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Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina

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ten<strong>de</strong> a aumentá-la, repondo a contradição entre uma<br />

“igualda<strong>de</strong>” (meramente jurídica) reservada aos <strong>de</strong><br />

baixo e a liberda<strong>de</strong> econômica (esta real) das elites.<br />

A ciência, aplicada intensivamente à produção (informática,<br />

robotização, microeletrônica, química fina,<br />

novos materiais, etc.) aumentou a produtivida<strong>de</strong> do<br />

trabalho. Mas, por falta <strong>de</strong> apropriação social <strong>de</strong>sse<br />

processo, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> ampliar as horas <strong>de</strong> lazer para<br />

<strong>de</strong>sfrute humano, ampliou o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego – agravado<br />

pela crise econômica. […] No lugar do antigo <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego<br />

cíclico, que acompanhava as crises cíclicas,<br />

surgiu a categoria do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego estrutural, isto é,<br />

permanente. Aumentou a liberda<strong>de</strong> do capital, agora<br />

é “global”. E diminuiu a liberda<strong>de</strong> dos trabalhadores:<br />

para protelar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, submet<strong>em</strong>-se a condições<br />

<strong>de</strong>ploráveis <strong>de</strong> salário e trabalho – o que, por<br />

sua vez, aumenta mais a liberda<strong>de</strong> do capital para<br />

“flexibilizar” a bel-prazer (“precarizar”) as relações<br />

<strong>de</strong> trabalho. […] O “neoliberalismo” ass<strong>em</strong>elha-se<br />

cada vez mais ao velho liberalismo ortodoxo dos<br />

primeiros t<strong>em</strong>pos.<br />

É relevante para o estudo do regime neoliberal citar as recomendações<br />

do Consenso <strong>de</strong> Washington para que os países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

patrocinass<strong>em</strong> políticas <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> seus mercados e introduziss<strong>em</strong><br />

um estado mínimo, privatizando as ativida<strong>de</strong>s produtivas e<br />

minimizando as inversões sociais, co<strong>mb</strong>atendo a inflação e os d<strong>em</strong>ais<br />

probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> fiscal. Nessa seara, <strong>de</strong> novo a questão social ficou<br />

relegada ao esquecimento propositalmente. A exclusão social é própria<br />

do neoliberalismo, pois os indivíduos não pod<strong>em</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do Estado<br />

que, pelo mercado e pela escolha natural dos mais aptos, naturalizará as<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais 5 . A retirada do Estado se dá mais pelo <strong>de</strong>smanche<br />

dos serviços como saú<strong>de</strong>, educação e segurança pública do que pelo<br />

efetivo recuo da intervenção estatal.<br />

Contudo, a primeira impl<strong>em</strong>entação do neoliberalismo ocorreu<br />

no Chile, quando Pinochet pôs <strong>em</strong> operação as orientações <strong>de</strong> Friedman.<br />

Notadamente, o neoliberalismo ganhou <strong>de</strong>staque com Tatcher e<br />

Reagan, que ascen<strong>de</strong>ram ao po<strong>de</strong>r executando políticas econômicas<br />

5 ROSA, Alexandre Morais da; LINHARES, José Manuel Aroso. Diálogos com a Law<br />

& Economics. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Lúmen Juris, 2009. p. 43.

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