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António Fonseca Ferreira POR Lisboa mais ... - CCDR-LVT

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Na verdade, num mundo em permanente mutação<br />

e fortemente interactivo, a visão prospectiva de território<br />

constitui uma fonte virtuosa de inteligência colectiva,<br />

ao permitir integrar actores responsáveis por recursos<br />

de diferente natureza (ambientais, económicos, sociais,<br />

culturais, etc.) e escala (local, regional, nacional, global)<br />

em contextos de decisão tornados <strong>mais</strong> resilientes pela<br />

partilha de um horizonte estratégico e de uma linha<br />

de rumo comuns.<br />

Que balanço faz desta primeira experiência das Parcerias<br />

para a Regeneração Urbana, tendo em conta o envolvimento<br />

intersectorial de ministérios, autarquias e parceiros sociais?<br />

Num país, como Portugal, marcado por uma administração<br />

demasiado centralizada e sectorializada, por uma cultura de relativa<br />

desconfiança entre a administração central e as autarquias<br />

e por uma sociedade civil pouco organizada, é imperioso abrir<br />

espaços estruturados de comunicação, intercâmbio e trabalho<br />

conjunto que se transformem em verdadeiros contextos de oportunidade<br />

para todos os envolvidos.<br />

É por isso que a aplicação do princípio da parceria, nomeadamente<br />

em iniciativas que envolvem o acesso a financiamento<br />

público através de procedimentos concursais, é tão importante:<br />

introduz maior racionalidade nas decisões, garante <strong>mais</strong> justiça<br />

relativa, viabiliza economias de escala, propicia mecanismos de<br />

circulação de informação e conhecimento, favorece processos<br />

colectivos de aprendizagem, criatividade e inovação. Ora todos<br />

estes aspectos são particularmente decisivos para intervir adequadamente<br />

na qualificação, modernização e dinamização de realidades<br />

tão complexas como são as cidades.<br />

A constituição de parcerias confronta-se, no entanto, com problemas<br />

há muito identificados, desde o recurso oportunista aos chamados<br />

«parceiros de conforto» à designada «fadiga institucional»<br />

inerente a processos que se tornam, não raro, demasiado<br />

complexos e absorventes para as capacidades das entidades<br />

envolvidas e para os resultados visados.<br />

Para ser eficiente, o princípio da parceria – que se pode resumir,<br />

como alguém disse, numa equação muito simples: 1+1 = 3 – exige<br />

visão estratégica, definição de prioridades, programação da acção,<br />

monitorização. É esta a filosofia do instrumento «Parcerias para<br />

a Regeneração Urbana». E é este o desafio com que se confrontam<br />

todos aqueles que a ele recorrem ou desejam recorrer.<br />

A experiência no terreno associada ao instrumento «Parcerias<br />

para a Regeneração Urbana» é ainda demasiado recente para<br />

.permitir um balanço consistente. Mas os primeiros resultados<br />

parecem promissores: entidades de cidades de todo o país aceitaram<br />

sentar-se à volta de uma mesma mesa para partilharem projectos<br />

e recursos, comprometendo-se com um programa de acção<br />

comum, dando, assim, sentido a intervenções integradas em meio<br />

urbano, centros históricos nalguns casos, frentes ribeirinhas noutros,<br />

bairros suburbanos noutros ainda.<br />

Esta é, afinal, a missão fundadora do ordenamento do território:<br />

proporcionar, para territórios concretos, a adequada ponderação<br />

de valores e interesses diferentes e até contraditórios. E esta é,<br />

ainda, uma das formas <strong>mais</strong> nobres de reconhecermos a centralidade<br />

da «boa cidade» para o desenvolvimento das sociedades<br />

contemporâneas: encará-la como objecto federador e racionalizador<br />

de decisões e acções indispensáveis à prossecução do interesse<br />

comum e à qualidade da vida colectiva.<br />

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