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Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

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84<br />

Ficaram célebres as palavras que Péricles proferiu no seu discurso<br />

<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> aos mortos durante a guerra do Peloponeso, registrado<br />

por Tucídi<strong>de</strong>s, quando o governante <strong>de</strong> Atenas, preten<strong>de</strong>ndo levantar o<br />

moral <strong>de</strong> seus soldados, ressalta as qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua forma <strong>de</strong> governo<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que <strong>de</strong>tratava o mo<strong>de</strong>lo espartano:<br />

Viv<strong>em</strong>os sob uma forma <strong>de</strong> governo que não se baseia nas<br />

instituições <strong>de</strong> nossos vizinhos; ao contrário, servimos<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo a alguns ao invés <strong>de</strong> imitar os outros. Seu<br />

nome, como tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não <strong>de</strong> poucos mas da maioria,<br />

é d<strong>em</strong>ocracia. Nela, enquanto no tocante às leis todos são<br />

iguais para a solução <strong>de</strong> suas divergências privadas; [...]<br />

a pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz <strong>de</strong><br />

prestar serviços à cida<strong>de</strong>, seja impedido <strong>de</strong> fazê-lo pela<br />

obscurida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua condição.<br />

[...] mant<strong>em</strong>os nossa cida<strong>de</strong> aberta a todo o mundo e nunca,<br />

por atos discriminatórios, impedimos alguém <strong>de</strong> conhecer e<br />

ver qualquer coisa que, não estando oculta, possa ser vista<br />

por um inimigo e ser-lhe útil.<br />

[...] Ver-se-á <strong>em</strong> uma mesma pessoa ao mesmo t<strong>em</strong>po o<br />

interesse <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s privadas e públicas, e <strong>em</strong> outros<br />

entre nós que dão atenção principalmente aos negócios<br />

não se verá falta <strong>de</strong> discernimento <strong>de</strong> assuntos políticos;<br />

[...] nós, cidadãos atenienses, <strong>de</strong>cidimos as questões públicas<br />

por nós mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por<br />

compreendê-las, na crença <strong>de</strong> que não é o <strong>de</strong>bate que é<br />

<strong>em</strong>pecilho à ação, e sim o fato <strong>de</strong> não se estar esclarecido<br />

pelo <strong>de</strong>bate antes <strong>de</strong> chegar a hora da ação. 22<br />

Pois b<strong>em</strong>, já <strong>de</strong> ant<strong>em</strong>ão perceb<strong>em</strong>os que não se po<strong>de</strong> julgar a Grécia<br />

antiga pelo que normalmente se fala sobre Atenas, pois é indiscutível<br />

o fato <strong>de</strong> que ela se compunha <strong>de</strong> várias realida<strong>de</strong>s sociais, políticas<br />

e culturais, sendo os jônios, espartanos e atenienses, <strong>de</strong>ntre os mais<br />

conhecidos, apenas algumas das etnias que habitaram aquele mundo.<br />

Não será <strong>de</strong>sarrazodo pensarmos, portanto, <strong>em</strong> civilizações do mundo<br />

helênico, ao invés <strong>de</strong> as tratarmos no singular. Mas a cultura ateniense<br />

acabou se tornando a mais conhecida <strong>em</strong> razão daquilo que, do ponto<br />

<strong>de</strong> vista literário (relatos históricos, as tragédias, diálogos filosóficos),<br />

22 TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Tradução <strong>de</strong> Mário da Gama Kury.<br />

4. ed. Brasília: Editora Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 2001, p. 109-111.

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