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Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

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184<br />

como instrumento do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Estado neoliberal, nos fornecer um<br />

Estado mínimo, sonegador <strong>de</strong> direitos e garantias fundamentais conquistados<br />

a custa <strong>de</strong> sangue humano, pondo o Mercado no lugar da<br />

razão, e o equiparando a um Deus 23 . Esquec<strong>em</strong> <strong>de</strong> noticiar, contudo, os<br />

neoliberalistas, que esse regime somente funcionará com a exclusão dos<br />

mais débeis <strong>em</strong> benefício <strong>de</strong> uma d<strong>em</strong>ocracia <strong>de</strong> afortunados 24 , perante<br />

a naturalização da pobreza extraído do discurso bíblico da libertação<br />

pelo sacrifício.<br />

Em suma, a ardilosa tática da Análise Econômica do Direito foi a<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarticular o critério <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> do Direito do plano normativo para<br />

o econômico, “ainda que as normas jurídicas indiqu<strong>em</strong> um sentido, o<br />

condicionante econômico rouba a cena e intervém com fator <strong>de</strong>cisivo.” 25<br />

3. A soberania no mundo mo<strong>de</strong>rno: a crise do estado<br />

mo<strong>de</strong>rno<br />

A dinamicida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> impõe o constante aprimoramento<br />

das instituições. Nada é inalterável. O atual panorama expõe que a <strong>de</strong>batida<br />

globalização não se limita somente ao viés econômico. À luz <strong>de</strong><br />

Beck, a globalização relativiza e interfere na atuação do Estado nacional,<br />

pois uma imensa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lugares conectados entre si cruza suas<br />

fronteiras territoriais, gerando novos círculos sociais, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação,<br />

relações <strong>de</strong> mercado e maneiras <strong>de</strong> convivência. 26<br />

De igual forma, a tradicional i<strong>de</strong>ia weberiana <strong>de</strong> que o Estado é<br />

“uma comunida<strong>de</strong> humana que, <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado território,<br />

reivindicava o monopólio do uso legítimo da violência física” 27 ,<br />

com as mudanças ocorridas na última meta<strong>de</strong> do século XX, não mais<br />

se sustenta.<br />

Ao longo da conhecida disputa entre os sist<strong>em</strong>as capitalista e socialista<br />

pela heg<strong>em</strong>onia i<strong>de</strong>ológica do mundo, a qual produziu a notória<br />

e iminente ameaça da “Guerra Fria”, o capitalismo travava ta<strong>mb</strong>ém uma<br />

23 BECK, Ulrich. O que é globalização? São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 18.<br />

24 WEBER, Max. Economia e socieda<strong>de</strong>. Brasília: UnB, 1999. p. 93.<br />

25 CRUZ. Política…, op. cit., p. 231.<br />

26 CRUZ. Política…, op. cit., p. 89.<br />

27 CRUZ. Política…, op. cit., p. 84

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