20080111_3 - EPE
20080111_3 - EPE 20080111_3 - EPE
518 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016 Em resumo, os principais balizadores considerados para a expansão do refino até 2012 foram: • necessidade de processamento do óleo pesado nacional; • crescimento pouco acentuado na demanda por derivados pesados (óleo combustível); • aumento na demanda por derivados médios e leves (diesel e QAV, gasolina e GLP); • melhoria na qualidade dos produtos (redução dos teores de enxofre, por razões ambientais). A médio e longo prazos, a partir de 2013 e até o final do período objeto de estudo, observam-se como tendências: • uso exclusivo de petróleo nacional nas refinarias brasileiras; • excedente cada vez maior de petróleo nacional em relação à capacidade de refino ora instalada; • aumento do consumo nacional de derivados com maior ênfase para o óleo diesel; • uso cada vez maior de biocombustíveis (biodiesel, diesel de processo H-Bio e álcool etílico); • esgotamento, com os projetos implantados até 2012, das possibilidades de aumento de capacidades das instalações existentes; • crescimento pouco acentuado na demanda de óleos combustíveis, tendo em vista a sua substituição por gás natural e a implantação de projetos de conservação de energia; • contribuição muito pequena à produção de derivados combustíveis pelo complexo petroquímico a ser instalado no Rio de Janeiro (COMPERJ 13 ); • instalação de uma refinaria no nordeste (Refinaria de Suape) 14 , possivelmente com forte contribuição para atendimento da demanda de óleo diesel; • crescente capacidade de refino cativo no exterior para o petróleo nacional; • possibilidade de construção de outra(s) refinaria(s) para processamento do excedente de petróleo nacional, visando a exportação de derivados. Este último item conduz à percepção de que, caso ocorra a decisão, haverá a necessidade de se construir e operar no País uma outra instalação de refino que deverá contar com alta capacidade de conversão e processos mais sofisticados, para não aumentar em demasia a produção de coque verde de petróleo. Para a eventual implantação desta nova refinaria grass-root, em algum momento após 2013, analisou-se qual o perfil de produção mais adequado: • focado em diesel e com mínima produção de escuros, usando-se petróleo nacional pesado como carga; • focado em diesel, mas também com produção de derivados leves, gerando excedentes para exportação e mínima produção não-compulsória de óleos combustíveis. A análise para a expansão do parque nacional de refino será direcionada para dois objetivos estratégicos alternativos para o País: • Ampliar o parque de modo a ser atingido e mantido o abastecimento nacional de derivados de combustíveis nobres, assim chamados os leves e médios; ou • Ampliar o parque de modo a permitir a substituição da exportação dos excedentes de petróleo pesado, de menor valor de mercado, pela exportação de derivados, de maior valor agregado. 2.2. Análise e Adaptação do Modelo Simulador de Refino da COPPE/PPE Embora simplificado, o modelo simulador de refino, desenvolvido pela Coordenação dos Programas de Pós- Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE / UFRJ), mostrou-se ferramenta útil para análise dos impactos do mercado nacional de derivados no parque de refino, em perspectiva plurianual. Por concepção, o modelo considera o somatório das capacidades de todos os processos similares como se fosse uma única unidade de processo. Por exemplo, ao somar as capacidades de todas as unidades de destilação disponíveis, cria-se uma única unidade de destilação, abstraindo os efeitos dos diversos desempenhos e eficiências locais. E assim o faz para todas as unidades similares, somando as capacidades de destilação a vácuo, de coqueamento retardado, de craqueamento catalítico, de hidrotratamento, etc. 13 COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, refinaria com vocação petroquímica, tecnologicamente inovadora, a ser instalada até 2012 em Itaboraí – RJ. 14 Nome não oficial pela qual será também designada a futura Refinaria Abreu e Lima a ser instalada em Suape – PE, neste estudo.
OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 519 O modelo em fluxos de refino re-balanceia fluxos volumétricos de um parque de refino completo, para diferentes tipos-padrão de petróleo e um esquema-base que integra todas as unidades das refinarias existentes no Brasil 15 . Neste re-balanceamento, o modelo prioriza os fluxos para as unidades de alta conversão, como o FCC de RAT, o HCC e o Coqueamento Retardado, assim como utiliza toda a capacidade operacional de alquilação, reforma catalítica e isomerização caso existam no parque de refino analisado 16 . Segue, assim, lógica semelhante à dos fundamentos de agregação de complexidade em uma refinaria, conforme o Índice de Nelson. São considerados apenas quatro tipos de petróleo, dos quais três representam os petróleos nacionais (leve, médio e pesado), enquanto o quarto serve para designar um petróleo importado típico (Árabe Leve). Procurou-se processar todo o petróleo nacional possível, observando-se, todavia, a premissa de que o petróleo necessário á produção de lubrificantes na REDUC (cerca de 5% do total processado no País) seria importado. Além desta importação, nenhuma outra foi considerada, por estimar-se que a implantação dos projetos de adaptação metalúrgica 17 para processamento de petróleo de alta acidez naftênica, tornará a produção nacional de petróleos leves suficiente para a formação de elenco de petróleos nacionais capaz de oferecer eficiência operacional adequada, eliminando a importação de petróleos leves que hoje suplementam o elenco para superar gargalos de produção. O modelo disponibilizado pela COPPE foi acrescido das unidades de processo de hidrotratamento de instáveis. Para elas, e nas refinarias consideradas pela Petrobras para implantação do processo, considerou-se a possibilidade de uso de três cargas: o óleo diesel de destilação direta, a mistura de corrente de instáveis produzidas nas unidades de conversão (Light Cycle Oil de FCC e RFCC e gasóleo leve de Coque) e óleo vegetal para a produção de diesel por hidrogenação (H-Bio) 18 . O modelo foi também acrescido de variáveis para cálculo de cargas e produção – chamadas de pool – permitindo assim rastrear a forma como cada processo contribui para o volume de produção dos derivados. Outra melhoria importante inserida foi o cálculo da expansão volumétrica total. Esta variável permite acompanhar a evolução do perfil de produção, à medida que as diversas unidades de conversão vão iniciando operação, ao longo dos anos avaliados. Além disso, a apuração da produção total considera também um Fator de Utilização de Refinaria “estendido”, o que torna mais conservadora a análise dos resultados. Um maior detalhamento sobre a natureza, efeitos e aplicações deste fator é apresentado a seguir. Descrição do Simulador de Refino Para estimativa do perfil de produção do parque de refino do país ano a ano, no horizonte do Plano Decenal 2007/2016, considerou-se: • a evolução da carga processada, mantendo-se a importação de árabe leve, essencialmente para a produção de lubrificantes; • os principais investimentos planejados para cada refinaria existente no Brasil, mostrados mais adiante 19 ; • o Modelo de Fluxos de Refino aprimorado na EPE, conforme a plataforma originalmente concebida em 1998 no Programa de Planejamento Energético da COPPE. 15 Este tipo de simulação integrada do parque de refino, por meio da sua representação como uma única refinaria, embora simplificadora e reducionista para otimizações finas por carga, é bastante comum em modelos de longo prazo. Neste caso, assume-se que o ótimo global do parque é compatível com o ótimo de cada refinaria, o que nem sempre é verdade, mas ainda assim tende a ocorrer em parques majoritariamente controlados por uma única empresa – BABUSIAUX et al. (1983). Aggregate Oil Refining Models. Energy Exploration & Exploitation, 2 (2), 143-153. 16 Ver Szklo et al. (2004) 17 Ver Perrisse, Oddone e Belato (2004). 18 Para maiores detalhes do processo H-BIO ver Rocha (2006). 19 Fonte: Petrobras / Abastecimento - Corporativo / Planejamento Corporativo / Gestão de Portfólio – Posição da carteira de Investimentos, em 05.092006.
- Page 9: Sumário 1 volume Capítulo I - INT
- Page 13: 4 Reservas e Produção de Petróle
- Page 16 and 17: 474 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 18 and 19: 476 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 20 and 21: 478 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 22 and 23: 480 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 24 and 25: 482 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 26 and 27: 484 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 28 and 29: 486 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 30 and 31: 488 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 32 and 33: 490 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 34 and 35: 492 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 36 and 37: 494 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 38 and 39: 496 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 40 and 41: 498 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 42 and 43: 500 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 44 and 45: 502 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 46 and 47: 504 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 48 and 49: 506 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 51: 5 Oferta de Derivados de Petróleo
- Page 54 and 55: 3. Expansão das Centrais Petroquí
- Page 56 and 57: 514 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 58 and 59: 516 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 62 and 63: 520 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 64 and 65: 522 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 66 and 67: 524 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 68 and 69: 526 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 70 and 71: 528 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 72 and 73: 530 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 74 and 75: 532 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 76 and 77: 534 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 78 and 79: 536 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 80 and 81: 538 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 82 and 83: 540 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 84 and 85: 542 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 86 and 87: 544 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 88 and 89: 546 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 90 and 91: 548 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 92 and 93: 550 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 94 and 95: 552 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 96 and 97: 554 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 98 and 99: 556 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 100 and 101: 558 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 102 and 103: 560 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 104 and 105: 562 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 106 and 107: 564 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
- Page 108 and 109: 566 PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE E
518<br />
PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />
Em resumo, os principais balizadores considerados para a expansão do refino até 2012 foram:<br />
• necessidade de processamento do óleo pesado nacional;<br />
• crescimento pouco acentuado na demanda por derivados pesados (óleo combustível);<br />
• aumento na demanda por derivados médios e leves (diesel e QAV, gasolina e GLP);<br />
• melhoria na qualidade dos produtos (redução dos teores de enxofre, por razões ambientais).<br />
A médio e longo prazos, a partir de 2013 e até o final do período objeto de estudo, observam-se como tendências:<br />
• uso exclusivo de petróleo nacional nas refinarias brasileiras;<br />
• excedente cada vez maior de petróleo nacional em relação à capacidade de refino ora instalada;<br />
• aumento do consumo nacional de derivados com maior ênfase para o óleo diesel;<br />
• uso cada vez maior de biocombustíveis (biodiesel, diesel de processo H-Bio e álcool etílico);<br />
• esgotamento, com os projetos implantados até 2012, das possibilidades de aumento de capacidades das<br />
instalações existentes;<br />
• crescimento pouco acentuado na demanda de óleos combustíveis, tendo em vista a sua substituição por gás<br />
natural e a implantação de projetos de conservação de energia;<br />
• contribuição muito pequena à produção de derivados combustíveis pelo complexo petroquímico a ser instalado<br />
no Rio de Janeiro (COMPERJ 13 );<br />
• instalação de uma refinaria no nordeste (Refinaria de Suape) 14 , possivelmente com forte contribuição para<br />
atendimento da demanda de óleo diesel;<br />
• crescente capacidade de refino cativo no exterior para o petróleo nacional;<br />
• possibilidade de construção de outra(s) refinaria(s) para processamento do excedente de petróleo nacional,<br />
visando a exportação de derivados.<br />
Este último item conduz à percepção de que, caso ocorra a decisão, haverá a necessidade de se construir e<br />
operar no País uma outra instalação de refino que deverá contar com alta capacidade de conversão e processos<br />
mais sofisticados, para não aumentar em demasia a produção de coque verde de petróleo.<br />
Para a eventual implantação desta nova refinaria grass-root, em algum momento após 2013, analisou-se qual<br />
o perfil de produção mais adequado:<br />
• focado em diesel e com mínima produção de escuros, usando-se petróleo nacional pesado como carga;<br />
• focado em diesel, mas também com produção de derivados leves, gerando excedentes para exportação e<br />
mínima produção não-compulsória de óleos combustíveis.<br />
A análise para a expansão do parque nacional de refino será direcionada para dois objetivos estratégicos alternativos<br />
para o País:<br />
• Ampliar o parque de modo a ser atingido e mantido o abastecimento nacional de derivados de combustíveis<br />
nobres, assim chamados os leves e médios; ou<br />
• Ampliar o parque de modo a permitir a substituição da exportação dos excedentes de petróleo pesado, de<br />
menor valor de mercado, pela exportação de derivados, de maior valor agregado.<br />
2.2. Análise e Adaptação do Modelo Simulador de Refino da COPPE/PPE<br />
Embora simplificado, o modelo simulador de refino, desenvolvido pela Coordenação dos Programas de Pós-<br />
Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE / UFRJ), mostrou-se ferramenta útil<br />
para análise dos impactos do mercado nacional de derivados no parque de refino, em perspectiva plurianual.<br />
Por concepção, o modelo considera o somatório das capacidades de todos os processos similares<br />
como se fosse uma única unidade de processo. Por exemplo, ao somar as capacidades de todas as unidades<br />
de destilação disponíveis, cria-se uma única unidade de destilação, abstraindo os efeitos dos diversos<br />
desempenhos e eficiências locais. E assim o faz para todas as unidades similares, somando as capacidades<br />
de destilação a vácuo, de coqueamento retardado, de craqueamento catalítico, de hidrotratamento, etc.<br />
13 COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, refinaria com vocação petroquímica, tecnologicamente inovadora, a ser instalada<br />
até 2012 em Itaboraí – RJ.<br />
14 Nome não oficial pela qual será também designada a futura Refinaria Abreu e Lima a ser instalada em Suape – PE, neste estudo.