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20.04.2015 Views

as ictiofaunas dos reservatórios são numericamente menores, sendo constituídas por espécies remanescentes da fase rio, anterior ao barramento (Castro e Arcifa, 1987, Britto, 2003). De acordo com Castilho Almeida (inf. pessoal), foram capturadas entre 1971 a 1976, 74 espécies (táxons) de peixes (Tabela 9), com o uso de diferentes aparatos de capturas (redes de espera, espinhéis e peneirão), ao longo do antigo trecho de rios e varjões do reservatório de Nova Avanhandava. E no presente estudo foi catalogado um total de 72 espécies, número bem próximo ao registrados na fase rio, trinta anos atrás. O que mudou em termos de ictiofauna? Quando se faz uma comparação percebe-se que, hoje, os estoques das grandes migradoras praticamente desapareceram sendo as nativas “sobreviventes” constituídas por espécies de pequeno e médio porte e baixo valor comercial, sendo que pelo menos 40 delas (mais de 54% do total registrado na década de 1970) ainda ocorrem nos desembarques pesqueiros da aldeia de Buritama, nos últimos anos. Mas e o restante das espécies? Quais são? De onde vieram? Os reservatórios são, ao contrário dos ecossistemas naturais que estão em “equilíbrio ecológico” decorrente do processo evolutivo (Townsend et al., 2006), ecossistemas recentes e suas comunidades evidenciam alterações estruturais em relação às originais (Castro e Arcifa, 1987, Britto, 2003), ou seja, durante a colonização de um reservatório, ocorre a depleção de algumas populações de peixes, para as quais as novas condições são restritivas ou desfavoráveis. Em contrapartida, há a explosão populacional de outras, que encontram nesse novo ambiente, condições favoráveis, geralmente transitórias, para manifestar seu poder de proliferação (Agostinho et al., 1999; apud Agostinho e Gomes, 2005).

Desta forma, as alterações verificadas na composição das comunidades ícticas e até a eliminação de um considerável número de elementos da ictiofauna local, são também, decorrências esperadas dos represamentos (Agostinho e Gomes, 2005). Entre as espécies de peixes, a depleção populacional afeta principalmente, as de maior porte, migradoras, com alta longevidade e baixo potencial reprodutivo. Em contrapartida, verifica-se que a explosão populacional ocorre entre as espécies de pequeno porte, de hábitos sedentários, com alto potencial reprodutivo e baixa longevidade, para as quais a disponibilidade de alimentos é elevada (Agostinho, 1995; apud Agostinho e Gomes, 2005). Essas condições foram verificadas neste estudo, onde os grandes migradores (Pseudoplatystoma corruscans, Salminus brasiliensis, Zungaro jahu) são raros nas capturas e as espécies sedentárias e alóctones, aumentam, a cada dia, sua participação nos desembarques pesqueiros, como é o caso da corvina (Plagioscion squamosissimus) e do cascudo-amazonas (Pterygoplichthys anisitsi). Desta forma, as cinco espécies mais representativas (freqüência relativa de captura superior a 7,27%) nos desembarques pesqueiros, foram, além da corvina, a taguara (Schizodon nasutus), o acarajéu (Satanoperca pappaterra), o pacu-prata (Metynnis mola) e a piranha (Serrasalmus maculatus). Plagioscion squamosissimus, espécie introduzida pela CESP, na década de 50, nos açudes de Nordeste; foi o piscívoro mais abundante nos desembarques pesqueiros à jusante da U.H.E. Nova Avanhandava, representando no ano mais atípico (2006), 47% do total desembarcado. Esses dados vão de encontro à literatura (Petrere e Agostinho, 1993; CESP, 1996: Gomes et al., 2002; apud Agostinho e Gomes, 2005) que confirma que a pesca artesanal em reservatórios é conduzida principalmente por redes de espera e que as espécies

as ictiofaunas dos reservatórios são numericamente menores, sendo constituídas por<br />

espécies remanescentes da fase rio, anterior ao barramento (Castro e Arcifa, 1987,<br />

Britto, 2003).<br />

De acordo com Castilho Almeida (inf. pessoal), foram capturadas entre<br />

1971 a 1976, 74 espécies (táxons) <strong>de</strong> peixes (Tabela 9), com o uso <strong>de</strong> diferentes<br />

aparatos <strong>de</strong> capturas (re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera, espinhéis e peneirão), ao longo do antigo<br />

trecho <strong>de</strong> rios e varjões do reservatório <strong>de</strong> Nova Avanhandava. E no presente estudo<br />

foi catalogado um total <strong>de</strong> 72 espécies, número bem próximo ao registrados na fase<br />

rio, trinta anos atrás.<br />

O que mudou em termos <strong>de</strong> ictiofauna?<br />

Quando se faz uma comparação percebe-se que, hoje, os estoques<br />

das gran<strong>de</strong>s migradoras praticamente <strong>de</strong>sapareceram sendo as nativas<br />

“sobreviventes” constituídas por espécies <strong>de</strong> pequeno e médio porte e baixo valor<br />

comercial, sendo que pelo menos 40 <strong>de</strong>las (mais <strong>de</strong> 54% do total registrado na<br />

década <strong>de</strong> 1970) ainda ocorrem nos <strong>de</strong>sembarques pesqueiros da al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

Buritama, nos últimos anos. Mas e o restante das espécies? Quais são? De on<strong>de</strong><br />

vieram?<br />

Os reservatórios são, ao contrário dos ecossistemas naturais que estão<br />

em “equilíbrio ecológico” <strong>de</strong>corrente do processo evolutivo (Townsend et al., 2006),<br />

ecossistemas recentes e suas comunida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>nciam alterações estruturais em<br />

relação às originais (Castro e Arcifa, 1987, Britto, 2003), ou seja, durante a<br />

colonização <strong>de</strong> um reservatório, ocorre a <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> algumas populações <strong>de</strong><br />

peixes, para as quais as novas condições são restritivas ou <strong>de</strong>sfavoráveis. Em<br />

contrapartida, há a explosão populacional <strong>de</strong> outras, que encontram nesse novo<br />

ambiente, condições favoráveis, geralmente transitórias, para manifestar seu po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> proliferação (Agostinho et al., 1999; apud Agostinho e Gomes, 2005).

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