>de</strong> dissolução semelhante, a<strong>de</strong>quado a fármacos <strong>de</strong> pronta liberação. Destaca-se o<br />

fato que os comprimidos parecem atingir a estabilização do percentual dissolvido em torno <strong>de</strong> 80% após 60<br />

minutos. As características da curva po<strong>de</strong>m sugerir questionamentos quanto à dissolução da totalida<strong>de</strong> do<br />

fármaco presente nos comprimidos.


6<br />

Nesse contexto, embora os comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazida referência, genérico e similar apresentem<br />

diferenças nas análises realizadas, <strong>de</strong>staca-se o fato que todos cumpriram com os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> fixados<br />

nos compêndios consultados e que, portanto, as diferenças apresentadas não parecem suficientes para<br />

comprometer a qualida<strong>de</strong> ou a eficácia <strong>de</strong>stes medicamentos.<br />

CONCLUSÕES<br />

Em <strong>controle</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, múltiplas são as variáveis que levam um comprimido a ser ou não aprovado, a ter<br />

as características <strong>de</strong>sejadas, a alcançar patamares <strong>de</strong> alto rendimento no quem diz respeito principalmente à<br />

dissolução, absorção e eficácia no tratamento, sem <strong>de</strong>sprezar a relação custo benefício. Na elaboração e<br />

produção <strong>de</strong> comprimidos segundo Nery et al. (2007) as variações po<strong>de</strong>m ser nas características do fármaco<br />

(tamanho <strong>de</strong> partícula, cristalinida<strong>de</strong>, solvatação, rota <strong>de</strong> síntese), na formulação (variações qualitativas e<br />

quantitativas) e nos processos e parâmetros produtivos (via úmida ou compressão direta; força <strong>de</strong> compressão,<br />

método <strong>de</strong> secagem, revestimento, or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> adição dos componentes da formulação, capacida<strong>de</strong> e tamanho dos<br />

equipamentos envolvidos) gerando, conseqüentemente, liberações distintas do fármaco.<br />

O teste <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> dissolução é i<strong>de</strong>al para se trabalhar com um procedimento com po<strong>de</strong>r discriminativo<br />

capaz <strong>de</strong> gerarem dados que apontem diferenças nos componentes, na formulação e/ou nos processos produtivos<br />

das formas farmacêuticas, po<strong>de</strong>ndo até, indicar possíveis mudanças na qualida<strong>de</strong> do produto antes que seu<br />

<strong>de</strong>sempenho in vivo seja afetado (NERY, et al., 2007).<br />

As três amostras, medicamentos <strong>de</strong> referência, genérico e similar <strong>de</strong> hidroclorotiazida 50 mg, cumpriram<br />

com todas as exigências dos testes físico-químicos preconizados pela Farmacopéia Brasileira IV e Farmacopéia<br />

Portuguesa VII. Os resultados parecem bastante semelhantes, indicando que as diferenças presentes,<br />

aparentemente não têm relevância já que os parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> foram cumpridos. Diante dos resultados dos<br />

testes físico-químicos e do perfil <strong>de</strong> dissolução, <strong>de</strong>staca-se a semelhança entre os perfis <strong>de</strong> dissolução para os<br />

diferentes medicamentos. De fato, medicamentos <strong>de</strong> referência e o genérico <strong>de</strong>vem ter perfis <strong>de</strong> dissolução<br />

semelhantes, mas não necessariamente o similar.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

FARMACOPÉIA BRASILEIRA IV. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2v., 1988-2002.<br />

FARMACOPÉIA PORTUGUESA VII. Edição Oficial. Lisboa: Inframed, 2v, 2002.<br />

GOODMAN, Louis Sanford. Goodman e Gilman as bases farmacológicas da terapêutica. 10. ed Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

McGraw-Hill, 2003.<br />

GRAHAME-SMITH, D.G.; ARONSON, J. K. Tratado <strong>de</strong> farmacologia clínica e farmacoterapia. 3. ed. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Guanabara, 2004.<br />

KATZUNG, Bertram. Farmacologia: básica e clínica. 8. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.<br />

KLEINKAUF, Rafael Davi. Desenvolvimento e validação <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> dissolução para cápsulas <strong>de</strong> liberação<br />

prolongada <strong>de</strong> cloridrato <strong>de</strong> venlafaxina e comparativo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> entre medicamento genérico e referência.<br />

2006. 46p. Monografia (Graduação) <strong>de</strong> Ciências Farmacêuticas, Centro Universitário Feevale, Novo Hamburgo.<br />

LAMOLHA, Marco Aurélio; SERRA, Cristina Helena dos Reis. Avaliação das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fluxo dos granulados<br />

e dissolução <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong> hidroclorotiazisa 50 mg obtidos por granulação úmida. Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Ciências Farmacêuticas. v.43, n. 3, p.435-436, jul./set. 2007.<br />

NERY, Christiane Gino Colu; PIANETTI, Gerson Antônio, PIRE, Maria Arlete Silva; CAMPOS, Ligia Maria Moreira;<br />

SOARES, Cristina Duarte Vianna. Tese <strong>de</strong> dissolução para avaliação <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> glibenclamida em<br />

comprimidos. Revista Brasileira <strong>de</strong> Ciências Faramacêuticas. v.43, n. 3, p. 414-416, jul./set. 2007.<br />

PORTAL DA SAÚDE. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Disponível:<br />

http://200.214.130.38/portal/sau<strong>de</strong>/visualizar_texto.cfm?idtxt=23616&janela=1 [capturado em 26 maio 2008].<br />

ROKEMBACH, Cecília <strong>de</strong> Fátima Queiroz et al. Aplicação da técnica <strong>de</strong> FMEA na fabricação <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong><br />

hidroclorotiazida em um indústria farmacêutica. XXII Encontro Nacional <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção. Curitiba,<br />

2002.


7<br />

RODRIGUES, Letícia Norma Carpentieri, WATANABE, Sayuri Pereira; FERRAZ, Humberto Gomes. Perfil <strong>de</strong><br />

dissolução in vitro <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong> primaquina disponíveis para tratamento <strong>de</strong> malária no Brasil. Revista da<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina Tropical. v.41, p.41, jan./fev. 2008.<br />

RUMEL, Davi; NISHIOKA, Sérgio <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>; SANTOS, Adélia Aparecida Marçal dos. Intercambialida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

medicamentos: abordagem clínica e o ponto <strong>de</strong> vista do consumidor. Revista Saú<strong>de</strong> Pública. v.40, p. 921-927,<br />

2006.<br />

SILVA, Penildon. Farmacologia. 6. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.


ANEXOS


ANEXO A – NORMAS DO PERIÓDICO<br />

9

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