22.04.2015 Views

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

87<br />

forma estratificada, havendo várias esferas sociais, incluindo aquelas<br />

<strong>em</strong> que seus m<strong>em</strong>bros eram coisificados, tout court. É Miranda qu<strong>em</strong><br />

nos dá uma boa noção disso:<br />

Em Roma, qu<strong>em</strong> se encontra fora do círculo do Estado<br />

é hostis; o que se encontra no raio menor do império,<br />

mas fora da res publica, é hostis submetido – servus,<br />

<strong>de</strong>diticius, súbdito ou cliente; o que se encontra no raio<br />

menor, mais próximo da res publica, <strong>em</strong>bora, ainda assim,<br />

fora <strong>de</strong>la é o aliado – socius, amicus; o que se acha na<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> res publica, mas fora do governo, é o civis,<br />

o qual toma parte na ass<strong>em</strong>bleia do populus; o que se<br />

encontra no interior da esfera do governo, visto que t<strong>em</strong> a<br />

pretensão <strong>de</strong> governar, é o nobilis da aristocracia; e este,<br />

na medida <strong>em</strong> que t<strong>em</strong> o po<strong>de</strong>r executivo, é o magistratus<br />

e, na medida <strong>em</strong> que t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong> o controlar, é o pater,<br />

m<strong>em</strong>bro do senado. 31<br />

O servus nada mais era que res e, enquanto não libertado, não<br />

gozava <strong>de</strong> direitos. No entanto, aqueles que os possuíss<strong>em</strong> podiam<br />

reclamá-los <strong>em</strong> juízo, havendo, inclusive, a garantia do direito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

física, o interdito <strong>de</strong> hominelibero exhibendo 32 , que, como o habeas<br />

corpus, dirigia-se contra qu<strong>em</strong> irregularmente <strong>de</strong>tinha, enclausurava ou<br />

<strong>de</strong> qualquer forma impedia a fruição da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong><br />

alguém e podia ser impetrado por mulher ou por menor impuber pubertate<br />

proximi (<strong>em</strong>ancipado por outorga do pai ou <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> sua morte) <strong>em</strong><br />

favor <strong>de</strong> parente. Mas as expressões <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>s são, entre<br />

os romanos, um amplo leque, incluindo a liberda<strong>de</strong> política, “[...] isto<br />

é, a participação <strong>de</strong> cidadãos no governo da Cida<strong>de</strong>” 33 e as liberda<strong>de</strong>s<br />

31 MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da constituição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 2005,<br />

p. 28. Cretella Júnior, ao tratar do status libertatis, refere, no entanto, que “No mundo<br />

romano, <strong>em</strong> relação à liberda<strong>de</strong> movimentam-se pessoas que, conforme a circunstância,<br />

receb<strong>em</strong> os nomes <strong>de</strong> livres, s<strong>em</strong>ilivres, escravos, ingênuos, libertos, libertinos, “in<br />

mancipio”, colonos”, o que nos dá a noção <strong>de</strong> que a categoria <strong>em</strong> que se enquadram<br />

as pessoas <strong>de</strong>terminará a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong>. Cf. CRETELLA JÚNIOR, J.<br />

Curso <strong>de</strong> direito romano. 13. ed. rev. e aum. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1990, p. 90. V.,<br />

ta<strong>mb</strong>ém, CHAMOUN, Ebert. Instituições <strong>de</strong> direito romano. 3. ed. rev. e aum. Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1957, p. 53 e s.<br />

32 Sobre a matéria, conferir nosso Habeas corpus: críticas e perspectivas (um contributo<br />

para o entendimento da liberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua garantia à luz do direito constitucional).<br />

3. ed. rev. e ampl. Curitiba: Juruá, 2009, p. <strong>14</strong>4-<strong>14</strong>6.<br />

33 HAURIOU, André. Droit constitutionnel et institutions politiques, cit., p. 38.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!