António Fonseca Ferreira POR Lisboa mais ... - CCDR-LVT
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ecta e vem ter à Portela. A Portela tem cerca de 600 hectares, na<br />
minha opinião seria metade para parque urbano, de que <strong>Lisboa</strong><br />
precisa. E a outra metade devia ser aproveitada para um parque<br />
empresarial moderno, com as instalações que já lá existem,<br />
incluindo o check-in para a Alta Velocidade. Já discuti isso com<br />
pessoas da Refer, dizem-me que não se pode ligar o caminho‐de-<br />
‐ferro convencional. Mas com certeza que se pode ligar à linha<br />
de cintura. A estação seria enterrada, por causa das cotas. Espero<br />
que se reflicta melhor sobre isto.<br />
A outra questão que me deixa preocupado é a componente rodoviária<br />
na travessia Chelas-Barreiro. A minha opinião é que a ponte<br />
deve ficar preparada para no futuro vir a tê-la, mas de momento<br />
é claramente excessiva. No futuro, quando tivermos outra geração<br />
de carros <strong>mais</strong> amigos do ambiente, então sim.<br />
Esta componente rodoviária é <strong>mais</strong> uma facada no transporte<br />
público. Durante o III Quadro Comunitário de Apoio (QCA) adquiriram-se,<br />
com fundos comunitários, nove catamarans, um meio<br />
de transporte excelentíssimo e rápido que está a 40 por cento da<br />
capacidade. Ainda temos capacidade ferroviária na Ponte 25 de<br />
Abril. Temos a Ponte Vasco da Gama com capacidade rodoviária<br />
e está previsto alargá-la com <strong>mais</strong> uma faixa. E temos uma capacidade<br />
de travessia do Tejo excedentária.<br />
Em relação à Alta Velocidade, defende que o eixo Setúbal-<br />
La Coruña deve ser prioritário, e não o eixo <strong>Lisboa</strong>-Madrid.<br />
Mas não é essa a nossa ligação <strong>mais</strong> directa a Espanha<br />
e à Europa?<br />
Pode ser a ligação <strong>mais</strong> directa, mas há uma questão estratégica,<br />
como bem notou o general Loureiro dos Santos num artigo publicado<br />
recentemente. Madrid quer fazer uma estrela, ficar como<br />
centro da Ibéria. De qualquer modo, todos os estudos dizem que<br />
essa linha nunca será rentável. Bem sei que tem havido surpresas<br />
agradáveis – por exemplo a linha Madrid-Sevilha e a linha Madrid-<br />
‐Barcelona tiveram rapidamente muito <strong>mais</strong> passageiros do que<br />
o previsto. Mas <strong>Lisboa</strong>-Madrid não tem grandes centros intermédios<br />
e a distância de 600 quilómetros começa a ser concorrencial<br />
pelo avião. São três horas e de avião faz-se numa hora. Nos estudos<br />
convencionais, a concorrência do avião começa acima dos<br />
300 km.<br />
E o problema é diferente no litoral?<br />
A alta velocidade pode ter um papel virtuoso na faixa litoral<br />
Setúbal‐La Coruña, fortemente urbanizada, onde está previsto<br />
que ao fim de oito a dez anos o comboio seja rentável. Acima<br />
de tudo, isto tem a ver com o exemplo de Taiwan, onde a alta<br />
.velocidade é feita para ligar centros de competência, com novos<br />
serviços de investigação, de desenvolvimento tecnológico, como<br />
nós podemos ter: <strong>Lisboa</strong>, Leiria/Marinha Grande, Coimbra, Aveiro,<br />
Porto, Braga, Galiza. São centros que, cada vez <strong>mais</strong>, requerem<br />
quadros que ensinam numa universidade num pólo, investigam<br />
noutro, dão consultadoria noutro, e isso não é compatível<br />
nem com o caminho-de-ferro convencional, nem com o avião,<br />
nem com a estrada. Num artigo que escrevi, dei o exemplo de<br />
Taiwan, onde fizeram alta velocidade, e a ilha só tem 450 km<br />
de comprimento.<br />
Cita a propósito Richard Florida, que faz um balanço entre<br />
a população, as actividades económicas e também a investigação<br />
científica, os pólos universitários…<br />
Sim, exactamente isso, para fundamentar a minha opinião. Vejo<br />
a Portela como uma zona moderna de Berlim onde está a sede<br />
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