22.04.2015 Views

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

266<br />

Ora, quando se está diante <strong>de</strong> um inquérito policial, não há, ainda,<br />

evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, processo instaurado, sequer ação penal iniciada.<br />

Nessas condições, os <strong>de</strong>spachos exarados <strong>em</strong> um procedimento<br />

investigatório se revest<strong>em</strong> <strong>de</strong> caráter <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente administrativo<br />

(salvo as medidas <strong>de</strong> natureza cautelar) e não pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados<br />

atos jurisdicionais, n<strong>em</strong> gerar, por conseguinte, qualquer vinculação do<br />

ponto <strong>de</strong> vista da competência processual.<br />

Aliás, admitindo-se o contrário, estaria ferida <strong>de</strong> morte a autonomia<br />

dos m<strong>em</strong>bros do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, pois a atribuição ministerial<br />

seria ditada pelo <strong>de</strong>spacho do Juiz oficiante, o que é inconcebível <strong>em</strong><br />

nosso sist<strong>em</strong>a processual penal, estruturalmente acusatório, no qual<br />

estão perfeitamente <strong>de</strong>finidas as funções <strong>de</strong> acusar, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />

julgar, sendo vedado ao Juiz proce<strong>de</strong>r como órgão persecutório.<br />

Pelo sist<strong>em</strong>a proíbe-se “al órgano <strong>de</strong>cisor realizar las funciones <strong>de</strong> la<br />

parte acusadora” 1 , “que aqui surge com autonomia e s<strong>em</strong> qualquer relacionamento<br />

com a autorida<strong>de</strong> encarregue do julgamento” 2 .<br />

A propósito, sobre o sist<strong>em</strong>a acusatório, assim escreveu Vitu:<br />

“Ce système procédural se retrouve à l’origine <strong>de</strong>s diverses<br />

civilisations méditerranéennes et occi<strong>de</strong>ntales: en Grèce,<br />

à Rome vers la fin <strong>de</strong> la Republique, dans le droit germanique,<br />

à l’époque franque et dans la procédure féodale.<br />

“Ce système, qui ne distingue pás la procédure criminelle<br />

<strong>de</strong> la procédure, se caractérise par <strong>de</strong>s traits qu’on retrouve<br />

dans les différents pays qui l’ont consacré.<br />

“Dans l’organisation <strong>de</strong> la justice, la procédure accusatoire<br />

suppose une complète égalité entre l’accusation et<br />

la défense.” 3<br />

Dos doutrinadores pátrios, talvez o que melhor traduziu o conceito<br />

do sist<strong>em</strong>a acusatório tenha sido o mais completo processualista<br />

brasileiro, José Fre<strong>de</strong>rico Marques: “A titularida<strong>de</strong> da pretensão punitiva<br />

pertence ao Estado, representado pelo <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, e não ao juiz, órgão<br />

1 Sendra, Gimeno. Derecho Procesal. Valencia: Tirant lo Blanch, 1987. p. 64.<br />

2 Barreiros, José António. Processo Penal-1. Almedina: Coi<strong>mb</strong>ra, 1981. p. 13.<br />

3 Vitu, André. Procédure Pánale. Paris: Presses Universitaires <strong>de</strong> France, 1957. p. 13-<strong>14</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!