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20.04.2015 Views

encontrado); arrancou cinco grandes árvores de eucalipto, acabou com o galpão que servia de abrigo e proteção para os pescadores e, além disso, prejudicou totalmente as instalações elétricas. Pela falta de energia elétrica, mais de duas toneladas de peixes (pintados, dourados, jaús, mandis, entre outros) que eram mantidos em depósito nos balcões frigoríficos do Restaurante, em virtude do grande movimento de turistas, se estragaram (Martins, 1988). Conversando hoje (novembro/2006) com um dos pescadores da aldeia de Buritama, que muito me auxiliou nesse trabalho (“Seu” Tatinha), ele relembrou desse dia. Era naquela época, um dos muitos trabalhadores do restaurante. Perguntei sobre o que mais o havia impressionado: se a força dos ventos, se o barulho das coisas se quebrando, se os gritos dos que lá estavam... A resposta foi: “O que mais me comoveu mesmo, foi ver no dia seguinte, duas toneladas de peixes, pintados, dourados, se estragando; deu muito dó. Tivemos que jogar tudo fora. Hoje a gente não acha mais esses peixes. Mas naquele dia, se estragaram, de uma vez só, um milhão deles.” Estamos falando aqui de duas toneladas de peixes nobres, estocados para abastecer somente o restaurante da ilha, num ou dois finais de semana. E todos esses peixes eram tirados do rio com varinhas de bambu (exatamente iguais às que eu usava para “brincar de pescar” com meu pai); não eram utilizadas ainda, as redes de espera...E quando eu conto aos mais jovens, aqueles que só conheceram o “Lago Tietê”, sobre esses fatos, vejo em seus rostos, um misto surpresa e de incredulidade. E sinto pena... não sei se deles, de mim, ou dos peixes... Outro problema (sem dúvida, o maior deles), que abalou a sociedade esportiva naquela época, tirando-lhe a motivação para qualquer empreendimento maior, foi a notícia ventilada cada vez mais insistentemente de que a CESP projetava

construir uma represa com a inundação da Ilha pelas águas do Tietê. Não é possível descrever aqui o misto de sentimentos que afloraram nessa época. 5. Compensação Confirmadas as notícias (realmente, a construção da USINA HIDROELÉTRICA NOVA AVANHANDAVA iria determinar o desaparecimento da sede), as partes interessadas, SEPSA e CESP, iniciaram entendimentos para que, através de uma compensação, a SEPSA pudesse dar continuidade às suas atividades sociais e desportivas. Em 1979, reuniram-se em uma das salas do Clube Penapolense a CESP, representada pelo seu Diretor de Recursos Naturais e Desapropriações – Dr. Teruaki Eguti, e a SEPSA, representada pelo Sr. Rozendo de Brito Machado e outros membros da diretoria. O objetivo da reunião era discutir alternativas de compensação. O Dr. Ricardo Julião, autor do projeto da nova sede, esclareceu que seu trabalho teve por base quatro aspectos: 1.º) O caráter comunitário do clube; 2.º) O respeito às condições ambientais e econômicas da região, assim entendidas temperatura, clima, disponibilidade de material para construção, etc.; 3.º) O planejamento para aproveitamento múltiplo integrado, a médio e longo prazos; 4.º) A questão paisagística, com possibilidade de aproveitamento da flora e topografia local. E apresentou duas alternativas:

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servia <strong>de</strong> abrigo e proteção para os pescadores e, além disso, prejudicou totalmente<br />

as instalações elétricas. Pela falta <strong>de</strong> energia elétrica, mais <strong>de</strong> duas toneladas <strong>de</strong><br />

peixes (pintados, dourados, jaús, mandis, entre outros) que eram mantidos em<br />

<strong>de</strong>pósito nos balcões frigoríficos do Restaurante, em virtu<strong>de</strong> do gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong><br />

turistas, se estragaram (Martins, 1988).<br />

Conversando hoje (novembro/2006) com um dos pescadores da al<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> Buritama, que muito me auxiliou nesse trabalho (“Seu” Tatinha), ele relembrou<br />

<strong>de</strong>sse dia. Era naquela época, um dos muitos trabalhadores do restaurante.<br />

Perguntei sobre o que mais o havia impressionado: se a força dos ventos, se o<br />

barulho das coisas se quebrando, se os gritos dos que lá estavam... A resposta foi:<br />

“O que mais me comoveu mesmo, foi ver no dia seguinte, duas toneladas <strong>de</strong> peixes,<br />

pintados, dourados, se estragando; <strong>de</strong>u muito dó. Tivemos que jogar tudo fora. Hoje<br />

a gente não acha mais esses peixes. Mas naquele dia, se estragaram, <strong>de</strong> uma vez<br />

só, um milhão <strong>de</strong>les.”<br />

Estamos falando aqui <strong>de</strong> duas toneladas <strong>de</strong> peixes nobres, estocados<br />

para abastecer somente o restaurante da ilha, num ou dois finais <strong>de</strong> semana. E todos<br />

esses peixes eram tirados do rio com varinhas <strong>de</strong> bambu (exatamente iguais às que<br />

eu usava para “brincar <strong>de</strong> pescar” com meu pai); não eram utilizadas ainda, as re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> espera...E quando eu conto aos mais jovens, aqueles que só conheceram o “Lago<br />

Tietê”, sobre esses fatos, vejo em seus rostos, um misto surpresa e <strong>de</strong> incredulida<strong>de</strong>.<br />

E sinto pena... não sei se <strong>de</strong>les, <strong>de</strong> mim, ou dos peixes...<br />

Outro problema (sem dúvida, o maior <strong>de</strong>les), que abalou a socieda<strong>de</strong><br />

esportiva naquela época, tirando-lhe a motivação para qualquer empreendimento<br />

maior, foi a notícia ventilada cada vez mais insistentemente <strong>de</strong> que a CESP projetava

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