Impactos de pisciculturas em tanques-rede sobre a ictiofauna da ...
Impactos de pisciculturas em tanques-rede sobre a ictiofauna da ...
Impactos de pisciculturas em tanques-rede sobre a ictiofauna da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>pisciculturas</strong> <strong>em</strong> <strong>tanques</strong>-re<strong>de</strong> modificando a alimentação <strong>de</strong> peixes nativos<br />
Autor: Igor Paiva Ramos<br />
hipótese seria que essas diferenças po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>da</strong>s ao possível enriquecimento<br />
orgânico do sedimento neste local. Neste sentido, Weston (1991), Honkanen e Helminen<br />
(2000), Karakassis et al. (2002), Pawar et al. (2002), Carrol et al. (2003), Nickell et al.<br />
(2003), Yucel-Gier et al. (2007), relatam o enriquecimento orgânico no sedimento <strong>em</strong> áreas<br />
próximas a <strong>pisciculturas</strong> <strong>em</strong> <strong>tanques</strong>-re<strong>de</strong> <strong>em</strong> ecossist<strong>em</strong>as marinhos, assim para ambientes<br />
dulcícolas tal impacto também po<strong>de</strong> ser esperado. Entretanto, a literatura <strong>sobre</strong> impactos<br />
ambientais oriundos <strong>de</strong>stas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>em</strong> águas continentais são escassos, sendo certamente o<br />
motivo <strong>da</strong> falta <strong>de</strong>sta informação. Assim, as alterações na dieta e amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> nicho <strong>de</strong> I.<br />
labrosus como as observa<strong>da</strong>s para P. maculatus e A. altiparanae po<strong>de</strong>m ser indiretamente<br />
causa<strong>da</strong>s pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> aquícola, por meio do enriquecimento orgânico do sedimento, tendo<br />
como reflexo o aumento do fator <strong>de</strong> condição nas áreas tanque.<br />
Para as espécies carnívoras, caso <strong>de</strong> G. knerii e P. squamosissimus, as diferenças<br />
<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s foram menores quando compara<strong>da</strong>s as espécies onívoras como P. maculatus e A.<br />
altiparanae. Entretanto, é evi<strong>de</strong>nte que na área tanque as espécies utilizam recursos menos<br />
explorados nas áreas controle com maior intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo este fato claramente observado<br />
para G. knerii. Assim, por ambas as espécies ser<strong>em</strong> carnívoras, pre<strong>da</strong>doras visuais e<br />
utilizar<strong>em</strong> os mesmos recursos alimentares (Hahn et al., 1998 e 1999), tal modificação no<br />
consumo dos recursos alimentares, po<strong>de</strong> ser uma estratégia para diminuir a competição<br />
interespecífica entre estas duas espécies, possibilitando sua coexistência e partilhamento <strong>de</strong><br />
nichos (MacArthur, 1968). Contudo, uma vez que a composição <strong>da</strong> dieta apresentou pequenas<br />
diferenças entre as áreas tanque e controle, justifica-se a similari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> nicho e<br />
fator <strong>de</strong> condição para estas espécies. Estes fatos, <strong>de</strong>monstram que por estas espécies ser<strong>em</strong><br />
especialistas tróficas e topo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia alimentar, a presença <strong>de</strong> <strong>pisciculturas</strong> <strong>em</strong> <strong>tanques</strong>-re<strong>de</strong><br />
as afetam <strong>de</strong> forma indireta. Tal interferência se dá por meio <strong>da</strong> atrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> secundária,<br />
causa<strong>da</strong> pelo aumento na abundância <strong>de</strong> presas (Kaspar et al., 1988; Machias et al., 2004), <strong>em</strong><br />
32