Versao em Pdf (3,14 mb) - Ministério Público de Santa Catarina
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pulsação <strong>de</strong> sua potência histórica.” 89 Esse momento <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> próprio<br />
<strong>de</strong> uma geração faz supor o po<strong>de</strong>r criativo que está sujeito, segundo<br />
entend<strong>em</strong>os, à exaustão, quando a força generativa se transforma, tout<br />
court, <strong>em</strong> puro acúmulo histórico que servirá à geração superveniente.<br />
Daí termos <strong>de</strong> concordar com Ortega quando refere “[...] que as gerações<br />
nasc<strong>em</strong> umas das outras, <strong>de</strong> sorte que a nova já se encontra com as<br />
formas que a existência <strong>de</strong>u à anterior.” 90 Mas se é assim, ta<strong>mb</strong>ém é <strong>de</strong><br />
admitir-se que a idéia <strong>de</strong> geração é mais ampla que a da <strong>de</strong> dimensão, que<br />
apenas planifica no t<strong>em</strong>po uma dada circunstância, já que “Para cada<br />
geração, viver é, pois, uma tarefa <strong>de</strong> duas dimensões, uma das quais<br />
consiste <strong>em</strong> receber o vivido – idéias, valorações, instituições etc. – pela<br />
antece<strong>de</strong>nte; a outra, é <strong>de</strong>ixar fluir sua própria espontaneida<strong>de</strong>.” 91<br />
Se não estivermos <strong>de</strong> todo enganados, a idéia <strong>de</strong> geração aqui<br />
exposta – que se não refere apenas ao hom<strong>em</strong> biológico ou àquele ser<br />
<strong>de</strong>scrito pelas ciências naturais, mas àquele <strong>de</strong> cujo élan vital <strong>de</strong>corr<strong>em</strong>,<br />
como obra criativa, as instituições, os valores, as idéias – prestar-se-á<br />
para o entendimento da história dos direitos humanos, muitos dos<br />
quais positivados nas Constituições como direitos fundamentais. Então,<br />
já não parecerá tão disparatada como propugnam os <strong>de</strong>fensores<br />
das dimensões <strong>de</strong> direitos. Pois que cada nova geração será resultado<br />
do acúmulo histórico <strong>de</strong> experiências, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre implicando reconhecer<br />
numa geração a completa razia do que anteriormente se havia<br />
construído. Aliás, as gerações pod<strong>em</strong> parecer-se inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, na<br />
medida <strong>em</strong> que esse acúmulo <strong>de</strong> experiências se disten<strong>de</strong> no t<strong>em</strong>po,<br />
tornando-se explicação do presente e prognóstico para o que está para<br />
ocorrer. “Houve gerações – diz Ortega – que sentiram uma suficiente<br />
homogeneida<strong>de</strong> entre o recebido e o próprio. Então, vive-se <strong>em</strong> épocas<br />
cumulativas.”, justificando-se seu estudo por uma ciência que se po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> meta-história. 92 Não terá ocorrido algo s<strong>em</strong>elhante com as<br />
gerações <strong>de</strong> direitos que conhec<strong>em</strong>os?<br />
A verda<strong>de</strong> é que o marco inicial dos direitos humanos, i<strong>de</strong>ntificado<br />
como aquele <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> os direitos como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação<br />
das áreas <strong>de</strong> atuação do Estado – oponíveis, portanto, contra a auctoritas,<br />
89 Ibid<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>. Os itálicos são do original.<br />
90 Ibid<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>.<br />
91 Ibid<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>.<br />
92 Ibid<strong>em</strong>, p. 565. O itálico é do original.