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20080111_3 - EPE

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Ministério das Minas e Energia – MME<br />

Empresa de Pesquisa Energética – <strong>EPE</strong><br />

Ministro<br />

Silas Rondeau Cavalcante Silva<br />

Nelson Jose Hubner Moreira (interino)<br />

Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético<br />

Márcio Pereira Zimmermann<br />

Diretor do Departamento de Planejamento Energético<br />

Iran de Oliveira Pinto<br />

Ministério das Minas e Energia – MME<br />

Esplanada dos Ministérios<br />

Bloco U – 5º andar<br />

70065-900 – Brasília – DF<br />

Tel.: (55 61) 3319 5299<br />

Fax : (55 61) 3319 5067<br />

www.mme.gov. br<br />

Presidente<br />

Maurício Tiomno Tolmasquim<br />

Diretor de Estudos Econômicos e Energéticos<br />

Amílcar Gonçalves Guerreiro<br />

Diretor de Estudos de Energia Elétrica<br />

José Carlos de Miranda Farias<br />

Diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Bioenergia<br />

Gelson Baptista Serva (Interino)<br />

Diretor de Gestão Corporativa<br />

Ibanês César Cássel<br />

Empresa de Pesquisa Energética – <strong>EPE</strong><br />

Sede<br />

SAN – Quadra 1 – Bloco B – Sala 100-A<br />

70041-903 - Brasília – DF<br />

Escritório Central<br />

Av. Rio Branco, 01 – 11º Andar<br />

20090-003 – Rio de Janeiro – RJ<br />

Tel.: (55 21) 3512 3100<br />

Fax : (55 21) 3512 3199<br />

www.epe.gov. br<br />

Catalogação na Fonte<br />

Divisão de Gestão de Documentos e Informação Bibliográfica<br />

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Planejamento e<br />

Desenvolvimento Energético.<br />

Plano decenal de expansão de energia: 2007/2016 / Ministério<br />

de Minas e Energia ; Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento<br />

Energético. _ Brasília : MME, 2007.<br />

2 v. : il.<br />

1. Política energética _ Brasil. 2. Energia _ Brasil. II.<br />

Título.<br />

CDU 621.3(81)”2007/2016”


PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA<br />

2007/2016<br />

2<br />

volume


Participantes do Ministério de Minas e Energia – MME<br />

Coordenação Geral<br />

Márcio Pereira Zimmermann<br />

Coordenação Executiva<br />

Iran de Oliveira Pinto<br />

Paulo Altaur Pereira Costa<br />

Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – C<strong>EPE</strong>L<br />

Albert Cordeiro Geber de Melo<br />

Maria Elvira Piñeiro Maceira<br />

Secretaria de Planejamento e<br />

Desenvolvimento Energético – SPE<br />

Consultores do Projeto ESTAL<br />

Altino Ventura Filho<br />

Antonio Carlos Tatit Holtz<br />

Equipe Técnica SPE<br />

Adriano Jeronimo da Silva<br />

Alexandre Ramos Peixoto<br />

Andréa Figueiredo<br />

Artur Costa Steiner<br />

Carlos Aparecido Gama<br />

Carolino Augusto Cepeda<br />

Ceres Zenaide Barbosa Cavalcanti<br />

Cristiany Salgado Faria<br />

Eduardo de Freitas Madeira<br />

Fernando Colli Munhoz<br />

Fernando José Ramos Mello<br />

Franscisco Romário Wojcicki<br />

Gilberto Hollauer<br />

Henryette Cruz<br />

Jarbas R. de Aldano Matos<br />

Jefferson Boechat<br />

João Antônio Moreira Patusco<br />

Joao Luiz Tedeschi<br />

John Denys Cadman<br />

José Antônio Sales de Melo<br />

José Luiz Scavassa<br />

Laura Cristina da Fonseca Porto<br />

Luiz Antonio Duarte<br />

Osmar Ferreira do Nascimento<br />

Paulo Augusto Leonelli<br />

Paulo de Tarso de Alexandria Cruz<br />

Paulo Roberto Rabelo da Assunção<br />

Roberto Wagner Pereira<br />

Samira Sana Fernandes de Souza<br />

Sidney do Lago Junior<br />

Sophia Andonios Spyridakis Pereira<br />

Thiago Guilherme Ferreira Prado<br />

Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis – SPG<br />

Coordenação<br />

João José de Nora Souto<br />

Equipe Técnica SPG<br />

Antônio Henrique Godoy Ramos<br />

José Botelho Neto<br />

Clayton de Souza Pontes<br />

Cláudio Akio Ishihara<br />

Luciano Costa de Carvalho<br />

Luiz Carlos Lisboa Theodoro<br />

Manoel Rodrigues Parada Neto<br />

Marco Antônio Martins Almeida<br />

Marlon Arraes Jardim Leal<br />

Symone Christine de Santana Araújo<br />

Ricardo de Gusmão Dornelles<br />

Ricardo Borges Gomide<br />

Ricardo Takemitsu Simabuku<br />

Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral - SGM<br />

Coordenação<br />

Claudio Scliar<br />

Equipe Técnica SGM<br />

Irineu Capeletti<br />

Coordenação Editorial<br />

Gabriela Pires Gomes de Souza Costa<br />

Equipe Editorial<br />

Ana Kléa Sobreira de Moraes<br />

Carlos Eduardo Reis Gregório


Participantes da Empresa de Pesquisa Energética– <strong>EPE</strong><br />

Coordenação Geral<br />

Mauricio Tiomno Tolmasquim<br />

José Carlos de Miranda Farias<br />

Amilcar Gonçalves Guerreiro<br />

Coordenação Executiva<br />

Geral<br />

Estudos econômicos e energéticos<br />

Estudos de petróleo e derivados<br />

Estudos de gás natural e biocombustíveis<br />

Estudos de geração de energia elétrica<br />

Estudos de transmissão de energia elétrica<br />

Estudos socioambientais<br />

Estudos econômicos e energéticos<br />

Agenor Gomes Pinto Garcia<br />

Amaro Olimpio Pereira Junior<br />

Arnaldo dos Santos Junior<br />

Carla Achão<br />

Cláudio Gomes Velloso<br />

Emílio Hiroshi Matsumura<br />

Inah de Holanda<br />

Jeferson Borghetti Soares<br />

José Manuel David<br />

Juarez Castrillon Lopes.<br />

Letícia Fernandes Rodrigues da Silva<br />

Luiz Cláudio Orleans<br />

Marina Elisabete Espinhoso Tavares<br />

Raymundo Moniz Aragão Neto<br />

Renato Pinto de Queiroz<br />

Ricardo Gorini de Oliveira<br />

Vicente Correa Neto.<br />

Estudos de petróleo e derivados<br />

Aldeir Dias Bernardo<br />

Alexandre Szklo (consultor)<br />

Amanda Pereira Aragão<br />

Claudio Bettini<br />

Ernesto Ferreira Martins<br />

Janaína Francisco Sala<br />

João Augusto Bastos de Mattos<br />

Luana Barki (estagiária)<br />

Marcos Frederico F. de Souza<br />

Marisa Maia de Barros<br />

Norival Brisola<br />

Paula Caroline Freschi Merigue<br />

Reneu Rodrigues da Silva<br />

José Marcos Bressane<br />

James Bolívar Luna Azevedo<br />

Ricardo Nascimento e Silva do Valle<br />

Gelson Baptista Serva<br />

Talita de Oliveira Porto<br />

Paulo César Vaz Esmeraldo<br />

Ricardo Cavalcanti Furtado<br />

Estudos de geração de energia elétrica<br />

Angela Regina Livino de Carvalho<br />

Danielle Bueno de Andrade<br />

Leonardo Augusto da Fonseca P. Sant’Anna<br />

Leonardo Braga Soares<br />

Leonardo Souza Ribeiro<br />

Marcelle Caroline Thimotheo de Brito<br />

Pedro Américo Moretz-Sohn David<br />

Estudos de transmissão de energia elétrica<br />

Alzira Noli Silveira<br />

Daniela Florêncio de Souza<br />

Edna Maria de Almeida Araújo<br />

Fernando Hevelton Oliveira<br />

João Maurício Caruso<br />

Jurema Baptistella Ludwig<br />

Maria de Fátima Gama<br />

Roberto M. Rocha<br />

Thiago de Faria R. Dourado Martins<br />

Vinicius Ferreira Martins<br />

Estudos socioambientais<br />

Ana Lacorte<br />

Ana Paula Athanazio Coelho<br />

Carlos Frederico Menezes<br />

Flavia Pompeu Serran<br />

Hermani Moraes Vieira<br />

Mírian Regini Nuti<br />

Paulo Nascimento Teixeira<br />

Ronaldo Câmara Cavalcanti<br />

Estudos de biocombustíveis<br />

Angela Oliveira da Costa<br />

Frederico Ventorim<br />

Luciano Basto Oliveira<br />

Roberto Gustavo Pohl Ferrão<br />

Estudos de gás natural<br />

Aloysio Vasconcelos<br />

André Carlos Cascão<br />

Erick Portela Pettendorfer<br />

Geraldo Furtado Rodrigues<br />

Marco Stiel Radu Halpern<br />

Sara Macêdo dos Santos


Sumário<br />

1<br />

volume<br />

Capítulo I - INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------- 15<br />

Capítulo II - DEMANDA DE ENERGIA ---------------------------------------------------------- 27<br />

Capítulo III - OFERTA DE ENERGIA ELÉTRICA ------------------------------------------------- 113<br />

2<br />

volume<br />

Capítulo IV - RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL ----------------------- 469<br />

Capítulo V - OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO ------------------------------------------ 509<br />

Capítulo VI - OFERTA DE GÁS NATURAL ------------------------------------------------------ 581<br />

Capítulo VII - OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS ------------------------------------- 643<br />

Capítulo VIII - OFERTA DE CARVÃO MINERAL ------------------------------------------------ 683<br />

Capítulo IX – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ----------------------------------------------------- 739<br />

Capítulo X – INDICADORES DA EXPANSÃO -------------------------------------------------- 755


4<br />

Reservas e Produção<br />

de Petróleo e Gás Natural<br />

Previsões para o Petróleo 473<br />

Previsões para o Gás Natural 481<br />

Previsão Decenal da Produção de Petróleo e Gás Natural 487<br />

Investimentos em E&P 492<br />

Síntese de Aspectos Relevantes das Projeções 494<br />

Aspectos Socioambientais 496


4<br />

Reservas e Produção<br />

de Petróleo e Gás Natural<br />

1. Previsões para o Petróleo ............................................................................................................... 473<br />

1.1. Dados de Petróleo em Campos Descobertos ............................................................................................... 473<br />

1.2. Previsão da Qualidade do Petróleo Recuperável em Campos não Descobertos ............................................ 473<br />

1.3. Reservas de Petróleo em Campos Descobertos ........................................................................................... 475<br />

1.4. Potencial de Petróleo Recuperável em Campos não Descobertos ................................................................ 475<br />

1.5. Previsão da Produção de Petróleo de Recursos Descobertos ........................................................................ 476<br />

1.6. Previsão da Produção de Petróleo de Recursos não Descobertos ................................................................. 479<br />

1.7. Evolução Prevista das Reservas de Petróleo de Recursos Descobertos e não Descobertos ............................ 480<br />

2. Previsões para o Gás Natural .......................................................................................................... 481<br />

2.1. Evolução das Reservas de Gás Natural dos Campos Descobertos ................................................................. 481<br />

2.2. Potencial de Gás Natural em Campos não Descobertos ............................................................................... 482<br />

2.3. Previsão de Produção de Gás Natural dos Campos Descobertos .................................................................. 484<br />

2.4. Previsão da Produção de Gás Natural de Campos não Descobertos ............................................................. 484<br />

2.5. Evolução Prevista das Reservas de Gás Natural a Partir de Recursos Descobertos e não Descobertos ........... 486<br />

3. Previsão Decenal da Produção de Petróleo e Gás Natural .................................................................. 487<br />

3.1. Petróleo...................................................................................................................................................... 487<br />

3.2. Gás Natural ................................................................................................................................................. 488<br />

3.3. Previsão Decenal da Produção de LGN – Líquido de Gás Natural ................................................................. 481<br />

4. Investimentos em E&P ................................................................................................................... 492<br />

5. Síntese de Aspectos Relevantes das Projeções ................................................................................. 494<br />

6. Aspectos Socioambientais .............................................................................................................. 496<br />

6.1. Contextualização ........................................................................................................................................ 496<br />

6.2. Licenciamento Ambiental .......................................................................................................................... 498<br />

6.3. Desenvolvimento Tecnológico .................................................................................................................... 498<br />

6.3.1. Redução de Emissões ................................................................................................................... 498<br />

6.3.2. Tratamento de Efluentes .............................................................................................................. 499<br />

6.3.3. Resíduos Sólidos .......................................................................................................................... 499<br />

6.3.4. Monitoramento ........................................................................................................................... 499<br />

6.4. Responsabilidade Socioambiental .............................................................................................................. 500<br />

6.4.1. Geração de Empregos .................................................................................................................. 500<br />

6.4.2. Geração de Royalties e Participação Especial ................................................................................ 502<br />

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 504<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................................................... 505<br />

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................................... 506<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................... 507


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 473<br />

Introdução<br />

Este capítulo contempla a previsão decenal das reservas nacionais de petróleo, abrangendo os diversos tipos<br />

de hidrocarboneto (óleo leve, óleo mediano, óleo pesado) e gás natural.<br />

Para os campos a descobrir, utilizaram-se os dados obtidos nas licitações dos blocos exploratórios, promovidas<br />

pela ANP (até a sétima rodada de licitações). A terminologia associada a recursos petrolíferos utilizada no estudo<br />

fundamenta-se nas normas publicadas pela ANP.<br />

Além das previsões de reservas e volumes potenciais recuperáveis, elaboraram-se também as seguintes estimativas<br />

de produção: petróleo em campos já descobertos; petróleo em campos não descobertos; gás natural em<br />

campos já descobertos e gás natural em campos não descobertos.<br />

O estudo incorpora, ainda, uma previsão dos investimentos em E&P, consistentes com as previsões de reservas<br />

e produção de petróleo e de gás natural.<br />

Finalmente, é apresentada uma análise dos principais aspectos socioambientais referentes às atividades de<br />

exploração e produção de petróleo e gás natural.<br />

1. Previsões para o Petróleo<br />

As previsões de reservas e produção de petróleo no decênio 2007/2016 compõem-se de duas partes, tendo em<br />

vista a distinção entre recursos descobertos e a descobrir (Portaria ANP nº 9, de janeiro/2000).<br />

1.1. Dados de Petróleo em Campos Descobertos<br />

Os dados sobre as reservas nacionais de petróleo, referidas a 31.12.2005, foram fornecidos à <strong>EPE</strong> pela ANP,<br />

juntamente com os dados sobre o tipo de petróleo, aqui caracterizado pelo grau API e pela densidade do óleo a<br />

20ºC, relativa à da água a 20ºC. A classificação do tipo de petróleo utilizada nos gráficos e tabelas a seguir baseia-se<br />

na Portaria nº 9 da ANP (Tabela 1).<br />

Observa-se que nos estudos a categoria de óleo extrapesado foi agregada à categoria de óleo pesado, tendo<br />

em vista que as previsões de produção de petróleo tiveram o objetivo principal de servir de insumo para o estudo<br />

referente ao parque de refino e à expansão da infra-estrutura nacional de abastecimento de derivados de petróleo,<br />

apresentado em outro volume deste relatório. O simulador utilizado no referido estudo admite apenas quatro categorias<br />

de petróleo, sendo uma dedicada ao petróleo leve importado.<br />

Tabela 1 – Classificação do Petróleo Segundo Portaria ANP nº 9.<br />

Grau API<br />

Densidade<br />

rel. 20 o C / 20 o C<br />

Tipo de Óleo<br />

o<br />

API ≥ 31 d ≤ 0,87 leve<br />

22 ≤ o API < 31 0,87 < d ≤ 0,92 mediano<br />

10 ≤ o API < 22 0,92 < d ≤ 1,00 pesado<br />

o<br />

API < 10 d > 1,00 extrapesado<br />

Fonte: ANP (2006)<br />

1.2. Previsão da Qualidade do Petróleo Recuperável em Campos não Descobertos<br />

Os Gráficos 1 a 3 apresentam os volumes recuperáveis não descobertos de petróleo nacional, segundo as categorias<br />

da Tabela 1. Esta desagregação por qualidade baseou-se nos seguintes critérios:<br />

• Tendências geográficas amplas, baseadas no conhecimento do tipo de óleo dominante em cada bacia;<br />

• Tendências locais, baseadas na proximidade de campos conhecidos e no conhecimento geológico de cada<br />

bacia.<br />

Para operacionalizar a atribuição do tipo de petróleo esperado em cada bloco não produtor, utilizou-se o sistema<br />

ArcGIS para mapear os blocos licitados e os graus API dos campos conhecidos, conforme ilustrado na Figura 1.


474<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Nesta figura é apresentada a atribuição dos tipos de petróleo aos possíveis campos a serem descobertos no decênio<br />

2007/2016, em blocos licitados até a Sétima Rodada, promovida pela ANP, na Bacia do Recôncavo.<br />

Figura 1 – Atribuição dos Tipos de Petróleo aos Possíveis Campos a serem Descobertos<br />

no Decênio 2007/2016, em Blocos Licitados até a Sétima Rodada.


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 475<br />

1.3. Reservas de Petróleo em Campos Descobertos<br />

Para o objetivo do presente trabalho, utilizaram-se as reservas totais (provadas, prováveis e possíveis) referentes<br />

ao dia 31 de dezembro de cada ano, no período 2007/2016. As reservas em 2007 foram estimadas a partir dos montantes<br />

de 31.12.2005, fornecidas pela ANP.<br />

A evolução prevista das reservas de petróleo em 2006 e ao longo do decênio em pauta baseou-se em modelo<br />

expedito de produção, no qual se utilizam como parâmetros os anos de descoberta do campo, início da produção,<br />

início e final do patamar de produção, quando for o caso, e abandono do campo. Para cada campo, simula-se a produção<br />

no período 2007/2016.<br />

A Tabela 2 e o Gráfico 1 apresentam as previsões de reservas dos campos conhecidos até 31.12.2005, remanescentes<br />

ao longo do decênio 2007/2016. Estes valores resultam da aplicação do modelo empírico de produção às<br />

reservas relativas a dezembro de 2005. Convém ressaltar que, em todas as tabelas pertinentes no presente trabalho,<br />

as reservas de petróleo ou gás natural referem-se a 31 de dezembro do respectivo ano.<br />

Tabela 2 - Evolução das Reservas Totais de Petróleo* (milhões de m3) no Período 2007/2016<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 2.402,4 2.290,4 2.168,3 2.037,3 1.896,0 1.746,5 1.589,6 1.430,2 1.276,2 1.129,3<br />

* recursos recuperáveis finais menos produção acumulada, estimados a partir dos recursos descobertos até 31.12.2005<br />

Gráfico 1 – Evolução das Reservas Totais de Petróleo (milhões de m3) no Período 2007/2016<br />

3.000<br />

2.500<br />

milhões m 3<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

1.4. Potencial de Petróleo Recuperável em Campos não Descobertos<br />

A previsão de novos volumes recuperáveis destinados a repor os volumes a serem produzidos a partir das atuais<br />

reservas foi feita através do método denominado IEM (Inversão de Expectativas de Mercado). Tal previsão baseia-se<br />

unicamente nos blocos já licitados pela ANP (até a Sétima Rodada), nos quais não houve descobertas declaradas ou<br />

reservas quantificadas até 31.12.2005. O método utilizado é uma adaptação do procedimento descrito por Furtado<br />

(2004) em sua tese de doutorado, segundo o qual o valor dos bônus oferecidos pelos concorrentes é proporcional<br />

à percepção dos valores de mercado das reservas. Estas, por sua vez, baseiam-se no potencial de cada bloco, previamente<br />

avaliado pelas empresas concorrentes. Segundo Furtado (2004), é possível estimar as reservas a partir dos<br />

bônus, “... supondo-se que os valores dos lances oferecidos em um leilão são uma fração da estimativa do valor de<br />

mercado da reserva esperada”.


476<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

O volume (V) do recurso não descoberto para cada bloco exploratório é estimado através da seguinte equação:<br />

V = (V MB<br />

+ C EXP<br />

) / (F C<br />

x P R<br />

x F A<br />

)<br />

onde:<br />

V MB<br />

= percepção do valor monetário do bloco pelo mercado;<br />

C EXP<br />

= custo do projeto exploratório;<br />

F C<br />

= probabilidade de sucesso econômico do projeto exploratório;<br />

P R<br />

num EVTE);<br />

= preço médio do óleo-equivalente no ano da licitação (estimativa para o preço que estaria sendo usado<br />

F A<br />

є (0,1) = fator de aproveitamento econômico da “reserva”.<br />

Uma vez estimado o potencial petrolífero de cada bloco, procede-se de modo semelhante à previsão das reservas<br />

a partir de campos descobertos, utilizando o modelo empírico já descrito. A Tabela 3 e o Gráfico 2 apresentam<br />

as estimativas das reservas totais previstas a partir do potencial petrolífero avaliado pelo referido método, o qual<br />

incorpora riscos exploratórios.<br />

Tabela 3 – Evolução Prevista das Reservas Totais (milhões de m 3 ) de Petróleo Nacional a partir de Recursos<br />

não Descobertos em Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RND 2,1 5,4 18,2 77,2 194,7 206,8 204,1 197,2 190,2 185,4<br />

Gráfico 2 – Evolução Prevista das Reservas Totais (milhões de m 3 ) de Petróleo Nacional a partir de Recursos<br />

não Descobertos em Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada<br />

250<br />

200<br />

milhões m 3<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

1.5. Previsão da Produção de Petróleo de Recursos Descobertos<br />

A previsão de produção, no período 2007/2016, dos campos conhecidos até 31.12.2005 faz-se através do modelo<br />

empírico de produção já mencionado. As Tabelas 4 a 7 e os Gráficos 3 a 6 apresentam os resultados desta previsão,<br />

classificados segundo o tipo de petróleo (leve, mediano e pesado+extrapesado), conforme Tabela 1.


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 477<br />

Tabela 4 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Leve (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016 a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Leve 10,4 12,0 12,9 13,3 12,9 12,5 11,9 11,1 10,0 9,0<br />

Gráfico 3 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Leve (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005<br />

15<br />

milhões m 3<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Tabela 5 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Mediano (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Mediano 58,0 59,5 63,0 66,6 68,6 70,3 71,7 73,0 71,0 69,0<br />

Gráfico 4 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Mediano (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005<br />

80<br />

60<br />

milhões m 3<br />

40<br />

20<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015


478<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 6 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Pesado + Extrapesado (milhões de m3) ao<br />

longo Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Pesado 36,2 40,5 46,2 51,1 59,8 66,6 73,4 75,3 72,9 68,9<br />

Gráfico 5 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Pesado + Extrapesado (milhões de m3) ao<br />

longo do Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005.<br />

80<br />

60<br />

milhões m 3<br />

40<br />

20<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Tabela 7 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo (milhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos.<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Leve 10,4 12,0 12,9 13,3 12,9 12,5 11,9 11,1 10,0 8,9<br />

Mediano 58,0 59,5 63,0 66,6 68,6 70,3 71,7 73,0 71,0 69,0<br />

Pesado 36,2 40,5 46,2 51,1 59,8 66,6 73,3 75,3 72,9 69,0<br />

Total 104,6 112,0 122,1 131,0 141,3 149,4 156,9 159,4 153,9 146,9<br />

Gráfico 6 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos. Inclui Todos os Tipos de Petróleo.<br />

200<br />

150<br />

milhões m³/ano<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Leve<br />

Mediano<br />

Pesado


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 479<br />

1.6. Previsão da Produção de Petróleo de Recursos não Descobertos<br />

A partir da estimativa de potencial dos blocos licitados (até a Sétima Rodada), referida no item 1.4, a previsão<br />

de produção de petróleo envolve duas etapas:<br />

• Estabelecimento de uma matriz de descobertas, com previsões de localização, chances exploratórias, número,<br />

tamanho (volume recuperável), tempos para descobertas e início de produção de novos campos;<br />

• Previsão da produção de petróleo, a partir de modelo empírico de produção.<br />

A Tabela 8 contém as previsões de produção, classificadas segundo o tipo de petróleo (cf. Tabela 1). O Gráfico 7<br />

apresenta a previsão de produção agregada de todos os tipos de petróleo, a partir de recursos a descobrir no decênio<br />

2007/2016.<br />

Tabela 8 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos (Potencial Estimado)<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Leve 0,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,6 2,4 8,0 13,8 18,1<br />

Mediano 0,0 0,0 0,1 0,2 0,2 0,2 0,9 1,8 2,7 3,0<br />

Pesado 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3 0,5 0,9 1,1 1,4<br />

Total 0,0 0,1 0,3 0,5 0,6 1,1 3,7 10,7 17,7 22,4<br />

Gráfico 7 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a Partir de Recursos não Descobertos (Potencial Estimado)<br />

25<br />

20<br />

milhões m³/ano<br />

15<br />

10<br />

5<br />

-<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Leve<br />

Mediano<br />

Pesado<br />

Na Tabela 9 e no Gráfico 8 quantifica-se a incerteza da previsão de produção anual agregada dos três tipos de<br />

petróleo (leve+mediano+pesado), utilizando-se uma estimativa alta e outra baixa, em relação à previsão total da<br />

Tabela 8 e do Gráfico 7, vista como estimativa moderada.


480<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 9 – Previsão de Produção Anual de Petróleo a partir de Recursos não<br />

Descobertos, Considerando a Incerteza<br />

Estim. 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Alta 0,0 0,1 0,4 0,6 0,8 1,4 4,9 13,9 23,0 29,2<br />

Moderada 0,0 0,1 0,3 0,5 0,6 1,1 3,7 10,7 17,7 22,4<br />

Baixa 0,0 0,1 0,2 0,4 0,5 0,8 2,8 8,1 13,4 17,1<br />

Gráfico 8 – Previsão da Produção Anual de Petróleo a partir de Recursos não Descobertos, Considerando a<br />

Incerteza. As Duas Faixas Superiores Representam Acréscimos à Previsão mais Conservadora (Faixa Verde)<br />

30<br />

20<br />

milhões m 3 /ano<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Alta<br />

Moderada<br />

Baixa<br />

1.7. Evolução Prevista das Reservas de Petróleo de Recursos Descobertos e não Descobertos<br />

A Tabela 10 e o Gráfico 9 apresentam a previsão agregada de volumes recuperáveis de petróleo nacional a<br />

partir das reservas totais dos recursos descobertos e não descobertos (potencial estimado nos blocos licitados até a<br />

Sétima Rodada promovida pela ANP).<br />

Tabela 10 – Evolução das Reservas Totais de Petróleo Nacional (milhões de m3), a partir dos Recursos<br />

Descobertos e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 2.402,4 2.290,4 2.168,3 2.037,3 1.896,0 1.746,5 1.589,6 1.430,2 1.276,2 1.129,3<br />

RND 2,1 5,4 18,2 77,2 194,7 206,8 204,1 197,2 190,2 185,4<br />

Total 2.404,4 2.295,8 2.186,5 2.114,5 2.090,7 1.953,3 1.793,7 1.627,4 1.466,5 1.314,8


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 481<br />

Gráfico 9 – Evolução dos Volumes Recuperáveis Agregados de Petróleo Nacional (milhões de m3),<br />

a partir dos Recursos Descobertos (Reservas) e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados<br />

pela ANP até a Sétima Rodada<br />

3.000<br />

2.500<br />

milhões m 3<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RND<br />

RD<br />

2. Previsões para o Gás Natural<br />

De modo análogo às previsões de reservas e produção de petróleo, as previsões referentes ao gás natural no<br />

decênio 2007/2016 compõem-se de duas partes, tendo em vista a distinção entre recursos descobertos e a descobrir<br />

(Portaria ANP nº 9).<br />

2.1. Evolução das Reservas de Gás Natural dos Campos Descobertos<br />

Os dados sobre as reservas nacionais de gás natural, referidas a 31.12.2005, bem como as previsões de produção<br />

de gás natural dos campos já descobertos no período 2006 a 2015, foram obtidos com base no trabalho indicado na<br />

Referência [1]. Neste documento, para cada campo de petróleo ou gás natural, a produção de gás associado ou nãoassociado<br />

foi simulada utilizando-se um modelo empírico de produção, com a mesma forma funcional e os mesmos<br />

parâmetros utilizados para os campos de petróleo.<br />

Os tempos de início de produção, início e fim do patamar de produção e o ano de abandono do campo foram<br />

revistos caso a caso para os campos de maior volume recuperável, levando em conta as informações complementares<br />

extraídas de relatórios técnicos publicados pela ANP, pelas empresas de petróleo e pela mídia especializada. Dentre<br />

estas informações, destacam-se dados de reservas e produção, bem como projetos anunciados de instalações de<br />

produção, tratamento, transporte e armazenamento de gás natural. Para tais campos, adotou-se um declínio exponencial.<br />

Utilizando-se este procedimento, expandiu-se a previsão até 2016. A evolução prevista das reservas de gás<br />

associado (GA) e não associado (GNA), apresentada na Tabela 11 e no Gráfico 10, foi obtida pela diferença entre as<br />

reservas e a produção acumulada a partir de 2006 5 .<br />

Tabela 11 – Evolução das Reservas Nacionais de Gás Natural* (bilhões de m3) no Período 2007/2016<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA 234,2 219,5 204,9 189,6 174,1 159,2 144,8 130,9 118,3 106,3<br />

GNA 237,9 228,4 214,6 195,1 175,9 157,1 138,8 121,1 104,5 89,6<br />

Total 472,1 448,0 419,4 384,7 350,0 316,3 283,5 252,0 222,7 195,9<br />

* recursos recuperáveis finais menos produção acumulada, estimados a partir dos recursos descobertos até 31.12.2005<br />

5 Dado que a taxa de reinjeção é muito baixa na maioria dos campos (cerca de 3%), os volumes de gás reinjetados não foram considerados<br />

neste cálculo.


482<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 10 – Evolução das Reservas Nacionais de Gás Natural (bilhões de m3) no Período 2007/2016<br />

500<br />

400<br />

bilhões m 3<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA<br />

2.2. Potencial de Gás Natural em Campos não Descobertos<br />

Os dados sobre o incremento previsto de reservas nacionais de gás natural, provenientes de campos a descobrir<br />

no período 2006 a 2015, nos blocos licitados até a Sétima Rodada promovida pela ANP, foram obtidos com base no<br />

trabalho indicado na Referência [2].<br />

O modelo empírico utilizado foi o mesmo empregado para estimar os recursos não descobertos de petróleo,<br />

que consiste em avaliar o potencial de modo indireto, por inversão de expectativas de mercado, conforme apresentado<br />

no item 1.4. Uma vez estimado o potencial de cada bloco, procede-se de modo semelhante à previsão das reservas<br />

a partir de campos descobertos, utilizando um modelo de produção empírico.<br />

A Tabela 12 e o Gráfico 11 apresentam a previsão de acréscimo das reservas a partir de novas descobertas. Convém<br />

destacar que, na simulação dos processos de exploração e produção dos blocos licitados, a cada novo campo,<br />

atribuíram-se um volume recuperável final, uma data de descoberta e uma data de início da produção. A data de<br />

referência para alocação do novo volume descoberto, entretanto, é o ano médio entre as datas de descoberta e início<br />

de produção. Esta definição operacional explica o aspecto do Gráfico 11, com um patamar a partir de 2012, quando<br />

cessa o acréscimo previsto de novos volumes e a “reserva” passa a ser depletada pela produção dos novos campos.<br />

Tabela 12 – Evolução dos Acréscimos de Reservas Nacionais de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

a partir dos Recursos Recuperáveis a Descobrir no Decênio 2007/2016<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Ad. Volume 1,7 2,9 4,4 52,2 128,8 29,4<br />

Acumulado 1,7 4,6 9,0 61,1 190,0 219,4 219,4 219,4 219,4 219,4<br />

Produção 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 9,0 9,0 15,3 18,5<br />

Reserva 1,7 4,5 8,8 60,8 189,6 218,8 210,4 210,4 204,1 200,9


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 483<br />

Gráfico 11 – Evolução Prevista das Reservas Nacionais de Gás Natural (bilhões de m3),<br />

a partir de Recursos Recuperáveis a Descobrir no Decênio 2007/2016<br />

250<br />

200<br />

bilhões m 3<br />

150<br />

100<br />

RESERVA<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Obs.- A faixa superior do gráfico (vermelha) representa a produção acumulada prevista, a partir dos recursos a descobrir<br />

A Tabela 13 e o Gráfico 12 apresentam a contribuição anual acumulada dos campos de gás natural a descobrir.<br />

Tabela 13 – Evolução do Incremento de Volume Recuperável de Gás Natural<br />

(bilhões de m3) no Período 2007/2016, a partir de Novas Descobertas<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA 0,7 1,7 3,6 21,4 56,2 69,4 68,9 67,8 66,6 65,9<br />

GNA 1,0 2,8 5,1 39,4 133,4 149,4 147,8 142,6 137,5 135,0<br />

Total 1,7 4,5 8,8 60,8 189,6 218,8 216,8 210,4 204,1 200,9<br />

Gráfico 12 – Evolução do Incremento de Volume Recuperável de Gás Natural<br />

(bilhões de m3) no Período 2007/2016, a partir de Campos a Descobrir<br />

250<br />

200<br />

bilhões m 3<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA


484<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.3. Previsão de Produção de Gás Natural dos Campos Descobertos<br />

As previsões de produção de gás natural dos campos já descobertos no período 2006 a 2015 foram extraídas<br />

da Referência [1]. Utilizando o procedimento já mencionado, baseado em modelo empírico, expandiu-se a previsão<br />

para 2016. A Tabela 14 e o Gráfico 13 apresentam as previsões de produção de gás natural a partir dos campos conhecidos<br />

no território nacional.<br />

Tabela 14 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (Reservas)<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA 15,0 14,7 14,6 15,3 15,5 14,9 14,4 13,8 12,6 12,0<br />

GNA 6,3 9,5 13,9 19,5 19,2 18,8 18,4 17,6 16,7 14,8<br />

Total 21,3 24,2 28,5 34,7 34,7 33,7 32,8 31,5 29,3 26,9<br />

Gráfico 13 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (Reservas)<br />

40<br />

30<br />

bilhões m 3<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA<br />

2.4. Previsão da Produção de Gás Natural de Campos não Descobertos<br />

As previsões de produção de gás natural dos campos a descobrir no período 2006 a 2015, nos blocos licitados<br />

até a Sétima Rodada, promovida pela ANP, foram extraídos da Referência [2], utilizando-se o método de inversão<br />

de expectativas de mercado, descrito anteriormente no item 1.4. Através do mesmo procedimento, expandiu-se a<br />

previsão para 2016. A Tabela 15 e o Gráfico 14 detalham a contribuição anual da produção de gás natural a partir de<br />

recursos não descobertos.<br />

Tabela 15 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,2 0,6 1,7 3,0 3,6<br />

GNA 0,0 0,0 0,2 0,2 0,3 0,5 2,0 7,3 12,4 14,9<br />

Total 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 2,6 9,0 15,3 18,5


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 485<br />

Gráfico 14 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos<br />

20<br />

15<br />

bilhões m 3<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA<br />

Na Tabela 16 e no Gráfico 15 quantifica-se a incerteza 6 da previsão de produção anual agregada de gás associado<br />

e não associado, utilizando-se uma estimativa alta e outra baixa, em relação à previsão total da Tabela 15 e do Gráfico<br />

14, vista como estimativa moderada.<br />

Tabela 16 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos, Expressando a Incerteza através de Três Estimativas<br />

Estimat. 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Alta 0,0 0,1 0,3 0,5 0,5 1,1 4,5 14,3 23,3 27,5<br />

Moderada 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 2,6 9,0 15,3 18,5<br />

Baixa 0,0 0,0 0,1 0,2 0,2 0,3 1,2 5,7 10,6 13,3<br />

Gráfico 15 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos, Expressando a Incerteza através de Três Estimativas<br />

30<br />

20<br />

bilhões m 3<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Alta Moderada Baixa<br />

6 A incerteza, neste caso, decorre das diferentes avaliações do mercado quanto ao valor de cada bloco, expressas em ofertas diferenciadas<br />

de bônus.


486<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.5. Evolução Prevista das Reservas de Gás Natural a partir de Recursos Descobertos e não<br />

Descobertos<br />

A Tabela 17 e o Gráfico 16 apresentam a previsão agregada das reservas totais de gás natural a partir de recursos<br />

descobertos e não descobertos (potencial estimado nos blocos licitados até a Sétima Rodada promovida pela ANP).<br />

Tabela 17 – Evolução das Reservas Totais de Gás Natural Nacional (bilhões de m3), a partir dos Recursos<br />

Descobertos e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 472,1 448,0 419,4 384,7 350,0 316,3 283,5 252,0 222,7 195,9<br />

RND 1,7 4,5 8,8 60,8 189,6 218,8 216,8 210,4 204,1 200,9<br />

Total 473,8 452,5 428,2 445,5 539,6 535,0 500,3 462,4 426,8 396,8<br />

Gráfico 16 – Evolução das Reservas Totais de Gás Natural Nacional (bilhões de m3), a partir dos Recursos<br />

Descobertos e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada<br />

600<br />

400<br />

bilhões m 3<br />

200<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RD<br />

RND<br />

Na Tabela 18 e no Gráfico 17 é apresentada a evolução prevista dos recursos de gás natural ao longo do decênio<br />

2007/2016, a partir de recursos nacionais descobertos (RD) e não descobertos (RND), desagregados segundo a<br />

proveniência do gás (associado - GA ou não associado - GNA).<br />

Tabela 18 – Evolução Prevista dos Recursos de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA RD 234,2 219,5 204,9 189,6 174,1 159,2 144,8 130,9 118,3 106,3<br />

GNA RD 237,9 228,4 214,6 195,1 175,9 157,1 138,8 121,1 104,5 89,6<br />

GA RND 0,7 1,7 3,6 21,4 56,2 69,4 68,9 67,8 66,6 65,9<br />

GNA RND 1,0 2,8 5,1 39,4 133,4 149,4 147,8 142,6 137,5 135,0<br />

Total GA 234,9 221,2 208,5 211,0 230,3 228,5 213,7 198,7 184,8 172,2<br />

Total GNA 238,9 231,3 219,7 234,5 309,3 306,5 286,6 263,7 242,0 224,6


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 487<br />

Gráfico 17 – Evolução Prevista dos Recursos de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

600<br />

400<br />

bilhões m 3<br />

200<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA RD GNA RD GA RND GNA RND<br />

3. Previsão Decenal da Produção de Petróleo e Gás Natural<br />

3.1. Petróleo<br />

A Tabela 19 e o Gráfico 18 apresentam a previsão da produção agregada de petróleo nacional a partir das reservas<br />

totais dos recursos descobertos e não descobertos (potencial estimado).<br />

Tabela 19 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 104,6 112,0 122,1 131,0 141,3 149,5 156,9 159,4 154,0 146,9<br />

RND 0,0 0,1 0,3 0,5 0,6 1,1 3,7 10,7 17,7 22,4<br />

Total 104,6 112,1 122,3 131,5 141,9 150,6 160,7 170,1 171,6 169,3<br />

Gráfico 18 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (Reservas) e não Descobertos (Potencial Estimado)<br />

200<br />

150<br />

milhões m 3 /ano<br />

100<br />

50<br />

-<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RD<br />

RND


488<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

A previsão de produção anual, correspondente a recursos de petróleo descobertos e não descobertos (Total da<br />

Tabela 19), é representada pela curva superior do Gráfico 18. A incerteza sobre esta curva é apresentada na Tabela<br />

20 e no Gráfico 19.<br />

Convém ressaltar que esta incerteza refere-se unicamente aos recursos não descobertos e que a curva apresentada<br />

na Tabela 19 e no Gráfico 18 corresponde à estimativa moderada.<br />

Tabela 20 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

Estim. 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Alta 104,6 112,1 122,4 131,6 142,1 150,9 161,8 173,3 176,9 176,1<br />

Moderada 104,6 112,1 122,3 131,5 141,9 150,6 160,7 170,1 171,6 169,3<br />

Baixa 104,6 112,0 122,3 131,4 141,8 150,3 159,8 167,5 167,4 164,0<br />

Obs.- A faixa de incerteza refere-se aos recursos não descobertos.<br />

Gráfico 19 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

200<br />

150<br />

milhões m 3 /ano<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

ALTA MODERADA BAIXA<br />

3.2. Gás Natural<br />

A Tabela 21 e o Gráfico 20 apresentam a previsão da produção agregada de gás natural nacional a partir de<br />

recursos descobertos (reservas totais) e não descobertos (potencial estimado).<br />

Tabela 21 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016, a<br />

partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e Não Descobertos (RND).<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 21,3 24,2 28,5 34,7 34,7 33,7 32,8 31,5 29,3 26,9<br />

RND 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 2,6 9,0 15,3 18,5<br />

Total 21,3 24,2 28,7 35,1 35,1 34,4 35,4 40,5 44,6 45,3


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 489<br />

Gráfico 20 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016, a<br />

partir de Recursos Nacionais Descobertos (Reservas Totais) e não Descobertos (Potencial Estimado)<br />

50<br />

40<br />

30<br />

bilhões m 3<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RD<br />

RND<br />

Na Tabela 22 e no Gráfico 21 é apresentada a previsão da produção anual de gás natural ao longo do período<br />

2007/2016, a partir de recursos nacionais descobertos (RD) e não descobertos (RND), desagregados segundo a proveniência<br />

do gás (associado - GA ou não associado - GNA).<br />

Tabela 22 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3/ano) ao longo do 2007/2016, a partir<br />

de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GA RD 15,0 14,7 14,6 15,3 15,5 14,9 14,4 13,8 12,6 12,0<br />

GNA RD 6,3 9,5 13,9 19,5 19,2 18,8 18,4 17,6 16,7 14,8<br />

GA RND 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,2 0,6 1,7 3,0 3,6<br />

GNA RND 0,0 0,0 0,2 0,2 0,3 0,5 2,0 7,3 12,4 14,9<br />

Total 21,3 24,2 28,7 35,1 35,1 34,4 35,4 40,5 44,6 45,3


490<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 21 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3/ano) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

50<br />

40<br />

bilhões m 3 /ano<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA RD<br />

GNA RD<br />

GA RND<br />

GNA RND<br />

A previsão de produção anual, correspondente a recursos de gás natural descobertos e não descobertos (Total<br />

da Tabela 22) é representada pela curva superior do Gráfico 21. A incerteza sobre esta curva é apresentada na Tabela<br />

23 e no Gráfico 22.<br />

Convém ressaltar que esta incerteza refere-se unicamente aos recursos não descobertos e que a curva apresentada<br />

na Tabela 22 e no Gráfico 21 corresponde à estimativa moderada.<br />

Tabela 23 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016, a<br />

partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)<br />

Estim. 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Alta 21,3 24,2 28,8 35,2 35,2 34,8 37,3 45,7 52,6 54,4<br />

Moderada 21,3 24,2 28,7 35,1 35,1 34,4 35,4 40,5 44,6 45,3<br />

Baixa 21,3 24,2 28,7 34,9 35,0 34,0 34,0 37,2 39,9 40,1<br />

Obs.- A faixa de incerteza refere-se aos recursos não descobertos.


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 491<br />

Gráfico 22 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016, a<br />

partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e Não Descobertos (RND)<br />

60<br />

40<br />

bilhões m 3 /ano<br />

20<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Alta Moderada Baixa<br />

3.3. Previsão Decenal da Produção de LGN – Líquido de Gás Natural<br />

A previsão da produção decenal de LGN está baseada na produção nacional de gás natural, oriunda de campos<br />

descobertos e não descobertos. Os índices de absorção utilizados para os cálculos de volumes de LGN produzidos<br />

nas UPGNs estão contidos na Tabela 24, detalhados por estado da Federação e pela origem do gás (GA ou GNA), para<br />

os campos descobertos, e somente pela origem (GA ou GNA), para os campos a descobrir.<br />

Tabela 24 – Índices de Absorção Utilizados para os Cálculos de Volumes de LGN Produzidos nas UPGNs<br />

Estados<br />

Campos Descobertos<br />

Campos a Descobrir<br />

GA (%) GNA (%) GA (%) GNA (%)<br />

Alagoas 4 2<br />

Amazonas 7 3<br />

Bahia 8 3<br />

Ceará 6 0<br />

Espírito Santo 8 3<br />

Paraná 0 3<br />

8 3<br />

Rio de Janeiro 8 3<br />

Rio Grande do Norte 12 4<br />

São Paulo 0 2<br />

Sergipe 13 7<br />

Fonte: <strong>EPE</strong> [2],[3]<br />

Aplicando-se cada índice de absorção ao respectivo volume de gás produzido (GA e GNA) em cada estado, em<br />

cada ano do decênio, resultam os volumes de GN absorvidos por ano, por estado. Utilizando-se a relação de transformação<br />

gás/líquido de 1 m3 de LGN para 250m3 de GN, resultam os volumes totais de LGN anuais dos estados. Estes<br />

volumes foram agregados em escala nacional e estão apresentados na Tabela 25 e no Gráfico 23.


492<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 25 – Evolução Prevista da Produção Nacional de LGN no Decênio 2007/2016, a partir de<br />

Recursos Descobertos e não Descobertos (milhões de m 3 /ano)<br />

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

RD 5,392 5,525 6,221 7,076 7,095 6,869 6,650 6,397 5,929 5,531<br />

RND 0,000 0,010 0,035 0,055 0,063 0,106 0,435 1,432 2,432 2,941<br />

Total 5,392 5,535 6,256 7,131 7,158 6,975 7,085 7,829 8,361 8,472<br />

Gráfico 23 – Evolução Prevista da Produção Anual Nacional de LGN no Decênio 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Descobertos e Não Descobertos<br />

10<br />

8<br />

milhões m 3 /ano<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RD<br />

RND<br />

4. Investimentos em E&P<br />

As previsões de investimentos em exploração e produção de petróleo e gás natural são cercadas de variadas<br />

fontes de incertezas técnicas e de mercado. As primeiras estão atreladas principalmente ao conhecimento geológico<br />

das áreas exploratórias e dos campos de produção. A percepção de altos riscos exploratórios em geral precede a<br />

realização de novas descobertas que, quando feitas, poderão demandar enormes investimentos para o desenvolvimento<br />

da produção. Mesmo em campos já descobertos, novas informações de reservatórios poderão gerar mais ou<br />

menos investimentos. As incertezas de mercado, por sua vez, estão ligadas aos movimentos dos grandes produtores<br />

e consumidores, tanto em escala mundial como regional, no caso do gás natural, afetando os preços de hidrocarbonetos<br />

comercializados e os custos dos insumos de produção, especialmente equipamentos, significativa parcela dos<br />

investimentos em E&P.<br />

Portanto, optou-se por uma abordagem robusta para o contexto de uma previsão decenal, no sentido de ser<br />

pouco sensível às diversas fontes de incerteza ao longo do tempo. Ela consiste em aplicar o conceito geral de custo<br />

de produção a uma previsão de produção. Define-se aqui um índice dependente do tempo, representado pela razão<br />

entre o investimento acumulado em E&P e a produção acumulada, desde o início das atividades na região considerada,<br />

no caso, todo o território nacional.<br />

Com base nos dados publicados pela Petrobras em seu portal eletrônico, a evolução histórica deste índice 7 , tal<br />

como acima definido, é apresentada no Gráfico 24.<br />

7 Os números estão ajustados pelo dólar de 2006.


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 493<br />

Gráfico 24 – Evolução Histórica da Razão entre o Investimento Acumulado em E&P e a Produção<br />

Acumulada a Cada Ano no Brasil, pela Petrobras<br />

25<br />

20<br />

US$/BOE<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002<br />

Fonte: Petrobras (2006)<br />

Ao longo da história do petróleo no Brasil, na qual é inquestionável ter a Petrobras como referência das operadoras,<br />

a média do custo acumulado do investimento em E&P é de 11,6 US$/boe, tendo atingido o mínimo de 7,6 US$/boe<br />

em 1962 e o máximo de 19,4 US$/boe em 1983. Em 2005 o custo acumulado atingiu o valor de 9,3 US$/boe.<br />

Para se ter uma idéia das possíveis variações, tendo em vista as já referidas incertezas que envolvem as estimativas<br />

de investimentos em E&P, consideraram-se duas hipóteses: 1) o custo acumulado permanecerá estável nos<br />

próximos 10 anos, no nível de 9,3 US$/boe, atingido em 2005; 2) o custo acumulado crescerá ao longo dos anos,<br />

atingindo 10,4 US$/boe em 2016, valor esse que corresponde à média observada nos últimos 10 anos.<br />

A Tabela 26 mostra, ano a ano, as previsões conforme as duas hipóteses. Deve ser notado que em ambas as<br />

hipóteses a tendência prevista dos investimentos é crescente, refletindo a expectativa de que, para se manter a<br />

auto-suficiência do petróleo e reduzir a dependência externa do gás natural, os investimentos em E&P no Brasil<br />

deverão crescer.<br />

Tabela 26 – Hipóteses de Previsões de Investimentos Anuais em E&P no Brasil (milhões US$)<br />

Hipóteses 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Custo Acumulado<br />

Crescente<br />

Custo Acumulado<br />

Estável<br />

8.902 9.842 10.985 12.213 13.111 13.857 14.843 16.112 16.824 17.044<br />

7.706 8.324 9.234 10.195 10.811 11.265 11.925 12.821 13.185 13.099<br />

Em suma, os investimentos em E&P no Brasil para o período 2007/2016 têm a previsão de somarem entre<br />

US$ 108,6 bilhões e US$ 133,7 bilhões. Considerando-se apenas os primeiros cinco anos do plano, de 2007 a 2011,<br />

a previsão é de que serão investidos pelas concessionárias entre US$ 46,3 bilhões e US$ 55,0 bilhões. A Petrobras,<br />

isoladamente, prevê investir US$ 40,7 bilhões, conforme seu Plano de Negócios 2007/2011. Maiores investimentos<br />

agregados (todas as concessionárias) são previstos para a segunda metade do período, de 2012 a 2016, entre US$<br />

62,3 bilhões e US$ 78,7 bilhões.


494<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

5. Síntese de Aspectos Relevantes das Projeções<br />

Embora o declínio de reservas seja um fato esperado no desenvolvimento de qualquer província petrolífera, ao<br />

longo dos anos, uma vez que estamos tratando de recursos não renováveis, cabe uma explicação para o caso deste<br />

Plano. As estimativas de reservas e produção apresentadas neste trabalho devem ser consideradas como conservadoras<br />

pelas seguintes razões:<br />

a) O potencial atribuído a novas descobertas baseia-se unicamente nos blocos exploratórios licitados pela ANP<br />

até a Sétima Rodada. Conseqüentemente, o potencial de blocos em áreas ainda não licitadas poderá contribuir para<br />

uma previsão mais otimista.<br />

b) Informações sobre possíveis volumes de descobertas em fase de avaliação exploratória, contidas em Planos de<br />

Avaliação submetidos pelas concessionárias à ANP, não foram incorporadas às previsões de produção e reservas.<br />

c) Não se considerou o acréscimo de reservas por métodos avançados de recuperação, o que pode afetar principalmente<br />

as previsões referentes ao petróleo.<br />

d) Não se considerou a variação anual de reservas totais contabilizada pela ANP para o ano de 2006, informada<br />

em 2007, já durante a fase de edição deste PDE 2007/2016. Com a premissa de reservas de 31/12/2005 adotada para<br />

elaboração deste plano, as reservas totais previstas para 2006 são menores do que aquelas contabilizadas pela ANP,<br />

em 13% para o petróleo e em 16% para o gás natural. Contudo, não se espera que tais diferenças alterem significativamente<br />

o panorama geral de evolução das reservas totais e das previsões de produção apresentadas neste plano,<br />

principalmente para o primeiro qüinqüênio, o que poderá ser verificado a partir de estudos mais detalhados a serem<br />

elaborados para o PDE 2008/2017.<br />

As seguintes tendências no decênio 2007/2016 são observadas, a partir da análise apresentada nos itens anteriores:<br />

A produção nacional de petróleo, baseada nos históricos de produção e nas reservas dos campos conhecidos,<br />

bem como em planos publicados pela indústria nacional, deverá crescer até 2014, atingindo um patamar de 159 milhões<br />

de m 3 /ano. Com a entrada de volumes recuperáveis provenientes de novas descobertas, a tendência crescente<br />

deverá manter-se até 2015, quando se prevê uma produção anual de 172 milhões de m 3 (correspondentes a 2,964<br />

milhões de barris diários).<br />

Considerando-se os níveis atuais de reservas totais e admitindo-se apenas os níveis de reposição de reservas<br />

previstos neste plano, a tendência das reservas de petróleo é declinante, saindo de um nível estimado de 2,4 bilhões<br />

de m 3 em 2007 para o nível de 1,3 bilhões de m 3 em 2016.<br />

A produção nacional de gás natural a partir das atuais reservas totais deverá crescer até 2010, mantendo-se no<br />

patamar de 35 bilhões de m 3 anuais até 2011. Somando-se a contribuição de volumes recuperáveis a descobrir nos<br />

blocos licitados pela ANP até a Sétima Rodada, o patamar de 35 bilhões de m 3 anuais poderá ser mantido até 2013,<br />

quando a produção anual poderá crescer até um novo patamar de 45 bilhões de m 3 em 2015 e 2016.<br />

As reservas totais nacionais de gás natural, estimadas em 474 bilhões de m 3 em 2007, deverão declinar até 2009,<br />

quando atingirão o nível previsto de 428 bilhões de m 3 . Mediante a contribuição de novas descobertas, haverá um<br />

incremento até 2011, quando se estima um volume recuperável de 540 bilhões de m 3 .<br />

Para se atingirem os níveis de produção de petróleo e gás natural previstos neste trabalho, os investimentos<br />

das empresas concessionárias de E&P no Brasil para o decênio 2007/2016 deverão ser realizados entre US$ 108,9<br />

bilhões e US$ 133,6 bilhões. Nestes valores não estão incluídos investimentos que deverão ser realizados pela ANP<br />

para aquisição de dados geológicos das bacias sedimentares brasileiras, necessários para o planejamento do MME<br />

quanto às novas rodadas de licitação de blocos exploratórios.<br />

Embora não se tenha feito uma avaliação mais profunda e em termos probabilísticos, por indisponibilidade<br />

de informações, é admissível supor que há possibilidade de manutenção da razão R/P (reservas totais / produção)<br />

nos níveis históricos recentes, em média 27 anos, no período de 2000 a 2006. Para tanto, mantendo-se as previsões<br />

de produção deste plano, seria necessário incorporar nas reservas totais, por ano, até 2016, cerca de 300 milhões de<br />

m3 de petróleo e 98 bilhões de m3 de gás natural. Tais valores de incorporação são admissíveis, quando se considera


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 495<br />

que, no histórico do período de 2000 a 2006, as incorporações cresceram em níveis compatíveis com tais valores 8 .<br />

Caso ocorram, na hipótese de manutenção da R/P, as previsões de reservas totais passariam a ter evoluções como<br />

mostradas nos Gráficos 25 e 26, para petróleo e gás natural, respectivamente.<br />

Gráfico 25 – Previsões da Reserva Total de Petróleo (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, nas Hipóteses Conservadora e de Manutenção da R/P<br />

5.000<br />

4.000<br />

milhões m 3<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

2000 2005 2010 2015<br />

RT-PET (manutenção da R/P)<br />

RT-PET (conservadora)<br />

Gráfico 26 – Previsões da Reserva total de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, nas Hipóteses Conservadora e de Manutenção da R/P<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

bilhões m 3<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

2000 2005 2010 2015<br />

RT-GN (manutenção da R/P)<br />

RT-GN (conservadora)<br />

8 Com base nas informações disponíveis no portal da ANP, no caso do petróleo, a média de incorporação nos últimos 6 anos foi de 226<br />

milhões de m3; para o gás natural foi de 54 bilhões de m3.


496<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

6. Aspectos Socioambientais<br />

6.1. Contextualização<br />

O Brasil está entre os países mais atrativos para investimentos em petróleo e gás natural que, segundo projeções<br />

da Agência Internacional de Energia, deve permanecer como um dos mais importantes produtores de energia do<br />

mundo nas próximas duas décadas.<br />

O País possui 29 bacias sedimentares com interesse para pesquisa de hidrocarbonetos – o equivalente a 6,4<br />

milhões de km2, dos quais cerca de 2,5 milhões de km2 localizam-se no mar. Entretanto, menos de 5% dessas áreas<br />

estão sob concessão para as atividades de exploração e produção (Figura 2). 9<br />

A aprovação da Lei Federal nº 9.478/97, possibilitou a flexibilização do monopólio estatal do setor, que até<br />

então era exercido pela Petrobras, e estabeleceu um novo modelo de Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás<br />

natural no País. O novo marco regulatório para o setor de petróleo definiu a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural<br />

e Biocombustíveis - ANP como sendo o órgão regulador. De acordo com esse modelo, a contratação das atividades<br />

de E&P - pesquisa e lavra - de jazidas de petróleo e gás natural passou a ser feita por concessão pública, precedida de<br />

processo de licitação (leilões).<br />

Na preparação dos leilões de blocos exploratórios, a ANP propõe as áreas a serem ofertadas, as quais serão submetidas<br />

à aprovação do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE. A ANP estabele os critérios de qualificação<br />

técnica que orientam a participação de empresas interessadas no arremate de blocos.<br />

Na medida em que as áreas de petróleo amadurecem e produzem progressivamente menores volumes de petróleo<br />

e gás natural, há a necessidade do País ampliar as atividades de E&P para áreas sedimentares ainda pouco exploradas,<br />

onde pode haver maior sensibilidade ambiental e social. Essas áreas incluem ambientes marinhos próximos à costa e<br />

outras áreas de importância ambiental.<br />

Entre 1999 e 2003, desenvolveu-se uma intensa discussão sobre o impacto ambiental potencial associado à<br />

atividade de sísmica e a necessidade de se submeter esta atividade ao licenciamento ambiental. Assim, a partir de<br />

1999, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA passou a exigir licença<br />

ambiental para realização do levantamento de dados sísmicos. Finalmente, em 2004, o Conselho Nacional do Meio<br />

Ambiente – CONAMA, órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, disciplinou<br />

o assunto, com o objetivo de diminuir os constantes e crescentes conflitos dessas atividades com as atividades<br />

de pesca, padronizando as exigências técnicas e estabelecendo mecanismos de informação e participação das<br />

comunidades envolvidas.<br />

A abordagem da variável ambiental pela ANP no processo que envolve a concessão de blocos não se limita aos<br />

critérios de oferta dos mesmos. Nos contratos de concessões tem-se demonstrado a preocupação com o controle ambiental<br />

e a responsabilidade sobre danos ambientais nas áreas concedidas. Tais contratos estabelecem especificidades<br />

em torno de processos independentes de auditorias ambientais, inclusão de seguro ambiental ou de responsabilidade<br />

ambiental em seguro obrigatório, obrigatoriedade no cumprimento de recuperação de áreas e de responsabilidade<br />

em torno de passivos ambientais, acesso às informações do processo de gestão ambiental, dentre outros aspectos.<br />

9 Fonte: Agência Nacional do Petróleo


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 497<br />

Figura 2 – Áreas sob Concessão para Petróleo e Gás Natural até 2006<br />

e Bacias Sedimentares Brasileiras (MME, 2007)<br />

Avanço importante ocorreu em 2002 por meio da articulação político-institucional entre o Ministério do Meio Ambiente<br />

– MMA, IBAMA, o MME e a ANP. Nesta ocasião consolidou-se um acordo de cooperação denominado de Agenda<br />

Ambiental, cujo processo viabilizou o apoio técnico e financeiro para a estruturação do Escritório de Licenciamento das<br />

Atividades de Petróleo e Nuclear-ELPN. Foram elaborados estudos técnicos para a definição do Guia de Licenciamento<br />

Ambiental (2002), cartas de sensibilidade ambiental, normas técnicas e a modernização do licenciamento ambiental.<br />

A Resolução nº 08, de 21 de agosto de 2003, do Conselho Nacional de Políticas Energéticas -CNPE estabeleceu<br />

a política de produção de petróleo e gás natural no país e definiu diretrizes para a realização das rodadas de licitação<br />

de blocos exploratórios promovidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP.<br />

Visando reduzir os riscos no processo de licenciamento ambiental, o inciso V do artigo 2.º desta Resolução<br />

estabeleceu que a ANP deva selecionar áreas para licitação, adotando eventuais exclusões por restrições ambientais,<br />

sustentadas em manifestação conjunta da Agência, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />

Renováveis - Ibama e de órgãos ambientais estaduais.<br />

Como mencionado anteriormente, para as áreas localizadas no mar ou na zona de transição, o IBAMA elabora,<br />

desde 2002, os “Guias para o Licenciamento Ambiental das Atividades de Sísmica e de Perfuração”. Neste instrumento,<br />

o órgão licenciador define o nível de dificuldade do licenciamento e as diretrizes a serem seguidas pelo empreendedor<br />

no processo de licenciamento ambiental. A ANP participa da confecção dos Guias revisando o conteúdo, realizando<br />

a navegação, publicação e devida divulgação (página da internet e CDs).<br />

Sendo assim, a cada rodada, logo após a aprovação do início dos estudos das áreas pelo CNPE, a ANP solicita<br />

a emissão de pareceres ambientais aos órgãos competentes. Os pareceres, além de indicarem exclusões devido às<br />

restrições ambientais, também apresentam algumas diretrizes para o licenciamento das atividades a serem desenvolvidas<br />

nas áreas aprovadas.<br />

Os Guias de Licenciamento são entregues aos empreendedores antes do dia do leilão das áreas exploratórias,<br />

e visam orientar os interessados sobre os cuidados e obrigações que deverão observar para a obtenção das licenças<br />

ambientais. Todavia, ressalta-se que a cada rodada de licitações, o novo guia de licenciamento editado passa a valer<br />

para as rodadas já realizadas, o que impacta negativamente a execução das atividades contratadas e a segurança<br />

jurídica dos empreendimentos nas áreas concedidas.


498<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Já com relação aos órgãos ambientais estaduais, como não existe um guia de licenciamento específico de cada estado,<br />

a ANP publica os pareceres referentes às análises ambientais das áreas, realizadas pelos órgãos competentes.<br />

6.2. Licenciamento Ambiental<br />

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade<br />

potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas<br />

características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte<br />

do processo. 10 Essa obrigação é compartilhada pelos órgãos estaduais de Meio Ambiente e pelo IBAMA, como partes<br />

integrantes do Sisnama.<br />

Nos últimos anos, o processo de licenciamento ambiental do setor de petróleo e gás natural vem evoluindo<br />

consideravelmente, formalizando os seus ritos por meio de instrumentos normativos e, em discussão com o setor,<br />

buscando novas formas de abordagem que permitam combinar maior eficácia do instrumento com racionalização,<br />

agilização e transparência.<br />

Dadas as características do setor e as tendências de expansão da atividade no Brasil, tal processo deve ser<br />

contínuo, permitindo ao mesmo tempo garantir padrões de desempenho ambiental praticados pela indústria em<br />

âmbito mundial, e atender ao ritmo do desenvolvimento da atividade.<br />

Em 2003, o Governo Federal instituiu, no âmbito do MME, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de<br />

Petróleo e Gás Natural (Prominp). Tal programa representa o compromisso do Governo e das empresas do setor com<br />

a atuação integrada, priorizando a participação da indústria nacional de bens e serviços nos negócios de petróleo e<br />

gás natural, criando empregos e competências, gerando oportunidades e riquezas para o País.<br />

Em seu componente ambiental, o Prominp vem trabalhando para aperfeiçoar o licenciamento das atividades de<br />

petróleo e gás natural, com o objetivo de melhorar as condições técnicas, administrativas e gerenciais do processo.<br />

O licenciamento das atividades de petróleo e gás natural está diretamente relacionado ao grau de conhecimento<br />

ambiental das áreas licitadas. O acúmulo de conhecimento da Bacia de Campos, por exemplo, permitiu que fosse adotado<br />

o licenciamento por área, e não por unidade. Este fato aponta para a necessidade de investir no levantamento de<br />

dados primários das bacias, organização dos mesmos, validação pelo órgão ambiental e armazenamento em banco<br />

de dados de livre acesso.<br />

Uma das principais propostas nesse sentido é adequar o BDEP - Banco de Dados de Exploração e Produção, da<br />

ANP, que reúne informações sobre as bacias sedimentares terrestres e marinhas brasileiras - para armazenar as informações<br />

necessárias para a gestão ambiental das atividades, de maneira a integrá-lo ao Sinima (Sistema Nacional de<br />

Informação sobre o Meio Ambiente).<br />

Outro ponto identificado como prioritário é a capacitação dos técnicos envolvidos no licenciamento ambiental,<br />

dado o alto grau de especialização do setor e as deficiências de pessoal dos órgãos ambientais.<br />

6.3. Desenvolvimento Tecnológico<br />

Na busca da consolidação do tripé da sustentabilidade e adiante do atendimento das normas vigentes, o setor<br />

de petróleo e gás natural desenvolve tecnologias para a prospecção, exploração e produção visando à eliminação, ou<br />

redução, dos impactos socioambientais da atividade, as quais se traduzem na melhoria de seu desempenho.<br />

6.3.1. Redução de Emissões<br />

A indústria tem investido no desenvolvimento de soluções tecnológicas viáveis que contribuam para mitigar as<br />

emissões em longo prazo e contribuir com iniciativas que tratam de emissões de gases de efeito estufa e de controle<br />

de poluentes regulados.<br />

No ano de 2006, a Petrobras aperfeiçoou a gestão de monitoramento, criando o indicador Emissões Evitadas de<br />

Gases de Efeito Estufa (EEGEE) e reduzindo a queima do gás associado ao petróleo produzido (gas flaring).<br />

10 www.ibama.gov.br


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 499<br />

6.3.2. Tratamento de Efluentes<br />

Na mesma direção, o setor busca minimizar o consumo de água nas suas instalações, atividades e operações de<br />

produção de petróleo e gás natural, diminuindo o consumo do recurso natural e reduzindo o uso de energia e outros<br />

insumos necessários para o seu tratamento. Ao mesmo tempo, antecipando-se à legislação, desde a implantação pela<br />

Petrobras do campo de Urucu, no Amazonas, foram tomadas medidas para minimizar a quantidade dos efluentes<br />

líquidos lançados, bem como o seu conteúdo poluente, evitando impactos nos ecossistemas aquáticos e na biodiversidade<br />

e a alteração das características naturais dos recursos hídricos na região Amazônica.<br />

6.3.3. Resíduos Sólidos<br />

Além de minimizar a geração de resíduos sólidos, as unidades de produção de petróleo realizam coleta seletiva,<br />

que permite a reciclagem para utilização própria ou a venda a terceiros.<br />

O resíduo não-reciclado é tratado em unidades de recuperação de óleo e de biodegradação natural, onde microorganismos<br />

dos solos degradam os resíduos oleosos. Outros resíduos sólidos são enclausurados em aterros industriais<br />

constantemente controlados e monitorados.<br />

6.3.4. Monitoramento<br />

O setor aprimorou seus sistemas de monitoramento, mediante adoção de novas tecnologias e do desenvolvimento<br />

de equipamentos, para verificar e corrigir impactos ambientais sobre os recursos hídricos, atmosféricos e contaminação<br />

de solo, e também reduzir o risco de acidentes com prejuízos ao ambiente, às pessoas e à sustentabilidade<br />

econômica.<br />

Somando-se à implantação de centros de desenvolvimento de pesquisas próprios das empresas do setor, estão<br />

sendo desenvolvidos programas conjuntos entre universidades e instituições de P&D nas regiões em que atuam, de<br />

modo a buscar soluções adequadas a cada contexto e à produção do conhecimento científico sobre as condições<br />

brasileiras.<br />

No Brasil, foram implantados pela Petrobras os Centros de Defesa Ambiental (CDAs). Esses centros contam com<br />

um grande conjunto de equipamentos e materiais para controle de emergências relacionadas a derramamento de óleo.<br />

Os recursos desses centros podem somar-se aos recursos de contingência existentes nas localidades ou empreendimentos<br />

do setor petrolífero, de modo a garantir maior segurança ambiental na atividade de E&P. Os CDA’s operam<br />

durante 24 horas por toda a semana, e dispõem de profissionais capacitados e de todos os equipamentos necessários<br />

para ações ágeis e eficazes, como recolhedores de óleo e barreiras de contenção e absorção. São nove centros no País,<br />

com seis bases avançadas na Região Norte, uma no Nordeste e duas no Sudeste (Figura 3).<br />

Figura 3 – Mapa de Localização dos Centros de Defesa Ambientais da Petrobras


500<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

6.4. Responsabilidade Socioambiental<br />

Desde a década de 1970 a questão ambiental vem se materializando nas preocupações da sociedade brasileira,<br />

que percorreu vários estágios de organização. De campanhas em defesa de espécies ameaçadas, e ações pontuais<br />

de educação ambiental, denúncias que muitas vezes resultaram na construção de normas. Atualmente, grande parte<br />

das associações não governamentais atua no controle das ações do setor produtivo, aliadas ao Governo, Ministério<br />

Público e Universidades, o que lhes confere base técnica, transformando-as em importantes interlocutoras, junto com<br />

outras organizações populares e comunitárias.<br />

A pulverização geográfica das atividades de petróleo e gás natural por grande parte do território nacional implica<br />

na intervenção em contextos socioambientais distintos e complexos. Essa realidade conferiu ao setor a responsabilidade<br />

de inserir seus empreendimentos na questão do desenvolvimento das regiões em que opera, para promover a<br />

maximização dos benefícios gerados e sua apropriação pela sociedade.<br />

Se atualmente a interação social, baseada no diálogo e na transparência, é condição imprescindível para a viabilização<br />

de qualquer empreendimento, desde a fase dos estudos ambientais, o futuro aponta para a negociação de<br />

novos benefícios além do pagamento de participações especiais, royalties e compensações. A gestão dos impactos<br />

levará à formalização de parcerias, para a promoção de investimentos estratégicos na construção de soluções regionais<br />

onde o setor estiver presente como agente potencializador do processo de desenvolvimento.<br />

6.4.1. Geração de Empregos<br />

Nessa direção, o Prominp está atuando na formação profissional e capacitação de profissionais nos mercados<br />

potenciais, para fomentar a geração de trabalho e renda para as populações das regiões dos empreendimentos<br />

e garantir a mão-de-obra especializada demandada pelo setor . O Plano Nacional de Qualificação Profissional do<br />

Prominp-PNQP é visualizado na Figura 4.<br />

Figura 4 – Plano Nacional de Qualificação Profissional do Prominp, 2007<br />

Faz parte ainda, dessa política, priorizar a contratação de fornecedores de produtos e serviços que estejam<br />

alinhados com os princípios de sustentabilidade praticados pela E&P, influenciando-os a adotar práticas sustentáveis,<br />

compatíveis com as que vêm sendo adotadas pelo setor (Figura 5).


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 501<br />

Figura 5 – Inserção de Micro e Pequenas Empresas - Convênio Petrobras-Sebrae, Prominp, 2007<br />

Soma-se a esses recursos e iniciativas, o Programa de Investimentos em P&D, cujo objetivo é estimular a pesquisa<br />

e a adoção de novas tecnologias, além de ações de apoio à formação de recursos humanos (PRH-ANP) em áreas de<br />

interesse e temas relevantes para indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis. 11<br />

As empresas devem realizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento em valor correspondente ao percentual<br />

de, no mínimo, 1% (um por cento) da receita bruta proveniente dos campos para os quais é devida a Participação<br />

Especial, prevista nos contratos de concessão de exploração e produção de petróleo ou gás natural.<br />

Com relação à geração de empregos, o Gráfico 27 apresenta o total de empregos gerados nos empreendimentos<br />

em execução do setor de petróleo e gás natural, no ano de 2006, além de apresentar uma projeção para o setor até<br />

o ano de 2010.<br />

Gráfico 27 – Total de Empregos Gerados no Ano de 2006<br />

200.000<br />

181.402<br />

180.000<br />

160.000<br />

140.000<br />

n 0 de empregos<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

57.869<br />

56.277<br />

20.000<br />

0<br />

2005<br />

2006 2007<br />

2008 2009 2010<br />

Fonte: PROMINP [22].<br />

Realizado<br />

Previsto<br />

11 Resolução ANP nº 33/2005


502<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

6.4.2. Geração de Royalties e Participação Especial<br />

Os royalties constituem compensação financeira devida pelos concessionários de exploração e produção de<br />

petróleo ou gás natural, sendo pagos mensalmente, com relação a cada campo, a partir do mês em que ocorrer a<br />

respectiva data de início da produção (Decreto 2.705/98, Artigo 11).<br />

A participação especial constitui compensação financeira extraordinária devida pelos concessionários de exploração<br />

e produção de petróleo ou gás natural, nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade<br />

e será paga, com relação a cada campo de uma dada área de concessão, a partir do trimestre em que ocorrer a data<br />

de início da respectiva produção (Decreto 2.705/98, Artigo 21).<br />

Os Gráficos 27 e 28 apresentam a evolução da contribuição de Royalties e Participação Especial, respectivamente,<br />

do setor de petróleo e gás natural para a União, estados e municípios beneficiários entre 1997 e 2006.<br />

Gráfico 28 – Royalties - Participação na Arrecadação do País (milhões R$), entre 1997 e 2006<br />

9.000<br />

7.704<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.396<br />

5.043<br />

6.206<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

190<br />

284<br />

984<br />

1.868<br />

2.303<br />

3.184<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

Fonte ANP, 2007<br />

Gráfico 29 – Participação Especial Arrecadadada no País (milhões R$), entre 1997 e 2006<br />

10.000<br />

8.840<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.967<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

4.998<br />

5.272<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

1.039<br />

1.722<br />

2.510<br />

0<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

Fonte ANP, 2007


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 503<br />

Nos estados e municípios, a aplicação dos recursos dos Royalties e Participação Especial tem possibilitado<br />

obras de saneamento, urbanização e pavimentação de vias públicas. Também tem contribuído para a realização de<br />

construções e melhorias na infra-estrutura de serviços importantes como saúde, educação, habitação e eletrificação<br />

rural, gerando benefícios econômicos expressivos e qualidade de vida para a população.<br />

As participações governamentais, além dos royalties e da participação especial, também são compostas pelo<br />

aluguel da área em exploração, desenvolvimento e produção. O valor do aluguel é fixado por quilômetro quadrado,<br />

ou fração da superfície do bloco sob concessão (valor aumentado sempre que houver prorrogação do prazo de exploração).<br />

No período entre 1998 e 2006, a arrecadação proveniente dos pagamentos realizados pelos concessionários<br />

pela ocupação ou retenção de área totalizou R$ 942 milhões.<br />

Além dos aluguéis pagos ao Estado pelo o uso da área sob concessão, as empresas pagam aos proprietários<br />

da terra um valor equivalente a um por cento da produção de petróleo ou gás natural. Entre 1998 a 2006 os concessionários<br />

pagaram o montante de R$ 453 milhões aos proprietários de terra referente à produção de petróleo e gás<br />

natural no período.<br />

Há que se lembrar que as atividades do setor petrolífero estimulam vários outros segmentos industriais, envolvendo<br />

grande variedade de materiais, instrumentos e máquinas que totalizam 350 mil itens. A atração de novos<br />

investidores para a exploração e produção de petróleo e gás natural vem gerando riquezas, criando novos empregos,<br />

especializações profissionais e aumento das receitas públicas, nos níveis federal, estadual e municipal. Somente de<br />

impostos diretos, a estimativa é de que o petróleo gere mais de R$ 50 bilhões em arrecadação anual.


504<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Referências Bibliográficas<br />

Nº.<br />

Título<br />

[1]<br />

[2]<br />

[3]<br />

[4]<br />

[5]<br />

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[7]<br />

[8]<br />

[9]<br />

[10]<br />

[11]<br />

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<strong>EPE</strong>, 2006. Projeto 09 – Estudos Específicos sobre o Mercado de Gás Natural no Brasil – Produto 9.5 – Avaliação do Impacto<br />

das Novas Descobertas de Gás Natural – Parte 1.<br />

<strong>EPE</strong>, 2006. Projeto 09 – Estudos Específicos sobre o Mercado de Gás Natural no Brasil – Produto 9.6 – Avaliação do Impacto<br />

das Novas Descobertas de Gás Natural – Parte 2.<br />

<strong>EPE</strong>, 2006. PDE 2007/2016 -- Estudos Associados ao Plano Decenal de Expansão de Energia – Expansão das Reservas e da<br />

Produção Nacionais de Petróleo e Gás Natural – Parte 1.<br />

FURTADO, R., 2004. Modelo de Valoração de Áreas Exploratórias com Base nas Licitações Brasileiras. Tese de Doutorado.<br />

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Portal ANP. Portaria ANP Nº. 9, de 21.01.2000. Aprova o Regulamento Técnico ANP nº. 001/2000, que define os termos relacionados<br />

com as reservas de petróleo e gás natural, estabelece critérios para a apropriação de reservas e traça diretrizes<br />

para a estimativa das mesmas. Disponível em:<br />

. Acesso em 13/07/2006.<br />

Portal PETROBRAS. Disponível em:<br />

http://www2.petrobras.com.br/portal/frame_ri.asp?pagina=/ri/port/InformacoesFinanceiras/HistoricoInvestimentos/<br />

HistoricoInvestimentos.asp. Acesso em 19/09/2006.<br />

BOEGER, W.A.; OSTRENSKY, A.; PIE, M; et. al. Avaliação dos efeitos da sísmica com cabo de fundo sobre peixes recifais e<br />

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(UFPR/GIA). Curitiba, 2004.<br />

COELHO, A.P.A., Proposição de Medidas Mitigadoras e Potencializadoras para os Impactos Ambientais Provenientes da<br />

Indústria do Petróleo – Upstream e Downstream. Monografia de MBA em Gestão Ambiental, CEFET, 2005.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – DIRETORIA DE LICENCIAMENTO<br />

E QUALIDADE AMBIENTAL/ESCRITÓRIO DE LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES DE PETRÓLEO E NUCLEAR (IBAMA/DILIQ/<br />

ELPN). Informação ELPN/IBAMA Nº 012/03: Impactos Ambientais da Atividade de Prospecção Sísmica Marítima. Rio de<br />

Janeiro, 2003.<br />

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(Compilation of information discussed in the working sessions). Noordwijk, The Netherlands, 1997.<br />

LOPES, F.C.; O Conflito entre a Exploração Offshore de Petróleo e a Atividade Pesqueira Artesanal. Monografia de Bacharelado,<br />

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OSTRENSKY, A.; BEZERRA, S.N.; CINTRA, I.H.A.; et. al. Avaliação dos impactos causados durante a aquisição de dados sísmicos<br />

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e Estudos Ambientais (UFPR/GIA). Curitiba, 2002.<br />

[13] PAPINI, F.; A Responsabilidade Social na Indústria do Petróleo, ONIP, Junho de 2006<br />

[14]<br />

[15]<br />

PETROBRAS – PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. Monitoramento Ambiental da Atividade de Produção de Petróleo na Bacia de<br />

Campos – Etapa de pré-monitoramento – Relatório Final. Rio de Janeiro, 2001.<br />

PETROBRAS – PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. Monitoramento Ambiental da Atividade de Perfuração de Poços de Óleo e Gás<br />

na Bacia de Campos – Caracterização e Monitoramento Pós-Atividade – Relatório Final. Rio de Janeiro, 2003.<br />

[16] REIS, J.C., Environmental Control in Petroleum Engineering. Gulf Publishing Company. Texas, 1996.<br />

[17] THOMAS, J.E. (org.). Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2ª edição, Ed. Interciência. Rio de Janeiro, 2001.<br />

[18]<br />

VILARDO, C.; Os Impactos Ambientais da Pesquisa Sísmica Marítima. Projeto final de curso (Instituto de Biologia & Escola<br />

Politécnica – Núcleo de Ciências Ambientais - Programa de Formação Profissional em Ciências Ambientais). UFRJ, 2006.<br />

[19] www.anp.gov.br/doc/anuario2006/G2.5.pdf, acesso em 02.01.07.<br />

[20] www.anp.gov.br/doc/participacoes_governamentais/2007/roya_2007_01.pdf, acesso em 13.02.07.<br />

[21] www.anp.gov.br/doc/participacoes_governamentais/2006/03_3T_2006.PDF, acesso em 13.02.07.<br />

[22] www.prominp.com.br/paginadinamica.asp?grupo=245, acesso em 10.01.07.


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 505<br />

Lista de Tabelas<br />

Tabela 1 – Classificação do Petróleo Segundo Portaria ANP nº 9. ..............................................................................................473<br />

Tabela 2 - Evolução das Reservas Totais de Petróleo* (milhões de m3) no Período 2007/2016 ......................................475<br />

Tabela 3 – Evolução Prevista das Reservas Totais (milhões de m 3 ) de Petróleo Nacional<br />

a partir de Recursos não Descobertos em Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada. ...........................................476<br />

Tabela 4 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Leve (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016 a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005 .........................................477<br />

Tabela 5 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Mediano (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005. ........................................477<br />

Tabela 6 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Pesado + Extrapesado (milhões de m3)<br />

ao longo Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005. ......................478<br />

Tabela 7 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos. .......................................................................478<br />

Tabela 8 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos (Potencial Estimado). .............................................................479<br />

Tabela 9 – Previsão de Produção Anual de Petróleo a partir de Recursos não<br />

Descobertos, Considerando a Incerteza ..............................................................................................................................................480<br />

Tabela 10 – Evolução das Reservas Totais de Petróleo Nacional (Milhões de m3), a partir dos Recursos<br />

Descobertos e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada .................480<br />

Tabela 11 – Evolução das Reservas Nacionais de Gás Natural* (bilhões de m3) no Período 2007/2016 ......................481<br />

Tabela 12 – Evolução dos Acréscimos de Reservas Nacionais de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

a partir dos Recursos Recuperáveis a Descobrir no Decênio 2007/2016 ................................................................................482<br />

Tabela 13 – Evolução do Incremento de Volume Recuperável de Gás Natural<br />

(bilhões de m3) no Período 2007/2016, a partir de Novas Descobertas. ..................................................................................483<br />

Tabela 14 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (Reservas) .................................................................484<br />

Tabela 15 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos ...............................................................................484<br />

Tabela 16 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos não Descobertos, Expressando a Incerteza através de Três Estimativas .................485<br />

Tabela 17 – Evolução das Reservas Totais de Gás Natural Nacional (bilhões de m3), a partir dos<br />

Recursos Descobertos e a Descobrir no Decênio 2007/2016, nos Blocos Licitados<br />

pela ANP até a Sétima Rodada ................................................................................................................................................................486<br />

Tabela 18 – Evolução Prevista dos Recursos de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND)................................486<br />

Tabela 19 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (RD) e não Descobertos (RND) ...................................................487<br />

Tabela 20 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (RD) e não Descobertos (RND) ...................................................488<br />

Tabela 21 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e Não Descobertos (RND) ........................................................................488<br />

Tabela 22 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3/ano) ao longo do 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND).........................................................................489<br />

Tabela 23 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016,<br />

a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e não Descobertos (RND).........................................................................490<br />

Tabela 24 – Índices de Absorção Utilizados para os Cálculos de Volumes de LGN Produzidos nas UPGNs ................491


506<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 25 – Evolução Prevista da Produção Nacional de LGN no Decênio 2007/2016, a partir de<br />

Recursos Descobertos e não Descobertos (milhões de m 3 /ano)................................................................................................492<br />

Tabela 26 – Hipóteses de Previsões de Investimentos Anuais em E&P no Brasil (milhões US$) ......................................493<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Evolução das Reservas Totais de Petróleo (milhões de m3) no Período 2007/2016 .......................................475<br />

Gráfico 2 – Evolução Prevista das Reservas Totais (milhões de m 3 ) de Petróleo Nacional<br />

a partir de Recursos não Descobertos em Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada ............................................476<br />

Gráfico 3 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Leve (milhões de m3) ao longo<br />

do Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005 ...................................477<br />

Gráfico 4 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Mediano (milhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005 .........................................477<br />

Gráfico 5 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo Pesado + Extrapesado (milhões de m3)<br />

ao longo do Decênio 2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos até 31.12.2005 ................478<br />

Gráfico 6 – Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos. Inclui Todos os Tipos de Petróleo .....................478<br />

Gráfico 7 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a Partir de Recursos não Descobertos (Potencial Estimado) ................................................................................478<br />

Gráfico 8 – Previsão da Produção Anual de Petróleo a partir de Recursos não Descobertos,<br />

Considerando a Incerteza. As Duas Faixas Superiores Representam Acréscimos à Previsão mais<br />

Conservadora (Faixa Verde) ......................................................................................................................................................................480<br />

Gráfico 9 – Evolução dos Volumes Recuperáveis Agregados de Petróleo Nacional (milhões de m3),<br />

a partir dos recursos descobertos (Reservas) e a descobrir no decênio 2007/2016, nos blocos licitados<br />

pela ANP até a Sétima Rodada ................................................................................................................................................................481<br />

Gráfico 10 – Evolução das Reservas Nacionais de Gás Natural (Bilhões de m3) no Período 2007/2016 .......................482<br />

Gráfico 11 – Evolução Prevista das Reservas Nacionais de Gás Natural (bilhões de m3),<br />

a partir de recursos recuperáveis a descobrir no decênio 2007/2016 ......................................................................................483<br />

Gráfico 12 – Evolução do Incremento de Volume Recuperável de Gás Natural<br />

(bilhões de m3) no período 2007/2016, a partir de campos a descobrir ..................................................................................483<br />

Gráfico 13 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do decênio 2007/2016, a partir de recursos descobertos (Reservas).....................................................................484<br />

Gráfico 14 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3)<br />

ao longo do decênio 2007/2016, a Partir de recursos não descobertos ..................................................................................485<br />

Gráfico 15 – Previsão da Produção Nacional Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de recursos não descobertos, expressando a incerteza através de três estimativas ....................485<br />

Gráfico 16 – Evolução das Reservas Totais de Gás Natural Nacional (bilhões de m3), a partir dos Recursos<br />

descobertos e a descobrir no decênio 2007/2016, nos blocos licitados pela ANP até a Sétima Rodada ....................486<br />

Gráfico 17 – Evolução Prevista dos Recursos de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de recursos nacionais descobertos (RD) e não descobertos (RND)...................................487<br />

Gráfico 18 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de Recursos Descobertos (Reservas) e não Descobertos (Potencial Estimado) .............................487<br />

Gráfico 19 – Previsão da Produção Anual de Petróleo Nacional (milhões de m3) ao longo do Decênio<br />

2007/2016, a partir de recursos descobertos (RD) e não descobertos (RND) ........................................................................488<br />

Gráfico 20 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do Decênio 2007/2016,<br />

a partir de recursos nacionais descobertos (Reservas Totais) e não descobertos (Potencial Estimado) ......................489<br />

Gráfico 21 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3/ano) ao longo do Decênio 2007/2016, a<br />

partir de recursos nacionais descobertos (RD) e não descobertos (RND) ...............................................................................490


RESERVAS E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 507<br />

Gráfico 22 – Previsão da Produção Anual de Gás Natural (bilhões de m3) ao longo do<br />

Decênio 2007/2016, a partir de Recursos Nacionais Descobertos (RD) e Não Descobertos (RND)................................491<br />

Gráfico 23 – Evolução prevista da produção anual nacional de LGN no decênio 2007/2016,<br />

a partir de recursos descobertos e Não descobertos ......................................................................................................................492<br />

Gráfico 24 – Evolução histórica da razão entre o investimento acumulado em E&P e a produção<br />

acumulada a Cada Ano no Brasil, pela Petrobras..............................................................................................................................493<br />

Gráfico 25 – Previsões da reserva total de petróleo (milhões de m3) ao longo do decênio<br />

2007/2016, nas hipóteses conservadora e de manutenção da R/P. ..........................................................................................495<br />

Gráfico 26 – Previsões da reserva total de gás natural (bilhões de m3) ao longo do decênio<br />

2007/2016, nas hipóteses conservadora e de manutenção da R/P. ...........................................................................................495<br />

Gráfico 27 – Total de Empregos Gerados no Ano de 2006. ...........................................................................................................501<br />

Gráfico 28 – Royalties - Participação na Arrecadação do País (milhões R$), entre 1997 e 2006 ......................................502<br />

Gráfico 29 – Participação Especial Arrecadadada no Pais (milhões R$), entre 1997 e 2006 .............................................502<br />

LISTA DE FIGURA<br />

Figura 1 – Atribuição dos tipos de petróleo aos possíveis campos a serem descobertos<br />

no decênio 2007/2016, em blocos licitados até a Sétima Rodada .............................................................................................474<br />

Figura 2 – Áreas sob Concessão para Petróleo e Gás Natural até 2006 e<br />

Bacias Sedimentares Brasileiras (MME, 2007) .....................................................................................................................................497<br />

Figura 3 – Mapa de Localização dos Centros de Defesa Ambientais da Petrobras ..............................................................499<br />

Figura 4 – Plano Nacional de Qualificação Profissional do Prominp, 2007..............................................................................500<br />

Figura 5 – Inserção de Micro e Pequenas Empresas - Convênio Petrobras-Sebrae, Prominp, 2007 ...............................501


5 Oferta de Derivados de Petróleo<br />

Perspectivas de Preços de Derivados de Petróleo 513<br />

Expansão do Parque Nacional de Refino 517<br />

Expansão das Centrais Petroquímicas 558<br />

Expansão da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleos e Derivados 566<br />

Aspectos Socioambientais Referentes aos Derivados de Petróleo 574


5<br />

Oferta de Derivados de Petróleo<br />

1. Perspectivas de Preços de Derivados de Petróleo.............................................................................. 513<br />

1.1. Perspectivas de Preços Internacionais de Derivados de Petróleo .................................................................. 513<br />

1.1.1. Metodologia ............................................................................................................................... 513<br />

1.1.2. Projeções de Preços ..................................................................................................................... 514<br />

1.2. Perspectivas de Preços Nacionais de Derivados de Petróleo ......................................................................... 515<br />

1.2.1. Metodologia ............................................................................................................................... 515<br />

1.2.2. Projeções de Preços ..................................................................................................................... 516<br />

2. Expansão do Parque Nacional de Refino .......................................................................................... 517<br />

2.1. Diretrizes para o Refino ............................................................................................................................... 517<br />

2.2. Análise e Adaptação do Modelo Simulador de Refino da COPPE/PPE ........................................................... 518<br />

2.3. Projeção da Demanda de Derivados e da Produção Nacional de Petróleo ..................................................... 523<br />

2.4. Evolução do Parque Atual ............................................................................................................................ 524<br />

2.4.1. Refinarias da Petrobras e seus Parceiros ...................................................................................... 524<br />

2.4.2. Refinarias Particulares ................................................................................................................ 536<br />

2.5. Proposta <strong>EPE</strong> para Novos Investimentos no Parque de Refino 2013/2016 .................................................... 537<br />

2.6. Produção das Novas Refinarias .................................................................................................................... 538<br />

2.6.1. Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ ................................................................. 539<br />

2.6.2. Refinaria Abreu e Lima – Suape / PE ........................................................................................... 540<br />

2.6.3. Nova Refinaria: Esquema de Produção Flexível ............................................................................ 541<br />

2.6.4. Nova Refinaria: Alternativa para Suprimento do Mercado Interno ............................................... 544<br />

2.7. Metodologia/Investimentos ........................................................................................................................ 546<br />

2.7.1. Adaptação do Parque Atual ......................................................................................................... 546<br />

2.7.1.1 Adaptações Propostas pela Petrobras ........................................................................................ 546<br />

2.7.1.2 Proposta pela <strong>EPE</strong> de Adaptações Adicionais em 2013 .............................................................. 546<br />

2.7.2. Novas Refinarias ......................................................................................................................... 547<br />

2.7.2.1 COMPERJ ................................................................................................................................... 547<br />

2.7.2.2 Refinaria Abreu e Lima – Suape / PE ......................................................................................... 547<br />

2.7.2.3 Módulo de Produção Flexível - Flex ........................................................................................... 547<br />

2.7.2.4 Módulo de Atendimento do Mercado Interno - MMI ................................................................. 549<br />

2.8. Cenários de Evolução do Refino ................................................................................................................... 549<br />

2.8.1. Cenário de Demanda – Trajetória Inferior .................................................................................... 550<br />

2.8.1.1 Evolução do Parque Nacional de Refino ..................................................................................... 550<br />

2.8.1.2 Balanço Nacional do Petróleo .................................................................................................... 552<br />

2.8.1.3 Investimentos Necessários ........................................................................................................ 553<br />

2.8.2. Cenário de Demanda – Trajetória Superior .................................................................................. 554<br />

2.8.2.1 Evolução do Parque Nacional de Refino ..................................................................................... 554<br />

2.8.2.2 Balanço do Petróleo Nacional .................................................................................................... 556<br />

2.8.2.3 Investimentos Necessários ........................................................................................................ 557<br />

2.9. Refino – Considerações Finais ..................................................................................................................... 558


3. Expansão das Centrais Petroquímicas ............................................................................................. 558<br />

3.1. Introdução .................................................................................................................................................. 558<br />

3.2. Panorama Atual das Centrais Petroquímicas................................................................................................ 559<br />

3.2.1. Petroquímica União - PQU ........................................................................................................... 559<br />

3.2.2. Braskem ...................................................................................................................................... 559<br />

3.2.3. Companhia Petroquímica do Sul - COPESUL ................................................................................ 559<br />

3.2.4. Rio Polímeros S.A. - RIOPOL ......................................................................................................... 560<br />

3.2.5. Petrobras .................................................................................................................................... 560<br />

3.3. Expansão das Centrais Petroquímicas ......................................................................................................... 560<br />

3.3.1. Expansão da PQU ........................................................................................................................ 561<br />

3.3.2. Expansão da Braskem ................................................................................................................. 561<br />

3.3.3. Expansão da COPESUL ................................................................................................................ 561<br />

3.3.4. Expansão da Riopol ..................................................................................................................... 561<br />

3.3.5. Implantação do COMPERJ ........................................................................................................... 561<br />

3.3.6. Expansão da Produção da Petrobras ............................................................................................ 562<br />

3.3.7. Outros Projetos ........................................................................................................................... 562<br />

3.3.8. Expansão Consolidada da Petroquímica ...................................................................................... 562<br />

3.4. Investimentos Totais com Expansão das Centrais Petroquímicas .................................................................. 566<br />

4. Expansão da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleos e Derivados ................................... 566<br />

4.1. Introdução .................................................................................................................................................. 566<br />

4.2. Panorama Atual da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados ................................... 567<br />

4.2.1. Infra-estrutura Dutoviária para Transporte de Petróleo e Derivados ............................................ 567<br />

4.2.2. Infra-estrutura de Armazenamento de Petróleo e Derivados ....................................................... 568<br />

4.2.3. Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados .............................................................................. 568<br />

4.3. Expansão da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados .............................................. 569<br />

4.3.1. Expansão do Transporte Dutoviário de Petróleo e Derivados ........................................................ 569<br />

4.3.1.1 Projetos Aprovados ................................................................................................................... 569<br />

4.3.1.2 Projetos em Estudo ................................................................................................................... 571<br />

4.3.1.3 Manutenção da Infra-estrutura de Transporte Dutoviário de Petróleo e Derivados ................... 571<br />

4.3.2. Expansão do Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados ....................................................................... 571<br />

4.3.2.1 Aquisição de Navios em Estaleiros Nacionais ............................................................................. 571<br />

4.3.2.2 Manutenção e Adequação da Frota Nacional de Navios ............................................................. 572<br />

4.4. Investimentos Totais com Expansão e Manutenção da Infra-estrutura Nacional de<br />

Transporte de Petróleo e Derivados ............................................................................................................. 572<br />

5. Aspectos Socioambientais Referentes aos Derivados de Petróleo ...................................................... 574<br />

5.1. Refino, Transporte e Distribuição ................................................................................................................. 574<br />

5.2. Impactos Sociambientais e Medidas Adotadas ............................................................................................ 574<br />

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 576<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................................................... 578<br />

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................................... 579<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................... 579


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 513<br />

Introdução<br />

Este capítulo apresenta os resultados dos estudos de expansão da oferta de derivados de petróleo no horizonte<br />

decenal.<br />

Inicialmente, é feita uma síntese da análise elaborada quanto às perspectivas de preços internacionais e nacionais<br />

dos derivados de petróleo.<br />

Em seguida, são apresentados os resultados dos estudos referentes à expansão do parque nacional de refino e<br />

das centrais petroquímicas, bem como da infra-estrutura nacional de transporte de petróleo e derivados. Para todos<br />

esses setores são também apresentadas as estimativas de investimentos previstos no período decenal.<br />

Finalmente, são analisados os efeitos socioambientais decorrentes das atividades de refino, transporte e utilização<br />

dos derivados de petróleo.<br />

1. Perspectivas de Preços de Derivados de Petróleo<br />

1.1. Perspectivas de Preços Internacionais de Derivados de Petróleo<br />

1.1.1. Metodologia<br />

A análise das perspectivas de preços abrangeu os seguintes derivados de petróleo:<br />

• Gasolina;<br />

• Óleo diesel;<br />

• GLP – Gás liquefeito de petróleo;<br />

• Óleo combustível BTE (baixo teor de enxofre);<br />

• QAV – Querosene de aviação;<br />

• Nafta.<br />

Para a determinação dos preços internacionais dos derivados, foram estabelecidas correlações entre os preços<br />

históricos do petróleo BRENT e de cada um dos derivados, através de regressão linear ou regressão logarítmica. Para<br />

todos os derivados, à exceção da nafta, as séries históricas de preços foram extraídas do Departamento de Energia<br />

americano (EIA – U.S. Energy Information Administration) 5 . No caso da nafta, a série histórica de preço foi obtida<br />

em publicação da ABIQUIM 6 . As séries de preços, em moeda corrente, foram convertidas a dólar constante de 2006,<br />

usando-se como deflator o PPI (Producer Price Index), que corresponde, nos EUA, ao nosso IPA (Índice de Preços no<br />

Atacado).<br />

Os preços da gasolina, do óleo diesel, do óleo combustível e do QAV são do mercado US Golf Coast (Costa do<br />

Golfo americana), os do GLP, são do mercado Mont Belvieu (Texas, Estados Unidos), e os da nafta, do mercado spot<br />

Noroeste Europeu. A escolha de tais mercados se deve ao fato de se constituírem em rotas mais factíveis, como o<br />

caso do US Golf Coast, ou por serem preços de referência no mercado internacional.<br />

Os preços dos derivados no mercado internacional foram estimados a partir dos preços do Brent. Para tanto,<br />

com base nas séries históricas de valores, foram estabelecidas, por análise de regressão, correlações entre os preços<br />

dos diversos derivados e os do Brent. A tabela a seguir mostra as equações utilizadas na projeção 7 .<br />

5 Foram utilizadas as seguintes séries: Conventional Gasoline (gasolina); Low-Sulfur No. 2 Diesel Fuel (diesel); Propane (50%) e<br />

Butane (50%) (GLP); Residual Fuel Oil (óleo combustível) e Kerosene Type Jet Fuel (QAV).<br />

6 ABIQUIM (2006). Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) - Agosto de 2006.<br />

7 Os coeficientes de correlação (r2) para gasolina, diesel, GLP, óleo combustível, QAV e nafta foram de, respectivamente, 0,929,<br />

0,975, 0,846, 0,884, 0,965 e 0,958.


514<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 1 – Equações para a Projeção dos Preços Internacionais dos Derivados de Petróleo<br />

Derivados<br />

Gasolina<br />

Equações ( US$/bbl)<br />

P gasolina<br />

= 2,434 + 1,177 x P Brent<br />

Diesel P diesel<br />

= 1,186 x P Brent<br />

1,008<br />

GLP<br />

P GLP<br />

= 2,792 + 0,726 x P Brent<br />

Óleo combustível P o.comb<br />

= 1,585 x P Brent<br />

0,813<br />

QAV P QAV<br />

= 1,328 x P Brent<br />

0,982<br />

Nafta P nafta<br />

= 1,521 x P Brent<br />

0,901<br />

1.1.2. Projeções de Preços<br />

Na Tabela 2 e no Gráfico 1 a seguir, são consolidadas as projeções dos preços internacionais do petróleo Brent<br />

e dos derivados (cenário Arquipélago, conforme tratado no Capítulo II).<br />

Observe-se que os coeficientes de correlação encontrados entre os preços do petróleo e de seus derivados<br />

indicam que os preços internacionais da gasolina, do QAV, do diesel e da nafta respondem mais que proporcionalmente<br />

à variação de uma unidade do preço internacional do Brent, à exceção do GLP.<br />

Os preços, em US$/bbl, da gasolina, do diesel, do QAV e da nafta, que no ano de 2006 estavam em US$76,60,<br />

US$81,41, US$80,67 e US$64,03, respectivamente, caem em 2016 para US$55,40, US$54,92, US$55,78 e US$46,87,<br />

respectivamente.<br />

Já os preços, em US$/bbl, do GLP e óleo combustível, que no ano de 2006 estavam em US$48,24 e US$44,67,<br />

respectivamente, caem em 2016, para US$35,48 e US$34,93, respectivamente.<br />

Tabela 2 – Preços Internacionais dos Derivados e do Brent (US$2006/bbl)<br />

Brent Gasolina Diesel GLP O.C. (BTE) QAV Nafta<br />

2006 (1) 65,15 76,60 81,41 48,24 44,67 80,67 64,03<br />

2007 66,50 80,70 81,40 51,10 47,97 82,46 66,63<br />

2008 65,50 79,52 80,16 50,38 47,39 80,65 65,73<br />

2009 62,50 75,99 76,46 48,20 45,62 77,02 63,01<br />

2010 58,00 70,70 70,92 44,93 42,93 71,57 58,91<br />

2011 54,00 65,99 65,99 42,02 40,51 66,72 55,24<br />

2012 50,00 61,28 61,07 39,12 38,05 61,86 51,54<br />

2013 47,50 58,34 57,99 37,30 36,50 58,83 49,21<br />

2014 45,70 56,22 55,78 35,99 35,37 56,64 47,53<br />

2015 45,00 55,40 54,92 35,48 34,93 55,78 46,87<br />

2016 45,00 55,40 54,92 35,48 34,93 55,78 46,87<br />

(1)<br />

2006 – média observada de janeiro a agosto para nafta e GLP.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 515<br />

90<br />

Gráfico 1 – Preços Internacionais dos Derivados e do Brent (US$2006/bbl)<br />

80<br />

70<br />

US$/bbl<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Brent<br />

Diesel Internacional<br />

Óleo Combsutível Internacional<br />

Nafta Internacional<br />

Gasolina Internacional<br />

GLP Internacional<br />

QAV Internacional<br />

1.2. Perspectivas de Preços Nacionais de Derivados de Petróleo<br />

1.2.1. Metodologia<br />

A projeção dos preços nacionais de derivados de petróleo será apresentada para os seguintes derivados: gasolina,<br />

óleo diesel, GLP, óleo combustível BTE (baixo teor de enxofre), QAV e nafta.<br />

Para as projeções dos preços nacionais dos derivados, foram feitas três abordagens distintas, sendo uma para<br />

a gasolina, o diesel e a nafta, outra para o QAV e o óleo combustível e uma terceira para o GLP. Vale ressaltar que as<br />

projeções apresentadas correspondem aos preços de realização ou ex-refinaria dos derivados, que se referem aos<br />

preços praticados pelas refinarias, sem a inclusão dos tributos 8 .<br />

No caso da projeção de preços da gasolina e do diesel, foram estimadas, respectivamente, as paridades de<br />

exportação e importação, com base em informações de custo de frete para claros, na rota US Gulf - Rio de Janeiro,<br />

para o ano de 2005. Neste ano, o custo do transporte de derivados claros foi, em média, de US$ 4,48/bbl, correspondendo<br />

a 6,8% do preço internacional da gasolina e a 6,4% do preço internacional do diesel. Para o cálculo dos<br />

preços ex-refinaria, este custo foi abatido dos preços internacionais da gasolina e acrescido nos preços internacionais<br />

do diesel.<br />

Para a projeção de preço da nafta, estimou-se sua paridade de importação com base no custo de frete para<br />

claros, na rota Rotterdam – Rio de Janeiro. O custo médio de transporte de claros verificado no ano de 2005 foi de<br />

US$ 6,87/bbl, correspondendo a 8,2% de seu preço internacional. Este custo foi acrescido às projeções dos preços<br />

internacionais da nafta para obtenção de seus preços ex-refinaria no mercado nacional.<br />

Para o óleo combustível BTE e o QAV, foi adotada uma abordagem econométrica, sendo estabelecidas correlações<br />

entre os preços internacionais do mercado US Golf Coast e os preços nacionais ex-refinaria. A Tabela 3 a seguir<br />

apresenta as equações utilizadas na projeção 9 .<br />

8 A ANP apresenta os preços médios ponderados semanais praticados pelos produtores (refinarias, centrais petroquímicas<br />

e formuladores) e importadores de gasolina A, óleo diesel, querosene de aviação (QAV) e gás liquefeito de petróleo (GLP),<br />

óleo combustível A1, óleo combustível A2 e óleo combustível B1. Nesses preços, estão incluídas as parcelas relativas à CIDE,<br />

PIS/PASEP e COFINS. O preço de realização é obtido pela fórmula: A = D - B – C, onde A é o preço de realização, D é o preço<br />

de faturamento, B é a CIDE e C são as contribuições sociais que, pela Lei 10.336, correspondem às parcelas devidas dos programas<br />

PIS/Pasep e de financiamento.<br />

9 Os coeficientes de correlação (r2) para óleo combustível e QAV foram de, respectivamente, 0,841 e 0,926.


516<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 3 – Equações para a Projeção dos Preços Nacionais do Óleo Combustível e QAV<br />

Derivados<br />

Equações ( US$/bbl)<br />

Óleo combustível BTE P OC nacional<br />

= 1,636 x P OC internacional 0,896<br />

QAV P QAV nacional<br />

= 1,367 x P QAV internacional 0,942<br />

Finalmente, uma terceira abordagem foi adotada para o caso do GLP, na medida em que o preço deste produto,<br />

de grande impacto social, vem sendo mantido desatrelado dos preços internacionais desde meados de 2002,<br />

ou seja, poucos meses depois de sua liberação. Neste caso, julgou-se que a melhor abordagem para a projeção de<br />

preços do GLP seria a partir da cenarização de políticas a serem adotadas, de forma coerente com o cenário macroeconômico<br />

definido pela <strong>EPE</strong>.<br />

Considerando-se que, no horizonte de projeção deverá haver um leve aumento da renda média da população,<br />

além de melhoria de sua distribuição, há possibilidade de que os preços internos de GLP aproximem-se de sua cotação<br />

internacional. Também contribui para esta circunstância a tendência de queda dos preços internacionais.<br />

Vale esclarecer que para todos os combustíveis os preços nacionais foram convertidos a dólar constante de<br />

2006, usando-se a taxa média mensal de câmbio e o deflator PPI (Producer Price Index) 10 .<br />

1.2.2. Projeções de Preços<br />

Na Tabela 4 e no Gráfico 2 a seguir, são consolidadas as projeções dos preços nacionais dos derivados.<br />

Os preços nacionais da gasolina, diesel, GLP, óleo combustível e QAV, que estavam, em 2006, em<br />

US$ 74,77/bbl, US$ 84,33, US$ 36,15, US$ 54,42/bbl e US$ 85,50, respectivamente, alcançam em 2016 os valores de<br />

US$ 51,62/bbl, US$ 58,45/bbl, US$ 31,62, US$ 39,49 e US$ 60,40, respectivamente. No caso da nafta, os preços caem de<br />

US$ 72,12 em 2007 para US$ 50,74 em 2016.<br />

Tabela 4 – Preços Nacionais dos Derivados (US$2006/bbl)<br />

Gasolina Diesel GLP Óleo Comb. BTE QAV Nafta<br />

2006 (1) 74,77 84,33 36,15 54,42 85,50<br />

2007 75,20 86,63 36,51 52,47 87,29 72,12<br />

2008 74,10 85,32 36,88 51,90 85,48 71,14<br />

2009 70,81 81,38 37,24 50,16 81,85 68,20<br />

2010 65,88 75,48 37,62 47,50 76,38 63,77<br />

2011 61,49 70,23 37,45 45,09 71,50 59,79<br />

2012 57,10 64,99 34,86 42,64 66,58 55,79<br />

2013 54,36 61,72 33,24 41,07 63,50 53,27<br />

2014 52,39 59,36 32,08 39,93 61,27 51,45<br />

2015 51,62 58,45 31,62 39,49 60,40 50,74<br />

2016 51,62 58,45 31,62 39,49 60,40 50,74<br />

(1)<br />

média observada de janeiro a agosto/2006.<br />

10 www.ipeadata.gov.br


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 517<br />

Gráfico 2 – Preços Nacionais dos Derivados (US$2006/bbl)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

US$/bbl<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Gasolina Diesel GLP Óleo Combustível QAV Nafta<br />

2. Expansão do Parque Nacional de Refino<br />

2.1. Diretrizes para o Refino<br />

Dentro do horizonte coberto pelo Plano Decenal, considerou-se que, pelo menos até 2012, a Petrobras e seus<br />

parceiros serão os principais investidores em novas unidades ou refinarias no País.<br />

Tal hipótese foi mantida, não obstante conhecer-se iniciativas de outros agentes junto à ANP para implantação<br />

de novas instalações de refino no País.<br />

Premido internamente pelo crescimento da demanda de óleo diesel e por exigências cada vez mais fortes em<br />

qualidade de derivados, tendo de enfrentar restrições também intensas na Europa e EUA, mercados naturais para<br />

seus excedentes, o setor brasileiro de refino é obrigado a investir em unidades de processo de “fundo de barril” e<br />

noutras que melhorem a qualidade de derivados.<br />

Percebe-se que os investimentos, na grande maioria das refinarias existentes, serão em unidades de coqueamento<br />

11 retardado, em conjunto com hidrotratamento 12 de correntes instáveis, visando aumentar a produção de<br />

óleo diesel, adequando a sua qualidade àquelas estabelecidas nas decisões do CONAMA (Conselho Nacional de<br />

Meio Ambiente).<br />

Do mesmo modo, as gasolinas para exportação precisam atender à especificação de baixíssimo teor de enxofre,<br />

sem perda de octanagem. Surgem as unidades de hidrotratamento de gasolina com pré-fracionamento, para<br />

hidrotratar apenas aquela fração (mais pesada) cujos compostos de enxofre presentes só serão removidos por condições<br />

mais severas, gerando parafinas.<br />

Por outro lado, a demanda por petroquímicos vem se intensificando; produzi-los a partir de nafta tem se mostrado<br />

solução não tão boa economicamente, o que leva à busca de matérias-primas mais baratas. O desenvolvimento<br />

de tecnologias para a produção de propeno (FCC petroquímico) viabilizou a implantação de “refinaria petroquímica”,<br />

que minimizará a produção de combustíveis e gerará produtos petroquímicos básicos a partir da conjugação<br />

não convencional de diversos processos de refino com outros, petroquímicos.<br />

Estes investimentos e considerações foram utilizados para balizar as diretrizes para expansão do parque de<br />

refino no curto prazo, ajustando o perfil de produção com unidades de conversão e de ajuste de qualidade.<br />

11 Para informações suplementares ver: O IMPACTO DAS UNIDADES DE COQUEAMENTO RETARDADO NO FUTURO ESQUEMA DE REFINO DA<br />

PETROBRAS - J.B.Perisse, M.R.R.Oddone, apresentação feita na Rio Oil & Gás 2006 – IBP.<br />

12 A razão da opção por hidrotratamento está na melhoria da qualidade. Ver MELHORIA DE CETANO DE DIESEL E ÓLEO LEVE DE RECICLO<br />

ATRAVÉS DE HIDROCRAQUEAMENTO MODERADO – J.L.ZOTIN et al. – apresentação feita na Rio Oil & Gás 2006 – IBP.


518<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Em resumo, os principais balizadores considerados para a expansão do refino até 2012 foram:<br />

• necessidade de processamento do óleo pesado nacional;<br />

• crescimento pouco acentuado na demanda por derivados pesados (óleo combustível);<br />

• aumento na demanda por derivados médios e leves (diesel e QAV, gasolina e GLP);<br />

• melhoria na qualidade dos produtos (redução dos teores de enxofre, por razões ambientais).<br />

A médio e longo prazos, a partir de 2013 e até o final do período objeto de estudo, observam-se como tendências:<br />

• uso exclusivo de petróleo nacional nas refinarias brasileiras;<br />

• excedente cada vez maior de petróleo nacional em relação à capacidade de refino ora instalada;<br />

• aumento do consumo nacional de derivados com maior ênfase para o óleo diesel;<br />

• uso cada vez maior de biocombustíveis (biodiesel, diesel de processo H-Bio e álcool etílico);<br />

• esgotamento, com os projetos implantados até 2012, das possibilidades de aumento de capacidades das<br />

instalações existentes;<br />

• crescimento pouco acentuado na demanda de óleos combustíveis, tendo em vista a sua substituição por gás<br />

natural e a implantação de projetos de conservação de energia;<br />

• contribuição muito pequena à produção de derivados combustíveis pelo complexo petroquímico a ser instalado<br />

no Rio de Janeiro (COMPERJ 13 );<br />

• instalação de uma refinaria no nordeste (Refinaria de Suape) 14 , possivelmente com forte contribuição para<br />

atendimento da demanda de óleo diesel;<br />

• crescente capacidade de refino cativo no exterior para o petróleo nacional;<br />

• possibilidade de construção de outra(s) refinaria(s) para processamento do excedente de petróleo nacional,<br />

visando a exportação de derivados.<br />

Este último item conduz à percepção de que, caso ocorra a decisão, haverá a necessidade de se construir e<br />

operar no País uma outra instalação de refino que deverá contar com alta capacidade de conversão e processos<br />

mais sofisticados, para não aumentar em demasia a produção de coque verde de petróleo.<br />

Para a eventual implantação desta nova refinaria grass-root, em algum momento após 2013, analisou-se qual<br />

o perfil de produção mais adequado:<br />

• focado em diesel e com mínima produção de escuros, usando-se petróleo nacional pesado como carga;<br />

• focado em diesel, mas também com produção de derivados leves, gerando excedentes para exportação e<br />

mínima produção não-compulsória de óleos combustíveis.<br />

A análise para a expansão do parque nacional de refino será direcionada para dois objetivos estratégicos alternativos<br />

para o País:<br />

• Ampliar o parque de modo a ser atingido e mantido o abastecimento nacional de derivados de combustíveis<br />

nobres, assim chamados os leves e médios; ou<br />

• Ampliar o parque de modo a permitir a substituição da exportação dos excedentes de petróleo pesado, de<br />

menor valor de mercado, pela exportação de derivados, de maior valor agregado.<br />

2.2. Análise e Adaptação do Modelo Simulador de Refino da COPPE/PPE<br />

Embora simplificado, o modelo simulador de refino, desenvolvido pela Coordenação dos Programas de Pós-<br />

Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE / UFRJ), mostrou-se ferramenta útil<br />

para análise dos impactos do mercado nacional de derivados no parque de refino, em perspectiva plurianual.<br />

Por concepção, o modelo considera o somatório das capacidades de todos os processos similares<br />

como se fosse uma única unidade de processo. Por exemplo, ao somar as capacidades de todas as unidades<br />

de destilação disponíveis, cria-se uma única unidade de destilação, abstraindo os efeitos dos diversos<br />

desempenhos e eficiências locais. E assim o faz para todas as unidades similares, somando as capacidades<br />

de destilação a vácuo, de coqueamento retardado, de craqueamento catalítico, de hidrotratamento, etc.<br />

13 COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, refinaria com vocação petroquímica, tecnologicamente inovadora, a ser instalada<br />

até 2012 em Itaboraí – RJ.<br />

14 Nome não oficial pela qual será também designada a futura Refinaria Abreu e Lima a ser instalada em Suape – PE, neste estudo.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 519<br />

O modelo em fluxos de refino re-balanceia fluxos volumétricos de um parque de refino completo, para diferentes<br />

tipos-padrão de petróleo e um esquema-base que integra todas as unidades das refinarias existentes no Brasil<br />

15 . Neste re-balanceamento, o modelo prioriza os fluxos para as unidades de alta conversão, como o FCC de RAT, o<br />

HCC e o Coqueamento Retardado, assim como utiliza toda a capacidade operacional de alquilação, reforma catalítica<br />

e isomerização caso existam no parque de refino analisado 16 . Segue, assim, lógica semelhante à dos fundamentos<br />

de agregação de complexidade em uma refinaria, conforme o Índice de Nelson.<br />

São considerados apenas quatro tipos de petróleo, dos quais três representam os petróleos nacionais (leve,<br />

médio e pesado), enquanto o quarto serve para designar um petróleo importado típico (Árabe Leve). Procurou-se<br />

processar todo o petróleo nacional possível, observando-se, todavia, a premissa de que o petróleo necessário á produção<br />

de lubrificantes na REDUC (cerca de 5% do total processado no País) seria importado.<br />

Além desta importação, nenhuma outra foi considerada, por estimar-se que a implantação dos projetos de<br />

adaptação metalúrgica 17 para processamento de petróleo de alta acidez naftênica, tornará a produção nacional de<br />

petróleos leves suficiente para a formação de elenco de petróleos nacionais capaz de oferecer eficiência operacional<br />

adequada, eliminando a importação de petróleos leves que hoje suplementam o elenco para superar gargalos<br />

de produção.<br />

O modelo disponibilizado pela COPPE foi acrescido das unidades de processo de hidrotratamento de instáveis.<br />

Para elas, e nas refinarias consideradas pela Petrobras para implantação do processo, considerou-se a possibilidade<br />

de uso de três cargas: o óleo diesel de destilação direta, a mistura de corrente de instáveis produzidas nas<br />

unidades de conversão (Light Cycle Oil de FCC e RFCC e gasóleo leve de Coque) e óleo vegetal para a produção de<br />

diesel por hidrogenação (H-Bio) 18 .<br />

O modelo foi também acrescido de variáveis para cálculo de cargas e produção – chamadas de pool – permitindo<br />

assim rastrear a forma como cada processo contribui para o volume de produção dos derivados.<br />

Outra melhoria importante inserida foi o cálculo da expansão volumétrica total. Esta variável permite acompanhar<br />

a evolução do perfil de produção, à medida que as diversas unidades de conversão vão iniciando operação, ao<br />

longo dos anos avaliados.<br />

Além disso, a apuração da produção total considera também um Fator de Utilização de Refinaria “estendido”,<br />

o que torna mais conservadora a análise dos resultados. Um maior detalhamento sobre a natureza, efeitos e aplicações<br />

deste fator é apresentado a seguir.<br />

Descrição do Simulador de Refino<br />

Para estimativa do perfil de produção do parque de refino do país ano a ano, no horizonte do Plano Decenal<br />

2007/2016, considerou-se:<br />

• a evolução da carga processada, mantendo-se a importação de árabe leve, essencialmente para a produção<br />

de lubrificantes;<br />

• os principais investimentos planejados para cada refinaria existente no Brasil, mostrados mais adiante 19 ;<br />

• o Modelo de Fluxos de Refino aprimorado na <strong>EPE</strong>, conforme a plataforma originalmente concebida em 1998<br />

no Programa de Planejamento Energético da COPPE.<br />

15 Este tipo de simulação integrada do parque de refino, por meio da sua representação como uma única refinaria, embora simplificadora e<br />

reducionista para otimizações finas por carga, é bastante comum em modelos de longo prazo. Neste caso, assume-se que o ótimo global do<br />

parque é compatível com o ótimo de cada refinaria, o que nem sempre é verdade, mas ainda assim tende a ocorrer em parques majoritariamente<br />

controlados por uma única empresa – BABUSIAUX et al. (1983). Aggregate Oil Refining Models. Energy Exploration & Exploitation, 2<br />

(2), 143-153.<br />

16 Ver Szklo et al. (2004)<br />

17 Ver Perrisse, Oddone e Belato (2004).<br />

18 Para maiores detalhes do processo H-BIO ver Rocha (2006).<br />

19 Fonte: Petrobras / Abastecimento - Corporativo / Planejamento Corporativo / Gestão de Portfólio – Posição da carteira de Investimentos, em<br />

05.092006.


520<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

A Figura 1 ilustra o esquema de refino atual do Brasil, para um parque que incorpora todas as refinarias, conforme<br />

o esquema simplificado formulado pelo modelo mencionado.<br />

As unidades foram consideradas em suas capacidades nominais máximas.<br />

O simulador não otimiza o refino quanto a custos, investimentos ou rendimentos. Ele apenas constata que:<br />

dada uma determinada quantidade e qualidade de petróleo, dada a evolução do hardware de refino, sob um arranjo<br />

de unidades de fracionamento, conversão e tratamento, obtém-se um determinado perfil de produção.<br />

Tipos de Petróleo<br />

Foi considerada como entrada no modelo uma carga composta pela mistura de quatro tipos de petróleo considerados<br />

como “típicos”:<br />

Petróleo 1: óleo nacional da Bacia de Campos, pesado e com baixo teor de enxofre<br />

Petróleo 2: óleo nacional da Bacia de Campos, mais leve e com baixo teor de enxofre.<br />

Petróleo 3: óleo nacional com as características dos leves parafínicos produzidos na região nordeste do país.<br />

Como a grande maioria dos petróleos nordestinos produz resíduo atmosférico de baixo teor de enxofre, metais e<br />

resíduo de carbono, o chamado RAT Craq, esta corrente foi usada no simulador como carga componente do pool de<br />

gasóleos, uma operação mais eficiente e econômica, por prescindir da operação da unidade de destilação a vácuo.<br />

Petróleo 4: óleo importado, leve e com médio teor de enxofre. Complementará as necessidades de carga para<br />

produção de lubrificantes. A escolha foi pelo Árabe Leve.<br />

A composição da carga foi ajustada de acordo com as expectativas de produção de petróleo nacional de cada<br />

ano, apresentadas no Capítulo IV.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 521<br />

Figura 1 – Refinaria “Brasil” – Esquema de Refino 2007<br />

GLP GLP GLP<br />

Alquilação Metanol MTBE<br />

RPBC Gasolina REDUC Gasolina Hidrocraqueamento Gasolina<br />

- REPLAN Catalítico - 50%<br />

REPAR<br />

Ipiranga MHC - 50% Querosene<br />

Carga HCC-50%<br />

GLP GLP (POOL)<br />

Diesel<br />

Destilação<br />

GLP G3<br />

Atmosférica Naftas Nafta Leve Gasolina<br />

Petróleo Reforma Craqueamento GLP<br />

Catalítica - Catalítico<br />

RLAM RPBC de RAT<br />

Composição RPBC REDUC FCC de RAT Gasolina<br />

Petróleo 1 REDUC Manguinhos Carga FCC-RAT<br />

Petróleo 2 REGAP Nafta p/ Petroquímica RECAP<br />

Petróleo 3 REFAP REFAP LCO<br />

Petróleo 4 REPLAN GLP de Hbio<br />

REPAR<br />

REVAP Querosenes OD<br />

REMAN<br />

RECAP HDT<br />

RPBC<br />

Diesel<br />

LUBNOR REFAP<br />

-<br />

Ipiranga Diesel O. Vegetal REPLAN<br />

Craqueamento GLP<br />

Manguinhos REPAR<br />

Catalítico<br />

Diesel de H-Bio FCC<br />

RLAM Gasolina<br />

RPBC<br />

REDUC<br />

REGAP LCO<br />

RATP/Craq. Carga FCC REFAP<br />

REPLAN<br />

- REPAR OD<br />

Pool de GOP REVAP<br />

Destilação REMAN<br />

a Vácuo LUBNOR<br />

RLAM Ipiranga GLP<br />

RAT p/ Combustíveis RPBC<br />

REDUC<br />

REGAP GP Hidrocraqueamento Gasolina<br />

REFAP Carga HCC-70% Catalítico - 70%<br />

REPLAN<br />

REPAR HCC - 70% Querosene<br />

REVAP<br />

REMAN<br />

RAT p/ Lubrificantes LUBNOR Diesel<br />

Ipiranga<br />

RV G3<br />

Lubrificantes RV p/ Ocomb<br />

Lubrificantes<br />

REDUC - m3/d<br />

RLAM<br />

LUBNOR Gases GLP<br />

Parafinas<br />

Coqueamento Hidrocraqueamento Gasolina<br />

Nafta Carga HCC-100% Catalítico - 100%<br />

RV p/ Coque Retardado<br />

HCC - 100% Querosene<br />

RPBC GC<br />

REGAP<br />

REPLAN Diesel<br />

REFAP Coque<br />

G3<br />

Desasfaltação<br />

RV p/ Desasf. a Propano<br />

ODES<br />

RLAM<br />

REPAR RASF<br />

REVAP<br />

Escuros


522<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Rendimentos das Unidades<br />

Para as unidades de destilação atmosférica e a vácuo foram utilizados os rendimentos médios “típicos” disponíveis<br />

de derivados para cada tipo de petróleo, conforme valores de literatura e disponíveis na versão original do<br />

simulador.<br />

Para as demais unidades, adotou-se, como hipótese simplificadora, que a carga tem as mesmas características<br />

e rendimentos, independentemente dos petróleos de origem.<br />

Fator de Utilização Estendido – Normalização dos Resultados do Modelo<br />

Considera-se Fator de Utilização (FUT) como sendo a relação entre a capacidade efetivamente utilizada de<br />

uma planta e a sua capacidade nominal máxima.<br />

Para cada unidade de processo, a capacidade efetivamente utilizada depende externamente de folgas operacionais<br />

e restrições logísticas, mas é também impactada por problemas operacionais internos, decorrentes de volume<br />

de estoques, falta ou inadequação de cargas, falhas em equipamentos, paradas para manutenção, etc.<br />

Os dados obtidos só dizem das correções a serem feitas nas capacidades das unidades de destilação e do fator de<br />

utilização nacional “global” para as destilações. Não foram revelados os fatores para as demais unidades de processo.<br />

Na Tabela 5, extraída do FORM 20-F 20 ANNUAL REPORT, observam-se números que variam de 54% (Refinaria<br />

Alberto Pasqualini em 2004) até 101% (Refinaria Presidente Getúlio Vargas em 2003). Neste último caso, a mesma<br />

unidade que operou com sobrecapacidade em 2003, no ano seguinte tem desempenho inferior, caindo para 87%,<br />

recupera-se para 98% em 2005, mostrando que houve um evento de forte impacto, como uma parada de produção<br />

para manutenção.<br />

Tabela 5 – Capacidades das Refinarias Nacionais – 2005 (M b/d) 21<br />

Refinaria<br />

2005 2004 2003<br />

Nominal Utilizada % Nominal Utilizada % Nominal Utilizada %<br />

Paulínia 365 320 88 365 351 96 365 297 81<br />

Landulpho Alves 332 249 75 323 237 73 323 200 62<br />

Duque de Caixas 275 242 88 242 230 95 242 214 88<br />

Henrique Lage 251 241 96 251 236 94 251 219 87<br />

Alberto Pasqualini 189 116 61 189 103 54 189 105 56<br />

Pres. Getúlio Vargas 189 186 98 189 165 87 189 191 101<br />

Presidente<br />

Bernardes<br />

170 157 92 170 154 91 170 164 96<br />

Gabriel Passos 151 131 87 151 132 87 151 129 85<br />

Manaus 46 44 96 46 45 98 46 44 96<br />

Capuava 53 35 66 56 46 87 53 44 83<br />

Fortaleza 6 5 83 6 5 83 6 5 83<br />

Manguinhos 17 ND 17 ND 17 ND<br />

Ipiranga 14 ND 14 ND 14 ND<br />

Total 85 86 81<br />

Observação: ND = Dado Indisponível.<br />

20 FORM 20 – F 2005 ANNUAL REPORT, relatório emitido pela Petrobras e pela PETROBRAS INTERNATIONAL FINANCE COMPANY – PIFCO para<br />

apresentação a acionistas, conforme regras da UNITED STATES SECURITIES EXCHANGE COMIISSION.<br />

21 Fonte FORM 20 – F Petrobras / PIFCO Ano base 2005 página 43


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 523<br />

A aplicação de um Fator de Utilização (FUT) das unidades de destilação para as demais instalações é inadequada,<br />

porque supõe desempenho operacional similar para unidades de diferentes complexidades.<br />

Para que os dados de saída do simulador sejam confiáveis, tomou-se o volume nacional de derivados de petróleo<br />

produzido pelas refinarias nacionais e informada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis<br />

– ANP 22 para o ano de 2005. Usando o simulador com o perfil de carga de petróleo do ano, obtém-se a produção<br />

oriunda da utilização plena das capacidades nominais.<br />

Para correção, por comparação, ajustou-se um FUT “estendido” médio para o parque nacional, sabendo que os<br />

efeitos dessas ineficiências localizadas impactam os volumes totais. Com este artifício, o erro entre a produção calculada<br />

e a efetiva resultou desprezível.<br />

Para aplicar o FUT estendido ao longo do tempo, conservadoramente, considerou-se o valor constante e aplicável<br />

a todos os períodos. Sabidamente, plantas de processo nos primeiros anos de operação exibem taxa de falha<br />

mais alta, tendo, portanto, menor confiabilidade operacional. Por outro lado, ganha-se disponibilidade operacional<br />

do conjunto produtivo pela aplicação de técnicas de engenharia nas unidades que já estão em operação, mas perde-se<br />

nas unidades mais novas. Assim, manter o FUT estendido constante parece ser razoável face à lógica de compensação.<br />

Operação do Modelo<br />

O modelo maximiza carga para as unidades de fundo de barril (Coqueamento Retardado e Desasfaltação a<br />

Propano), sendo que a unidade de coqueamento é priorizada. As unidades de conversão mais eficientes (MHC, HCC<br />

e FCC de RAT) também têm prioridade de alocação de carga em relação aos FCCs tradicionais.<br />

Para facilitar o uso do simulador ao longo do período do estudo, inseriu-se tabelas onde as unidades em início<br />

de operação vão sendo incluídas, produzindo-se um “retrato” do perfil de refino que gerará a produção de derivados<br />

ano a ano.<br />

Com isso, é possível fazer a comparação destes valores com a planilha que contém as demandas previstas, obtendo-se<br />

imediatamente o balanço anual em volume para cada derivado.<br />

2.3. Projeção da Demanda de Derivados e da Produção Nacional de Petróleo<br />

Foram consideradas as projeções da demanda nacional de derivados elaboradas para dois cenários macroeconômicos,<br />

conforme apresentadas no Capítulo II, as quais são comparadas com a produção de derivados obtida pelo<br />

modelo de fluxos de refino.<br />

Utilizou-se também a expectativa de evolução da produção nacional de petróleo (desmembrada pelas categorias<br />

leve, médio e pesado), assim como de GLP e naftas oriundos de UPGNs, conforme apresentado no Capítulo<br />

IV, levando em consideração os recursos descobertos e não-descobertos. Admitiu-se a utilização deste mix de petróleo<br />

nacional como carga na refinaria Brasil. Há, com isso, excedentes de petróleo a exportar ou refinar.<br />

Foi considerado que a oferta de petróleo, recurso natural não-renovável, sua magnitude e potencialidades<br />

independem do cenário macroeconômico considerado, uma vez que foi admitido que a curva de produção de<br />

petróleo seria a mesma em todos os cenários analisados. Além disto, por razões de eficiência energética, melhor<br />

utilização dos recursos disponíveis e para minorar os custos de refino, assumiu-se que o parque instalado deverá ser<br />

operado a plena capacidade durante todo o período.<br />

22 Ver www.anp.gov.br / clicar em petróleo e derivados / procurar quadro Refino e Processamento de Gás Natural – clicar em Dados Estatísticos<br />

/ escolher Produção de Derivados em m3 .


524<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.4. Evolução do Parque Atual<br />

Neste item é apresentada a evolução do parque de refino atual, conforme planejam ou sugerem os agentes<br />

do setor.<br />

2.4.1. Refinarias da Petrobras e seus Parceiros<br />

Foram solicitados e obtidos com a Petrobras os dados referentes às suas expansões e implantações de capacidade<br />

de conversão e tratamento até o ano de 2012. Assim, são conhecidas as capacidades a instalar ou expandir, a<br />

refinaria onde estará disponibilizada a nova instalação e a data de início de operação de cada uma delas.<br />

Para efeito de modelagem, consideraram-se apenas as unidades ou projetos que impactam a produção de<br />

derivados, muito embora a informação obtida com a Refinadora diga também dos projetos de adequação de qualidade<br />

de gasolinas e diesel às novas especificações brasileiras, dentre outros 23 .<br />

Os principais projetos previstos para as refinarias existentes estão explicitados na Tabela 6.<br />

As unidades de processamento consideradas são identificadas na Tabela 7.<br />

Tabela 6 – Principais Projetos Previstos pela Petrobras para as Refinarias<br />

Existentes – Capacidade Adicionada<br />

Refinaria Unidade Capacidade (m 3 /d) Partida<br />

Revamp FCC 1.200 2008<br />

Coqueamento 5.000 2007<br />

REDUC<br />

HDT (nafta) 2.000 2008<br />

HDS (gasolina) 5.000 2009<br />

HDT (instáveis) 5.000 2011<br />

HCC 5.000 2013<br />

Revamp FCC 1.000 2011<br />

Coqueamento 3.200 2012<br />

REGAP<br />

HDT (instáveis) 4.500 2011<br />

Reforma Catalítica 1.000 2011<br />

HDT (nafta) 3.000 2009<br />

HDS (gasolina) 4.000 2009<br />

REFAP<br />

HDS (gasolina) 5.000 2009<br />

HDT (instáveis) 6.000 2010<br />

Revamp destilação 2.000 2012<br />

HDS (gasolina) 8.000 2009<br />

Coqueamento 4.000 2012<br />

RLAM<br />

HDT (nafta) 2.500 2012<br />

HDT (instáveis) 8.500 2010<br />

HDT (instáveis) 7.000 2015<br />

Reforma catalítica 2.000 2014<br />

23 Fonte: Petrobras / Abastecimento - Corporativo / Planejamento Corporativo / Gestão de Portfólio – Posição da carteira de Investimentos,<br />

em 05.09.2006.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 525<br />

Refinaria Unidade Capacidade (m 3 /d) Partida<br />

Revamp da U-2000 5.000 2008<br />

HDT (instáveis) 6.000 2009<br />

REPAR<br />

Coqueamento 5.000 2009<br />

HDT (nafta) 3.000 2009<br />

HDS (gasolina) 5.000 2009<br />

Reforma catalítica 1.000 2009<br />

Coqueamento 5.000 2009<br />

HDT (instáveis) 6.000 2009<br />

REVAP<br />

HDT (instáveis) 6.000 2014<br />

HDT (nafta) 3.000 2009<br />

HDS (gasolina) 7.000 2009<br />

Reforma Catalítica 1.500 2009<br />

Revamp da U-200 5.000 2008<br />

Coqueamento 5.000 2011<br />

REPLAN<br />

HDT (instáveis) 10.000 2011<br />

HDS (gasolina) 8.000 2009<br />

Reforma catalítica 2.500 2009<br />

HDS (gasolina) 5.000 2008<br />

RPBC<br />

Revamp Reforma Catalítica 550 2008<br />

Coqueamento 300 2011<br />

HDT (nafta) 2.200 2008<br />

RECAP<br />

HDS (gasolina) 2.000 2010<br />

HDS (diesel) 4.000 2010<br />

LUBNOR Ampliação destilação 1.000 2009<br />

Tabela 7 – Identificação de Unidades e Processos<br />

Unidade<br />

CT-DA<br />

DV<br />

FCC<br />

RFCC<br />

RC<br />

HCC D<br />

HCC L<br />

HDT D<br />

CR<br />

MTBE<br />

Processo<br />

Capacidade Total – Destilação Atmosférica<br />

Destilação a Vácuo<br />

Craqueamento Catalítico em Leito Fluidizado<br />

Craqueamento Catalítico em Leito Fluidizado de Resíduos<br />

Reforma Catalítica<br />

Hidrocraqueamento para Diesel<br />

Hidrocraqueamento para Leves<br />

Hidrotratamento de Diesel<br />

Coqueamento Retardado<br />

Obtenção de Metil-Terc-Butil Eter


526<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Unidade<br />

DSF<br />

HDT L<br />

HDT Q<br />

HDT N<br />

HDT I<br />

LUB<br />

HDS G<br />

HDS D<br />

ALQ<br />

HCC Lub<br />

Processo<br />

Desasfaltação a Propano<br />

Hidrotratamento de Lubrificantes Naftênicos<br />

Hidrotratamento de Querosene<br />

Hidrotratamento de Nafta<br />

Hidrotratamento de Correntes Instáveis<br />

Lubrificantes Básicos<br />

Hidrodessulfurização de Gasolina<br />

Hidrodessulfurização de Diesel<br />

Alcoilação<br />

Hidrocraqueamento para Produção de Lubrificantes<br />

O parque brasileiro de refino é constituído das unidades citadas e, em 2006, possuía capacidade instalada de<br />

processamento de petróleo da ordem de 2 milhões de barris por dia, em termos de capacidade de destilação atmosférica.<br />

Observa-se que a capacidade de conversão está concentrada nas unidades de craqueamento catalítico<br />

(UFCC), as quais respondem por cerca de 30% de capacidade nominal em relação ao petróleo. Deste total, também<br />

em relação à carga de petróleo, apenas 6% é de URFCC, as unidades de craqueamento de resíduos atmosféricos.<br />

As unidades de conversão profunda têm representatividade apenas nas unidades de coqueamento retardado<br />

de petróleo (UCR), mesmo assim contando com menos de 5% de capacidade em relação ao petróleo.<br />

Com este parque, de relativamente baixa complexidade no esquema de refino, é de se esperar grande produção<br />

de óleos combustíveis, mostrando necessidade de intervenção profunda no hardware por meio da inserção de<br />

unidades “destruidoras” de escuros – fundo de barril – e de acerto de qualidade para as correntes de instáveis geradas<br />

a partir delas.<br />

A Tabela 8 apresenta o quadro atual de unidades instaladas no parque nacional de refino.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 527<br />

Tabela 8 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2006 (m 3 /d)<br />

Refinaria CT-DA DV FCC RFCC RC HCC D HCC L HDT D CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I LUB HDS G HDS D ALQ<br />

REDUC 43.700 17.836 7.800 0 1.900 0 0 0 0 168 0 0 4.000 0 0 2.180 0 5.500 0<br />

RPBC 27.000 12.370 9.000 0 1.750 0 0 0 4.900 0 0 0 0 0 6.000 0 0 0 1.000<br />

RECAP 8.500 0 0 3.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

REVAP 40.000 19.201 11.800 0 0 0 0 0 0 0 6.800 0 4.000 3.200 0 0 0 6.500 0<br />

REFAP 30.000 5.274 3.000 7.000 0 0 0 0 2.000 0 0 0 0 0 4.000 0 0 0 0<br />

REGAP 24.000 12.274 6.400 0 0 0 0 0 3.500 0 0 0 1.800 1.800 0 0 0 3.500 0<br />

REPLAN 58.000 24.645 15.000 0 0 0 0 0 5.200 264 0 0 0 0 5.000 0 0 0 0<br />

RLAM 52.800 20.042 16.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 830 0 0 0<br />

REMAN 7.300 1.055 500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

LUBNOR 1.000 959 0 0 0 0 0 0 0 0 0 170 0 0 0 170 0 0 0<br />

REPAR 30.000 14.129 8.500 0 0 0 0 0 0 340 5.300 0 0 0 0 0 0 5.000 0<br />

Ipiranga 2.700 795 540 0 0 0 0 0 0 400 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Manguinhos 2.200 0 0 0 475 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Totais 327.200 128.580 78.540 10.000 4.125 0 0 0 15.600 1.172 12.100 170 9.800 5.000 15.000 3.180 0 20.500 1.000<br />

Fonte: Petrobras e ANP.


528<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Duas questões fundamentais se apresentam para serem solucionadas quando se fala no atual parque de refino:<br />

• atender a demanda por qualidade de diesel e gasolina;<br />

• converter derivados escuros em outros mais nobres.<br />

Unidades de hidrodessulfurização de gasolina e diesel estão sendo planejadas, projetadas ou construídas no<br />

horizonte entre 2007/2011. Estas unidades permitem adequar a qualidade de correntes da refinaria para atendimento<br />

de características mais restritivas quanto a teor de enxofre.<br />

Para conversão de escuros, estão sendo pensadas unidades de coqueamento retardado seguidas de uma<br />

unidade de hidrotratamento de instáveis, permitindo incorporar correntes obtidas por craqueamento térmico e<br />

catalítico ao pool de diesel.<br />

A Tabela 9 apresenta a situação do parque de refino em 2007.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 529<br />

Tabela 9 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2007 (m 3 /d)<br />

Refinaria CT-DA DV FCC RFCC RC HCC D HCC L HDT D CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I LUB HDS G HDS D ALQ<br />

REDUC 43.700 17.836 7.800 0 1.900 0 0 0 5.000 168 0 0 4.000 0 0 2.180 0 5.500 0<br />

RPBC 27.000 12.370 9.000 0 1.750 0 0 0 4.900 0 0 0 0 0 6.000 0 0 0 1.000<br />

RECAP 8.500 0 0 3.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

REVAP 40.000 19.201 11.800 0 0 0 0 0 0 0 6.800 0 4.000 3.200 0 0 0 6.500 0<br />

REFAP 30.000 5.274 3.000 7.000 0 0 0 0 2.000 0 0 0 0 0 4.000 0 0 0 0<br />

REGAP 24.000 12.274 6.400 0 0 0 0 0 3.500 0 0 0 1.800 1.800 0 0 0 3.500 0<br />

REPLAN 58.000 24.645 15.000 0 0 0 0 0 5.200 264 0 0 0 0 5.000 0 0 0 0<br />

RLAM 52.800 20.042 16.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 830 0 0 0<br />

REMAN 7.300 1.055 500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

LUBNOR 1.000 959 0 0 0 0 0 0 0 0 0 170 0 0 0 170 0 0 0<br />

REPAR 30.000 14.129 8.500 0 0 0 0 0 0 340 5.300 0 0 0 0 0 0 5.000 0<br />

Ipiranga 2.700 795 540 0 0 0 0 0 0 400 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Manguinhos 2.200 0 0 0 475 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Totais 327.200 128.580 78.540 10.000 4.125 0 0 0 20.600 1.172 12.100 170 9.800 5.000 15.000 3.180 0 20.500 1.000<br />

Fonte: Petrobras.


530<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Ao longo dos próximos cinco anos, em termos de capacidade de destilação, é previsto aumento na LUBNOR,<br />

REPLAN e REPAR. Estuda-se incrementar a carga da U-32 da RLAM em 2015, o que foi considerado neste estudo.<br />

São incorporados ao parque de craqueamento mais 2.200 m 3 /d nas REDUC e REGAP, fruto de projeto de desengargalamento<br />

e melhorias operacionais.<br />

Para melhorar e diversificar a qualidade do pool de gasolina, são construídas mais 4 novas unidades de reforma<br />

catalítica nas REVAP, REGAP, REPLAN e REPAR, bem como é previsto uma revamp da unidade existente na RPBC.<br />

O acréscimo de capacidade neste processo é de 6.550 m 3 /d.<br />

A capacidade das unidades de coque aumenta quase duas vezes e meia (2,5) em relação a 2006, passando<br />

para 35.900 m 3 /d. Além da UCR instalada na REDUC com capacidade para 5.000 m 3 /d, são adicionados mais 15.300<br />

m 3 /d, por meio de ampliações e construções nas RPBC, REVAP, REPLAN e REPAR.<br />

Acompanhando as UCRs, dada a necessidade de corrigir e adequar a qualidade de correntes instáveis oriundas<br />

de processos de craqueamento térmico, são instalados mais 46.000 m 3 /d de HDT de instáveis, dotando todas as<br />

refinarias de grande porte de capacidade para produzir diesel de alta qualidade (baixo teor de enxofre, alto número<br />

de cetano, excelente parafinicidade, alta estabilidade, boa faixa de destilação e densidade).<br />

Sendo mandatório produzir combustíveis de alta qualidade, são incorporadas HDSs de Gasolina em todas as<br />

refinarias de grande porte, com capacidade total de 49.000 m 3 /d.<br />

Suplementa-se a capacidade de produzir diesel de boa qualidade para atendimento ao mercado nacional (exregiões<br />

metropolitanas) com mais 4.000 m 3 /d em capacidade de HDS de diesel.<br />

A Tabela 10 apresenta como ficará o parque atual de refino em 2011, após as ampliações e modificações<br />

previstas nas refinarias existentes. As cores utilizadas na tabela indicam o ano de início de operação de cada nova<br />

unidade.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 531<br />

Tabela 10 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2011 (m 3 /d)<br />

Refinaria CT-DA DV FCC RFCC RC HCC D HCC L HDT D CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I LUB HDS G HDS D ALQ<br />

REDUC 43.700 17.836 9.000 0 1.900 0 0 0 5.000 168 0 0 4.000 2.000 5.000 2.180 5.000 5.500 0<br />

RPBC 27.000 12.370 9.000 0 2.300 0 0 0 5.200 0 0 0 0 2.200 6.000 0 5.000 0 1.000<br />

RECAP 8.500 0 0 3.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.000 4.000 0<br />

REVAP 40.000 19.201 11.800 0 1.500 0 0 0 5.000 0 6.800 0 4.000 6.200 6.000 0 7.000 6.500 0<br />

REFAP 30.000 5.274 3.000 7.000 0 0 0 0 2.000 0 0 0 0 0 10.000 0 5.000 0 0<br />

REGAP 24.000 12.274 7.400 0 1.000 0 0 0 3.500 0 0 0 1.800 4.800 4.500 0 4.000 3.500 0<br />

REPLAN 63.000 27.195 15.000 0 2.500 0 0 0 10.200 264 0 0 0 0 15.000 0 8.000 0 0<br />

RLAM 52.800 20.042 16.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8.500 830 8.000 0 0<br />

REMAN 7.300 1.055 500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

LUBNOR 2.000 959 0 0 0 0 0 0 0 0 0 340 0 0 0 170 0 0 0<br />

REPAR 35.000 16.679 8.500 0 1.000 0 0 0 5.000 340 5.300 0 0 3.000 6.000 0 5.000 5.000 0<br />

Ipiranga 2.700 795 540 0 0 0 0 0 0 400 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Manguinhos 2.200 0 0 0 475 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

TOTAIS 338.200 133.680 80.740 10.000 10.675 0 0 0 35.900 1.172 12.100 340 9.800 18.200 61.000 3.180 49.000 24.500 1.000<br />

Fonte: Petrobras.<br />

Legenda (anos):<br />

2007 2008 2009 2010 2011


532<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Entre os anos de 2012 e 2015, são previstas ampliações e novas inserções de capacidades, unidades para as<br />

quais a Petrobras percebeu necessidade ou potencialidade, mas que ainda não foram avaliadas sob ótica empresarial.<br />

Todavia fazem parte da carteira de projetos da Companhia.<br />

Assim, em 2012, consolida-se a modernização da RLAM, com ganho de capacidade na unidade de destilação<br />

atmosférica U-32 de 2.000 m 3 /d, uma unidade de coqueamento retardado com capacidade de 4.000 m 3 /d e um HDT<br />

de nafta de coque de 2.500 m 3 /d.<br />

Em 2013, há previsão de construção de um HCC de Lubrificantes para a REDUC (HCC Lub). Esta unidade, que<br />

terá capacidade para processar 5.000 m 3 /d de carga, flexibilizará o esquema de produção nacional de lubrificantes,<br />

passando a Petrobras a não depender mais de cargas leves importadas para tal. Além disso, esta unidade seria a primeira<br />

instalação deste processo no parque de refino nacional.<br />

Aproveitando a característica naftênica das naftas de destilação direta oriundas de petróleo da Bacia de Campos,<br />

em 2014 entraria em operação a última unidade de reforma catalítica, a ser instalada com capacidade para<br />

2.000 m 3 /d na RLAM.<br />

Também neste ano, para complementar a produção de diesel de alta qualidade e eliminar a destinação de correntes<br />

nobres para óleo combustível, inicia operação um HDT de Instáveis na REVAP, com capacidade de 6.000 m 3 /d.<br />

Finalmente, em 2015, pelas mesmas razões, começa a operar um HDT de Instáveis na RLAM com capacidade<br />

de 7.000 m 3 /d.<br />

A Tabela 11 apresenta a configuração das refinarias existentes em 2015 após as adaptações descritas.<br />

A Tabela 12 apresenta a evolução até 2016 do parque atual de refino, em termos de capacidade total instalada,<br />

em função das expansões previstas pelos refinadores.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 533<br />

Tabela 11 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2015 Conforme Previsão dos Refinadores (m 3 /d)<br />

Refinaria CT-DA DV FCC RFCC RC HCC D HCC L HDT D CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I LUB HDS G HDS D ALQ<br />

REDUC 43.700 17.836 9.000 0 1.900 0 5.000 0 5.000 168 0 0 4.000 2.000 5.000 2.180 5.000 5.500 0<br />

RPBC 27.000 12.370 9.000 0 2.300 0 0 0 5.200 0 0 0 0 2.200 6.000 0 5.000 0 1.000<br />

RECAP 8.500 0 0 3.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.000 4.000 0<br />

REVAP 40.000 19.201 11.800 0 1.500 0 0 0 5.000 0 6.800 0 4.000 6.200 12.000 0 7.000 6.500 0<br />

REFAP 30.000 23.774 8.000 7.000 0 0 0 0 2.000 0 0 0 0 0 10.000 0 5.000 0 0<br />

REGAP 24.000 12.274 7.400 0 1.000 0 0 0 6.700 0 0 0 1.800 4.800 4.500 0 4.000 3.500 0<br />

REPLAN 63.000 27.195 15.000 0 2.500 0 0 0 10.200 264 0 0 0 0 15.000 0 8.000 0 0<br />

RLAM 54.800 20.042 16.000 0 2.000 0 0 0 4.000 0 0 0 0 2.500 15.500 830 8.000 0 0<br />

REMAN 7.300 1.055 500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

LUBNOR 2.000 959 0 0 0 0 0 0 0 0 0 340 0 0 0 170 0 0 0<br />

REPAR 35.000 16.679 8.500 0 1.000 0 0 0 5.000 340 5.300 0 0 3.000 6.000 0 5.000 5.000 0<br />

Ipiranga 2.700 795 540 0 0 0 0 0 0 400 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Manguinhos 2.200 0 0 0 475 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

TOTAIS 340.200 152.180 85.740 10.000 12.675 0 5.000 0 43.100 1.172 12.100 340 9.800 20.700 74.000 3.180 49.000 24.500 1.000<br />

Legenda (anos):<br />

2012 2013 2014 2009 e 2014 2010 e 2015


534<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 12 – Expansões e Adições de Capacidade Conforme Previsão dos Refinadores (m 3 /d)<br />

EXPANSÃO DO PARQUE DE REFINO: CAPACIDADES TOTAIS ANUAIS E ADIÇÃO DE CAPACIDADES POR PROCESSO<br />

ADIÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

DESTILAÇÃO ATM 13.000 327.200 327.200 337.200 338.200 338.200 338.200 340.200 340.200 340.200 340.200 340.200<br />

DESTILAÇÃO VÁCUO 5.100 128.580 128.580 133.680 133.680 133.680 133.680 133.680 133.680 133.680 133.680 133.680<br />

REFORMA CATALÍTICA 8.550 4.125 4.125 4.675 9.675 9.675 10.675 10.675 10.675 12.675 12.675 12.675<br />

ALCOILAÇÃO 0 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000<br />

MTBE 0 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172 1.172<br />

HCC - Lubes 5.000 0 0 0 0 0 0 0 5.000 5.000 5.000 5.000<br />

HCC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

FCC-RAT 0 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000<br />

FCC 2.200 78.540 78.540 79.740 79.740 79.740 80.740 80.740 80.740 80.740 80.740 80.740<br />

COQUEAMENTO 29.900 15.600 20.600 20.600 30.600 30.600 35.900 43.100 43.100 43.100 43.100 43.100<br />

DESASFALTAÇÃO C3 0 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100 12.100<br />

HDS GASOLINA 49.000 0 0 5.000 47.000 49.000 49.000 49.000 49.000 49.000 49.000 49.000<br />

HDS DIESEL 4.000 20.500 20.500 20.500 20.500 24.500 24.500 24.500 24.500 24.500 24.500 24.500<br />

HDT INSTÁVEIS 59.000 15.000 15.000 15.000 27.000 41.500 61.000 61.000 61.000 67.000 74.000 74.000<br />

H-BIODIESEL (1) 6.700 700 700 1.160 2.700 4.150 6.100 6.100 6.100 6.700 7.400 7.400<br />

(1) A “capacidade” de H-Biodiesel apresentada corresponde, na verdade, à carga máxima de óleos vegetais que se poderia processar nas unidades de HDT de instáveis existentes no parque nacional de refino. Para 2007 e 2008, considerou-se o<br />

consumo esperado de óleos vegetais na carga dos HDTs conforme projeção da Petrobras. Para os demais anos, os valores considerados correspondem a 10% da capacidade instalada de HDT de instáveis, e não necessariamente à carga esperada<br />

de óleos vegetais. O objetivo era averiguar se haveria “competição” por capacidade de processamento entre as correntes instáveis das refinarias e os óleos vegetais. Por tratar-se de um processo, a produção de diesel dependente da opção H-Bio<br />

não existe isoladamente. Ela está incorporada ao “pool” de médios em todos os balanços de produção deste estudo na proporção 1: 1 (uma unidade de óleo vegetal produz uma unidade de médios).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 535<br />

A evolução da produção da “Refinaria Brasil” é apresentada nas próximas quatro tabelas (2007/2011/2013/<br />

2016), conforme iniciam produção as unidades projetadas para o parque atual.<br />

Notar que o parque evolui pouco em capacidade de destilação atmosférica, mas, muito em sofisticação, conforme<br />

sejam incorporadas as unidades de processo projetadas.<br />

A evolução do parque nacional de refino é refletida no perfil de derivados produzidos, o qual se adequa à estrutura<br />

de demanda, conforme as ampliações vão sendo disponibilizadas de acordo com as previsões da Petrobras.<br />

As tabelas a seguir indicam a evolução do parque de refino em 2007, 2011, 2013 e 2016.<br />

Tabela 13 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado - 2007<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 21.788 7.952 7,80<br />

Gasolina 48.317 17.636 17,30<br />

Nafta 25.211 9.202 9,03<br />

Querosene 11.102 4.052 3,98<br />

Diesel 100.500 36.683 35,99<br />

Escuros 57.135 20.854 20,46<br />

Coque 7.131 2.603 2,55<br />

Outros 8.049 2.938 2,88<br />

Total 279.233 101.920<br />

Expansão Volumétrica 1 2,31%<br />

Tabela 14 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado – 2011<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 23.419 8.548 8,01<br />

Gasolina 55.957 20.424 19,15<br />

Nafta 20.007 7.302 6,85<br />

Querosene 10.844 3.958 3,71<br />

Diesel 117.203 42.779 40,11<br />

Escuros 44.318 16.176 15,17<br />

Coque 12.427 4.536 4,25<br />

Outros 8.049 2.938 2,75<br />

Total 292.223 106.661<br />

Expansão Volumétrica 3,59%


536<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 15 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado – 2013<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 23.709 8.654 8,06<br />

Gasolina 57.038 20.819 19,40<br />

Nafta 19.462 7.104 6,62<br />

Querosene 10.886 3.973 3,70<br />

Diesel 118.845 43.378 40,42<br />

Escuros 41.084 14.996 13,97<br />

Coque 14.919 5.445 5,07<br />

Outros 8.049 2.938 2,74<br />

Total 293.992 107.307<br />

Expansão volumétrica 3,61 %<br />

Tabela 16 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado - 2016<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 23.834 8.699 8,09<br />

Gasolina 58.362 21.302 19,80<br />

Nafta 19.702 7.191 6,68<br />

Querosene 10.645 3.885 3,61<br />

Diesel 119.266 43.532 40,46<br />

Escuros 39.983 14.594 13,56<br />

Coque 14.919 5.445 5,06<br />

Outros 8.049 2.938 2,73<br />

Total 294.761 107.588<br />

Expansão volumétrica 3,88%<br />

2.4.2. Refinarias Particulares<br />

A defasagem entre o preço do petróleo e derivados no mercado internacional e os praticados no mercado interno<br />

tem inviabilizado as operações da Refinaria de Manguinhos e da Refinaria Ipiranga. A primeira está com sua atividade<br />

suspensa desde agosto de 2005. Já a Ipiranga, paralisou a operação por três vezes também no ano passado.<br />

Em meio a este cenário, as empresas tentam encontrar soluções que mantenham suas operações. Manguinhos<br />

arrendou parte de sua planta a uma empresa para a produção de biocombustível, na qual terá participações.<br />

A Ipiranga encaminhou à Petrobras pedido de apoio na produção de nafta para a Copesul. A operação consistiria na<br />

substituição de nafta comprada das refinarias da Petrobras instaladas em outros estados pela matéria-prima produzida<br />

pela Ipiranga em Rio Grande, a partir de condensado (ARRUDA, 2006).<br />

Nenhuma das plantas está com previsão de realização de investimentos, embora a Refinaria de Manguinhos<br />

tenha trabalhado em estudos de expansão de pequeno porte e adição de unidades de tratamento para ajuste de<br />

qualidade.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 537<br />

2.5. Proposta <strong>EPE</strong> para Novos Investimentos no Parque de Refino 2013/2016<br />

Com os dados obtidos com o Modelo de Fluxos de Refino, observa-se que há espaço para novos investimentos<br />

em expansão e em novas unidades, a partir de 2013, no parque existente.<br />

O modelo revela que, na “Refinaria Brasil”, ainda existiriam excedentes de resíduo atmosférico e de gasóleos<br />

para craqueamento e não haveria mais excedentes de resíduo de vácuo. Ao contrário, as unidades de desasfaltação<br />

operariam com carga inferior à nominal.<br />

Isso demonstra que, mesmo com as modificações já propostas pelos agentes, ainda há espaço para se estudar<br />

aumentos da capacidade de destilação a vácuo, craqueamento catalítico e hidrocraqueamento, de forma a rebalancear<br />

os fluxos, aumentando a conversão, para uma mesma capacidade instalada de destilação atmosférica.<br />

Assim, foram realizadas corridas para os anos de 2013 a 2016, com a inserção de expansão de capacidade de<br />

destilação a vácuo, FCC e HCC com diversas capacidades, chegando-se ao final, como sendo a de melhores resultados<br />

em termos de produção de derivados e expansão volumétrica, a que segue na tabela abaixo:<br />

Tabela 17 – Adições ao Parque de Refino em 2013<br />

Processo<br />

Capacidade (m 3 /d)<br />

Destilação a vácuo 18.500<br />

Craqueamento catalítico 5.000<br />

Hidrocraqueamento 20.000<br />

Com estas adições, passar-se-ia a ter a seguinte produção de derivados em 2013 e 2016, conforme as Tabelas<br />

18 e 19:<br />

Tabela 18 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Reconfigurado – 2013<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 25.607 9.347 8,61<br />

Gasolina 63.742 23.266 21,42<br />

Nafta 19.462 7.104 6,54<br />

Querosene 17.242 6.293 5,80<br />

Diesel 126.485 46.167 42,51<br />

Escuros 22.007 8.033 7,40<br />

Coque 14.919 5.445 5,01<br />

Outros 8.049 2.938 2,71<br />

Total 297.514 108.592<br />

Expansão volumétrica 4,85%


538<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 19 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Reconfigurado – 2016<br />

(m3/d) (M m3/ano) Perfil de Produção (%)<br />

GLP 25.732 9.392 8,63<br />

Gasolina 65.067 23.749 21,81<br />

Nafta 19.702 7.191 6,61<br />

Querosene 17.001 6.205 5,70<br />

Diesel 126.907 46.321 42,55<br />

Escuros 20.906 7.631 7,01<br />

Coque 14.919 5.445 5,00<br />

Outros 8.049 2.938 2,70<br />

Total 298.283 108.873<br />

Expansão volumétrica 5,12%<br />

As tabelas a seguir mostram a comparação desta proposta com os resultados obtidos anteriormente para<br />

2013 e 2016.<br />

Tabela 20 – Quadro Comparativo - Reconfiguração 2013 (m 3 /d)<br />

Derivados 2013 Original 2013 Reconfigurado Diferença %<br />

Leves 2 76.500 83.204 + 6.704 + 8,8<br />

Médios 3 129.731 143.727 + 13.996 + 10,8<br />

Escuros 4 41.084 22.007 - 19.077 - 46,4<br />

Volume Total 293.992 297.514 + 3.522<br />

Tabela 21 – Quadro Comparativo - Reconfiguração 2016 (m 3 /d)<br />

Derivados 2016 Original 2016 Reconfigurado Diferença %<br />

Leves 78.064 84.769 + 6.705 + 8,6<br />

Médios 129.911 143.908 + 13.997 + 10,8<br />

Escuros 39.983 20.906 - 19.077 - 47,7<br />

Volume Total 294.761 298.283 + 3.522<br />

A produção de derivados nobres aumenta cerca de 20%. Já a produção de óleo combustível é reduzida substancialmente,<br />

da ordem de 50%.<br />

Não há necessidade de se investir em HDTs para melhoria da qualidade dos derivados adicionais. A capacidade<br />

instalada à época é suficiente para assumir o tratamento da produção total de instáveis.<br />

2.6. Produção das Novas Refinarias<br />

As novas refinarias para produção de derivados no País foram consideradas no modelo, de acordo com as informações<br />

obtidas na Petrobras, na Rio Oil & Gás Expo 2006 e em literatura.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 539<br />

2.6.1. Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ<br />

Por meio de pesquisas em revistas, teses e sites na Internet, foi possível obter, com quantidade suficiente de<br />

dados, o esquema de refino e produção do COMPERJ 24 .<br />

Na Figura 2 é apresentado o esquema simplificado das etapas planejadas para o complexo petroquímico do<br />

Rio de Janeiro.<br />

Figura 2 – Esquema simplificado do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro<br />

Marlim<br />

150.000 bbl/d<br />

Unidade de Produção<br />

de Petroquímicos<br />

Básicos - Itaboraí<br />

Combustíveis<br />

Petroquímicos<br />

básicos<br />

Central de<br />

Escoamento de<br />

Produtos Liquídos<br />

de São Gonçalo<br />

Eteno<br />

P-Xileno<br />

Centro de Inteligência<br />

Estireno<br />

- Produtos descartáveis<br />

- Material escolar(régua,<br />

esquadro)<br />

- Linha Branca(geladeira,<br />

freezer)<br />

- Lanterna de automóveis<br />

- Copo de Liquidificador<br />

Etileno Glicol<br />

- Fluído de<br />

Refrigeração<br />

- Matéria Prima<br />

para poliéster<br />

Polietilenos<br />

- Embalagens de<br />

Alimentos<br />

- Tanque de gasolina<br />

- Embalagens de cosméticos<br />

- Sacolas plásticas<br />

Benzeno<br />

PTA<br />

PET<br />

- Fibras (Poliéster)<br />

- Garrafas PET<br />

(refrigerante, água)<br />

Propeno<br />

Polipropileno<br />

Fenol<br />

- Filme para embalagens<br />

- Tampa de garrafa de<br />

refrigentes<br />

- Potes de alimentos<br />

(Margarina, iogurte)<br />

- Industria de<br />

madeira<br />

- Fibras (nylon)<br />

O início da produção desta planta industrial está previsto para 2012. A Unidade Petroquímica Básica (UPB),<br />

integrante do Complexo, será a base para a criação de um parque industrial com central de utilidades e empresas de<br />

produção de produtos de segunda e terceira gerações como polietilenos, polipropileno, estireno, etileno-glicol. Os<br />

investimentos nesta etapa atingem US$5,2 bilhões.<br />

A operação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro vai proporcionar vantagens significativas à indústria<br />

brasileira:<br />

• produção em larga escala de matérias-primas petroquímicas (produção estimada em 1,3 milhão de t/ano de<br />

eteno, 900 mil t/ano de propeno, 360 mil t/ano de benzeno e 700 mil t/ano de xileno);<br />

• maior processamento de petróleo nacional;<br />

• economia de divisas estimada em US$2 bilhões/ano.<br />

Este ganho em divisas será obtido pela substituição da exportação de petróleo pesado, de menor valor no<br />

mercado, pela exportação de produtos de maior valor agregado a serem produzidos no complexo.<br />

Desta forma, os chamados “produtos petroquímicos básicos” serão gerados diretamente em instalações de<br />

refino, como alternativa a sua produção a partir de nafta a qual ainda é parcialmente importada.<br />

Atualmente, a nafta, o gás natural e os gases residuais de refinarias são as principais matérias-primas do setor,<br />

sendo que a nafta é a de maior destaque. Em torno de 30% do consumo dos três pólos petroquímicos nacionais<br />

baseados em nafta é importado. Este fato torna-se preocupante para a economia brasileira, especialmente se contextualizado<br />

no cenário mundial que prevê uma dificuldade no fornecimento de nafta, devido tanto à deterioração<br />

da qualidade dos petróleos processados quanto ao crescimento da demanda por petroquímicos básicos. Adicionalmente,<br />

alguns estudos indicam que a projeção da demanda pelas principais resinas termoplásticas superará a capacidade<br />

de produção atual em 2013, sendo que algumas resinas apresentarão déficit antes mesmo desta data, o que<br />

indica que apenas o aumento da utilização da capacidade instalada não será suficiente para suprir o mercado interno.<br />

Dentro deste contexto, a implantação de uma refinaria petroquímica apresenta-se como uma ótima alternativa<br />

24 Para informações suplementares ver: DESAFIOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA REFINARIA PETROQUÍMICA NO BRASIL – P.C.<br />

dos Santos, P.R.Seidl, S. Borschiver – apresentação feita na Rio Oil & Gás 2006 - IBP


540<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

de abastecimento, pois reduz a importação de matéria-prima petroquímica e permite um melhor aproveitamento<br />

do óleo nacional (SANTOS; SEIDL; BORSCHIVER, 2006).<br />

Projetada para consumir 150.000 b/d de petróleo Marlim, a UPB ofertará 535.000 t/ano de óleo diesel. Além<br />

desse diesel, haverá um retorno de 284.000 t/ano de nafta sem utilização para produção de petroquímicos. Além da<br />

nafta e do diesel, haverá produção de coque. Nenhum outro derivado será oferecido.<br />

A Tabela 22 apresenta a produção do COMPERJ:<br />

Tabela 22 – Produção de Derivados Combustíveis do COMPERJ<br />

t/ano m 3 /d<br />

Nafta 284.000 1.081<br />

Óleo Diesel 535.000 1.631<br />

Coque 700.000 2.459<br />

2.6.2. Refinaria Abreu e Lima – Suape / PE<br />

Dados públicos dão conta que a Petrobras anunciou recentemente que construirá uma nova refinaria em Pernambuco,<br />

no Complexo Industrial e Portuário de Suape em parceria com a estatal venezuelana Petróleos de Venezuela<br />

SA – PDVSA. As obras devem ter início em 2007, segundo o governo do Estado. Estima-se que a unidade terá<br />

capacidade para processar até 200 mil b/d de petróleo.<br />

O objetivo é capacitar a planta para refinar óleos pesados, extraídos basicamente do Campo de Marlim, na Bacia<br />

de Campos, e, possivelmente, de outros locais com petróleo pesado, como o Merey, na Venezuela 25 . A intenção<br />

é abastecer os mercados do Norte e Nordeste do Brasil com derivados de petróleo, principalmente óleo diesel, para<br />

reduzir as importações.<br />

A produção de derivados de petróleo, principalmente óleo diesel e gás de cozinha (GLP), deverá começar em<br />

2011. O empreendimento deverá custar em torno de US$ 2,8 bilhões, a serem divididos igualmente entre a estatal<br />

brasileira e sua parceira.<br />

Com os dados e o esquema de refino publicados na Revista Petro & Química (ARRUDA, 2006), foi possível avaliar<br />

o impacto dessa planta no abastecimento nacional.<br />

A refinaria disporá de apenas três processos básicos, face às características do óleo processado e do mercado<br />

a atender: a destilação atmosférica alimentará diretamente uma unidade de coqueamento retardado e as correntes<br />

das duas unidades serão disponibilizadas para hidrotratamento de instáveis.<br />

Na Figura 3, está apresentado o esquema de refino, sob forma de diagrama de blocos:<br />

25 Conforme Magalhães (2006).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 541<br />

Figura 3 – Diagrama Esquemático de Refino da Refinaria de Suape / PE<br />

Refinaria Abreu e Lima – Suape / PE<br />

GLP<br />

PETRÓLEO<br />

DESTILAÇÃO<br />

ATMOSFÉRICA<br />

NL + NP<br />

QUEROSENE +<br />

DIESEL<br />

HDT DE<br />

NAFTAS<br />

HDT DE<br />

MÉDIOS<br />

NAFTAPTQ<br />

DIESEL<br />

RAT<br />

NLK<br />

COQUE<br />

NPK + GOLK<br />

NPK + GOPK<br />

COQUE<br />

OC<br />

Com este esquema de refino, sua produção de derivados está apresentada na Tabela 23.<br />

Tabela 23 – Produção de Derivados Combustíveis da Refinaria de Suape / PE<br />

t/ ano % peso m3 /d<br />

GLP 350.000 3,7 1.744<br />

Nafta 612.000 6,5 2.329<br />

Diesel 6.917.000 73,6 22.560<br />

Coque 1.250.000 13,3 4.390<br />

Bunker 277.000 2,9 700<br />

2.6.3. Nova Refinaria: Esquema de Produção Flexível<br />

A Petrobras anuncia que está estudando a conveniência e viabilidade técnico-econômica de construção de<br />

uma refinaria de grande porte e complexidade totalmente adaptada a processar os petróleos nacionais.<br />

A capacidade aventada é de 500.000 b/d e a área de planejamento da empresa imagina início de produção<br />

para o ano de 2014. A instalação produziria gasolina e diesel de alta qualidade, bem como petroquímicos básicos.<br />

Assim, ela seria uma planta cuja produção teria perfil (volume e qualidade) para atender mercados mais exigentes.<br />

Não há informações sobre esquema de refino, localização ou mercado a atender. Nestas condições, buscou-se<br />

avaliar a idéia e propor uma forma razoável de processamento de petróleo em esquema de refino que permitisse,<br />

com algum grau de flexibilidade, atender fortes variações de demanda.<br />

Em meados da próxima década, com excedente substancial de petróleo nacional, os ganhos advindos de um<br />

esquema de refino flexível são evidentes, pois, a partir da mesma matéria-prima, seria possível produzir derivados<br />

leves e médios, tanto para abastecimento nacional quanto para exportação.<br />

Pode-se pensar num esquema que priorize a geração de médios, noutro que priorize leves, e tentar integrálos,<br />

avaliando a flexibilidade obtida em termos de custos e balanço de produção.


542<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Consolidando o raciocínio, é necessário supor algumas premissas. A refinaria, qualquer que seja seu esquema<br />

produtivo, deverá “destruir” escuros, o que nos leva a supor unidades de fundo de barril capazes de gerar produtos<br />

intermediários para processamento em unidades de tratamento e conversão catalítica.<br />

A mais flexível das unidades de fundo de barril, o coqueamento retardado, surge como opção interessante,<br />

definindo o perfil das três primeiras unidades que deverão estar presentes na refinaria: uma destilação atmosférica,<br />

seguida de uma destilação a vácuo e de uma unidade de coque.<br />

Outro ponto em termos de flexibilidade sugere usar unidades de FCC e HCC, com arranjo de cargas que permita<br />

operá-las, quer em série em qualquer ordem, quer em paralelo.<br />

Um esquema de refino focado em leves, com maximização de gasolinas, seria colocar o FCC e o HCC em série,<br />

nessa ordem, em termos de uso do gasóleo de destilação, ou seja, o gasóleo de vácuo seria destinado em sua totalidade<br />

para o FCC e o HCC processaria as correntes instáveis e pesadas.<br />

Um esquema para maximização de médios implicaria em inverter o destino do gasóleo, colocando o HCC<br />

prioritariamente ao FCC.<br />

Por razões operacionais, o esquema para a produção de médios, assim concebido, não é viável. Levaria a<br />

situações onde o FCC seria desnecessário ou de operação instável, porque a carga disponível para ele seria muito<br />

pequena.<br />

Definidas as condições extremas, pode-se elaborar um esquema intermediário que confira a flexibilidade<br />

operacional capaz de permitir operações máximo-gasolina – para atendimento de altas demandas pelo produto no<br />

verão no hemisfério norte – ou máximo-diesel, para situações de inverno.<br />

Com isso, pode-se alternar as condições operacionais para obtenção de máxima rentabilidade econômica,<br />

com uso da carga fresca (Gasóleos de Destilação a Vácuo) alimentando em paralelo o HCC e o FCC.<br />

Assim, considerando flexibilidades operacionais, possíveis futuras mudanças de elenco de petróleo, custos de<br />

construção e sazonalidades de mercado, o mais adequado é construir um HCC e um FCC, ambos com capacidade de<br />

absorver cada um 60% dos gasóleos de vácuo (20% de sobrecapacidade total, 10% em cada tipo de unidade).<br />

Conclui-se que um esquema de refino robusto é o composto por destilação atmosférica, destilação a vácuo,<br />

coqueamento retardado, hidrocraqueamento catalítico, e craqueamento catalítico, com distribuição “meio-a-meio”<br />

das cargas de gasóleos de vácuo e de conversão para o FCC e o HCC.<br />

Considera-se que os ajustes de qualidade, por meio de unidades de hidrotratamento, devem existir como condição<br />

sine qua non para atendimento dos mercados de exportação e interno brasileiro.<br />

Por outro lado, construir módulos de 250.000 b/d é uma alternativa interessante porque, inicialmente, permitiria<br />

atender ao mercado nacional, para, num segundo momento, após a avaliação da dinâmica de crescimento do<br />

mercado nacional e das potencialidades de exportação, completar a refinaria com igual capacidade.<br />

A Figura 4 mostra o esquema proposto, que passará a ser denominado de Módulo de Produção Flexível – MPF<br />

(Flex).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 543<br />

Figura 4 – Esquema de Refino para o Módulo de Produção Flexível<br />

Módulo Produção Flexível – Capacidade 250.000 b/d<br />

GLP<br />

PETRÓLEO<br />

DESTILAÇÃO<br />

ATMOSFÉRICA<br />

REFORMA<br />

HDS DE<br />

MÉDIOS<br />

GASOLINA<br />

MÉDIOS<br />

DESTILAÇÃO<br />

À VÁCUO<br />

GOP<br />

50%<br />

50%<br />

OD<br />

FCC<br />

LCO<br />

HCC<br />

RV<br />

UNIDADE DE<br />

COQUE DE<br />

PETRÓLEO<br />

GOLK<br />

HDT DE<br />

NAFTA<br />

COQUE<br />

VERDE<br />

Para um módulo de 250.000 b/d, as várias unidades de processos deveriam ser dimensionadas conforme a<br />

Tabela 24.<br />

Tabela 24 – Capacidade das Unidades de Processo para o Módulo de Produção Flexível<br />

Unidade de Processo<br />

Capacidade [m3/d]<br />

UDA 40.000<br />

UDV 26.000<br />

UCR 12.500<br />

FCC 7.000<br />

HCC 13.000<br />

HDS M 11.000<br />

HDS N 7.000<br />

RC 3.000<br />

Nestas condições, a produção nominal de derivados por esta refinaria, considerando-se um módulo de<br />

250.000 b/d, seria o apresentado na Tabela 25.


544<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 25 – Produções de Derivados - Módulo de Produção Flexível<br />

% vol.<br />

Capacidade (b/d) 250.000<br />

Capacidade (m 3 /d) 39.746<br />

GLP (m 3 /d) 4.014 10,1<br />

Gasolina (m 3 /d) 11.924 30,0<br />

Nafta (m 3 /d) 0 0<br />

Médios (m 3 /d) 23.609 59,4<br />

Coque (m 3 /d) 4.372 11,0<br />

Escuros (m 3 /d) 0 0<br />

2.6.4. Nova Refinaria: Alternativa para Suprimento do Mercado Interno<br />

O balanço produção / demanda de óleos combustíveis passa a ser deficitário com a inserção em 2013 da<br />

proposta da <strong>EPE</strong> no Parque de Refino existente, que propõe o redirecionamento dos fluxos excedentes de resíduo<br />

atmosférico e de gasóleos de craqueamento para a produção de derivados nobres, por meio da expansão de capacidade<br />

de destilação a vácuo, FCC e HCC<br />

Por outro lado, o País segue importando derivados médios e é exportador de gasolinas e de petróleo.<br />

Tal circunstância permite imaginar uma alternativa ao Módulo de Produção Flexível, cujo esquema de refino<br />

elimina a produção de correntes pesadas, transformando-as preferencialmente em médios.<br />

Seria um esquema de refino que não gerasse mais coque, minimizasse a produção de gasolinas e fosse fortemente<br />

produtor de médios.<br />

Se se pensar em similaridade com a Refinaria de Suape / PE, observa-se que ela tem todas estas características<br />

desejadas, a não ser a produção de coque.<br />

Portanto, a nova alternativa seria algo com os mesmos objetivos de produção, mas instalando-se no lugar da<br />

unidade de coqueamento retardado um hidrocraqueamento de resíduo atmosférico.<br />

Para atender à demanda interna de óleo combustível, o perfil de produção de derivados pode ser alterado,<br />

com desvio parcial de resíduo atmosférico e parcela de contribuição do HCC, permitindo-se nesta unidade uma pequena<br />

geração de pesados, por meio de escolha conveniente de reatores e seus catalisadores.<br />

Juntam-se, assim, as conveniências de obter alta produção de diesel em relação ao petróleo processado, simplicidade<br />

operacional, atendimento flexível à demanda de óleo combustível, utilização intensa de hidrorrefino para<br />

garantir qualidade de derivados e nenhuma geração de coque.<br />

A Figura 5 apresenta o esquema proposto.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 545<br />

Figura 5 – Esquema de Refino para a Refinaria Alternativa<br />

Módulo Mercado Interno – Capacidade 250.000 b/d<br />

GLP<br />

PETRÓLEO<br />

DESTILAÇÃO<br />

ATMOSFÉRICA<br />

REFORMA<br />

HDS DE<br />

MÉDIOS<br />

GASOLINA<br />

MÉDIOS<br />

RAT<br />

HCC<br />

OC<br />

As unidades propostas deveriam ser dimensionadas conforme indicado na Tabela 26.<br />

Tabela 26 – Capacidade das Unidades de Processo para a Refinaria Alternativa<br />

Unidade de Processo<br />

UDA<br />

UHCC<br />

HDS M<br />

RC<br />

Capacidade<br />

250.000 b/d<br />

40.000 m3/d<br />

20.000 m3/d<br />

11.000 m3/d<br />

3.000 m3/d<br />

Supondo utilização de petróleo nacional e seus rendimentos, a avaliação mostra que tal esquema, com o desvio<br />

de parte do resíduo atmosférico para geração de escuros, seria o mais conveniente para compatibilizar o perfil<br />

de produção do parque de refino nacional ao atendimento da demanda de derivados. Os rendimentos são os da<br />

Tabela 27.<br />

Tabela 27 – Produção de Derivados<br />

Derivado<br />

Rendimento (% vol.)<br />

GLP 3,4<br />

Naftas 20,2<br />

Médios 65,8<br />

Escuros 20,2<br />

A capacidade nominal a instalar seria de 250.000 b/d e, com estas características e capacidade, para efeito deste<br />

estudo, será doravante chamada de Módulo de Atendimento do Mercado Interno – MMI.<br />

Assim, o que se propõe, em suma, é que a nova refinaria de 500.000 b/d a ser instalada seja composta de dois<br />

módulos de 250.000 b/d, sendo que o primeiro módulo teria o esquema da Figura 5 e o segundo, o esquema da<br />

Figura 4.


546<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.7. Metodologia/Investimentos<br />

2.7.1. Adaptação do Parque Atual<br />

2.7.1.1. Adaptações Propostas pela Petrobras<br />

Entre 2007 e 2012, apenas a Petrobras prevê a instalação de novas unidades em refinarias existentes 26 , quer<br />

com a utilização exclusiva de capital próprio, quer sob o formato de parcerias. Para estas adaptações e ampliações,<br />

são previstos investimentos de US$ 13,6 bilhões 27 , em unidades de conversão, qualidade de gasolina e em qualidade<br />

de diesel 28 .<br />

2.7.1.2. Proposta pela <strong>EPE</strong> de Adaptações Adicionais em 2013<br />

Construir capacidade adicional de destilação a vácuo, FCC e HCC mostra-se atraente pelo incremento na produção<br />

de leves e médios em detrimento de escuros. Conforme detalhado na Tabela 28, o custo total das instalações<br />

sugeridas pela <strong>EPE</strong> atingiria US$ 2,421 bilhões, valor calculado de acordo com a metodologia de engenharia de processos<br />

29 , onde:<br />

Investimento Total = Investimento ISBL + Investimento OSBL,<br />

sendo:<br />

ISBL = Inside Battery Limit – Investimentos na unidade.<br />

OSBL = Outside Battery Limit – Investimentos em sistemas de apoio.<br />

Estima-se o valor ISBL conforme equação de custos aplicada a partir de valor conhecido para uma unidade<br />

similar instalada na costa do golfo do México (USGC):<br />

Custo ISBL = Custo Referência<br />

x FA x FC x FL x FQC,<br />

em que:<br />

FA = Fator Anual: correção do investimento de base conhecida, para atualização relativa à diferença entre os<br />

anos considerados. Geralmente, usa-se 5% a.a., ou seja, faz-se FA = 1,05n, onde n é o número de anos.<br />

FC = Fator Capacidade: correção para custo da unidade de processo de acordo com a escala. Este fator é igual<br />

à relação entre as capacidades consideradas, elevada a um valor entre 0,6 a 0,7, usualmente 0,66.<br />

FL = Fator Localização: correção do investimento de base conhecida (usualmente USGC – Costa do Golfo do<br />

México ou NW Europa – Noroeste Europeu), para compensar as diferenças de custos locais. Geralmente variam de<br />

1,0 a 2,0. Adotou-se 1,6.<br />

FQC = Fator Carga: corrige investimentos de base conhecida em função da qualidade de carga; só é utilizado<br />

em casos específicos. Utiliza-se 1,0.<br />

Assume-se que os investimentos em ISBL correspondem a 60% do custo total, enquanto os demais 40% correspondem<br />

aos valores OSBL.<br />

Cabe ressaltar que os investimentos em adaptações propostas pela <strong>EPE</strong> foram calculados com base em valores<br />

e fatores baseados em literatura e não consideram alguns preços internacionais de insumos que tiveram alta significativa<br />

nos últimos meses.<br />

26 Há previsão de adição de novas unidades no parque refinador da Petrobras até 2015. Elas foram consideradas neste estudo, mas o investimento<br />

relevante ocorre até 2012.<br />

27 Não nos foi fornecida uma posição detalhada sobre os investimentos em termos monetários e financeiros.<br />

28 Conforme Magalhães (2006)<br />

29 Ver Chilton, Green e Perry (1997); Mattos (2005); Meyers (2004); Perlingeiro (2005); UOP (2006).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 547<br />

Tabela 28 – Investimentos em Ampliações (<strong>EPE</strong>)<br />

Unidade FCC HCC DV<br />

Ano de operação 2013 2013 2013<br />

Capacidade projetada (b/d) 31.450 125.800 116.365<br />

Custo de referência (2007) 380 440 320<br />

Capacidade de referência (b/d) 60.000 30.000 200.000<br />

FA 1,00 1,00 1,00<br />

nº anos - - -<br />

FC 0,65 2,58 0,70<br />

Fator 0,66 0,66 0,66<br />

FL 1,6 1,6 1,6<br />

FQC 1,0 1,0 1,0<br />

ISBL 60% 460 1.319 336<br />

OSBL 40% 460 1.319 336<br />

Custo Brasil 2007 (MM US$) 1.149 3.297 839<br />

Total Geral (MM US$) 5.285<br />

2.7.2. Novas Refinarias<br />

2.7.2.1. COMPERJ<br />

Segundo a Petrobras, serão investidos na Unidade de Produção de Petroquímicos Básicos e nas demais instalações<br />

(para produção de petroquímicos de segunda geração), o total de US$ 8,4 bilhões.<br />

2.7.2.2. Refinaria Abreu e Lima – Suape / PE<br />

Segundo a Petrobras, serão investidos US$ 4,0 bilhões, dos quais a estatal brasileira participará com US$ 2,0<br />

bilhões. Caberão a seu parceiro os restantes 50%.<br />

2.7.2.3. Módulo de Produção Flexível – Flex<br />

De acordo com a metodologia típica de engenharia de processos 30 , uma refinaria grass-root de 250.000 b/d,<br />

dispondo de unidades de conversão tipo coqueamento, hidrocraqueamento e craqueamento catalítico, hidrotratamentos<br />

e demais facilidades, seria um investimento de ordem de grandeza de US$ 7,2 bilhões 31 .<br />

As Tabela 29 e 30 apresentam uma avaliação de investimentos para módulos de produção flexível, com 250 e<br />

500 mil barris pordia.<br />

30 Ver Chilton, Green e Perry (1997); Mattos (2005); Meyers (2004); Perlingeiro (2005); UOP (2006).<br />

31 O custo do HCC embute o custo das unidades de HDS (de querosene e diesel de destilação direta) e do HDT de nafta craqueada.


548<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 29 – Avaliação de Investimentos para um Módulo de Produção Flexível<br />

Módulo: 250.000 b/d<br />

Unidade DA DV UCR HCC FCC URC HDS HDT<br />

Ano de operação 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013<br />

Capacidade projetada (b/d) 250.000 163.540 81.770 82.399 42.143 18.870 69.190 40.885<br />

Custo de referência (2007) 280 280 180 250 380 50 130 210<br />

Capacidade de referência (b/d) 200.000 200.000 30.000 30.000 60.000 20.000 30.000 30.000<br />

FA 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00<br />

nº anos - - - - - - - -<br />

FC 1,16 0,88 1,94 1,95 0,79 0,96 1,74 1,23<br />

Fator 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66<br />

FL 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6<br />

FQC 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0<br />

ISBL 50% 519 392 558 779 482 77 361 412<br />

OSBL 50% 519 392 558 779 482 77 361 412<br />

Custo Brasil 2007 (MM US$) 1.038 785 1.116 1.558 963 154 722 824<br />

Total Geral (MM US$) 7.161<br />

Para uma refinaria com capacidade de 500.000 b/d, no mesmo esquema de refino, incluindo ganho de escala,<br />

o investimento total seria de US$ 9,4 bilhões, caso ela fosse implantada em uma única etapa:<br />

Tabela 30 – Avaliação de Investimentos para dois Módulos de Produção Flexível<br />

Módulo: 500.000 b/d<br />

Unidade DA DV UCR HCC FCC URC HDS HDT<br />

Ano de operação 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013<br />

Capacidade projetada (b/d) 500.000 327.080 163.540 164.798 84.286 37.740 138.380 81.770<br />

Custo de referência (2007) 280 280 180 250 380 50 130 210<br />

Capacidade de referência (b/d) 200.000 200.000 30.000 30.000 60.000 20.000 30.000 30.000<br />

FA 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00<br />

nº anos - - - - - - - -<br />

FC 1,83 1,38 3,06 3,08 1,25 1,52 2,74 1,94<br />

Fator 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66 0,66<br />

FL 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6<br />

FQC 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0<br />

ISBL 60% 820 620 882 1.231 761 122 571 651<br />

OSBL 40% 547 413 588 821 507 81 380 434<br />

Custo Brasil 2007 (MM US$) 1.367 1.033 1.470 2.052 1.268 203 951 1.085<br />

Total Geral (MM US$) 9.429


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 549<br />

É razoável supor que, para implantar a mesma refinaria em dois módulos de 250.000 b/d, haveria o gasto<br />

inicial de US$ 7,2 bilhões com o primeiro módulo e de US$2,5 bilhões com o segundo, estimando que essa adição<br />

custasse 35% a 40% do valor da primeira. O investimento total seria, portanto, de US$ 9,7 bilhões, diferença relativamente<br />

pequena em termos financeiros, mas fundamental em termos de flexibilidade empreendedora. Acreditamos<br />

que esse será o modus operandi do refinador que se dispuser a realizar a obra.<br />

2.7.2.4. Módulo de Atendimento do Mercado Interno - MMI<br />

Com esquema de refino simplificado, os custos de construção do MMI serão muito menores do que os previsíveis<br />

para o Módulo de Produção Flexível de mesma escala.<br />

Com capacidade nominal de 250.000 b/d, contando apenas com destilação atmosférica, hidrocraqueamento<br />

de resíduo atmosféricos, unidade para melhoria da qualidade de gasolina e uma hidrodessulfurização de médios, o<br />

investimento seria o exposto na Tabela 31.<br />

Tabela 31 – Avaliação de Investimentos – MMI – 250.000 b/d<br />

Unidade DA HCC URC HDS<br />

Ano de operação 2013 2013 2013 2013<br />

Capacidade projetada (b/d) 250.000 125.800 18.870 69.190<br />

Custo de referência (2007) 280 250 50 130<br />

Capacidade de referência (b/d) 200.000 30.000 20.000 30.000<br />

FA 1,00 1,00 1,00 1,00<br />

nº anos - - - -<br />

FC 1,16 2,58 0,96 1,74<br />

Fator 0,66 0,66 0,66 0,66<br />

FL 1,6 1,6 1,6 1,6<br />

FQC 1,0 1,0 1,0 1,0<br />

ISBL 50% 521 1.030 77 361<br />

OSBL 50% 521 1.030 77 361<br />

Custo Brasil 2007 (MM US$) 1.043 2.061 154 722<br />

Total Geral (MM US$) 3.979<br />

A proposta de implementar um módulo MMI e posteriormente um Módulo de Produção Flexível também<br />

deve levar em consideração um ganho de escala.<br />

Como os esquemas de refino são diferentes e a complexidade aumenta substancialmente para o Módulo de<br />

Produção Flexível, estima-se que os investimentos atinjam entre 70% a 75% deste esquema.<br />

Nestas condições, a solução proposta atingiria o valor de US$ 9,4 bilhões, sendo US$ 4 bilhões gastos no MMI<br />

e US$ 5,4 no Módulo de Produção Flexível.<br />

Desta forma, pode-se concluir que qualquer das soluções analisadas – um único Módulo de Produção Flexível<br />

de 500 mil b/d, dois Módulos de Produção Flexível de 250 mil b/d cada, ou um módulo MMI e um Módulo de Produção<br />

Flexível de 250 mil b/d cada – teria custos bastante equivalentes, todos entre US$ 9 e 10 bilhões.<br />

2.8. Cenários de Evolução do Refino<br />

Para efeito de análise, chama-se, no texto a seguir, “Configuração Provável” àquela que melhor atende às necessidades<br />

de abastecimento do País. Assim, elaborou-se uma Configuração Provável, com o objetivo principal de<br />

equilibrar o balanço produção – demanda no mercado interno, mas, com o objetivo adicional de exportar derivados,<br />

agregando valor ao petróleo nacional.


550<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

As ampliações das refinarias existentes, propostas pela Petrobras, foram assumidas como realizadas.<br />

Na análise da produção em 2013, as corridas do modelo identificavam potencialidades de ganho para melhor<br />

atender o mercado nacional, por conta de geração de escuros a partir de excesso de resíduo atmosférico e, mesmo<br />

assim, excesso de gasóleos por falta de capacidade de conversão. Assim, a proposta da <strong>EPE</strong>, detalhada no item 1.1.5,<br />

de adicionar capacidade ao parque atual em destilação a vácuo (+ 18.500 m3/d), FCC (+ 5.000 m3/d) e HCC (+ 20.000<br />

m3/d) foi também considerada a partir de 2013.<br />

A Refinaria de Suape e o COMPERJ foram incluídos a partir de 2011 e 2012, respectivamente, datas consideradas<br />

como mais prováveis no momento da colheita das informações. Assumiu-se também que estas refinarias seriam<br />

construídas em qualquer cenário de demanda.<br />

O módulo MMI de 250 mil b/d da nova refinaria foi considerado, para equilíbrio do mercado interno e o módulo<br />

MPF, para exportação, quando julgado pertinente.<br />

2.8.1. Cenário de Demanda – Trajetória Inferior<br />

A situação conturbada do cenário internacional prejudica o comércio entre blocos econômicos e aumenta a<br />

preocupação geral com a segurança do abastecimento, o que valoriza a busca de soluções domésticas para as necessidades<br />

energéticas. Além disso, a demanda internacional de derivados tem um crescimento moderado. Neste<br />

contexto, uma estratégia voltada para a exportação de derivados torna-se arriscada. Por outro lado, a trajetória inferior<br />

do PIB nacional também conduz a crescimento moderado da demanda interna. Estas considerações levam a se<br />

assumir que apenas o módulo MMI (Módulo de Atendimento ao Mercado Interno) de 250 mil b/d seria construído<br />

dentro do horizonte do Plano Decenal, mais exatamente em 2014, ficando o segundo módulo postergado para depois<br />

de 2016.<br />

2.8.1.1. Evolução do Parque Nacional de Refino<br />

Configuração Provável: Parque Atualizado (proposta da Petrobras) + Adaptações Adicionais Propostas pela<br />

<strong>EPE</strong> + Refinaria de Suape + COMPERJ + MMI em 2014.<br />

Nesta trajetória, as atualizações do parque atual de refino são realizadas de acordo com os investimentos<br />

programados pela Petrobras. A Refinaria de Suape inicia produção em 2011 e o COMPERJ em 2012. As adaptações<br />

propostas pela <strong>EPE</strong> são implantadas em 2013. O módulo MMI (Módulo de Atendimento ao Mercado Interno) entra<br />

em operação em 2014, mas o Módulo de Produção Flexível é postergado para depois de 2016.<br />

O País inicia o período como exportador líquido de derivados. No ano de 2007, a produção interna de gasolinas<br />

e escuros gera excedentes tais que, subtraídos os déficits de GLP, médios e nafta para petroquímica, obtémse<br />

exportação líquida da ordem de 2.600 m 3 /d (16.300 b/d). Em 2008, a exportação de derivados aumenta para<br />

3.800 m 3 /d (23.900 b/d). Já em 2009, o país torna-se importador devido ao aumento da demanda de gasolina e médios,<br />

tendo que adquirir cerca de 1.200 m 3 /d (7.500 b/d), mas volta a exportar nos dois anos seguintes, até atingir<br />

8.350 m 3 /d (52.500 b/d) em 2011, com a entrada em produção da Refinaria de Suape.<br />

No entanto, a demanda passa a crescer a valores acima de 3,1% ao ano a partir de 2012, reduzindo bruscamente<br />

o superávit em derivados neste ano, para voltar a exibir necessidade de importações em 2013 da ordem de<br />

7.600 m 3 /d (47.800 b/d). Tal situação indicava a necessidade de se adicionar capacidade de refino, caso contrário,<br />

a partir desta data, o País voltaria a ser forte importador de derivados. Assim, neste cenário, adiciona-se o módulo<br />

MMI em 2014, fazendo com que o balanço produção – demanda apresente quadro superavitário até 2016. O superávit<br />

de 19.600 m 3 /d (123.250 b/d), observado em 2014, tende, porém, a cair rapidamente. Em 2016, o País teria,<br />

mais uma vez, que importar derivados.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 551<br />

Tabela 32 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Inferior<br />

Balanço [m3/d]<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GLP Produção 28.267 27.628 27.801 29.780 31.863 31.797 33.641 36.478 37.681 37.933<br />

Demanda 32.854 33.830 34.716 35.567 36.402 37.280 38.217 39.175 40.160 41.154<br />

Saldo -4.588 -6.202 -6.915 -5.787 -4.539 -5.483 -4.576 -2.697 -2.479 -3.221<br />

Gasolina Produção 51.272 52.262 57.470 57.950 61.822 63.704 70.469 78.898 79.189 79.250<br />

Demanda 49.072 49.246 48.904 49.600 55.932 59.534 62.203 64.433 66.056 67.253<br />

Saldo 2.199 3.016 8.566 8.349 5.890 4.170 8.266 14.465 13.133 11.997<br />

Médios Produção 111.603 114.531 120.688 125.875 146.864 149.911 163.904 185.841 186.068 185.899<br />

Demanda 133.730 137.534 140.701 141.109 147.152 152.407 159.780 167.473 175.500 183.780<br />

Saldo -22.127 -23.002 -20.013 -15.234 -288 -2.496 4.124 18.368 10.568 2.119<br />

Escuros (1) Produção 57.135 61.122 51.794 47.919 44.318 40.594 22.007 28.432 28.028 27.603<br />

Demanda 18.656 18.450 17.837 18.261 18.701 18.103 18.562 19.031 19.982 20.151<br />

Saldo 38.479 42.672 33.958 29.658 25.617 22.491 3.445 9.401 8.046 7.452<br />

Nafta Produção 25.211 25.694 21.471 21.306 20.007 19.884 19.462 18.400 19.117 19.702<br />

Demanda 36.579 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335<br />

Saldo -11.368 -12.642 -16.864 -17.029 -18.329 -18.451 -18.873 -19.935 -19.219 -18.633<br />

Total Produção 273.486 281.237 279.224 282.830 304.874 305.890 309.483 348.049 350.083 350.387<br />

Demanda 270.891 277.395 280.493 282.872 296.522 305.660 317.097 328.447 340.033 350.674<br />

Saldo 2.595 3.842 -1.269 -42 8.352 231 -7.614 19.602 10.050 -286<br />

Configuração: Parque Atualizado + Adaptações Adicionais Propostas pela <strong>EPE</strong> + COMPERJ + Refinaria de Suape + Módulo Mercado Interno (250.000 b/d)<br />

Observação: 1. Os valores para escuros referem-se somente ao óleo combustível.


552<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 3 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Inferior<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

m³/d<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2006<br />

-5.000<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

-10.000<br />

Seguem-se alguns destaques interessantes:<br />

• O GLP permanece deficitário durante todo o período, apesar do aumento de sua produção nas UPGNs. Com<br />

a entrada em operação das novas instalações consideradas nesta trajetória, surge uma tendência de equilíbrio do<br />

balanço de GLP, no final do período em estudo;<br />

• Os grandes excedentes de gasolina, de até 14.500 m 3 /d (91.000 b/d) em 2014, associados aos excedentes de<br />

médios, que atingem 18.400 m 3 /d (116.000 b/d), também em 2014, podem trazer algumas dificuldades para a exportação,<br />

por conta de possíveis gargalos na infra-estrutura de movimentação, assim como da qualidade exigida do<br />

produto nos grandes mercados consumidores;<br />

• Os déficits de médios desaparecem em 2013, ocorrendo, a partir daí, superávits que atingem seu pico em<br />

2014. Tais superávits, porém, caem rapidamente, atingindo, em 2016, apenas 2.100 m 3 /d (13.200 b/d). Isto sugere<br />

um retorno à situação de déficit após o horizonte do estudo, caso não haja outra expansão do parque após 2016;<br />

• A nafta petroquímica é sempre deficitária, mas a quantidade importada praticamente se estabiliza a partir<br />

de 2009;<br />

• Mesmo com as ampliações e adições de capacidade consideradas no estudo, é necessário exportar escuros<br />

em grande escala até 2012. Em 2013, com a adição das unidades de processo sugeridas pela <strong>EPE</strong> e em 2014 com a<br />

entrada em operação do módulo MMI, o superávit de escuros continua existindo, mas mostra tendência de queda<br />

e o seu valor absoluto é relativamente baixo, chegando a não mais que 7.400 m 3 /d (46.500 b/d) em 2016, sugerindo<br />

que ainda haveria espaço para buscar aumento de capacidade nas unidades de conversão de resíduos.<br />

2.8.1.2. Balanço Nacional do Petróleo<br />

O País é exportador de petróleo durante todo o período, atingindo patamar próximo de 500.000 b/d<br />

(80.000 m 3 /d) em 2010. A situação exportadora permanece aproximadamente estável até 2012, mas sobe novamente<br />

em 2013, quando atinge o pico de 691.000 b/d. Porém, como não se adiciona refino após 2014, os excedentes de<br />

óleo cru seguem num patamar de 670.000 b/d até 2016.<br />

Deve-se ressaltar o fato de que, nas simulações, considerou-se a Refinaria de Suape com processamento de<br />

100% de petróleo nacional. Isto significa que poderá haver acréscimo de 100.000 b/d no excedente de crus brasileiros,<br />

caso esta refinaria opere com carga de 50% de petróleo importado.<br />

Sob o ponto de vista de se aumentar o valor agregado das exportações, seria razoável pensar na implantação,<br />

não só do Módulo de Produção Flexível de 250.000 b/d, mas de outras refinarias, ainda dentro do horizonte do<br />

Plano Decenal. Conforme já observado, porém, o contexto internacional recomenda prudência e postergação de<br />

planos mais ambiciosos, quer para a exportação de derivados, quer para a produção de petróleo.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 553<br />

Tabela 33 – Balanço de Petróleo – Trajetória Inferior<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção (m3/d) 286.586 307.004 335.161 360.230 388.876 412.503 440.173 466.062 470.249 463.952<br />

Processamento 272.918 281.259 282.093 282.093 308.614 330.173 330.173 363.325 363.325 363.325<br />

Excedente de<br />

Petróleo (m3/d)<br />

Excedente de<br />

Petróleo (b/d)<br />

13.668 25.745 53.068 78.137 80.262 82.330 110.000 102.737 106.924 100.627<br />

85.975 161.939 333.800 491.484 504.847 517.853 691.898 646.214 672.551 632.943<br />

800<br />

Gráfico 4 – Balanço (Oferta - Consumo) Nacional de Petróleo – Trajetória Inferior<br />

700<br />

600<br />

500<br />

1.000 b/d<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

2.8.1.3. Investimentos Necessários<br />

Considerando-se o esquema de expansão proposto para esta trajetória, ter-se-á o seguinte conjunto de investimentos<br />

a realizar:<br />

Adaptações propostas pela Petrobras<br />

Adaptações propostas pela <strong>EPE</strong><br />

Refinaria de Suape<br />

Módulo MMI de 250 mil b/d<br />

Total:<br />

US$ 13,6 bilhões<br />

US$ 2,4 bilhões<br />

US$ 4,0 bilhões<br />

US$ 4,0 bilhões<br />

US$ 24,0 bilhões<br />

Note-se que os investimentos no COMPERJ (US$ 8,4 bilhões na Unidade de Produção de Petroquímicos Básicos)<br />

não foram considerados, porque serão computados no conjunto de investimentos em Petroquímica, já que sua<br />

contribuição para a produção de derivados combustíveis será irrelevante.<br />

Os investimentos em adaptações propostas pela <strong>EPE</strong>, conforme item 1.1.7 deste relatório, foram calculados<br />

com base em metodologia e seus fatores baseados em literatura e não estão considerando alguns preços internacionais<br />

de insumos que tiveram alta significativa nos últimos meses.


554<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.8.2. Cenário de Demanda – Trajetória Superior<br />

Nesta trajetória, a demanda interna de derivados é mais elevada, o que leva à importação líquida em alguns<br />

anos. Esta situação, aliada aos expressivos excedentes de petróleo, levou-nos a assumir que, neste caso, além do<br />

módulo MMI de 250.000 b/d, implantado em 2014, seria cabível supor a construção, ainda dentro do horizonte do<br />

Plano Decenal, de um segundo módulo de 250.000 b/d, do tipo Módulo de Produção Flexível. Assim, na análise a<br />

seguir, considera-se que este último entraria em operação em 2015.<br />

2.8.2.1. Evolução do Parque Nacional de Refino<br />

Configuração Provável: Parque Atualizado (proposta da Petrobras) + Adaptações Adicionais Propostas pela<br />

<strong>EPE</strong> + Refinaria de Suape + COMPERJ + MMI em 2014 + Módulo de Produção Flexível em 2015.<br />

Nesta trajetória, as atualizações do parque atual de refino são realizadas anualmente, de acordo com os investimentos<br />

programados pela Petrobras. A Refinaria de Suape inicia produção em 2011 e o COMPERJ em 2012. As<br />

adaptações propostas pela <strong>EPE</strong> são implementadas em 2013. Os dois módulos (MMI e Flex) de 250 mil b/d iniciam<br />

operação em 2014 e 2015, respectivamente.<br />

Até 2013, o balanço produção / demanda permanece negativo em GLP, médios e nafta. O País é exportador<br />

líquido de derivados, em pequenas quantidades, em 2007 e 2008; torna-se importador em 2009 e assim permanece<br />

até 2013. Em 2010, as importações alcançariam 6.500 m 3 /d (40.900 b/d). Com o início de operação da Refinaria de<br />

Suape em 2011, o volume líquido de derivados importados cairia para cerca de 300 m 3 /d (1.900 b/d), mas, já em<br />

2012, mesmo com a entrada do COMPERJ, reapareceria um déficit da ordem de 10.176 m 3 /d (64.000 b/d).<br />

Em 2013, com as ampliações no parque atual propostas pela <strong>EPE</strong>, chega-se a um equilíbrio pontual em derivados<br />

escuros. Nesse mesmo ano, porém, o déficit líquido total de derivados chega a 20.000 m 3 /d (125.800 b/d),<br />

tendendo a aumentar rapidamente.<br />

Assim, em 2014, torna-se necessário adicionar nova capacidade de refino e o estudo indica que o MMI (Módulo<br />

de Atendimento ao Mercado Interno) deve iniciar operação neste ano, causando um excedente líquido de 5.100<br />

m 3 /d (32.000 b/d) em derivados.<br />

Entretanto, a trajetória de alto crescimento da demanda interna indicava que, em 2015, deveria surgir um<br />

novo déficit de derivados médios. Este fato, aliado aos excedentes de petróleo nacional, sugeriu a implantação, ainda<br />

neste ano, do Módulo de Produção Flexível de 250 mil b/d.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 555<br />

Tabela 34 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Superior (m 3 /d)<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GLP Produção 28.267 27.628 27.801 29.780 31.863 31.797 33.641 36.478 40.679 40.931<br />

Demanda 33.128 34.272 35.313 36.336 37.354 38.410 39.535 40.690 41.883 43.094<br />

Saldo -4.861 -6.644 -7.512 -6.556 -5.491 -6.613 -5.894 -4.212 -1.204 -2.163<br />

GASOLINA Produção 51.272 52.262 57.470 57.950 61.822 63.704 70.469 78.898 89.135 89.196<br />

Demanda 49.064 49.331 48.962 50.079 56.743 60.730 63.828 66.523 68.646 70.358<br />

Saldo 2.208 2.931 8.508 7.870 5.078 2.974 6.641 12.375 20.488 18.837<br />

MÉDIOS Produção 111.603 114.531 120.688 125.875 146.864 149.911 163.904 185.841 205.761 205.591<br />

Demanda 134.808 139.787 144.228 145.840 153.352 159.721 168.325 177.342 186.793 196.579<br />

Saldo -23.205 -25.256 -23.540 -19.965 -6.488 -9.811 -4.421 8.499 18.967 9.012<br />

ESCUROS<br />

(1)<br />

Produção 57.135 61.122 51.794 47.919 44.318 40.594 22.007 28.432 28.028 27.603<br />

Demanda 18.781 18.706 18.221 18.787 19.378 18.870 19.441 20.030 21.135 21.408<br />

Saldo 38.354 42.417 33.573 29.132 24.940 21.725 2.566 8.402 6.893 6.195<br />

NAFTA Produção 25.211 25.694 21.471 21.306 20.007 19.884 19.462 18.400 19.117 19.702<br />

Demanda 36.579 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335<br />

Saldo -11.368 -12.642 -16.864 -17.029 -18.329 -18.451 -18.873 -19.935 -19.219 -18.633<br />

TOTAL Produção 273.487 281.237 279.224 282.830 304.874 305.890 309.483 348.049 382.720 383.023<br />

Demanda 272.359 280.432 285.060 289.377 305.162 316.066 329.465 342.920 356.793 369.774<br />

Saldo 1.128 806 -5.835 -6.548 -290 -10.176 -19.981 5.129 25.925 13.248<br />

Configuração: Parque Atualizado + Adaptações Adicionais Propostas pela <strong>EPE</strong> +COMPERJ + Refinaria de Suape + Módulo Mercado<br />

Interno (250.000 b/d) + Módulo de Produção Flexível (250.000 b/d)<br />

Observação: 1. Os valores para escuros referem-se somente ao óleo combustível.<br />

Gráfico 5 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Superior<br />

30.000<br />

20.000<br />

10.000<br />

m³/d<br />

0<br />

2006<br />

-10.000<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

-20.000<br />

-30.000<br />

Ano


556<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Seguem-se alguns destaques interessantes:<br />

• Também nesta trajetória, o GLP permanece deficitário, apresentando tendência de equilíbrio somente nos<br />

dois últimos anos do estudo;<br />

• Em 2015, os grandes excedentes de gasolina, de aproximadamente 20.500 m 3 /d (129.000 b/d), associados<br />

aos excedentes de médios, que atingem praticamente 19.000 m 3 /d (120.000 b/d), também no mesmo ano, podem<br />

trazer dificuldades para sua exportação, por conta do aumento dos volumes a serem comercializados e de possíveis<br />

gargalos na infra-estrutura de movimentação;<br />

• O déficit de médios desaparece a partir de 2014 e, em todo o período analisado, nunca chega a superar os<br />

18,0% (em 2008) da demanda interna. Em 2016, o superávit é de 4,6% da demanda.<br />

• A nafta é sempre deficitária, mas a quantidade importada a partir de 2011 mantém-se praticamente no entorno<br />

de 50% da demanda;<br />

• Em 2013, a exportação de derivados escuros é reduzida a uma quantidade mínima (2.500 m 3 /d ou 15.700<br />

b/d), em função da proposta de alteração no perfil do refino sugerida no estudo. A partir de 2014, ocorrem exportações<br />

de derivados escuros, porém em quantidades bem menores que as observadas anteriormente a 2013.<br />

2.8.2.2. Balanço do Petróleo Nacional<br />

Até 2014, os excedentes de petróleo são iguais aos da trajetória anterior, já que a capacidade instalada é a<br />

mesma e, para todos os cenários, conforme comentado anteriormente, só existe uma perspectiva de produção de<br />

petróleo. A situação exportadora recua abaixo de 500.000 b/d em 2015, em função da adição do Módulo de Produção<br />

Flexível de 250.000 b/d.<br />

Nesta trajetória, o excedente de petróleo abriria espaço para a adição de mais refino, se a proposta econômica<br />

escolhida fosse exclusivamente a de agregar o máximo de valor para exportação. Desta forma, além dos investimentos<br />

propostos na configuração provável, seria possível imaginar uma outra refinaria do tipo Módulo de Produção<br />

Flexível, iniciando operação ainda no horizonte do estudo. Para decidir o tamanho desta outra refinaria, porém, seria<br />

necessário considerar o que já existe de refino da Petrobras no exterior, dedicado ao petróleo nacional (Refinaria<br />

em Pasadena, TX, EUA).<br />

Contudo, as incertezas com relação aos efetivos recursos brasileiros de petróleo (pós 2016), assim como à<br />

futura demanda externa por derivados, tornam conveniente comportamento prudente em relação a investimentos<br />

voltados exclusivamente para exportação.<br />

Além disso, sempre existirá a possibilidade, seja por meio de aquisição pela Petrobras, seja por meio de parcerias<br />

e contratos de longo prazo, de se adequar outras refinarias no exterior para o processamento de petróleo nacional,<br />

estratégia que poderia entrar em choque com a implantação de outras refinarias no Brasil.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 557<br />

Tabela 35 – Balanço de Petróleo – Trajetória Superior<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção (m3/d) 286.586 307.004 335.161 360.230 388.876 412.503 440.173 466.062 470.249 463.952<br />

Processamento 272.918 281.259 282.093 282.093 308.614 330.173 330.173 363.325 396.477 396.477<br />

Excedente de<br />

Petróleo (m3/d)<br />

Excedente de<br />

Petróleo (b/d)<br />

13.668 25.745 53.068 78.137 80.262 82.330 110.000 102.737 73.772 67.475<br />

85.975 161.939 333.800 491.484 504.847 517.853 691.898 646.214 464.026 424.418<br />

Gráfico 6 – Balanço (Oferta - Consumo) Nacional de Petróleo – Trajetória Superior<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

1.000 b/d<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

2.8.2.3. Investimentos Necessários<br />

Considerando-se o esquema de expansão proposto para esta trajetória, ter-se-á o seguinte conjunto de investimentos<br />

a realizar:<br />

Adaptações propostas pela Petrobras<br />

US$ 13,6 bilhões<br />

Adaptações propostas pela <strong>EPE</strong><br />

US$ 2,4 bilhões<br />

Refinaria de Suape<br />

US$ 4,0 bilhões<br />

Módulo MMI de 250 mil b/d<br />

US$ 4,0 bilhões<br />

Módulo de Produção Flexível de 250 mil b/d<br />

US$ 5,4 bilhões<br />

Total:<br />

US$ 29,4 bilhões<br />

Note-se que os investimentos no COMPERJ (US$ 8,4 bilhões na Unidade de Produção de Petroquímicos Básicos)<br />

não foram considerados, porque serão computados no conjunto de investimentos em Petroquímica, já que sua<br />

contribuição para a produção de derivados combustíveis será irrelevante.


558<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.9. Refino – Considerações Finais<br />

Tanto num cenário de crescimento econômico moderado, quanto num de rápido crescimento, há necessidade<br />

de instalação de novas refinarias para o abastecimento nacional. É necessário, porém, discutir e aprofundar a análise<br />

para apoio à decisão sobre a questão do porte e da data de implantação dos empreendimentos.<br />

Esta necessidade mostra que, após o ano de 2013, pede-se adição de capacidade de pelo menos 250.000 b/d<br />

(40.000 m 3 /d), com perfil de refino voltado para o atendimento do mercado interno (MMI), além da Refinaria de Suape<br />

e COMPERJ. A Trajetória Superior chega aos 500.000 b/d (80.000 m 3 /d) e, neste caso, um módulo de 250 mil b/d<br />

do tipo Módulo de Produção Flexível, de configuração sofisticada, seria recomendável.<br />

Crescimentos diferenciados regionalmente podem demandar a divisão desses valores (capacidades a construir),<br />

mas a questão de agregação de valor às exportações deverá ser o fator que definirá qual instalação será feita,<br />

bem como sua vocação: para exportar ou para abastecer internamente.<br />

No entanto, mesmo na trajetória otimista, em que o mercado cresce a taxas elevadas, permanece um excedente<br />

considerável de cru brasileiro, acima de 400.000 b/d. Considerando que a estratégia de agregação de valor<br />

inclua a refinaria de Pasadena, no Texas, ainda assim o excedente será próximo de 300.000 b/d em 2016.<br />

Em termos de complexidade, as novas instalações devem agregar capacidade de conversão de escuros em<br />

produtos nobres, quer para o parque atual, quer para as novas refinarias.<br />

Assim, é adequado que o processo de hidrocraqueamento seja introduzido nas refinarias nacionais, de forma<br />

a flexibilizar o perfil de produção de derivados. Para refinarias exportadoras, esta concepção pode ser vislumbrada<br />

quase que como mandatória, dadas as sazonalidades intensas dos mercados externos.<br />

Observa-se, pela simulação do parque nacional instalado, já incorporadas as fortes adições de unidades de<br />

conversão pensadas pela Petrobras e as inserções estudadas pela <strong>EPE</strong>, que a produção de óleos combustíveis é reduzida<br />

substancialmente, em cerca de 50%.<br />

A vantagem adicional desta rota com HCC, diferentemente de se incorporar mais unidades com processo de<br />

craqueamento térmico (coqueamento retardado + craqueamento catalítico), é que não se gera maior quantidade<br />

de coque verde de petróleo, cujo mercado de aplicação com maior valor agregado tem limites. Também não há<br />

necessidade de investimento em outras unidades de hidrorrefino para acerto da qualidade das correntes de leves<br />

e médios instáveis, geradas nos processos térmicos. A desvantagem fica por conta do investimento mais alto que<br />

deverá ser feito, mas numa só unidade.<br />

Finalizando, os resultados indicam ser interessante o País investir em nova refinaria, com início de operação<br />

desse empreendimento acontecendo em meados da próxima década. O porte desta planta e seu ano de início de<br />

operação dependerão do ritmo de crescimento da demanda e das estratégias nacionais de abastecimento.<br />

3. Expansão das Centrais Petroquímicas<br />

3.1. Introdução<br />

Este capítulo trata da expansão prevista para os próximos dez anos das centrais petroquímicas instaladas no<br />

país, no que se refere à capacidade de produção de petroquímicos básicos, quais sejam: eteno, propeno, benzeno e<br />

butadieno.<br />

O estudo de expansão das centrais foi realizado com base em documento elaborado pela ABIQUIM (Associação<br />

Brasileira da Indústria Química), intitulado “Demanda de Matérias-Primas Petroquímicas e Provável Origem<br />

– 2005 a 2015”, concluído em maio de 2006, além de informações recebidas diretamente dos diversos agentes do<br />

setor. No caso do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj, serão utilizadas informações recentes divulgadas<br />

pela Petrobras 32 .<br />

Inicialmente, será apresentado um panorama da situação atual das centrais petroquímicas, seguido do plano<br />

de expansão das mesmas.<br />

32 Painel Petroquímico: “Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj”, Rio Oil & Gás 2006, Rio de Janeiro.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 559<br />

3.2. Panorama Atual das Centrais Petroquímicas<br />

O setor petroquímico brasileiro encontra-se distribuído em quatro pólos: São Paulo; Bahia; Rio Grande do Sul e<br />

Rio de Janeiro. São eles:<br />

3.2.1. Petroquímica União - PQU<br />

A Petroquímica União – PQU – está localizada na Grande São Paulo, nos municípios de Santo André e Mauá,<br />

ocupando uma área de 900 mil m2. Privatizada em 1994, a PQU é uma empresa de capital aberto, que tem seu<br />

controle acionário distribuído entre os grupos: UNIPAR (37,2%), PETROQUISA (17,4%), Dow Brasil (13%), Polibrasil<br />

(6,8%), SEP – Empregados (6,7%), Oxiteno (1,9%) e CBE (1,9%). O restante das ações (15,1%) pertence a outros grupos<br />

(PQU, 2006).<br />

Por sua localização, tornou-se a central produtora de matérias-primas para o setor petroquímico de São Paulo.<br />

Sua proximidade das principais refinarias do país permite que o abastecimento de matéria-prima (nafta) seja feito<br />

por meio de dutos, diretamente das refinarias paulistas: REPLAN (Paulínia), RPBC (Cubatão), RECAP (Capuava) e RE-<br />

VAP (São José dos Campos), e, quando necessário, dos terminais: TEBAR (São Sebastião) e SEBAT (Cubatão). Uma vez<br />

que a PQU não dispõe de terminal próprio de importação de nafta, todo o fornecimento desta matéria-prima é feito<br />

pela Petrobras (PQU, 2006).<br />

Atualmente, a PQU produz 1.500.000 t/ano de produtos petroquímicos, das quais 500.000 toneladas são de<br />

eteno, 250.000 de propeno, 200.000 de benzeno e 80.000 de butadieno.<br />

3.2.2. Braskem<br />

A Braskem está organizada em quatro Unidades de Negócios: Insumos Básicos, Poliolefinas, Vinílicos e Desenvolvimento<br />

de Negócios, que estão localizadas nos estados da Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul e Alagoas. O<br />

acionista controlador da Braskem é o Grupo Odebrecht, que detém 49,6% das ações, seguido por Norquisa (25%) e<br />

Petroquisa (9,8%). As demais ações (15,6%) são “free float” (Braskem, 2006).<br />

A unidade de insumos básicos está localizada em Camaçari (BA) e é responsável pela produção das matériasprimas<br />

do Pólo Petroquímico do Nordeste. Possui uma produção de 1.280.000 t/ano de eteno, 537.000 t/ano de propeno,<br />

427.000 t/ano de benzeno e 175.000 t/ano de butadieno.<br />

Com relação à matéria-prima para petroquímica, a Braskem adquire da Petrobras cerca de 70% da nafta que<br />

consome, sendo o restante proveniente de importações, sobretudo da África e da América do Sul.<br />

3.2.3. Companhia Petroquímica do Sul - COPESUL<br />

A COPESUL é a central de matérias-primas do Pólo Petroquímico do Sul, localizado no município de Triunfo<br />

(RS). Desde a sua privatização, em 1992, três grupos empresariais detêm o controle acionário da COPESUL: Braskem<br />

S.A. e controladas (29,46%), Ipiranga Petroquímica S.A. (29,46%) e PETROQUISA (15,63%). O restante das ações<br />

(25,45%) é controlado por outros grupos (Copesul, 2006).<br />

O principal produto processado pela empresa é a nafta, fornecida exclusivamente pela refinaria REFAP (Canoas<br />

- RS). O transporte da matéria-prima é feito por dutos subterrâneos até o Pólo Petroquímico do Sul. Como a REFAP<br />

não possui capacidade de produção suficiente, uma parte da nafta chega ao Estado pelo terminal marítimo da<br />

Petrobras (TEDUT), no Litoral Norte do estado. O parque de tancagem da COPESUL junto à Petrobras, no município<br />

de Osório, tem capacidade para 170 mil metros cúbicos e garante a manutenção de estoques estratégicos. A transferência<br />

da nafta até a REFAP também ocorre por dutos subterrâneos (Copesul, 2006).<br />

Com uma produção de 2,1 milhões de toneladas/ano de petroquímicos básicos, a COPESUL ofertou em 2005<br />

cerca de 39% do eteno consumido no Brasil (1.135.000 toneladas/ano). Além do eteno, seu principal produto, a empresa<br />

produz propeno (581.000 toneladas/ano), benzeno (265.000 toneladas/ano) e butadieno (105.000 toneladas/<br />

ano), entre outros.<br />

Uma vantagem comparativa da empresa em relação às demais centrais petroquímicas é sua flexibilidade no<br />

processamento de diferentes cargas, o que lhe permite utilizar maiores quantidades de condensado (matéria-prima<br />

mais barata e disponível no mercado internacional), em vez da nafta.


560<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

3.2.4. Rio Polímeros S.A. – RIOPOL<br />

A RIOPOL localiza-se próximo à REDUC (Duque de Caxias), no distrito de Campos Elíseos, município de Duque<br />

de Caxias (RJ). O controle acionário da Riopol é dividido entre os grupos privados nacionais UNIPAR (33,3%) e Suzano<br />

Petroquímica (33,3%), além das estatais PETROQUISA (16,7%) e da BNDESPAR (16,7%) (Riopol, 2006).<br />

A Riopol integra a primeira e a segunda gerações petroquímicas, resultando daí uma maior competitividade<br />

operacional. A matéria-prima utilizada é composta por frações de etano e propano do gás natural proveniente da<br />

Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro, e separados em unidades em Campos e na REDUC. Essas frações<br />

podem ser utilizadas em substituição à nafta, pois são competitivas para a geração de eteno, devido à sua maior<br />

eficiência de conversão. No entanto, com a utilização do gás natural como matéria-prima, não há produção de aromáticos<br />

e outros subprodutos, tais como solventes e gasolina de alta octanagem (Riopol, 2006).<br />

A RIOPOL iniciou suas operações em 2006 e sua produção atual é de aproximadamente 520.000 toneladas/<br />

ano de eteno (que será totalmente consumido internamente no processo de produção de polietileno) e 75.000 toneladas/ano<br />

de propeno, entre outros, que são fornecidos para a POLIBRASIL e REDUC.<br />

3.2.5. Petrobras<br />

Além das quatro centrais petroquímicas, a Petrobras também oferece produtos básicos para o setor petroquímico,<br />

produzidos diretamente em suas refinarias. Sua produção atual é de 455.000 toneladas/ano de propeno e<br />

30.000 toneladas/ano de benzeno.<br />

3.3. Expansão das Centrais Petroquímicas<br />

Vários fatores têm influído para que os principais agentes petroquímicos do país venham assumindo uma posição<br />

de cautela com relação a planos de expansão do setor:<br />

Incerteza com relação ao crescimento econômico do País e, conseqüentemente, do mercado interno de produtos<br />

petroquímicos;<br />

Incerteza com relação à disponibilidade de matéria-prima para as centrais petroquímicas;<br />

Decisão de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), em Itaboraí, no Estado do<br />

Rio de Janeiro.<br />

O primeiro fator tem importância fundamental para o setor petroquímico, na medida em que, em todo o<br />

mundo, o mercado de produtos petroquímicos é especialmente sensível ao crescimento econômico, sendo um dos<br />

primeiros a acompanhar o ciclo de expansão de uma região ou país, como também um dos primeiros a acompanhar<br />

os ciclos recessivos. Assim, a indefinição atual com relação ao ritmo de crescimento do País tende a inibir os planos<br />

de expansão do setor.<br />

O segundo fator – incerteza com relação à disponibilidade de matéria-prima – resulta, por sua vez, de vários<br />

fatores em paralelo:<br />

A produção de nafta, a tradicional matéria-prima para a petroquímica brasileira, sempre foi deficitária no Brasil,<br />

na medida em que concorre com a produção de diesel, também deficitário e considerado um produto essencial<br />

para o desenvolvimento do País, em função de sua importância para o transporte de carga. A perspectiva, neste<br />

caso, é de que a importação de nafta tenda a aumentar nos próximos dez anos ou, no melhor dos casos, permanecer<br />

nos níveis atuais, desestimulando assim os planos de expansão que dependam da nafta como matéria-prima;<br />

O condensado, outra matéria-prima que pode ser usada na indústria petroquímica, não é comercializado no<br />

Brasil, na medida em que toda a produção nacional é misturada ao petróleo e processada em refinarias. Desta forma,<br />

expansões baseadas na importação de condensado também não oferecem segurança ao setor;<br />

O gás natural, até poucos anos atrás visto como a melhor solução como matéria-prima para a expansão da<br />

petroquímica no País, teve que ser descartado, pelo menos pelos próximos anos, dado que, na maioria dos campos<br />

brasileiros atualmente conhecidos, o baixo teor de etano do gás produzido torna-o inadequado para o desenvolvimento<br />

de projetos petroquímicos.<br />

Resta, como possibilidade, o uso de gases de refinarias para a produção de eteno, o que, como será visto, consta<br />

dos planos de expansão da PQU.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 561<br />

Finalmente, a recente decisão da Petrobras e do Grupo Ultra de construir em parceria o Complexo Petroquímico<br />

do Rio de Janeiro (COMPERJ), em Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro, embora de extrema importância para o<br />

crescimento do setor petroquímico no País, teve certamente grande peso na postergação de outros possíveis projetos<br />

de expansão, na medida em que provocará um aumento considerável na oferta de petroquímicos básicos.<br />

Apesar dos fatores destacados, existe a previsão de expansão de algumas centrais petroquímicas, como veremos<br />

a seguir.<br />

3.3.1. Expansão da PQU<br />

A Petroquímica União - PQU terá uma expansão de sua produção de eteno, em 2008, de 200.000 t/ano – passando<br />

das atuais 500.000 para 700.000 t/ano - num investimento estimado em R$ 840 milhões (US$ 385 milhões) 33 .<br />

Esta ampliação de capacidade será feita de duas maneiras: 130.000 t/ano serão oriundas do gás de duas refinarias<br />

no Estado de São Paulo (REVAP e RECAP) e 70.000 t/ano serão geradas a partir da nafta ou de outra carga líquida<br />

(PQU, 2006).<br />

Considera-se ainda, para um futuro projeto de expansão adicional, a possibilidade de utilização de gases das<br />

demais refinarias de São Paulo. Em 2010, a central pretende chegar à oferta de 1.100.000 t/ano de eteno. Na falta de<br />

valores previstos pela empresa, estimou-se que o investimento necessário para esta outra expansão, de 400.000 t/<br />

ano de eteno, seja o dobro do planejado para o ano de 2008, o que corresponderia a um montante de R$ 1,68 bilhão<br />

(US$ 770 milhões).<br />

3.3.2. Expansão da Braskem<br />

A Braskem terá um aumento de 5,5% em sua produção em 2008, por meio de desengargalamentos e melhorias,<br />

passando, dos atuais 1.280.000 t/ano, para 1.350.000 t/ano de eteno. O investimento necessário para esta<br />

expansão não foi informado. Outras possíveis expansões da capacidade de produção de eteno da empresa no país<br />

também não foram confirmadas. Para os demais petroquímicos básicos (propeno, benzeno e butadieno), não há<br />

previsão de aumento de capacidade. Os demais investimentos da Braskem estão voltados para a segunda geração<br />

petroquímica.<br />

3.3.3. Expansão da COPESUL<br />

A central fará um aumento considerável em sua oferta de butadieno, que passará de 105.000 t/ano para<br />

205.000 t/ano em 2007. Para realizar a expansão, a empresa estima investir US$ 70 milhões. Quanto à capacidade<br />

instalada de eteno, não há qualquer previsão de ampliação até o momento.<br />

3.3.4. Expansão da Riopol<br />

Assim como no caso da Braskem, a Riopol efetuará melhorias e desengargalamentos para aumentar sua oferta<br />

de eteno, que passará, dos atuais 520.000 t/ano, para 620.000 t/ano a partir de 2010. Estima-se que o investimento<br />

necessário para tal expansão seja de, aproximadamente, 10 % do investimento inicial para produção de eteno e<br />

propeno da Riopol, orçado em US$ 1,08 bilhão, ou seja, projeta-se um investimento da ordem de US$ 108 milhões a<br />

partir de 2010.<br />

3.3.5. Implantação do COMPERJ<br />

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ – será instalado nos municípios de Itaboraí e São<br />

Gonçalo, e consiste de uma parceria entre PETROBRAS, Grupo ULTRA e BNDES. A previsão de início das atividades<br />

do complexo petroquímico é 2012 e o mesmo será composto por uma Unidade de Produção de Petroquímicos Básicos<br />

– UPB, uma Unidade de Petroquímicas Associadas – UPAs e uma Central de Utilidades – UTIL.<br />

33 Considerando dólar médio de US$2,18 (janeiro a setembro de 2006) (IPEA, 2006).


562<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

A UPB, ou Refinaria Petroquímica, processará diariamente 150 mil barris de petróleo nacional (Marlim), produzindo<br />

petroquímicos básicos como: eteno (1,3 milhão de toneladas/ano), propeno (881 mil toneladas/ano), benzeno<br />

(608 mil toneladas/ano) e butadieno (157 mil toneladas/ano) (Petrobras, 2006).<br />

As UPAs, que utilizarão como matéria-prima a produção da UPB, serão responsáveis pela produção de petroquímicos<br />

de segunda geração: polietilenos, polipropilenos, etilenoglicol e estireno.<br />

As utilidades necessárias para a operação do complexo petroquímico, como, por exemplo, água, vapor e energia<br />

elétrica, serão fornecidos pela Central de Utilidades.<br />

O investimento previsto para a implantação do Complexo é de aproximadamente US$ 8,3 bilhões, sendo<br />

US$ 5,2 bilhões somente para a Refinaria Petroquímica (UPB) (Petrobras, 2006).<br />

As principais vantagens do complexo petroquímico são:<br />

Utilização de matéria-prima nacional (petróleo pesado), diminuindo a necessidade de importação de cargas<br />

líquidas para o setor petroquímico, e aumentando o valor agregado do petróleo;<br />

Aumento de competitividade, devido à integração do complexo (primeira e segunda geração), facilitando a<br />

logística.<br />

3.3.6. Expansão da Produção da Petrobras<br />

A Petrobras está investindo em unidades de separação de propeno, para produzir propeno grau polímero<br />

a partir de GLP. São quatro as refinarias que passarão a produzir propeno grau polímero: Refinaria de Paulínia<br />

(REPLAN), Refinaria Henrique Lage (REVAP), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Refinaria Gabriel Passos<br />

(REGAP).<br />

A oferta de propeno passará de 455 mil toneladas para 1.020 mil toneladas/ano em 2008 (REVAP, REPLAM e<br />

REPAR) e 1.120 mil a partir de 2009 (REGAP). O investimento previsto será de US$ 480 milhões (Petrobras, 2006).<br />

3.3.7. Outros Projetos<br />

A Braskem anunciou, em 17 de abril de 2006, a assinatura de um acordo em parceria com a Pequiven, para<br />

implementação, na Venezuela, do complexo Petroquímico – Projeto “Jose”, para a produção de mais de 1,2 milhão<br />

de toneladas de eteno, a partir de gás natural, além de polietileno e outros produtos de segunda geração. O investimento<br />

total do pólo está estimado entre US$ 1,5 e US$ 2,5 bilhões (Braskem, 2006).<br />

Além dessa iniciativa, a Braskem e a Pequiven prosseguem com o projeto, já em andamento, para a instalação<br />

de uma nova planta de Polipropileno (PP) na Venezuela, no Complexo de “El Tablazo”, com capacidade anual de 400<br />

mil toneladas e investimentos estimados de cerca de US$ 370 milhões (Braskem, 2006).<br />

Finalmente, existe também o plano de criação, numa parceria entre Petrobras e Braskem, de um pólo gásquímico<br />

na Bolívia a partir do gás natural, mas os estudos estão temporariamente suspensos em função dos acontecimentos<br />

políticos que vêm ocorrendo neste país. A Petrobras estimava produzir neste pólo 525 mil toneladas de<br />

eteno, a partir de 2012, com um investimento de US$ 1,5 milhão.<br />

3.3.8. Expansão Consolidada da Petroquímica<br />

De acordo com as projeções de expansão do setor petroquímico, a capacidade total instalada para produção<br />

de eteno, propeno, benzeno e butadieno aumentará 93% até 2016, passando de 6.020 mil t/ano em 2005 para<br />

11.621 mil t/ano em 2016.<br />

Vale esclarecer que, nas tabelas a seguir, considerou-se, para o ano de 2016, os mesmos valores projetados<br />

para o ano de 2015.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 563<br />

Tabela 36 – Projeção da Capacidade de Produção de Eteno, Propeno,<br />

Benzeno e Butadieno (mil t/ano), 2005/2016<br />

Eteno Propeno Benzeno Butadieno Total<br />

2005 2.915 1.823 922 360 6.020<br />

2006 3.435 1.898 922 360 6.615<br />

2007 3.435 1.898 922 460 6.715<br />

2008 3.705 2.463 922 460 7.550<br />

2009 3.705 2.563 922 460 7.650<br />

2010 4.205 2.563 922 460 8.150<br />

2011 4.205 2.563 922 460 8.150<br />

2012 6.030 3.444 1.530 617 11.621<br />

2013 6.030 3.444 1.530 617 11.621<br />

2014 6.030 3.444 1.530 617 11.621<br />

2015 6.030 3.444 1.530 617 11.621<br />

2016 6.030 3.444 1.530 617 11.621<br />

Fonte: ABIQUIM (2006) e Petrobras (2006).<br />

A produção de eteno aumentará dos atuais 2.915 mil t/ano, para 6.030 mil t/ano em 2016, sendo este incremento<br />

alavancado pelas expansões da PQU, Riopol e, sobretudo, pela entrada do Comperj em 2012, com<br />

1.300 mil t/ano. No mesmo período, a oferta de propeno crescerá de 1.823 mil t/ano para 3.444 mil t/ano, sendo este aumento<br />

proveniente das expansões da Petrobras e da entrada do Comperj. A produção de benzeno será aumentada de<br />

922 mil t/ano para 1.530 mil t/ano, pela entrada do Comperj em 2012. O butadieno terá sua oferta acrescida dos<br />

atuais 360 mil t/ano para 617 mil t/ano, aumento ocasionado por uma expansão da Copesul, e pelo início das atividades<br />

do Comperj.<br />

As tabelas a seguir mostram as projeções de expansão da capacidade instalada de produção, por petroquímico<br />

básico, para o período de 2005 a 2016.


564<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 37 – Projeção da Capacidade de Produção de Eteno (mil t/ano), 2005/2016<br />

Ano BRASKEM COPESUL PQU RIOPOL COMPERJ Projeto Brasil-Bolívia Total<br />

2005 1.280 1.135 500 - - - 2.915<br />

2006 1.280 1.135 500 520 - - 3.435<br />

2007 1.280 1.135 500 520 - - 3.435<br />

2008 1.350 1.135 700 520 - - 3.705<br />

2009 1.350 1.135 700 520 - - 3.705<br />

2010 1.350 1.135 1.100 620 - - 4.205<br />

2011 1.350 1.135 1.100 620 - - 4.205<br />

2012 1.350 1.135 1.100 620 1.300 525 6.030<br />

2013 1.350 1.135 1.100 620 1.300 525 6.030<br />

2014 1.350 1.135 1.100 620 1.300 525 6.030<br />

2015 1.350 1.135 1.100 620 1.300 525 6.030<br />

2016 1.350 1.135 1.100 620 1.300 525 6.030<br />

Fonte: ABIQUIM (2006) e Petrobras (2006).<br />

Tabela 38 – Projeção da Capacidade de Produção de Propeno (mil t/ano), 2005/2016<br />

Ano BRASKEM COPESUL PETROBRAS PQU RIOPOL COMPERJ Total<br />

2005 537 581 455 250 - - 1.823<br />

2006 537 581 455 250 75 - 1.898<br />

2007 537 581 455 250 75 - 1.898<br />

2008 537 581 1.020 250 75 - 2.463<br />

2009 537 581 1.120 250 75 - 2.563<br />

2010 537 581 1.120 250 75 - 2.563<br />

2011 537 581 1.120 250 75 - 2.563<br />

2012 537 581 1.120 250 75 881 3.444<br />

2013 537 581 1.120 250 75 881 3.444<br />

2014 537 581 1.120 250 75 881 3.444<br />

2015 537 581 1.120 250 75 881 3.444<br />

2016 537 581 1.120 250 75 881 3.444<br />

Fonte: ABIQUIM (2006) e Petrobras (2006).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 565<br />

Tabela 39 – Projeção da Capacidade de Produção de Benzeno (mil t/ano), 2005/2016<br />

Ano BRASKEM COPESUL PETROBRAS PQU COMPERJ Total<br />

2005 427 265 30 200 - 922<br />

2006 427 265 30 200 - 922<br />

2007 427 265 30 200 - 922<br />

2008 427 265 30 200 - 922<br />

2009 427 265 30 200 - 922<br />

2010 427 265 30 200 - 922<br />

2011 427 265 30 200 - 922<br />

2012 427 265 30 200 608 1.530<br />

2013 427 265 30 200 608 1.530<br />

2014 427 265 30 200 608 1.530<br />

2015 427 265 30 200 608 1.530<br />

2016 427 265 30 200 608 1.530<br />

Fonte: ABIQUIM (2006) e Petrobras (2006).<br />

Tabela 40 – Projeção da Capacidade de Produção de Butadieno (mil t/ano), 2005/2016<br />

Ano BRASKEM COPESUL PQU COMPERJ Total<br />

2005 175 105 80 - 360<br />

2006 175 105 80 - 360<br />

2007 175 205 80 - 460<br />

2008 175 205 80 - 460<br />

2009 175 205 80 - 460<br />

2010 175 205 80 - 460<br />

2011 175 205 80 - 460<br />

2012 175 205 80 157 617<br />

2013 175 205 80 157 617<br />

2014 175 205 80 157 617<br />

2015 175 205 80 157 617<br />

2016 175 205 80 157 617<br />

Fonte: ABIQUIM (2006) e Petrobras (2006).


566<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

3.4. Investimentos Totais com Expansão das Centrais Petroquímicas<br />

O investimento apurado pelos projetos antes mencionados é apresentado na Tabela 41. O investimento total<br />

previsto para ser realizado no País, nos próximos dez anos, pelas centrais petroquímicas, na expansão de sua capacidade<br />

de produção de petroquímicos básicos, será de cerca de US$ 7 bilhões. A Petroquímica União, Copesul e a<br />

Riopol, investirão, respectivamente, US$ 1,16 bilhões, US$ 70 milhões e US$ 108 milhões. A Petrobras investirá um<br />

montante de US$ 5,68 bilhões, sendo US$ 5,2 bilhões aplicados no Comperj. Cabe ressaltar que a Braskem não informou<br />

suas previsões de investimento.<br />

Tabela 41 – Investimento Total das Centrais Petroquímicas – US$ milhões<br />

PQU 1.160<br />

Copesul 70<br />

Riopol 108<br />

Petrobras e parceiros<br />

Comperj 5.200<br />

Outros 480<br />

Total Brasil 7.018<br />

Projeto “Jose”/Venezuela 1.350 a 2.500<br />

Outros Projetos<br />

Planta Polipropileno/Venezuela 370<br />

Pólo gás-químico/Bolívia 1.500<br />

4. Expansão da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleos e Derivados<br />

4.1. Introdução<br />

A expansão prevista para a infra-estrutura nacional de transporte de petróleos e derivados será desmembrada<br />

em duas partes:<br />

• Expansão da malha dutoviária;<br />

• Expansão da frota nacional de transporte marítimo.<br />

O trabalho apresentado a seguir não pretende esgotar as necessidades de expansão da infra-estrutura nacional<br />

de transporte de petróleo e derivados até 2016, mas tão somente indicar uma carteira de projetos, alguns em<br />

andamento, outros já aprovados, mas ainda não iniciados e, finalmente, outros ainda em estudo, todos sob a responsabilidade<br />

da Transpetro. A razão disso é a pequena participação, até o momento, de projetos de outros agentes<br />

do setor na área de infra-estrutura de transporte de petróleos e derivados.<br />

Assim, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2006, cinco empresas foram autorizadas a<br />

construir dutos, sendo todos de transferência: Premium Distribuidora de Petróleo, Ale Combustíveis, Granel Química,<br />

Liquigás Distribuidora e Air BP Brasil 34 . Estes dutos, porém, de pequena dimensão, servirão basicamente para interligar<br />

bases de distribuição destas empresas a pontos de abastecimento de derivados. No que se refere à construção<br />

ou ampliação de terminais, foram quatro as empresas autorizadas: Granel Química, PoliBrasil Resinas, Temmar e<br />

Multiportos 35 .<br />

34 As autorizações por empresa foram, respectivamente, de nº 17 (26/01/2006), nº 51 (13/03/2006), nº 79 (31/03/2006), nº 150 (19/06/2006) e<br />

nº 182 (20/07/2006).<br />

35 As autorizações por empresa foram, respectivamente, de nº38 (13/02/2006), nº 39 (13/02/2006), nº 121 (26/05/2006) e nº 210<br />

(15/05/2006).


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 567<br />

Com relação ao transporte dutoviário de petróleo, é importante notar que os investimentos em expansão da<br />

malha nacional, a seguir apresentados, referem-se tão somente ao transporte a partir dos pontos em que as regiões<br />

de produção de petróleo entregam o produto à área de abastecimento, para ser enviado a alguma refinaria ou exportado.<br />

Os investimentos em dutos a serem realizados nas regiões de produção estão contabilizados dentro dos<br />

investimentos em exploração e produção.<br />

O estudo será iniciado com um panorama da situação atual da infra-estrutura nacional de transporte de petróleo<br />

e derivados, seguido do plano de expansão da mesma.<br />

4.2. Panorama Atual da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados<br />

A seguir, será feita uma breve caracterização da infra-estrutura dutoviária, de armazenamento e transporte<br />

marítimo de petróleo e derivados existente no Brasil no ano de 2005.<br />

4.2.1. Infra-estrutura Dutoviária para Transporte de Petróleo e Derivados<br />

A infra-estrutura dutoviária brasileira é composta por dutos destinados à movimentação de petróleo, derivados,<br />

gás natural e outros produtos. No ano de 2005, existiam no país 446 dutos em operação, sendo 327 dutos de<br />

transferência 36 e 119 dutos de transporte 37 . Estes dutos somavam 15.069 km de extensão, divididos em 5.092 km<br />

para transferência e 9.977 km para transporte.<br />

Tabela 42 – Quantidade e Extensão dos Dutos em Operação, por Função e Produto, em 2005<br />

Produto Função Nº dutos Extensão<br />

Derivados Transferência 220 905<br />

Transporte 92 4.529<br />

Total 312 5.434<br />

Gás natural Transferência 58 3.233<br />

Transporte 23 5.432<br />

Total 81 7.665<br />

Petróleo Transferência 25 1.932<br />

Total 25 1.932<br />

Outros1 Transferência 24 22<br />

Transporte 4 16<br />

Total 28 38<br />

Total 446 15.069<br />

Fonte: ANP (2006)<br />

Nota: 1Inclui dutos para movimentação de álcool anidro, álcool hidratado, aguarrás, metanol e gasolina de pirólise, além de etano,<br />

propano e propileno como insumos para indústria petroquímica.<br />

No que se refere aos dutos destinados à movimentação de petróleo e derivados, objeto do presente estudo,<br />

a infra-estrutura nacional era composta de 337 dutos, que somavam 7.366 km de extensão, divididos em 1.932 km<br />

para movimentação de petróleo (25 dutos, todos de transferência) e 5.434 km para derivados (220 dutos de transferência<br />

e 92 de transporte).<br />

36 Movimentação de petróleo, seus derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse específico e exclusivo do proprietário<br />

ou explorador das facilidades (ANP, 2006).<br />

37 Movimentação de petróleo, seus derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse geral (ANP, 2006).


568<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

4.2.2. Infra-estrutura de Armazenamento de Petróleo e Derivados<br />

Para viabilizar a movimentação de petróleo e seus derivados no território nacional, o Brasil dispunha, em 2005,<br />

de 87 terminais autorizados a funcionar, compreendendo 9 centros coletores de álcool, 52 terminais marítimos e 26<br />

terminais terrestres.<br />

Tabela 43 – Número de Tanques e Capacidade de Armazenamento de Petróleo,<br />

Derivados e Álcool (mil m3), por Tipo de Terminal, em 2005<br />

Quantidade<br />

Capacidade Nominal de Armazenamento<br />

(mil m 3 )<br />

Nº terminais Nº tanques Petróleo<br />

Derivados e<br />

álcool<br />

(exceto GLP)<br />

GLP<br />

Total<br />

Centro Coletor de Álcool 9 24 0 106 0 106<br />

Terminal Aqüaviário 52 1.063 3.988 3.191 252 7.431<br />

Terminal Terrestre 26 305 1.460 1.969 93 3.522<br />

Total 87 1.392 5.448 5.266 345 11.059<br />

Fonte: ANP (2006).<br />

Os terminais marítimos, instalações destinadas às operações de transferência de produtos entre navios e tanques<br />

terrestres ou entre navios, detém a maior capacidade nominal de armazenamento de petróleo, derivados e<br />

álcool, totalizando 7.431 mil m3 ou o equivalente a 67% do total existente no país. Seguem-se os terminais terrestres<br />

e os centros coletores de álcool, com respectivamente, 3.522 mil m3 (32%) e 106 mil m3 (1%) de capacidade nominal.<br />

4.2.3. Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados<br />

Dado o papel de destaque dos terminais marítimos na infra-estrutura de transporte de petróleo e derivados,<br />

pode-se concluir que os navios são um dos principais agentes na cadeia logística da indústria do petróleo, conduzindo<br />

o petróleo e seus derivados, álcool e gás natural entre portos, em percursos internos (cabotagem) ou externos<br />

(longo curso, para importação e exportação dos produtos) 38 .<br />

A Transpetro, maior armadora 39 da América Latina e principal empresa de logística e transporte do Brasil, atende,<br />

entre outras, às atividades de transporte marítimo, operando uma frota própria de 50 navios 40 para navegação<br />

de cabotagem e de longo curso.<br />

38 Cabotagem é a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. A cabotagem se contrapõe à navegação<br />

de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes nações.<br />

39 Armadora é a empresa proprietária de navios.<br />

40 Do total da frota, cinco navios (navios aliviadores) são de propriedade da Fronape International Company (FIC), empresa subsidiária da<br />

Transpetro.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 569<br />

Tabela 44 – Frota de Navios da Transpetro, em 31/12/2005<br />

Produto Transportado<br />

Nº. navios<br />

TPB*<br />

(mil t)<br />

Capacidade Volumétrica**<br />

(mil m3)<br />

Petróleo (navios aliviadores 5 ) 7 1.057 1.008<br />

Petróleo/Produtos Escuros 12 458 488<br />

Produtos Escuros e Claros 7 400 418<br />

Produtos Claros 18 545 605<br />

Gases 6 40 43<br />

Total 50 2.500 2.562<br />

Fonte: Transpetro (2006).<br />

Nota: * Tonelada de Porte Bruto 6 ; ** Excluídos os tanques de resíduos.<br />

Os petroleiros, navios especialmente projetados para o transporte de petróleo e derivados (produtos claros<br />

e escuros), compõem 88% da frota atual da Transpetro, totalizando 44 navios, com capacidade volumétrica de<br />

2.519 mil m3. O transporte de gases liquefeitos é realizado por 6 navios, com capacidade para transportar 43 mil m3.<br />

A Transpetro dispõe também de duas unidades flutuantes de transferência e estocagem (navios cisternas),<br />

totalizando 187 mil m3 e de uma embarcação de apoio marítimo, com capacidade de 411 mil m3.<br />

Com relação à capacidade de transporte, os navios destinados exclusivamente ao transporte de petróleo<br />

(navios aliviadores) têm a maior participação na frota da Transpetro, correspondendo a aproximadamente 39% da<br />

capacidade total. São navios que apresentam, em média, 150.000 TPB.<br />

4.3. Expansão da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados<br />

4.3.1. Expansão do Transporte Dutoviário 41 de Petróleo e Derivados<br />

Os investimentos a seguir analisados estão divididos em três grupos: projetos aprovados (iniciados ou não),<br />

projetos em estudo e gastos com manutenção.<br />

4.3.1.1. Projetos Aprovados<br />

São os seguintes os projetos de expansão já aprovados na área de dutos e terminais para transporte de petróleo<br />

e derivados:<br />

a) Projetos de construção, ampliação ou reformulação de dutos:<br />

a.1) Reformulação da malha dutoviária da grande São Paulo.<br />

O projeto tem como objetivo adequar as rotas e faixas de dutos da região metropolitana de São Paulo, elevando-as<br />

a um novo patamar de segurança operacional e melhor convívio com a comunidade da maior região<br />

urbana do país e preparar a malha de dutos e faixas para suportar o desenvolvimento do estado de São Paulo.<br />

O investimento previsto é de R$ 2,451.1 bilhões.<br />

a.2) Ampliação de faixas de dutos e construção de novo duto de GLP no Rio de Janeiro.<br />

O projeto tem como finalidade permitir melhores condições de operação e acesso às instalações, bem como<br />

fazer frente ao aumento das movimentações. Serão ampliadas as faixas dos dutos Orbel II e Osduc II, realocado<br />

um trecho de duto de GLP e construído um novo duto de GLP entre a Reduc e a Ilha Redonda. O investimento<br />

previsto é da ordem de R$ 68,2 milhões.<br />

41 Os investimentos no transporte dutoviário para o escoamento de álcool estão relacionados no capítulo que trata especificamente do álcool.


570<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

b) Projetos de construção ou ampliação de terminais:<br />

b.1) Implantação de melhorias no terminal de São Sebastião (SP).<br />

O projeto visa agilizar a movimentação de petróleo e derivados no TEBAR e reduzir as operações de limpeza<br />

e drenagem. A melhoria conta com a construção de 4 dutos novos (2 para petróleo e 2 para derivados),<br />

substituição de 2 dutos antigos de derivados, substituição dos braços de carregamento dos píeres Norte<br />

e Sul e investimentos em projetos de meio ambiente e segurança. O projeto prevê um investimento de<br />

R$ 172 milhões.<br />

b.2) Construção do Terminal de Pecém (CE).<br />

Trata-se da construção de um terminal aqüaviário para recebimento, armazenamento e carregamento de diesel,<br />

gasolina, QAV e álcool para as distribuidoras. O terminal terá 9 tanques capazes de armazenar 112 mil m3<br />

de derivados e custará R$ 228,222 milhões.<br />

b.3) Ampliação do escoamento de derivados do terminal de Niterói - TENIT (RS).<br />

O projeto tem a finalidade de melhorar a eficiência do escoamento de produtos do terminal TENIT, com redução<br />

de custos operacionais por meio da construção de uma barcaça, que substituirá os antigos navios afretados<br />

para esta operação. Será uma barcaça sem propulsão, com capacidade de transporte de 4.500 m3 de óleo<br />

e investimento de R$ 26,68 milhões.<br />

b.4) Construção de tanques de produtos especiais (gasolina de aviação, lubrificantes e aditivo AB-9) no terminal de<br />

Alemoa (SP).<br />

Trata-se da construção de tanques para o armazenamento de Gasolina de Aviação - GAV, Aditivo AB-9 e Lubrificantes,<br />

atendendo a demanda da refinaria RPBC. Serão construídos 14 tanques, linhas e estações de carga e descarga<br />

para produtos especiais, com o custo total de R$ 25,630 milhões.<br />

c) Projetos de ampliação da capacidade do sistema de escoamento de petróleo e derivados de refinarias<br />

c.1) Ampliação da capacidade do sistema de escoamento de petróleo e derivados da Refinaria de Paulínea<br />

– REPLAN (SP).<br />

O projeto tem o objetivo de aumentar a capacidade de processamento de petróleo da REPLAN de 27.200<br />

para 33.000 m3/d e adaptar a unidade para o processamento de petróleos ácidos e pesados da Bacia de<br />

Campos. Para tanto, será ampliado o duto OSVAT 30 para permitir o transporte de óleos de maior viscosidade,<br />

bem como construídas novas instalações intermediárias de bombeio. O investimento previsto é de<br />

R$ 274,395 milhões.<br />

c.2) Ampliação da capacidade do sistema de escoamento de petróleo e derivados da Refinaria Alberto Pasqualini<br />

– REFAP (RS).<br />

O projeto visa aumentar a capacidade de processamento de petróleo da REFAP de 20.000 para 30.000 m3/d,<br />

gerando um aumento de 50% na produção de derivados, que passará de 600 milhões para 900 milhões de<br />

litros por mês. A ampliação das instalações envolve o incremento na quantidade de instrumentos e válvulas<br />

de grande diâmetro e o aumento da capacidade de bombas, a reversão do fluxo de duto entre a refinaria e o<br />

terminal, e o acréscimo de mais um ponto de atracação de navios. O projeto prevê investimentos da ordem de<br />

R$ 132,38 milhões.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 571<br />

4.3.1.2. Projetos em Estudo<br />

São os seguintes os projetos de expansão em estudo, na área de dutos e terminais para transporte de petróleo<br />

e derivados:<br />

d) Projetos integrados de construção de dutos e ampliação de terminais:<br />

d.1) Construção de duto entre São Sebastião e Guararema (OSVAT 2 - petróleo) e de um píer em São Sebastião (SP).<br />

O projeto tem a finalidade de garantir maior confiabilidade no abastecimento de petróleo para as refinarias de<br />

São Paulo. Será construído um duto de 34 polegadas de diâmetro e 84 km de extensão entre São Sebastião e<br />

Guararema e um novo píer em São Sebastião, para atracação de navios petroleiros de até 280.000 toneladas<br />

de porte bruto. O investimento total será de R$ 107,88 milhões.<br />

d.2) Construção de duto de propeno, esferas de GLP e instalações no píer de Paranaguá (PR).<br />

O projeto tem como objetivo oferecer uma solução logística para atender à Suzano, cliente da Petrobras na<br />

compra de propeno. Consta da construção de um duto entre Araucária (REPAR) e o Terminal de Paranaguá,<br />

esferas para armazenamento de propeno no terminal, linhas até o píer de embarque, braços de carregamento<br />

e duto entre a Ilha Redonda (DTSE) e as instalações da Suzano. O investimento previsto é de R$ 27.840.000,00.<br />

e) Projeto de ampliação de terminal:<br />

e.1) Construção de pátio e píer para coque e derivados de petróleo no porto de Paranaguá (PR).<br />

O projeto tem a finalidade de adequar a infra-estrutura portuária às necessidades futuras de movimentação<br />

de derivados em Paranaguá e permitir a valorização do coque grau anodo produzido em Araucária através da<br />

exportação. Trata-se da construção de um pier e de um pátio de coque para exportação de 3.500 mil m3/ano<br />

pelo porto de Paranaguá e custará R$ 47,792 milhões.<br />

f) Projeto de construção de estação de tratamento:<br />

f.1) Construção de estação de tratamento de petróleo em Angra dos Reis (RS).<br />

O projeto tem como finalidade tratar o petróleo, principalmente aquele produzido na Bacia de Campos, tornando-o<br />

mais atrativo ao mercado internacional. Envolve a construção de uma estação de tratamento de óleo<br />

(ETO), o aproveitamento de tancagem de petróleo e da infra-estrutura do terminal de Angra dos Reis, a instalação<br />

de permutadores de calor e unidades de tratamento para redução da presença de água e sal no petróleo<br />

e tratamento de efluentes. O investimento previsto é de R$ 23,2 milhões.<br />

4.3.1.3. Manutenção da Infra-estrutura de Transporte Dutoviário de Petróleo e Derivados<br />

Trata-se de investimentos permanentes, necessários à manutenção de toda a infra-estrutura de transporte<br />

dutoviário de petróleo e derivados instalada no País, tais como: remoção de gargalos operacionais, adequação das<br />

instalações para movimentação de diesel e manutenção em geral. Os custos estimados para o período 2006/2010<br />

perfazem um total de R$ 1,653 bilhões.<br />

4.3.2. Expansão do Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados<br />

Os investimentos a seguir analisados estão divididos em dois grupos: aquisição já aprovada de navios em<br />

estaleiros nacionais (com construção iniciada ou não) e gastos com manutenção e adequação da frota nacional de<br />

navios para transporte marítimo de petróleo e derivados.<br />

4.3.2.1. Aquisição de Navios em Estaleiros Nacionais<br />

O objetivo é renovar a frota nacional, por meio da aquisição de navios com pelo menos 65% de nacionalização,<br />

construídos por estaleiros nacionais, para fomentar a indústria naval brasileira. O Programa de Modernização e<br />

Expansão da Frota (PROMEF) será realizado em duas etapas, com um investimento orçado em R$ 7,766 bilhões:<br />

Etapa 1 – PROMEF 26 (aquisição de 26 navios)<br />

Etapa 2 – PROMEF 16 (aquisição de 16 navios)<br />

Para a primeira etapa (PROMEF 26), já foram definidos os tipos de navios e os consórcios de construção, divididos<br />

em cinco lotes. Seu investimento será de R$ 5,423 bilhões.


572<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 45 – Tipos de Navios e Consórcios para Construção dos Lotes do PROMEF 26<br />

Lote Navio Consórcio Construção<br />

Lote 1 10 navios Suezmax 7<br />

Consórcio Atlântico Sul formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade<br />

Gutierrez, Queiroz Galvão, Aker Promar e Samsung<br />

Pernambuco<br />

Lote 2<br />

Cinco navios<br />

Aframax 8<br />

Consórcio Rio Naval formado pelas empresas MPE Participações e Administrações<br />

S.A., IESA Projetos, Equipamentos e Montagens S.A. e Sermetal<br />

Estaleiros S.A.<br />

Rio de Janeiro<br />

Lote 3<br />

Quatro navios Panamax<br />

9<br />

Consórcio Rio Naval formado pelas empresas MPE Participações e Administrações<br />

S.A., IESA Projetos, Equipamentos e Montagens S.A. e Sermetal<br />

Estaleiros S.A.<br />

Rio de Janeiro<br />

Lote 4<br />

Quatro navios de<br />

Produtos 10<br />

Estaleiro Mauá Jurong S.A.<br />

Rio de Janeiro<br />

Lote 5<br />

Três navios de GLPs<br />

(gaseiros) 11<br />

Estaleiro Itajaí S.A.<br />

Santa Catarina<br />

Fonte: Transpetro (2006).<br />

Para a segunda etapa (PROMEF 16), o investimento previsto é de R$ 2,343 bilhões, mas ainda não foram definidos<br />

os lotes de navios.<br />

4.3.2.2. Manutenção e Adequação da Frota Nacional de Navios<br />

A manutenção tem a finalidade de garantir a eficiência do transporte marítimo por meio de manutenção e<br />

adequação constante da frota de navios. Serão investidos R$ 15,04 milhões.<br />

<br />

4.4. Investimentos Totais com Expansão e Manutenção da Infra-estrutura Nacional de Transporte<br />

de Petróleo e Derivados<br />

Como pode ser visto na tabela a seguir, o total de investimentos previstos, a partir de 2006, para a expansão da<br />

infra-estrutura nacional de transporte de petróleo e derivados, será de R$ 11,352 bilhões, dos quais R$ 3,378 bilhões<br />

na malha dutoviária e R$ 7,766 bilhões na frota nacional de transporte marítimo. Além disso, serão também gastos<br />

R$ 1,668 bilhões na manutenção desta infra-estrutura, sendo R$ 1,653 bilhões na malha dutoviária e R$ 15 milhões<br />

na frota nacional de transporte marítimo de petróleo e derivados. O investimento total em expansão e manutenção<br />

será de R$ 13,02 bilhões, o qual inclui as duas etapas do PROMEF. Observa-se que, para além de 2011, ainda não há<br />

definições sobre os projetos na área, sabendo-se apenas que a segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão<br />

da Frota (PROMEF 16) deverá estar concluída até 2013.<br />

Com relação aos projetos dutoviários, há um que se destaca, correspondendo a 72% do total de investimentos<br />

aprovados: o da Reformulação da malha dutoviária da Grande São Paulo. Dois outros projetos visam a aumentar a<br />

capacidade de processamento das refinarias REPLAN e REFAP, desengargalando seus sistemas de escoamento de<br />

petróleo e derivados. O que se pode depreender daí é que não há grandes perspectivas de ampliação da malha dutoviária<br />

no País nos próximos anos.<br />

Com relação a terminais, o maior projeto também é mais voltado para a melhoria operacional e segurança<br />

ambiental (implantação de melhorias no TEBAR), enquanto o segundo maior é de um novo terminal (em Pecém, no<br />

Ceará), o qual ampliará a capacidade de movimentação de petróleo e derivados no Nordeste.<br />

Quanto ao plano de expansão da frota nacional de navios para transporte de petróleos e derivados, trata-se<br />

efetivamente do maior de todos os projetos de expansão da infra-estrutura de transporte de petróleo e derivados<br />

programados para os próximos anos, tendo-se em vista um duplo objetivo: ampliação da participação da frota nacional<br />

no transporte de petróleo e derivados, assim como o reerguimento da indústria naval brasileira.


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 573<br />

Tabela 46 – Relação dos Investimentos Previstos em Expansão e Manutenção da Infra-Estrutura Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados, a partir de 2006<br />

Relação de investimentos em dutos e terminais para transporte de petróleo e derivados<br />

Total (R$ mil)* Total (US$ mil)<br />

5.238.333 2.398.330<br />

Projetos aprovados na área de dutos e terminais para transporte de petróleo e derivados 3.378.607 1.546.869<br />

a.1 Reformulação da malha dutoviária da grande São Paulo. 2.451.100 1.122.217<br />

a.2 Ampliação de faixas de dutos e construção de novo duto de GLP no Rio de Janeiro. 68.200 31.225<br />

b.1 Implantação de melhorias no Terminal de São Sebastião (SP). 172.000 78.749<br />

b.2 Implantação do Terminal de Pecém (CE). 228.222 104.490<br />

b.3 Ampliação do escoamento de derivados do terminal de Niterói – TENIT (RS). 26.680 12.215<br />

b.4 Construção de tanques de produtos especiais (gasolina de aviação, lubrificantes e aditivo AB-9) no Terminal de Alemoa (SP). 25.630 11.734<br />

c.1 Ampliação da capacidade do sistema de escoamento de petróleo e derivados da Refinaria de Paulínea – REPLAN (SP). 274.395 125.630<br />

c.2 Ampliação da capacidade do sistema de escoamento de petróleo e derivados da Refinaria Alberto Pasqualine – REFAP (RS). 132.380 60.609<br />

Projetos em estudo na área de dutos e terminais para transporte de petróleo e derivados 206.712 94.641<br />

d.1 Construção de duto entre São Sebastião e Guararema (OSVAT 2 - petróleo) e de um píer em São Sebastião (SP). 107.880 49.392<br />

d.2 Construção de duto de propeno, esferas de GLP e instalações no píer de Paranaguá (PR). 27.840 12.746<br />

e.1 Construção de pátio e píer para coque e derivados de petróleo no porto de Paranaguá (PR). 47.792 21.881<br />

f.1 Construção de estação de tratamento de petróleo em Angra dos Reis (RJ). 23.200 10.622<br />

Manutenção da infra-estrutura de transporte dutoviário de petróleo e derivados 1.653.014 756.820<br />

Relação de investimentos em navios para transporte de petróleo e derivados 7.781.908 3.562.886<br />

Aquisição de navios em estaleiros nacionais 7.766.868 3.556.000<br />

Manutenção e adequação da frota nacional de navios 15.040 6.886<br />

Total de investimentos em expansão da infra-estrutura nacional de transporte de petróleo e derivados 11.352.187 5.197.510<br />

Total de gastos com manutenção da infra-estrutura nacional de transporte de petróleo e derivados 1.668.054 763.706<br />

Total de investimentos em expansão e manutenção da infra-estrutura nacional de transporte de petróleo e derivados 13.020.241 5.961.216<br />

Nota: *Dólar médio de R$2,18 em 2006 (IPEA, 2006).


574<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

5. Aspectos Socioambientais Referentes aos Derivados de Petróleo<br />

As atividades de refino, transporte e distribuição, bem como o consumo de combustíveis, lubrificantes e outros<br />

derivados de petróleo, podem causar impactos sobre o meio-ambiente, gerando diversos tipos de emissões,<br />

efluentes e resíduos que podem alterar a qualidade do ar, da água e do solo, com efeitos nocivos à natureza.<br />

Para melhor compreender os impactos socioambientais decorrentes da indústria de transformação do petróleo,<br />

inicialmente far-se-á uma breve exposição das etapas de refino, transporte e distribuição de derivados de<br />

petróleo.<br />

5.1. Refino, Transporte e Distribuição<br />

O petróleo é processado nas refinarias, basicamente, em três estágios: destilação atmosférica, destilação a vácuo<br />

e craqueamento (térmico ou catalítico). Na destilação atmosférica, o petróleo é aquecido e, a partir daí, suas diversas<br />

frações são separadas de acordo com suas temperaturas de ebulição em um equipamento denominado torre<br />

de fracionamento. As frações mais pesadas obtidas da destilação atmosférica são encaminhadas para a segunda<br />

fase de processamento, chamada de destilação a vácuo, consistindo de uma torre de fracionamento que opera com<br />

pressão reduzida, com o objetivo de se baixar a temperatura de ebulição dos compostos pesados. A terceira fase do<br />

processamento, chamada de craqueamento (quebra), visa a quebrar as cadeias moleculares de óleos pesados, obtendo-se<br />

frações mais leves. Há, ainda, diversos outros processos que visam adequar as frações destiladas às especificações<br />

para o consumo e eliminar impurezas presentes nas frações que possam comprometer sua qualidade final.<br />

Os derivados produzidos nas refinarias são transportados até os terminais de distribuição e, destes, até os<br />

postos revendedores que, por sua vez, realizam a venda aos consumidores. O transporte de derivados é realizado,<br />

em grande escala, através de dutos (oleodutos e polidutos) e por meio de navios petroleiros. Em média ou pequena<br />

escala, o transporte pode ser feito por meio de vagões ou de caminhões-tanque. Os dutos são a forma mais segura,<br />

tanto sob o ponto de vista operacional como ambiental, de se transportar grandes volumes de petróleo e derivados<br />

a grandes distâncias, pois os sistemas de supervisão e controle aumentam a eficiência e a segurança das operações.<br />

5.2. Impactos Sociambientais e Medidas Adotadas<br />

Desde a pesquisa de jazidas de petróleo, que pode afetar ecossistemas marinhos, até a comercialização de derivados,<br />

que pode trazer impacto ao solo e aos aqüíferos, a operação dos diversos setores da indústria de petróleo,<br />

bem como o maciço consumo de seus produtos, exige atenção constante de instituições responsáveis pelo controle<br />

ambiental das atividades econômicas.<br />

Com o objetivo de minimizar os impactos nas áreas próximas às refinarias, o Governo Federal exige padrões<br />

rígidos quanto ao consumo de recursos naturais e volumes de emissões, além de regras de implementação e operação<br />

específicas para refinarias.<br />

Destacam-se aqui as regras de licenciamento ambiental (instituído pela Lei 6.938/81). Estas prevêem que<br />

atividades potencialmente poluidoras (listadas na Resolução Conama nº 001/86) devem se submeter a um processo<br />

que inclui levantamentos preliminares de impactos (condição para se obter o licenciamento prévio), estudos sobre<br />

os riscos de operação (que possibilitam obter a licença de instalação) e planos de ação em situações de emergência<br />

(condição para obter a licença de operação). Antes desses procedimentos, são exigidos o Estudo de Impacto Ambiental<br />

(EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima).<br />

O licenciamento ambiental é realizado com base em levantamentos de especificidades técnicas, econômicas<br />

e sociais do empreendimento e de suas áreas de influência conduzido pelos órgãos ambientais competentes. A Lei<br />

prevê que o órgão competente pode exigir as melhores técnicas disponíveis, tornando-se assim um instrumento<br />

de política que pode ir além do controle de impactos ambientais, ao criar mecanismos de indução à difusão de tecnologias<br />

“ambientalmente corretas”, com a conseqüente intensificação da produção de conhecimento científico e<br />

tecnológico na área.<br />

Os combustíveis, quando consumidos, contribuem com parte da poluição desprendida na cadeia produtiva,<br />

principalmente pela emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre e<br />

material particulado. Dessa forma, a qualidade dos derivados produzidos nas refinarias também é fator determinan-


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 575<br />

te para as características das emissões geradas pela queima dos mesmos, em sua maioria, por veículos movidos a<br />

gasolina e diesel, cuja participação no consumo total de derivados no Brasil foi de aproximadamente 70%, em 2006<br />

(Fonte: MME).<br />

A queima de combustíveis com altos teores de enxofre, além de gerar óxidos de enxofre, prejudica a ação de<br />

catalisadores de conversão de gases poluentes em substâncias não-nocivas, instalados nos escapamentos. Nesse<br />

sentido, há um grande esforço por parte do Governo Federal em adotar medidas para que sejam comercializados<br />

combustíveis com menor teor possível de enxofre e particulados, a exemplo do Diesel Metropolitano e, em breve,<br />

do Diesel 50. É oportuno destacar que os fabricantes de veículos também têm um importante papel: o de fornecer<br />

motores adequados aos combustíveis produzidos.<br />

Os limites de emissões geradas pelo consumo de derivados em veículos são estabelecidos no âmbito do<br />

Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Cabe ao Proconve estabelecer procedimentos<br />

para análise dos parâmetros de controle dos limites de emissão de poluentes e definir testes para quantificar<br />

tais emissões.<br />

Por outro lado, a ANP, no âmbito de sua competência, estabelece as especificações dos combustíveis, adequando-as<br />

ao estágio de desenvolvimento dos motores, de modo a garantir o cumprimento aos limites de emissões<br />

definidos em resoluções do Conama. Essas especificações exigem a adoção de atualizações significativas nos processos<br />

de produção de combustíveis.<br />

Verificam-se resultados positivos na redução da poluição gerada. As emissões de veículos leves novos em<br />

2005, por exemplo, de acordo com o Ministério de Meio Ambiente, foram em média 94% menores do que as verificadas<br />

no início do Proconve, em 1986. Espera-se que as regras fixadas pelo programa para os veículos a diesel permitam<br />

que, na etapa P-6, as emissões desses veículos sejam quatro vezes menores do que no início do programa.


576<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

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LORA, E. E. S., Prevenção e Controle da Poluição nos Setores Energético, Industrial e de Transporte. 2ª edição, Editora Interciência,<br />

2002


578<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Equações para a Projeção dos Preços Internacionais dos Derivados de Petróleo ..........................................514<br />

Tabela 2 – Preços Internacionais dos Derivados e do Brent (US$2006/bbl)...........................................................................514<br />

Tabela 3 – Equações para a Projeção dos Preços Nacionais do Óleo Combustível e QAV.................................................516<br />

Tabela 4 – Preços Nacionais dos Derivados (US$2006/bbl).........................................................................................................516<br />

Tabela 5 – Capacidades das Refinarias Nacionais – 2005 (M b/d) .............................................................................................522<br />

Tabela 6 – Principais Projetos Previstos pela Petrobras para as Refinarias Existentes – Capacidade Adicionada ....524<br />

Tabela 7 – Identificação de Unidades e Processos ..........................................................................................................................525<br />

Tabela 8 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2006 (m 3 /d).............................................527<br />

Tabela 9 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2007 (m 3 /d).............................................529<br />

Tabela 10 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2011 (m 3 /d) ..........................................531<br />

Tabela 11 – Parque Nacional de Refino – Capacidades Nominais Máximas em 2015<br />

Conforme Previsão dos Refinadores (m 3 /d) ......................................................................................................................................533<br />

Tabela 12 – Expansões e Adições de Capacidade Conforme Previsão dos Refinadores (m 3 /d)......................................534<br />

Tabela 13 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado - 2007 .................................................................535<br />

Tabela 14 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado – 2011 ................................................................535<br />

Tabela 15 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado – 2013 ................................................................536<br />

Tabela 16 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Configurado - 2016 .................................................................536<br />

Tabela 17 – Adições ao Parque de Refino em 2013 ........................................................................................................................537<br />

Tabela 18 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Reconfigurado – 2013 ...........................................................537<br />

Tabela 19 – Produção de Derivados pelo Parque de Refino Reconfigurado – 2016 ...........................................................538<br />

Tabela 20 – Quadro Comparativo - Reconfiguração 2013 (m 3 /d)..............................................................................................538<br />

Tabela 21 – Quadro Comparativo - Reconfiguração 2016 (m 3 /d)..............................................................................................538<br />

Tabela 22 – Produção de Derivados Combustíveis do COMPERJ ..............................................................................................540<br />

Tabela 23 – Produção de Derivados Combustíveis da Refinaria de Suape / PE ....................................................................541<br />

Tabela 24 – Capacidade das Unidades de Processo para o Módulo de Produção Flexível ...............................................543<br />

Tabela 25 – Produções de Derivados - Módulo de Produção Flexível ......................................................................................544<br />

Tabela 26 – Capacidade das Unidades de Processo para a Refinaria Alternativa ................................................................545<br />

Tabela 27 – Produção de Derivados .....................................................................................................................................................545<br />

Tabela 28 – Investimentos em Ampliações (<strong>EPE</strong>) ............................................................................................................................547<br />

Tabela 29 – Avaliação de Investimentos para um Módulo de Produção Flexível Módulo: 250.000 b/d ......................548<br />

Tabela 30 – Avaliação de Investimentos para dois Módulos de Produção Flexível Módulo: 500.000 b/d ..................548<br />

Tabela 31 – Avaliação de Investimentos – MMI – 250.000 b/d ...................................................................................................549<br />

Tabela 32 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Inferior ............................................551<br />

Tabela 33 – Balanço de Petróleo – Trajetória Inferior .....................................................................................................................553<br />

Tabela 34 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Superior (m 3 /d) ............................555<br />

Tabela 35 – Balanço de Petróleo – Trajetória Superior...................................................................................................................557<br />

Tabela 36 – Projeção da Capacidade de Produção de Eteno, Propeno, Benzeno e<br />

Butadieno (mil t/ano), 2005/2016.........................................................................................................................................................563<br />

Tabela 37 – Projeção da Capacidade de Produção de Eteno (mil t/ano), 2005/2016 .........................................................564<br />

Tabela 38 – Projeção da Capacidade de Produção de Propeno (mil t/ano), 2005/2016 ....................................................564<br />

Tabela 39 – Projeção da Capacidade de Produção de Benzeno (mil t/ano), 2005/2016 ...................................................565<br />

Tabela 40 – Projeção da Capacidade de Produção de Butadieno (mil t/ano), 2005/2016 ................................................565<br />

Tabela 41 – Investimento Total das Centrais Petroquímicas (US$ milhões) ...........................................................................566<br />

Tabela 42 – Quantidade e Extensão dos Dutos em Operação, por Função e Produto, em 2005 ....................................567<br />

Tabela 43 – Número de Tanques e Capacidade de Armazenamento de Petróleo, Derivados e<br />

Álcool (mil m 3 ), por Tipo de Terminal, em 2005 ................................................................................................................................568<br />

Tabela 44 – Frota de Navios da Transpetro, em 31/12/2005 ........................................................................................................569


OFERTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO 579<br />

Tabela 45 – Tipos de Navios e Consórcios para Construção dos Lotes do PROMEF 26 ......................................................572<br />

Tabela 46 – Relação dos Investimentos Previstos em Expansão e Manutenção da Infra-Estrutura<br />

Nacional de Transporte de Petróleo e Derivados, a partir de 2006 ...........................................................................................573<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Preços Internacionais dos Derivados e do Brent (US$2006/bbl) .........................................................................515<br />

Gráfico 2 – Preços Nacionais dos Derivados (US$2006/bbl)........................................................................................................517<br />

Gráfico 3 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Inferior ..............................................552<br />

Gráfico 4 – Balanço (Oferta - Consumo) Nacional de Petróleo – Trajetória Inferior .............................................................553<br />

Gráfico 5 – Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados – Trajetória Superior ...........................................555<br />

Gráfico 6 – Balanço (Oferta - Consumo) Nacional de Petróleo – Trajetória Superior ..........................................................557<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Refinaria “Brasil”– Esquema de Refino 2007 .................................................................................................................521<br />

Figura 2 – Esquema simplificado do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro ...............................................................539<br />

Figura 3 – Diagrama Esquemático de Refino da Refinaria de Suape / PE ...............................................................................541<br />

Figura 4 – Esquema de Refino para o Módulo de Produção Flexível ........................................................................................543<br />

Figura 5 – Esquema de Refino para a Refinaria Alternativa .........................................................................................................545


6 Oferta de Gás Natural<br />

Perspectivas de Preços de Gás Natural 585<br />

Expansão da Oferta de Gás Natural 591<br />

Infra-Estrutura de Transporte de Gás Natural 607<br />

Aspectos Socioambientais 624


6 Oferta de Gás Natural<br />

1. Perspectivas de Preços de Gás Natural ............................................................................................. 585<br />

1.1. Premissas para as Previsões de Preços ........................................................................................................ 585<br />

1.2. Preços Henry Hub ....................................................................................................................................... 586<br />

1.3. Preços de Gás Importado no Brasil via GNL ................................................................................................. 587<br />

1.4. Competitividade do Gás Natural no Brasil ................................................................................................... 588<br />

1.5. Projeção de Preços ...................................................................................................................................... 589<br />

1.5.1. Perspectivas de Gás Natural de Origem Boliviana ........................................................................ 589<br />

1.5.2. Projeção dos Preços de Gás Natural de Origem Importada via GNL .............................................. 589<br />

1.5.3. Projeção da Competitividade ...................................................................................................... 590<br />

2. Expansão da Oferta de Gás Natural ................................................................................................. 591<br />

2.1. Introdução .................................................................................................................................................. 591<br />

2.2. Metodologia ............................................................................................................................................... 591<br />

2.3. Índice de Disponibilidade ........................................................................................................................... 592<br />

2.4. Capacidade de Oferta de Gás Natural Nacional e Importado ....................................................................... 593<br />

3. Balanço de Oferta e Demanda de Gás Natural .................................................................................. 595<br />

3.1. Estados da Região Norte ............................................................................................................................. 596<br />

3.2. Estados da Região Nordeste ........................................................................................................................ 598<br />

3.3. Estados das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste ........................................................................................ 601<br />

3.4. Balanço de Oferta e Demanda do Brasil ...................................................................................................... 604<br />

3.5. Considerações Finais ................................................................................................................................... 607<br />

4. Infra-Estrutura de Transporte de Gás Natural .................................................................................. 607<br />

4.1. Introdução .................................................................................................................................................. 607<br />

4.2. Panorama Atual ......................................................................................................................................... 608<br />

4.2.1. Estados da Região Norte ............................................................................................................. 608<br />

4.2.2. Estados da Região Nordeste ........................................................................................................ 609<br />

4.2.3. Estados da Região Sudeste .......................................................................................................... 611<br />

4.2.4. Estados da Região Sul e Centro-Oeste ......................................................................................... 612<br />

4.3. Expansão da Infra-estrutura de Transporte de Gás Natural ......................................................................... 614<br />

4.3.1. Estados da Região Norte ............................................................................................................. 614<br />

4.3.2. Estados da Região Nordeste ........................................................................................................ 616<br />

4.3.3. Estados da Região Sudeste .......................................................................................................... 619<br />

4.3.4. Estados da Região Sul e Centro-Oeste ......................................................................................... 619<br />

4.3.5. Novos Sistemas em Estudos ......................................................................................................... 619<br />

4.4. Estimativa de Investimentos....................................................................................................................... 621<br />

4.5. Expansão da Infra-estrutura Via GNL .......................................................................................................... 621<br />

4.5.1. Custos da Cadeia do GNL ............................................................................................................. 622<br />

4.5.2. Investimentos na Regaseificação e Prazos de Construção ............................................................ 623


5. Aspectos Socioambientais .............................................................................................................. 624<br />

5.1. Processamento de Gás Natural ................................................................................................................... 625<br />

5.2. Transporte de Gás Natural ........................................................................................................................... 626<br />

5.3. Utilização do Gás Natural ............................................................................................................................ 626<br />

5.4. Metodologia e Procedimentos de Análise ................................................................................................... 627<br />

5.5. Caracterização da Malha Existente ............................................................................................................. 627<br />

5.6. Análise Socioambiental da Malha Planejada .............................................................................................. 630<br />

5.7. Análise Processual ...................................................................................................................................... 637<br />

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 639<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................................................... 640<br />

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................................... 641<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................... 641


OFERTA DE GÁS NATURAL 585<br />

Introdução<br />

Este capítulo apresenta os resultados dos estudos de expansão da oferta de gás natural no horizonte decenal.<br />

Inicialmente, é feita uma síntese da análise elaborada quanto às perspectivas de preços de gás natural.<br />

Em seguida, são apresentados os resultados dos estudos referentes à expansão da capacidade de oferta de gás<br />

natural nacional e importado, bem como da infra-estrutura nacional de transporte desse energético, incluindo uma<br />

estimativa dos investimentos associados a essa expansão.<br />

Finalmente, são analisados os efeitos socioambientais decorrentes das atividades de processamento, transporte<br />

e utilização do gás natural, sendo também elaborada uma primeira análise socioambiental da malha de gasodutos.<br />

1. Perspectivas de Preços de Gás Natural<br />

1.1. Premissas para as Previsões de Preços<br />

Para o próximo período decenal, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste terão seus suprimentos ampliados com a<br />

implantação de novos sistemas de produção de gás natural, em andamento, sendo complementados com a importação<br />

via GNL (pelo menos 14,0 milhões de m3/dia para o Sudeste e 6,0 milhões de m3/dia para o Nordeste) [1] e com<br />

gás natural oriundo de novas descobertas.<br />

Conforme sinalizações de produtores no Brasil, os novos preços deverão convergir para os níveis internacionais,<br />

que representam os custos marginais de suprimento do país, contribuindo também, para isto, uma tendência<br />

mundial de “commoditização” do gás natural.<br />

O crescimento da indústria de GNL vem permitindo uma maior flexibilização dos contratos de compra e venda<br />

e um incremento das transações spot de gás natural. Em conseqüência, os preços internacionais se tornaram<br />

referências. Na Bacia do Atlântico, na qual o Brasil está inserido, o preço referencial é o do Henry Hub [12], que vem<br />

apresentando níveis de preços superiores aos do gás natural de origem nacional e boliviano.<br />

Em relação ao gás natural de origem boliviana, cujo contrato prevê que o preço da commodity seja atrelado<br />

a uma cesta de óleos, o gás natural torna-se mais competitivo frente aos combustíveis líquidos quando ocorrem<br />

elevações dos preços do petróleo, pois existe uma parcela na composição do preço final do gás natural, (custo de<br />

transporte), que não varia na mesma proporção do preço do petróleo.<br />

Frente à Bacia do Atlântico, deve perdurar a prevalência da Bacia do Pacífico, onde o Japão desponta como<br />

maior importador de GNL. Este cenário deverá manter-se mesmo quando os EUA passarem a importar maiores volumes<br />

de GNL, devido às novas plantas de regaseificação previstas para a costa oeste americana. Além do aumento da<br />

importação atual, serão incluídos no grupo de importadores da Bacia do Pacífico, a China e a Índia.<br />

Os mecanismos de fixação de preços do GNL têm dinâmicas diferentes, variando em cada região. Na Bacia do<br />

Atlântico, os preços são determinados pelos balanços de oferta e demanda, baseados em pontos de comercialização<br />

de gás natural. Nos EUA, os preços são regidos pelos preços do Henry Hub (Louisiana) e na Europa, pelos preços do<br />

National Balancing Point – NBP (Reino Unido). Eles constituíram-se em preços referenciais para mercados físicos e<br />

não físicos (opções financeiras) de gás natural. Existe uma tendência de convergência entre os preços do Henry Hub<br />

e do NBP, motivada pela arbitragem de preços entre os dois referenciais [12].<br />

Na Bacia do Pacífico, o preço do GNL é normalmente relacionado ao chamado preço do Japan Crude Cocktail<br />

– JCC, uma média de preços CIF (Cost, Inssurance and Freight) do petróleo importado no Japão. O preço do GNL é<br />

calculado por fórmulas ajustadas ao preço do petróleo, com curvas de correção para quando o preço do petróleo<br />

estiver muito baixo ou muito alto.<br />

No Gráfico 1, onde são mostrados valores históricos de preços de importação de GNL no período 1997/2005,<br />

observa-se uma razoável paridade entre os preços de GNL nos EUA, União Européia e Japão.


586<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 1 – Preços de Importação de GNL<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

US$/ MBtu<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Jan<br />

97<br />

Jul<br />

97<br />

Jan<br />

98<br />

Jul<br />

98<br />

Jan<br />

99<br />

Jul<br />

99<br />

Jan<br />

00<br />

Jul<br />

00<br />

Jan<br />

01<br />

Jul<br />

01<br />

Jan<br />

02<br />

Jul<br />

02<br />

Jan<br />

03<br />

Jul<br />

03<br />

Jan<br />

04<br />

Jul<br />

04<br />

Jan<br />

05<br />

GNL Japão GNL EUA GNL UE JCC (petróleo)<br />

Fonte: IEA [3]<br />

1.2. Preços Henry Hub<br />

A evolução da comercialização de GNL na direção de uma contratação mais flexível e do aumento de transações<br />

nos mercados “spot” vem transformando, de forma significativa, o mercado de gás natural, podendo, inclusive,<br />

modificar a correlação entre os mercados de gás natural e de petróleo no futuro.<br />

A Empresa de Pesquisa Energética (<strong>EPE</strong>) estabeleceu uma correlação para o preço de gás natural utilizando<br />

uma regressão linear entre os preços registrados para o gás Henry Hub e para o petróleo Brent. Para a realização desta<br />

correlação, utilizou-se a média mensal do preço do gás no Henry Hub, em US$/MBtu, fornecido pelo Platts, compreendendo<br />

o período de janeiro de 1996 a maio de 2007 (corrigidos para preços de maio de 2007) e a média mensal de<br />

petróleo Brent, em US$/MBtu, fornecido pelo Platts, compreendendo igual período (corrigidos para preços de maio<br />

de 2007). A expressão de correlação encontrada foi: Preço do Gás (Henry Hub) = exp {-0,0231 + 0,9212 x ln(Preço<br />

Brent)} e o respectivo R-Quadrado da regressão foi de 0,6557689. Utilizando-se essa correlação, foram calculadas as<br />

previsões de preços de gás natural (Henry Hub) relacionados aos preços de petróleo tipo Brent usados como referências<br />

para as trajetórias superior e inferior, conforme apresentados na Tabela 1.


OFERTA DE GÁS NATURAL 587<br />

Tabela 1 – Previsões do Henry Hub (2007/2016)<br />

Ano<br />

Brent<br />

(US$/bbl)<br />

Henry Hub<br />

(US$/MBtu)<br />

2007 66,5 7,60<br />

2008 65,5 7,49<br />

2009 62,5 7,18<br />

2010 58,0 6,71<br />

2011 54,0 6,28<br />

2012 50,0 5,86<br />

2013 47,5 5,59<br />

2014 45,7 5,40<br />

2015 45,0 5,32<br />

2016 45,0 5,32<br />

1.3. Preços de Gás Importado no Brasil via GNL<br />

Para estimar o preço do gás natural importado no Brasil, via GNL, considerou-se o conceito de net-back 5 para<br />

a definição do preço do GNL na origem (planta de liquefação). Os preços de GNL estimados para a Bacia do Atlântico<br />

estão apresentados na Tabela 2.<br />

Tabela 2 – Cálculo Net-Back de Preços de GNL – Bacia do Atlântico<br />

Valores (US$/MBtu)<br />

Fonte<br />

Trinidad & Tobago Nigéria Argélia<br />

Tobago<br />

Preço Henry Hub (EUA) 6,71 6,71 6,71<br />

Custo transporte em gasoduto (EUA) 0,10 0,10 0,10<br />

Custo regaseificação 0,60 0,60 0,60<br />

Custo frete (EUA - fonte) 0,38 0,98 0,84<br />

Preço GNL na fonte 5,63 5,03 5,17<br />

Nordeste<br />

Custo frete (opção considerada - NE) 0,28 0,44 0,56<br />

Custo regaseificação NE 0,72 0,72 0,72<br />

Custo transporte em gasoduto (NE) 0,45 0,45 0,45<br />

Preço de GNL internalizado - NE 7,08 6,64 6,90<br />

Sudeste<br />

Custo frete (opção considerada - SE) 0,52 0,55 0,75<br />

Custo regaseificação SE 0,69 0,69 0,69<br />

Custo transporte malha gasoduto (SE) 0,25 0,25 0,25<br />

Preço de GNL internalizado - SE 7,09 6,52 6,86<br />

5 A partir do preço do gás natural cotado no mercado americano Henry Hub,, utilizando-se estimativas para os valores de frete, regaseificação<br />

e transporte por dutos.


588<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

A Tabela 3 apresenta as estimativas de preços de gás natural via GNL, para as regiões Nordeste e Sudeste.<br />

Tabela 3 – Estimativas de Preços de Gás Natural, via GNL<br />

Ano<br />

Brent Henry Hub Nigéria Nordeste Sudeste<br />

(US$/Bbl) (US$/MBtu) (US$/MBtu) (US$/MBtu) (US$/MBtu)<br />

2007 66,50 7,60 5,92 7,53 7,41<br />

2008 65,50 7,49 5,81 7,42 7,30<br />

2009 62,50 7,18 5,50 7,11 6,99<br />

2010 58,00 6,71 5,03 6,64 6,52<br />

2011 54,00 6,28 4,60 6,21 6,09<br />

2012 50,00 5,86 4,18 5,79 5,67<br />

2013 47,50 5,59 3,91 5,52 5,40<br />

2014 45,70 5,40 3,72 5,33 5,21<br />

2015 45,00 5,32 3,64 5,25 5,13<br />

2016 45,00 5,32 3,64 5,25 5,13<br />

1.4. Competitividade do Gás Natural no Brasil<br />

O mercado de gás natural no Brasil vem observando um grande crescimento nos últimos anos, influenciado por vários<br />

fatores, entre eles, a competitividade do combustível frente aos energéticos substitutos.<br />

Foram elaboradas projeções de preços de óleo combustível ATE (ex-refinaria) em conformidade com a curva<br />

de correlação entre os valores de óleo combustível e de petróleo Brent. Para a realização desta correlação, utilizou-se<br />

a média mensal do preço do óleo combustível ATE, em US$/bbl, fornecido pelo Platts, compreendendo o período<br />

de agosto de 1998 a maio de 2007 (corrigidos para preços de maio de 2007) e a média mensal de petróleo Brent, em<br />

US$/bbl, fornecido pelo Platts, compreendendo igual período (corrigidos para preços de maio de 2007). A expressão<br />

de correlação encontrada foi: Preço do OC ATE = exp {0,1538 + 0,8731 x ln(Preço Brent)} e o respectivo R-Quadrado<br />

da regressão foi de 0,9164.<br />

Calculou-se também, as relações de competitividade entre os preços de gás natural (Henry Hub) nos city gates<br />

e o óleo combustível ATE ex refinaria (internalizado) para o ano de 2010, correspondentes às projeções de preços de<br />

petróleo Brent em estudo. Os resultados estão apresentados na Tabela 4, destacando-se os valores para a competitividade<br />

de 85% em relação ao OC ATE, conforme análise apresentada a seguir.


OFERTA DE GÁS NATURAL 589<br />

Tabela 4 – Competitividade do Henry Hub (HH) Frente ao OC ATE Internalizado<br />

Ano<br />

Brent HH OC HH/OC HH (85% OC)<br />

(US$/Bbl) (US$/MBtu) (US$/MBtu) (%) (US$/MBtu)<br />

2007 66,50 7,60 8,30 91,5 7,06<br />

2008 65,50 7,49 8,21 91,3 6,97<br />

2009 62,50 7,18 7,92 90,7 6,73<br />

2010 58,00 6,71 7,49 89,6 6,37<br />

2011 54,00 6,28 7,10 88,5 6,04<br />

2012 50,00 5,86 6,71 87,3 5,70<br />

2013 47,50 5,59 6,46 86,6 5,49<br />

2014 45,70 5,40 6,28 86,0 5,34<br />

2015 45,00 5,32 6,21 85,7 5,28<br />

2016 45,00 5,32 6,21 85,7 5,28<br />

1.5. Projeção de Preços<br />

1.5.1. Perspectivas de Gás Natural de Origem Boliviana<br />

Através de curvas de correlação entre o petróleo Brent e os óleos combustíveis componentes da fórmula de<br />

cálculo de preços de gás natural de origem boliviana, calculam-se as projeções de preços de gás natural 6 , apresentados<br />

na Tabela 5.<br />

Tabela 5 – Estimativa de Preços de Gás de Origem Boliviana<br />

Ano<br />

Brent<br />

(US$/Bbl)<br />

Gás (US$/MBtu)<br />

Total<br />

2007 66,50 5,54<br />

2008 65,50 5,54<br />

2009 62,50 5,43<br />

2010 58,00 5,22<br />

2011 54,00 4,99<br />

2012 50,00 4,76<br />

2013 47,50 4,58<br />

2014 45,70 4,46<br />

2015 45,00 4,39<br />

2016 45,00 4,37<br />

1.5.2. Projeção dos Preços de Gás Natural de Origem Importada via GNL<br />

O anunciado Plano de Negócios 2007/2011 da Petrobras prevê, em atendimento à demanda doméstica esperada<br />

(termelétrica e não termelétrica) em 2011, uma importação de 50,0 milhões de m 3 /dia, sendo 30,0 milhões de m 3 /dia da<br />

Bolívia e 20,0 milhões de m 3 /dia via GNL.<br />

6 Os preços de gás apresentados não incluem impostos (PIS/COFINS e ICMS) e referem-se à preços nos citygates (para a formação do preço<br />

final ao consumidor deve-se acrescentar as margens de distribuição).


590<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Elaborou-se a projeção de um preço “mix”, formado pela ponderação dos preços das fontes de gás natural nacional<br />

e importado via GNL, segundo os volumes projetados no horizonte de dez anos deste Plano. Este preço mix<br />

poderia ser considerado um preço mínimo que os “ofertantes” de gás natural estariam dispostos a aceitar. Quantidades<br />

complementares de gás natural, para atendimento de eventuais déficits entre a demanda e oferta do combustível<br />

de origem nacional, serão importadas via GNL (Tabela 6).<br />

A inclusão de novos suprimentos com custos superiores aos existentes resultará em uma elevação de preço do<br />

gás natural, de forma que sua competitividade frente aos outros derivados líquidos deverá ser comprometida em<br />

relação às condições atuais, tendendo às cotações internacionais.<br />

Foi verificado que uma relação de competitividade de 100% entre o gás natural (no city-gate do gasoduto de<br />

transporte) e seu principal energético substituto, o óleo combustível (ex-refinaria), não deve ocorrer, pois os preços<br />

projetados de gás natural estariam superiores aos preços de gás via importação e internalização de GNL (paridade<br />

de importação).<br />

Por sua vez, uma relação de competitividade de 70% também não deve ocorrer, pois não atenderia ao ofertante,<br />

uma vez que o custo de fornecimento mix de gás natural estaria acima dos níveis de preço do gás natural neste<br />

nível de competitividade.<br />

Com o descarte das competitividades de 70% e de 100%, estima-se que a competitividade de 85% atende a<br />

ambos os agentes – ofertante e demandante –, constituindo-se em um nível satisfatório para o mercado, dadas as<br />

condições de precificação utilizadas.<br />

Tabela 6 – Tipos de Oferta de Gás Natural Considerados<br />

Oferta de gás Origem do gás Preços (US$/MBtu)<br />

Descobertas nacional gás nacional<br />

Novas descobertas nacional (1) opção 1 = gás nacional<br />

opção 2 = GNL internalizado<br />

Déficit (demanda – oferta) importado GNL internalizado<br />

(1) Para o gás natural de origem nacional, oriundo de novas descobertas, existem, basicamente, duas opções para sua precificação:<br />

• Opção 1 – acompanhar os preços de gás nacional (sistemática estabelecida pela Portaria Interministerial nº. 3, de 17.02.2000, do Ministério da Fazenda e<br />

Ministério das Minas e Energia), ou seja, adotar os preços praticados internamente. Com relação à sistemática estabelecida na Portaria Interministerial MME/MF<br />

nº.3/200, cumpre ressaltar que, a despeito da caducidade da mencionada Portaria, sua sistemática está disposta nos contratos de compra e venda de gás natural<br />

de origem nacional em vigor. Entretanto, para novos contratos, a sistemática a adotar será livremente negociada entre as partes<br />

• Opção 2 – acompanhar os preços de GNL (Henry Hub) internalizados, ou seja, adotar os níveis de preços internacionais<br />

1.5.3. Projeção da Competitividade<br />

Em função da necessidade de importação de GNL para o suprimento do mercado brasileiro de gás natural e da<br />

perspectiva de maior aderência aos preços internacionais, estima-se que a relação de competitividade entre o gás<br />

natural e o óleo combustível ATE no país apresentará uma tendência de convergência para valores próximos a 85%.<br />

Nessa hipótese, os preços de gás natural partem de uma situação atual de competitividade entre o gás natural<br />

e o óleo combustível ATE, da ordem de 60%, evoluindo até atingir 85%, em 2010, e permanecendo neste patamar<br />

até o final do período (2016). Nesta conjectura, os preços de gás natural no Brasil manteriam uma pequena diferença<br />

em relação aos preços internacionais (preços de Henry Hub para GNL).<br />

Utilizando-se essa evolução de competitividade, obtêm-se a curva de evolução de projeção de preços de gás<br />

natural para novos contratos. O Gráfico 2, a seguir, apresenta esta evolução.


OFERTA DE GÁS NATURAL 591<br />

Gráfico 2 – Evolução de Preços de Gás para Novos Contratos Seguindo a Premissa de 85%<br />

8,00<br />

7,50<br />

7,00<br />

US$/MBtu<br />

6,50<br />

6,00<br />

5,50<br />

5,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Novos_Contratos_GN GN=85%_OC GNL_NE GNL_S-SE-CO<br />

2. Expansão da Oferta de Gás Natural<br />

2.1. Introdução<br />

A estimativa de oferta futura de gás natural no Brasil, para o período analisado, decorre das previsões de produção<br />

dos campos descobertos, das futuras descobertas no país e das importações via gasodutos ou via GNL.<br />

As previsões de produção dos campos descobertos possuem características de incerteza, devido à incorporação<br />

de volumes vinculados às reservas ainda não provadas, podendo ser superiores ou inferiores às estimativas<br />

atuais, e devido aos cronogramas de implantação dos novos sistemas de produção sujeitos a modificações, notadamente<br />

os projetos de grande impacto, como: Golfinho, Jubarte e Parque das Conchas no Espírito Santo; Roncador,<br />

Espadarte, Marlim Sul, Frade e área do BS-500 no Rio de Janeiro; e Mexilhão no Estado de São Paulo.<br />

A estimativa de oferta de gás natural, decorrente de recursos ainda não descobertos apresenta um grau de incerteza<br />

mais elevado, conforme citado anteriormente. Entretanto, em função da utilização de um viés conservador,<br />

a previsão de produção de gás natural decorrente de futuras descobertas apresenta um padrão de razoável aceitabilidade.<br />

Destaca-se, também, que a participação das “novas descobertas” na oferta total projetada ocorre com maior<br />

relevância apenas nos últimos três anos do período decenal, contribuindo para a aceitação do nível de incerteza,<br />

dado o caráter de médio/longo prazo do planejamento deste período.<br />

A oferta de gás natural importado via gasodutos diz respeito à importação da Bolívia e da Argentina. Já a oferta<br />

via GNL refere-se aos estudos de importação de gás natural para a região Nordeste e Sudeste do país.<br />

2.2. Metodologia<br />

A partir das previsões de produção de gás associado e gás não associado dos campos descobertos e das novas<br />

descobertas, foram determinados índices prospectivos médios de disponibilidade de gás natural, com base nos<br />

índices históricos do somatório dos volumes de gás natural utilizados nas seguintes atividades:<br />

• Consumo no processo produtivo de petróleo e gás natural;<br />

• Injeção em projetos de recuperação secundária do petróleo;<br />

• Absorção via transformação em líquidos nas UPGNs;<br />

• Queima (gás não aproveitado).<br />

Buscando-se maior precisão nas previsões, estes índices foram determinados por estados, separando-se cada<br />

uma das aplicações do gás natural no processo de produção de gás associado e gás não associado, uma vez que os<br />

percentuais de consumo, injeção, absorção e queima são muito influenciados pela maior ou menor participação da<br />

produção do gás associado na totalidade da produção.


592<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Os índices para a determinação do volume de gás natural consumido, de gás injetado e de gás queimado foram<br />

relacionados à produção do gás associado, ou seja, o consumo de gás natural no processo produtivo, a injeção e<br />

a queima operacional, são vinculados às necessidades do tratamento do petróleo e à necessidade de compressão do<br />

gás natural, quando em terra. No caso de instalações marítimas, considera-se, ainda, a geração de energia elétrica.<br />

Para a produção do gás não associado foram estabelecidos índices globais, ou seja, foi assumido que, em um<br />

campo de gás não associado, 1% da produção perde-se em queimas esporádicas em situações de emergência, até<br />

que os poços sejam fechados, e outros 2% referem-se ao consumo em compressores de baixa pressão, nos sistemas<br />

de estabilização de condensado e nos usos em unidades de tratamento. Para a parcela do gás natural absorvido em<br />

UPGN, foi considerado como regra geral que 3% do volume de gás não associado são transformados em líquidos,<br />

existindo, porém, situações em que foi possível uma determinação mais precisa.<br />

2.3. Índice de Disponibilidade<br />

As Tabelas 7 a 9 apresentam os índices médios de disponibilidade utilizados para a determinação das ofertas<br />

de gás natural relacionadas aos campos descobertos.<br />

Tabela 7 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%)<br />

Norte (Campos Descobertos)<br />

Itens<br />

S/Gasoduto C/Gasoduto 1<br />

GA GNA GA GNA<br />

Queima 5,0 1,0 5,0 1,0<br />

Consumo 8,0 2,0 6,0 2,0<br />

Injeção 80,0 94,0 0,0 0,0<br />

Absorvido 7,0 3,0 7,0 3,0<br />

Total 100,0 100,0 18,0 6,0<br />

Disponível 0,0 0,0 82,0 94,0<br />

GA – Gás associado, GNA – Gás não associado<br />

Tabela 8 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%)<br />

Nordeste (Campos Descobertos)<br />

Itens<br />

CE RN AL SE BA<br />

GA GNA GA GNA GA GNA GA GNA GA GNA<br />

Queima 5,0 0,0 7,0 1,0 1,5 1,0 8,0 1,0 5,0 1,0<br />

Consumo 50,0 0,0 35,0 2,0 3,0 2,0 37,0 2,0 12,0 2,0<br />

Injeção 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 0,0 34,0 0,0 2,0 0,0<br />

Absorvido 6,0 0,0 12,0 4,0 4,0 2,0 13,0 7,0 8,0 3,0<br />

Total 61,0 0,0 54,0 7,0 18,5 5,0 92,0 10,0 27,0 6,0<br />

Disponível 39,0 0,0 46,0 93,0 81,5 95,0 8,0 90,0 73,0 94,0<br />

GA – Gás associado, GNA – Gás não associado


OFERTA DE GÁS NATURAL 593<br />

Tabela 9 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%)<br />

Sudeste (Campos Descobertos)<br />

Itens<br />

ES 2 RJ SP PR<br />

GA GNA GA GNA GA GNA GA GNA<br />

Queima 5,0 1,0 10,0 1,0 0,0 1,0 94,0 1,0<br />

Consumo 20,0 2,0 25,0 2,0 0,0 2,0 6,0 2,0<br />

Injeção 0,0 0,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Absorvido 8,0 3,0 8,0 3,0 0,0 2,0 0,0 3,0<br />

Total 33,0 6,0 46,0 6,0 0,0 5,0 100,0 6,0<br />

Disponível 67,0 94,0 54,0 94,0 0,0 95,0 0,0 94,0<br />

GA – Gás associado, GNA – Gás não associado<br />

A Tabela 10 apresenta os índices médios de disponibilidade utilizados para a determinação da oferta de gás<br />

natural relacionada às novas descobertas.<br />

Tabela 10 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%)<br />

Brasil (Novas descobertas)<br />

Associado Terra Associado Mar Não Associado<br />

Itens % Itens % Itens %<br />

Queima 5 Queima 10 Queima 1<br />

Consumo 12 Consumo 25 Consumo 2<br />

Injeção 2 Injeção 3 Injeção 0<br />

Absorvido 8 Absorvido 8 Absorvido 3<br />

Total 27 Total 46 Total 6<br />

Disponível 73 Disponível 54 Disponível 94<br />

2.4. Capacidade de Oferta de Gás Natural Nacional e Importado<br />

Os volumes anuais de oferta de gás natural no Brasil foram calculados a partir das estimativas de produção dos<br />

campos, em cada estado, e agrupados nos denominados “Pontos de Oferta” 7 .<br />

Em cada estado haverá tantos pontos de oferta quantos são as unidades ou grupos de unidades de processo<br />

existentes. Mais precisamente, as estimativas de ofertas para este plano consideraram os seguintes pontos de ofertas<br />

de gás natural ao mercado: Urucu e Silves (futuro) no Amazonas; LUBNOR no Ceará; Guamaré no Rio Grande do<br />

Norte; Pilar em Alagoas; Carmópolis e Atalaia em Sergipe; Catu, Candeias e São Francisco (Manati) na Bahia; Lagoa<br />

Parda, Cacimbas e Ubu (futuro) no Espírito Santo; Cabiúnas e BS-500 (futuro) no Rio de Janeiro; Merluza e Mexilhão<br />

(futuro) em São Paulo e Barra Bonita (possibilidade) no Paraná.<br />

As Tabelas 11 a 13 apresentam, respectivamente, as previsões das ofertas de gás natural referentes aos campos<br />

já descobertos, às novas descobertas e à importação, via gasoduto da Bolívia e via GNL, considerado neste plano já<br />

a partir de 2008 para o NE e 2009 para o SE. Entretanto, para esta questão optou-se por uma hipótese mais conservadora,<br />

ampliando a robustez de curto prazo deste plano decenal. Os Gráficos 3 e 4 sintetizam os resultados para as<br />

regiões Nordeste e Sudeste/C. Oeste/Sul.<br />

7 Estes pontos de oferta são aqueles a partir dos quais o gás natural é considerado disponível ao mercado, já tendo sido especificado por uma<br />

unidade de processamento, unidade de tratamento ou similar.


594<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Considerando-se os projetos de ampliação da infra-estrutura de transporte em implantação, para o atendimento<br />

do crescente mercado não termelétrico de gás natural e das termelétricas atuais, verifica-se que não há necessidade<br />

de outras ampliações. Esta situação pode, no entanto, ser alterada em função dos resultados dos programas<br />

exploratórios em curso, ou em função da implantação e da localização de novas termelétricas a gás natural,<br />

indicadas no planejamento da expansão de oferta de energia elétrica no país.<br />

Neste contexto de incertezas, notadamente no segundo qüinqüênio do período decenal, caso não surjam<br />

grandes descobertas de recursos de gás natural nos próximos dois anos, a alternativa de complementação da oferta<br />

de gás natural que se apresenta como mais adequada seria a instalação de novos terminais de regaseificação de<br />

GNL, em locais que já apresentam infra-estrutura portuária, como Suape (PE) e Aratu (BA).<br />

Para o trecho sul do Gasbol existe a opção da instalação de um terminal de regaseificação de GNL em São<br />

Francisco do Sul – SC, onde há condições de porto abrigado. Este terminal, além de suprir o crescimento de demanda<br />

de gás natural na Região Sul do país, poderia até ampliar a oferta de gás natural para o Estado de São Paulo, que<br />

também poderia reter mais gás natural boliviano.<br />

Tabela 11 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Campos Descobertos<br />

milhões de m 3 /dia<br />

Regiões 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Norte - - 9,3 11,1 10,7 10,3 10,0 9,7 9,4 8,4<br />

Nordeste 14,6 14,1 14,0 13,8 12,8 11,0 9,5 8,1 6,9 6,0<br />

Sudeste 13,1 16,7 42,4 49,1 50,3 50,1 49,8 48,6 43,8 38,9<br />

Total 27,7 30,8 65,7 74,0 73,8 71,5 69,4 66,4 60,1 53,3<br />

Total - bilhões m 3 /ano 10,1 11,3 24,0 27,0 26,9 26,2 25,3 24,2 22,0 19,5<br />

Tabela 12 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Novas Descobertas<br />

milhões de m 3 /dia<br />

Regiões 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Norte - - - - - - - 0,1 0,1 0,1<br />

Nordeste - 0,1 0,5 0,7 0,8 0,8 1,0 3,3 7,5 10,6<br />

Sudeste - 0,0 0,0 0,1 0,1 0,7 3,7 14,5 23,8 27,8<br />

Total - 0,1 0,5 0,8 0,9 1,5 4,7 17,8 31,4 38,5<br />

Total - bilhões m 3 /ano - 0,0 0,2 0,3 0,3 0,6 1,7 6,5 11,5 14,1<br />

Tabela 13 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Importado Considerado<br />

milhões de m 3 /dia<br />

Regiões 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Importação Bolívia - TBG 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1 30,1<br />

Importação Bolívia - Cuiabá 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1<br />

Importação Argentina - RS 3 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0<br />

Importação GNL - Nordeste - 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0<br />

Importação GNL - Sudeste - - 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0<br />

Total 35,1 38,1 55,1 55,1 55,1 55,1 55,1 55,1 55,1 55,1<br />

Total - bilhões m 3 /ano 12,8 13,9 20,1 20,1 20,1 20,2 20,1 20,1 20,1 20,2


OFERTA DE GÁS NATURAL 595<br />

Gráfico 3 – Oferta Total da Região Nordeste<br />

45.000<br />

40.000<br />

35.000<br />

30.000<br />

mil m 3 /dia<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Campos descobertos Importação GNL Novas Descobertas<br />

140.000<br />

Gráfico 4 – Oferta Total das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste<br />

120.000<br />

100.000<br />

mil m 3 /dia<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Campos descobertos Novas Descobertas Importação GNL<br />

3. Balanço de Oferta e Demanda de Gás Natural<br />

Nos últimos anos o gás natural vem tendo uma participação crescente na matriz energética brasileira. As perspectivas<br />

para os próximos dez anos indicam que esta participação será ainda maior. A entrada de novos campos<br />

produtores e a necessidade de atender as demandas termelétricas 8 provocará um aumento dos volumes movimentados<br />

de gás natural.<br />

Para que não ocorram problemas no fornecimento de gás natural, é necessário que a infra-estrutura seja suficiente<br />

para transportar o gás natural de sua fonte produtora até o consumidor final. Esta infra-estrutura é, portanto,<br />

um ponto fundamental de todo o sistema e deve ser dimensionada de forma a permitir que o gás natural, produzido<br />

ou importado, possa chegar aos mercados consumidores de forma segura.<br />

Assim, para que seja possível a proposição de soluções para a ampliação da infra-estrutura de transporte de<br />

gás natural no Brasil é imperativo que estejam claramente definidos e quantificados os possíveis desequilíbrios entre<br />

oferta e demanda em cada uma das regiões brasileiras, permitindo, assim, a perfeita avaliação das necessidades<br />

específicas de cada área.<br />

8 Para as demandas das termelétricas foi adotado o atendimento médio de 92% da capacidade instalada.


596<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Destaca-se que os balanços de oferta e demanda de gás natural apresentados neste trabalho não consideram<br />

o Termo de Compromisso firmado entre a Petrobras e a ANEEL em 04/05/2007, que prevê reduções, até 2011, no<br />

fornecimento de gás natural para as termelétricas com contratos com esta empresa.<br />

Com este propósito serão ilustrados, nas seções que se seguem, os balanços de gás natural de três grandes<br />

regiões brasileiras, com suas respectivas previsões de ofertas e demandas. São elas: Região Norte, Região Nordeste e<br />

o agrupamento das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste<br />

Neste ponto, vale destacar a importância de serem observados, em separado, os balanços de gás natural da<br />

Região Nordeste e das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, pelo fato da interligação entre essas redes de transporte<br />

ainda não estar plenamente concluída (a conclusão do GASENE, segundo o acompanhamento do PAC, está prevista<br />

para dezembro de 2009). Esta consideração permitirá visualizar a importância da movimentação de gás natural entre<br />

estas regiões.<br />

Por outro lado optou-se por analisar as Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste em conjunto pelo fato das malhas<br />

de gasodutos de transporte das mesmas apresentarem elevado grau de integração, permitindo o livre deslocamento<br />

de gás natural entre elas, apesar dos limites restritivos atuais para a Região Sul e de alguma restrição localizada<br />

na movimentação na Região Sudeste, enquanto não se concluem os gasodutos GASDUC III, Campinas-Rio, Japeri-<br />

REDUC e GASBEL II. Excluíram-se também deste conjunto os sistemas isolados de importação de gás natural para as<br />

térmicas de Uruguaiana e Cuiabá.<br />

A Região Norte por se tratar de um sistema isolado e não possuir interligação com o restante da rede de transporte<br />

de gás natural será apresentada em um balanço independente.<br />

Ao final da seção, estará apresentado o balanço consolidado de gás natural brasileiro elaborado a partir dos<br />

dados constantes dos cenários de ofertas e demandas previstos para as três regiões anteriormente estudadas.<br />

3.1. Estados da Região Norte<br />

Conforme descrito anteriormente, serão apresentados os balanços de gás natural de três grandes regiões brasileiras<br />

buscando visualizar os desequilíbrios regionais entre o volume produzido e a demanda de gás natural de cada uma<br />

delas. Seguindo esta diretriz, a presente seção iniciará avaliando as projeções para oferta da Região Norte (Tabela 14).<br />

Na Região Norte, a oferta de gás natural destinar-se-á, principalmente, ao atendimento das termelétricas. A<br />

maior parcela do volume ofertado pela região será proveniente da Bacia do Solimões (bacia sedimentar onde se encontram<br />

o Pólo de Urucu e as jazidas da área de Juruá), cuja destinação será o atendimento dos mercados de Manaus<br />

e Porto Velho.<br />

Adicionalmente, a Região Norte apresenta um potencial complementar de produção na área de Silves (campo<br />

de Azulão), a qual ainda não possui destinação definida, mas provavelmente será utilizada para a geração elétrica<br />

na região.<br />

Tabela 14 – Região Norte: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m3/d)<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta Regional Líquida 0 0 9.282 11.068 10.704 10.339 9.975 9.664 9.352 8.433 N/A -4<br />

Importação 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 N/A N/A<br />

Novas Descobertas 0 0 0 0 0 0 0 56 113 141 N/A N/A<br />

Total 0 0 9.282 11.068 10.704 10.339 9.975 9.720 9.465 8.574 N/A -4<br />

NA – Não aplicável


OFERTA DE GÁS NATURAL 597<br />

Com relação à demanda da Região Norte (Tabela 15), observa-se um amplo predomínio do consumo das termelétricas<br />

em relação aos demais segmentos.<br />

Neste ponto é importante destacar que já existem estudos para o atendimento do mercado não-termelétrico<br />

de Manaus no período decenal deste plano. A Companhia de Gás do Amazonas (CIGAS), por exemplo, analisa a<br />

construção de redes de distribuição visando o aproveitamento do gás natural para fins comerciais em Manaus e<br />

nos demais municípios por onde passará o gasoduto Coari-Manaus. Entretanto, como os volumes de gás natural<br />

destinados a estes segmentos específicos ainda não foram definidos e são consideravelmente inferiores aos montantes<br />

destinados às termelétricas, o presente estudo desconsiderou a demanda não-termelétrica na Região Norte<br />

no referido período.<br />

Tabela 15 – Região Norte: Projeção da Demanda de Gás Natural por Origem (mil m3/d)<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Não-Térmelétricas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 N/A N/A<br />

Térmelétricas Total 0 0 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 N/A 0<br />

Térmelétricas Manaus 0 0 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 N/A 0<br />

Térmelétricas P. Velho 0 0 2.079 2.079 2.079 2.079 2.079 2.079 2.079 2.079 N/A 0<br />

Total 0 0 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 N/A 0<br />

NA – Não aplicável<br />

O Balanço da Região Norte (Tabela 16 e Gráfico 5) indica que a mesma possui um nível de oferta com capacidade<br />

para atender plenamente a demanda projetada (inclusive futuras demandas não-térmicas). Todavia, a principal<br />

dificuldade que se interpõe ao aproveitamento destas reservas é o relativo isolamento das áreas em que as mesmas<br />

estão localizadas, fato este que exige expressivos investimentos em infra-estrutura de transporte.<br />

Cabe ressaltar que, atualmente, grande parte do gás natural processado em Urucu é reinjetada nas jazidas,<br />

em conseqüência da inexistência da infra-estrutura de transporte para escoamento da produção até os mercados<br />

consumidores.<br />

Tabela 16 – Região Norte: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m 3 /d)<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta 0 0 9.282 11.068 10.704 10.339 9.975 9.720 9.465 8.574 N/A -4<br />

Demanda Total 0 0 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 N/A 0<br />

Demanda Manaus 0 0 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 7.917 N/A 0<br />

Demanda P. Velho 0 0 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 5.837 N/A 0<br />

Saldo 0 0 1.366 3.151 2.787 2.423 2.059 1.804 1.549 657 N/A -15<br />

NA – Não aplicável


598<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 5 – Região Norte: Projeção do Balanço de Gás Natural<br />

12.000<br />

10.000<br />

mil m 3 /dia<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Térmicas Amazonas Térmicas Rondônia Oferta da Região Norte<br />

3.2. Estados da Região Nordeste<br />

Observando o comportamento da previsão de oferta de gás natural na Região Nordeste, verifica-se uma queda<br />

gradual da oferta regional líquida no referido período. O início da produção do campo de Manati é um evento de<br />

relevância que elevou consideravelmente os níveis de oferta da região no curto prazo. Entretanto, constata-se que<br />

após este fato, a oferta dos campos descobertos na região tem uma tendência declinante, que deverá se manter no<br />

restante do decênio, como pode ser visto na Tabela 17, a seguir.<br />

Por outro lado, a queda da produção da Região Nordeste será, em parte, compensada pela oferta adicional<br />

gerada pela construção do terminal de importação de GNL no Ceará, cujo início da operação está previsto para o ano<br />

de 2008. O terminal de importação de GNL será de vital importância para a região, pois além de fornecer considerável<br />

volume de gás natural ao sistema, propiciará maior flexibilidade de atendimento ao mercado termelétrico.<br />

Vale ressaltar que ao final do decênio, existe ainda a possibilidade de novo aumento na oferta de gás natural<br />

da Região Nordeste, caso sejam confirmadas as projeções de oferta proveniente de novas descobertas (vide Tabela<br />

17). O volume produzido por estes campos poderão, ao final do período, permitir, inclusive, a redução no volume de<br />

gás natural importado via GNL ou da parcela recebida da Região Sudeste via Gasene.<br />

Tabela 17 – Região Nordeste: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m3/d)<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta Regional<br />

Líquida<br />

14.609 14.101 14.033 13.772 12.798 11.041 9.545 8.118 6.949 5.998 -3 -11<br />

Importação via GNL 0 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 N/A 0<br />

Novas Descobertas 0 121 451 721 825 847 995 3.275 7.507 10.561 N/A 236<br />

Total 14.609 20.222 20.484 20.492 19.623 17.888 16.541 17.393 20.456 22.559 9 3<br />

NA – Não aplicável<br />

Observa-se a tendência de expressivo aumento da demanda não-termelétrica (Tabela 18), devido principalmente<br />

ao crescimento das demandas das distribuidoras que devem, ao final do período, apresentar aumento de<br />

72% e 78% na trajetória inferior e superior, respectivamente, em relação à demanda prevista para o ano de 2007. Este<br />

fato deve-se, em parte, ao futuro atendimento da demanda reprimida, que teria sido gerada pela atual insuficiência<br />

de oferta de gás natural e de infra-estrutura de seu transporte, que estará parcialmente solucionada após a conclusão<br />

dos empreendimentos em curso.


OFERTA DE GÁS NATURAL 599<br />

Para o aumento de demanda de gás natural no segmento termelétrico, o primeiro evento será a entrada em<br />

operação da Termo Açu, prevista para o ano de 2008. A Termo Açu foi considerada no grupo “térmicas atuais” (Tabelas<br />

18 e 19). Os valores apresentados nas linhas “térmicas indicativas” são referentes às novas térmicas previstas pelo<br />

presente Plano com intuito de complementar a geração de energia elétrica na região 9 .<br />

Tabela 18 – Região Nordeste: Projeção da Demanda de Gás Natural por Origem (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Inferior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Não-Térmicas 9.822 10.057 11.997 13.786 14.854 15.462 16.255 16.595 16.730 16.868 13 3<br />

Térmicas 8.238 8.238 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 7 0<br />

Térmicas Indicativas 0 0 0 0 3.950 3.950 3.950 3.950 3.950 3.950 N/A 0<br />

Total 18.060 18.295 22.416 24.205 29.223 29.830 30.624 30.964 31.099 31.236 15 1<br />

NA – Não aplicável<br />

Tabela 19 – Região Nordeste: Projeção da Demanda de Gás Natural por Origem (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Superior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Não-Térmicas 9.884 10.184 12.231 14.142 15.282 15.962 16.808 17.221 17.420 17.623 14 3<br />

Termicas 8.238 8.238 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 10.419 7 0<br />

Termicas Indicativas 0 0 0 0 3.950 3.950 3.950 3.950 3.950 3.950 N/A 0<br />

Total 18.122 18.422 22.650 24.561 29.650 30.330 31.176 31.589 31.788 31.992 16 2<br />

NA – Não aplicável<br />

Finalmente, é apresentada a projeção do balanço de gás natural da Região Nordeste, confrontando-se as trajetórias<br />

de ofertas e demandas anteriormente comentadas (Tabelas 20 e 21 e Gráfico 6).<br />

Verifica-se que o Nordeste apresentará restrições ao crescimento do consumo com exceção do ano de 2008.<br />

Durante o início do segundo qüinqüênio, observa-se um aumento do déficit de gás natural no Nordeste em<br />

função da combinação de dois fatores: o declínio da produção regional e a tendência de crescimento da demanda,<br />

proporcionado pelas distribuidoras e pela perspectiva de instalação de novas térmicas. O déficit apresentado mostra<br />

que é fundamental a busca por novas fontes supridoras para a região, além de destacar a importância estratégica do<br />

Gasene, cuja construção permitirá o escoamento do excedente de produção da Bacia do Espírito Santo em direção<br />

ao Nordeste, reduzindo substancialmente o déficit acima citado.<br />

Ao final do período, estima-se uma atenuação do déficit de gás natural, em função do aproveitamento da<br />

oferta proveniente de novas descobertas na Região Nordeste. Considerando a imprecisão de estimativas na oferta<br />

de gás natural oriunda de campos ainda não descobertos, esse incremento de oferta pode sofrer significativas alterações.<br />

É também importante destacar que, para efeito do balanço de gás natural, as termelétricas de Camaçari e do<br />

Ceará foram consideradas como sendo bi-combustíveis.<br />

9 O Plano considerou que um grupo de térmicas indicativas seria atendido por gás natural, entretanto, somente os resultados dos leilões é<br />

definirão o combustível de cada uma delas.


600<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Descrição<br />

Tabela 20 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Inferior<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta 14.609 20.222 20.484 20.492 19.623 17.888 16.541 17.393 20.456 22.559 9 3<br />

Demanda 18.060 18.295 22.416 24.205 29.223 29.830 30.624 30.964 31.099 31.236 15 1<br />

Saldo -3.451 1.928 -1.932 -3.713 -9.600 -11.942 -14.083 -13.571 -10.643 -8.678 -45 2<br />

Tabela 21 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Superior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta 14.609 20.222 20.484 20.492 19.623 17.888 16.541 17.393 20.456 22.559 9 3<br />

Demanda 18.122 18.422 22.650 24.561 29.650 30.330 31.176 31.589 31.788 31.992 16 2<br />

Saldo -3.513 1.800 -2.165 -4.068 -10.028 -12.442 -14.636 -14.196 -11.333 -9.433 -46 1<br />

Gráfico 6 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior)<br />

mil m 3 /dia<br />

45.000<br />

40.000<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica<br />

Térmicas Indicativas (Trajetória Inferior)<br />

Térmicas a Gás Natural<br />

Térmicas Bi-combustíveis<br />

Oferta da região Nordeste


OFERTA DE GÁS NATURAL 601<br />

mil m 3 /dia<br />

Gráfico 7 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior)<br />

45.000<br />

40.000<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica<br />

Térmicas Indicativas (Trajetória Superior)<br />

Térmicas a Gás Natural<br />

Térmicas Bi-Combustíveis<br />

Oferta da Região Nordeste<br />

3.3. Estados das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste<br />

Do ponto de vista da oferta é importante destacar a previsão de aumento da produção de gás natural nas<br />

Bacias de Campos, do Espírito Santo e de Santos, as quais, além de abastecer a Região Sudeste, auxiliarão no fornecimento<br />

para a Região Nordeste, após a conclusão do Gasene.<br />

Outro destaque do próximo decênio será a complementação da oferta interna da região com a instalação de,<br />

pelo menos, um terminal de importação de GNL, que propiciará maior segurança e flexibilidade ao abastecimento<br />

na região.<br />

É importante ressaltar que o presente balanço considera que a importação de gás natural da Bolívia será mantida<br />

na capacidade atual do Gasbol, de 30,08 milhões de m 3 /dia ao longo de todo o período, sem considerar nenhuma<br />

expansão para o mesmo.<br />

Na Tabela 22 são apresentas as projeções da oferta de gás natural no período decenal para as regiões Sudeste,<br />

Sul e Centro-Oeste.<br />

Tabela 22 – Regiões Sudeste, Sul e C.Oeste: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m 3 /d)<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta Regional<br />

Líquida<br />

Importação (Gasbol<br />

+ GNL)<br />

13.088 16.717 42.355 49.127 50.302 50.145 49.840 48.570 43.839 38.917 71 -5<br />

30.080 30.080 44.080 44.080 44.080 44.080 44.080 44.080 44.080 44.080 12 0<br />

Novas Descobertas 0 8 46 81 96 658 3.708 14.506 23.779 27.787 N/A 5.789<br />

Total 43.168 46.805 86.482 93.288 94.478 94.882 97.628 107.156 111.698 110.785 30 3<br />

NA – Não Aplicável<br />

No cômputo da oferta regional líquida não se considerou como disponível, nos anos de 2007 e 2008, uma expressiva<br />

parcela da produção proveniente da Bacia do Espírito Santo, em função de ainda não estarem integralmente<br />

concluídas as interligações das malhas de transporte entre estes campos e os demais estados consumidores.<br />

Do ponto de vista da oferta, existe a possibilidade de aumento na disponibilidade de gás natural na Região<br />

Sudeste, se confirmadas as previsões de novas descobertas na região.


602<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Neste caso, o volume produzido por estes campos permitirá, em alguns períodos, a redução do volume de gás<br />

natural importado via GNL, mesmo nos momentos de despacho das termelétricas. A importação via GNL, ao final,<br />

resulta em uma modalidade de importação com flexibilidade em função do período despachos das térmicas.<br />

Com relação à demanda (Tabelas 23 e 24), o destaque é a elevação do consumo previsto para Regiões Sudeste<br />

e Sul no primeiro qüinqüênio, devido, principalmente, à ampliação da demanda não-termelétrica, com aumento de<br />

até 48% e 51% em relação ao consumo de 2007, para as trajetórias inferior e superior, respectivamente.<br />

Tabela 23 – Regiões Sudeste, Sul e C.Oeste: Projeção de Demanda (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Inferior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Não-Térmicas 33.137 37.057 40.336 45.625 49.061 52.781 55.028 56.522 57.972 59.291 12 4<br />

Térmicas 28.052 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 1 0<br />

Térmicas Indicativas 0 0 0 0 878 3.950 8.119 8.119 8.119 8.119 N/A 165<br />

Total 61.189 66.038 69.317 74.606 78.920 85.711 92.128 93.622 95.071 96.390 7 4<br />

NA – Não Aplicável<br />

Tabela 24 – Regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste: Projeção de Demanda (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Superior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Não-Térmicas 33.414 37.627 41.268 46.914 50.620 54.667 57.190 58.978 60.723 62.355 13 5<br />

Térmicas 28.052 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 28.981 1 0<br />

Térmicas Indicativas 0 0 0 0 2.194 6.583 10.971 10.971 10.971 10.971 N/A 80<br />

Total 61.466 66.608 70.249 75.895 81.795 90.230 97.142 98.930 100.675 102.307 8 5<br />

NA – Não Aplicável<br />

Observando-se o balanço de gás natural (Tabelas 25 e 26, Gráficos 8 e 9), verifica-se que a região tende a<br />

apresentar, nos dois primeiros anos da análise, algumas restrições aos despachos de termelétricas a plena carga e<br />

ao crescimento de demanda das distribuidoras. Entretanto, o sistema apresentará forte recuperação nos anos que<br />

se seguem, em função da instalação do terminal de GNL e das novas unidades de produção nas Bacias do Espírito<br />

Santo, de Campos e de Santos.<br />

Após a conclusão das obras de infra-estrutura que interligarão os campos de produção do Estado do Espírito<br />

Santo ao restante da malha de gasodutos nacional, existe a perspectiva deste estado se tornar um dos principais<br />

fornecedores de gás natural para o restante do país tendo em vista que o mesmo possui uma previsão de produção<br />

de gás natural muito superior à sua demanda projetada para este estado.<br />

As ofertas das Bacias de Campos e de Santos como já foi constatado também apresentarão aumentos significativos<br />

até meados do decênio. Contudo, observa-se que nas regiões próximas a estas bacias haverá também um<br />

significativo crescimento da demanda, que provavelmente absorverá internamente quase toda a oferta adicional<br />

proveniente dos mesmos.<br />

Observa-se ainda que nos próximos dez anos, a importação de gás natural da Bolívia manterá uma considerável<br />

importância no cenário nacional, tendo em vista que a mesma continuará sendo uma alternativa para o fornecimento<br />

de gás natural à regiões que apresentam limitação na oferta, como por exemplo, a Região Sul.


OFERTA DE GÁS NATURAL 603<br />

Ao final do período são previstos excedentes de oferta, resultantes do aumento na produção de gás natural<br />

proveniente de novas descobertas. Os volumes produzidos nestes campos permitirão, inclusive, a redução no volume<br />

de gás natural importado via GNL e/ou a exportação para a Região Nordeste.<br />

É importante, finalmente, destacar que para efeito do balanço de gás natural apresentado nos Gráficos 8 e 9,<br />

as seguintes termelétricas foram consideradas como sendo bi-combustíveis: Canoas, Termorio, Nova Piratininga,<br />

Piratininga 1 e 2, Ibirité, Eletrobolt, William Arjona e Roberto Silveira.<br />

Tabela 25 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Inferior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta 43.168 46.805 86.482 93.288 94.478 94.882 97.628 107.156 111.698 110.785 30 3<br />

Demanda 61.189 66.038 69.317 74.606 78.920 85.711 92.128 93.622 95.071 96.390 7 4<br />

Saldo -18.021 -19.233 17.164 18.682 15.558 9.171 5.500 13.534 16.626 14.394 47 -1<br />

Tabela 26 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m 3 /d)<br />

Trajetória Superior<br />

Descrição<br />

Período<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Variação<br />

(% ao ano)<br />

2007<br />

/2011<br />

2011<br />

/2016<br />

Oferta 43.168 46.805 86.482 93.288 94.478 94.882 97.628 107.156 111.698 110.785 30 3<br />

Demanda 61.466 66.608 70.249 75.895 81.795 90.230 97.142 98.930 100.675 102.307 8 5<br />

Saldo -18.298 -19.802 16.232 17.393 12.682 4.652 486 8.225 11.023 8.477 42 -7<br />

Gráfico 8 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior)<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

mil m 3 /dia<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica<br />

Térmicas Indicativas (Trajetória Inferior)<br />

Térmicas a Gás Natural<br />

Térmicas Bi-Combustíveis<br />

Oferta da Região Sudeste,<br />

Sul e Centro-Oeste


604<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 9 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior)<br />

120.000<br />

100.000<br />

mil m 3 /dia<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica<br />

Térmicas Indicativas (Trajetória Superior)<br />

Térmicas a Gás Natural<br />

Térmicas Bi-Combustíveis<br />

Oferta da Região Sul,<br />

Sudeste e Centro-Oeste<br />

3.4. Balanço de Oferta e Demanda do Brasil<br />

Com intuito de melhor visualizar a importância da integração das malhas das regiões Nordeste e Sudeste além<br />

de avaliar o potencial de movimentação de gás natural entre estas, é apresentado, nos Gráficos 12 e 13, o balanço<br />

consolidado de gás natural brasileiro, excluindo-se a Região Norte que, por não estar interligada às demais, não tem<br />

possibilidade de estabelecer intercâmbios de gás natural com qualquer outra região.<br />

Como pode ser verificado, considerando-se a trajetória inferior de demanda, para os anos de 2007 e 2008, o<br />

volume ofertado mostra-se insuficiente para o atendimento integral da demanda considerada, assumindo o despacho<br />

simultâneo de todas as térmicas operando com gás natural. No entanto, essa restrição na oferta não deve ser<br />

vista como um problema, na medida em que as térmicas bi-combustíveis dispõem de combustível alternativo para<br />

sua operação. Adicionalmente, o Termo de Compromisso firmado entre a Petrobras e a ANEEL prevê a inoperância<br />

de algumas térmicas, o que implica, na prática, na exclusão dessas térmicas da demanda efetiva. Como o presente<br />

balanço foi elaborado antes da assinatura do Termo de Compromisso citado, o mesmo não foi considerado, assim a<br />

demanda considerada acabou situando-se acima da real.<br />

Entre 2009 e 2011, a oferta conjunta das Regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste é suficiente para o<br />

atendimento da demanda considerada para as Regiões.<br />

Releva destacar que, conforme já mencionado, até a conclusão do GASENE (prevista para dez/09), a avaliação<br />

conjunta das regiões é meramente demonstrativa. Nesse período, a oferta de gás natural para o atendimento da<br />

demanda da Região Nordeste mostra-se insuficiente para o atendimento integral da demanda, considerando todos<br />

os despachos térmicos simultâneos e com gás natural. No entanto, novamente, essa restrição na oferta não deve ser<br />

vista como um problema, na medida em que as térmicas bi-combustíveis dispõem de combustível alternativo para<br />

sua operação. Adicionalmente, o Termo de Compromisso firmado entre a Petrobras e a ANEEL prevê a inoperância<br />

de algumas térmicas, o que implica, na prática, na exclusão dessas térmicas da demanda efetiva.<br />

Entre 2012 e 2014, a oferta para as regiões analisadas mostra-se insuficiente para o atendimento pleno da demanda,<br />

considerando o despacho simultâneo de todas as térmicas existentes e das indicativas. Não obstante, a operação<br />

com combustível alternativo por parte das térmicas bi-combustível se mostra suficiente para assegurar o pleno<br />

atendimento energético da demanda considerada. Adicionalmente, convém ressaltar que parte do crescimento da<br />

demanda pode não se materializar, ou ser contratado de maneira interruptível. Essa observação é valida também para<br />

as térmicas indicativas, que não necessariamente se viabilizarão no processo de leilão operando com gás natural.<br />

Considerando a trajetória superior, observa-se um cenário bastante semelhante.


OFERTA DE GÁS NATURAL 605<br />

mil m 3 /dia<br />

Gráfico 10 – Brasil sem a Região Norte: Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior)<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Déficit Térmicas a Gás Natural do NE<br />

Déficit Térmicas Bi-Combustíveis do NE<br />

Excedente do SE sem atendimento as Bi-Combsutíveis do SE<br />

Déficit Térmicas Indicativas do NE (Traj. Inf.)<br />

Excedente do SE após<br />

atendimento as Bi-Combustíveis do SE<br />

34.000<br />

29.000<br />

Gráfico 11 – Brasil sem a Região Norte: Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior)<br />

mil m 3 /dia<br />

24.000<br />

19.000<br />

14.000<br />

9.000<br />

4.000<br />

-1.000<br />

-6.000<br />

Capaciade do Gasene<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Déficit Térmicas a Gás Natural do NE<br />

Déficit Térmicas Bi-Combustíveis do NE<br />

Excedente do SE sem atendimento as Bi-Combsutíveis do SE<br />

Défit Térmicas Indicativas do NE (Traj. Sup.)<br />

Excedente do SE após<br />

atendimento as Bi-Combustíveis do SE<br />

Os dados apresentados demonstram a viabilidade do atendimento da demanda projetada com a oferta prevista<br />

de gás natural, considerando a redução de demanda introduzida pelo Termo de Compromisso firmado entre a<br />

ANEEL e a Petrobras e a operação das térmicas bi-combustível com o combustível alternativo em parte do período.<br />

Não obstante, recomenda-se avaliar com maior profundidade a conveniência de se buscar oferta adicional de gás<br />

natural para atendimento das térmicas bicombustível, ponderando o custo do despacho com o energético alternativo<br />

versus o custo do despacho com o gás natural proveniente dessa oferta adicional, tomando-se em conta também<br />

a expectativa de despacho dessas térmicas.<br />

Os Gráficos 14 e 15 contrapõem o excedente de oferta previsto para a Região Sudeste (com e sem atendimento<br />

às térmicas bi-combustíveis das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste) com as demandas não atendidas pela oferta<br />

interna da região Nordeste, nas trajetórias inferior e superior. Projeta-se, assim, a futura movimentação entre a região<br />

Nordeste e as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, após a conclusão do Gasene.<br />

Observando o comportamento da trajetória inferior, verifica-se que, de 2009 até 2011 a oferta da Região Sudeste<br />

deverá ser capaz de cobrir todo déficit da Região Nordeste. Entretanto, nos anos de 2012 a 2014, caso haja despachos simultâneos<br />

de todas as térmicas, o excedente da oferta da Região Sudeste só será capaz de atender ao déficit da Região<br />

Nordeste se parte das térmicas bicombustíveis das regiões S-SE-CO não utilizarem gás natural como combustível.


606<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Nos dois últimos anos, ambas as regiões apresentam tendência de recuperação da produção, em função das<br />

novas descobertas previstas para o período. Por esse motivo, nos anos de 2015 e 2016 a Região Sudeste volta a ser<br />

capaz de atender integralmente o déficit da região Nordeste, mesmo se houver consumo de gás natural simultâneo<br />

de todas as térmicas, inclusive as bicombustíveis.<br />

No caso da trajetória superior de demanda, o comportamento da movimentação requerida de gás natural<br />

entre a Região Sudeste e Nordeste, considerando o despacho simultâneo de todas as térmicas do País, é bastante semelhante<br />

ao da trajetória inferior. Observa-se, no entanto, que o período em que o atendimento pleno da demanda<br />

nordestina irá requerer a utilização de combustível alternativo nas térmicas bicombustível do Sudeste será maior, se<br />

estendendo de 2012 até 2016. Destaca-se também que, nesse cenário, em 2013, será necessária, no caso de despacho<br />

pleno das térmicas, a utilização do combustível alternativo em todas as térmicas bicombustíveis consideradas.<br />

Gráfico 12 – Movimentação de Gás Natural entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Inferior)<br />

4,89%<br />

Costeiro<br />

16,78% 58,51%<br />

Cerrado<br />

Mata Atlântica<br />

0,42%<br />

Campos Sulinos<br />

12,08%<br />

Caatinga<br />

4,55%<br />

Amazônia<br />

2,77%<br />

Pantanal<br />

Gráfico 13 – Movimentação de Gás Natural entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Superior)<br />

0,65%<br />

Campos Sulinos<br />

3,25%<br />

Caatinga<br />

0,69%<br />

Cerrado<br />

0,38%<br />

Costeiro<br />

25,90%<br />

Amazônia<br />

69,13%<br />

Mata Atlântica


OFERTA DE GÁS NATURAL 607<br />

3.5. Considerações Finais<br />

Deve-se resaltar que todas as situações simuladas em que se explicita a necessidade de complementar a oferta de<br />

gás natural são casos mais críticos, com simultaneidade dos despachos termelétricos, pequena probabilidade de ocorrência<br />

na maior parte do tempo, mas, entretanto o sistema de gás natural deve estar preparado, e remunerado, para o<br />

atendimento destas situações. As térmicas, quando despacham, necessitam de uma grande quantidade de combustível.<br />

Quando as mesmas não são despachadas ocorrem sobras de gás natural em todo o sistema. Como já informado,<br />

para a projeção da demanda de gás natural das termelétricas considerou-se um fator de capacidade de 92%.<br />

A Região Norte, por não estar interligada às demais, é totalmente independente quanto ao atendimento de<br />

sua demanda, tendo-se constatado, pela análise efetuada, que as reservas localizadas nesta região são plenamente<br />

capazes de atender ao crescimento do mercado local no período decenal deste plano. Para se concretizar o suprimento<br />

de gás natural, no entanto, é necessário implantar-se uma infra-estrutura de transporte, a qual será viabilizada<br />

pela construção do gasoduto Coari-Manaus, previsto para entrar em operação em 2008.<br />

A Região Nordeste apresentará, nos primeiros anos estudados, dificuldades para atender ao crescimento das<br />

demandas e aos despachos das térmicas. No médio prazo, a queda na produção regional líquida e o aumento na<br />

demanda, especialmente no segmento das distribuidoras, corrobora a necessidade da instalação de terminais de<br />

importação de GNL e a interligação, via gasodutos, com regiões superavitárias em gás natural, como a Bacia do<br />

Espírito Santo.<br />

Nas regiões Sudeste/Sul e Centro-Oeste, destaca-se a significativa elevação da capacidade de oferta após<br />

2008, em função do expressivo crescimento nas produções das Bacias do Espírito Santo, de Campos e de Santos<br />

além da instalação do terminal de importação de GNL na Baía de Guanabara, cujo início de operação está previsto<br />

para o ano de 2009. Para este plano, a importação da Bolívia foi mantida na capacidade atual, sem considerar nenhuma<br />

expansão da mesma. Ao final do decênio são previstas novas descobertas que gerarão excedentes de produção<br />

na Região Sudeste possibilitando a exportação de gás natural para outras regiões.<br />

Para o atendimento pleno com gás natural de toda a demanda considerada, inclusive a das térmicas indicativas<br />

e das térmicas bicombustíveis, será necessária a elevação da oferta disponível, notadamente na trajetória superior,<br />

após 2011. A alternativa de um terceiro terminal de regaseificação GNL deve ser considerada, com objetivo de<br />

redução de custos de geração.<br />

4. Infra-estrutura de Transporte de Gás Natural<br />

4.1. Introdução<br />

Para a avaliação da infra-estrutura foram consideradas as demandas das Companhias Distribuidoras, das térmicas<br />

e da Petrobras. Pelo lado da oferta, foram consideradas aquelas decorrentes dos campos já descobertos, as<br />

novas descobertas e a importação de gás natural via gasodutos e GNL. Foi considerada como premissa a importação<br />

de GNL na vazão de 20,0 milhões de m 3 /dia, em pelo menos um terminal na Região Nordeste e pelo menos um na<br />

Região Sudeste/Sul.<br />

Foram elaborados balanços volumétricos das previsões de oferta e demanda de gás natural, por sistemas regionais<br />

e interdependentes de infra-estrutura de transporte de gás natural. Em relação às previsões de oferta nacional<br />

de gás natural, foram consideradas as curvas projetadas, nas quais se utilizaram as informações sobre áreas<br />

produtoras anunciadas recentemente pelas concessionárias de petróleo.<br />

Para a avaliação da capacidade de transporte de cada um dos dutos analisados foi utilizado o modelo computacional<br />

especializado em simulações termo hidráulicas PipelineStudio, da Energy Solutions, adquirido pela <strong>EPE</strong>.<br />

As estimativas dos investimentos necessários à expansão da infra-estrutura de transporte de gás natural do<br />

Brasil incluíram a análise da necessidade de ampliações das unidades de processamento de gás natural e as alternativas<br />

de suprimento por GNL, utilizando, como subsídio, a avaliação técnica das ampliações necessárias em infraestrutura<br />

de transporte de gás natural.


608<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

4.2. Panorama Atual<br />

4.2.1. Estados da Região Norte<br />

A Figura 1 e as Tabelas 27 e 28 apresentam as principais características das instalações de transporte e processamento<br />

de gás natural da região Norte do país, com a indicação do único gasoduto existente na região produtora de petróleo<br />

e gás natural de Urucu, no Estado do Amazonas, interligando esta região produtora até a localidade de Coari.<br />

Atualmente, todo o volume de gás natural disponível está sendo reinjetado nos campos produtores até que<br />

se conclua a construção do gasoduto Coari - Manaus. O balanço energético dessa região, apresentado na Tabela 16,<br />

considera o volume do contrato de compra e venda de gás natural celebrado entre a Petrobras e a CIGAS.<br />

Quanto ao potencial de produção de gás natural da área de Silves, ainda não há definição para o aproveitamento<br />

dos volumes já descobertos.<br />

Atualmente, a área de Urucu já possui instaladas UPGNs que totalizam uma capacidade de processamento de<br />

9,6 milhões de m 3 /dia.<br />

Figura 1 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Norte<br />

Tabela 27 – Sistema de Transporte Existente – Região Norte<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade 4<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

AM Urucu - Coarí 18 281 0<br />

Fonte: Petrobras.<br />

Total 281


OFERTA DE GÁS NATURAL 609<br />

Tabela 28 – UPGNs Existentes – Região Norte.<br />

Estado<br />

UPGN<br />

Capacidade<br />

mil m 3 /dia<br />

Total<br />

AM<br />

Urucu I 600<br />

Urucu II 6.000<br />

Urucu III 3.000<br />

9.600<br />

Total 9.600<br />

Fonte: Petrobras.<br />

4.2.2. Estados da Região Nordeste<br />

A Figura 2 e a Tabela 30 apresentam as principais características das instalações de transporte e de processamento<br />

de gás natural da região Nordeste do país, com uma extensão total de 1.613 km de gasodutos com diâmetros<br />

variáveis de 10 a 26 polegadas, já com as inclusões dos recentes novos gasodutos entre Carmópolis – Pilar, Atalaia –<br />

Itaporanga e Candeias - Down – Camaçarí.<br />

Atualmente, a região Nordeste já possui instaladas Unidades de Processamento e Tratamento de Gás Natural<br />

que totalizam uma capacidade de processamento de 23,3 milhões de m 3 /dia.<br />

Figura 2 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Nordeste


610<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 29 – Sistema de Transporte Existente – Região Nordeste<br />

Estados<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

CE<br />

Lubnor - Pecen 10 52<br />

Aracatí - Lubnor (Gasfor) 10 118<br />

2.050<br />

CE/RN Guamaré - Aracatí (Gasfor) 12 213<br />

RN/PB Guamaré - Natal (Nordestão) 12 130<br />

RN/PB Natal - João Pessoa (Nordestão) 12 162<br />

2.030<br />

PB/PE João Pessoa - Cabo (Nordestão) 12 132<br />

AL/PE Pilar - Cabo (Gasalp) 12 204 2.600<br />

SE<br />

Atalaia -Itaporanga 14 29 3.100<br />

Carmópolis - Pilar 26 177 16.000<br />

BA/SE Catu - Atalaia (Gaseb) 14 230 1.300<br />

Catu - Camaçari I 14 32 1.500<br />

Catu - Camaçari II 18 32 3.000<br />

BA<br />

Candeias - Camaçarí 10/12/14 37 1.250<br />

Candeias - Down - Camaçarí 14/10 37 2.200<br />

Down -Aratu - Camaçarí 14 28 1.000<br />

Fonte:Transpetro<br />

Total 1.613<br />

Tabela 30 – UTGs e UPGNs Existentes – Região Nordeste<br />

Estados<br />

UPGN<br />

Capacidade<br />

mil m 3 /dia<br />

Total<br />

CE Lubnor 350 350<br />

Guamaré I 2.400<br />

RN<br />

Guamaré II 2.200<br />

Guamaré III 1.500<br />

6.100<br />

AL Pilar 1.800 1.800<br />

SE<br />

BA<br />

Carmópolis 350<br />

Atalaia 2.800<br />

Catu 1.400<br />

Candeias 1.980<br />

Bahia 2.500<br />

S. Francisco 6.000<br />

3.150<br />

11.880<br />

Fonte: Petrobras.<br />

Total 23.280


OFERTA DE GÁS NATURAL 611<br />

4.2.3. Estados da Região Sudeste<br />

A Figura 3, as Tabelas 31 e 32 apresentam as principais características das instalações de transporte e de processamento<br />

de gás natural da região Sudeste, com uma extensão total de 1.493 km de gasodutos, com diâmetros<br />

variáveis de 8 a 22 polegadas.<br />

Atualmente, a região Sudeste já possui instaladas Unidades de Processamento e Tratamento de Gás Natural<br />

que totalizam uma capacidade de processamento de 25,4 milhões de m 3 /dia.<br />

Figura 3 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Sudeste


612<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 31 – Sistema de Transporte Existente – Região Sudeste<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

ES Lagoa Parda - Vitória 8 95 1.360<br />

Cabiunas - Reduc I (Gasduc I) 16 183 4.500<br />

RJ<br />

Cabiunas - Reduc II (Gasduc II) 20 183 9.500<br />

Reduc - Volta Redonda (Gasvol) 18 95 5.000<br />

RJ/SP Volta Redonda - Guararema (Gaspal) 22 325 5.000<br />

RJ/MG Reduc - Regap (Gasbel) 16 357 3.800<br />

Replan - Recap (Gasan) 22 60 7.200<br />

SP<br />

Recap - Rpbc (Gasan) 12 42 7.200<br />

Replan - Guararema (Gasbol) 24 153 9.200<br />

Total 1.493<br />

Fonte: Transpetro<br />

Tabela 32 – UTGs e UPGNs Existentes – Região Sudeste<br />

Estados<br />

UPGN<br />

Capacidade<br />

mil m 3 /dia<br />

Total<br />

ES<br />

RJ<br />

Lagoa Parda I 400<br />

Lagoa Parda II 1.500<br />

Cacimbas 3.500<br />

Cabiunas I 3.500<br />

Cabiunas II 620<br />

Cabiunas III 4.500<br />

Cabiunas IV 4.500<br />

Reduc I 2.500<br />

Reduc II 2.000<br />

5.400<br />

13.120<br />

4.500<br />

Fonte: Petrobras<br />

SP Cubatão 2400 2400<br />

Total 25.420<br />

4.2.4. Estados da Região Sul e Centro-Oeste<br />

A Figura 4 apresenta a rede de gasodutos da Região Sul e Centro Oeste. Observa-se que estas regiões não<br />

possuem nenhuma UPGN instalada por movimentarem gás natural oriundo da Bolívia, já processado e especificado<br />

para o transporte.


OFERTA DE GÁS NATURAL 613<br />

Figura 4 – Sistemas de Transporte Existentes – Região Sul e Centro Oeste<br />

A Tabela 33 apresenta as principais características das instalações de transporte de gás natural da Região Sul,<br />

com uma extensão total de 1.241 km de gasodutos com diâmetro de 22 e 24 polegadas, correspondendo ao trecho<br />

Sul do Gasbol.<br />

A Tabela 34 apresenta as principais características das instalações de transporte de gás natural da Região Centro<br />

Oeste, com uma extensão total de 1.531 km de gasodutos com diâmetro de 18 e 32 polegadas, correspondendo<br />

ao trecho Norte do Gasbol, incluindo o gasoduto de importação da Bolívia para o Estado de Mato Grosso, denominado<br />

de Lateral Cuiabá.


614<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 33 – Sistema de Transporte Existente – Região Sul<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

SP/PR/SC Replan - Siderópolis (Gasbol) 22 937 7.350<br />

SC/RS Siderópolis - Canoas (Gasbol) 22 254 1.900<br />

RS<br />

Gasbol - Triunfo 24 25 2.800<br />

Térmica Uruguaiana 24 25 2.800<br />

Total 1.241<br />

Fonte: Transpetro<br />

Tabela 34 – Sistema de Transporte Existente – Região Centro-Oeste<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

MS/SP Mutum - Replan (Trecho Norte do Gasbol) 32 1.264 3.080<br />

MT Lateral Cuiabá 18 267 2.800<br />

Total 1.531<br />

Fonte: Petrobras<br />

Como síntese dos quantitativos (km), constata-se a partir das Tabelas 27, 29, 31, 33 e 34 um total de 6.159 km<br />

de gasodutos existentes.<br />

4.3. Expansão da Infra-estrutura de Transporte de Gás Natural<br />

A análise da expansão da infra-estrutura de transporte de gás natural considerou os projetos já definidos pelo<br />

Plangas/Petrobras, os projetos definidos pelo PAC e outras ampliações que, sob o ponto de vista da <strong>EPE</strong>, se mostram<br />

necessárias, alguns deles em fase de estudos.<br />

4.3.1. Estados da Região Norte<br />

A construção de um gasoduto Coari - Manaus torna o sistema de transporte do Amazonas adequado para<br />

atendimento às térmicas e ao mercado de Manaus, no período de 2007 a 2016, cuja conclusão está prevista para<br />

2008 [6] ( Figura 5 e Tabela 35).


OFERTA DE GÁS NATURAL 615<br />

Figura 5 – Sistemas de Transporte - Ampliações – Região Norte<br />

Tabela 35 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Norte<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

Urucu - Coari (GLP) 10 280 -<br />

AM<br />

Coarí - Manaus 20 383 10.200<br />

Urucu - Porto Velho 14 520 2.320<br />

Fonte: Petrobras<br />

Total 1.183


616<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Apesar do andamento de estudos e providências para iniciar a construção do gasoduto Urucu-Porto Velho,<br />

possibilitando a conversão do parque térmico existente (Termo-Norte) para geração a gás natural, em Porto Velho, a<br />

viabilidade econômica deste gasoduto está sendo reavaliada, pois com a implantação do complexo hidrelétrico do<br />

Rio Madeira, que fornecerá energia elétrica para a região, a geração termelétrica se tornaria complementar e flexível,<br />

despachando apenas quando o complexo hidrelétrico tivesse sua geração reduzida 10 .<br />

A construção do duto de GLP entre Urucu e Coari, libera o atual duto para o transporte do gás natural, retornando<br />

este duto à sua finalidade original.<br />

Da mesma forma, a capacidade de processamento de gás natural nesta área atenderá às produções e movimentações<br />

previstas para o período de 2007 a 2016.<br />

4.3.2. Estados da Região Nordeste<br />

Para atender às necessidades de movimentação de gás natural nos estados do Nordeste estão previstas as<br />

construções de quatro novos gasodutos, além dos recém construídos: Atalaia – Itaporanga, Carmópolis – Pilar e<br />

Dow – Aratu – Camaçarí. Estas ampliações acrescerão nos sistema de transporte mais 534 km de novos dutos, não<br />

considerando o Gasene, significando um aumento percentual de 33%. A Figura 6 e a Tabela 36 apresentam o sistema<br />

com as ampliações mencionadas, detalhadas nos itens a seguir.<br />

Figura 6 – Sistemas de Transporte – Ampliações – Região Nordeste<br />

10 Não estão incluídos no PAC investimentos para a construção do gasoduto Urucu – Porto Velho, estimados em R$ 735 milhões (estimativa<br />

da <strong>EPE</strong>)


OFERTA DE GÁS NATURAL 617<br />

Tabela 36 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Nordeste<br />

Estados<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

RN Serra do Mel - Açu 14 31,4 2.320<br />

AL/PE Pilar - Ipojuca 24 187 5.000 a 15.000<br />

BA/SE Catu - Itaporanga - Carmópolis 26 263,7 12.000<br />

Total 482,1<br />

Fonte: MME [6];<br />

Estado do Ceará<br />

Da mesma forma, a capacidade de processamento de gás natural nesta área atende às produções e movimentações<br />

previstas para o período de 2007 a 2016.<br />

Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas<br />

No Estado do Rio Grande do Norte, as novas instalações restringem-se à construção de um ramal de 31,4 km,<br />

com 14 polegadas de diâmetro e vazão de 2.320 mil m 3 /dia, para o atendimento à Termo Açu, com prazo de conclusão<br />

no final de 2007 [6], e início de operação da Termo-Açu no início de 2008.<br />

Esta ampliação torna o sistema de transporte do Rio Grande do Norte adequado para atendimento às demandas<br />

de gás natural no período de 2007 a 2016.<br />

Da mesma forma, a capacidade de processamento de gás nesta área atende às produções e movimentações<br />

previstas para o período de 2007 a 2016.<br />

Estados da Bahia e Sergipe<br />

As necessidades de ampliações no sistema de transporte dos Estados da Bahia e Sergipe contemplam as construções<br />

do gasoduto Catu–Itaporanga e o gasoduto Itaporanga-Carmópolis, ambos com 26 polegadas de diâmetro<br />

e com capacidade de transportar 12.000 mil m 3 /dia de gás natural, com início de operação previsto para o final de<br />

2007 [6].<br />

Não há previsão da ampliação da capacidade de processamento de gás natural nesta área, já considerando a<br />

recente instalação da UTG de São Francisco do Conde, ligada ao projeto de produção do campo de Manati.<br />

Estas ampliações, além da construção do gasoduto Cacimbas (ES) – Catu (BA) tornam o sistema de transporte<br />

dos Estados da Bahia e Sergipe adequado para atendimento às demandas de gás no período de 2007 a 2016.<br />

4.3.3. Estados da Região Sudeste<br />

Para atender as necessidades de movimentação de gás natural nos estados do Sudeste estão previstas construções<br />

de grandes gasodutos interligando as instalações do Estado do Espírito Santo com os sistemas da Bahia e<br />

Rio de Janeiro, assim como outras grandes ampliações nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Estas ampliações<br />

acrescentarão nos sistemas de transporte do Sudeste mais 2.555 km de novos dutos, significando um aumento de<br />

171%, com a inclusão do Gasene (Figura 7).


618<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Figura 7 – Sistemas de Transporte -Ampliações – Região Sudeste<br />

A construção do gasoduto Cacimbas – Catu (Gasene), com capacidade de 20.000 mil m 3 /dia, possibilitará o<br />

transporte de gás natural produzido no Estado do Espírito Santo, para os estados do Nordeste a partir de 2009.<br />

Estas ampliações, e a consideração do início de operação do terminal de GNL no Rio de Janeiro, tornam o sistema<br />

de transporte de gás natural da região Sudeste adequado para atendimento às demandas deste combustível<br />

no período de 2007 a 2016.<br />

Quanto à capacidade de processamento de gás natural nesta área, estão previstas ampliações de 10.500 mil<br />

m 3 /dia no Estado do Espírito Santo, correspondente ao projeto inserido no PAC, denominado PLANGAS- UTG Cacimbas,<br />

qual seja a instalação de três unidades de processamento de gás (UPGN-CA) e três unidades de processamento<br />

de condensado (UPCGN-CA), que receberão gás rico proveniente dos campos de Golfinho, Camarupim e do Pólo de<br />

Peroá. Outros 15.000 mil m 3 /dia deverão ser instalados no Estado de São Paulo, na Unidade de Tratamento de Gás de<br />

Caraguatatuba (projeto contido no PAC) para adequar o produto às especificações da ANP, dotando todo o sistema<br />

com o dimensionamento adequado em processamento de gás para o período de 2007 a 2016.<br />

Nas Tabelas 37 e 38, a seguir, são apresentadas as ampliações anteriormente mencionadas.


OFERTA DE GÁS NATURAL 619<br />

Tabela 37 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Sudeste<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

Cacimbas - Catu 26 980 20.000<br />

ES<br />

Vitória - Cacimbas 16/26 130 20.000<br />

Cabiunas - Vitória 28 300 20.000<br />

RJ/MG Cabiunas - Reduc (Gasduc III) 30 183 30.000<br />

RJ/MG Gasbel II 16/18 291,5 6.900<br />

RJ/MG Japeri - Reduc 28 40 5.000 a 15.000<br />

SP Caraguatatuba - Taubaté 26 101,5 15.000<br />

SP/MG Paulínia - Jacutinga 14 80 5.000<br />

SP/RJ Replan - Japerí (Campinas - Rio) 28 448 8.600<br />

SP Gaspal II 22 100 8.500<br />

Total 2.654<br />

Fonte: / Petrobrás<br />

Tabela 38 – Novas UPGNs – Região Sudeste<br />

Estados<br />

UPGN<br />

Capacidade<br />

mil m 3 /dia<br />

Total<br />

ES<br />

SP<br />

Cacimbas II 3.500<br />

Cacimbas III 3.500<br />

Cacimbas IV 3.500<br />

Cacimbas V 3.500<br />

Nova UPGN 1 3.500<br />

Nova UPGN 2 3.500<br />

Nova UPGN 3 3.500<br />

Nova UPGN 4 3.500<br />

14.000<br />

14.000<br />

Total 28.000<br />

Fonte: / Petrobrás<br />

4.3.4. Estados da Região Sul e Centro-Oeste<br />

Como síntese dos quantitativos (km), constata-se a partir das Tabelas 35, 36 e 37 um total de 4.371 km de gasodutos<br />

planejados.<br />

4.3.5. Novos Sistemas em Estudos<br />

Alguns Estados brasileiros não atendidos por gasodutos até 2002 pleiteiam a construção de infra-estrutura de<br />

transporte de gás natural utilizando recursos da Conta de Desenvolvimento Econômico – CDE (Lei n° 10483/2002).<br />

Nesses Estados foram criadas companhias distribuidoras de gás natural canalizado que promoveram estimativas de<br />

mercados potenciais. Paralelamente, também foram criadas companhias transportadoras de gás natural e em seguida<br />

foram encaminhados processos ao MME solicitando os enquadramentos dos projetos de transporte dutoviário<br />

de gás natural, segundo as regras estabelecidas pelo Ministério.<br />

Conforme as regras definidas no Manual de Instruções da CDE, havendo insuficiência de recursos da CDE para


620<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

atendimento de todos os pedidos, procedem-se análises de prioridade segundo os critérios definidos no mesmo<br />

Manual. Há que se considerar, que em termos de atratividade econômica, estes projetos de gasodutos são de grande<br />

risco, portanto requerem análises de grande complexidade incluindo os benefícios indiretos de estímulo aos desenvolvimentos<br />

regionais.<br />

Apresenta-se a seguir um resumo das estimativas de mercado potencial de gás natural elaborado pelas Cias<br />

Distribuidoras destes Estados.<br />

Estado de Rondônia<br />

De acordo com o projeto da TNG, (Empresa constituída pela Gaspetro/Petrobras e a Dutonorte), esse gasoduto<br />

tem capacidade de transportar cerca de 2,3 milhões de m 3 /dia de gás natural, sem compressão e 3,5 milhões de m 3 /dia<br />

com compressão, possibilitando a conversão dos 500 MW do parque térmico existente para geração com gás natural.<br />

As Usinas Termonorte com um total de 409 MW já se encontram habilitadas a operação a gás natural. (Pedroso, 2007)<br />

Estado do Pará<br />

A Cia de Gás do Pará realizou levantamentos da potencialidade de utilização de gás natural nos segmentos<br />

industrial, automotivo e cogeração, tendo sido identificada uma demanda potencial, no curto-médio prazo, de cerca<br />

de 0,6 milhões de m 3 /dia e, no médio-longo prazo, de cerca de 1,5 milhões de m 3 /dia. (Luczynski, 2007).<br />

Atualmente estes dados estão sendo revisados, através de estudo de levantamento de mercado detalhado<br />

para todo o estado. Entre as alternativas aventadas para o suprimento da demanda de gás do Pará incluem-se a<br />

interligação com o Maranhão (projeto do Gasoduto Meio Norte), o projeto do Grande Gasoduto do Sul (importação<br />

da Venezuela) e importação de GNL. (Luczynski, 2007).<br />

Estado do Maranhão<br />

A Cia Maranhense - GASMAR realizou levantamento do mercado de gás natural na sua área de concessão,<br />

identificando demandas potenciais de cerca de 1,3 milhões de m 3 /dia em 2009, 1,4 milhões de m 3 /dia em 2012 e 1,7<br />

milhões de m 3 /dia em 2016. Estes potenciais podem atingir 2,0 milhões de m 3 /dia em 2009, 2,2 milhões de m 3 /dia<br />

em 2012 e 2,6 milhões de m 3 /dia em 2016, na hipótese de substituição do carvão mineral<br />

Segundo a GASMAR, o atendimento da demanda deste estado se daria a partir da concretização do projeto<br />

denominado de Gasoduto Meio Norte, compreendendo 1.895 km de extensão total, ligando, no seu tramo principal,<br />

as cidades de Fortaleza (CE), Terezina (PI) e São Luiz (MA), além de outros ramais. (Travincas, 2007).<br />

Estado do Piauí<br />

A Cia de Gás do Piauí – GASPISA realizou levantamento do mercado de gás natural na sua área de concessão,<br />

identificando demandas potenciais para os segmentos GNV, residencial e industrial de cerca de 22 mil de m 3 /dia em<br />

2009, 66 mil de m 3 /dia em 2012 e 150 mil de m 3 /dia em 2016.<br />

De acordo com a GASPISA, o atendimento da demanda deste estado se daria a partir da concretização do projeto<br />

denominado de Gasoduto Meio Norte13, compreendendo 1.895 km de extensão total, ligando, no seu tramo<br />

principal, as cidades de Fortaleza (CE), Terezina (PI) e São Luiz (MA), além de outros ramais. (Oliveira, 2007).<br />

Estado de Goiás e Distrito Federal<br />

A Cia Brasiliense de Gás – CEBGAS e a Agência Goiana de Gás Canalizado – GOIASGAS realizaram levantamento<br />

de mercado, em suas respectivas áreas de concessão, considerando os segmentos industrial, residencial/comercial e<br />

automotivo, onde foram identificados mercados potenciais de 50 mil m 3 /dia em 2009, 1,4 milhão de m 3 /dia em 2012<br />

e 2,2 milhões de m 3 /dia em 2012 para a GOIASGAS e 45 mil m 3 /dia em 2009, 0,6 mil de m 3 /dia em 2012 e 0,8 milhões<br />

de m 3 /dia em 2012 para a CEBGAS<br />

Segundo a GOIASGAS e a CEBGAS, esta demanda seria atendida através da concretização do projeto do Gasoduto<br />

do Brasil Central, ligando São Carlos (SP) , Goiana e Brasília, com 885 km, além de dois outros ramais com mais<br />

595 km. (Sá e Lima, 2007).


OFERTA DE GÁS NATURAL 621<br />

4.4. Estimativa de Investimentos<br />

É previsto para os próximos 10 anos um elevado montante de investimentos necessários à expansão da infraestrutura.<br />

A Tabela 39 mostra o resumo dos investimentos previstos referentes aos gasodutos.<br />

Tabela 39 – Resumo dos Investimentos em Gasodutos<br />

Região Custo milhões de R$<br />

Norte 2.285<br />

Brasil<br />

Nordeste 1.540<br />

Sudeste 6.210<br />

Sul 310<br />

Total 10.325<br />

Fonte: Balanço Quadrimestral do PAC, set/07.<br />

4.5. Expansão da Infra-Estrutura Via GNL<br />

A instalação de terminais de regaseificação de GNL podem complementar, ou servir como alternativa, às ampliações<br />

adicionais na infra-estrutura de gasodutos.<br />

O Plano Decenal de Expansão da Geração Termelétrica indica a instalação de novas usinas termoelétricas (indicativas)<br />

no sul/sudeste e nordeste do país. Estas indicações estão divididas em duas hipóteses, denominadas Trajetória<br />

Superior e Trajetória Inferior. A Tabela 45 mostra para estas trajetórias o consumo equivalente, em 2016, para<br />

cada uma destas regiões do país, caso o combustível venha a ser gás natural. Os valores desta tabela tomam como<br />

base as indicações do Capítulo III-1 – Geração de Energia Elétrica , atualizando-as à luz das informações do leilão de<br />

energia nova realizado em de junho de 2007.<br />

Tabela 40 – Expansão das Termelétricas Indicativas<br />

Região<br />

Trajetória Superior<br />

Consumo de Gás - mil m 3 /dia<br />

Trajetória Inferior<br />

NE 9.654 7.460<br />

SE 29.183 9.654<br />

Brasil 38.837 17.115<br />

Estas demandas podem ser atendidas através de projetos, que integrem em uma mesma área, usinas termelétricas<br />

e um terminal de regaseificação de GNL. Além do atendimento da demanda termelétrica, o terminal de GNL<br />

também poderia atender às outras demandas existentes na região.<br />

Verifica-se que as térmicas indicativas elevarão consideravelmente a demanda do segmento de geração elétrica<br />

da Região Nordeste, no horizonte dos próximos dez anos. Estes cenários de grandes elevações dos consumos das<br />

termelétricas, associados ao crescimento da demanda das distribuidoras de gás natural, induz à necessidade de instalação<br />

de novos terminais de GNL, além do terminal já previsto para o Ceará, ampliando, desta maneira, a oferta de<br />

gás natural da região, a qual possui tendência declinante de produção local. Ademais, os sistemas de abastecimento<br />

por GNL deverão propiciar maior flexibilidade de atendimento ao mercado termelétrico.<br />

Observando-se a trajetória superior, verifica-se a tendência de aumento considerável da demanda termelétrica<br />

a partir do ano de 2010. Neste cenário, a instalação de novos terminais de GNL, além do previsto atualmente<br />

para a Baía de Guanabara, será necessária, caso não se confirmem grandes volumes de novas descobertas de gás<br />

natural nas bacias sedimentares brasileiras em exploração, a tempo de produzir para o atendimento das demandas<br />

de gás natural projetadas.


622<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

O GNL, uma vez entregue em um terminal de regaseificação, também pode ser novamente transferido via<br />

terrestre para locais não atendidos pela malha de gasodutos, através de carretas criogênicas, aumentando assim a<br />

sua utilização.<br />

O GNL é também comumente utilizado como um pulmão para períodos de elevação temporária da demanda<br />

de gás natural ou, ainda, quando a infra-estrutura existente de gasodutos não permitir a movimentação entre áreas<br />

com disponibilidade excedente de oferta e áreas com demanda não atendida. Esta situação poderá ocorrer quando<br />

houver a necessidade de várias usinas termelétricas despachando ao mesmo tempo.<br />

Existem hoje no mercado dois tipos de regaseificação: a regaseificação clássica onde os tanques criogênicos<br />

e os trocadores de calor da regaseificação são instalados em terra e a regaseificação “offshore”. A escolha entre uma<br />

ou outra opção depende, basicamente, do prazo mínimo para o atendimento do mercado e, também, da duração<br />

prevista para o terminal operar (longo ou curto prazo).<br />

4.5.1. Custos da Cadeia do GNL<br />

Os custos na cadeia de GNL vêm caindo nos últimos anos. Em um projeto de GNL existem quatro principais<br />

componentes de custo, são eles:<br />

a. O preço do gás natural, que inclui os custos do gás desde o reservatório até a planta (incluído o transporte<br />

do gás até a planta de liquefação);<br />

b. A liquefação (incluindo o armazenamento do GNL na planta);<br />

c. O transporte; e<br />

d. A regaseificação (incluindo a descarga, armazenamento e a regaseificação).<br />

Normalmente, a produção de gás natural representa entre 15 e 20% dos custos totais. A planta de liquefação,<br />

incluindo o armazenamento, representa entre 30 e 45% do custo total. O transporte, entre 10 e 30%, e a regaseificação,<br />

entre 15 a 25% [8].<br />

A seguir serão analisados os custos da cadeia do GNL.<br />

Custos de Liquefação do Gás Natural<br />

Normalmente o custo de liquefação do gás natural é o maior de toda a cadeia do GNL. Para que haja a decisão<br />

de investimento, em uma planta de liquefação de gás natural, é necessário envolver previamente todos os agentes<br />

relacionados à sua cadeia. Os agentes não são apenas aqueles envolvidos na implementação do projeto e dos elos<br />

da cadeia, mas também os que atuam de forma indireta, através da regulamentação, organização e estruturação, tais<br />

como governos e agências reguladoras.<br />

Atualmente o custo de liquefação do gás natural, incluindo o armazenamento de GNL na planta, gira em torno<br />

de US$ 1,3 e 1,8 por milhão de Btu.<br />

Custos do Transporte de Gás Natural<br />

O custo do transporte de GNL tem grande variação, dependendo da distância percorrida entre a fonte produtora<br />

e a consumidora. Existe uma variação de mais de cinco vezes entre os custos mínimo e máximo do transporte<br />

de GNL para os Estados Unidos, por exemplo, dependendo se o mesmo vem da de Trinidad & Tobago (valor mínimo)<br />

ou do Catar (valor máximo).<br />

Em relação ao Brasil, as fontes existentes mais próximas e, portanto, com tarifas mais baixas no transporte de<br />

GNL seriam Trinidad & Tobago, Venezuela e Nigéria.<br />

A partir de uma série de dados de tarifas de transporte de GNL, a <strong>EPE</strong> relacionou o custo do transporte do GNL<br />

em função da distância entre o vendedor e o comprador. Para um transporte de GNL a uma distância por exemplo<br />

de 3.000 km teria uma tarifa de transporte em torno de US$ 0,28 por milhão de Btu.<br />

Custos de Estocagem e Regaseificação do GNL<br />

O maior custo de uma unidade de regaseificação é o custo de seus tanques criogênicos de estocagem de GNL.<br />

Por operarem em baixíssimas temperaturas, os mesmos devem ser construídos com material especial (aço inox 304


OFERTA DE GÁS NATURAL 623<br />

ou com 9% de níquel) e possuir um bom isolamento térmico para evitar a evaporação indesejável de GNL.<br />

Nos EUA, o custo de um tanque padrão com capacidade de 153.000 m 3 de GNL, ou seja, com uma estocagem<br />

equivalente a 91 milhões de m 3 de gás natural estimado em US$ 75 milhões 11 . Este valor pode representar até um<br />

terço do custo de capital de um terminal de regaseificação, segundo estimativas feitas pelo Energy Information Administration<br />

- EIA.<br />

Os terminais de regaseificação são compostos por tanques de GNL, regaseificadores e outros equipamentos e<br />

estão normalmente localizados no litoral, pois o transporte do GNL é feito por grandes navios. Muitas vezes a regaseificação<br />

utiliza o frio liberado para outras finalidades, em geral ligado à indústria de alimentos.<br />

Atualmente existem alternativas economicamente viáveis para aproveitamento energético dos subprodutos<br />

derivados do processo de regaseificação do GNL como, por exemplo, o aproveitamento da sua criogenia no processo<br />

de separação do ar, refrigeração, geração de energia elétrica, etc. Além disso, existem outras alternativas em<br />

fase de desenvolvimento e aperfeiçoamento, visando torná-las atrativas comercialmente e, desta forma, tornar a<br />

importação do GNL menos dispendiosa.<br />

Segundo o Cambridge Energy Research Associates (CERA) o custo de estocagem e regaseificação, já considerando<br />

os custos de capital e operacional, variam entre US$ 0,4 e 0,6 por milhão de Btu. Já segundo o EIA elas variam conforme<br />

o volume e a região, indo desde US$ 0,33 por milhão de Btu para um terminal de 56,0 milhões de m 3 por dia no<br />

México, Texas ou Louisiana, até US$ 0,91 para um terminal de 14,0 milhões de m 3 por dia no Maine ou em Nova York.<br />

4.5.2. Investimentos na Regaseificação e Prazos de Construção<br />

Existem dois tipos de terminais de regaseificação: o convencional e o terminal “offshore”.<br />

Os prazos de construção de um terminal convencional de regaseificação de GNL são bastante conhecidos do<br />

mercado, já os prazos de construção de um terminal offshore, que apareceram há pouco tempo, foram estimados<br />

pela <strong>EPE</strong>. A Figura 9 mostra os prazos de construção de um terminal convencional, enquanto a Figura 10 os de um<br />

terminal offshore.<br />

Figura 8 – Prazos de Construção de um Terminal de Regaseificação Convencional<br />

Conceitual<br />

2 - 4 meses<br />

FEED<br />

Contratação<br />

EPC + Comissionamento<br />

6 - 8 meses<br />

4 - 6 meses<br />

36 - 40 meses<br />

Estudos + Licença Ambiental + ANP<br />

12a18meses<br />

Licença de operação + ANP<br />

2 a 4 meses<br />

Prazo Total<br />

Prazo total 48 a 60 meses<br />

Figura 9 – Prazos de Construção de um Terminal de Regaseficação Offshore<br />

Conceitual<br />

1 - 2 meses<br />

FEED<br />

Contratação<br />

EPC + Comissionamento<br />

5 - 6 meses<br />

4-6meses<br />

12 - 18 meses<br />

Aluguel do Navio<br />

2-3meses<br />

Adaptação do sistema de regas ao navio<br />

12 - 16 meses<br />

Estudos + LP + LI + AC<br />

12 a 18 meses<br />

Licença de operação + ANP<br />

Prazo Total<br />

Prazo total 24 a 34 meses<br />

1a2meses<br />

Segundo o EIA, um terminal convencional com capacidade de 14,0 milhões de m 3 por dia (0,5 bilhão de pés 3<br />

por dia), da mesma ordem de grandeza do terminal anunciado pela Petrobras para a baía de Guanabara, teria uma<br />

composição de custos de capital conforme a mostrada na Tabela 41.<br />

11 Phang, Chetha - 2006


624<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Custos de Capital<br />

Tabela 41 – Custos de Capital na Regaseificação de GNL<br />

Total<br />

(milhões de US$)<br />

% do Total<br />

1 tanque criogênico de 153.000 m 3 75 17<br />

Pier 50 11<br />

Vaporizadores 22,8 5<br />

Melhorias no local / estradas 20 5<br />

Edificações & Serviços 25 6<br />

Tubulações, controles e utilidades 35 8<br />

Instalações 75 17<br />

Engenharia e Gerenciamento de Projeto 40 9<br />

Terreno 70 16<br />

Contingência (7% do total) 29 6<br />

Total 442 100<br />

Fonte: EIA [3]<br />

Segundo o mesmo estudo do EIA, os custos de operação e manutenção do terminal seriam de 2,0% do custo de<br />

capital e de consumo, mais as perdas de GNL (por vazamento, não liquefação do GN, perdas na distribuição, eficiência e<br />

etc.) estimadas em 1,5%. O consumo interno do terminal de regaseificação é equivalente a 9 MW de potência elétrica.<br />

O custo de capital de um terminal tipo FSRU (Floating Storage Regaseification Unit) depende muito das estruturas<br />

portuárias existentes no local de sua implantação, tais como calado, existência de cais etc. O custo do tanque<br />

criogênico, dos vaporizadores e do terreno, existentes no terminal convencional, deixam de existir, aparecendo em<br />

seu lugar custos operacionais, sendo o principal o aluguel de navios.<br />

A estrutura de custos de um terminal de regaseificação tipo FSRU difere bastante de um terminal convencional.<br />

Os custos de capital são bem menores, no entanto, os custos operacionais são bem superiores 12 .<br />

Os projetos de novos terminais de GNL, além dos já atualmente definidos, devem ser estudados como alternativa<br />

à complementação da oferta interna para o atendimento ao mercado crescente no Brasil. Entretanto, há que se levar em<br />

conta o prazo da decisão, haja vista a possibilidade de resultados favoráveis das campanhas exploratórias em curso.<br />

Esta decisão não deverá ser postergada além do final de 2008, de forma a compatibilizar a necessidade com o<br />

tempo hábil para a ampliação da oferta de gás, incluindo a expansão prevista para as demandas das termelétricas.<br />

5. Aspectos Socioambientais<br />

É a seguir apresentada uma visão geral dos aspectos socioambientais decorrentes do processamento, transporte<br />

e utilização do gás natural.<br />

É também apresentada uma análise socioambiental da malha de gasodutos planejados, utilizando uma metodologia<br />

similar àquela utilizada para as linhas de transmissão de energia elétrica.<br />

Como observação geral, considerando as tecnologias atualmente disponíveis, o gás natural pode ser considerado<br />

o combustível fóssil menos poluente, em termos globais. As principais vantagens ambientais associadas ao uso<br />

do gás natural são: sua queima produz quantidades muito pequenas de óxidos de enxofre e material particulado,<br />

além de reduzir substancialmente as emissões de dióxido de carbono.<br />

12 O investimento total previsto no PAC, para os dois terminais marítimos de regaseificação, a serem instalados no Rio de Janeiro e no Ceará,<br />

incluindo a infra-estrutura necessária, foi estimado em R$ 2,9 bilhões.


OFERTA DE GÁS NATURAL 625<br />

5.1. Processamento de Gás Natural<br />

O processamento do gás natural pode ser definido como a série de beneficiamentos pelos quais essa substância<br />

passa para alcançar a especificação preconizada na Portaria ANP nº. 104, de 08.07.2002.<br />

A Tabela 42 apresenta a especificação do gás natural comercializado em território nacional. As Unidades de<br />

Processamento de Gás Natural devem adicionar uma substância odorante ao gás por medida de segurança, para<br />

facilitar a identificação de vazamentos.<br />

Os principais impactos da implantação e operação de unidades para o processamento de gás natural estão<br />

relacionados à perda de habitats, emissões atmosféricas, lançamento de efluentes, emissão de ruído e geração de resíduos<br />

sólidos [18]. De outro lado, pode-se destacar que a implantação de atividades relacionadas ao processamento<br />

de gás natural traz vantagens decorrentes do aumento da oferta de emprego e geração de demanda por serviços,<br />

com conseqüente incremento na arrecadação de impostos, em especial na etapa de construção. Durante a operação<br />

vale ressaltar o aumento da disponibilidade de gás natural, como impacto positivo, possibilitando o atendimento de<br />

parte da demanda crescente por esse energético no país.<br />

Unidades de processamento de gás natural podem ainda propiciar a dinamização da economia local e o aumento<br />

da oferta de postos de emprego. Também é observada interferência no cotidiano da população local seja<br />

pelo aumento no tráfego de veículo e do ruído seja pela pressão sobre a infra-estrutura de serviços essenciais. Vale<br />

ressaltar, ainda, alteração no uso e ocupação das terras para a implantação e operação da unidade industrial, restringindo-se<br />

em geral à área de implantação.<br />

Tabela 42 – Especificação do Gás Natural (1)<br />

(2) (3)<br />

Limite Método<br />

Característica<br />

Unidade<br />

Norte<br />

Nordeste<br />

Sul, Sudeste,<br />

Centro-Oeste<br />

ASTM Nº<br />

Poder calorífico superior (4)<br />

kJ/ m3<br />

kWh/m3<br />

34.000 a 38.400<br />

9,47 a 10,67<br />

35.000 a 42.000<br />

9,72 a 11,67<br />

D 3588 6976<br />

Índice de Wobbe (5) kJ/m3 40.500 a 45.000 46.500 a 52.500 — 6976<br />

Metano, mín. % vol. 68,0 86,0 86,0 D 1945 6974<br />

Etano, máx. % vol. 12,0 10,0 10,0<br />

Propano, máx. % vol. 3,0 3,0 3,0<br />

Butano e mais pesados, máx. % vol. 1,5 1,5 1,5<br />

Oxigênio, máx. % vol. 0,8 0,5 0,5<br />

Inertes (N 2<br />

+ CO 2<br />

), máx. % vol. 18,0 5,0 4,0<br />

Nitrogênio % vol. Anotar 2,0 2,0<br />

Enxofre Total, máx. mg/m 3 70 70 70 D 5504<br />

Gás Sulfídrico (H 2<br />

S), máx. (6) mg/m 3 10,0 15,0 10,0 D 5504<br />

6326-2<br />

6326-5<br />

6326-2<br />

6326-5<br />

Ponto de orvalho de água a 1<br />

atm, máx.<br />

ºC –39 –39 –45 D 5454 —<br />

Fonte: Portaria ANP Nº. 104, de 8.7.2002 – DOU 09.07.2002<br />

Observações:<br />

(1) O gás natural deve estar tecnicamente isento, ou seja, não deve haver traços visíveis de partículas sólidas e partículas líquidas.<br />

(2) Limites especificados são valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto ponto de orvalho.<br />

(3) Os limites para a região Norte se destinam às diversas aplicações exceto veicular e para esse uso específico devem ser atendidos os limites equivalentes à<br />

região Nordeste.<br />

(4) O poder calorífico de referência de substância pura empregado neste Regulamento Técnico encontra-se sob condições de temperatura e pressão equivalentes<br />

a 293,15K, 101,325kPa, respectivamente em base seca.<br />

(5) O índice de Wobbe é calculado empregando o Poder Calorífico Superior em base seca. Quando o método ASTM D 3588 for aplicado para a obtenção do<br />

Poder Calorífico Superior, o índice de Wobbe deverá ser determinado pela fórmula constante do Regulamento Técnico.<br />

(6) O gás odorizado não deve apresentar teor de enxofre total superior a 70mg/m3.


626<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

5.2. Transporte de Gás Natural<br />

Após ser produzido e processado, o gás natural deve ser transportado até os pontos de entrega (City-gates) e,<br />

destes, até os consumidores. O transporte de gás natural é realizado, principalmente através de gasodutos ou com<br />

a utilização de barcaças e navios especiais, quando na forma de GNC ou GNL. Os dutos são a forma mais segura de<br />

transportar grandes volumes de gás natural a grandes distâncias, pois os sistemas de supervisão e controle aumentam<br />

a eficiência e a segurança das operações. O transporte por dutos é constante, durante as 24 horas do dia, praticamente<br />

independe de fatores externos e possui alta eficiência energética, pois somente a carga se move.<br />

As atividades relacionadas à implantação (construção e montagem) e operação de gasodutos produzem impactos<br />

ambientais e sociais. Do ponto de vista do meio biótico, as interferências restringem-se, em geral, às faixas de<br />

servidão e podem ser sumarizados na alteração de remanescentes florestais e pressão sobre a fauna e a flora [19].<br />

Se considerarmos os impactos sobre o meio antrópico, relatamos a dinamização da economia local e o aumento<br />

da oferta de postos de trabalho. Releva destacar o aumento na disponibilidade de gás natural transportado por<br />

meio de gasodutos. De outro lado, é possível observar interferências no cotidiano da população local e na infra-estrutura<br />

urbana, e ainda pressão sobre a infra-estrutura urbana devido à demanda de insumo, serviços e alocação de<br />

mão-de-obra [20]. Vale ressaltar, também, interferências com o uso e ocupação das terras, nas fases de implantação<br />

e operação dos gasodutos, restrigindo-se, principalmente às faixas de servidão.<br />

5.3. Utilização do Gás Natural<br />

O gás natural tem um amplo espectro de aplicações. Suas principais utilizações têm sido como combustível<br />

industrial, comercial, veicular e residencial, e na recuperação secundária de petróleo em campos petrolíferos, através<br />

de sua reinjeção no reservatório. Também é utilizado como matéria-prima nas indústrias petroquímica (plásticos,<br />

tintas, fibras sintéticas e borracha) e de fertilizantes (uréia, amônia e seus derivados), e para redução do minério de<br />

ferro na indústria siderúrgica [11].<br />

Outra forma de utilização do gás natural é como combustível na geração de eletricidade, seja em usinas termelétricas,<br />

ou em unidades industriais, instalações comerciais e de serviços, em regime de cogeração (produção<br />

combinada de vapor e eletricidade).<br />

O uso do gás natural em residências já é comum em grandes cidades seja para cocção de alimentos ou para o<br />

aquecimento ambiental (que representa um significativo mercado de gás natural em países de clima frio).<br />

O impacto mais importante de sua utilização como combustível é a geração de gases de efeito estufa e poluentes<br />

atmosféricos. Porém, se comparado a outros combustíveis fósseis, se apresenta como o mais “limpo” de todos. A<br />

Tabela 43 apresenta os fatores de emissão para vários combustíveis de origem fóssil.<br />

Tabela 43 – Fatores de Emissão Utilizados na Estimativa das Emissões de Gases de Efeito Estufa<br />

Combustível<br />

Fator de Emissão<br />

(tCO 2<br />

equivalente / MWh)<br />

CO 2<br />

CH 4<br />

N 2<br />

O<br />

Gás Natural (1) 0,44893 0,00099 0,00000<br />

Carvão Nacional (2) 1,11593 0,00015 0,00288<br />

Óleo Diesel 0,88905 0,00023 0,00149<br />

Óleo Combustível 0,77388 0,00019 0,00093<br />

Fonte: adaptado de LA ROVERE, 1999 [7].<br />

(1)<br />

Plantas a ciclo combinado.<br />

(2)<br />

Carvão das minas de Jacuí e Candiota – RS.


OFERTA DE GÁS NATURAL 627<br />

5.4. Metodologia e Procedimentos de Análise<br />

Foi efetuada uma primeira análise dos gasodutos previstos neste Plano Decenal, tendo-se utilizado, para tanto,<br />

uma metodologia similar àquela adotada para as linhas de transmissão, e seguindo, sempre que possível, os procedimentos<br />

metodológicos gerais propostos para os estudos socioambientais [5].<br />

As análises tiveram início com o levantamento dos dados necessários e a elaboração do mapeamento, realizado<br />

com as informações públicas disponíveis.<br />

Com base nestas orientações, a análise socioambiental tomou como referência o mapeamento das principais<br />

características socioambientais do território nacional, ao qual foi acrescentada a malha de gasodutos existente e a<br />

malha de gasodutos planejada, segundo a alternativa disponível em novembro de 2006.<br />

Essas informações estão disponíveis em diferentes bases de dados no sistema de informações georreferenciadas.<br />

Um tratamento analítico mais detalhado foi dedicado às informações referentes aos biomas e às unidades de<br />

conservação.<br />

Procurou-se destacar aquelas áreas onde ocorre uma maior concentração de projetos e as suas principais características<br />

socioambientais. Dentre essas características foram identificados:<br />

• os principais ecossistemas;<br />

• as áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas); e<br />

• as regiões metropolitanas.<br />

A análise socioambiental deste ciclo de planejamento constitu-se no primeiro passo para a organização das<br />

informações (georreferenciadas e outras) para o planejamento decenal do sistema de energia brasileiro.<br />

Metodologia<br />

Observa-se que não existe ainda uma proposição metodológica consolidada para o desenvolvimento das<br />

análises ambientais no planejamento, no horizonte decenal, para os projetos de gasodutos, como existe para o<br />

planejamento da geração elétrica.<br />

Assim, com base na metodologia utilizada para as linhas de transmissão, foram executados os seguintes passos<br />

para o desenvolvimento do trabalho:<br />

• caracterização da malha de gasodutos existente e dos principais aspectos socioambientais, incluindo a elaboração<br />

de mapa da situação atual;<br />

• coleta de informações sobre os projetos previstos no horizonte deste ciclo de planejamento;<br />

• mapeamento georreferenciado das informações obtidas, base para todas as análises;<br />

• sinalização de áreas ou regiões sensíveis socioambientalmente, destacando as áreas legalmente protegidas,<br />

as áreas com restrição de uso, as áreas consideradas prioritárias para conservação da biodiversidade, e as áreas metropolitanas;<br />

• levantamento inicial dos prazos médios para realização de estudos, obtenção de licenças e construção de<br />

gasodutos e realização de uma análise processual preliminar;<br />

• consolidação das informações para os níveis de abordagem propostos em mapas e relatórios.<br />

O desenvolvimento dos critérios e procedimentos, bem como as avaliações dos projetos, deve ser elaborado<br />

de forma mais aprimorada ao longo de 2007, contando com o apoio dos agentes envolvidos.<br />

5.5. Caracterização da Malha Existente<br />

O gás natural após ser produzido, em campos de gás associado e não associado, é tratado, processado ou<br />

condicionado para atender as especificações exigidas para o seu transporte em UPGNs (unidades de processamento<br />

de gás natural), e então deve ser levado através de gasodutos até as distribuidoras que se encarregam de levá-lo aos<br />

consumidores finais. Este gás natural pode também ter sua origem fora do Brasil, como já ocorre com o gás natural<br />

boliviano e o argentino, tornando as distâncias entre a produção e o consumo ainda maiores.<br />

No item 4.2 é apresentada uma descrição do sistema de gasodutos existentes, de onde se constata que a<br />

extensão da malha atual de gasodutos de transporte no Brasil é de 6.159 km. Esse montante pode ser considerado<br />

pequeno para um país de dimensões continentais como o Brasil e que tem produção de gás natural em estados tão


628<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

distantes uns dos outros, como o Amazonas, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. A Figura 11 apresenta a malha de<br />

gasodutos existente.<br />

Com base nessa figura, observa-se que a região Sul-Sudeste tem a maior e mais complexa malha de gasodutos<br />

do País. Duas transportadoras operam na malha Sul-Sudeste, a TBG e a Transpetro, além da TSB com um trecho de 25<br />

km no final do Gasbol (não levado em conta nesta análise por ser apenas um trecho de ligação).<br />

A Tabela 44 e o Gráfico 14 apresentam a distribuição do percentual referente à malha de gasodutos implantada<br />

em cada bioma brasileiro.<br />

Tabela 44 – Percentual da Malha de Gasodutos Existente por Biomas Brasileiros (%)<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Faixas de Gasodutos<br />

Amazônia 4,45<br />

Caatinga 12,08<br />

Campos Sulinos 0,42<br />

Cerrado 16,78<br />

Costeiro 4,89<br />

Mata Atlântica 58,51<br />

Pantanal 2,77<br />

Total Brasil (6.159 km) 100<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1) Classificação segundo IBGE<br />

Gráfico 14 – Percentual da Extensão da Malha de Gasodutos por Bioma<br />

4,89%<br />

Costeiro<br />

16,78% 58,51%<br />

Cerrado<br />

Mata Atlântica<br />

0,42%<br />

Campos Sulinos<br />

12,08%<br />

Caatinga<br />

4,55%<br />

Amazônia<br />

2,77%<br />

Pantanal


OFERTA DE GÁS NATURAL 629<br />

Figura 10 – Malha de Gasodutos Existente sobre Mapa de Biomas<br />

A análise das informações acima permite também concluir que os biomas com maior concentração de faixas<br />

de gasodutos são a Mata Atlântica e a Caatinga, áreas bastante degradadas, com ocupação humana intensa e concentrada<br />

no litoral do país, no caso da Mata Atlântica.


630<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

5.6. Análise Socioambiental da Malha Planejada<br />

Para o período 2006/2009, os estudos da <strong>EPE</strong> e as informações disponíveis na Petrobras e no MME, em novembro<br />

de 2006, indicam um conjunto de 20 projetos, os quais são apresentados na Tabela 46. Esta tabela resume as<br />

informações anteriormente apresentadas no item 4.3.<br />

Constata-se que a expansão da malha de gasodutos de transporte no Brasil será de 4.632 km (aproximadamente<br />

90 km 2 em faixas de passagem), acrescentando cerca de 70% à malha hoje existente.<br />

Destaca-se que a expansão está localizada, principalmente, na região Sudeste, com cerca de 56% da malha de<br />

gasodutos prevista no que se refere a extensão de dutos. A segunda região onde ocorrerá aumento significativo na<br />

malha é a região Norte com cerca de 26%. Para as regiões Nordeste e Sul estão previstos cerca de 12 e 6% da extensão<br />

da malha de gasodutos, respectivamente.<br />

Observa-se uma tendência de expansão da malha para a região Nordeste, com a construção do GASENE, que<br />

integra as regiões Nordeste e Sudeste, com 1.410 km de extensão (trechos Cacimbas – Catu, Vitória – Cacimbas e<br />

Cabiunas – Vitória), responsável por aproximadamente 31% da malha planejada.<br />

Tabela 45 – Gasodutos Previstos para o Período 2007-2009<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Diâmetro Extensão Capacidade<br />

Polegadas km mil m 3 /dia<br />

Data prevista<br />

Coarí - Manaus 20 383 10.200 2008<br />

AM<br />

Urucú - Porto Velho 14 520 2.320 2009<br />

Urucu - Coari (GLP) 10 280 - 2008<br />

Total - Norte 1.183<br />

CE Pecen - Lubnor 14 52 6.000 ND<br />

RN Serra do Mel - Açu 14 31,4 2.320 2008<br />

AL/PE Pilar - Ipojuca 24 187 5.000 a 15.000 2009<br />

BA/SE Catu - Itaporanga - Carmópolis 26 263,7 12.000 2007<br />

Total - Nordeste 534<br />

Cacimbas - Catu 26 980 20.000 2009<br />

ES<br />

Vitória - Cacimbas 16/26 130 20.000 2007<br />

Cabiunas - Vitória 28 300 20.000 2007<br />

Cabiunas - Reduc (Gasduc III) 30 183 30.000 2009<br />

RJ/MG<br />

Gasbel II 16/18 291,5 6.900 2008<br />

Japeri - Reduc 28 40 5.000 a 15.000 2009<br />

SP Caraguatatuba - Taubaté 26 101,5 15.000 2009<br />

SP/MG Paulínia - Jacutinga 14 80 5.000 2008<br />

SP/RJ Replan - Japerí (Campinas - Rio) 28 448 8.600 2007<br />

SP Gaspal II 22 100 8.500 2009<br />

Total Sudeste 2.654<br />

PR Looping Araucária 24 80 9.000 ND<br />

PR/SC Looping Biguaçu 24 40 9.000 ND<br />

SC Looping Siderópolis 24 141 3.300 ND<br />

Total - Sul 261<br />

Total - Brasil 4.632<br />

ND – não definido


OFERTA DE GÁS NATURAL 631<br />

A Figura 12 apresenta o conjunto de obras planejadas sobre o mapa de vegetação.<br />

Na Figura 13 é apresentado o mapa de caracterização socioambiental do terrritório nacional e, sobre ele, a<br />

malha de gasodutos existentes e planejados.<br />

Figura 11 – Malha de Gasodutos Planejada sobre Mapa de Biomas


632<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Figura 12 – Malha de Gasodutos Existente e Planejada sobre Mapa de Caracterização Socioambiental<br />

Complementando, a Tabela 46 e o Gráfico 15 apresentam a distribuição do percentual referente à malha de gasodutos<br />

planejada em cada bioma brasileiro e, finalmente, na Tabela 47 é feita uma síntese das informações relativas<br />

aos gasodutos existentes, planejados e do conjunto existentes+planejados.


OFERTA DE GÁS NATURAL 633<br />

Tabela 46 – Percentual da Malha de Gasodutos Planejados por Biomas Brasileiros (%)<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Gasodutos<br />

Amazônia 25,9<br />

Caatinga 3,25<br />

Campos Sulinos 0,65<br />

Cerrado 0,69<br />

Costeiro 0,38<br />

Mata Atlântica 69,13<br />

Pantanal 0,00<br />

Total Brasil (4.632 km) 100<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1) Classificação segundo IBGE<br />

Gráfico 15 – Percentual de Extensão da Malha de Gasodutos Planejada por Biomas<br />

0,65%<br />

Campos Sulinos<br />

3,25%<br />

Caatinga<br />

0,69%<br />

Cerrado<br />

0,38%<br />

Costeiro<br />

25,90%<br />

Amazônia<br />

69,13%<br />

Mata Atlântica


634<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 47 – Percentual da Malha de Gasodutos por Biomas Brasileiros (%)<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Faixas<br />

Gasodutos Existentes Gasodutos Planejados Gasodutos Existentes + planejados<br />

Amazônia 4,45 25,90 15,18<br />

Caatinga 12,08 3,25 7,67<br />

Campos Sulinos 0,42 0,65 0,54<br />

Cerrado 16,78 0,69 8,74<br />

Costeiro 4,89 0,38 2,64<br />

Mata Atlântica 58,51 69,13 63,82<br />

Pantanal 2,77 0,00 1,39<br />

Total Brasil 100 100 100<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1) Classificação segundo IBGE<br />

Apesar da redução do percentual relativo para a maioria dos biomas, vale destacar que a malha planejada<br />

ainda se encontra principalmente localizada na Mata Atlântica (cerca de 70%).<br />

Destaca-se, ainda, que o maior projeto em extensão previsto para este ciclo é o gasoduto Cacimbas-Catu<br />

(980 km), que irá interligar o sistema sudeste com o sistema nordeste, e está situado, em parte, neste bioma.<br />

Nas informações apresentadas, constata-se que a presença de gasodutos nos biomas Mata Atlântica e Cerrado,<br />

com referência aos demais biomas, aumenta de 60% para 70%, em relação ao sistema existente, no primeiro caso e<br />

diminui de 17% para 1%, no segundo.<br />

Já a ocupação prevista para o bioma Amazônico aumenta de cerca de 4% de presença de gasodutos na malha<br />

existente, para cerca de 25% no final do horizonte, comparando à presença de gasodutos nos demais biomas. A<br />

ocupação no bioma Caatinga diminui de 12% para 3% na malha planejada.<br />

Complementando, a Figura 14, a Figura 15 e a Figura 16, referentes, respectivamente ao gasoduto Porto Velho-<br />

Urucu-Coari-Manaus, aos gasodutos na região Nordeste e aos gasodutos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul,<br />

permitem uma análise mais detalhada da malha existente e das ampliações planejadas.<br />

Verifica-se, a partir delas, que os traçados das faixas de gasodutos existentes evitam as áreas mais sensíveis<br />

(unidades de conservação federais, terras indígenas e densas áreas urbanas).


Figura 13 – Gasoduto Porto Velho-Urucu-Coari-Manaus<br />

OFERTA DE GÁS NATURAL 635


636<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Figura 14 – Gasodutos na Região Nordeste


OFERTA DE GÁS NATURAL 637<br />

Figura 15 – Gasodutos nas Regiões Sudeste, Centro Oeste e Sul<br />

5.7. Análise Processual<br />

Visando subsidiar a análise processual dos projetos previstos nos estudos do plano de expansão, foi realizado<br />

um levantamento junto à Petrobras sobre os prazos que vêm sendo incorridos para a viabilização de projetos, abrangendo<br />

os prazos necessários para a realização dos estudos socioambientais, para a obtenção das licenças ambientais<br />

e outras autorizações e permissões, além do prazo necessário para implantação dos empreendimentos.<br />

Os prazos adotados para esta avaliação são apresentados na Tabela 48.


638<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 48 – Prazos Médios Estimados para Implantação de Gasodutos<br />

Atividade Etapas Meses<br />

Realização de Estudos<br />

EIA/RIMA<br />

EAR<br />

4 a 6<br />

Licença Prévia 3 a 6<br />

Obtenção de Licenças<br />

Licença de Instalação 4 a 6<br />

Licença de Operação 2<br />

Construção 15 a 22<br />

Fonte: Planilha “Ficha Resumo dos Empreendimentos de 06/09/2006 encaminhada pela Petrobras para a <strong>EPE</strong> em novembro de 2006<br />

Esses prazos foram incorporados a uma planilha para a avaliação da possibilidade de atrasos em relação às<br />

datas previstas para início de construção e de operação. As etapas já concluídas, obtenção de Termo de Referência,<br />

elaboração de estudos ambientais, obtenção de licenças e construção foram incluídas na planilha, conforme informações<br />

da Ficha Resumo dos Empreendimentos (Petrobras, set/2006).<br />

Observou-se, de uma forma geral, que as previsões incorporam, de forma adequada, os prazos necessários<br />

para a viabilização dos projetos.


OFERTA DE GÁS NATURAL 639<br />

Referências Bibliográficas<br />

Nº.<br />

Título<br />

[1] Azevedo, José Gabrielli, Plano de Negócios 2007-2011, de 05/07/2006.<br />

[2] DOE – US Department of Energy, Liquefied Natural Gas: Basic Facts, 2006<br />

[3] EIA – Energy Information Administration, http://www.eia.doe.gov/<br />

[4] Energy Prices & taxes, IEA<br />

[5] <strong>EPE</strong>-DEE-RE-038/2006-r0 - Estudos associados ao Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2007/2016.<br />

Procedimentos e critérios para os estudos socioambientais. Maio de 2006.<br />

[6] MME – Ministério de Minas e Energia, 2006<br />

[7] LA ROVERE, E. L.; AMERICANO, B. B. Greenhouse Gas Emissions Avoid by Procel: 1990 – 2020 - Final Report.<br />

Project Assessment of Global Environmental Impacts of Procel. PPE/COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 1999.<br />

[8] DOE, Liquefied Natural Gas: Basic Facts, 2006<br />

[9] EIA. Phang, Chetha – Custos de Terminais de GNL, [mensagem pessoal]. USA, Washington-DC, 2006.<br />

[10] Abreu, A.L. Vahia. Sobre as Perspectivas de Emergência de um Preço Internacional de Referência para o Gás<br />

Natural – O Henry Hub é um Bom Parâmetro? IBP1575_06, 2006.<br />

[11] Portal Gasnet, www.gasnet.com.br, acesso em 15.02.07.<br />

[12] CERA, Cambridge Energy Research Associates http://www.cera.com<br />

[13] Pedroso, A. N. – TNGPARTS, Resposta à Consulta Pública 01/2007, MME.<br />

[14] Luczynski, E., - Gás do Pará, Ofício Nº. 005/07, GDP, de 01/08/2007 - Resposta à Consulta Pública 01/2007, MME.<br />

[15] Travincas, T.C.T., Ofício, Gasmar, 017/2007, de 02/08/2007 - Resposta à Consulta Pública 01/2007, MME.<br />

[16] Oliveira, G.H.M.X, Ofício, 034/07, de 02/08/2007 - Resposta à Consulta Pública 01/2007, MME.<br />

[17] Sá, C.M.G; Lima, J.J.V, Ofício s/n – Goiasgas e Cebgas - Resposta à Consulta Pública 01/2007, MME.<br />

[18]<br />

[19]<br />

[20]<br />

[21]<br />

Petróleo Brasileiro S.A., Petrobras. Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba. Relatório de Impacto Ambiental<br />

– RIMA, abril de 2006.<br />

Petróleo Brasileiro S.A., Petrobras. Gasoduto Caraguatatuba – Taubaté. Relatório de Impacto Ambiental – RIMA,<br />

abril de 2006.<br />

Petróleo Brasileiro S.A., Petrobras. Gasoduto Caraguatatuba – Taubaté. Relatório de Impacto Ambiental – RIMA,<br />

abril de 2006.<br />

Vieira et. al. Bahiagás Documenta. Gás natural: benefícios ambientais no Estado da Bahia. Salvador: Solisluna Design<br />

e Editora, 2005.


640<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Previsões do Henry Hub (2007/2016).............................................................................................................................587<br />

Tabela 2 – Cálculo Net-Back de Preços de GNL – Bacia do Atlântico ........................................................................................587<br />

Tabela 3 – Estimativas de Preços de Gás Natural, via GNL ............................................................................................................588<br />

Tabela 4 – Competitividade do Henry Hub (HH) Frente ao OC ATE Internalizado ...............................................................589<br />

Tabela 5 – Estimativa de Preços de Gás de Origem Boliviana .....................................................................................................589<br />

Tabela 6 – Tipos de Oferta de Gás Natural Considerados .............................................................................................................590<br />

Tabela 7 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%) – Norte (Campos Descobertos) .............................592<br />

Tabela 8 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%) – Nordeste (Campos Descobertos) .......................592<br />

Tabela 9 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%) – Sudeste (Campos Descobertos) .........................593<br />

Tabela 10 – Índices Médios de Disponibilidade de Gás Natural (%) – Brasil (Novas descobertas) ................................593<br />

Tabela 11 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Campos Descobertos ...........................................................................594<br />

Tabela 12 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Novas Descobertas ...............................................................................594<br />

Tabela 13 – Capacidade de Oferta de Gás Natural – Importado Considerado .....................................................................594<br />

Tabela 14 – Região Norte: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m3/d) .......................................................596<br />

Tabela 15 – Região Norte: Projeção da Demanda de Gás Natural por Origem (mil m3/d) ................................................597<br />

Tabela 16 – Região Norte: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m3/d) ...........................................................................597<br />

Tabela 17 – Região Nordeste: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m3/d) ................................................598<br />

Tabela 18 – Região Nordeste: Projeção da Demanda de Gás Natural por<br />

Origem (mil m3/d) – Trajetória Inferior ...............................................................................................................................................599<br />

Tabela 19 – Região Nordeste: Projeção da Demanda de Gás Natural por<br />

Origem (mil m3/d) – Trajetória Superior ............................................................................................................................................599<br />

Tabela 20 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m3/d) – Trajetória Inferior .............................600<br />

Tabela 21 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (mil m3/d) – Trajetória Superior ...........................600<br />

Tabela 22 – Regiões Sudeste, Sul e C.Oeste: Projeção da Oferta de Gás Natural por Origem (mil m3/d) ....................601<br />

Tabela 23 – Regiões Sudeste, Sul e C.Oeste: Projeção de Demanda (mil m3/d) – Trajetória Inferior ............................602<br />

Tabela 24 – Regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste: Projeção de Demanda (mil m3/d) – Trajetória Superior ...............602<br />

Tabela 25 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de<br />

Gás Natural (mil m3/d) – Trajetória Inferior .......................................................................................................................................603<br />

Tabela 26 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de<br />

Gás Natural (mil m3/d) –Trajetória Superior ....................................................................................................................................603<br />

Tabela 27 – Sistema de Transporte Existente – Região Norte .....................................................................................................608<br />

Tabela 28 – UPGNs Existentes – Região Norte. .................................................................................................................................609<br />

Tabela 29 – Sistema de Transporte Existente – Região Nordeste ..............................................................................................610<br />

Tabela 30 – UTGs e UPGNs Existentes – Região Nordeste ............................................................................................................610<br />

Tabela 31 – Sistema de Transporte Existente – Região Sudeste .................................................................................................612<br />

Tabela 32 – UTGs e UPGNs Existentes – Região Sudeste...............................................................................................................612<br />

Tabela 33 – Sistema de Transporte Existente – Região Sul ...........................................................................................................614<br />

Tabela 34 – Sistema de Transporte Existente – Região Centro-Oeste ......................................................................................614<br />

Tabela 35 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Norte ............................................................................................615<br />

Tabela 36 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Nordeste .....................................................................................616<br />

Tabela 37 – Ampliação do Sistema de Transporte – Região Sudeste .......................................................................................619<br />

Tabela 38 – Novas UPGNs – Região Sudeste .....................................................................................................................................619<br />

Tabela 39 – Resumo dos Investimentos em Gasodutos ................................................................................................................621<br />

Tabela 40 – Expansão das Termelétricas Indicativas ......................................................................................................................621<br />

Tabela 41 – Custos de Capital na Regaseificação de GNL .............................................................................................................624


OFERTA DE GÁS NATURAL 641<br />

Tabela 42 – Especificação do Gás Natural .........................................................................................................................................625<br />

Tabela 43 – Fatores de Emissão Utilizados na Estimativa das Emissões de Gases de Efeito Estufa ................................626<br />

Tabela 44 – Percentual da Malha de Gasodutos Existente por Biomas Brasileiros ..............................................................628<br />

Tabela 45 – Gasodutos Previstos para o Período 2007-2009 .......................................................................................................630<br />

Tabela 46 – Percentual da Malha de Gasodutos Planejados por Biomas Brasileiros ...........................................................633<br />

Tabela 47 – Percentual da Malha de Gasodutos por Biomas Brasileiros .................................................................................634<br />

Tabela 48 – Prazos Médios Estimados para Implantação de Gasodutos .................................................................................638<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Preços de Importação de GNL .........................................................................................................................................586<br />

Gráfico 2 – Evolução de Preços de Gás para Novos Contratos Seguindo a Premissa de 85% ..........................................591<br />

Gráfico 3 – Oferta Total da Região Nordeste .....................................................................................................................................595<br />

Gráfico 4 – Oferta Total das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste ............................................................................................595<br />

Gráfico 5 – Região Norte: Projeção do Balanço de Gás Natural ..................................................................................................598<br />

Gráfico 6 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior).....................................................600<br />

Gráfico 7 – Região Nordeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior) ..................................................601<br />

Gráfico 8 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior) ........................603<br />

Gráfico 9 – Regiões Sudeste, Sul e C. Oeste: Projeção do Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior) ......................604<br />

Gráfico 10 – Brasil sem a Região Norte: Balanço de Gás Natural (Trajetória Inferior) .........................................................605<br />

Gráfico 11 – Brasil sem a Região Norte: Balanço de Gás Natural (Trajetória Superior) ......................................................605<br />

Gráfico 12 – Movimentação de Gás Natural entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Inferior) .........................................606<br />

Gráfico 13 – Movimentação de Gás Natural entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Superior) ......................................606<br />

Gráfico 14 – Percentual da Extensão da Malha de Gasodutos por Bioma ..............................................................................628<br />

Gráfico 15 – Percentual de Extensão da Malha de Gasodutos Planejada por Biomas ........................................................633<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Norte ..................................................................................608<br />

Figura 2 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Nordeste ...........................................................................609<br />

Figura 3 – Sistemas de Transporte e UPGNs Existentes – Região Sudeste ..............................................................................611<br />

Figura 4 – Sistemas de Transporte Existentes – Região Sul e Centro Oeste ...........................................................................613<br />

Figura 5 – Sistemas de Transporte - Ampliações – Região Norte ...............................................................................................615<br />

Figura 6 – Sistemas de Transporte – Ampliações – Região Nordeste .......................................................................................616<br />

Figura 7 – Sistemas de Transporte -Ampliações – Região Sudeste ...........................................................................................618<br />

Figura 8 – Prazos de Construção de um Terminal de Regaseificação Convencional ..........................................................623<br />

Figura 9 – Prazos de Construção de um Terminal de Regaseficação Offshore ......................................................................623<br />

Figura 10 – Malha de Gasodutos Existente sobre Mapa de Biomas..........................................................................................629<br />

Figura 11 – Malha de Gasodutos Planejada sobre Mapa de Biomas ........................................................................................631<br />

Figura 12 – Malha de Gasodutos Existente e Planejada sobre Mapa de Caracterização Socioambiental ..................632<br />

Figura 13 – Gasoduto Porto Velho-Urucu-Coari-Manaus .............................................................................................................635<br />

Figura 14 – Gasodutos na Região Nordeste ......................................................................................................................................636<br />

Figura 15 – Gasodutos nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul .............................................................................................637


7<br />

Oferta de<br />

Biocombustíveis Líquidos<br />

Expansão da Oferta de Etanol 647<br />

Expansão da Oferta de Biodiesel 662


7<br />

Oferta de<br />

Biocombustíveis Líquidos<br />

1. Expansão da Oferta de Etanol ......................................................................................................... 647<br />

1.1. Introdução .................................................................................................................................................. 647<br />

1.2. Preços Internacionais e Nacionais de Etanol ................................................................................................ 647<br />

1.3. Mercado Brasileiro de Etanol ...................................................................................................................... 649<br />

1.4. Principais Mercados Internacionais para o Etanol Brasileiro ........................................................................ 650<br />

1.4.1. Estados Unidos ............................................................................................................................ 652<br />

1.4.2. Europa ......................................................................................................................................... 653<br />

1.4.3. Japão ........................................................................................................................................... 654<br />

1.5. Perspectivas para o Etanol Brasileiro .......................................................................................................... 655<br />

1.5.1. EUA ............................................................................................................................................. 655<br />

1.5.2. União Européia............................................................................................................................ 655<br />

1.5.3. Japão .......................................................................................................................................... 655<br />

1.5.4. Outros ......................................................................................................................................... 656<br />

1.5.5. Potencial Total de Exportação...................................................................................................... 657<br />

1.6. Produção do Etanol no Brasil ...................................................................................................................... 657<br />

1.7. Logística de Transporte do Etanol para Exportação ..................................................................................... 659<br />

1.7.1. Capacidade Atual ........................................................................................................................ 659<br />

1.7.2. Potencial de Expansão ................................................................................................................ 659<br />

1.7.3. Investimentos para a Expansão ................................................................................................... 660<br />

1.8. Considerações Finais ................................................................................................................................... 662<br />

2. Expansão da Oferta de Biodiesel ..................................................................................................... 662<br />

2.1. Introdução .................................................................................................................................................. 662<br />

2.2. Preços Internacionais e Nacionais de Biodiesel ........................................................................................... 664<br />

2.3. Disponibilidade de Insumos para a Produção de Biodiesel .......................................................................... 668<br />

2.4. Potencial de Oferta de Biodiesel ................................................................................................................. 669<br />

2.4.1. Disponibilidade de Matéria-Prima .............................................................................................. 670<br />

2.5. Potencial de Consumo Além do Obrigatório ................................................................................................ 671<br />

2.5.1. Volumes Potenciais da Autoprodução de Biodiesel ...................................................................... 672<br />

2.5.2. Atratividade da Autoprodução .................................................................................................... 674<br />

2.5.3. O Potencial Nacional ................................................................................................................... 676<br />

2.6. Considerações Finais ................................................................................................................................... 678<br />

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 679<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................................................... 681<br />

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................................... 681<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................... 681


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 647<br />

Introdução<br />

Este capítulo apresenta os resultados dos estudos de expansão da oferta de biocombustíveis líquidos, realizados<br />

para o período 2007/2016. Para este ciclo de planejamento os estudos se concentraram na análise da oferta do<br />

etanol e do biodiesel, no âmbito do mercado de combustíveis líquidos carburantes.<br />

Para o etanol, é inicialmente feita uma síntese quanto às perspectivas de preços internacionais e nacionais<br />

desse energético. Em seguida, são abordados os aspectos de mercado para o etanol brasileiro e a expansão da<br />

capacidade de oferta. Finalmente, é tratada a logística de transporte desse energético e seu potencial de expansão,<br />

incluindo a estimativa de investimentos associados.<br />

Para o biodiesel, a perspectiva de preços nacionais e internacionais também é abordada, bem como a competiividade<br />

desse energético nacional. São em seguida tratados os aspectos de disponibilidade de insumos para a<br />

produção e o potencial de oferta e de consumo desse combustível.<br />

Finalmente, são analisados os efeitos socioambientais referentes aos biocombustíveis. Neste ciclo de planejamento<br />

esta análise se restringiu às atividades associadas ao processamento e à utilização do etanol.<br />

Quanto à elaboração das projeções de preços para o etanol e o biodiesel, salienta-se que foi utilizada uma metodologia<br />

distinta daquela empregada para o petróleo e seus derivados, sobretudo devido à inexistência de dados<br />

históricos de preços internacionais, uma vez que o mercado mundial de biocombustíveis é relativamente recente<br />

- portanto, não consolidado - e comercializa apenas uma pequena parcela de sua produção total.<br />

1. Expansão da Oferta de Etanol<br />

1.1. Introdução<br />

O objetivo do estudo foi o de realizar uma estimativa da participação do etanol brasileiro no mercado mundial,<br />

elaborando o levantamento da capacidade atual e a identificação dos projetos potenciais para a sua produção, comparando<br />

com as projeções de demanda brasileira e as estimativas de exportações.<br />

Constituiu-se também objetivo deste estudo o levantamento da atual capacidade da infra-estrutura logística<br />

e dos investimentos que estão sendo propostos para atender às projeções da demanda desse energético e da sua<br />

compatibilidade com as estimativas da expansão da capacidade logística dos corredores de exportação.<br />

Nos itens a seguir o etanol é também designado por álcool carburante (hidratado ou anidro).<br />

1.2. Preços Internacionais e Nacionais de Etanol<br />

Para representar a evolução dos preços internacionais do etanol, a análise concentrou-se no Brasil e nos Estados<br />

Unidos da América, países cujos mercados são os mais expressivos.<br />

Em relação aos EUA, a análise utilizou a projeção de preços do etanol 5 e o cenário de preços internacionais do<br />

petróleo do tipo Brent, ambos elaborados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos [11], [12]. A relação obtida<br />

entre os preços (etanol/Brent) do EIA para cada um dos anos do período em análise foi então aplicada ao cenário<br />

de preços de petróleo Brent elaborado pela <strong>EPE</strong>. Os resultados são apresentados no Gráfico 1 e na Tabela 1.<br />

5 Refere-se ao E85, mistura composta por 85% de etanol e 15% de gasolina.


648<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

0,7000<br />

Gráfico 1 – Cenário para a Evolução do Preço do Etanol nos EUA<br />

0,6500<br />

0,6000<br />

US$2004 / 1litro<br />

0,5500<br />

0,5000<br />

0,4500<br />

0,4000<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Tabela 1 – Cenário para a Evolução do Preço do Etanol nos EUA<br />

US$2004/L<br />

2007 0,63<br />

2008 0,66<br />

2009 0,64<br />

2010 0,61<br />

2011 0,57<br />

2012 0,51<br />

2013 0,49<br />

2014 0,47<br />

2015 0,46<br />

2016 0,46<br />

Para a determinação do preço nacional do etanol, foi estabelecida uma correlação entre o preço do álcool<br />

hidratado e o preço da gasolina automotiva, dada pela equivalência energética dos veículos flex-fuel. Com vistas à<br />

manutenção de níveis de competitividade adequados entre os combustíveis, estimou-se que o preço do álcool hidratado<br />

manter-se-á, em média, em uma relação de 70% do preço da gasolina C, este último, por sua vez, calculado<br />

com base nas projeções para a gasolina A apresentadas no Capítulo V.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 649<br />

O Gráfico 2 apresenta a projeção de preços da gasolina C e do álcool hidratado na bomba.<br />

3,00<br />

Gráfico 2 – Cenários da Evolução de Preços de Álcool Hidratado e Gasolina C<br />

2,50<br />

2,00<br />

R$ dez 2005 / litro<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Gasolina<br />

Álcool hidratado<br />

1.3. Mercado Brasileiro de Etanol<br />

O mercado nacional de etanol é composto pelas vendas de álcool anidro e de álcool hidratado. O consumo<br />

de álcool anidro está relacionado ao consumo da gasolina C, uma vez que é misturado na proporção de 20-25% a<br />

este combustível. O álcool hidratado, por sua vez, é consumido pelos carros movidos puramente a álcool ou pelos<br />

veículos flex-fuel, os quais funcionam com álcool e/ou gasolina C em quaisquer proporções. Este tipo de automóvel<br />

foi lançado no mercado brasileiro em 2003 e vem conquistando o consumidor, representando aproximadamente<br />

83% do total de veículos leves licenciados em janeiro de 2007 [2].<br />

O mercado brasileiro de etanol vem ganhando destaque no segmento agroindustrial brasileiro, proporcionado<br />

pela retomada do aumento do consumo doméstico em decorrência, sobretudo, da expansão do setor automobilístico<br />

e do uso crescente dos carros flex-fuel.<br />

O Gráfico 3 ilustra a previsão da demanda de álcool etílico carburante – hidratado e anidro - no Brasil para o<br />

período compreendido entre 2007 e 2016 [15] para as trajetórias superior e inferior do cenário macroeconômico<br />

adotado nos estudos, conforme tratado no Capítulo II.


650<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

35.000<br />

Gráfico 3 – Projeção de Consumo de Álcool Carburante no Brasil<br />

30.000<br />

29.251<br />

25.000<br />

28.068<br />

Álcool (mil m³)<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Superior<br />

Inferior<br />

1.4. Principais Mercados Internacionais para o Etanol Brasileiro<br />

O Gráfico 4 mostra a evolução das exportações de etanol do Brasil. Pode-se observar um aumento de cerca de<br />

32% dos volumes exportados no período de 2005 e 2006.<br />

Analisando os maiores importadores do Brasil para este período, pode-se constatar um aumento de 300% no<br />

volume de etanol destinado aos Estados Unidos, considerando que as exportações para a Jamaica e Costa Rica em<br />

2005 tiveram como destino final os EUA, que isentam esses países da taxa de importação com base no acordo do CBI<br />

– Caribbean Basin Initiative.<br />

4,0<br />

Gráfico 4 – Evolução das Exportações de Etanol - Brasil (2000/2006)<br />

3,5<br />

3,0<br />

bilhões de litros<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong> a partir de [28]


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 651<br />

Vários países vêm estabelecendo e implementando políticas de incentivo à produção e uso do etanol como<br />

combustível, tendo como motivações a diminuição da dependência de importação de petróleo, a redução de impactos<br />

ambientais, o aquecimento da economia rural, dentre outros aspectos. No mercado mundial de combustíveis o<br />

etanol está sendo visto como o renovável mais viável, no curto prazo, para substituir e ser adicionado à gasolina.<br />

No contexto mundial, existem elementos que contribuem negativamente para o estabelecimento do etanol<br />

como uma commodity, tais como: subsídios aos produtores (notadamente EUA e Europa), falta de especificação<br />

única da qualidade do etanol e de estrutura de logística de escoamento dedicada ao etanol, dentre outros fatores.<br />

Adicionalmente, a expansão agrícola para produção de matéria-prima deve encontrar problemas de disponibilidade<br />

de áreas agricultáveis, a exemplo da Europa.<br />

Existe uma preocupação mundial quanto à questão sócio-ambiental no que tange aos impactos negativos<br />

relacionados à expansão da produção de biocombustíveis. Neste sentido, o Brasil apresenta uma grande vantagem<br />

quanto ao aumento de plantios energéticos ambientalmente corretos, haja vista a grande disponibilidade de áreas<br />

agricultáveis ociosas, cerca de 91 milhões de hectares, e que, vale destacar, encontram-se distantes da Floresta Amazônica.<br />

Cabe registrar que, em 2006, a área ocupada pela cana-de-açúcar foi de apenas 7,04 milhões de hectares,<br />

sendo que somente metade deste plantio foi destinada à produção de álcool. Apesar dessa realidade nacional de<br />

relativa tranqüilidade, há de se reconhecer a existência de situações diferentes em outros países, o que torna importante,<br />

para o meio-ambiente, o estabelecimento de indicadores de sustentabilidade, consolidados em sistemas de<br />

certificação que sejam fruto de um consenso dos produtores e mercados.<br />

O uso dos biocombustíveis pode desempenhar um relevante papel na mitigação de emissões de gases de efeito<br />

estufa (GEEs), o que já motivou a realização de diversas pesquisas sobre o tema. Resultados de estudo elaborado<br />

pela Agência Internacional de Energia [21] indicam que a contribuição para a mitigação do efeito estufa do etanol<br />

carburante é extremamente dependente da fonte de biomassa e das rotas tecnológicas. O uso do etanol brasileiro,<br />

oriundo da cana-de-açúcar, é o que resulta em maior redução de emissões de GEEs, sendo também o seu balanço de<br />

energia muito superior ao álcool etílico obtido de outras fontes.<br />

Ademais, a referida pesquisa evidencia a grande diferença dos custos de produção de etanol no Brasil, nos EUA<br />

e na União Européia, que é resultado de vários fatores, sobretudo os relacionados à eficiência do processo, ao tamanho<br />

das plantas, ao custo da matéria-prima e ao uso dos co-produtos. Conforme apresentado no Gráfico 5, o custo<br />

de produção do etanol obtido através do milho nos EUA é superior ao produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil<br />

e ainda mais alto na UE, oriundo da beterraba e do trigo.<br />

Gráfico 5 – Faixas de Custos da Produção de Etanol<br />

US$/litro, gasolina equivalente<br />

$0,00 $0,20 $0,40<br />

$0,60 $0,80 $1,00<br />

Gasolina<br />

Etanol de cana-de-açúcar, Brasil<br />

Etanol de milho, EUA<br />

2002<br />

Etanol de grãos, UE<br />

Etanol de celulose, IEA<br />

Fonte: [21]<br />

Baixo<br />

Alto<br />

Importa destacar que, não foi considerada a hipótese de produção de etanol a partir da celulose no horizonte<br />

decenal, apesar de haver diversos investimentos em P&D no país, o que viria a possibilitar o aumento da produção<br />

de etanol sem o necessário acréscimo de área de plantio.


652<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

A análise das possibilidades de exportação brasileira de etanol requer o detalhamento dos principais mercados<br />

e suas possibilidades de autoprodução. Sendo assim, serão analisados os EUA, Europa e Japão, devido aos<br />

maiores volumes de etanol envolvidos.<br />

1.4.1. Estados Unidos<br />

Nas projeções acerca da oportunidade de exportação do álcool brasileiro para os EUA, são consideradas as<br />

previsões da EIA para o consumo e importação do etanol no mercado americano.<br />

A produção de etanol nos Estados Unidos apresentou um crescimento superior a 110% no período de 2000 a<br />

2005, passando de 7,6 a 16,2 bilhões de litros por ano.<br />

As diversas Legislações americanas de incentivo à indústria americana de etanol tiveram como objetivo a redução<br />

da dependência da gasolina como combustível, além das preocupações em relação às questões ambientais e<br />

de saúde pública relacionadas ao uso do MTBE (Metil-Terc-Butil Éter) – sendo a substituição deste produto um fator<br />

determinante para o aumento significativo da produção de etanol. Destaca-se o “Energy Policy Act of 2005”, EPAct<br />

2005, que estabeleceu diversas ações de estímulo ao uso do etanol e metas de consumo de combustível renovável<br />

até 2012, sendo provável que a maior parte deste volume venha a ser ocupado pelo etanol. Inclusive, devido ao alto<br />

custo de produção de álcool do milho, o governo americano remunera o formulador de combustíveis com USD0,51<br />

por galão de etanol misturado na gasolina.<br />

A análise da disponibilidade de matéria-prima e da capacidade de expansão industrial são fundamentais para<br />

avaliar as possibilidades de produção americana do etanol, as quais norteiam qualquer projeção do mercado local.<br />

Neste sentido, estudo desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América [37]<br />

prevê uma forte expansão da produção de milho para fins energéticos, reflexo da EPAct 2005. A relação de utilização<br />

de milho para a produção de álcool e o montante total do mercado interno, em 2010, deverá exceder os 20%, não<br />

existindo limitação de matéria-prima para produção de etanol no atendimento do EPAct. O estudo prevê que em<br />

2010 a oferta de álcool suplantará a demanda estabelecida na EPAct. Após esse período, a produção de etanol acompanhará<br />

a legislação. No que se refere à capacidade industrial instalada de produção de etanol nos EUA, observou-se<br />

um aumento de 154% no período de janeiro de 1999 a janeiro de 2006, de acordo com a RFA [31].<br />

Pelas informações apresentadas pode-se depreender que, no que tange à cadeia produtiva, há plena capacidade<br />

de expansão industrial e vasta disponibilidade de matéria-prima, as quais sugerem a possibilidade de autosuficiência<br />

à demanda americana por etanol, o que deve diminuir as possibilidades de aumento das exportações<br />

brasileiras deste combustível para os EUA.<br />

Segundo as previsões de demanda americana por etanol elaboradas pela EIA [12], [13], o consumo de etanol<br />

no setor de transportes passará de 20,4 a 41,9 bilhões de litros anuais, no período 2007/2016. Deste montante, o<br />

volume utilizado na mistura com a gasolina representa 41,8 bilhões de litros de etanol anuais em 2016, e o volume<br />

consumido pela frota de automóvel Flexible Fuel Vehicles, E85 (85% de etanol) responde por 135,3 milhões de litros.<br />

Os volumes previstos permitem afirmar que, apesar da crescente frota E85, a importância deste automóvel é muito<br />

inferior à importância da utilização do etanol como oxigenante e para aumentar a octanagem da gasolina.<br />

O Departamento de Energia Americano estima que a participação do etanol importado no total consumido<br />

internamente pelo setor de transporte seja de 2,7 bilhões de litros em 2016.<br />

Os EUA passaram de uma situação de exportador líquido de etanol, em meados da década de 1990, para importador<br />

líquido nos últimos sete anos. No entanto, diante da possibilidade de auto-atendimento de sua demanda,<br />

a forte política de proteção de sua indústria nacional atualmente praticada deverá ser mantida, com barreiras como a<br />

taxa de importação de USD0,54 por galão importado. É possível obter isenção desta taxa caso o etanol que ingressa<br />

no país seja totalmente produzido pelos países cobertos pela “Iniciativa Caribenha”, sendo chamado de “produto<br />

nativo”.<br />

O Gráfico 6 compara a demanda prevista pela EPAct 2005 com as estimativas da EIA e evidencia a notória diferença<br />

existente entre estas. É importante observar que a demanda legal projetada deverá ser plenamente atendida<br />

e que o volume adicional provavelmente acontecerá em função de causas de mercado, tais como oferta de excedentes<br />

de produção americana ou importações pelo CBI ou do Brasil.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 653<br />

Gráfico 6 – EPAct 2005 e Previsão da EIA para Consumo de Etanol<br />

40<br />

37,9<br />

39,8<br />

40,5<br />

41,2<br />

41,9<br />

31,0<br />

34,5<br />

bilhões de litros<br />

30<br />

20<br />

20,4<br />

17,8<br />

23,7<br />

20,4<br />

27,1<br />

23,1<br />

25,7<br />

28,0 28,4<br />

10<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção Americana Importação Produção Americana + Importação EPAct 2005<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong> a partir de [13] e [16]<br />

Posteriormente às projeções elaboradas pela EIA, utilizadas no gráfico anterior, o presidente norte-americano,<br />

George W. Bush, em seu pronunciamento anual à nação em janeiro de 2007, conclamou o país a unir esforços para<br />

a redução em 20% do consumo de gasolina nos próximos dez anos. Esse percentual seria obtido por meio de duas<br />

ações, quais sejam: o aumento de eficiência dos automóveis, o que significaria a redução de 5% do consumo total, e<br />

a utilização de 35 bilhões de galões de etanol, cerca de 132,5 bilhões de litros, que representariam 15% do consumo<br />

de gasolina em 2017.<br />

1.4.2. Europa<br />

Apesar de a Europa figurar em 2005 com apenas 9% da produção mundial de etanol (predominantemente<br />

oriundo de beterraba, cereais e excedentes de produção de vinho), é importante analisar sua possível expansão<br />

como produtor, com destaque para a União Européia - UE, e seu papel como potencial importador.<br />

Através da Diretriz para Combustíveis Renováveis de 2003, a UE estabeleceu a meta de participação dos combustíveis<br />

renováveis em 2% do total de gasolina e diesel consumidos em cada país em 2006. O percentual a ser<br />

atingido é apenas indicativo e não uma obrigação para os Estados-Membros. Para 2011, a meta a ser perseguida é de<br />

5,75%. O percentual pode ser atendido com o uso de biocombustível puro, misturas ou ETBE (Etil-Terc-Butil Éter).<br />

Em 2005, a UE utilizou no setor de transporte apenas 35% de sua produção de etanol, cerca de 700 milhões de<br />

litros, sendo o restante destinado ao setor de bebidas e industrial. A União Européia possui um histórico de exportadora<br />

de álcool originário da indústria do vinho (cerca de 100 milhões de litros por ano). Com o aumento da demanda<br />

por etanol combustível na Europa, o volume historicamente exportado foi absorvido pelo mercado interno. Adicionalmente<br />

ao aumento de volume de importações, ocorreu uma mudança de papel da União Européia, a qual passou<br />

de exportador líquido para importador líquido de etanol.<br />

O Gráfico 7 explicita a projeção da demanda de etanol combustível, por país da União Européia, segundo a<br />

Diretriz para Combustíveis Renováveis de 2003.


654<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

milhões de litros<br />

Gráfico 7 – Demanda de Etanol na EU25 - por País (Diretriz para Combustíveis Renováveis de 2003)<br />

9000<br />

8.590<br />

8.300<br />

7.987<br />

8000<br />

7.651<br />

7.292<br />

7000<br />

6.909<br />

6.136<br />

6000<br />

5.325<br />

5000<br />

4.476<br />

4000<br />

3.588<br />

3000<br />

2.640<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Outros Espanha França Itália Reino Unido Alemanha Total EU25<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong> a partir de [19]<br />

Obs: O ano de 2016 foi calculado por tendência.<br />

É importante destacar a recente sinalização da União Européia em que a participação das fontes renováveis<br />

de energia responda por 10% da matriz de transportes até 2020, o que poderia representar cerca de 15 bilhões de<br />

litros em 2016.<br />

1.4.3. Japão<br />

Apesar de representar um papel secundário na produção mundial de etanol (0,25%), o Japão foi o segundo<br />

maior importador do mundo em 2005: cerca de 500 milhões de litros, em sua maior parte etanol de origem brasileira.<br />

Em 2006, importou cerca de 225 milhões de litros do combustível do Brasil. A tarifa de importação sobre o álcool<br />

combustível corresponde a 23,8% (alíquota OMC) e será reduzida gradativamente até o patamar de 10%, em 2010.<br />

O País produz etanol sintético (de etileno) e oriundo de fermentação, cerca de 100 milhões e 15 milhões de<br />

litros anuais, respectivamente. O consumo de gasolina no Japão é o segundo maior do mundo, cerca de 60 bilhões<br />

de litros anuais.<br />

Em 2003, o governo japonês permitiu a adição de etanol à gasolina na proporção de 3% (E-3), embora esteja<br />

analisando a ampliação desse percentual como forma de atender às exigências do Protocolo de Quioto. A adoção<br />

do E-3 em bases mandatórias representaria um consumo de cerca de 1,8 bilhão de litros de etanol por ano. Diante<br />

da disposição do governo em elevar o percentual da mistura etanol/gasolina dos atuais 3% a 10% em 2012, o Japão<br />

pode ser entendido como um mercado potencial de cerca de 6 bilhões de litros/ano, ou seja, cerca de 35% da atual<br />

produção brasileira.<br />

Atualmente o governo japonês se concentra em delinear novas estratégias visando diminuir a dependência do<br />

país em combustíveis fósseis em pelo menos 20% até 2030. No entanto, no que tange ao uso de oxigenantes, ainda<br />

não foi definido qual o biocombustível a ser utilizado: etanol ou ETBE.<br />

No horizonte das perpectivas de comércio de etanol entre Brasil e Japão encontram-se ações da Petrobras<br />

voltadas a suprir o mercado japonês quando da introdução do etanol em sua matriz energética, em substituição<br />

aos combustíveis fósseis. A intenção da Petrobras é iniciar, a partir de 2008, a exportação de etanol para o mercado<br />

japonês, tendo como meta 1,8 bilhão de litros anuais.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 655<br />

1.5. Perspectivas para o Etanol Brasileiro<br />

1.5.1. EUA<br />

As informações apresentadas sobre o mercado americano de etanol permitem depreender que o aumento de<br />

exportação brasileira para os EUA acontece de forma situacional, ocasionada pela brusca substituição do MTBE e à<br />

logística desfavorável nas regiões costeiras leste e oeste. Todavia, os aumentos de escala e de infra-estrutura para o<br />

álcool no território americano deverão modificar tal situação.<br />

Em 2006, os EUA importaram cerca de 2,2 bilhões de litros de etanol do Brasil. As estimativas de exportação<br />

tomaram como referência as estimativas da EIA apenas a partir de 2010, pois as mesmas possuem significado maior<br />

em médio e longo prazos. Para os anos de 2007, 2008 e 2009, interpolaram-se valores de exportação baseados no<br />

volume exportado em 2006 e 2010. Os volumes estimados se referem àqueles que são comercializados diretamente<br />

com os EUA e também os que eventualmente envolvem negociação intermediária com a CBI.<br />

O cenário elaborado considerou que os níveis de importação americana do etanol brasileiro decrescem devido<br />

à expansão da produção doméstica americana e por permanecerem taxadas. A partir de 2010, as exportações<br />

brasileiras para os Estados Unidos se expandem até 2016, sendo o Brasil o fornecedor preferencial pela alta competitividade<br />

de seu produto.<br />

1.5.2. União Européia<br />

Através da Diretriz para Combustíveis Renováveis, a UE estabeleceu metas de participação dos combustíveis<br />

renováveis no consumo de cada país. O percentual é de 2% em 2006. Para 2011, a meta a ser perseguida é de 5,75%.<br />

O percentual pode ser atendido com o uso de biocombustível puro, misturas ou ETBE.<br />

Para analisar as perspectivas de exportação brasileira de etanol, é preciso verificar qual a possibilidade de produção<br />

interna, as quais são limitadas. Caso seja considerada a utilização de uma parte do 1,5 milhão de hectares, por<br />

exemplo, 750 mil hectares, poderiam ser produzidos cerca de 5,5 bilhões de litros de etanol (considerando plantio<br />

de beterraba com rendimento de cerca de 7.300 litros por hectare ano).<br />

Este valor de autoprodução deverá sofrer influência conforme a demanda do mercado de biodiesel, quanto à<br />

atratividade econômica, o que não acontece nos EUA.<br />

São necessárias as seguintes considerações:<br />

• O volume adicional de biocombustível que deveria ter sido utilizado em 2005 pela UE para atendimento da<br />

meta de 2% é de cerca de 1,5 bilhão de litros;<br />

• O potencial de autoprodução de biocombustíveis da UE é de 5,5 bilhões de litros por ano, segundo a F.O.Licht [19];<br />

• Existem dúvidas quanto à parcela de biodiesel e de etanol que será utilizada para atendimento dos percentuais<br />

de combustíveis renováveis;<br />

• Antes disso, há dúvidas quanto à adoção dos percentuais de utilização de renováveis por todos os membros<br />

da UE.<br />

Sendo assim, estabeleceu-se em 20% o percentual de importação do etanol brasileiro pela UE em relação à demanda<br />

de etanol prevista pela F.O.Licht, que representa 100% das importações da UE [19].<br />

1.5.3. Japão<br />

Em 2003, o governo japonês permitiu a adição de etanol à gasolina na proporção de 3%, embora esteja analisando<br />

a ampliação desse percentual como forma de atender às exigências do Protocolo de Quioto. A adoção do E-3<br />

em bases mandatórias representaria um consumo de cerca de 1,8 bilhão de litros de etanol por ano.<br />

Diante da disposição do governo em elevar o percentual da mistura etanol/gasolina de 3% a 10% em 2012, o<br />

Japão pode ser entendido como um mercado potencial para a produção brasileira.<br />

Considerando-se o volume exportado para o Japão em 2006, 225 milhões de litros, o cenário elaborado estima<br />

que em 2010 serão exportados 900 milhões de litros, o que significa 1,5% do consumo de gasolina.<br />

O volume exportado cresce atingindo 3 bilhões de litros em 2012 (E10), o que significa a metade da meta<br />

divulgada pela Petrobras para o ano. A partir de então, o crescimento ocorre a uma taxa inferior, o que resulta em 4<br />

bilhões de litros em 2016.


656<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

1.5.4. Outros<br />

O cenário elaborado considerou a possibilidade de exportação para outros países que vêm sinalizando políticas<br />

de incentivo à utilização de etanol. Estimou-se que estes responderiam por cerca de 10% do somatório das<br />

importações de EUA, UE e Japão. Neste contexto, merecem destaque China, Índia e Nigéria.<br />

• China: É o maior produtor de etanol do continente asiático e o terceiro do mundo com cerca de 3,8 bilhões de<br />

litros anuais, dos quais 1,3 bilhão de litros foi utilizado como combustível.<br />

O consumo anual de gasolina na China é de aproximadamente 54 bilhões de litros. O país é um importador<br />

líquido de petróleo e atravessa uma situação de demanda reprimida de gasolina que, somada aos excedentes de<br />

produção de grãos que vêm sendo observados, direciona o poder público no sentido da criação de uma estratégia<br />

para o uso combustível do etanol.<br />

Em 2005 o governo decretou a Lei de Energias Renováveis, que estabelece como objetivo principal a ampliação<br />

da participação das fontes renováveis de 7% para 10% da matriz energética do país até 2020. De acordo com<br />

a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, em 2005 estas representaram 7% do consumo de energia do<br />

país.<br />

• Índia: As importações deste país se devem ao programa de governo iniciado em 2003, o qual estabeleceu<br />

percentual de 5% de etanol na mistura com a gasolina em nove localidades predeterminadas, as quais demandam<br />

350 milhões de litros do biocombustível.<br />

Em 2005, a Índia produziu 1,7 bilhões de litros, sendo apenas 200 milhões de litros utilizados como combustível.<br />

Problemas de safra e o fato de a indústria do etanol ainda estar em fase de instalação de novas unidades fizeram<br />

com que as importações fossem a única via para o atendimento à demanda do país.<br />

O programa indiano contempla mais duas fases distintas: a segunda prevê a extensão para todo o país do percentual<br />

de 5% de mistura do etanol e a terceira aumenta para 10%. A Tabela 2 ilustra os volumes requeridos nas três<br />

fases em cada ano e em cada fase. Por exemplo, caso no ano de 2007/08 já fosse exigido que todo o país utilizasse<br />

o E5, então seriam demandados 590 milhões de litros. Da mesma forma, caso em 2009/2010 seja utilizado E10, a<br />

demanda de etanol será de 1,3 bilhão.<br />

Tabela 2 – Demandas Possíveis de Etanol pela Índia (milhões de litros)<br />

Ano<br />

Etanol-Exigências<br />

1a. Fase<br />

Etanol-Exigências<br />

2a. Fase<br />

Etanol-Exigências<br />

3a. Fase<br />

2005/06 350 535 1.070<br />

2006/07 368 563 1.126<br />

2007/08 386 590 1.180<br />

2008/09 405 619 1.238<br />

2009/10 425 650 1.300<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong> a partir de [19].<br />

É importante salientar que o programa indiano está em fase inicial de implantação e pode sofrer descontinuidades<br />

ao longo do período proposto.<br />

• Nigéria: este país tornou-se um novo mercado consumidor do etanol brasileiro após a implementação de seu<br />

programa de adição do álcool à gasolina comercializada.<br />

O governo da Nigéria contará com o apoio técnico da Petrobras durante a implantação do programa de adição<br />

de 10% de etanol na gasolina. A primeira carga de 20 milhões de litros sinaliza o fornecimento de próximas cargas<br />

do combustível brasileiro para este mercado.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 657<br />

1.5.5. Potencial Total de Exportação<br />

Consolidando as projeções de exportação do etanol brasileiro descritas para cada um dos principais mercados<br />

analisados (Estados Unidos, União Européia e Japão) e para outros países, com destaque para Nigéria, China e Índia,<br />

tem-se o Gráfico 8.<br />

Gráfico 8 – Exportações Brasileiras de Álcool Combustíve<br />

10.000<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.711<br />

8.196<br />

8.591<br />

8.981<br />

9.399<br />

7.000<br />

milhões de litros<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.429<br />

3.638<br />

3.918<br />

4.199<br />

4.435<br />

6.242<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

EUA+CBI EU JAPÃO OUTROS TOTAL<br />

1.6. Produção do Etanol no Brasil<br />

O cenário internacional favorável ao aumento de demanda de etanol pode se configurar em uma oportunidade<br />

para o Brasil, dados o potencial de expansão agrícola brasileiro e o grau de maturidade da indústria sucroalcooleira<br />

nacional. A competitividade desta indústria no país é reflexo, principalmente, do conhecimento acumulado em<br />

décadas de experiência no processo de produção de açúcar e álcool; do aproveitamento energético do bagaço e da<br />

pesquisa por técnicas industriais e agrícolas mais eficientes.<br />

É necessário avaliar o mercado brasileiro e sua provável expansão produtiva, assim como incluir a perspectiva<br />

de demanda brasileira de etanol.<br />

A cana-de-açúcar é uma cultura de clima tropical que se adaptou muito bem às condições edafoclimáticas<br />

brasileiras, sendo cultivada em larga escala em diferentes regiões do país e ocupando uma grande variabilidade de<br />

solos e ambientes de produção. Existem duas macroregiões produtoras de açúcar e álcool, cujos níveis de produtividade,<br />

vocação e sazonalidades são distintos.<br />

Com uma área plantada total de aproximadamente 6,2 milhões de hectares na safra 2005/2006, concentrando<br />

cerca de 87% da cana-de-açúcar produzida, está a Região Sudeste/Centro-Oeste (com destaque para o estado de<br />

São Paulo, com 59% da produção total). Os 13% restantes correspondem à Região Norte/Nordeste. Aproximadamente<br />

51% da produção nacional de cana-de-açúcar desta safra foram destinadas para a fabricação de etanol, que<br />

ocupou 3,1 milhões de hectares: 5,3% da superfície agrícola e somente cerca de 1% da superfície agricultável [25].<br />

O aumento de produção, a melhoria das práticas empresariais e as inovações tecnológicas conseguiram reduzir<br />

em torno de quatro vezes os custos de produção do etanol, o que pode ser verificado no Gráfico 9.


658<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Gráfico 9 – Produção de Álcool e Custo de Produção no Brasil<br />

15<br />

Produção<br />

Custo<br />

800<br />

12<br />

600<br />

milhões m 3<br />

9<br />

6<br />

400<br />

US$/m 3<br />

3<br />

200<br />

0<br />

0<br />

1980 1985 1990 1995 2000 2005<br />

Fonte: [24]<br />

Em relação à capacidade industrial, o país dispõe de 351 unidades produtoras de açúcar e álcool, considerando<br />

as usinas cadastradas na ANP e no MAPA e excluindo-se as usinas que somente produzem açúcar, segundo o cadastro<br />

do MAPA.<br />

Para a previsão de novas unidades foram consideradas as usinas citadas no estudo da ISO [22], excetuando-se<br />

as unidades cuja verificação indicou que já se encontram em funcionamento e aquelas com insuficientes informações<br />

de localização. Somaram-se às projeções da ISO outros 25 novos investimentos relatados por órgãos estaduais<br />

e veículos de comunicação, o que resultou na perspectiva de 84 novos projetos para o horizonte decenal.<br />

No que tange às perspectivas de produção de etanol no Brasil para o período em análise, tomou-se como<br />

referência o estudo “Projeções do Agronegócio - Mundial e Brasil”, elaborado pelo MAPA [26]. De acordo com este<br />

estudo, a produção de etanol para 2015 está projetada em 36,9 bilhões de litros. O dado de produção para o ano de<br />

2016 foi extrapolado considerando-se a mesma taxa de crescimento para os anos anteriores, obtendo-se o volume<br />

de 39,6 bilhões de litros de etanol. As projeções de produção de etanol do MAPA foram consideradas como limite<br />

superior. No cálculo da trajetória inferior, a produção interna foi deduzida a partir das demandas.<br />

O Gráfico 10 ilustra a previsão da produção nacional de álcool etílico carburante e a oferta doméstica para o<br />

horizonte decenal.<br />

Gráfico 10 – Produção Nacional de Álcool e Oferta para o Mercado Carburante Doméstico<br />

40<br />

39,6<br />

milhões de m 3 / ano<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

35,6<br />

32,9<br />

28,9<br />

15<br />

10<br />

2005 2007 2009 2011 2013 2015<br />

Produção - Trajetória Superior<br />

Of. doméstica - Trajetória Superior<br />

Produção - Trajetória Inferior<br />

Of .doméstica - Trajetória Inferior<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong>


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 659<br />

1.7. Logística de Transporte do Etanol para Exportação<br />

1.7.1. Capacidade Atual<br />

Os corredores de exportação da produção de etanol para o mercado externo, de forma análoga ao mercado interno<br />

estão concentrados em duas macrorregiões: Na Região Sudeste/Centro-Oeste, mostrado na Figura 1, com oito<br />

Centros Coletores localizados próximos às destilarias produtoras, que recebem o combustível pelo modal rodoviário<br />

e transferem o etanol pelo modal ferroviário aos Terminais Marítimos de Paranaguá (PR), com capacidade de 0,4 milhões<br />

de m3/ano e navios de até 40.000 tpb e Terminal Exportador de Álcool de Santos (TEAS), com capacidade de 1,5<br />

milhões de m3/ano e navios de até 40.000 tpb. O Terminal de Paulínia (REPLAN) recebe o combustível diretamente<br />

das destilarias pelo modal rodoviário, ou dos Centros Coletores pelo modal ferroviário e escoa o etanol através de<br />

malha dutoviária da Transpetro, de 520 km de extensão para a Refinaria de Duque de Caxias (REDUC) e ao Terminal<br />

Marítimo da Ilha D’Água (RJ) com capacidade de 1,2 milhões de m3/ano e navios de até 130.000 tpb. Na Região<br />

Nordeste o corredor de exportação está concentrado no Terminal Marítimo de Maceió (AL), com capacidade de 0,4<br />

milhões de m3/ano e navios de 55.000 tpb e no Terminal Intermodal de Suape (PE) do Grupo Decal, com capacidade<br />

de 0,15 milhões de m3/ano e navios de até 45.000 tpb.<br />

Figura 1 – Infra-estrutura Logística de Exportação da Região Sudeste/Centro-Oeste<br />

Fonte: [33].<br />

A capacidade atual total dos terminais em operação no País é de 3,6 milhões de m3/ano de etanol, sendo 2,0<br />

milhões de m3/ano a capacidade total instalada da Transpetro e 1,6 milhões de m3/ano a capacidade instalada total<br />

dos grupos privados Crystalsev, Cosan, Nova América, Cargill e Plínio Nastari (TEAS) e Decal (Suape).<br />

Cabe destacar que a capacidade instalada não apresenta restrições quanto ao volume atual de etanol destinado ao<br />

mercado externo, que em 2006 atingiu cerca de 3,5 milhões de m3 de etanol.<br />

1.7.2. Potencial de Expansão<br />

A Petrobras sinalizou que pretende investir em projetos para aumento da capacidade de armazenamento, em<br />

expansão do modal dutoviário e principalmente na infra-estrutura dos terminais marítimos de grande porte.<br />

O investimento, denominado pela Petrobras como “Programa Etanol”, está dividido em três grandes áreas de<br />

interesse, que são:


660<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

• Programa Corredor de Exportação de Etanol, que abrange as regiões Sudeste e Centro Oeste;<br />

• Projeto Exportação - Região Sul; e<br />

• Projeto Exportação - Região Nordeste.<br />

Em 2010, com os investimentos previstos pela estatal, estima-se que essa capacidade seja expandida para cerca<br />

de 13,5 milhões de m3/ano, concentrando na região Sudeste/Centro-Oeste uma capacidade total de exportação<br />

de 12 milhões de m3/ano e nas regiões Sul e Nordeste 0,75 milhões de m3/ano, em cada região.<br />

Cabe ressaltar que esses investimentos dependem, ainda, de decisão empresarial levando em conta o comportamento<br />

do mercado consumidor e os contratos a serem firmados no exterior, que justifiquem os volumes e as<br />

capacidades a serem atingidas.<br />

1.7.3. Investimentos para a Expansão<br />

Os projetos previstos para o desenvolvimento da infra-estrutura logística da Transpetro, subsidiária da Petrobras,<br />

que abrangem as regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Nordeste, resumidos na Tabela 3, totalizam investimentos<br />

da ordem de R$ 4.144 milhões até o ano de 2010 e incluem:<br />

• ampliação da capacidade de armazenagem e melhoria no sistema de descarga e expedição nos Centros<br />

Coletores;<br />

• facilidades portuárias, linhas de recebimento/expedição e tancagem, principalmente nos portos de maior<br />

calado como Rio de Janeiro e São Sebastião;<br />

• sistema de movimentação exclusiva para o álcool (alcooduto), aproveitando as áreas de servidão dos polidutos<br />

já existentes; e<br />

• dutos e estações de bombeamento e tancagem intermediária, desde as regiões de produção até os terminais<br />

portuários.<br />

Tabela 3 – Investimentos da Petrobras Transporte S.A. no Programa Etanol<br />

Região Terminal Marítimo Capacidade [10 6 m 3 ] Ano Custo [10 6 R$]<br />

Sudeste /<br />

Centro-Oeste<br />

Ilha D’Água<br />

São Sebastião<br />

4,00<br />

8,00<br />

2010<br />

2010<br />

4.110<br />

Sul Paranaguá 0,75 2008 25<br />

Nordeste Maceió 0,75 2008 9<br />

Total Transpetro 13,5 2010 4.144<br />

Fonte: Elaboração própria a partir de [34] e [29].<br />

O Programa Corredor de Exportação de Etanol da Petrobras Transporte S.A. – Transpetro, localizado na região<br />

Sudeste/Centro-Oeste, está subdividido em 5 projetos, que incluem:<br />

• ampliação do sistema atual – REPLAN/Terminal Ilha D´Água, com investimentos previstos da ordem de<br />

R$ 98 milhões e previsão para ampliação da capacidade de exportação de etanol de 600 mil m3/ano para cerca de<br />

2,9 milhões m3/ano em 2008;<br />

• duto REPLAN/Guararema, com investimentos previstos da ordem de R$ 583 milhões e aumento da capacidade<br />

de exportação do Terminal Ilha D´Água para cerca de 4 milhões m3/ano em 2010;<br />

• sistema Duto Hidrovia Tietê-Paraná, com investimentos previstos da ordem de R$ 988 milhões, integrando a<br />

hidrovia ao corredor de exportação;<br />

• duto Guararema/São Sebastião, com investimentos previstos da ordem de R$ 315 milhões e elevação, em<br />

2010, da capacidade de exportação para 8 milhões m3/ano; e<br />

• duto da Faixa do OSBRA (Senador Canedo/Uberaba/Ribeirão Preto/REPLAN), com investimentos previstos da<br />

ordem de R$ 2.128 milhões.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 661<br />

A Figura 2 mostra o Programa Corredor de Exportação de Etanol da Transpetro.<br />

Figura 2 – Programa Corredor de Exportação de Etanol<br />

Fonte: [34].<br />

O Sistema Duto Hidrovia Tietê – Paraná, com custo estimado em R$ 998 milhões, ente 2008/2010, compreende:<br />

a construção de quatro terminais (Hidrovia-SP, Araçatuba-SP, Presidente Epitácio-SP e São Simão-GO), com opção de<br />

mais um em Foz do Iguaçu; construção do poliduto Hidrovia/Replan, para transporte de álcool no sentido Hidrovia/<br />

Replan e diesel ou gasolina no sentido Replan/Hidrovia, com capacidade para 4 milhões de m3 (2 milhões de m3 em<br />

cada sentido).<br />

Com este projeto espera-se ampliar a capacidade de exportação do etanol produzido no Oeste e Noroeste de<br />

São Paulo, Sul de Goiás e Mato Grosso do Sul.<br />

O Projeto Exportação - Região Sul, com investimentos estimados em R$ 25,3 milhões, ente 2006/2008, inclui a<br />

ampliação da capacidade de descarga dos modais rodoviário (caminhões tanque) e ferroviário (vagões-tanque) dos<br />

terminais de Araucária (REPAR) e Paranaguá, com a construção de novos tanques de armazenamento com capacidades<br />

de 10.000 m3 (REPAR) e 30.000 m3 (Paranaguá).<br />

Com esse investimento a capacidade de exportação da região Sul deverá alcançar 400.000 m3/ano em 2006 e<br />

atingir 750.000 m3/ano de etanol em 2008. Cabe destacar que o Porto de Paranaguá tem capacidade para navios de<br />

35.000 a 40.000 tpb.<br />

O Projeto Exportação - Região Nordeste, com investimentos estimados em R$ 9,2 milhões, ente 2006/2008,<br />

incluem a construção de novos tanques de armazenamento de 30.000 m3 (2006) e 40.000 m3 (2008), no terminal de<br />

Maceió.<br />

Com esse investimento a capacidade de exportação da região Nordeste deverá alcançar 500.000 m3/ano em 2006<br />

e atingir 750.000 m3/ano em 2008. Cabe destacar que o Porto de Maceió tem capacidade para navios de 55.000 tpb.<br />

O Terminal Exportador de Álcool Santos (SP), com investimentos de R$ 92 milhões, começou a operar em julho<br />

de 2005, com capacidade para 1,5 milhões de m3/ano de etanol para exportação. Possui 27 tanques para químicos, 8<br />

para óleos vegetais e 6 para álcool, totalizando uma capacidade de armazenagem de 111,5 mil m3. Para o álcool a capacidade<br />

de armazenagem é de 40 mil m3, com uma vazão média de 369 m3/hora, podendo atingir até 700 m3/hora,


662<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

nos picos de exportação. Porém, o baixo calado do Porto de Santos entre 12 e 14 metros, impossibilita a atracação de<br />

grandes navios o que pode restringir a capacidade de escoamento de grandes volumes de etanol.<br />

O Terminal Intermodal de Suape (PE), com investimentos de R$ 73,6 milhões, começou a operar em setembro<br />

de 2005, com capacidade para 0,15 milhões de m3/ano de etanol para exportação. Possui 12 tanques para combustíveis<br />

a granel e uma capacidade de armazenagem 156 mil m3, é um dos principais portos para escoamento de granéis<br />

líquidos e GLP da região Nordeste.<br />

1.8. Considerações Finais<br />

O etanol atingiu custos competitivos com a gasolina nesses 30 anos do Programa Nacional do Álcool, como<br />

resultado dos avanços tecnológicos incorporados pelo setor sucroalcooleiro, tanto na área agrícola quanto na área<br />

industrial. Os ganhos em produtividade da cana-de-açúcar, em teor de sacarose e na eficiência da sua conversão,<br />

aliados ao gerenciamento de toda a cadeia produtiva, conduziram o setor sucroalcooleiro aos baixos custos de produção<br />

de açúcar e álcool, fatores preponderantes para manter a competitividade em mercados mundiais.<br />

A implantação de um programa de energias renováveis, principalmente de culturas energéticas como a cana-deaçúcar,<br />

é capaz de gerar empregos no meio rural, promovendo a fixação do homem no campo, gerando renda, melhorando<br />

a qualidade de vida e induzindo o desenvolvimento sustentável do País. A produção de etanol para adição ou<br />

substituição à gasolina, permite ainda a geração descentralizada de energia elétrica e a substituição do óleo combustível<br />

pelo bagaço de cana-de-açúcar, contribuições importantes para reduzir a dependência de petróleo e derivados.<br />

A revitalização do mercado doméstico e as perspectivas de aumento das exportações do etanol combustível<br />

como oxigenante da gasolina, apontam para a consolidação da agroenergia, em particular da cana-de-açúcar, como<br />

o agronegócio da próxima década, com possibilidade de transformação desse produto em uma commodity de grande<br />

aceitação no mercado internacional.<br />

Finalmente, é de interesse registrar as metas do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC do Governo Federal,<br />

o qual sinaliza investimentos da ordem de 17,4 bilhões de reais até 2010 em combustíveis renováveis, prevendo,<br />

para tanto, parcerias com o setor privado, além do financiamento público. A premissa fundamental é assegurar a<br />

liderança do Brasil na área de biocombustíveis. Em relação ao álcool combustível, o PAC objetiva a meta de produção<br />

de 23,3 bilhões de litros anuais de etanol em 2010, o que representa 5,7 bilhões de litros/ano adicionais à produção<br />

atual. Para tanto, serão construídas 77 novas usinas, contabilizando um investimento total de R$12 bilhões na fase<br />

industrial. As novas usinas representarão um aumento da capacidade de moagem de 154 milhões de toneladas<br />

de cana-de-açúcar. Prevê-se que em 2007 sejam construídas 17 novas usinas e o investimento de R$ 2,7 bilhões. O<br />

PAC define investimentos em infra-estrutura dutoviária para escoamento de etanol, totalizando R$ 4,1 bilhões. São<br />

previstos 1.150 quilômetros de dutos fazendo a interligação Centro-Oeste/Sudeste e a ampliação da capacidade de<br />

exportação de etanol para 8 milhões de m3/ano, utilizando os terminais da Região Sudeste.<br />

2. Expansão da Oferta de Biodiesel<br />

2.1. Introdução<br />

A Lei nº 11.097/2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, definiu biodiesel<br />

como sendo um “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna<br />

com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir<br />

parcial ou totalmente combustível de origem fóssil”. A Resolução ANP n° 42 de 24/11/2004 delineou a definição contida<br />

na lei, como sendo um “combustível composto de alquil-ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de<br />

óleos vegetais ou de gorduras animais” e estabeleceu as normas e especificações do biocombustível, pois, quer seja<br />

obtido através de esterificação ou de transesterificação, este deverá ter características físico-químicas semelhantes<br />

ao diesel mineral, para que possa substituí-lo, mesmo que parcialmente 6 .<br />

6 Apesar dos investimentos previstos em P&D para a obtenção de biodiesel de segunda geração, não foi considerada a hipótese de consolidação<br />

desta rota em fase industrial no horizonte decenal.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 663<br />

Até fevereiro de 2007, foram realizados 5 leilões, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />

(ANP), para aquisição de biodiesel das empresas contempladas com o Selo Combustível Social (SCS). Os<br />

volumes arrematados nos leilões foram de 70.000 metros cúbicos no primeiro leilão, 170.000 metros cúbicos no<br />

segundo, 50.000 metros cúbicos no terceiro e 550.000 metros cúbicos no quarto. Em 2007 houve apenas um leilão,<br />

cujo resultado foi de 45.000 metros cúbicos.<br />

Os resultados dos leilões, com as quantidades e os preços médios, seguem na Tabela 4.<br />

Tabela 4 – Resultado dos Leilões de Compra de Biodiesel pela ANP<br />

1º Leilão<br />

23/11/2005<br />

2º Leilão<br />

30/03/2006<br />

3º Leilão<br />

11/07/2006<br />

4º Leilão<br />

11/07/2006<br />

5º Leilão<br />

14/02/2007<br />

Nº de ofertantes 8 12 6 25 8<br />

Volume ofertado (m 3 ) 92.500 315.520 125.400 1.141.335 50.000<br />

Volume arrematado (m 3 ) 70.000 170.000 50.000 550.000 45.000<br />

Preço médio (R$/m 3 ) (1) 1.904,84 1.859,65 1.753,79 1.746,66 1.862,14<br />

Deságio (%) (0,79) (2,53) (7,93) (8,29) (2,22)<br />

Prazo de entrega jan/06 a dez/06 jul/06 a jun/07 jan/07 a dez/07 jan/07 a dez/07<br />

imediato a<br />

dez/07<br />

(1) No 5º Leilão, o preço estimado substituiu o Preço Máximo de Referência. Este valor pode ser ultrapassado pelas ofertas das empresas vendedoras. Até o Quarto<br />

Leilão, a ANP definia um preço teto, que não podia ser ultrapassado nas ofertas.<br />

Fonte: [4]<br />

Os estudos associados ao biodiesel, no âmbito do Plano Decenal de Energia, buscaram avaliar a disponibilidade<br />

de insumos para atender à obrigatoriedade de consumo e a existência de competitividade para que a demanda<br />

suplante as metas estabelecidas. Para tanto, foi elaborada a projeção de produção de biodiesel para compatibilizar<br />

com a previsão de demanda, tendo também sido abordado um conjunto de ações, por parte do governo e da iniciativa<br />

privada, necessárias para garantir o sucesso da penetração do biodiesel na matriz energética brasileira.<br />

Não foi contemplada a possibilidade de exportação de biodiesel, haja vista que a obrigatoriedade da mistura<br />

com o diesel fóssil, a partir de 2008, deve fazer com que o produto produzido no país seja adquirido pelas distribuidoras<br />

de diesel. Cabe ponderar, que as usinas de biodiesel que solicitaram autorização à ANP têm capacidade de<br />

produção pouco maior que a demanda obrigatória do país e podem atender eventualmente às exportações.<br />

A metodologia empregada neste estudo compreendeu:<br />

• Identificação dos mercados potenciais (total, regional e setorial), nos quais foram estimadas quantidades e<br />

preços;<br />

• Identificação das projeções de produção de óleos vegetais, gorduras animais e resíduos, nas quais foram<br />

estimadas quantidades e preços;<br />

• Identificação dos custos de conversão de cada tipo de insumo em biodiesel;<br />

• Identificação dos custos, tributos e contribuições incidentes sobre o biodiesel em cada região do país e de<br />

cada insumo;<br />

• Avaliação da competitividade do biodiesel em relação ao diesel fóssil no período 2007/2016;<br />

• Identificação dos insumos que viabilizam a utilização do biodiesel em percentual superior ao exigido pela<br />

legislação;<br />

• Identificação de mercados específicos que permitem estimular a instalação de usinas.


664<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.2. Preços Internacionais e Nacionais de Biodiesel<br />

Para elaborar a evolução dos preços internacionais de biodiesel, utilizou-se a composição média dos custos de<br />

produção de biodiesel, segundo a Agência Internacional de Energia [21] e a projeção de preços de óleos vegetais no<br />

mercado mundial realizada pelo FAPRI [17], apresentados na Tabela 5 .<br />

Tabela 5 – Preços Internacionais de Oleaginosas (US$/tonelada métrica 7 )<br />

Soja<br />

Ano FOB Decatur FOB Rotterdam Média<br />

Colza Girassol Dendê Amendoim<br />

2006 476 555 515,50 700 637 434 950<br />

2007 468 524 496,00 679 638 465 996<br />

2008 498 558 528,00 704 657 483 1.012<br />

2009 520 582 551,00 722 660 488 1.023<br />

2010 532 594 563,00 726 663 489 1.028<br />

2011 542 606 574,00 737 667 493 1.037<br />

2012 554 619 586,50 745 672 499 1.049<br />

2013 564 629 596,50 747 676 503 1.058<br />

2014 573 639 606,00 754 679 505 1.068<br />

2015 583 650 616,50 762 682 507 1.079<br />

2016 595 663 629,00 767 686 507 1.090<br />

Fonte: [17]<br />

Aplicando-se os supracitados dados de composição de custos à projeção de preços de óleos vegetais, foram<br />

obtidas as projeções de custos de produção de biodiesel apresentadas nas Tabelas 6 e 7.<br />

Tabela 6 – Projeção dos Custos de Produção do Biodiesel com Base nos Óleos<br />

Vegetais Representando 92% do Custo Final (US$/barril)<br />

Soja Colza Girassol Dendê Amendoim<br />

2007 88,11 127,87 120,03 84,92 189,14<br />

2008 93,76 132,46 123,61 88,16 192,22<br />

2009 97,90 135,98 124,27 89,21 194,24<br />

2010 100,16 136,72 124,77 89,30 195,27<br />

2011 102,04 138,81 125,59 90,03 197,03<br />

2012 104,30 140,30 126,57 91,16 199,16<br />

2013 106,18 140,60 127,26 91,87 200,96<br />

2014 107,88 141,93 127,77 92,30 202,86<br />

2015 109,76 143,37 128,41 92,58 204,97<br />

2016 112,02 144,39 129,06 92,68 207,07<br />

7 1 tonelada métrica = 1 t = 1.000kg.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 665<br />

Tabela 7 – Projeção dos Custos de Produção do Biodiesel com Base nos Óleos<br />

Vegetais Representando 85% do Custo Final (US$/barril)<br />

Soja Colza Girassol Dendê Amendoim<br />

2007 95,36 138,40 129,92 91,91 204,72<br />

2008 101,48 143,37 133,79 95,42 208,05<br />

2009 105,96 147,18 134,51 96,55 210,23<br />

2010 108,40 147,98 135,04 96,66 211,35<br />

2011 110,44 150,24 135,93 97,44 213,26<br />

2012 112,89 151,85 136,99 98,66 215,56<br />

2013 114,93 152,18 137,74 99,44 217,51<br />

2014 116,76 153,62 138,29 99,90 219,56<br />

2015 118,80 155,18 138,99 100,20 221,85<br />

2016 121,24 156,29 139,69 100,31 224,12<br />

O Gráfico 11 contrapõe a projeção dos custos internacionais de produção do biodiesel aos preços internacionais<br />

do óleo diesel. Ressalta-se que, ainda que os valores do biodiesel não sejam relativos a preços finais, a representação<br />

gráfica facilita a análise quanto à competitividade entre os combustíveis.<br />

220,00<br />

Gráfico 11 – Projeção de Custos Internacionais de Biodiesel e Preços Internacionais<br />

de Óleo Diesel (Óleos Vegetais = 85% do Custo)<br />

200,00<br />

180,00<br />

160,00<br />

US$/barril<br />

140,00<br />

120,00<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Soja Colza Girassol Dendê Amendoim Diesel Internacional Arquipélago<br />

O Gráfico 11 mostra que os insumos analisados não permitem a produção de biodiesel a preços competitivos<br />

com o diesel mineral. Importa ressaltar que as fontes de dados sobre óleo diesel (<strong>EPE</strong>) e óleos vegetais (FAPRI) são<br />

diferentes. Somente a primeira está focada em mercados energéticos. As projeções futuras podem apresentar alterações<br />

em virtude do aumento de produção agrícola focada neste segmento.


666<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Para elaborar a evolução dos preços nacionais de biodiesel, que implica naturalmente na procura por insumos<br />

mais baratos, o estudo calculou os preços mínimos 8 do biodiesel a partir dos valores internacionais dos óleos<br />

vegetais [17], apresentados na Tabela 5, e dos valores de investimento informados por representante da indústria<br />

brasileira 9 . A taxa de câmbio utilizada foi de R$ 2,20/US$.<br />

Foi utilizada a supracitada projeção de preços de óleos vegetais no mercado mundial para os insumos: soja,<br />

colza, girassol, dendê e amendoim.<br />

Quanto aos preços dos insumos mamona (preços internacionais = R$ 2.200/t) e sebo bovino (R$ 750/t) - dado<br />

extrapolado para as demais gorduras animais, utilizou-se informação da UNIAMERICABRASIL, empresa que comercializa<br />

estes produtos no mercado nacional – inclusive para exportação [36]. Estes valores foram convertidos em função<br />

do valor do óleo de soja para 2006 (FAPRI) e a projeção 2007/2016 foi realizada de forma a manter-se a mesma<br />

relação entre os preços (mamona = 240%; sebo = 74%).<br />

No caso da mamona (preços CONAB), ao preço mínimo indicado - R$33,56 por saca de 60 kg [7], foram adicionados<br />

R$0,02/L para esmagamento e R$0,02/L de degomagem. A relação calculada entre este valor e o do óleo de<br />

soja para 2006 (130%) foi fixada para elaborar a projeção 2007/2016. No caso do óleo de fritura, considerou-se 65%<br />

do preço do óleo de soja e o valor da borra de ácido graxo foi estabelecido em 20% do óleo de soja [32].<br />

O esgoto teve custo considerado como nulo, apesar da destinação final permitir obter remuneração, o que seria<br />

convertido em custo negativo de matéria-prima. As densidades utilizadas foram de 0,918 kg/L para óleo de soja,<br />

de colza, de girassol e de amendoim; 0,946 kg/L para óleo de dendê e 0,88 kg/L para o biodiesel.<br />

Os custos de conversão da produção de biodiesel (álcool, catalisador, energia, mão-de-obra, aluguel, entre<br />

outros) variam entre 8% e 15% do preço do insumo para usinas de grande porte e entre 25% e 40% para usinas de<br />

pequeno porte [21], [23], [1]. Como a expectativa é de que a maior parte das usinas produtoras de biodiesel seja de<br />

grande porte (cerca de 90% do volume das usinas previstas), considerou-se que os custos de conversão serão, em<br />

média, de 20%, além do custo do insumo principal.<br />

No entanto, no caso da borra de ácidos graxos, os custos de conversão são mais altos, chegando a ser idênticos<br />

ao custo da matéria-prima. Quanto ao biodiesel produzido a partir do esgoto sanitário, os custos de conversão foram<br />

estabelecidos em R$ 0,60 por litro.<br />

Além dos custos citados, foram considerados os tributos PIS e COFINS 10 , exceto para os insumos de mamona<br />

e dendê, devido à isenção tributária relacionada à agricultura familiar, nas regiões Norte, Nordeste e no semi-árido,<br />

e a margem média de remuneração por distribuição e revenda 11 . O óleo diesel mineral teve os preços considerados<br />

a partir da projeção do preço internacional internalizado, PIS/COFINS 12 e CIDE 13 e remuneração por distribuição e<br />

revenda.<br />

Cabe ressaltar que as borras de ácidos graxos e o esgoto ainda não estão sendo utilizados comercialmente,<br />

uma vez que as tecnologias não estão plenamente consolidadas (com exceção do processo da AGROPALMA, que já<br />

realiza este aproveitamento). Na hipótese da utilização das borras de ácidos graxos, o resultado econômico adicionado<br />

tornaria o resultado econômico global mais favorável.<br />

O Gráfico 12 contrapõe a projeção dos preços mínimos do biodiesel no Brasil para os diversos insumos e o do<br />

óleo diesel [15]. Importa ressaltar que as fontes de dados sobre óleo diesel (<strong>EPE</strong>), óleos vegetais (FAPRI) e gorduras<br />

animais (UNIAMERICABRASIL) são diferentes. Somente a primeira está focada nos mercados energéticos. As projeções<br />

futuras podem apresentar alterações em virtude do aumento de produção focado neste segmento.<br />

8 O cálculo de preço mínimo considerou o preço do insumo principal (óleo vegetal, novo ou usado, gordura animal ou resíduo, industrial<br />

ou sanitário), dos reagentes (álcool e catalisador), dos custos fixos (mão-de-obra, energia, aluguel), amortização do investimento da usina<br />

de biodiesel (com base em vida útil de 20 anos e juros do BNDES - TJLP de 6,85%+ 3%), margem média de remuneração por distribuição e<br />

revenda e PIS/COFINS. Ressalta-se que a margem de remuneração do empreendedor não foi considerada, assim como não incluído o ICMS,<br />

para possibilitar a comparação com o óleo diesel, visto que os Estados praticam alíquotas distintas para os insumos. Em outubro de 2006,<br />

foi acordado que a alíquota do ICMS passaria a ser de 12% para o processamento de grãos, sementes, sebo e palma -[9].<br />

9 Dedini S.A. Indústrias de Base - [8]<br />

10 PIS e COFINS: R$ (38,88932+179,0676) por metro cúbico.<br />

11 Margem média de remuneração por distribuição e revenda: R$ 0,186 por litro - [3], para as duas últimas semanas de outubro e as duas<br />

primeiras de novembro, usada para o óleo diesel mineral.<br />

12 PIS/COFINS: R$148/m3.<br />

13 CIDE: R$70/m3.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 667<br />

Gráfico 12 – Projeção de Preços de Diesel e Preços Mínimos de Biodiesel até 2016<br />

Amendoim<br />

3,20<br />

2,70<br />

Mamona Preços<br />

Internacionais<br />

Colza<br />

Girassol<br />

R$/litro<br />

2,20<br />

Mamona Preços Conab<br />

1,70<br />

Soja<br />

Diesel<br />

1,20<br />

Dendê<br />

Fritura<br />

Borra<br />

Sebo<br />

Esgoto<br />

0,70<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Este Gráfico 12 permite identificar que somente os insumos residuais e, durante os primeiros dois anos, o óleo<br />

de dendê e as gorduras animais (aqui representadas pelo sebo bovino) seriam capazes de prover biodiesel mais<br />

barato que o óleo diesel. Dentre os demais óleos vegetais, os de soja e de mamona (com base nos preços mínimos<br />

pagos pela CONAB) são os que têm os preços mais próximos dos estimados para o óleo diesel.<br />

Uma maneira de reduzir os preços do biodiesel seria acrescentar novas receitas financeiras, como pode ser<br />

feito com os créditos de carbono relacionados às emissões evitadas de gases responsáveis pelo efeito estufa. Para<br />

tanto, é preciso mensurar a diferença entre as emissões decorrentes da combustão de óleo diesel e do biodiesel.<br />

Segundo TOLMASQUIM [35], em projetos de pequena escala, o benefício ambiental no caso do biodiesel de insumos<br />

novos é de, no mínimo, 2,6 kgCO 2<br />

eq/L de éster metílico utilizado, enquanto o biodiesel de insumos residuais evita 3,9<br />

kgCO 2<br />

eq/L de éster metílico (caso fosse etílico, evitaria mais 0,26 kgCO 2<br />

eq/L de biodiesel) . O mercado internacional<br />

está realizando negociações em torno de US$ 5/tCO 2<br />

eq, para antecipações, que equivalem a R$ 0,027 por litro de<br />

biodiesel, sendo previstos valores até €40/tCO2eq de multa [10] para metas não cumpridas 14 .<br />

De modo análogo ao etanol, é de se esperar uma curva de aprendizado para o biodiesel. A criação de um<br />

mercado consumidor de maior escala, bem como o desenvolvimento tecnológico agrícola e industrial conduzirão a<br />

ganhos de escala e redução dos custos de produção. O reflexo desse aprendizado pode ser pouco perceptível no horizonte<br />

decenal do plano, mas deverá ser melhor identificado no futuro, como resultado do processo agora iniciado.<br />

14 O Protocolo de Quioto estabelece quantidades de emissões a serem reduzidas e um primeiro período de compromisso (2008-2012), sendo<br />

possível que parte desta redução ocorra em países sem metas. A Comunidade Européia estabeleceu multas para países que não atingirem<br />

suas metas. Isto favorece a aquisição de créditos de projetos realizados em outros países, cujos custos de abatimento sejam inferiores. Atualmente<br />

existem outros fóruns de negociação internacional, como a Bolsa de Carbono de Chicago - [6].


668<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

2.3. Disponibilidade de Insumos para a Produção de Biodiesel<br />

O Brasil dispõe de uma grande diversidade de espécies vegetais oleaginosas das quais se podem extrair óleos<br />

para fins energéticos. Algumas destas espécies são de ocorrência nativa (buriti, babaçu, mamona, etc.), outras são de<br />

cultivo de ciclo curto (soja, amendoim, etc.) além das de ciclo longo ou perene (dendê).<br />

Para elaborar a projeção da produção total de óleos vegetais no Brasil para o período 2007/2016, considerouse<br />

que seria mantida a distribuição típica da participação vegetal na produção brasileira de óleos [1] e a previsão<br />

acerca da produção de óleo de soja [26].<br />

O grupo de insumos residuais é constituído por óleos de fritura usados, ácidos graxos resultantes do refino dos<br />

óleos vegetais (conhecidos como borras), gorduras animais obtidas nos abatedouros (sebo bovino, graxa suína, óleo<br />

de peixe e gordura de frango) e esgoto sanitário. Considerando os dados de abate animal no Brasil [20]; a quantidade<br />

típica de gordura por cabeça de animal abatido [14]; e a previsão acerca das taxas de crescimento da produção animal<br />

no período em análise [26], é possível estimar os volumes potenciais de insumos de origem animal.<br />

A utilização de insumos residuais pode suprir, no período, entre 2 e 3 bilhões de litros anuais de biodiesel, tem<br />

disponibilidade imediata e preço atraente. Suas ofertas estão concentradas em poucos pontos, o que facilita sua<br />

utilização (ainda que no caso dos óleos residuais seja necessária uma logística mais elaborada e, por isto, mais cara).<br />

Seus preços, significativamente abaixo dos outros insumos, permitem a produção de biodiesel mais barato que o<br />

óleo diesel.<br />

O Gráfico 13 e a Tabela 8 sintetizam as informações, apresentando o potencial de oferta de insumos graxos<br />

para a produção de biodiesel para o período 2007/2016.<br />

16<br />

Gráfico 13 – Projeção do Potencial de Insumos da Produção de Biodiesel 2007/2016<br />

Gordura de frango<br />

14<br />

Ácidos graxos<br />

Sebo Bovino<br />

12<br />

Graxa suína<br />

Óleo usado<br />

Outros Óleos<br />

10<br />

bilhões de litros<br />

8<br />

6<br />

Mamona<br />

Esgoto<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

em Grãos<br />

4<br />

Dendê<br />

2<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

0<br />

2007 2008<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Dendê<br />

Mamona<br />

Esgoto<br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Ácidos graxos<br />

Gordura de frango<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong>


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 669<br />

Tabela 8 – Potencial de Oferta de Insumos Graxos para a Produção de Biodiesel para o Período 2007/2016<br />

Em Mm 3 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Óleo de soja para<br />

exportação<br />

Óleo 3,27 3,27 3,38 3,49 3,59 3,70 3,81 3,92 3,81 4,02<br />

Grãos 4,51 4,71 4,90 5,10 5,29 5,51 5,73 5,98 6,22 6,37<br />

Produção dos demais óleos<br />

Outros 0,63 0,65 0,68 0,70 0,73 0,75 0,78 0,81 0,83 0,86<br />

Dendê 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21<br />

Mamona 0,08 0,08 0,08 0,09 0,09 0,09 0,10 0,10 0,10 0,11<br />

Insumos residuais<br />

Esgoto 0,05 0,08 0,11 0,14 0,17 0,20 0,24 0,27 0,30 0,33<br />

Óleo usado 0,22 0,22 0,22 0,22 0,23 0,23 0,23 0,23 0,24 0,24<br />

Sebo bovino 1,34 1,40 1,46 1,53 1,59 1,66 1,74 1,81 1,89 1,98<br />

Graxa suína 0,18 0,18 0,19 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21 0,22 0,22<br />

Ácido graxo 0,12 0,13 0,13 0,14 0,14 0,15 0,16 0,16 0,17 0,17<br />

Gordura de frango 0,47 0,49 0,51 0,53 0,56 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69<br />

Total 2,38 2,50 2,63 2,76 2,89 3,03 3,18 3,32 3,48 3,63<br />

A oferta de óleo de soja representa em média 70% da disponibilidade de insumos considerada. Este percentual<br />

equivale ao somatório das projeções da exportação de óleo de soja exportado (cerca de 42%) e do óleo exportado<br />

sob a forma de grãos (em média 29%). O percentual restante refere-se a: i) o potencial de dendê, mamona e outros<br />

óleos vegetais (cerca de 8%); ii) o potencial relacionado à matéria-prima de origem residual (aproximadamente<br />

19%), a qual compreende as parcelas relacionadas à gordura animal (até 2,89 Mm3/a), óleo residual de fritura (até<br />

240.000 m3/a), esgoto (até 375.000 m3/a) e borra de ácidos graxos (até 170.000 m3/a).<br />

Neste estudo, o levantamento do potencial de insumos não considerou o aproveitamento de parte das áreas<br />

agricultáveis ociosas e das áreas desmatadas.<br />

2.4. Potencial de Oferta de Biodiesel<br />

A Lei n° 11.097/05 estabeleceu o consumo compulsório de biodiesel a partir de 2008, no percentual mínimo<br />

de 2% de adição ao óleo diesel comercializado ao consumidor final, até atingir 5% em 2013, valor antecipado para<br />

2010 pelo Governo Federal. Uma vez que o consumo obrigatório de biodiesel está vinculado ao de diesel mineral<br />

pela regulamentação legal, é necessário prever como se dará o consumo do combustível fóssil no período, conforme<br />

já exposto no item de demanda.<br />

As quantidades de biodiesel referentes ao consumo de óleo diesel podem ser observadas na Tabela 9.


670<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Tabela 9 – Distribuição do Consumo Obrigatório de Biodiesel por Região, de Acordo<br />

com Trajetórias Estabelecidas pela <strong>EPE</strong><br />

Trajetória Inferior – Volume (mil m3)<br />

Anos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Nordeste 98 129 134 351 366 384 403 423 443 464<br />

Norte 81 94 76 201 211 185 194 204 215 224<br />

Centro-Oeste 81 106 111 289 299 314 329 346 362 380<br />

Sudeste 316 413 430 1.122 1.170 1.226 1.284 1.345 1.408 1.474<br />

Sul 140 182 190 497 519 545 572 600 629 659<br />

Total 716 923 942 2.460 2.565 2.653 2.782 2.917 3.057 3.201<br />

Trajetória Superior – Volume (mil m3)<br />

Anos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Nordeste 99 131 138 363 383 404 426 449 473 498<br />

Norte 82 95 78 207 219 193 205 217 229 240<br />

Centro-Oeste 82 108 114 300 313 330 348 367 387 407<br />

Sudeste 319 420 442 1.161 1.221 1.286 1.354 1.425 1.500 1.578<br />

Sul 141 186 196 515 543 572 604 636 671 706<br />

Total 723 939 967 2.546 2.678 2.786 2.936 3.094 3.259 3.430<br />

2.4.1. Disponibilidade de Matéria-Prima<br />

A partir da disponibilidade de insumos graxos, apresentada anteriormente, é possível estimar a quantidade<br />

potencial de produção do biodiesel, mediante a aplicação dos diferentes fatores de conversão na reação para a obtenção<br />

do éster, específicos para cada tipo de insumo.<br />

As comparações entre as quantidades totais de biodiesel possíveis de se obter, através de cada um dos insumos<br />

analisados, e as quantidades obrigatórias para cada uma das trajetórias elaboradas pela <strong>EPE</strong>, estão apresentadas<br />

do Gráfico 14.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 671<br />

Gráfico 14 – Disponibilidade Total de Biodiesel dos Diversos Insumos e<br />

Expectativas de Consumo Obrigatório<br />

14<br />

12<br />

10<br />

Ácidos graxos<br />

Gordura de frango<br />

Esgoto<br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Sebo Bovino<br />

Outros Óleos<br />

bilhões de litros<br />

8<br />

6<br />

Óleo de Mamona<br />

Óleo de Soja Exportado em<br />

Grãos<br />

4<br />

Óleo de Dendê<br />

2<br />

Trajetória Inferior<br />

Trajetória Superior<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

-<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Dendê Mamona Esgoto<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Borra de ácidos graxos<br />

Gordura de frango<br />

Independentemente da origem dos insumos, o gráfico anterior permite depreender que a oferta atual é superior<br />

a 11 vezes a demanda relacionada com a obrigatoriedade estabelecida pela Lei n° 11.097/05. No decorrer do<br />

período analisado, a estimativa de oferta de insumos tende a ser mais de 4 vezes superior à demanda relacionada<br />

com a obrigatoriedade. Estas considerações sugerem que são baixos os riscos de não atendimento ao consumo<br />

obrigatório de biodiesel associados à oferta física de insumo.<br />

Cabe ressaltar que a disponibilidade de insumos poderá ser alterada com a adoção de políticas públicas específicas<br />

de incentivo a determinadas matérias-primas. Da mesma forma, esta pode ser influenciada pelas relações<br />

de mercado, incluindo manutenção ou não dos cenários de preços de insumos e/ou pelo próprio desenvolvimento<br />

tecnológico agrícola, que torne mais competitiva uma oleaginosa específica.<br />

2.5. Potencial de Consumo Além do Obrigatório<br />

Antecipa-se que é possível ocorrer um consumo de biodiesel além do obrigado pela legislação, para condições<br />

específicas, tais como: 1) a utilização de insumos residuais, que são mais baratos que os insumos cultivados e possibilitam<br />

a produção de biodiesel capaz de competir em preço com o óleo diesel; 2) a produção para utilização em sistemas<br />

de geração elétrica isolados do sistema de transmissão elétrica integrado do país, onde o custo de transporte<br />

do diesel mineral é relevante em relação ao seu preço de revenda; 3) a “autoprodução”, onde o consumidor não sofre<br />

incidência de tributação e custos de frete.<br />

É a seguir apresentada uma síntese da análise efetuada para a “autoprodução” de biodiesel, pelos produtores<br />

rurais, consumidores de diesel, que além de disporem dos insumos de óleos vegetais, também podem dispor dos insumos<br />

residuais necessários para a obtenção de biodiesel. Para análise desta possibilidade é necessário contemplar<br />

dados acerca dos preços e tributos que incidem sobre o óleo diesel mineral no país, bem como do custo típico do<br />

biodiesel em função do preço do óleo.


672<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Em virtude da produção para consumo próprio representar uma redução de custo em relação à aquisição do<br />

biodiesel no mercado, uma vez que não há fatos geradores para alguns tributos 15 , existe a possibilidade de os produtores<br />

de oleaginosas e de gorduras animais agruparem-se em cooperativas para conseguirem produzir biodiesel<br />

a custos inferiores aos preços pagos pelo óleo diesel assim como já está acontecendo com a COOPERBIO, a COOPE-<br />

RATA e a COOPERFELIZ [18].<br />

Em relação ao aproveitamento do óleo potencial presente nos grãos de soja ora exportados, deve-se avaliar a<br />

capacidade de esmagamento necessária e renegociar com os compradores internacionais o escoamento do farelo<br />

de soja, um co-produto “nobre” da produção de óleo de soja. Cabe observar que o aproveitamento do óleo de soja,<br />

ora exportado, não causa nenhuma dificuldade quanto ao escoamento do co-produto farelo de soja.<br />

As oportunidades de aproveitamento das gorduras animais para a produção de biodiesel estão relacionadas<br />

aos aspectos financeiros, aos de disponibilidade de matéria-prima e aos de domínio tecnológico do processo.<br />

No aspecto tecnológico, a premissa é que o processamento das gorduras animais pouco difira do aproveitamento<br />

de óleos vegetais, sendo a principal característica a necessidade de avaliação das condições da matéria-prima<br />

para garantir a continuidade do sistema. Com isto, a eficiência de conversão de ambos os insumos supera 90%, possibilitando<br />

a manutenção das vantagens decorrentes dos preços de aquisição desta matéria-prima sobre os insumos<br />

cultivados, que normalmente aproximam-se de 65% do patamar estabelecido pelo óleo de soja.<br />

2.5.1. Volumes Potenciais da Autoprodução de Biodiesel<br />

O segmento agropecuário é bastante representativo em relação ao consumo de óleo diesel no Brasil, visto que<br />

a demanda deste setor equivale a 17% do total nacional, cerca de 6,5 bilhões de litros anuais.<br />

Foram utilizados os balanços energéticos dos estados das regiões Sul e Centro-Oeste, maiores produtoras nacionais<br />

de oleaginosas (84% da soja, além da maior capacidade de esmagamento) e de gordura oriunda do abate animal<br />

(71%). Apesar dos balanços energéticos disponíveis serem de datas diferentes, foram tomadas as participações<br />

do setor agropecuário em cada estado no ano mais recente dos documentos acessados e calculada, via ponderação,<br />

a participação do setor em cada região. De acordo com estas considerações, o setor agropecuário é responsável por<br />

19% do consumo de óleo diesel da região Sul e por 29,5% do consumo de óleo diesel da região Centro-Oeste.<br />

Quanto às projeções regionais de oferta de insumos, até 2016, foram estabelecidas as seguintes premissas:<br />

• Soja: Para projetar a produção agrícola das regiões Sul e Centro-Oeste, aplicou-se a média de participação<br />

de cada região na produção agrícola nacional, no período entre 2000 e 2005, na expectativa de produção nacional<br />

[26]. Outra premissa utilizada foi que a distribuição da produção de óleo de soja dar-se-ia na mesma proporção que<br />

a da produção de grãos.<br />

• Gordura animal: O mesmo procedimento quanto à projeção da produção, entretanto o período analisado<br />

abrangeu de 1997 até 2005.<br />

Considerando que serão mantidas as distribuições das participações da soja e do abate animal na produção<br />

agropecuária de cada região brasileira [20] e utilizando-se a projeção da exportação de óleo de soja, bem como o<br />

potencial de óleo a ser exportado na forma de grãos e a projeção do abate animal [26], é possível estimar os volumes<br />

potenciais de biodiesel de soja, de gorduras animais e de borras de ácidos graxos que poderiam ser produzidos nas<br />

regiões Centro-Oeste e Sul.<br />

Os Gráficos 15 e 16 apresentam os volumes potenciais de produção de biodiesel de soja, de gorduras animais<br />

e de borras de ácidos graxos e o consumo máximo de biodiesel por “autoprodução” agropecuária, adicionado aos<br />

volumes da obrigatoriedade legal, nas regiões Centro-Oeste e Sul, de acordo com as trajetórias superior e inferior de<br />

demanda estudadas.<br />

Na autoprodução, as trajetórias representam a quantidade de biodiesel que pode ser consumida, pelo setor<br />

agropecuário de cada região geográfica sem causar o fato gerador de tributação, com atratividade econômica - taxa<br />

interna de retorno superior à taxa de desconto.<br />

15 PIS/COFINS e ICMS.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 673<br />

6,00<br />

Gráfico 15 – Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e Borras, e Estimativa<br />

de Consumo Máximo de Biodiesel na Região Centro-Oeste<br />

5,00<br />

Disponibilidade de Óleo<br />

Exportado em Grãos<br />

4,00<br />

bilhões de litros<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Soja<br />

em Óleo Exportado<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

-<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Sebo<br />

Bovino<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Legenda: TS – Trajetória Superio; TI – Trajetória Inferior<br />

6,00<br />

Gráfico 16 – Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e Borras,<br />

e Estimativa de Consumo Máximo de Biodiesel na Região Sul<br />

5,00<br />

bilhões de litros<br />

4,00<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Disponibilidade de Soja<br />

em Óleo Exportado<br />

Disponibilidade de Óleo<br />

Exportado em Grãos<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

-<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Sebo<br />

Bovino<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Óleo Exportado em Grãos<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Legenda: TS – Trajetória Superior<br />

TI – Trajetória Inferior


674<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Os Gráficos anteriores permitem concluir que ambas as regiões têm oferta de insumos suficiente para atender<br />

à demanda prevista de biodiesel para o consumo obrigatório e para a autoprodução que abasteça todo o setor<br />

agropecuário. A diferença entre as regiões reside no fato da região Centro-Oeste ter capacidade de atender a este<br />

consumo apenas com a produção de biodiesel realizada a partir de gorduras animais, somada às borras de ácidos<br />

graxos e ao óleo de soja exportado, enquanto a região Sul precisa complementar estas fontes, entre 2010 e 2013,<br />

com o óleo de soja proveniente da exportação em grãos.<br />

O decaimento observado das trajetórias superior e inferior decorre das estimativas de redução do preço do<br />

óleo diesel e de aumento do preço dos insumos utilizados para produção de biodiesel.<br />

Vale ressaltar que a quantidade de óleo exportado em grãos considerada para atendimento ao consumo máximo<br />

da região Sul pode ser fornecida pelo material disponível (resíduos, gorduras animais e óleo exportado) na<br />

região Centro-Oeste.<br />

2.5.2. Atratividade da Autoprodução<br />

O estudo calculou o preço do biodiesel obtido a partir do óleo de soja, das gorduras animais e do consórcio<br />

de óleo de soja, borra de ácidos graxos e gorduras animais pelos autoprodutores, para o período 2007/2016. Foram<br />

tomados por base o valor internacional do óleo de soja [17], descontando-se o frete de US$ 88/t [27] 16 para a região<br />

Centro-Oeste e US$ 44/t para a região Sul; as extrapolações realizadas para as gorduras animais e borras de ácidos<br />

graxos, conforme já explicado; o investimento informado por empresa especializada em plantas de biodiesel; e os<br />

custos de conversão apresentados anteriormente.<br />

A opção por consorciar os insumos (“blend”) justifica-se na busca por obter a maior disponibilidade possível<br />

com atratividade econômica, sobretudo no período de entressafra – dada a menor sazonalidade da gordura animal,<br />

como mostram os dados do IBGE sobre o setor. Foram ponderados os insumos consorciados, considerando suas<br />

disponibilidades e seus custos de produção.<br />

Foram utilizados os preços internacionais previstos para o óleo diesel nos próximos 10 anos, considerando a<br />

CIDE e o PIS/COFINS (R$0,218/L) e a remuneração média brasileira por distribuição e revenda (R$0,186/L) [3]. Como<br />

o ICMS é recuperado pelo produtor rural na comercialização de sua produção, os cálculos foram realizados sem<br />

considerar este imposto<br />

Os Gráficos 17 e 18 apresentam a projeção de preços do diesel mineral e do biodiesel pelos autoprodutores<br />

para o período 2007/2016, nas regiões Sul e Centro-Oeste, segundo os cenários de projeção de diesel elaborados<br />

pela <strong>EPE</strong>.<br />

16 Frete de grãos entre Sorriso (MT) e Paranaguá (PR), tomado como média para a região Centro-Oeste, na safra de 2005-2006, com câmbio<br />

de R$ 2,36/US$ [5]. Valor de frete considerado conservador, pois o óleo de soja requer caminhões mais rebuscados que os necessários para<br />

transporte de grãos.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 675<br />

Gráfico 17 – Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Centro-Oeste / Autoprodução<br />

1,7<br />

1,6<br />

1,5<br />

1,4<br />

Preço (R$/L)<br />

1,3<br />

1,2<br />

1,1<br />

1<br />

0,9<br />

0,8<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Diesel Consórcio Soja Sebo<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Obs.: As fontes de dados sobre óleo diesel, óleos vegetais e gorduras animais são diferentes. Só a primeira está focada em mercados energéticos. As<br />

projeções futuras podem apresentar alterações em virtude do aumento de produção focado neste segmento.<br />

Gráfico 18 – Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Sul / Autoprodução<br />

1,7<br />

1,6<br />

1,5<br />

1,4<br />

Preço (R$/L)<br />

1,3<br />

1,2<br />

1,1<br />

1,0<br />

0,9<br />

0,8<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Diesel Consórcio Soja Sebo<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Obs.: As fontes de dados sobre óleo diesel, óleos vegetais e gorduras animais são diferentes. Só a primeira está focada em mercados energéticos. As<br />

projeções futuras podem apresentar alterações em virtude do aumento de produção focado neste segmento.


676<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Verifica-se pelos gráficos anteriores que o biodiesel “autoprodução” de soja tende a atingir um custo superior<br />

ao preço do óleo diesel, em 2016 para a Região Centro-Oeste e em 2012 para a Região Sul, dentro de um cenário<br />

de preços declinantes dos derivados de petróleo. O consórcio entre soja e gorduras animais permite que os custos,<br />

mesmo convergindo, não se igualem ao preço do óleo diesel, na região Centro-Oeste, além de adiar o ponto de<br />

cruzamento na região Sul. Já o custo do biodiesel de gorduras animais não atinge o preço do óleo diesel no período<br />

analisado.<br />

A Tabela 10, expõe o retorno do investimento para a autoprodução nas Regiões Sul e Centro-Oeste. Como o<br />

investimento necessário para atender a toda a demanda potencial dependerá de vários fatores (escala das plantas,<br />

capacidade de produção de equipamentos, disponibilidade de recursos financeiros para sua construção), foram analisados<br />

os investimentos correspondentes a uma unidade capaz de processar 25.000 t/a, com base em informações das<br />

indústrias de base do país. A capacidade de construção de usinas deste tipo no país foi estimada em 30 unidades por<br />

ano, que acarretaria um prazo de 2 anos para aproveitar toda a disponibilidade dos insumos analisados neste item.<br />

A entrada em funcionamento desta unidade típica requer 180 dias, motivo pelo qual considerou-se que o primeiro<br />

ano do empreendimento só obteria a metade da receita anual. Os retornos financeiros foram calculados com<br />

base na diferença entre os preços do óleo diesel e o custo do biodiesel para autoprodução, mostrados nos Gráficos<br />

17 e 18. Verifica-se que as taxas de retorno atingiram patamares significativos, viabilizando inclusive prazos mais<br />

longos para o início de produção.<br />

Tabela 10 – Atratividade de Plantas de Biodiesel para Autoprodução – Investimento de R$ 16.850.000<br />

Soja Sebo Consórcio<br />

Centro-Oeste<br />

SUL<br />

Início de produção em<br />

2010<br />

2º semestre<br />

2011<br />

2º semestre<br />

TIR (a.a.) 8% 10% 24%<br />

Início de produção em 2009 2011.2 2009<br />

TIR (a.a.) 19% 10% 20%<br />

2010<br />

As taxas internas de retorno demonstram que os sistemas de autoprodução são empreendimentos atrativos.<br />

Para o governo, a redução da arrecadação tributária, que ocorrerá nos anos de autoprodução, pode ser compensada<br />

com o conseqüente estímulo ao programa nacional de biodiesel, devido aos ganhos de escala de produção e implementações<br />

tecnológicas. Adicionalmente, a capacidade instalada de produção de biodiesel para o consumo interno<br />

do setor agropecuário pode convergir, quando a rentabilidade deste mercado deixar de ser atraente, para o atendimento<br />

das demandas obrigatórias de misturas do biodiesel no diesel, inclusive para valores superiores a 5%.<br />

2.5.3. O Potencial Nacional<br />

O Gráfico 19 apresenta o potencial da demanda e a expectativa da evolução do consumo de biodiesel para o<br />

período em análise.


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 677<br />

Gráfico 19 – Projeção do Consumo Esperado de Biodiesel – 2007/2016<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

Óleo de Soja Exportado em<br />

Grãos<br />

bilhões de litros<br />

8,00<br />

6,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Óleo de Mamona<br />

Outros Óleos<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

4,00<br />

TS Esperado<br />

PAC<br />

TI Esperado<br />

Óleo de Dendê<br />

GorduradeFrango<br />

2,00<br />

Óleo Usado<br />

TS Obrigatoriedade<br />

Graxa Suína<br />

Sebo Bovino<br />

Borra de Ácidos Graxos<br />

TI Obrigatoriedade<br />

-<br />

Esgoto<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Borra de Ácidos Graxos<br />

Fonte: Elaboração <strong>EPE</strong><br />

Graxa Suína<br />

Óleo Usado<br />

Óleo de Dendê<br />

Óleo de Mamona<br />

Cabe ressaltar que no ano de 2007 a parcela grifada como consumo obrigatório (uma vez que a obrigatoriedade<br />

inicia-se em 2008) representa o que foi adquirido nos leilões e que equivale a 1,6% do consumo nacional de<br />

óleo diesel.<br />

O potencial de consumo oriundo da autoprodução nas regiões Sul e Centro-Oeste, especificamente no setor<br />

agropecuário, somado à parcela obrigatória, é capaz de elevar o consumo nacional de biodiesel um pouco acima<br />

do patamar de 9% do consumo de óleo diesel, mantendo-o neste nível até o aumento da obrigatoriedade para 5%.<br />

Neste momento, a soma entre a obrigatoriedade e a autoprodução no setor agropecuário eleva-se até atingir 12%.<br />

Entretanto, devido à insegurança de parte dos empresários rurais em decidir pelos investimentos em autoprodução,<br />

devido aos riscos intrínsecos à atividade agrícola e às incertezas sobre o preço do petróleo e, ainda, devido<br />

à assimetria de informações sobre estas oportunidades – que o presente trabalho visa reduzir, considerou-se que<br />

o consumo deste segmento será de aproximadamente 25% do potencial conjunto das regiões até 2009 e 34% do<br />

conjunto das regiões de 2010 até 2016, o equivalente a 1% e a 1,7% do consumo nacional de óleo diesel, respectivamente.<br />

Estes valores convergem com o percentual de 6% de consumo de biodiesel do país para 2020, como previsto<br />

no Plano Nacional de Energia [30].<br />

Apesar da previsão de preços para os óleos vegetais ser crescente e para o óleo diesel ser decrescente, ao final<br />

do período analisado, a curva de estimativa de consumo de biodiesel não é afetada.<br />

Ressalta-se que, apesar das vantagens econômicas decorrentes da substituição do óleo diesel por biodiesel na<br />

autoprodução do setor agropecuário das regiões Sul e Centro-Oeste já serem suficientes para promover a construção<br />

de usinas desde o início do ano 2006, apenas três foram construídas. Isto demonstra a existência de barreiras,<br />

tanto culturais – relacionadas à produção e utilização do biocombustível, quanto financeiras – relacionadas ao investimento<br />

e formas de financiamento.


678<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

Apenas para exemplificar, a substituição do diesel fóssil por biodiesel em quantidade de 25.000t/a representaria<br />

mitigação da poluição global de cerca de 1,5 milhões tCO 2<br />

eq para um período de 20 anos. Considerando-se o valor de<br />

5US$/tCO 2<br />

eq 17 , pode-se inferir que a antecipação dos créditos de carbono referentes a este período permitiria prover<br />

o investimento necessário a uma unidade industrial de autoprodução [8] com esta capacidade de processamento 18 .<br />

Os recursos financeiros provenientes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, a depender do projeto,<br />

mostram-se suficientes para custear a aquisição e instalação das usinas, ação capaz de remover uma das barreiras<br />

e, ao mesmo tempo, demonstrar sua adicionalidade (etapa fundamental à captação dos recursos do MDL).<br />

2.6. Considerações Finais<br />

O presente trabalho permitiu identificar a relevância dos seguintes aspectos da produção e uso de biodiesel<br />

no Brasil, no horizonte decenal:<br />

• Preços atuais dos insumos novos (cujo potencial de oferta é significativo) são elevados e crescentes, conforme<br />

as projeções de preços internacionais apresentadas.<br />

• É necessário estimular a prospecção e utilização de insumos mais baratos, visto que a importância da matéria-prima<br />

principal é muito grande no custo de produção (entre 85% e 92% em plantas de grande porte), enquanto<br />

os custos de conversão são pouco relevantes (uma parte do percentual restante, que envolve catalisador, álcool,<br />

energia, mão-de-obra e aluguel);<br />

• A disponibilidade atual de insumos – ainda que focada, basicamente, em atender aos mercados alimentício,<br />

químico e farmacêutico, mesmo havendo grande quantidade de resíduos e de insumos exportados – é suficiente<br />

para atender além da obrigatoriedade legal ao mercado interno e permitir ainda a exportação. É necessário identificar<br />

as oportunidades em que o benefício financeiro seja de fácil apropriação pelo empreendedor, como a utilização<br />

de gorduras animais, a autoprodução com soja, gorduras animais e borras de ácidos graxos.<br />

• 50% das gorduras animais e dos ácidos graxos disponíveis (parcela dos insumos residuais) são capazes de<br />

abastecer toda a demanda obrigatória de B2 (2% de adição ao óleo diesel). No período de vigência do B5 (5% de adição<br />

ao óleo diesel), estes insumos utilizados em sua totalidade possibilitam atender a mais de 80% do obrigatório;<br />

• É possível que o consumo de biodiesel seja maior que o obrigatório, pois a quantidade de insumos residuais<br />

e de óleo de soja disponíveis nas regiões Sul e Centro-Oeste para a autoprodução do setor agropecuário viabilizam<br />

empreendimentos com atratividade econômica;<br />

• A atual capacidade instalada de produção de biodiesel (montada e prevista até o primeiro semestre de 2007)<br />

é suficiente para atender à obrigatoriedade do B2, ainda que sua distribuição geográfica esteja desequilibrada quanto<br />

ao atendimento dos mercados regionais (Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul produzem excedente, enquanto<br />

Sudeste precisa adquirir).<br />

Ressalta-se que os recursos financeiros provenientes do MDL podem ser suficientes para custear a aquisição e<br />

instalação das usinas, removendo eventuais barreiras existentes sob o aspecto financeiro e servindo de incentivo ao<br />

processo de implantação dos projetos de autoprodução de biodiesel, os quais, apesar da atratividade econômica,<br />

não vêm ocorrendo.<br />

Finalmente, é de interesse registrar as metas do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC do Governo<br />

Federal, o qual sinaliza investimentos da ordem de 17,4 bilhões de reais até 2010 em combustíveis renováveis,<br />

conforme citado no item 1.8, visando assegurar a liderança do Brasil na área de biocombustíveis. No que tange ao<br />

biodiesel, são previstas 46 novas usinas e a produção de 3,3 bilhões de litros anuais em 2010. Para tanto, prevê-se um<br />

investimento total de R$ 1,2 bilhão, o que representa um acréscimo de cerca de 2,4 bilhões de litros na capacidade<br />

instalada de produção. Os investimentos totais serão certamente maiores que estes, pois ainda não existe estimativa<br />

quanto ao investimento necessário no aumento da produção agrícola, sobretudo na de espécies de ciclo longo e<br />

perenes (dendê, pinhão, etc.), responsável pela redução de custo de insumos.<br />

17 Valor pequeno perante a multa estabelecida pelo Compromisso Europeu para países que não atingirem suas metas definidas no Protocolo<br />

de Quioto: em 2012 são previstos valores de até €40/tCO2eq para metas não cumpridas [10].<br />

18 Refere-se à menor escala de planta industrial completa, envolvendo investimentos da ordem de R$ 16,85 milhões, cujos dados foram informados<br />

por representante da indústria brasileira [8].


OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 679<br />

Referências Bibliográficas<br />

Nº.<br />

Título<br />

[1] ABIOVE, 2006. Biodiesel no Brasil: A Visão da Indústria de Óleos Vegetais. In: 6° Fórum de Debates sobre Qualidade e Uso<br />

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01jun06.pdf . Acesso em 10 nov. 2006.<br />

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Acesso em: 20 fev. 2007.<br />

[3] ANP, 2006. Levantamento de Preços. Disponível em: http://www.anp.gov.br/i_preco/include/Resumo_Quatro_Regiao.<br />

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[4] ANP, 2007. Resultados dos Leilões de Biodiesel. Disponível em http://www.anp.gov.br/petro/leilao_biodiesel.asp. Acesso em<br />

19 mar. 2007.<br />

[5] BACEN, 2007. Relatórios trimestrais sobre câmbio. Disponível em http://www.bcb.gov.br/?RELCAMBIO. Acesso em<br />

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[6] CCX, 2006. Chicago Climate Exchange. Disponível em www.chicagoclimatex.com. Acessado em 02 out. 2006.<br />

[7] CONAB. 2006. Mamona: Proposta de Preço Mínimo. Disponível em: http://www.conab.gov.br/conabweb/download/precos_<br />

minimos/proposta_de_precos_minimos_safra_2006_07_mamona.pdf . Acesso em 28 nov. 2006<br />

[8] DEDINI, 2006. Comunicação Pessoal.<br />

[9] DOU, 2006 – CONVÊNIO ICMS 113/06 - Dispõe sobre a concessão de redução na base de cálculo do ICMS devido nas saídas<br />

de biodiesel (B-100). 11-out-2006<br />

[10] ECX, 2006. European Climate Exchange. Disponível em http://www.europeanclimateexchange.com/index_flash.php. Acessado<br />

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[11] EIA/DOE, 2006. Energy Prices by Sector and Source. Disponível em: http://www.eia.doe.gov/oiaf/aeo/supplement/suptab_<br />

20.xls. Acesso em 23 out. 2006.<br />

[12] EIA/DOE, 2006a. Anual Energy Outlook 2006 with Projections to 2030. Disponível em: http://www.eia.doe.gov/oiaf/aeo/<br />

pdf/0383(2006).pdf. Acesso em: 02 out. 2006.<br />

[13] EIA/DOE, 2006b. Renewable Energy Consumption by Sector and Source. Disponível em: www.eia.doe.gov/oiaf/aeo/excel/aeotab_17.xls.<br />

Acesso em: 02 out. 2006.<br />

[14] EMBRAPA 2005. Limitações e vantagens do uso de farinhas de origem animal na alimentação de suínos e de aves. 2° Simpósio<br />

Brasileiro Alltech da Indústria de Alimentação Animal. Curitiba, Paraná, 28 a 30 de agosto de 2005. Disponível em<br />

http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_arquivos/palestras_r2v84s4u.pdf. Acesso em 15 nov. 2006.<br />

[15] <strong>EPE</strong>. 2006. Estudos Específicos sobre o Abastecimento de Petróleo, Gás e Derivados. Projeções da demanda de GLP, gasolina,<br />

diesel e álcool combustível até 2015. Rio de Janeiro, 28 ago. 2006.<br />

[16] EUA, 2005. Congress of the United States. Lei H.R. 6 - Energy Policy Act of 2005.<br />

[17] FAPRI, 2006. Overview: FAPRI 2006 Agricultural Outlook. Disponível em: http://www.fapri.org/outlook2006/text/3Overview.<br />

pdf . Acesso em 23 out. 2006<br />

[18] FOLHA DE LONDRINA, 2007 – BIODIESEL NO MEIO DO MATO. 19-mar-2007<br />

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[20] IBGE, 2006. Censo Agropecuário. Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em 14 out. 2006.<br />

[21] IEA, 2004. Biofuels for transport – an international perspective. Disponível em: . Acesso em 23 out. 2006.<br />

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2006.


680<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

[26] MAPA. 2006b. Projeções do Agronegócio: Mundial e Brasil. Brasília, DF, 2006. 73 p., Disponível em: http://www.agricultura.<br />

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[27] MAPA, 2006c. Secretaria de Política Agrícola. Palestra “Novas políticas governamentais de apoio ao agronegócio”, proferida<br />

no Fórum de Mercado e Financeiro. Curitiba (PR), 28 de abril de 2006<br />

[28] MDIC/SECEX/Aliceweb, 2007. Acesso aos Dados Estatísticos das Exportações e Importações Brasileiras. Disponível em: http://<br />

aliceweb.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 22 jan. 2007.<br />

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[30] MME/<strong>EPE</strong>, 2007. Plano Nacional de Energia – PNE 2030<br />

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[33] TRANSPETRO, 2005. Perspectivas Futuras para o Etanol Combustível: Logística na Exportação de Álcool. Palestra proferida<br />

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OFERTA DE BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS 681<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Cenário para a Evolução do Preço do Etanol nos EUA ................................................................................................ 648<br />

Tabela 2 – Demandas Possíveis de Etanol pela Índia ....................................................................................................................... 656<br />

Tabela 3 – Investimentos da Petrobras Transporte S.A. no Programa Etanol .......................................................................... 660<br />

Tabela 4 – Resultado dos Leilões de Compra de Biodiesel pela ANP ......................................................................................... 663<br />

Tabela 5 – Preços Internacionais de Oleaginosas (US$/tonelada métrica) .............................................................................. 664<br />

Tabela 6 – Projeção dos Custos de Produção do Biodiesel com Base nos Óleos Vegetais<br />

Representando 92% do Custo Final (US$/barril) ............................................................................................................................... 664<br />

Tabela 7 – Projeção dos Custos de Produção do Biodiesel com Base nos Óleos Vegetais<br />

Representando 85% do Custo Final (US$/barril)............................................................................................................................... 665<br />

Tabela 8 – Potencial de Oferta de Insumos Graxos para a Produção de Biodiesel para o Período 2007/2016 ............ 669<br />

Tabela 9 – Distribuição do Consumo Obrigatório de Biodiesel por Região, de Acordo<br />

com Trajetórias Estabelecidas pela <strong>EPE</strong> ................................................................................................................................................ 670<br />

Tabela 10 – Atratividade de Plantas de Biodiesel para Autoprodução – Investimento de R$ 16.850.000 .................... 676<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Cenário para a Evolução do Preço do Etanol nos EUA ............................................................................................... 648<br />

Gráfico 2 – Cenários da Evolução de Preços de Álcool Hidratado e Gasolina C ...................................................................... 649<br />

Gráfico 3 – Projeção de Consumo de Álcool Carburante no Brasil .............................................................................................. 650<br />

Gráfico 4 – Evolução das Exportações de Etanol - Brasil (2000-2006)........................................................................................ 650<br />

Gráfico 5 – Faixas de Custos da Produção de Etanol ........................................................................................................................ 651<br />

Gráfico 6 – EPAct 2005 e Previsão da EIA para Consumo de Etanol ............................................................................................ 653<br />

Gráfico 7 – Demanda de Etanol na EU25 - por País (Diretriz para Combustíveis Renováveis de 2003) .......................... 654<br />

Gráfico 8 – Exportações Brasileiras de Álcool Combustíve ............................................................................................................ 657<br />

Gráfico 9 – Produção de Álcool e Custo de Produção no Brasil .................................................................................................... 658<br />

Gráfico 10 – Produção Nacional de Álcool e Oferta para o Mercado Carburante Doméstico ........................................... 658<br />

Gráfico 11 – Projeção de Custos Internacionais de Biodiesel e Preços Internacionais de Óleo Diesel<br />

(Óleos Vegetais = 85% do Custo) ............................................................................................................................................................ 665<br />

Gráfico 12 – Projeção de Preços de Diesel e Preços Mínimos de Biodiesel até 2016 ............................................................ 667<br />

Gráfico 13 – Projeção do Potencial de Insumos da Produção de Biodiesel 2007/2016 ....................................................... 668<br />

Gráfico 14 – Disponibilidade Total de Biodiesel dos Diversos Insumos e<br />

Expectativas de Consumo Obrigatório ................................................................................................................................................. 671<br />

Gráfico 15 – Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e Borras, e Estimativa de<br />

Consumo Máximo de Biodiesel na Região Centro-Oeste .............................................................................................................. 673<br />

Gráfico 16 – Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e Borras, e Estimativa de<br />

Consumo Máximo de Biodiesel na Região Sul ................................................................................................................................... 673<br />

Gráfico 17 – Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Centro-Oeste / Autoprodução ............... 675<br />

Gráfico 18 – Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Sul / Autoprodução .................................... 675<br />

Gráfico 19 – Projeção do Consumo Esperado de Biodiesel – 2007/2016 .................................................................................. 677<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Infra-estrutura Logística de Exportação da Região Sudeste/Centro-Oeste ........................................................ 659<br />

Figura 2 – Programa Corredor de Exportação de Etanol ................................................................................................................ 661


8 Oferta de Carvão Mineral<br />

Panorama Mundial do Carvão Mineral 687<br />

Panorama Nacional 696<br />

Potencialidade de Expansão da Geração Termelétrica a Carvão 710<br />

Projeção de Consumo de Carvão 711<br />

Perspectivas de Preços de Carvão Mineral 720<br />

Impactos Ambientais 731<br />

Síntese e Considerações Finais 732


8 Oferta<br />

de Carvão Mineral<br />

1. Panorama Mundial do Carvão Mineral ............................................................................................. 687<br />

1.1. Reservas...................................................................................................................................................... 687<br />

1.2. Produção, Consumo e Comércio Internacional ............................................................................................. 688<br />

1.3. Estados Unidos ............................................................................................................................................ 689<br />

1.4. China .......................................................................................................................................................... 693<br />

2. Panorama Nacional ....................................................................................................................... 696<br />

2.1. Oferta ......................................................................................................................................................... 696<br />

2.2. Extração e Beneficiamento .......................................................................................................................... 699<br />

2.3. Transporte e Logística.................................................................................................................................. 700<br />

2.4. Tecnologias de Geração Termelétrica a Carvão ............................................................................................. 704<br />

2.5. Consumo ..................................................................................................................................................... 705<br />

3. Potencialidade de Expansão da Geração Termelétrica a Carvão ......................................................... 710<br />

4. Projeção de Consumo de Carvão ..................................................................................................... 711<br />

4.1. Geração Elétrica .......................................................................................................................................... 711<br />

4.1.1. Usinas Existentes ......................................................................................................................... 711<br />

4.1.2. Novas Termelétricas a Carvão ....................................................................................................... 714<br />

4.2. Outros Usos do Carvão Mineral .................................................................................................................... 717<br />

4.3. Consolidação dos Dados de Demanda por Carvão Mineral ........................................................................... 719<br />

5. Perspectivas de Preços de Carvão Mineral ........................................................................................ 720<br />

5.1. Cenários de Preços Internacionais ............................................................................................................... 720<br />

5.1.1. Preço do Produto ......................................................................................................................... 720<br />

5.1.2. Frete ............................................................................................................................................ 724<br />

5.1.3. Preço CIF ...................................................................................................................................... 725<br />

5.2. Cenários de Preços para o Carvão Nacional .................................................................................................. 725<br />

5.2.1. Antecedentes .............................................................................................................................. 725<br />

5.2.2. Projeção ...................................................................................................................................... 728<br />

6. Impactos Ambientais ..................................................................................................................... 731<br />

7. Síntese e Considerações Finais ........................................................................................................ 732<br />

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 735<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................................................... 736<br />

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................................................... 736<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................... 737


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 687<br />

Introdução<br />

O sistema elétrico brasileiro é hidrotérmico, com predominância da geração hidráulica, da ordem de 84% da<br />

capacidade instalada total em 2007, conforme indicado na parte 1 do Capítulo III – Oferta de Energia Elétrica. A participação<br />

das usinas termelétricas, embora crescente, é basicamente complementar. Para o final do horizonte deste<br />

Plano (2016) verifica-se que a participação das fontes não hidrelétricas atinge cerca de 20% da capacidade instalada<br />

projetada.<br />

Nos últimos anos a diversificação da matriz elétrica tem sido vista como um fator de aumento da segurança no<br />

abastecimento. Assim sendo, nos estudos da expansão do parque de geração elétrica brasileiro, há que se analisar a<br />

disponibilidade de todos os recursos energéticos com potencial de atender à crescente demanda de energia elétrica<br />

da população a preços que possam garantir a modicidade tarifária.<br />

Neste contexto, o carvão mineral pode passar a desempenhar um papel de crescente importância no setor<br />

elétrico brasileiro.<br />

No Brasil, existe uma grande disponibilidade de carvão mineral, principalmente na região Sul. Além disso, é<br />

possível considerar a importação do produto, já existindo inclusive projetos para o aproveitamento desses recursos.<br />

Com efeito, os estudos da expansão da oferta e da demanda de energia no longo prazo, desenvolvidos pela<br />

<strong>EPE</strong> como subsídio para o Plano Nacional de Energia 2030 – PNE 2030, indicam a potencialidade de crescimento da<br />

geração termelétrica a carvão mineral no Sul do país entre 3.500 e 6.000 MW no período 2016/2030.<br />

Nos itens que se seguem é apresentado um resumo dos estudos efetuados relativamente ao carvão mineral,<br />

procurando-se destacar as principais variáveis que subsidiaram as análises no âmbito do Plano Decenal de Energia<br />

2007/2016.<br />

É inicialmente apresentado um panorama do carvão mineral no mundo e no Brasil.<br />

Em seguida são abordados os aspectos referentes à potencialidade de expansão da geração termelétrica a<br />

carvão mineral no Brasil, a projeção de consumo deste energético e suas perspectivas de preços.<br />

Finalmente, é apresentada uma descrição geral dos principais impactos ambientais associados à produção e<br />

utilização do carvão mineral.<br />

1. Panorama Mundial do Carvão Mineral<br />

1.1. Reservas<br />

Segundo o International Energy Outlook 2005 (EIA/DOE, 2005), o carvão mineral 1 é o combustível fóssil com a<br />

maior disponibilidade no mundo. Suas reservas totalizam um trilhão de toneladas, quantidade suficiente para suprir<br />

o consumo nos níveis atuais por 219 anos. Além disso, ao contrário do que ocorre com o petróleo e com o gás natural,<br />

as reservas de carvão mineral apresentam uma distribuição geográfica, no mundo, muito mais eqüitativa. Para<br />

se ter uma idéia 75 países possuem reservas expressivas. Ainda assim, 57% dessas reservas estão localizadas em três<br />

países: Estados Unidos (27%), Rússia (17%) e China (13%). Outros seis países respondem por 33%: Índia, Austrália,<br />

África do Sul, Ucrânia, Cazaquistão e Iugoslávia. Em 2002, esses nove países juntos representavam 90% das reservas<br />

recuperáveis mundiais e por 78% da produção. O Gráfico 1 apresenta as nove maiores reservas do mundo.<br />

1 Neste capítulo sempre que aparecer referência ao carvão deve ser entendido como carvão mineral.


688<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Gráfico 1 – Reservas Mundiais de Carvão Mineral<br />

300<br />

250<br />

200<br />

10 6 t<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

EUA<br />

China<br />

Austrália<br />

Ucrânia<br />

Iugoslávia<br />

Rússia<br />

Índia<br />

África do Sul<br />

Cazaquistão<br />

Outros Países<br />

Fonte: EIA/DOE, 2005<br />

1.2. Produção, Consumo e Comércio Internacional<br />

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, 2005) mostram que a produção e o consumo mundial de<br />

carvão concentram-se em dois tipos, o betuminoso e o linhito. O primeiro de maior valor térmico é o mais comercializado<br />

internacionalmente por suas características que o tornam mais adequado para o uso metalúrgico. O valor<br />

térmico do linhito é bem menor e, por isso, é mais utilizado para geração termelétrica local.<br />

Conforme pode ser observado na Tabela 1, a produção de carvão betuminoso alcançou a marca de 4.629<br />

milhões de toneladas em 2004, representando um crescimento de 9,4% em relação a 2003, que já tinha sido significativo<br />

em relação a 2002, 8,4%. O principal responsável por este crescimento é a China (ou o “Efeito China”), país que<br />

tem apresentado taxas de crescimento econômico surpreendentes nos últimos anos.<br />

Tabela 1 – Produção Mundial de Carvão Betuminoso (10 6 t)<br />

País 2002 2003 2004<br />

China 1.398 1.670 1.956<br />

EUA 918 894 933<br />

Índia 338 358 373<br />

Austrália 273 275 285<br />

África do Sul 220 240 238<br />

Rússia 164 177 210<br />

Indonésia 103 115 129<br />

Polônia 104 103 100<br />

Cazaquistão 78 85 83<br />

Ucrânia 61 64 62<br />

Outros países 245 250 260<br />

Total 3.902 4.231 4.629<br />

Fonte: IEA, 2005


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 689<br />

Em comparação à produção mundial, o comércio internacional de carvão é relativamente pequeno. Cinco países<br />

exportadores dominam o mercado: Austrália, China, Indonésia, África do Sul e Colômbia.<br />

De acordo com o World Coal Institute (WCI, 2005), durante os anos 80, a Austrália tornou-se líder na exportação<br />

de carvão, atendendo principalmente às necessidades da Ásia. Atualmente, 50% das exportações do carvão<br />

australiano são destinadas ao Japão, o maior importador.<br />

Outros dois fornecedores de carvão para os mercados asiáticos são a China e a Indonésia. Em 2003, a China exportou<br />

94 milhões de toneladas para outros países do continente, representando 24% do total das importações da<br />

Ásia. A Indonésia exportou 78 milhões de toneladas, o que representa 20% das importações totais de carvão no ano.<br />

No entanto, o aumento da demanda doméstica nesses países nos próximos anos deverá limitar a sua capacidade de<br />

exportação.<br />

Os EUA, que já foram importante fornecedor de carvão para a Ásia, hoje contribuem com uma participação<br />

minoritária no mercado asiático. As importações de carvão americano na Ásia passaram de 28% em 1980 para menos<br />

de 0,1% em 2003.<br />

Colômbia e Venezuela são importantes exportadores de carvão de baixo custo da América do Sul e, de acordo<br />

com o EIA/DOE (2005), deverão aumentar a sua participação nas importações européias, deslocando fornecedores<br />

dos EUA e da Polônia.<br />

Os preços de exportação de carvão começaram a aumentar no final de 2003 e continuaram a escalada em<br />

2004, o que pode ser explicado pela limitada capacidade de exportação verificada naquele período. A elevação de<br />

preços de exportação e de fretes contribuiu para a elevação geral dos preços do carvão e do coque. Entretanto, até<br />

o momento, os preços elevados de carvão parecem não ter tido um efeito significativo sobre a demanda deste energético<br />

no mercado internacional, mesmo porque, no setor elétrico, o preço do gás natural, o principal competidor<br />

do carvão, também tem se apresentado elevado.<br />

Segundo o EIA/DOE (2005), a evolução da demanda futura por carvão no mundo dependerá essencialmente<br />

dos seguintes fatores:<br />

• taxa de penetração do gás natural no mundo;<br />

• preço relativo do gás natural em relação ao carvão e ao petróleo;<br />

• integração energética entre os países; e<br />

• disponibilidade de novas reservas de gás natural.<br />

Considerando que as perspectivas de preço do gás natural no longo prazo apontam para uma tendência de<br />

alta e que as recentes tensões políticas nas regiões importantes de produção do gás natural podem limitar sua demanda<br />

futura, o carvão surge como uma alternativa energética relativamente competitiva e de suprimento seguro.<br />

De fato, vários países, como EUA e China (os dois maiores produtores mundiais), têm desenvolvido estratégias para<br />

a ampliação do aproveitamento do carvão.<br />

1.3. Estados Unidos<br />

Nos EUA, a oferta de carvão vem retomando a trajetória de crescimento. Dados preliminares do EIA/DOE, o<br />

Departamento de Energia americano, para 2005 indicam que a produção já supera o recorde de 2001 (EIA/DOE,<br />

2006). Em 2004 o crescimento foi de 3,8% e em 2005 1,9%, conforme pode ser visto no Gráfico 2.


690<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Gráfico 2 – Evolução da Produção de Carvão nos EUA<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

Mt<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005<br />

Fontes: BP (2006), para o período 1981-2003 e EIA/DOE (2006), para 2004 e 2005<br />

A produção tem acompanhado a demanda doméstica, que em 2005 teve um crescimento de 2,2%, conforme<br />

pode ser visto na Tabela 2, acompanhando a continuada expansão econômica do país. Este crescimento, entretanto,<br />

é verificado somente no sistema elétrico, nos outros setores a demanda tem se mantido constante ou reduzida. Porém,<br />

o consumo de carvão para a geração elétrica representa 92% da demanda total.<br />

Tabela 2 – Consumo de Carvão por Setor nos EUA (10 6 t)<br />

Setores 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Setor Elétrico 874,9 886,8 911,8 922,0 942,6<br />

Coquerias 23,7 21,5 22,0 21,5 21,2<br />

Indústria 59,2 55,1 55,6 56,4 55,2<br />

Setor Residencial 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5<br />

Setor Comercial 3,5 3,6 3,5 4,2 4,2<br />

Total 961,8 967,4 993,3 1.004,6 1.023,7<br />

Fonte: EIA/DOE, 2006<br />

A participação do carvão na geração elétrica americana em 2005 foi de 51,3%, mantendo-se praticamente<br />

estável em relação ao ano anterior (Gráfico 3). Na geração de energia elétrica, o gás natural é a fonte que vem ganhando<br />

mais espaço e a nuclear, a que vem perdendo mais. Esta tendência, entretanto, pode se reverter no futuro,<br />

em função da evolução dos preços do petróleo e do próprio gás natural, e também por questões ambientais, notadamente<br />

relacionadas ao controle do nível de emissões de gases.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 691<br />

Gráfico 3 – Capacidade Instalada de Geração Elétrica por Fonte<br />

60<br />

50<br />

51.4 51.3<br />

40<br />

%<br />

30<br />

20<br />

20.7 20.1<br />

16.5 17.4<br />

10<br />

6.7 6.6<br />

4.7 4.6<br />

0<br />

Nuclear<br />

Hidro<br />

Gás Natural<br />

Óleo<br />

Carvão<br />

2004 2005<br />

Fonte: EIA/DOE, 2006<br />

As exportações e as importações de carvão nos Estados Unidos também têm apresentado crescimento. Em<br />

2005, as taxas foram de 4,2% e 11,7%, respectivamente. Apesar da forte alta nas importações, esta atende apenas<br />

2,7% da demanda doméstica. A oferta também é voltada para o mercado interno, somente 4,4% da produção é exportada,<br />

conforme apresentado na Tabela 3.<br />

Tabela 3 – Carvão nos EUA. Comércio Exterior (10 6 t)<br />

Item 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Exportação 44,18 35,92 39,01 43,54 45,36<br />

Carvão Vapor 21,14 16,42 18,96 19,23 19,32<br />

Carvão Metalúrgico 23,04 19,50 20,05 24,31 26,04<br />

Importação 17,96 15,33 22,68 24,77 27,67<br />

Exportação Líquida 26,22 20,59 16,33 18,78 17,69<br />

Fonte: EIA/DOE, 2006<br />

O preço final do carvão nos EUA vem aumentando bastante nos últimos anos, com exceção do produto vendido<br />

para a geração elétrica, situação em que são assinados contratos de longo prazo. O Gráfico 4 apresenta a evolução<br />

dos preços em vários setores. Esse aumento é explicado pelas recentes questões relacionadas à geopolítica do<br />

petróleo, que elevaram o seu preço, além dos furacões que atingiram o Golfo do México.


692<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Gráfico 4 – Evolução dos Preços do Carvão nos EUA por Setor<br />

90<br />

80<br />

70<br />

US$/t<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

1996<br />

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Importação Indústria Centrais Elétricas Exportação Coquerias<br />

Fonte: EIA/DOE, 2006<br />

A despeito dos problemas ambientais causados pela produção e pelo consumo do carvão mineral, os EUA planejam<br />

intensificar o seu uso nos próximos anos. Um dos motivos é que dois terços da demanda de energia do país<br />

é atendida por petróleo e 58% da oferta interna de tal fonte é importada. Como o país vem enfrentando problemas<br />

para manter este nível de importação, a segurança do abastecimento fica comprometida. A intensificação do uso do<br />

carvão neste caso livraria os americanos desta dependência.<br />

A questão ambiental, entretanto, pode ser enfrentada com o desenvolvimento das tecnologias limpas de<br />

carvão (clean coal technologies) que, com a alta nos preços do petróleo e do gás natural, tendem a se tornar comerciais.<br />

Dentre elas, considera-se a utilização de plantas que convertem carvão para gás natural (coal-to-natural gas)<br />

e carvão para combustíveis líquidos (coal-to-liquids - CLT), tecnologia que converte carvão em gás de síntese e este<br />

em combustíveis líquidos, como a gasolina, o diesel, o querosene de aviação e outros derivados, com alto poder calorífico<br />

e baixo teor de enxofre.<br />

No setor elétrico, em particular, a situação não é muito diferente. As térmicas a gás natural, conforme já mencionado,<br />

vêm aumentando a sua participação no setor e, por isso, têm pressionado, para cima, o preço da eletricidade<br />

e do próprio gás natural para uso residencial, comercial e industrial (NCC, 2006). Este fato, além do próprio<br />

crescimento da demanda por energia elétrica, tem aumentado o interesse no desenvolvimento de novas tecnologias<br />

de geração elétrica partir do carvão. Dentre elas, pode-se citar a de carvão pulverizado e a de queima em leito<br />

fluidizado, usando caldeiras supercríticas e ultrasupercríticas, que já estão em estágio comercial e; as plantas IGCC<br />

(gaseificação com ciclo combinado), que estão na fase inicial de comercialização (NCC, 2006).<br />

Outro setor onde o uso de carvão deve ganhar espaço é o da produção de etanol. Há nos EUA um programa<br />

de substituição do uso de derivados de petróleo no setor de transportes por álcool. O carvão pode ter um papel importante<br />

geração de calor e eletricidade para o processo produtivo de tal combustível renovável, substituindo o gás<br />

natural, o diesel e a própria eletricidade, fontes atualmente utilizadas por essa indústria.<br />

Há ainda aplicações do carvão na produção de hidrogênio, no aproveitamento do CO 2<br />

, proveniente da queima<br />

do combustível, para aumentar a recuperação de petróleo e gás natural, enfim, uma série de projetos que fazem<br />

parte da carteira dos que recebem apoio do governo para o desenvolvimento de sistemas ambientalmente sustentáveis<br />

que garantam a confiabilidade no atendimento da demanda de energia.<br />

Como se vê, a forte dependência de petróleo dos EUA tornou-se uma preocupação para país, em termos de<br />

segurança na continuidade do fornecimento de energia. Por isso, o governo americano tem procurado alternativas<br />

energéticas que possam atender à crescente demanda por energia da população. O carvão apresenta-se como uma


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 693<br />

opção viável pela abundância de reservas no país. Isso mostra que a estratégia americana de exploração de carvão<br />

está voltada para o mercado interno.<br />

1.4. China<br />

A estratégia da China vai pelo mesmo caminho. Com 1,3 bilhões de habitantes, é o país mais populoso do<br />

mundo. Este fato, isoladamente, já daria a dimensão da demanda de energia no referido país, porém, o rápido crescimento<br />

econômico que a China tem apresentado nos últimos anos, da ordem de 9% ao ano, tem feito o consumo<br />

de energia se elevar significativamente.<br />

Para atender a essa demanda crescente, a China produziu, em 2003, 1.380 milhões de tep de energia primária,<br />

o que representa 13% da produção mundial. O carvão mineral, em 2003, representou 60,4% da oferta de energia<br />

primária, como pode ser visto no Gráfico 5.<br />

Gráfico 5 – Participação por Fonte de Energia Primária na China<br />

Hidro<br />

1,7%<br />

Renováveis<br />

15,5%<br />

Nuclear<br />

0,8%<br />

Gás Natural<br />

2,5%<br />

Carvão<br />

60,4%<br />

Petróleo<br />

19,1%<br />

Fonte: Agência Internacional de Energia (IEA, 2004)<br />

Entre os anos 1995 e 2000, a produção do minério teve uma redução em função do fechamento de várias pequenas<br />

minas, mas recentemente vem recuperando o crescimento, como pode ser visto no Gráfico 6.<br />

1.000<br />

Gráfico 6 – China: Evolução da Produção de Carvão<br />

900<br />

800<br />

700<br />

600<br />

Mtep<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

1980 1985 1990 1995 2000 2002 2003<br />

Fonte: IEA, 2005


694<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

De acordo com o EIA/DOE (2005b), o consumo de carvão na China em 2005 foi de 1,36 bilhão de toneladas, o<br />

que representou 28% da demanda mundial. A demanda pelo produto deve continuar crescendo nos próximos anos<br />

em função da escassez de reservas das outras fontes.<br />

O setor elétrico é o principal demandante do produto, porém o consumo tem crescido significativamente em<br />

todos os setores, como pode ser visto na Tabela 4.<br />

Tabela 4 – China: Consumo por Setor (Mtep)<br />

Setores 1980 1985 1990 1995 2000 2002 2003<br />

Setor Elétrico 102,2 144,7 245,7 414,8 547,3 651,6 779,8<br />

Coquerias 11,2 11,8 11,8 15,0 5,4 22,8 34,9<br />

Indústria 217,9 252,9 301,9 396,3 258,3 250,4 291,1<br />

Residencial 89,2 121,0 133,1 114,0 70,0 67,3 71,9<br />

Comercial 3,7 5,8 10,2 9,5 8,8 8,8 9,3<br />

Total 443,0 558,5 725,8 971,3 893,5 1.001,5 1.186,9<br />

Fonte: IEA, 2005<br />

Neste setor, o carvão mineral representa 79,4% da geração, como apresentado no Gráfico 7.<br />

Gráfico 7 – China: Participação das Fontes na Geração Elétrica - 2003<br />

Nuclear<br />

2,3%<br />

Hidro<br />

14,9%<br />

Biomassa<br />

0,1%<br />

Gás Natural<br />

0,3%<br />

Óleo<br />

3,0%<br />

Carvão<br />

79,4%<br />

Fonte: EIA/DOE, 2005a<br />

O consumo de energia elétrica também cresce a taxas bem altas. De 2001 para 2002, o aumento foi de 12% e<br />

de 2002 para 2003, de 15%, conforme apresenta o Gráfico 8.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 695<br />

Gráfico 8 – China: Consumo de Energia Elétrica<br />

2.000<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

TWh<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

2001 2002 2003<br />

Fonte: China State Power (www.sp-china.com)<br />

O EIA/DOE (2005b) projeta para a China um crescimento do consumo de eletricidade de, em média, 4,3% ao<br />

ano até 2025. Para atender a essa demanda, é esperado que o gás natural ganhe participação, porém em termos<br />

absolutos, é o carvão que deve ter o maior crescimento, assim como vem acontecendo nos últimos anos, como<br />

apresentado no Gráfico 9.<br />

2.500.000<br />

Gráfico 9 – China: Evolução da Geração Elétrica por Fonte<br />

2.000.000<br />

1.500.000<br />

GWh<br />

1.000.000<br />

500.000<br />

0<br />

1971<br />

1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003<br />

Carvão Óleo Gás Natural Hidro Nuclear Biomassa Outras renováveis<br />

Fonte: IEA, 2004


696<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Com a expansão projetada, a China deve dobrar sua capacidade instalada em termelétricas a carvão. Além<br />

disso, o governo chinês já anunciou investimentos da ordem de US$ 20 bilhões em plantas CTL. Isso mostra que, a<br />

exemplo do EUA, a estratégia da China em relação ao carvão está voltada para o mercado interno.<br />

2. Panorama Nacional<br />

2.1. Oferta<br />

De acordo com dados do Balanço Energético Nacional (MME/<strong>EPE</strong>, 2006a), os recursos de carvão mineral no<br />

Brasil somavam 32 bilhões de toneladas em 2005. Tais recursos estão localizados principalmente nas oito maiores<br />

jazidas brasileiras, sete das quais situadas no Rio Grande do Sul (Candiota, Capané, Iruí, Leão, Charqueadas, Morungava/Chico<br />

Lomã e Santa Teresinha) e uma em Santa Catarina (jazida Sul Catarinense), e em outras de menor porte<br />

no Paraná 2 . A Tabela 5 mostra a localização e os recursos de cada mina, sendo a jazida de Candiota, a maior delas,<br />

com 38% do total (Tabela 5).<br />

Tabela 5 – Localização dos Recursos Brasileiros de Carvão Mineral em 1999<br />

UF Jazida Recursos (10 6 t) %<br />

Cambuí 22,7 0,07<br />

PR<br />

Sapopema 64 0,20<br />

Total Paraná 86,7 0,27<br />

Sul Catarinense (*) 3.363 10,43<br />

SC<br />

Total Santa Catarina 3.363 10,43<br />

Candiota 12.278 38,07<br />

Capané 1.023 3,17<br />

Leão 2.439 7,56<br />

Charqueadas 2.993 9,28<br />

Iruí 1.666 5,17<br />

RS<br />

Murungava/Chico Lomã 3.128 9,70<br />

Santa Terezinha 4.283 13,28<br />

Outras 994 3,08<br />

Total Rio Grande do Sul 28.804 89,30<br />

Brasil Total Brasil 32.254 100,0<br />

Fonte: DNPM<br />

(*) Segundo Suffert, os recursos dessa jazida alcançam 4.288x10 6 t.<br />

O Rio Grande do Sul possui as maiores jazidas do mineral, totalizando 89,3% dos recursos do país, cujas características<br />

do carvão encontrado nestas jazidas são apresentadas na Tabela 6.<br />

2 Suffert, T., et alii, em “Estudos avançados – Carvão fóssil”, 1998, disponível em www.scielo.br.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 697<br />

Tabela 6 – Características de Jazidas de Carvão Situadas no Rio Grande do Sul (ROM)<br />

Jazida PC (kcal/kg) Carbono (%) Cinzas (%) Enxofre (%)<br />

Candiota 3.200 23,3 52,5 1,6<br />

Capané 3.100 29,5 52 0,8<br />

Leão 2.950 24,1 55,6 1,3<br />

Charqueadas 2.950 24,3 54 1,3<br />

Irui 3.200 23,1 52 2,5<br />

Morungava/Chico Lomã 3.700–4.500 27,5–30,5 40,0–49,0 0,6–2,0<br />

S.Terezinha 3.800–4.300 28,0–30,0 41,0–49,5 0,5–1,9<br />

Fonte: Carvalho, 2005<br />

A jazida de Candiota apresenta uma espessura média da camada total de 4,5 m e coberturas menores que 50 m,<br />

possibilitando uma lavra a céu aberto (Gomes et al, 2003). Tais características – ou seja, camadas de carvão de maior<br />

espessura com grande continuidade e pequena cobertura – tornam a jazida economicamente atraente, por proporcionar<br />

a lavra em larga escala e com grande rentabilidade. Todavia, o carvão bruto possui alto teor de cinzas (51% a<br />

54%) e de enxofre (1%), o que faz como o rendimento do combustível seja baixo (30% a 52%). Assim, seu uso na forma<br />

de run-of-mine (ROM), ou seja, na forma bruta, é mais indicado, pois processos de beneficiamento de carvão com tais<br />

características têm maior dificuldade de viabilização econômica. O mesmo se pode afirmar quanto ao seu transporte.<br />

A Companhia Riograndense de Mineração (CRM) opera ininterruptamente desde 1961, a mina de Candiota, na<br />

jazida de mesmo nome, objetivando, em especial, a produção de carvão termelétrico. A produção abastece a Usina<br />

termelétrica Presidente Médici, de 446 MW instalados.<br />

A segunda maior jazida de carvão mineral no país é a de Santa Terezinha. O carvão desta jazida possui propriedades<br />

coqueificantes, e, teoricamente, permitiria a retirada por beneficiamento de produtos nobres, admitindo<br />

transporte a médias e longas distâncias. Estima-se que o combustível desta jazida possa apresentar rendimento de<br />

60%, com 15% de teor de cinzas e 1% de enxofre. Entretanto, o mineral encontra-se sob coberturas mínimas de 500<br />

m, com espessura média de 2,30 m (Gomes et al., 2003), o que exigiria grande soma de capital para construção de<br />

infra-estrutura para o escoamento do produto.<br />

Com características semelhantes à jazida de Santa Terezinha, Morungava-Chico Lomã também possui carvão<br />

com propriedades coqueificantes com coberturas entre 50 m e 300 m. Segundo Gomes et al (2003), tal jazida nunca<br />

foi minerada, porém com a construção de uma infra-estrutura adequada, como a citada anteriormente, pode-se obter<br />

uma fração nobre, com baixo teor de cinzas e de enxofre, podendo ser utilizada em misturas com outros carvões,<br />

para a produção de coque.<br />

No mesmo estado, na parte central, existem jazidas cujo carvão admite algum beneficiamento e transporte de<br />

curta distância. Entretanto, como são jazidas de camadas carboníferas finas e irregulares, seu aproveitamento em<br />

larga escala é dificultado (Borba, 2001). São dez no total, dentre elas destacam-se Charqueadas, Leão, Iruí e Capané.<br />

A jazida de Charqueadas é composta por seis camadas, mas apenas três delas possuem recursos representativos.<br />

Uma delas já foi minerada e está atualmente desativada. Tal camada apresentava baixo rendimento na recuperação<br />

(35%), para carvão com 35% de teor de cinzas, mas com baixo teor de enxofre. Prevêem-se, com os dados<br />

disponíveis, rendimentos superiores para as duas outras (Gomes et al., 2003). A unidade, de propriedade da COPEL-<br />

MI, é composta por uma mina subterrânea, que operou até 1990, e um entreposto que abastece a usina termelétrica<br />

Charqueadas e a COPESUL, no pólo petroquímico de Triunfo.<br />

As jazidas de Capané e Iruí possuem carvões com baixo rendimento (40%), porém com teor de cinza entre 35<br />

e 45% e de enxofre abaixo de 0,6%. A espessura varia entre 1,5 e 2 m e o mineral está sob uma cobertura inferior a<br />

50 m. A jazida de Capané atualmente é operada pela Companhia Palermo. A jazida de Iruí é de propriedade da CRM,<br />

porém, a mina hoje está desativada.


698<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Finalmente, ainda no estado do Rio Grande do Sul, há as minas Leão I e II. A primeira situa-se no município de<br />

Minas do Leão, a 90 km de Porto Alegre, às margens da BR-290. De acordo Gomes et al (2003), os trabalhos de subsolo<br />

foram interrompidos em 2002 devido, principalmente, aos altos custos da mineração. Atualmente, a mina produz<br />

a partir da área da Boa Vista, mina a céu aberto que emprega equipamentos tradicionais de terraplanagem em<br />

seus trabalhos. A mina Leão II também se localiza no município de Minas do Leão, a 6 km ao norte da Mina do Leão I.<br />

Em Santa Catarina, encontra-se a jazida Sul Catarinense, onde ocorrem dez camadas de carvão, sendo Barro<br />

Branco e Bonito as mais importantes, em termos econômicos. De acordo com Gomes et al (2003), estes depósitos<br />

são os mais intensamente explotados nas últimas décadas no Brasil, devido às propriedades coqueificáveis do mineral<br />

e do consumo nas plantas termoelétricas do complexo Jorge Lacerda, em Tubarão (SC). As espessuras médias nas<br />

áreas mineradas são em torno de 1,6 m e as coberturas vão de camadas aflorantes até mais de 800 m, entretanto,<br />

os setores lavráveis a céu aberto estão quase esgotados para a camada Barro Branco. O rendimento do combustível<br />

desses depósitos varia de 30 a 35% sobre o carvão bruto.<br />

As camadas Barro Branco e Bonito ofertam um carvão pobre para a coqueificação e de poder energético que<br />

pode ser classificado como de pobre a médio, admitindo algum beneficiamento e transporte a curta distância. As<br />

partes a céu aberto e de subsolo rasas já foram quase todas mineradas, de modo que há uma crescente dificuldade<br />

dessa jazida em manter um ritmo intenso de lavra, com minas profundas e estruturalmente difíceis. A Tabela 7 a seguir<br />

apresenta as características do carvão das referidas minas.<br />

Tabela 7 – Características de Jazidas de Carvão Situadas em Santa Catarina (ROM)<br />

Jazida PC (kcal/kg) Carbono (%) Cinzas (%) Enxofre (%)<br />

Sul Catarinense 2.700-2.800 21,4-26,5 58,3-62,1 4,3-4,7<br />

Fonte: Carvalho, 2005<br />

Finalmente, na região central do Paraná encontram-se as jazidas de Cambuí e Sapopema, que representam<br />

menos de 1% dos recursos nacionais. O combustível da primeira tem alto teor de cinzas (45%) e de enxofre (6%). A<br />

produção é consumida na usina termelétrica de Figueira localizada a 5 km da mina. Há um projeto de repotenciação<br />

da tal usina que ampliaria a capacidade instalada dos atuais 20 MW para 125 MW. Neste caso, segundo Campaner &<br />

Espoladore (2004), será necessário utilizar o carvão da jazida de Sapopema.<br />

Tabela 8 – Características de Jazidas de Carvão Situadas no Paraná (ROM)<br />

Jazida PC (kcal/kg) Carbono (%) Cinzas (%) Enxofre (%)<br />

Cambuí 4.850 30 45 6<br />

Sapopema 4.900 30,5 43,5 7,8<br />

Fonte: Carvalho, 2005<br />

Em termos de firmas produtoras de carvão mineral, operam no país atualmente quatorze empresas (Carvalho, 2005):<br />

• Paraná: Companhia Carbonífera do Cambuí;<br />

• Santa Catarina: Carbonífera Criciúma S.A., Carbonífera Metropolitana S.A., Cooperminas - Cooperativa de<br />

Extração de Carvão Mineral dos Trabalhadores de Criciúma Ltda., Carbonífera Catarinense, Indústria Carbonífera Rio<br />

Deserto, Coque Catarinense Ltda. - Cocalit, Comin & Cia. Ltda., Mineração São Domingos Ltda., Carbonífera Belluno<br />

Ltda. e Minageo Ltda;<br />

• Rio Grande do Sul: Companhia Riograndense de Mineração – CRM, Copilai Mineração Ltda. e Carbonífera<br />

Palermo Ltda.<br />

O maior produtor de carvão ROM é o estado de Santa Catarina, com uma produção de 7,8 milhões de toneladas,<br />

em 2005, que representa 63% da produção nacional. Apesar disso, a maior empresa produtora está no estado do<br />

Rio Grande do Sul, A Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que em 2005 produziu 2,2 milhões de toneladas.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 699<br />

2.2. Extração e Beneficiamento<br />

Segundo WCI (2005), existem dois tipos para mineração do carvão: a lavra a céu aberto ou a subterrânea. A<br />

escolha entre um deles é determinada pela geologia do depósito do mineral, ou seja, pela altura da cobertura da<br />

mina. No caso de um depósito raso, o carvão poderá ser lavrado a céu aberto, dependendo do terreno onde mina<br />

está localizada. Caso contrário, o carvão mineral será lavrado por mineração subterrânea, desde que a aplicação<br />

deste tipo de mineração seja economicamente viável.<br />

Após sua extração na forma bruta, o carvão normalmente contém impurezas associadas. A separação deste<br />

material indesejável assegura a qualidade desejada ao carvão, ou seja, assegura o rendimento do carvão de acordo<br />

com o seu uso final. O beneficiamento do carvão mineral pode ser realizado através de simples trituração ou de um<br />

processo complexo para redução das impurezas (WCI, 2005). Deste processo de beneficiamento se extraem frações<br />

do carvão ROM, com distintos poderes caloríficos e teor de cinzas. 3 Contabilizando o processo como um todo, o<br />

material estéril e os rejeitos grosseiros de todo esse processo correspondem, no caso do carvão brasileiro, a mais<br />

de 50% do ROM. Do exposto, pode-se concluir que, considerando as características do carvão nacional, o beneficiamento<br />

propicia a recuperação de um volume não superior a 50% do carvão bruto.<br />

De acordo com Gomes et al (2003), as minas de Santa Catarina situam-se predominantemente de encostas e<br />

de subsolo, com acesso por meio de planos inclinados ou poços. Nas minas subterrâneas, o método de mineração<br />

do carvão é por câmaras e pilares 4 com poços de ventilação, sendo o mineral bruto transportado por correias, guinchos<br />

sem fio ou vagonetas sobre trilhos de aço. Nas minas a céu aberto, o método de mineração é o cortes em tiras 5 ,<br />

com equipamentos de terraplanagem. As mineradoras catarinenses ainda reaproveitam antigos rejeitos para a produção<br />

de finos de carvão e de CE-4.500 6 para a termelétrica Jorge Lacerda, em Tubarão.<br />

O método de mineração por câmara e pilares também é utilizado na mina Leão I, onde o poço tem 135 m de<br />

profundidade. Já a mina subterrânea Leão II, ainda inoperante, está semi-equipada para operar no método longwall<br />

7 . A mina de Candiota é a céu aberto e utiliza o método de mineração por tiras. O transporte do carvão entre a<br />

unidade de britagem e a usina termelétrica é feito através de uma correia transportadora com 2,3 km de extensão. A<br />

produção da mina é voltada para obtenção de carvão termelétrico, para abastecimento da Usina Termelétrica Presidente<br />

Médici, com 446 MW.<br />

O método de mineração por tiras também é usado na mina de Seival. Nas jazidas de Recreio, Faxinal e Butiá<br />

Lesto, o método utilizado é o truck/shovel 8 . O beneficiamento é feito por jigues Baum e Menally, ciclones e espirais.<br />

A carbonífera Palermo opera a mina Capané, lavrando o carvão utilizando os métodos de mineração por tiras e<br />

truck/shovel. Finalmente, no Paraná, a Companhia Carbonífera Cambuí opera a mina subterrânea Amando Simões<br />

utilizando o método short-wall 9 , com câmaras estreitas. Ainda no estado do Rio Grande do Sul, a jazida de Charqueadas<br />

é composta por uma mina subterrânea.<br />

Em Santa Catarina, na jazida Sul Catarinense, os setores lavráveis a céu aberto estão quase esgotados para a<br />

camada Barro Branco.<br />

3 Em Santa Catarina, após a etapa de peneiração a 0,5 mm produz-se um carvão energético com 4.500 kcal/kg e 35% de cinzas. Em outra<br />

etapa deste processo, a partir da concentração de material com granulometria inferior a 0,5 mm, obtém-se um carvão com poder calorífico<br />

de 4.500 kcal/kg e teor de cinzas de 42%.<br />

4 Método de extração em que os depósitos de carvão são recuperados de maneira a formar galerias, onde os pilares são formados pelo<br />

próprio mineral que sustentam a cobertura da mina e controlam o fluxo de ar.<br />

5 Método de mineração que consiste na retirada da cobertura do solo em forma de tiras e da extração do carvão propriamente dito.<br />

6 CE 4.500 significa Carvão Energético com poder calorífico do combustível igual a 4.500 kcal/kg.<br />

7 ou método da frente larga, que envolve a extração total do carvão de uma seção da cobertura ou da frente (larga) utilizando cortadeiras<br />

mecânicas.<br />

8 Método de mineração adotado em terrenos mais irregulares, onde se utiliza escavadeira móvel.<br />

9 Método de mineração similar ao “longwall” utilizado em jazidas com larguras menores de 100 metros.


700<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

2.3. Transporte e Logística<br />

Em muitos países, a maior parte do carvão produzido é usada para a geração elétrica e, por isso, as termelétricas<br />

são construídas próximo às minas. Isso porque, a eletricidade pode ser transportada através da rede de transmissão<br />

por um custo menor do que o de transporte do carvão por caminhão ou por trem.<br />

Quando a mina de carvão e a planta de geração termelétrica estão próximas, o combustível pode ser transportado<br />

da mina para a planta por meio de esteiras. Para curtíssimas distâncias, portanto, as esteiras são o meio<br />

de transporte mais eficiente para o carvão. Para distâncias maiores, entretanto, caminhões, trens e barcas são mais<br />

eficientes. Alternativamente, o carvão pode ser misturado com água formando uma lama (slurry), de forma a ser<br />

transportado através de dutos. Normalmente, estas regras valem para mercados domésticos.<br />

Para o transporte internacional, os navios são mais comumente utilizados. Aproximadamente 700 milhões de<br />

toneladas de carvão são comercializadas internacionalmente e 90% desse total é transportado por navios. O custo<br />

de transporte de carvão, neste caso, costuma ser bem significativo, como mostra a Gráfico 10, que compara o preço<br />

do carvão na África do Sul (país exportador do mineral) e na Europa (destino do produto). A diferença entre os dois<br />

valores representa o custo de transporte.<br />

Gráfico 10 – Indicador de Preços de Carvão na Europa (ARA) x Preços “Spot” do Carvão na África do Sul. 10<br />

US$/t<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

08-Feb-02<br />

22-Mar-02<br />

03-May-02<br />

14-Jun-02<br />

26-Jul-02<br />

06-Sep-02<br />

18-Oct-02<br />

29-Nov-02<br />

10-Jan-03<br />

21-Feb-03<br />

04-Abr-03<br />

16-May-03<br />

27-Jun-03<br />

06-Aug-03<br />

19-Sep-03<br />

31-Oct-03<br />

12-Dec-03<br />

23-Jan-04<br />

05-Mar-04<br />

16-Abr-04<br />

28-May-04<br />

09-Jul-04<br />

20-Aug-04<br />

01-Oct-04<br />

12-Nov-04<br />

24-Dec-04<br />

04-Feb-05<br />

18-Mar-05<br />

29-Abr-05<br />

10-Jun-05<br />

22-Jul-05<br />

02-Sep-05<br />

14-Oct-05<br />

Europe ARA CIF<br />

South Africa F O B<br />

Fonte: www.e-coal.com<br />

O custo de transporte também pode variar bastante com a distância percorrida pelos navios e com a quantidade<br />

do mineral transportado, como pode ser observados na Tabela 9.<br />

Tabela 9 – Custos de Transporte de Carvão Mineral em 2004<br />

Rota Quantidade (10 3 t) Custo de Transporte (US$/t)<br />

USG 1 /ARA 2 65 25,40<br />

Roberts Bank 3 /ARA 55 40,20<br />

HR+RB 4 /Japan 16m 120 49,50<br />

HR/Rotterdam 5 110 21,40<br />

Bolivar 6 /Rotterdam 130 21,80<br />

Queensland 7 /Rotterdam 130 30,20<br />

Richards Bay 8 /Rotterdam 130 24,00<br />

Notas: 1-Estados Unidos, 2- Europa, 3- Canadá, 4- Inglaterra, 5- Holanda, 6- Equador, 7- Austrália, 8- África do Sul.<br />

Fonte: www.e-coal.com<br />

10 O indicador CIF ARA na Europa representa o preço do carvão nos portos de Amsterdã, Roterdã e Antuérpia, considerando o custo do frete<br />

e do seguro.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 701<br />

Em qualquer caso, o carvão transportado deve ter um conteúdo energético que justifique o seu transporte.<br />

No caso de carvão de alto teor de cinzas e relativamente baixo teor de carbono, dificilmente se justifica transporte a<br />

longas distâncias. Esse é precisamente o caso do carvão brasileiro.<br />

O transporte do carvão entre a unidade de britagem da Mina de Candiota e a usina termelétrica Presidente<br />

Médici é feito através de uma correia transportadora com 2,3 km de extensão.<br />

Como o carvão da jazida de Santa Terezinha se encontra sob coberturas mínimas de 500 m, com espessura<br />

média de 2,30 m (Gomes et alii, 2003), exigir-se-iam elevados investimentos na construção de infra-estrutura para o<br />

escoamento do produto. Em linhas gerais, este investimento consistiria na construção de dois trechos de linha férrea:<br />

um, a partir da cidade de Canoas, que se ligaria à Ferrovia Tereza Cristina (existente), em Criciúma (SC), com 260<br />

km, a um custo de R$ 350 milhões; e outro, a partir do porto de Imbituba (SC) até a cidade de Araquari (SC), ligando<br />

a Ferrovia Tereza Cristina à América Latina Logística (ALL), um trecho de 236 km ao custo de R$ 448 milhões (Figura<br />

1). Esta estrutura poderia ser aproveitada para o transporte do outros minérios, e mesmo, subprodutos da queima<br />

do carvão, como sulfato de amônia, que sairia da USITESC (em projeto) em direção ao porto de Imbituba (SC).<br />

Figura 1 – Infra-estrutura para o Escoamento da Produção de Carvão Mineral no Brasil<br />

Fonte: www.ftc.com.br<br />

A jazida de Morungava-Chico Lomã nunca foi minerada, porém a construção de uma infra-estrutura adequada,<br />

do tipo da descrita anteriormente, pode viabilizar a obtenção de uma fração nobre do carvão desse depósito,<br />

com baixo teor de cinzas e de enxofre, que poderia ser utilizada em misturas com outros carvões, para a produção<br />

de coque, por exemplo (Gomes et al, 2003).<br />

As minas de carvão do Rio Grande do Sul têm, todas, fácil acesso rodoviário, conforme mostra a Figura 2. A<br />

mina de Leão II deverá suprir a Termelétrica de Jacuí, em construção. A usina ficará a, aproximadamente 60 km da<br />

mina e o transporte do mineral será feito por barcaças.


702<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Figura 2 – Acesso Rodoviário às Minas de Carvão no Rio Grande do Sul<br />

Fonte: http://www.crm.rs.gov.br<br />

Considerando que as termelétricas a carvão nacional devem se localizar na “boca da mina” ou próximas a elas,<br />

a questão de infra-estrutura de transporte não se mostra uma restrição relevante à expansão da geração a carvão.<br />

Contudo, deve-se frisar que investimentos adicionais em infra-estrutura podem intensificar o uso do carvão nacional,<br />

inclusive em outras aplicações, como na mistura para o carvão metalúrgico e viabilizar o escoamento de subprodutos<br />

do carvão na geração termelétrica, eventualmente melhorando a competitividade desses projetos.<br />

Para a expansão do consumo de carvão mineral, portanto, são necessários grandes investimentos em infra-estrutura<br />

nas jazidas ainda não exploradas, ou a importação o produto para tal finalidade. Neste último caso, abre-se a<br />

possibilidade de instalação de usinas termelétricas a carvão em outras regiões do país, e não necessariamente apenas<br />

no Sul, pois há vários portos espalhados em todo litoral do país (Figura 3) com capacidade de importar o mineral<br />

em quantidade suficiente para atender às necessidades anuais de combustível destas usinas.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 703<br />

Figura 3 – Principais Portos Brasileiros<br />

Fonte: Ministério dos Transportes<br />

Ganha destaque no atendimento à demanda de carvão mineral pelo país, aquela relacionada ao consumo de<br />

carvão metalúrgico. De acordo com Borba (2001), à exceção do carvão colombiano comprado pela indústria cimenteira,<br />

quase toda a importação do mineral no Brasil é para uso siderúrgico. Esta situação não deve se modificar, pois<br />

dificilmente as siderúrgicas brasileiras voltarão a consumir carvão coqueificável proveniente de Santa Catarina. As<br />

únicas possibilidades reais estariam nas jazidas de Chico Lomã-Morungava e Santa Terezinha, pelas características<br />

descritas anteriormente.<br />

A importação de tal fonte de energia se justifica em determinadas indústrias pelo acréscimo de valor agregado<br />

ao produto final, como é o caso da siderurgia. Como este não é o caso do setor elétrico, pagar um preço superior<br />

na importação não se justifica economicamente. Há, entretanto, a possibilidade de aproveitamento dos navios que<br />

transportam, por exemplo, minério de ferro e voltam vazios aos portos brasileiros. Neste caso, deve-se verificar a disponibilidade<br />

de tais embarcações, a existência de tecnologia de geração (a menos poluente possível) e a aceitação<br />

da população.<br />

Devido à existência em abundância de carvão no Sul do país, não parece razoável cogitar a instalação de termelétricas<br />

a carvão importado nessa região. Por outro lado, dadas as características do carvão nacional, não parece<br />

aceitável cogitar a instalação de termelétricas a carvão nacional fora dessa região.<br />

Assim, as regiões brasileiras naturalmente candidatas a instalar termelétricas a carvão importado seriam o<br />

Nordeste e o Sudeste, quer pelas dimensões do mercado de energia elétrica, quer pela necessidade de alternativas<br />

de geração de porte. Ambas as regiões possuem portos estrategicamente localizados, com amplas condições de<br />

receber, ou de se preparar para tal, grandes volumes de carvão.<br />

Alguns desses portos já funcionam como terminais de carvão, para atendimento à indústria siderúrgica, como<br />

Sepetiba (RJ) e Vitória (ES). Pelo menos um porto no Nordeste, Pecém (CE), em breve estará atendendo à siderúrgica<br />

local. Outros portos no Nordeste, como Suape (PE) e Itaqui (MA), também reúnem condições para receber esse tipo<br />

de carga, ainda que investimentos adicionais possam ser necessários. Nesses três casos, outro fator relevante é a


704<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

possibilidade de integração com o modal ferroviário, aumentando a flexibilidade para a localização de usinas termelétricas.<br />

A integração com o modal ferroviário é uma possibilidade real tendo em vista o projeto da Ferrovia Nova<br />

Transnordestina, que prevê a construção de uma moderna ferrovia com 1.800 km de extensão, ligando Eliseu Martins<br />

(PI), aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). No Maranhão, o porto de Itaqui, já servido pela Estrada de Ferro<br />

Carajás, está na área da Ferrovia Norte-Sul, em construção.<br />

2.4. Tecnologias de Geração Termelétrica a Carvão<br />

Com a crescente pressão ambiental, especialmente em relação às mudanças climáticas, o fator tecnológico assume<br />

papel relevante na oferta de energia, ambiente no qual se insere a expansão da geração termelétrica a carvão<br />

mineral. Neste caso, isto decorre do fato de que, além do tratamento caro e complexo do carvão mineral para sua<br />

utilização, também sua combustão emite gases acidificantes como óxidos de nitrogênio e de enxofre, além de dióxido<br />

de carbono e material particulado. As alternativas tecnológicas atualmente disponíveis ou em pesquisa para a<br />

geração de energia elétrica a partir do carvão são apresentadas resumidamente na Tabela 10.<br />

Tabela 10 – Tecnologias de Geração Termelétrica a Carvão<br />

Tecnologia Situação 1 Eficiência na conversão<br />

(%)<br />

Investimento<br />

(US$/kW) 2<br />

Combustão pulverizada C 38-46 1.300-1.500<br />

Combustão em Leito Fluidizado<br />

• Pressão atmosférica C/D 34-37 1.450-1.700<br />

• Circulação 3 C/D 37-39 1.459-1.700<br />

• Pressurização 3 D 42-45 1.450-1.700<br />

Gaseificação integrada<br />

• Com ciclo combinado D 45-48 1.450-1.700<br />

• Com célula combustível P&D 40-60 1.700-1.900<br />

Combustão direta<br />

• Turbina P&D 35-45 1.200<br />

• Diesel P&D 35-40 500-1.000<br />

Nota: 1- Situação: C = comercial; D = demonstrado; P&D = pesquisa e desenvolvimento; 2- Preços internacionais; 3- Vapores sub e supercríticos.<br />

Fonte: IEA, 1997<br />

Considerando-se o estágio de desenvolvimento das tecnologias acima citadas, bem como as características<br />

do carvão nacional, considera-se que as tecnologias de combustão pulverizada a leito fluidizado são as que apresentam<br />

as melhores perspectivas para aplicação nas futuras termelétricas a carvão nacional, no horizonte considerado<br />

para o presente estudo.<br />

Esse entendimento é corroborado pelos projetos disponíveis: as Usinas de Jacuí e Candiota Fase C, que estão<br />

em construção, utilizam a tecnologia da combustão pulverizada; outros dois projetos, a Usina Sul Catarinense<br />

– USITESC e Seival, no Rio Grande do Sul, utilizarão, respectivamente, a combustão em leito fluidizado circulante e a<br />

combustão pulverizada.<br />

Quanto às possíveis termelétricas baseadas no consumo de carvão importado, a qualidade do combustível a<br />

ser utilizado poderá permitir a introdução de tecnologias mais eficientes. A partir de 2015, por exemplo, seria admissível<br />

considerar a combustão pressurizada, possibilitando eficiência de até 45%.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 705<br />

2.5. Consumo<br />

Comparativamente ao resto do mundo, o consumo total de carvão no Brasil é baixo, representa apenas 0,4%<br />

da demanda mundial deste mineral (IEA, 2005). Segundo dados do Balanço Energético Nacional (MME/<strong>EPE</strong>, 2006b),<br />

o carvão mineral e seus derivados (coque metalúrgico, gás de coqueria e alcatrão), responderam por cerca de 6% da<br />

oferta interna de energia (OIE) total do país em 2005, como se pode observar no Gráfico 11.<br />

Gráfico 11 – Estrutura da Oferta Interna de Energia no Brasil em 2005<br />

Outras<br />

4%<br />

Produtos da cana<br />

14%<br />

Lenha e carvão vegetal<br />

13%<br />

Petróleo, gás natural<br />

ederivados<br />

48%<br />

Energia hidráulica<br />

e eletricidade<br />

15%<br />

Carvão mineral e derivados<br />

6%<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

Em termos de evolução da estrutura desta oferta interna de energia, a participação da conta “carvão mineral e derivados”,<br />

por sua vez, manteve-se relativamente estável nos últimos cinco anos, como se pode observar no Gráfico 12.<br />

250.000<br />

Gráfico 12 – Evolução da Oferta Interna de Energia no Brasil<br />

200.000<br />

150.000<br />

mil tep<br />

100.000<br />

50.000<br />

0<br />

1970 2000 2005<br />

Produtos da cana Lenha e carvão vegetal Energia hidráulica e eletricidade<br />

Carvão mineral e derivados<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

Petróleo, gás natural e derivados<br />

Outras


706<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

O carvão mineral consumido no país pode ser classificado em carvão energético (ou vapor) e carvão metalúrgico.<br />

Segundo Gomes et al. (2003), a distinção entre estes tipos de carvão pode ser relacionada à qualidade da<br />

rocha, o que inclui parâmetros tais como a origem, quantidade de carbono e sua história geológica, entre outros.<br />

Especificamente no caso do carvão metalúrgico, a propriedade relevante para aplicação na siderurgia é a sua capacidade<br />

de perder voláteis durante o seu aquecimento, mantendo uma estrutura carbono-hidrogênio porosa de<br />

formato esquelético, oferecendo boa resistência mecânica. O produto obtido a partir do aquecimento deste tipo<br />

de carvão é o coque que, além de fornecer energia térmica para o processo, também dá sustentação mecânica e a<br />

porosidade necessária para percolação dos agentes gaseificantes redutores na formação de produtos metalúrgicos<br />

(CPRM, 2003). O carvão energético, também conhecido como carvão vapor, tem aplicação exclusivamente energética,<br />

na geração de calor para a indústria e em plantas termelétricas.<br />

A Tabela 11 apresenta o balanço total da oferta e consumo de carvão mineral no Brasil, incluindo o carvão vapor<br />

e o carvão metalúrgico. 11 Como se pode observar destes dados, em termos totais, predomina o consumo industrial<br />

de carvão, fato que se explica pela demanda de carvão metalúrgico da siderurgia brasileira. Um panorama mais<br />

desagregado deste consumo revela a diferença de perfis de consumo dos citados tipos de carvão mineral.<br />

Tabela 11 – Carvão Mineral – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano)<br />

Parcela 2003 2004 2005<br />

Produção 4.646 5.406 6.255<br />

Importação 13.493 14.081 13.699<br />

Variação de Estoques, Perdas e Ajustes -14 242 -105<br />

Transformação* 13.382 14.614 14.830<br />

Consumo na indústria 4.743 5.115 5.018<br />

* Geração de energia elétrica e processamento em coquerias<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

O carvão vapor é atualmente suprido pela produção nacional, e destinado principalmente à geração termelétrica<br />

em centrais de serviço público (CESP), como se pode observar na Tabela 12. Uma proporção bastante reduzida<br />

deste carvão é empregada na indústria, para geração de calor. Este combustível apresentou reduções de consumo<br />

consideráveis nos últimos 25 anos, substituindo o atendimento da demanda por calor em fornos rotativos por combustíveis<br />

tais como o coque verde de petróleo. No ano de 2005 respondeu por mais de 66% da demanda de energia<br />

final na indústria cimenteira, que utiliza atualmente as cinzas resultantes da combustão do carvão vapor em termelétricas<br />

brasileiras, com fins de adição ao clínquer, na produção de cimentos tais como o CP-IV. A utilização de carvão<br />

mineral nos demais segmentos industriais inclui (CPRM, 2003): geração de eletricidade e vapor (petroquímica e papel<br />

& celulose) e na secagem de grãos (alimentos & bebidas). Por sua vez, o pequeno consumo de carvão registrado<br />

no modal ferroviário no ano de 1990, deveu-se à utilização deste energético em locomotivas a vapor.<br />

11 O consumo final de energia por fonte é tratado no Capítulo II – Demanda de Energia , sendo que a parte relativa ao carvão mineral está<br />

agregada na rubrica “Outros” das tabelas apresentadas naquele Volume.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 707<br />

Tabela 12 – Carvão Vapor – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano)<br />

Fluxo 1990 2000 2005<br />

Consumo total 4.947 6.967 5.833<br />

Transformação 1 2.758 6.177 5.109<br />

Consumo final energético 2.189 790 724<br />

Transportes 11 0 0<br />

Ferroviário 11 0 0<br />

Industrial 2.178 790 724<br />

Cimento 1.256 12 20<br />

Ferro-gusa e aço 49 11 0<br />

Química 260 167 176<br />

Alimentos e bebidas 232 113 135<br />

Têxtil 8 0 0<br />

Papel e celulose 273 169 124<br />

Cerâmica 80 74 135<br />

Outros 20 244 134<br />

Notas: 1- Utilização para geração de eletricidade.<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

Na Tabela 13 pode ser observada a contabilidade recente do consumo e oferta do carvão metalúrgico no<br />

Brasil. É importante destacar que a dependência do Brasil em relação a este tipo de carvão é bastante elevada, visto<br />

que a produção local é reduzida em relação à demanda existente pela indústria siderúrgica.<br />

Tabela 13 – Carvão Metalúrgico – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano)<br />

Fluxo 1990 2000 2005<br />

Consumo total 10.287 13.226 14.016<br />

Transformação 1 10.287 9.861 9.721<br />

Consumo final na indústria 0 3.365 4.295<br />

Cimento 0 240 0<br />

Ferro-gusa e aço 0 2.227 3.208<br />

Ferro-ligas 0 49 0<br />

Mineração e pelotização 0 541 824<br />

Não-ferrosos e outros da metalurgia 0 214 157<br />

Outros não especificados 0 94 106<br />

Nota: 1 Processado em coquerias.<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

O atendimento à demanda por carvão mineral no Brasil mostrou alteração em seu perfil ao longo do tempo e<br />

a evolução observada para a dependência externa do país quanto a este energético pode ser justificada pelo fato de<br />

que, na década de 70, vigorava um decreto do presidente Getúlio Vargas de 1946 que, de acordo com a Companhia<br />

de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2002), determinava que 20% da produção deveria se destinar à fabricação<br />

de coque para a recém construída Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Com a construção das usinas termelétri-


708<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

cas de Candiota, no Rio Grande do Sul, e de Jorge Lacerda, em Santa Catarina, o perfil da produção começou a mudar.<br />

A partir da década de 90, com a desregulamentação do setor, o carvão metalúrgico nacional, não compatível<br />

com a produção de coque, foi sendo substituído pelo carvão mineral importado. O Gráfico 13 mostra a evolução da<br />

dependência externa do carvão mineral pelo Brasil e os dados do Balanço Energético Nacional mostram que a dependência<br />

externa de carvão está limitada ao seu uso na indústria.<br />

25.000<br />

Gráfico 13 – Dependência Externa de Carvão Mineral<br />

20.000<br />

15.000<br />

mil t<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

1970<br />

1972<br />

1974<br />

1976<br />

1978<br />

1980<br />

1982<br />

1984<br />

1986<br />

1988<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

Dependência Externa<br />

Produção Nacional<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2005<br />

As importações de carvão mineral pelo Brasil se originam basicamente da África do Sul, Austrália, Canadá, China,<br />

Colômbia, EUA, Venezuela e outros. A maior parte vem da Austrália, seguida dos EUA e do Canadá como pode<br />

ser visto no Gráfico 14.<br />

Gráfico 14 – Origem da Importação de Carvão Mineral<br />

Outros<br />

7%<br />

África do Sul<br />

6%<br />

Venezuela<br />

3%<br />

Austrália<br />

34%<br />

EUA<br />

28%<br />

Colômbia<br />

3%<br />

China<br />

6%<br />

Canadá<br />

13%<br />

Fonte: DNPM


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 709<br />

Os Estados Unidos, entretanto, até 2002 eram o maior exportador de carvão para o Brasil, como pode ser visto<br />

no Gráfico 15. Deste país é importado basicamente carvão metalúrgico. A importação da Colômbia e da Venezuela<br />

atende parte da demanda de carvão vapor da indústria cimenteira. A queda na importação a partir de 2002, como<br />

mostra o Gráfico 15, é resultado de uma redução na demanda por carvão vapor (ou carvão energético) após o racionamento<br />

de energia, em 2001.<br />

16.000<br />

Gráfico 15 – Evolução da Importação Brasileira de Carvão<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

1000 t<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

0<br />

1978 1980 1985 1990 1995 2000 2002 2003 2004<br />

África do Sul Austrália Canadá China Colômbia EUA Polônia Venezuela Outros<br />

Fonte: DNPM<br />

Segundo o Borba (2001), a situação atual de dependência externa do país quanto ao carvão mineral não deve<br />

sofrer modificação, pois dificilmente as siderúrgicas brasileiras voltarão a consumir carvão coqueificável proveniente<br />

de Santa Catarina, pela maior adequação do carvão importado a este uso. Além disso, o conhecimento geológico<br />

da jazida de Santa Terezinha, única no país com potencial para atender parte da demanda de carvão metalúrgico, é<br />

apenas preliminar, sem nenhum estudo econômico. Ademais, se trata de jazida situada a profundidades entre 400 e<br />

800 metros, o que implica que sua exploração exige investimentos pesados apenas para a conclusão da fase pesquisa.<br />

Deste fato, pode-se inferir que, no curto prazo, não existem perspectivas de que ela possa se tornar economicamente<br />

viável.<br />

No setor elétrico, por outro lado, o combustível que alimenta as termelétricas a carvão é integralmente produzido<br />

no país. Pesa favoravelmente ao consumo de carvão mineral para geração termelétrica o fato de o grau de nacionalização<br />

dos equipamentos ser superior ao adotado em outras alternativas de geração como o gás natural, por<br />

exemplo. Além disso, a volatilidade dos preços do carvão mineral tem se mostrado comportada em anos recentes,<br />

conforme é apresentado no item 5.2.1, o que configura um elemento de redução de incerteza para investimentos<br />

em geração elétrica. É sempre conveniente lembrar que a expansão da geração termelétrica no Brasil demandará,<br />

além da disponibilidade deste recurso, também de tecnologias que reduzam os impactos ambientais provocados<br />

pelo processo de produção e pelo consumo de carvão.


710<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

3. Potencialidade de Expansão da Geração Termelétrica a Carvão<br />

Historicamente, variáveis como o preço do carvão e a sua produção não exibem correlação satisfatória, não<br />

se mostrando possível estabelecer uma relação entre as duas variáveis que permita projetar o aumento da oferta<br />

no país. Em contraste, a partir dos anos 90 observa-se relativa aderência da produção no atendimento do consumo<br />

(Gráfico 16), sugerindo que a projeção da oferta seja relacionada à evolução da demanda. Tal fato pode ser justificável<br />

considerando-se a preponderância do uso do carvão vapor para a geração elétrica, em que ocorre o projeto<br />

casado da usina com jazidas disponíveis próximas ao empreendimento.<br />

10.000<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

Gráfico 16 – Consumo e Produção de Carvão Energético<br />

mil t<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010<br />

Consumo<br />

Produção<br />

Fonte: SNIEC - http://www.siecesc.com.br/estatisticas/default.htm<br />

Uma vez que a geração termelétrica a carvão se baseia no consumo de carvão de produção nacional, uma maneira<br />

de estimar se a disponibilidade de reservas para esta aplicação é a partir de cálculos considerando qual seria a<br />

potência passível de ser instalada em face ao conhecimento de reservas brasileiras de carvão mineral.<br />

A determinação deste potencial foi realizada considerando-se diferentes graus de disponibilidade do mineral<br />

correlacionados a diferentes níveis de conhecimento e viabilidade econômica das jazidas, tendo sido adotadas as<br />

seguintes gradações: (i) Recursos; (ii) Reservas medidas; (iii) Reservas lavráveis; (iv) Reservas viáveis e pré-viáveis;<br />

(v) Reservas provadas e prováveis. No caso dos dois últimos conceitos, foram considerados os valores de recursos<br />

e reservas apresentadas por Borba (2001), que se baseiam na classificação da ONU, cujos valores são exibidos na<br />

Tabela 14. Na definição DNPM 12 , as reservas provadas e prováveis envolvem aquelas cuja viabilidade econômica é<br />

demonstrada. Por sua vez, os recursos viáveis e pré-viáveis são as que a viabilidade econômica é potencial. Por fim,<br />

os recursos outros representam o somatório das reservas medidas, indicadas e inferidas.<br />

12 Para demonstrar a viabilidade econômica, DNPM (2001) considerou critérios como regularidade do solo, continuidade das jazidas, quantidade<br />

de recursos já minerada, infra-estrutura necessária para a recuperação e escoamento do minério, além do conhecimento geológico<br />

próprio sobre as jazidas. Dessa maneira, as reservas provadas e prováveis podem ser entendidas como a quantidade de carvão mineral, cujo<br />

aproveitamento é economicamente justificável no curto ou médio prazo. Os recursos viáveis e pré-viáveis, por sua vez, podem ser entendidos<br />

como de aproveitamento economicamente justificável no longo prazo.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 711<br />

Tabela 14 – Recursos e Reservas de Carvão Mineral (t)<br />

Estado<br />

Reservas provadas e<br />

prováveis<br />

Recursos viáveis e pré-viáveis<br />

Recursos outros<br />

Paraná 12.112.000 - 83.319.573<br />

Rio Grande do Sul 716.370.000 3.742.614.940 17.950.489.105<br />

Santa Catarina 201.921.000 502.771.000 1.919.314.910<br />

Fonte: Borba (2001)<br />

A estimativa deste potencial de acordo com o conceito de disponibilidade adotado é apresentada na Tabela 15.<br />

Tabela 15 – Potencial de Geração Termelétrica a Carvão<br />

Conceito Reservas/Recursos (t) Potencial c (MW)<br />

Recursos 23.946.280.366 a 80.286<br />

Reservas medidas 6.710.239.785 a 22.007<br />

Reservas lavráveis 6.613.789.762 a 21.813<br />

Recursos viáveis e pré-viáveis 4.245.385.940 b 14.167<br />

Reservas provadas e prováveis 930.393.000 b 2.746<br />

Notas: a- A partir de Borba (2001); b- A partir de DNPM (2001); c- Valores estimados considerando-se os dados de recursos ou de reservas de carvão de cada<br />

conceito, um fator de recuperação das minas de 60%, um percentual aproveitável de 50%, um fator de capacidade médio de 55%, uma eficiência de 35% e<br />

uma vida útil das usinas de 25 anos. Além disso, foi levado em consideração também o poder calorífico do carvão de cada jazida.<br />

Como era de se esperar, os valores acima corroboram o fato de que o potencial de geração termelétrica a carvão<br />

pode variar bastante dependendo das considerações feitas a respeito dos recursos disponíveis. Assim, pode-se interpretar<br />

que sem nenhum investimento adicional em infra-estrutura para aproveitamento das reservas provadas e prováveis<br />

e com as tecnologias de termelétrica existentes, o potencial máximo de geração a carvão seria de 2.746 MW.<br />

Deve-se destacar, por outro lado, que a inserção de tecnologias mais eficientes 13 pode elevar o aproveitamento<br />

dos recursos fazendo com que esse potencial possa ser superior aos apresentados na Tabela 15.<br />

4. Projeção de Consumo de Carvão<br />

4.1. Geração elétrica<br />

4.1.1. Usinas Existentes<br />

A atual capacidade instalada de usinas térmicas a carvão é de 1.415 MW, distribuída nos três estados da região<br />

Sul, como pode ser visto na Tabela 16. A maior capacidade instalada está localizada no estado de Santa Catarina,<br />

somando 857 MW. São usinas de propriedade da Tractebel Energia S/A que formam o complexo Jorge Lacerda, no<br />

município de Capivari de Baixo. O estado do Rio Grande do Sul vem em seguida com 538 MW de potência instalada,<br />

sendo 446 MW no município de Candiota, na usina Presidente Médici de propriedade da CGTEE, 20 MW no município<br />

de São Jerônimo, na usina de mesmo nome também de propriedade da CGTEE e 72 MW no município de Charqueadas,<br />

na usina de mesmo nome de propriedade da Tractebel Energia S/A. Por último, vem o estado do Paraná,<br />

com 20 MW de potência instalada no município de Figueira, usina de mesmo nome da cidade onde está localizada,<br />

de propriedade da Copel Geração S/A.<br />

13 A tecnologia de combustão em leito fluidizado pode apresentar eficiência de 40% e a de gaseificação integrado a ciclo combinado, 45%.


712<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Tabela 16 – Usinas Térmicas a Carvão em Operação no Brasil<br />

Usina Potência (MW) Proprietários Município<br />

Presidente Médici A/B 446 CGTEE Candiota - RS<br />

São Jerônimo 20 CGTEE São Jerônimo - RS<br />

Charqueadas 72 Tractebel Energia S/A Charqueadas - RS<br />

Jorge Lacerda I e II 232 Tractebel Energia S/A Capivari de Baixo - SC<br />

Jorge Lacerda III 262 Tractebel Energia S/A Capivari de Baixo - SC<br />

Jorge Lacerda IV 363 Tractebel Energia S/A Capivari de Baixo - SC<br />

Figueira 20 Copel Geração S/A Figueira - PR<br />

Total 1.415<br />

Fonte: ANEEL, 2006<br />

Das usinas existentes, a que utiliza carvão de maior poder calorífico é a de Figueira (PR), cujo insumo vem da<br />

mina de Cambuí, com poder calorífico de 6.000 kcal/kg, como pode ser visto na Tabela 17. Em seguida, vem a usina<br />

Presidente Médici, que utiliza carvão ROM da jazida de Candiota com poder calorífico que varia de 2.650 a 3.200<br />

kcal/kg. A mina que apresenta carvão com menor poder calorífico é a de Barro Branco que alimenta as usinas do<br />

complexo Jorge Lacerda.<br />

Tabela 17 – Características do Carvão Brasileiro Utilizados em Geração Termelétrica<br />

Usina Jazida Poder calorífico (kcal/kg)<br />

Presidente Médici Candiota 2.650-3.200<br />

São Jerônimo Leão 3.700-4.200<br />

Chaqueadas Charqueadas 3000-3600<br />

Jorge Lacerda I e II Sul Catarinense 4.500<br />

Jorge Lacerda III Sul Catarinense 4.500<br />

Jorge Lacerda IV Sul Catarinense 4.500<br />

Figueiras Cambuí 6.000<br />

Fonte: Eletrobrás, Barbosa et al., 1999, Gomes et al.,2003<br />

De acordo com dados do ONS, a geração das termelétricas a carvão foi de 6.107 GWh em 2005, sendo a maior<br />

parte produzida pelo complexo Jorge Lacerda, no estado de Santa Catarina, como mostra o Gráfico 17.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 713<br />

Gráfico 17 – Geração Térmica a Carvão em 2005<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

GWh<br />

1.000<br />

500<br />

-<br />

Figueiras<br />

(PR)<br />

Fonte: ONS, 2006<br />

Jorge<br />

Lacerda IV<br />

(SC)<br />

Jorge<br />

Lacerda III<br />

(SC)<br />

Jorge<br />

Lacerda I e II<br />

(SC)<br />

Presidente<br />

Médici (RS)<br />

São Jerônimo<br />

(RS)<br />

Charqueadas<br />

(RS)<br />

Com exceção do módulo IV do complexo Jorge Lacerda, todas as usinas têm mais de vinte anos de operação.<br />

Ainda assim, o parque instalado opera com um fator de capacidade médio de 49%, sendo que somente as<br />

usinas de São Jerônimo e de Charqueadas têm níveis de utilização menores que 40%. O Gráfico 18 apresenta os<br />

fatores de capacidade médios de cada usina no ano de 2005, calculados a partir dos dados de potência instalada<br />

e da geração verificada.<br />

Gráfico 18 – Fatores de Capacidade Médios em Usinas Termelétricas no Brasil<br />

Charqueadas (RS)<br />

São Jerônimo (RS)<br />

Presidente Médici (RS)<br />

Jorge Lacerda I e II (SC)<br />

Jorge Lacerda III (SC)<br />

Jorge Lacerda IV (SC)<br />

Figueiras (PR)<br />

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%<br />

Com os dados de poder calorífico do carvão que alimenta cada usina e considerando uma eficiência média<br />

das termelétricas de 33%, pôde-se chegar ao consumo de carvão mineral em 2005 de 5,6 milhões de toneladas. O<br />

Gráfico 19 apresenta o consumo estimado de carvão mineral em cada uma destas usinas.


714<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Gráfico 19 – Consumo de Carvão nas Termelétricas<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

mil t<br />

1.000<br />

500<br />

-<br />

Presidente<br />

Médici<br />

São Jerônimo<br />

Chaqueadas<br />

Jorge<br />

Lacerda I e II<br />

Jorge<br />

Lacerda III<br />

Jorge<br />

Lacerda IV<br />

Figueiras<br />

4.1.2. Novas termelétricas a carvão<br />

Dois novos empreendimentos na região Sul, com possibilidade de entrada em operação no horizonte decenal<br />

são as usinas de Candiota III com 350 MW e Jacuí também com 350 MW, conforme indicado na Tabela 18. A energia<br />

da UTE Candiota III já foi totalmente contratada no leilão de energia nova realizado em dezembro de 2005 14 .<br />

Tabela 18 – Novas Usinas Termelétricas a Carvão Mineral<br />

Usina Empresa Município UF Potência (MW) Início de operação<br />

Jacuí ELEJA Charqueadas RS 350<br />

(12)<br />

Candiota III CGTEE Candiota RS 350 2010<br />

Total 700<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

A usina de Candiota III será alimentada com carvão da jazida de Candiota, que tem poder calorífico entre 2.650<br />

e 3.200 kcal/kg e a de Jacuí com o da jazida Leão (mina Leão II), cujo poder calorífico é 3.500 kcal/kg.<br />

Os resultados do PDE 2007/2016 indicam que, para o atendimento da trajetória inferior de demanda estudada,<br />

além dos 350 MW da usina de Candiota III, 1.100 MW adicionais serão necessários em 2012 na região Sul e outros<br />

700 MW no Nordeste neste mesmo ano. Este montante indicativo de capacidade de geração pode ser atendido<br />

através de diversas opções de geração termelétrica que totalizem esta capacidade total. Para o atendimento da trajetória<br />

superior de demanda seriam adicionalmente necessários 650 MW na região Sul, sendo 400 MW em 2013, 200<br />

MW em 2015 e 50 MW em 2016.<br />

Neste sentido, além da mencionada UTE Jacuí, encontram-se em fase de estudos de viabilidade técnica, econômica<br />

e socioambiental, cinco outros projetos (Tabela 19) que totalizam uma potência instalada de 2.103 MW (<strong>EPE</strong>,<br />

2006b). Não se descarta também a possibilidade de construir usinas a carvão importado, aproveitando-se das sinergias<br />

dos portos nacionais e dos navios que levam minérios para o exterior e voltam vazios, podendo trazer carvão<br />

de outros países com um custo de transporte bem menor.<br />

14 Observa-se que a UTE Jacuí também participou com sucesso no leilão de energia nova realizado em dezembro/2005. Ao contrário da UTE<br />

Candiota, seu processo de contratação, contudo, ainda não havia sido concretizado no momento da elaboração deste documento.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 715<br />

Tabela 19 – Projetos de Usinas Termelétricas a Carvão Mineral em Estudo<br />

Usina Empresa Município UF Potência (MW)<br />

Seival COPELMI Candiota RS 562<br />

CTSul CTSul Cachoeira do Sul RS 650<br />

CTSul II CTSul Cachoeira do Sul RS 325<br />

USITESC USITESC Treviso SC 440<br />

Figueira II Copel Figueira PR 126<br />

Total 2.103<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

Segundo DNPM (2001), a entrada em operação de tais usinas não deve causar pressão na demanda de carvão,<br />

visto que os projetos são casados, ou seja, só são planejados e viabilizados na medida em que há reservas disponíveis<br />

na boca da mina ou suficientemente próximas, bem como capacidade mineira instalada, ou passível de instalar,<br />

para atendê-las. A Tabela 20 apresenta as jazidas associadas a cada projeto, bem como, o poder calorífico do carvão<br />

oriundo delas.<br />

Tabela 20 – Jazidas Associadas aos Novos Projetos de Geração Termelétrica a Carvão Mineral<br />

Projetos Jazida Poder Calorífico (kcal/kg)<br />

Seival Candiota 3.200<br />

CTSUL Iruí/Capané 3.200<br />

CTSUL II Iruí/Capané 3.200<br />

USITESC Sul Catarinense 2.800<br />

Figueira II Sapopema 4.900<br />

Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006b<br />

Para fins de projeção de consumo de carvão mineral, assumiu-se que o fator de capacidade médio das usinas<br />

existentes evoluiria para 62% e o das novas instalações seria de 70%. Com isso, a geração termelétrica a carvão passaria<br />

dos atuais 6.107 GWh de produção anual para 21.046 GWh, como apresenta o Gráfico 20.


716<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Gráfico 20 – Projeção da Geração Termelétrica a Carvão<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

GWh<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Carvão Indicativo (NE)<br />

Carvão Indicativo (Sul) Candiota III (RS) Charqueadas (RS) São Jerônimo (RS)<br />

Presidente Médici (RS) Jorge Lacerda I e II (SC) Jorge Lacerda III (SC) Jorge Lacerda IV (SC) Figueiras (PR)<br />

Dessa maneira, o consumo de carvão das termelétricas existentes passaria para 7 milhões de toneladas em<br />

2016. Para o atendimento da trajetória inferior de demanda estudada, o consumo adicional das usinas necessárias<br />

na região Sul, no horizonte do PDEE 2007/2016, seria de mais 4,7 milhões de toneladas e de 1,9 milhões no Nordeste,<br />

considerando um carvão importado com 6.000 kcal/kg de poder calorífico. O Gráfico 21 apresenta a evolução<br />

estimada do consumo de carvão mineral para geração termelétrica. Assim, totalizar-se-ia uma demanda total de<br />

carvão mineral em torno de 13,6 milhões de toneladas em 2016, apenas para geração termelétrica.<br />

Para o atendimento da trajetória superior de demanda, o consumo previsto pelas térmicas que seriam adicionalmente<br />

necessárias é da ordem de 3,2 milhões de toneladas em 2016.<br />

16.000<br />

Gráfico 21 – Estimativa de Evolução do Consumo de Carvão no<br />

Setor Elétrico no Horizonte do Plano Decenal de Energia<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

mil t<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

-<br />

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Importação Expansão Existentes


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 717<br />

4.2. Outros Usos do Carvão Mineral<br />

A estimativa da demanda de carvão mineral para outros usos adota como ferramenta de simulação o Modelo<br />

Integrado de Planejamento Energético - MIPE, 15 utilizado na estimativa da demanda de energia no longo prazo, no<br />

âmbito do PNE 2030.<br />

O cenário econômico utilizado para quantificar a demanda de carvão mineral, neste Plano Decenal, correspondeu<br />

ao denominado Surfando a Marola 16 , adotando-se uma faixa de variação de crescimento do PIB brasileiro<br />

no período. Ademais, também relevante é destacar que, em termos de estrutura qualitativa da demanda setorial de<br />

energia, esta manteve as premissas de uso de energia estabelecidas neste cenário.<br />

Ainda que o consumo de carvão vapor devido aos demais setores (exclusive termeletricidade) apresente participação<br />

reduzida no total, estas linhas gerais qualitativas são relevantes no caso do consumo de carvão metalúrgico,<br />

onde a indústria, especificamente a produção de ferro-gusa e aço, apresenta o maior peso. Neste caso, uma premissa<br />

com implicação importante é a de que a planta típica para expansão das unidades integradas é baseada no<br />

consumo de coque de carvão mineral, o que implica a redução da participação de outras tecnologias de redução do<br />

minério de ferro, como é o caso das usinas integradas a carvão vegetal. Em todos os cenários supôs-se a entrada em<br />

operação, entre 2010 e 2015, de uma planta de redução direta do minério de ferro a partir do uso de gás natural no<br />

Nordeste, com capacidade anual de produção de 1,5 milhão de toneladas de ferro esponja, com consumo associado<br />

de gás natural de 1,8 milhão m 3 /dia. A evolução da estrutura tecnológica neste segmento industrial é apresentada<br />

no Gráfico 22.<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

Gráfico 22 – Participação das Tecnologias de Redução na Siderurgia por Cenário<br />

%<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2004 2010 2015 2020 2025 2030<br />

Fonte: PNE 2030<br />

Integradas a coque de c. mineral<br />

Forno elétrico a arco<br />

Integradas a carvão vegetal<br />

Redução direta<br />

A estimativa da demanda de carvão mineral na indústria é apresentada na Tabela 21, observando-se a manutenção<br />

da participação do carvão metalúrgico em torno de 91% do total consumido no país nos cenários considerados<br />

neste Plano Decenal.<br />

15 O MIPE é um modelo técnico-econômico de projeção de demanda e de oferta de energia e de emissões de CO2 advindos do uso de<br />

energia. O modelo permite avaliar a implicação de cenários prospectivos de padrões de uso da energia e estilos de desenvolvimento nas<br />

trajetórias de demanda e de oferta de energia projetadas para o Brasil para o horizonte de análise.<br />

16 Os cenários macroeconômicos são apresentados no Capítulo II – Demanda de Energia, deste PDE.


718<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Tabela 21 – Estimativa da Demanda de Carvão Mineral em Outros Usos Exclusive<br />

a Termeletricidade – Limite Superior da Faixa<br />

Carvão 2010 2016<br />

Vapor<br />

Mil tep 456 666<br />

Mil ton 1 1.471 2.148<br />

Metalúrgico<br />

Mil tep 4.604 7.214<br />

Mil ton 2 6.197 9.709<br />

Nota: 1- Considerando um poder calorífico médio de 3.300 kcal/kg; 2- Considerando<br />

o carvão metalúrgico importado como referência.<br />

Tabela 22 – Estimativa da Demanda de Carvão Mineral em Outros usos<br />

Exclusive a Termeletricidade – Limite Inferior da Faixa<br />

Carvão 2010 2016<br />

Vapor<br />

Mil tep 442 626<br />

Mil ton 1 1.426 2.019<br />

Metalúrgico<br />

Mil tep 4.465 6.779<br />

Mil ton 2 6.009 9.124<br />

Notas: 1- Considerando um poder calorífico médio de 3.300 kcal/kg; 2-<br />

Considerando o carvão metalúrgico importado como referência.<br />

Gráfico 23 – Evolução da Demanda Total de Carvão Mineral até 2016 para<br />

Outros Usos Exclusive a Termeletricidade<br />

7.200<br />

6.700<br />

6.200<br />

5.700<br />

mil tep<br />

5.200<br />

4.700<br />

4.200<br />

3.700<br />

3.200<br />

2004 2010 2015 2016<br />

Limite superior<br />

Limite inferior


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 719<br />

4.3. Consolidação dos Dados de Demanda por Carvão Mineral<br />

A partir da estimativa da demanda de carvão mineral obtida para os setores de consumo correspondentes<br />

- geração termelétrica e indústria -, apresenta-se a totalização da demanda no horizonte deste Plano Decenal, como<br />

pode ser visto na Tabela 23 e no Gráfico 24.<br />

Assim, neste horizonte, a demanda de carvão mineral situa-se em faixas que variam entre 24,7 e 28,7 milhões<br />

de toneladas em 2016, das quais o carvão vapor para geração elétrica corresponderá à maior parte.<br />

Tabela 23 – Estimativa da Demanda Total de Carvão Mineral (mil toneladas)<br />

Carvão 2010 2016<br />

Limite inferior 15.649 24.731<br />

Carvão vapor- eletricidade 8.034 13.588<br />

Carvão vapor - indústria 1.426 2.019<br />

Carvão metalúrgico - indústria 6.009 9.124<br />

Limite superior 15.702 28.690<br />

Carvão vapor- eletricidade 8.034 16.833<br />

Carvão vapor - indústria 1.471 2.148<br />

Carvão metalúrgico - indústria 6.197 9.709<br />

Notas: 1- Considerando um poder calorífico médio de 3.300 kcal/kg; 2- Considerando o carvão metalúrgico importado<br />

como referência.<br />

Gráfico 24 – Evolução da Demanda Total de Carvão Mineral até 2016<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

mil t<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

-<br />

2004<br />

2010<br />

2015<br />

2016<br />

Limite inferior<br />

Limite superior


720<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

5. Perspectivas de Preços de Carvão Mineral<br />

5.1. Cenários de Preços Internacionais<br />

5.1.1. Preço do Produto<br />

Conforme já mencionado, ao contrário do que ocorre com o petróleo e com o gás natural, as reservas do carvão<br />

se distribuem geograficamente de maneira muito mais eqüitativa. Por um lado, isso representa uma forte vantagem<br />

competitiva do carvão frente aos outros combustíveis fósseis em termos de mercados domésticos. Por outro,<br />

resulta em um fluxo internacional do produto relativamente pequeno.<br />

Dessa maneira, diferentemente do petróleo, o comércio internacional é pouco expressivo, tanto que o carvão<br />

mineral não tem, nem mesmo, preços internacionais cotados em bolsas de negociação de commodities (BORBA,<br />

2001). Os contratos são normalmente negociados bilateralmente, caracterizando um mercado pulverizado, já que a<br />

produção é, na maioria dos casos consumida localmente, conforme indica o Gráfico 25.<br />

1.600<br />

Gráfico 25 – Consumo x Produção de Carvão Mineral no Mundo<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

Mtep<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

América do<br />

Norte<br />

América Latina<br />

Europa e Oriente Médio África Ásia Pacífico<br />

Eurásia<br />

Fonte: BP, 2006<br />

Consumo<br />

Produção<br />

Nos últimos anos, principalmente por causa de pressões ambientais, o carvão como recurso energético tem<br />

perdido participação no setor energético, principalmente, para o gás natural. Este fato é especialmente representativo<br />

nos países mais desenvolvidos. Segundo a Agência Internacional de Energia – AIE (IEA, 2005), nos anos<br />

1970 a produção de carvão dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE<br />

representava 50% do total mundial; nos anos 1980 e 1990 esta participação caiu para 40% e, em 2004, está em 31%.<br />

Atualmente, entretanto, vários países têm voltado a atenção novamente para o carvão mineral, especialmente por<br />

causa do aumento do preço do petróleo. Para se ter uma idéia, nos anos 1990 o preço do óleo girava em torno dos<br />

US$ 25 o barril, em 2005 chegou, em média, perto dos US$ 60/barril, como apresenta o Gráfico 26.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 721<br />

Gráfico 26 – Preços de Petróleo<br />

60<br />

50<br />

40<br />

US$/b<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

(US$2005/barrel) US IRAC (US$2005/barrel) WTI (US$2005/barrel) Dubai<br />

(US$2005/barrel) Brent<br />

(US$2005/barrel) Nigerian<br />

Fonte: Country Watch Forecast<br />

A exemplo do petróleo, o preço do gás natural, que era razoavelmente constante nos anos 1990, deu um salto<br />

importante nos últimos anos, como pode ser visto no Gráfico 27.<br />

12<br />

Gráfico 27 – Preços de Gás Natural<br />

10<br />

8<br />

US$/MMBtu<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

(US$2005/mmbtu) US Henry Hub (US$2005/mmbtu) European Union (US$2005/mmbtu) Japan LNG<br />

Fonte: Country Watch Forecast


722<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

A opção pelo carvão se deve, em grande parte, à estabilidade dos seus preços, que aumenta a segurança no<br />

atendimento à demanda da população. Os preços do mineral na década de 1990 eram decrescentes, como pode ser<br />

verificado no Gráfico 28, por conta, principalmente, da expansão do uso do gás natural. Atualmente, mesmo com o<br />

aumento do preço do petróleo e do gás natural, não há uma variação significativa. Na Europa e no Japão nota-se uma<br />

variação maior que nos EUA, mas isso é devido mais ao custo do transporte do que propriamente ao preço do carvão.<br />

3,5<br />

Gráfico 28 – Preços de Carvão Mineral<br />

3<br />

2,5<br />

US$/ 2005/MMBtu<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

(US$2005/mmbtu) US Electric Plants (US$2005/mmbtu) Northwest Europe (US$2005/mmbtu) Japan Steam Coal Imports<br />

Fonte: Country Watch Forecast<br />

Por causa da inexistência de mercados de commodities internacionais de carvão mineral, não há muitas referências<br />

quanto a projeções de seus preços. As poucas que existem não projetam grandes variações nos preço do<br />

combustível. Na projeção da Agência Internacional de Energia - AIE (IEA, 2005), é assumido que o preço de carvão<br />

na Europa (North West Europe Market), que chegou a US$ 61 por tonelada em 2005, segundo dados da British Petroleum<br />

(BP, 2006), irá reduzir aos poucos se estabilizar no patamar de US$ 40 por tonelada em 2010, retomando,<br />

após esse ano, uma trajetória levemente ascendente, como apresenta o Gráfico 29. Este aumento é menor que o do<br />

preço do petróleo e do gás natural, assumidos nos cenários da AIE.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 723<br />

80<br />

Gráfico 29 – Projeção de Preços de Carvão na Europa<br />

70<br />

60<br />

50<br />

US$/t<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Histórico<br />

Projeção<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

2006<br />

2008<br />

2010<br />

2012<br />

2014<br />

2016<br />

Fonte: IEA, 2005; BP, 2006<br />

Apesar do salto do preço no ano de 2004, a AIE entende que esta variação não é duradoura e que os preços<br />

voltarão rapidamente à média praticada nos anos 1990, ou seja, que a elevação dos preços na época foi somente<br />

conjuntural.<br />

Um valor em torno de US$ 40 por tonelada também é projetado pelo EIA/DOE (EIA/DOE, 2006) para o carvão<br />

proveniente das minas do Appalachia (Appalachian mines). Porém, ao contrário do que ocorre no cenário da AIE, o<br />

EIA/DOE projeta um aumento de preços entre 2005 e 2010 e, a partir de então, os mesmos voltam a cair. Esta variação,<br />

entretanto, não é brusca. A variação do preço projetado do carvão proveniente do Oeste é bem pequena, em<br />

torno de 2%, como pode ser visto no Gráfico 30.<br />

45<br />

Gráfico 30 – Projeção de Preços de Carvão nos EUA<br />

40<br />

35<br />

30<br />

US$/t<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

-<br />

Histórico<br />

Projeção<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

2006<br />

2008<br />

2010<br />

2012<br />

2014<br />

2016<br />

Appalachia West Interior Média<br />

Fonte: EIA/DOE


724<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Os dados apresentados e as projeções sugerem que preço do carvão no mundo é afetado apenas marginalmente<br />

pela variação dos preços do petróleo e do gás natural. O principal impacto é indireto, que diz respeito ao<br />

aumento dos custos de transporte.<br />

O Gráfico 31 apresenta a evolução dos preços internacionais do petróleo, do gás natural e do carvão mineral<br />

entre 1990 e 2005. Nota-se uma forte tendência de crescimento do preço do petróleo (Brent) a partir de 1998 até o<br />

ano 2000 e uma retomada da tendência de alta no ano 2002. O preço do gás natural, por outro lado, permaneceu<br />

razoavelmente estável até o ano de 2000. A partir de então, percebe-se maior variabilidade, com tendência de crescimento.<br />

Já o preço do carvão teve uma forte queda até o ano 2003, quando esta tendência se reverte. O atual patamar<br />

de preço, porém, ainda está muito abaixo do verificado em 1990. Essas evoluções evidenciam ser pequena, ou eventualmente<br />

nem existir, a relação do preço internacional do carvão mineral com o preço do petróleo e do gás natural.<br />

10<br />

Gráfico 31 – Preços de Internacionais do Petróleo, Gás Natural e Carvão Mineral<br />

60<br />

US$ / MM Btu<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

27,08 27,29<br />

27,52<br />

30<br />

25,57 31,16<br />

25,18<br />

4,83<br />

21,95 21,12<br />

22,87<br />

4,54<br />

20,04<br />

20,99<br />

3,36<br />

2,94<br />

3,03<br />

3,66<br />

2,81<br />

20<br />

2,67 2,74<br />

3,52<br />

15,07<br />

2,43 2,44<br />

2,65<br />

53,07<br />

8,82<br />

50<br />

40,13<br />

40<br />

6,08<br />

32,58<br />

33,25<br />

2,3<br />

2,01<br />

2,47<br />

2,34 2,44<br />

2,49<br />

2,28 2,09<br />

2,25<br />

1,98<br />

1,72<br />

1,63 1,75 1,67 1,55 1,75<br />

1,98 10<br />

US$ / b<br />

0<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

0<br />

(US$2005/mmbtu) US Henry Hub (US$2005/mmbtu) Japan Steam Coal Imports (US$2005/barrel) Brent<br />

Fonte: Country Watch Forecast<br />

5.1.2. Frete<br />

Uma parte importante do preço do carvão importado é determinada pelo custo do frete. Em 2004, mais de<br />

750 milhões de toneladas de carvão foram comercializadas internacionalmente (IEA, 2005) e 90% desse volume foi<br />

transportado por navios de grande tonelagem, como ilustrado na Figura 4. O custo de transporte de carvão, neste<br />

caso, costuma ser bem alto. Para se ter uma idéia, em 2004, o preço-CIF (incluindo seguro e frete) de uma tonelada<br />

de carvão metalúrgico no Japão era, praticamente, de US$ 61 (BP, 2006) e o custo do frete chegou a 49,50 US$/t, segundo<br />

dados do Coal Market Inteligence (disponível em , acesso em junho de 2006).


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 725<br />

Figura 4 – Transporte Internacional do Carvão<br />

Fonte: reprodução de <br />

Do volume de carvão mineral comercializado no mercado internacional em 2004, 70% referiram-se ao carvãovapor,<br />

de uso principal na geração termelétrica. Importa ressaltar que em 1995 essa proporção era de 40% (IEA, 2005).<br />

Uma boa referência de preço do carvão, na hipótese de importação do mineral pelo Brasil, é o carvão da África<br />

do Sul, seja pela quantidade comercializada do carvão sul-africano no mercado internacional, seja por sua qualidade<br />

e localização estratégica em relação ao Brasil. Conforme os estudos da <strong>EPE</strong> para o PNE 2030 (<strong>EPE</strong>, 2006), o preço<br />

do frete marítimo, estimado para a distância entre África do Sul e Rio de Janeiro com base no custo do frete entre<br />

África do Sul - Europa (ARA – Amsterdam, Rotterdam e Antuérpia), situava-se em US$ 18 por tonelada.<br />

5.1.3. Preço CIF<br />

Considerando o exposto nos itens precedentes, pode-se compor uma referência para o preço-CIF de longo<br />

prazo do carvão importado no Brasil na faixa de US$ 60 por tonelada. Dependendo da característica do carvão (teor<br />

de cinzas, teor de enxofre, etc.), esse preço poderá atingir valores de US$ 70 por tonelada. Por outro lado, condições<br />

específicas de importação, por exemplo combinação com a exportação de minério de ferro ou produtos siderúrgicos,<br />

poderão tornar atrativo o frete internacional do carvão. Assim, considera-se razoável trabalhar com preços CIF<br />

no intervalo de US$ 50 a US$ 70 por tonelada.<br />

5.2. Cenários de Preços para o Carvão Nacional<br />

5.2.1. Antecedentes<br />

No Brasil, a exemplo do comportamento do mercado internacional, o preço do carvão mineral evoluiu em<br />

uma trajetória decrescente, porém mantém-se relativamente constante nos últimos 10 anos, como mostra o Gráfico<br />

32. A forte queda observada entre 1988 e 1994 é atribuída à desregulamentação do setor. De fato, a partir dessa<br />

desregulamentação o carvão metalúrgico nacional, que possui um alto teor de cinzas e de enxofre, foi sendo substituído<br />

pelo importado, mais adequado à coqueificação. A perda do mercado foi em parte compensada pela construção<br />

das usinas termelétricas de Candiota, no Rio Grande do Sul, e de Jorge Lacerda, em Santa Catarina, quando os<br />

preços começaram a se estabilizar.


726<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

90<br />

Gráfico 32 – Preço do Carvão Nacional<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

US$/t<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

-<br />

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004<br />

Fonte: Borba, 2001 (para o período 1988-2000);<br />

Anuário Mineral Brasileiro (para o período 2001-2004, obtido pela divisão entre o valor e produção de carvão).<br />

O consumo de carvão nacional nos últimos anos tem se mantido relativamente estável, como pode ser visto<br />

no Gráfico 33. Essa situação deve mudar nos próximos anos, em função da entrada em operação de alguns projetos<br />

de geração termelétrica a carvão. Porém, o aumento do consumo não deve causar pressões de demanda, visto que<br />

os projetos são casados com a abertura de novas minas. Ou seja, integram esses projetos as reservas disponíveis<br />

“boca de mina” ou suficientemente próximas, bem como capacidade mineira instalada ou passível de instalar, para<br />

atendê-los (Borba, 2001).<br />

7.000<br />

Gráfico 33 – Consumo de Carvão Energético no Brasil<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

mil t<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

-<br />

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004<br />

Fonte: Borba, 2001; Anuário Mineral Brasileiro


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 727<br />

A utilização do carvão nacional tem-se justificado apenas em usinas localizadas próximas às minas, portanto<br />

na região Sul. Usinas a carvão em outras regiões demandariam preferencialmente carvão importado.<br />

Procurou-se estabelecer um parâmetro de preço para o carvão nacional a partir de uma referência internacional<br />

selecionada, indicativo de sua competitividade com o combustível importado.<br />

Nessas condições, buscou-se determinar, de forma simplificada, uma curva limite de competitividade que estabelece<br />

o preço máximo do carvão nacional, em R$/t, em função do poder calorífico, acima do qual deixaria de ser<br />

competitivo em relação a um preço de referência do carvão importado.<br />

Para efeito de cálculo tomou-se por base os estudos do PNE 2030 (<strong>EPE</strong>, 2006) em que a referência foi carvão da<br />

África do Sul. De acordo com esses estudos, o preço internacional do carvão da África do Sul, FOB-porto de origem,<br />

estava em torno de US$ 52 por tonelada, em fins de 2004. Considerando o preço do frete marítimo de US$ 18 por<br />

tonelada, chega-se a um preço-CIF de US$ 70 por tonelada (CIF-porto no Brasil). Considerando um poder calorífico<br />

de 6.000 kcal/kg para esse carvão, a curva de limite de competitividade obtida é apresentada no Gráfico 34.<br />

140,00<br />

Gráfico 34 – Carvão Nacional: Limite de Competitividade<br />

120,00<br />

Preço (R$/ton)<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

2.900 3.100 3.300 3.500 3.700 3.900 4.100 4.300 4.500 4.700 4.900 5.100 5.300 5.500 5.700 5.900 6.100 6.300 6.500 6.700<br />

Poder Calorífico (kcal/kg)<br />

Para formar uma idéia da competitividade atual do carvão nacional, podem ser comparados os preços atualmente<br />

praticados no país (Tabela 24) com a curva apresentada nesse gráfico. Observa-se que a mineração em<br />

Candiota é a céu aberto e a mineração em Santa Catarina é subterrânea e que o carvão de Jorge Lacerda sofre beneficiamento,<br />

resultando, portanto em preço mais elevado que o de Candiota. Os valores dessa tabela indicam que<br />

o preço do carvão de Candiota fica abaixo do valor limite indicado no Gráfico 34, confirmando sua competitividade<br />

em relação ao carvão importado, o que não ocorre com o carvão de Santa Catarina.<br />

Tabela 24 – Preço do Carvão para Usinas Selecionadas<br />

Mina Usina Poder Calorífico Preço CIF-usina<br />

Candiota P. Médici 3.200 kcal/kg R$ 38/t<br />

SIESESC J. Lacerda 4.500 kcal/kg R$ 127/t<br />

Fonte: Eletrobrás


728<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

5.2.2. Projeção<br />

A projeção do preço do carvão neste trabalho foi baseada em um modelo econométrico adotado pelo Departamento<br />

de Energia dos EUA (EIA/DOE, 2005). Este modelo faz parte do módulo do mercado de carvão do sistema<br />

de modelos energéticos do referido departamento, o NEMS (National Energy Modeling System’s). Tal modelo relaciona<br />

o preço do carvão na “boca da mina” com a capacidade de utilização das mesmas, com a capacidade produtiva,<br />

a produtividade da mão-de-obra e os custos de produção.<br />

No Brasil, a disponibilidade de dados é sempre uma restrição para construir séries históricas necessárias para<br />

determinados estudos. Para contornar este problema, foi necessário adotar várias aproximações de cada indicador,<br />

como será visto a seguir.<br />

As principais fontes de dados para o setor de carvão são:<br />

• Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Carvão (SNIEC), cujos dados estão disponíveis no site ;<br />

• Anuário Mineral Brasileiro, disponível no site do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),<br />

;<br />

• Balanço Energético Nacional, disponível do site da Empresa de Pesquisa Energética (<strong>EPE</strong>), e do Ministério de Minas e Energia (MME), .<br />

A regressão econométrica foi feita tendo o preço como variável independente e, como variáveis explicativas, a<br />

capacidade produtiva e a produtividade da mão-de-obra.<br />

A série de preços foi obtida do Balanço Mineral Brasileiro (Borba, 2001), um relatório do DNPM publicado em<br />

2001, e do Anuário Mineral Brasileiro. Do Balanço Mineral Brasileiro foi obtida a série do período 1988/2000. Para o<br />

período 2000/2004, dividiu-se o valor total da produção de carvão pela produção propriamente dita. Em seguida,<br />

atualizaram-se os preços para 2004, com base nos deflatores da base de dados do IPEA, disponíveis no site . A série de preços para o período 1988/2004 é a apresentada no Gráfico 32.<br />

Para se obter uma série de dados de capacidade produtiva foi assumido que a capacidade máxima de produção<br />

foi obtida em 1985, quando se verificou um pico de produção do carvão mineral, conforme apresenta o Gráfico 35.<br />

25.000<br />

Gráfico 35 – Produção de Carvão Mineral ROM por Estado<br />

20.000<br />

15.000<br />

mil t<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

1.980 1.982 1.984 1.986 1.988 1.990 1.992 1.994 1.996 1.998 2.000 2.002 2.004<br />

Fonte: SNIEC<br />

R.G.doSul S.Catarina Paraná


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 729<br />

Assim, nas condições acima descritas, tem-se que a utilização da capacidade produtiva teórica das mineradoras<br />

de carvão foi de 50%, em 2005, com uma leve tendência de alta, como indica o Gráfico 36.<br />

100<br />

Gráfico 36 – Evolução da Utilização da Capacidade Produtiva das Mineradoras<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

%<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

1980<br />

1982<br />

1984<br />

1986<br />

1988<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

Para estimar a produtividade da mão-de-obra, em termos de tonelada extraída por mineiro, por hora, utilizouse<br />

como aproximação a relação entre a produção anual de carvão mineral, o quantitativo de mão-de-obra empregada<br />

e o número de horas de trabalho no ano, dados disponíveis no SNIEC. A evolução desse indicador é apresentada<br />

no Gráfico 37.<br />

4,50<br />

Gráfico 37 – Produtividade da Mão-de-Obra<br />

4,00<br />

3,50<br />

3,00<br />

t/empr/hora<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

-<br />

2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Fonte: construído a partir de dados do SNIEC


730<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

Como se vê, no período apresentado no Gráfico 37 nota-se uma pequena perda de produtividade da mão-deobra,<br />

mas com sinalização de retomada dos ganhos de produtividade.<br />

Apesar da escassez de dados, pode-se perceber uma relação positiva entre o preço do carvão e o nível de utilização<br />

da capacidade produtiva das minas e uma relação inversa dos preços com a produtividade da mão-de-obra,<br />

como indica o Gráfico 38.<br />

80,00<br />

Gráfico 38 – Indicadores*<br />

70,00<br />

60,00<br />

50,00<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

10,00<br />

-<br />

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006<br />

Capacidade de Utilizada (%) Preço (US$/t) Produtividade da MO (t/empr/hora)<br />

* O indicador “Produtividade da MO” foi multiplicado por dez para ficar na mesma escala dos demais<br />

Com essas informações, procedeu-se à regressão linear, obtendo-se a seguinte equação:<br />

P = 38 – 0,69 ProdMO + 0,98 CapUt<br />

onde:<br />

P é o preço do carvão mineral,<br />

ProdMO é produtividade da mão-de-obra e<br />

CapUt é a capacidade utilizada das minas.<br />

A partir da equação acima, e assumindo que os preços do carvão não são sensíveis à variação do preço do<br />

petróleo e do gás natural, e considerando, como referência, um carvão “médio” nacional com poder calorífico de<br />

3.900 kcal/kg, foram feitas projeções para os seguintes três cenários relativos à produtividade da mão-de-obra e da<br />

utilização da capacidade produtiva:<br />

• Cenário 1: manteve-se constante a produtividade da mão-de-obra no patamar de 2005 (3,0 toneladas por<br />

empregado-hora) durante todo o horizonte de estudo e elevou-se linearmente o nível de utilização da capacidade<br />

produtiva das minas, passando de 50%, observado em 2005, para 70% em 2016.<br />

• Cenário 2: procedeu-se de maneira inversa, mantendo-se constante o nível de utilização da capacidade<br />

produtiva das minas no patamar de 2005 (da ordem de 50%) e elevando-se linearmente a produtividade da mãode-obra<br />

para 5,7 toneladas por empregado-hora.<br />

• Finalmente, no último cenário (cenário 3), deixou-se variar tanto o nível de utilização da capacidade produtiva<br />

das minas, quanto a produtividade da mão-de-obra, na mesma magnitude dos cenários anteriores.<br />

Os resultados dos três cenários são apresentados no Gráfico 39.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 731<br />

Gráfico 39 – Cenários de Preços para Carvão Energético Nacional<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

US$/t<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Série Histórica<br />

No cenário 1, tem-se um aumento no preço do carvão, que, ao longo do período decenal, evoluiria do patamar<br />

atual (em torno de US$ 35 por tonelada) para próximo a US$ 40 por tonelada. Ao contrário, aumentando-se a produtividade<br />

da mão-de-obra (cenário 2), tem-se uma queda no preço, que poderia cair para até US$ 25 por tonelada,<br />

no horizonte de 10 anos. No cenário 3, que é uma combinação dos dois anteriores, resulta em leve queda do preço,<br />

situando-se, ao final do período, no patamar de US$ 31 por tonelada.<br />

Finalmente, procurou-se examinar, de forma simplificada, a competitividade do carvão nacional em relação ao<br />

importado, tomando-se como referência a curva limite de competitividade apresentada no Gráfico 34. Constatou-se<br />

que o carvão médio estudado (com poder calorífico igual a 3.900 kcal/kg) deixaria de ser competitivo em relação ao<br />

importado para preços superiores a R$ 80,00/t ou US$ 36.40/t, o que ocorreria apenas no final do período decenal<br />

no Cenário 1 acima descrito.<br />

Por outro lado, considerando um carvão nacional com as características do de Candiota, tem-se um preço médio<br />

muito inferior. Em maio de 2006, o preço do carvão de Candiota era de R$ 38/t, ou o equivalente a US$ 17,3/t. A<br />

aplicação do modelo de cálculo anteriormente descrito especificamente para o carvão de Candiota (poder calorífico<br />

igual a 3.200 kcal/kg), permite obter para esse combustível, no horizonte decenal, preços na faixa de US$ 16/t a US$<br />

22/t para os cenários analisados. Nessas condições, constata-se que o carvão com as características do de Candiota<br />

seria sempre competitivo em relação ao importado. Ou seja, a partir do Gráfico 34 pode-se verificar que esse tipo<br />

de carvão só deixaria de ser competitivo em relação ao importado para preços superiores a aproximadamente R$<br />

70,00/t ou US$ 31.80/t, o que não ocorre no horizonte estudado.<br />

6. Impactos Ambientais<br />

No que se refere aos aspectos socioambientais associados à geração termelétrica a carvão mineral, uma análise<br />

abrangente foi efetuada nos estudos que subsidiaram o Plano Nacional de Energia de Longo Prazo – PNE 2030<br />

(<strong>EPE</strong>, 2006c), onde foram tabulados e correlacionados itens tais como: as possíveis causas dos impactos socioambientais,<br />

os tipos de impactos, os estágios dos empreendimentos onde se manifestam os impactos (construção,<br />

operação ou pós-operação) e os programas e medidas mitigadoras dos impactos.<br />

A emissão atmosférica é considerada como o principal impacto ambiental da geração termelétrica a carvão<br />

mineral, em decorrência da emissão de material particulado e de gases poluentes, destacando-se o dióxido de<br />

carbono (CO 2<br />

), principal causador de efeito estufa, o dióxido de enxofre (SO 2<br />

) e os óxidos de nitrogênio (NO x<br />

). Para


732<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

a redução dessas emissões, tem se investido fortemente em estudos, pesquisas e desenvolvimento de tecnologias<br />

limpas avançadas (Clean Coal Technologies), visando à remoção de impurezas e à combustão eficiente do carvão.<br />

Tais tecnologias podem ser instaladas em qualquer um dos quatro estágios da cadeia do carvão, a saber:<br />

• remoção de impurezas antes da combustão;<br />

• remoção de poluentes durante o processo de combustão;<br />

• remoção de impurezas após a combustão; e<br />

• conversão em combustíveis líquidos (liquefação) ou gasosos (gaseificação).<br />

Cabe destacar, por outro lado, que os impactos das atividades relacionadas à produção de energia a partir do<br />

carvão mineral, dependem da composição do combustível, do processo de queima ou remoção pós-combustão,<br />

das condições de dispersão dos poluentes (altura da chaminé, relevo e meteorologia) e da instalação de equipamentos<br />

de controle na usina, tais como precipitadores eletrostáticos e dessulfurizadores.<br />

Outra questão relevante, é que, dentre as termelétricas, as usinas a carvão são as que produzem maior quantidade<br />

de resíduos sólidos. Incluem cinzas leves ou secas, pesadas ou úmidas e lama do sistema de dessulfuração de<br />

gases, quando esse é utilizado. Sedimentos do sistema de tratamento de efluentes líquidos e eventuais resíduos na<br />

preparação dos combustíveis compõem os resíduos sólidos em menor escala.<br />

As cinzas secas, devido suas propriedades químicas, físicas e pozolâmicas têm grande aceitação na indústria<br />

de cimento, além de ser utilizada também na fabricação de cerâmicas, vidros e tintas. A quantidade de cinza seca<br />

não comercializada é convertida em cinza úmida e transportada para áreas de deposição de cinza. No Brasil, essas<br />

áreas consistem em aterros (bacias) ou nas próprias cavas de mineração.<br />

7. Síntese e Considerações Finais<br />

Nos itens anteriores procurou-se traçar um panorama do setor de carvão mineral no Brasil e no mundo, de forma<br />

a identificar as oportunidades para a expansão do uso de tal combustível fóssil no horizonte de tempo considerado<br />

no PDE 2007/2016. Buscou-se, para tanto, examinar a estrutura da indústria do carvão mineral com relação às<br />

condições de atendimento para os dois principais usos no país: geração termelétrica e indústria. Com esse objetivo,<br />

foram analisadas questões relacionadas à produção, transporte, preços de fornecimento, bem como relacionadas<br />

ao meio ambiente.<br />

Pôde-se perceber que o país possui grandes reservas desta fonte fóssil de energia, concentradas na região Sul,<br />

havendo inclusive uma capacidade instalada de 1.415 MW, mais 700 MW em construção e outros 1.800 MW em fase<br />

de projeto, o que totalizaria em aproximadamente 3.900 MW.<br />

O mineral, entretanto, possui um teor de cinzas e de enxofre elevado, fazendo com que o seu aproveitamento<br />

para a termeletricidade tenha que ser feito próximo às jazidas. Tal fato indica que, na hipótese de haver instalação<br />

de unidades termelétricas não situadas na região sul do país, no atual contexto, provavelmente o país dependerá<br />

de importação de carvão vapor para geração elétrica. Assim, fora da região Sul, pode-se cogitar a possibilidade de<br />

importação de carvão para geração elétrica, aproveitando-se das sinergias dos portos e dos navios que transportam<br />

minérios para outros países e voltam vazios.<br />

Em termos da oferta de carvão metalúrgico, por sua vez, a produção nacional é insuficiente para atender à demanda<br />

da indústria siderúrgica e, no médio prazo, afigura-se a manutenção da dependência externa do país quanto<br />

a este energético. Tal fato é ainda mais consolidado na medida em que a única jazida com características promissoras<br />

para atender à demanda por carvão coqueificável, Santa Terezinha, no Rio Grande do Sul, ainda carecer de maior<br />

pesquisa e investimentos adicionais para viabilizar a produção.<br />

No horizonte do PDE 2007/2016, os projetos de geração termelétrica a carvão mineral já inseridos no último<br />

leilão de energia, totalizando 700 MW, têm jazidas associadas para a sua operação, não devendo se constituir a oferta<br />

propriamente dita, em um gargalo à operação destas plantas.<br />

Adicionalmente, o PDE 2007/2016 indica o acréscimo de 1.600 MW de geração térmica indicativa na região<br />

Sul, sem especificação do combustível. Como há também o registro de cinco projetos em andamento, aos quais<br />

também são associadas jazidas, pode-se afirmar que a disponibilidade de carvão não deve se constituir em proble-


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 733<br />

ma. Apesar deste aspecto e, em virtude da descontinuidade das pesquisas em prospecção geológica de carvão no<br />

Brasil, é urgente a retomada de um programa de prospecção que permita avaliar o verdadeiro potencial geológico<br />

do Brasil, que poderia apontar, inclusive, a existência de recursos e reservas, eventualmente, substituintes do próprio<br />

carvão metalúrgico de que o país depende atualmente para manutenção da sua indústria siderúrgica.<br />

Devido à existência em abundância de carvão vapor no sul do país, não parece razoável cogitar a instalação<br />

de termelétricas a carvão importado nessa região. Por outro lado, dadas as características do carvão nacional, não<br />

parece aceitável cogitar a instalação de termelétricas com este combustível fora dessa região.<br />

No caso da região Sul, a análise da infra-estrutura existente revela que a questão do transporte não se constitui<br />

em uma restrição à expansão da geração a carvão. Contudo, deve-se frisar que investimentos adicionais podem<br />

intensificar o uso do carvão nacional, inclusive em outras aplicações, como na mistura para o carvão metalúrgico e<br />

viabilizar o escoamento de subprodutos do carvão na geração termelétrica, eventualmente melhorando a competitividade<br />

desses projetos.<br />

As regiões brasileiras naturalmente candidatas a instalar termelétricas a carvão importado seriam o Nordeste e<br />

o Sudeste, quer pelas dimensões do mercado de energia elétrica, quer pela necessidade de alternativas de geração<br />

de porte. Ambas as regiões possuem portos estrategicamente localizados, com amplas condições de receber, ou de<br />

se preparar para tal, grandes volumes de carvão. Alguns desses portos já funcionam hoje como terminais de carvão,<br />

para atendimento à indústria siderúrgica. No caso do Nordeste, em particular, a integração com o modal ferroviário<br />

é uma possibilidade real haja vista os projetos ferroviários em construção e previstos para a região.<br />

Assim, quanto à importação de carvão, tudo indica que a infra-estrutura portuária tem condições de, em uma<br />

perspectiva de longo prazo, se adaptar a uma eventual solicitação adicional.<br />

Quanto às tecnologias de geração de energia elétrica a partir do carvão mineral, ratificaram-se as indicações<br />

de que, no caso do carvão nacional, tecnologias de combustão pulverizada e leito fluidizado são as que apresentam<br />

as melhores perspectivas para aplicação nas futuras termelétricas, no horizonte considerado no estudo. No caso do<br />

carvão importado, a qualidade do carvão a ser utilizado poderá permitir o uso da combustão pressurizada, possibilitando<br />

eficiência maior, de até 45%.<br />

Pelo lado da demanda, conforme os resultados apontaram, o principal uso do carvão mineral nacional continuará<br />

a ser para geração elétrica. Do ponto de vista do seu uso na indústria, o consumo do carvão metalúrgico<br />

importado continuará a responder por taxas aceleradas de crescimento, motivado pelo crescimento da siderurgia<br />

no horizonte do PDE 2007/2016.<br />

O atendimento da demanda por carvão vapor neste horizonte, em termos de disponibilidade do energético<br />

deve apresentar um risco reduzido, uma vez que os projetos que utilizam carvão nacional normalmente situam-se<br />

no entorno das jazidas, o que não os torna vulneráveis a fluxos de comércio internacionais.<br />

Até 2016, sinaliza-se a instalação adicional de aproximadamente 700 MW de usinas a carvão situadas na região<br />

Sul do país, e a indicação de instalação de 1.600 MW adicionais de usinas térmicas indicativas na região Sul, que<br />

deverão ser elegidos dentro de um cardápio de opções de projetos em estudo, como apresentado nesta nota técnica.<br />

Com relação à viabilização de usina movida a carvão importado, demandar-se-ia a importação de 1,8 milhões<br />

de toneladas anuais deste energético (com poder calorífico de 6.000 kcal/kg). A efetivação desta usina contribuiria,<br />

porém, para o aumento da dependência externa do Brasil quanto a este energético, uma vez que a demanda industrial<br />

também continuará a ser atendida por carvão importado, em face à indisponibilidade de jazidas de carvão com<br />

a qualidade demandada para coqueificação.<br />

A partir da avaliação do panorama internacional, pôde-se perceber certa estabilidade de preços do carvão<br />

mineral, mesmo em um ambiente de preços altos de petróleo e gás natural, este último o principal concorrente do<br />

carvão no setor elétrico.<br />

Na projeção da AIE, é assumido que o preço de carvão na Europa irá se acomodar no patamar de US$ 40 por<br />

tonelada em 2010, retomando, após esse ano, uma trajetória levemente ascendente. Um valor em torno de US$ 40<br />

por tonelada também é projetado pelo EIA/DOE para o carvão nos Estados Unidos, proveniente das minas do Appalachia.<br />

Porém, ao contrário do que ocorre no cenário da AIE, o EIA/DOE projeta um aumento de preços entre 2005 e<br />

2010 e, a partir de então, os preços voltam a cair. Esta variação, entretanto, não é brusca. A variação do preço proje-


734<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

tado do carvão proveniente do Oeste é bem pequena, em torno de 2%.<br />

Para efeito de composição de um preço referencial para o frete internacional do carvão, uma boa referência,<br />

na hipótese de importação do mineral pelo Brasil, é o carvão da África do Sul, seja pela quantidade comercializada<br />

do carvão sul-africano no mercado internacional, seja por sua qualidade e localização estratégica em relação ao Brasil.<br />

Conforme os estudos da <strong>EPE</strong> para o PNE 2030, o preço do frete marítimo, estimado para a distância entre África<br />

do Sul e Rio de Janeiro com base no custo do frete entre África do Sul - Europa (ARA – Amsterdam, Rotterdam e Antuérpia),<br />

situa-se em US$ 18 por tonelada.<br />

Nessas condições, compôs-se uma referência para o preço-CIF de longo prazo do carvão importado no Brasil<br />

na faixa de US$ 60 por tonelada. Dependendo da característica do carvão (teor de cinzas, teor de enxofre etc.), esse<br />

preço poderá atingir valores de US$ 70/t. Por outro lado, condições específicas de importação, por exemplo, a combinação<br />

com a exportação de minério de ferro ou produtos siderúrgicos, preços atrativos poderão ser obtidos para<br />

o frete internacional do carvão. Assim, considera-se razoável trabalhar com preços CIF no intervalo de US$ 50 a US$<br />

70 por tonelada para o carvão importado.<br />

No Brasil, após a desregulamentação do setor, os preços do carvão mineral sofreram uma grande redução e se<br />

estabilizaram em um patamar de 35 US$/t a partir de 1994 (vide Gráfico 32). O consumo também não sofreu grandes<br />

variações nos últimos anos e não deverá sofrer pressões no médio prazo, visto que os projetos existentes de termelétrica<br />

a carvão são casados com a abertura de novas minas. Assim, não há, no médio prazo, muitos fatores que<br />

possam exercer pressão sobre os preços. Assim sendo, para efeito de projeção dos preços do carvão nacional foram<br />

construídos três cenários, a partir de um modelo econométrico que relaciona o preço do carvão na “boca da mina”<br />

com a capacidade de utilização das mesmas e com a produtividade da mão-de-obra.<br />

Com poderia se esperar, no cenário 1, onde se aumenta a capacidade utilizada, tem-se um aumento no preço<br />

do carvão. Analogamente, aumentando a produtividade da mão-de-obra, cenário 2, tem-se uma queda no preço. O<br />

cenário 3 é uma combinação dos dois anteriores, resultando em leve queda do preço, situando-se do patamar de 31<br />

US$/t. A avaliação da competitividade do carvão nacional frente ao importado, tomando como referência o carvão<br />

importado da África do Sul, por sua vez, mostrou que, somente no cenário 1 o carvão nacional deixa de ser competitivo<br />

frente ao carvão importado.<br />

Um dos pontos críticos do estudo foi a carência de dados no setor, não somente para a projeção do preços do<br />

carvão, mas também sobre possibilidades de ocorrência do mineral em outras regiões fora do Sul do país. Registrase<br />

aqui a conveniência de se desenvolver de pesquisas integradas e continuadas que possam mostrar a real disponibilidade<br />

dos recursos existentes no país.<br />

Finalmente, sob o aspecto ambiental, a emissão atmosférica é considerada como o principal impacto da geração<br />

termelétrica a carvão mineral. Nesse sentido, é fundamental que sejam mantidos os investimentos em estudos,<br />

pesquisas e desenvolvimento de tecnologias de remoção de impurezas e de combustão eficiente do carvão (Clean<br />

Coal Technologies). Essas tecnologias podem ser instaladas em qualquer um dos estágios da cadeia de produção do<br />

carvão mineral. A combinação da crescente demanda de energia elétrica com o desenvolvimento de novas tecnologias<br />

pode criar novas oportunidades para o carvão mineral no Brasil, especialmente no setor elétrico.


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 735<br />

Referências bibliográficas<br />

N o .<br />

TÍTULO<br />

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736<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA - 2007 / 2016<br />

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LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Produção Mundial de Carvão Betuminoso (10 6 t) ........................................................................................................ 688<br />

Tabela 2 – Consumo de Carvão por Setor nos EUA (10 6 t) .............................................................................................................. 690<br />

Tabela 3 – Carvão nos EUA. Comércio Exterior (10 6 t) ..................................................................................................................... 691<br />

Tabela 4 – China: Consumo por Setor (Mtep) ..................................................................................................................................... 694<br />

Tabela 5 – Localização dos Recursos Brasileiros de Carvão Mineral em 1999 ......................................................................... 696<br />

Tabela 6 – Características de Jazidas de Carvão Situadas no Rio Grande do Sul (ROM)...................................................... 697<br />

Tabela 7 – Características de Jazidas de Carvão Situadas em Santa Catarina (ROM) ........................................................... 698<br />

Tabela 8 – Características de Jazidas de Carvão Situadas no Paraná (ROM)............................................................................ 698<br />

Tabela 9 – Custos de Transporte de Carvão Mineral em 2004 ...................................................................................................... 700<br />

Tabela 10 – Tecnologias de Geração Termelétrica a Carvão .......................................................................................................... 704<br />

Tabela 11 – Carvão Mineral – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano) ......................................................................... 706<br />

Tabela 12 – Carvão vapor – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano) ............................................................................. 707<br />

Tabela 13 – Carvão Metalúrgico – Produção, Importação e Consumo (mil t/ano) ................................................................ 707<br />

Tabela 14 – Recursos e Reservas de Carvão Mineral (t)................................................................................................................... 711<br />

Tabela 15 – Potencial de Geração Termelétrica a Carvão ............................................................................................................... 711<br />

Tabela 16 – Usinas Térmicas a Carvão em Operação no Brasil ...................................................................................................... 712<br />

Tabela 17 – Características do Carvão Brasileiro Utilizados em Geração Termelétrica ........................................................ 712<br />

Tabela 18 – Novas Usinas Termelétricas a Carvão Mineral ............................................................................................................. 714<br />

Tabela 19 – Projetos de Usinas Termelétricas a Carvão Mineral em Estudo ............................................................................ 715<br />

Tabela 20 – Jazidas Associadas aos Novos Projetos de Geração Termelétrica a Carvão Mineral ...................................... 715<br />

Tabela 21 – Estimativa da Demanda de Carvão Mineral em outros Usos Exclusive<br />

a Termeletricidade – Limite Superior da Faixa ................................................................................................................................... 718<br />

Tabela 22 – Estimativa da Demanda de Carvão mineral em Outros Usos<br />

Exclusive a Termeletricidade – Limite Inferior da Faixa................................................................................................................... 718<br />

Tabela 23 – Estimativa da Demanda Total de Carvão Mineral (mil toneladas) ....................................................................... 719<br />

Tabela 24 – Preço do Carvão para Usinas Selecionadas .................................................................................................................. 727<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1 – Reservas Mundiais de Carvão Mineral ............................................................................................................................ 688<br />

Gráfico 2 – Evolução da Produção de Carvão nos EUA .................................................................................................................... 690<br />

Gráfico 3 – Capacidade Instalada de Geração Elétrica por Fonte ................................................................................................ 691<br />

Gráfico 4 – Evolução dos Preços do Carvão nos EUA por Setor .................................................................................................... 692<br />

Gráfico 5 – Participação por Fonte de Energia Primária na China ............................................................................................... 693<br />

Gráfico 6 – China: Evolução da Produção de Carvão ........................................................................................................................ 693<br />

Gráfico 7 – China: Participação das Fontes na Geração Elétrica - 2003 ...................................................................................... 694<br />

Gráfico 8 – China: Consumo de Energia Elétrica ................................................................................................................................ 695


OFERTA DE CARVÃO MINERAL 737<br />

Gráfico 9 – China: Evolução da Geração Elétrica por Fonte ........................................................................................................... 695<br />

Gráfico 10 – Indicador de Preços de Carvão na Europa (ARA) x Preços “Spot” do Carvão na África do Sul. .................. 700<br />

Gráfico 11 – Estrutura da Oferta Interna de Energia no Brasil em 2005 .................................................................................... 705<br />

Gráfico 12 – Evolução da Oferta Interna de Energia no Brasil....................................................................................................... 705<br />

Gráfico 13 – Dependência Externa de Carvão Mineral .................................................................................................................... 708<br />

Gráfico 14 – Origem da Importação de Carvão Mineral ................................................................................................................. 708<br />

Gráfico 15 – Evolução da Importação Brasileira de Carvão ........................................................................................................... 709<br />

Gráfico 16 – Consumo e Produção de Carvão Energético ............................................................................................................. 710<br />

Gráfico 17 – Geração Térmica a Carvão em 2005 .............................................................................................................................. 713<br />

Gráfico 18 – Fatores de Capacidade Médios em Usinas Termelétricas no Brasil .................................................................... 713<br />

Gráfico 19 – Consumo de Carvão nas Termelétricas ........................................................................................................................ 714<br />

Gráfico 20 – Projeção da Geração Termelétrica a Carvão ............................................................................................................... 716<br />

Gráfico 21 – Estimativa de Evolução do Consumo de Carvão no<br />

Setor Elétrico no Horizonte do Plano Decenal de Energia ............................................................................................................. 716<br />

Gráfico 22 – Participação das Tecnologias de Redução na Siderurgia por Cenário .............................................................. 717<br />

Gráfico 23 – Evolução da Demanda Total de Carvão Mineral até 2016 para<br />

Outros Usos Exclusive a Termeletricidade ........................................................................................................................................... 718<br />

Gráfico 24 – Evolução da Demanda Total de Carvão Mineral até 2016 ..................................................................................... 719<br />

Gráfico 25 – Consumo x Produção de Carvão Mineral no Mundo .............................................................................................. 720<br />

Gráfico 26 – Preços de Petróleo ............................................................................................................................................................... 721<br />

Gráfico 27 – Preços de Gás Natural ......................................................................................................................................................... 721<br />

Gráfico 28 – Preços de Carvão Mineral .................................................................................................................................................. 722<br />

Gráfico 29 – Projeção de Preços de Carvão na Europa .................................................................................................................... 723<br />

Gráfico 30 – Projeção de Preços de Carvão nos EUA ........................................................................................................................ 723<br />

Gráfico 31 – Preços de Internacionais do Petróleo, Gás Natural e Carvão Mineral ................................................................ 724<br />

Gráfico 32 – Preço do Carvão Nacional ................................................................................................................................................. 726<br />

Gráfico 33 – Consumo de Carvão Energético no Brasil ................................................................................................................... 726<br />

Gráfico 34 – Carvão Nacional: Limite de Competitividade ............................................................................................................ 727<br />

Gráfico 35 – Produção de Carvão Mineral ROM por Estado........................................................................................................... 728<br />

Gráfico 36 – Evolução da Utilização da Capacidade Produtiva das Mineradoras .................................................................. 729<br />

Gráfico 37 – Produtividade da Mão-de-Obra ..................................................................................................................................... 729<br />

Gráfico 38 – Indicadores ............................................................................................................................................................................. 730<br />

Gráfico 39 – Cenários de Preços para Carvão Energético Nacional ............................................................................................ 731<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Infra-estrutura para o Escoamento da Produção de Carvão Mineral no Brasil ................................................... 701<br />

Figura 2 – Acesso Rodoviário às Minas de Carvão no Rio Grande do Sul ................................................................................. 702<br />

Figura 3 – Principais Portos Brasileiros .................................................................................................................................................. 703<br />

Figura 4 – Transporte Internacional do Carvão .................................................................................................................................. 725


738<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016


9 Eficiência energética<br />

Principais Mecanismos Existentes de Fomento à Eficiência Energética 743<br />

Ações de Eficiência Energética 744<br />

Conclusão 752


9 Eficiência energética<br />

1. Principais Mecanismos Existentes de Fomento à Eficiência Energética ............................................... 743<br />

2. Ações de Eficiência Energética ........................................................................................................ 744<br />

2.1. Ações Estruturantes .................................................................................................................................... 745<br />

2.2. Ações para Transformação de Mercado ....................................................................................................... 746<br />

2.3. Ações Setoriais ........................................................................................................................................... 748<br />

3. Conclusão ..................................................................................................................................... 752


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 743<br />

Introdução<br />

O Brasil possui grande diversidade de fontes para promover a expansão da sua produção de energia. Há, no<br />

país, também, significativo potencial de conservação nos diversos setores da economia. Este fato requer especial<br />

atenção dos instrumentos de planejamento do setor energético, sobretudo em decorrência de seus benefícios econômicos<br />

e ambientais. Não se encerra a discussão desta e de outras possibilidades alternativas à expansão do setor<br />

energético do Brasil, mas introduz-se o tema nas discussões estratégicas do planejamento, as quais serão aprimoradas<br />

em documentos futuros.<br />

O recente estudo de planejamento setorial de longo prazo, Plano Nacional de Energia - PNE 2030, sinalizou a<br />

meta de conservação anual de energia equivalente a 10% do mercado de 2030, e o presente estudo define a meta<br />

de 2,5% do mercado de 2016.<br />

Este capítulo apresenta um conjunto de ações de promoção da eficiência energética em diversos setores. De<br />

maneira explícita, o planejamento decenal do setor energético passa a incorporar esse tema e aponta para seu aprimoramento<br />

em edições futuras.<br />

A eficiência energética é uma opção estratégica cuja importância vem crescendo nas discussões referentes<br />

aos diversos energéticos. Neste tópico são apresentadas as ações, no horizonte deste plano decenal, a serem contempladas<br />

pelos mecanismos de governo. Ressalta-se que a eficiência energética, muitas vezes, são decisões do<br />

consumidor e, por este motivo, é importante a promoção de ações estruturantes, cujos resultados são observados<br />

indiretamente, para criar ambiente favorável para este novo mercado com consumidores conscientes.<br />

1. Principais Mecanismos Existentes de Fomento à Eficiência Energética<br />

O Brasil desenvolve, há mais de duas décadas, programas de eficiência energética, possuindo uma ampla legislação<br />

referente ao assunto, merecendo destaque o que se apresenta a seguir:<br />

- A Lei n o 9.478, de 6 de agosto de 1997, restabelece os princípios e objetivos da “Política Energética Nacional”<br />

que define, em seu artigo 1 o , a competência do Estado brasileiro quanto à proteção ao meio ambiente e à promoção<br />

da conservação de energia, dentre outros assuntos;<br />

- A Lei no 9.991, de 24 de julho de 2000, determina a aplicação do montante de 0,5% da receita operacional<br />

líquida - ROL das concessionárias distribuidoras de energia elétrica em projetos de eficiência energética voltados ao<br />

uso final. Essa lei assegura investimentos anuais da ordem de R$ 300 milhões, cujo destino é estabelecido por meio<br />

de resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica, segundo as políticas e diretrizes do Governo Federal.<br />

Esta Lei estabelece também os percentuais mínimos para investimento em pesquisa e desenvolvimento do<br />

setor elétrico pelas concessionárias de geração, transmissão e distribuição. Estes recursos são investidos em programas<br />

diretos das próprias empresas, ou por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />

– FNDCT, além de parcela destinada ao MME para estudos e pesquisas de planejamento da expansão do sistema<br />

energético, bem como os de inventário e de viabilidade necessários ao aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;<br />

- A Lei no 10.295, de 17 de outubro de 2001, a “Lei de Eficiência Energética” (regulamentada pelo Decreto n o<br />

4.059, de 19 de dezembro de 2001), estabelece o procedimento para a adoção de “níveis máximos de consumo específico<br />

de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou<br />

comercializados no País”. A Lei prevê, também, a evolução dos níveis por meio de programa de metas, específico para<br />

cada equipamento. Já foram regulamentados os índices mínimos para motores elétricos trifásicos e as lâmpadas fluorescentes<br />

compactas. Os regulamentos para refrigeradores e congêneres, condicionadores de ar, fogões, fornos e<br />

aquecedores de água a gás encontram-se em estágio final de implementação. Outro importante aspecto da Lei foi a<br />

criação de grupo de trabalho para a promoção da eficiência energética nas edificações no país.<br />

- O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL: criado em 1985, foi formalizado<br />

como Programa de Governo, por meio de Decreto em 1991. O Programa é constituído por diversos subprogramas,


744<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

dentre os quais se destacam ações nas áreas de iluminação pública, industrial, saneamento, educação, edificações,<br />

prédios públicos, gestão energética municipal, informações, desenvolvimento tecnológico e divulgação. As ações<br />

de marketing, notadamente a Etiquetagem, o Selo e o Prêmio PROCEL, são responsáveis por cerca de 89% dos resultados<br />

do programa. Ao longo de seus vinte anos de atividade, o programa investiu o equivalente a R$ 1,4 bilhão,<br />

e promoveu a economia de energia elétrica de mais de 21 mil GWh. Atualmente há uma previsão de investir R$ 40<br />

milhões por ano, além dos R$ 50 milhões oriundos da RGR destinados aos projetos de iluminação pública e sistemas<br />

de saneamento ambiental;<br />

- Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural – CONPET:<br />

criado em 1991, o CONPET é constituído por vários subprogramas, dentre os quais se destacam ações na área de<br />

transporte de carga, passageiros e combustíveis, educação, marketing e premiação. O Programa promove a economia<br />

de mais de 300 milhões de litros de diesel anualmente e evitam a emissão de cerca de 360 mil toneladas de CO 2<br />

e de 19 mil toneladas de material particulado. O investimento anual atua do CONPET é de cerca de R$ 4 milhões;<br />

- O Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE: decorrente de protocolo de cooperação entre governo e<br />

indústria, o PBE promove a eficiência energética por meio de etiquetas informativas a respeito do desempenho de<br />

máquinas e equipamentos energéticos. A adesão ao Programa é voluntária, em primeira instância, e converte-se em<br />

obrigatória em passo seguinte. Até o presente momento, há 34 equipamentos etiquetados e cerca de outros 40 em<br />

processo de discussão. Dentre estes últimos destacam-se os conversores para televisão digital e os veículos automotores<br />

leves;<br />

- Os Fundos Setoriais: fomentam projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados a diversos temas, alguns<br />

deles pertinentes ao Setor Energético. Dentre os Fundos Setoriais existentes, aqueles mais diretamente relacionados<br />

ao tema energia são o de Energia (CT-Energ), o de Recursos Hídricos (CT-Hidro), o Mineral (CT-Mineral) e o de Petróleo<br />

e Gás Natural (CT-Petro). Este mecanismo tem por objetivo atender ao desenvolvimento dos respectivos setores,<br />

e pode ser utilizado para o fomento ao desenvolvimento de tecnologias para a promoção da eficiência energética; e<br />

- PROESCO: Em 19 de maio de 2006, o BNDES aprovou o PROESCO, programa destinado a financiar projetos<br />

de eficiência energética. O programa visa apoiar a implementação de projetos que comprovadamente contribuam<br />

para a economia de energia, com focos de ação em iluminação, motores, otimização de processos, ar comprimido,<br />

bombeamento, ar-condicionado e ventilação, refrigeração e resfriamento, produção e distribuição de vapor, aquecimento,<br />

automação e controle, distribuição de energia e gerenciamento energético. A linha de financiamento contempla<br />

também os usuários finais de energia, interessados na compra de equipamentos eficientes. O PROESCO dispõe<br />

de uma linha de crédito de R$ 100 milhões para financiar até 80% do valor total dos projetos. São financiáveis<br />

pelo PROESCO: estudos e projetos; obras e instalações; máquinas e equipamentos; serviços técnicos especializados;<br />

sistemas de informação, monitoramento, controle e fiscalização.<br />

2. Ações de Eficiência Energética<br />

Os atuais mecanismos são de extrema importância no atendimento da meta de conservação de energia no<br />

horizonte deste plano decenal, para o progresso autônomo, devido aos resultados de suas ações atuais, e para a<br />

conservação induzida, devido às novas ações.<br />

As ações aqui apresentadas são classificadas em três naturezas: estruturantes; de transformação de mercado;<br />

e setoriais. As primeiras se referem àquelas que dão suporte aos mecanismos de promoção da eficiência energética.<br />

As ações de transformação de mercado têm cunho geral e permeiam todos os setores. Dentre estas, vale destacar a<br />

etiquetagem, os Selos CONPET e PROCEL, os índices mínimos de eficiência. Por fim, as ações setoriais consistem em<br />

projetos de eficiência com finalidades aplicativa e operacional específicas.


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 745<br />

2.1. Ações Estruturantes<br />

Sistema de informações<br />

A estruturação de uma rede de informações sobre o uso da energia no país é de fundamental importância.<br />

Essa rede deve possibilitar, de forma sistematizada e integrada, a produção, captação, armazenamento, organização<br />

e disseminação de estudos e informações relativos à caracterização dos consumidores, tendências de comportamento,<br />

potenciais de economia de energia nos diversos setores, casos de sucesso, padrões de sustentabilidade etc.<br />

Esta ação é relevante para o planejamento nas definições e monitoramento dos mecanismos de fomento à eficiência<br />

energética, como também para o investidor deste mercado. Para esta ação serão investidos recursos do PROCEL,<br />

do CONPET e do MME.<br />

(a) Acesso público: para esta ação o PROCEL vem trabalhando o “Portal do Procel info”, assim como o site do<br />

CONPET;<br />

(b) Levantamento de informações de caracterização de mercados para as várias classes de consumo, visando<br />

identificar as barreiras e os potenciais existentes, permitindo definir mecanismos eficazes de fomento a eficiência;<br />

(c) Levantamento e divulgação de estudos sobre o tema (dissertações e teses);<br />

(d) Apoio e divulgação de eventos e notícias sobre o tema;<br />

(e) Estruturação de centros de referência em eficiência energética com o objetivo de desenvolver pesquisas<br />

e conhecer melhor os mercados regionais, de forma a servir de suporte local à promoção da conservação e do uso<br />

racional da energia;<br />

(f) Capacitação: ações educativas em cursos técnicos e universitários (graduação e pós-graduação). Com este<br />

objetivo o MME, junto com o Ministério da Educação - MEC vêm trabalhando a inserção da eficiência nas grades curriculares<br />

desses cursos;<br />

(g) Marketing: esta ação visa à divulgação de conceitos e resultados positivos de eficiência energética para os<br />

diversos segmentos da sociedade;<br />

(h) Acompanhamento de indicadores de eficiência energética pertinentes a cada natureza de ação, tais como<br />

consumo de energia (absoluto e específico), custos específicos, preços médios, valores contratados, registrados e<br />

faturados, fatores de utilização dos equipamentos etc.<br />

Linhas de Financiamento<br />

Esta ação é parte de uma estratégia para criar um ambiente sustentável de mercado para a eficiência energética,<br />

visto que a principal barreira identificada pelo mercado é a dificuldade com linhas de financiamentos.<br />

(a) Disponibilidade de acesso a crédito: foi criada linha de crédito do BNDES − o PROESCO, a qual dispõe, no<br />

presente momento, do montante de R$ 100 milhões.<br />

(b) constituição de um mecanismo de garantia técnica de projetos de conservação de energia: esse instrumento<br />

atuará conjuntamente com o PROESCO, e proverá garantia dos resultados desses projetos, para os clientes e<br />

para os bancos provedores do empréstimo.<br />

(c) Estímulo à demanda de projetos: divulgação de informação e potenciais à indústria e ao comércio, além<br />

da capacitação das próprias ESCOS para acessar financiamentos. Esta ação contará com o apoio do próprio BNDES,<br />

PROCEL, CONPET e CNI.<br />

Monitoramento e Verificação – M&V<br />

Esta ação tem por objetivo a apuração dos resultados de programas e projetos de eficiência energética de<br />

forma a lhes atribuir confiabilidade e possibilitar a avaliação de sua eficácia. Essa apuração é de especial importância<br />

para o processo de planejamento, sobretudo quando se trata da eventual postergação de empreendimentos energéticos.<br />

Para tanto, serão desenvolvidas metodologias e indicadores pertinentes a cada tipo de projeto ou programa.


746<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

(a) Definição de metodologias de apuração de resultados de programas de eficiência energética. Essas metodologias<br />

terão por objetivo a quantificação dos resultados de programas compostos por ações de diversas naturezas,<br />

tais como o CONPET e o PROCEL.<br />

(b) Reavaliação do Manual Internacional de Medição e Verificação de Performance para sua adaptação às<br />

ações setoriais de eficiência energética ao Brasil. Esta reavaliação será fruto do trabalho conjunto de um grupo que<br />

conta com o apoio da ANEEL, CONPET e PROCEL, e profissionais da área.<br />

(c) Estruturação do processo de certificação de auditores energéticos, os quais serão especializados na avaliação<br />

de projetos de eficiência energética e na apuração de seus resultados.<br />

Plano Estratégico para a Eficiência Energética - PNEf<br />

Visando dar consistência ao conjunto de ações desenhadas neste PDE, torna-se necessário conceber um plano<br />

de ação que articule de forma coerente as iniciativas propostas, contendo todo o detalhamento necessário a sua implementação.<br />

Assim, o Plano Estratégico de Eficiência Energética - PNEf deverá especificar as metas, custos, prazos<br />

e novos modelos de negócios a serem estabelecidos. Será também imprescindível definir as responsabilidades dos<br />

agentes envolvidos, bem como as fontes de recursos necessários a sua implementação. É de fundamental importância<br />

que sejam propostas as devidas adequações no marco legal e regulatório, bem como o estabelecimento de uma<br />

estrutura operacional compatível com o desafio proposto, sem as quais qualquer plano de longo prazo se mostrará<br />

inexeqüível. Os principais objetivos do PNEf são apresentados a seguir:<br />

1. Definir e alinhar os instrumentos de ação governamental, em especial os programas nacionais de eficiência<br />

energética – PROCEL, COMPET, PBE/INMETRO e PEE/Concessionárias – ao planejamento energético nacional em<br />

seus diversos instrumentos de planejamento setorial.<br />

2. Orientar a captação e direcionar a aplicação dos recursos disponibilizados para a eficiência energética segundo<br />

diretrizes e linhas de ação específicas.<br />

3. Identificar oportunidades e promover o aperfeiçoamento do marco legal e regulatório afeto ao setor energético<br />

nacional.<br />

4. Atuar no sentido da constituição de um mercado sustentável de eficiência energética.<br />

5. Mobilizar permanentemente a sociedade brasileira no combate ao desperdício de energia, no seu uso racional<br />

e na preservação dos recursos naturais.<br />

2.2. Ações para Transformação de Mercado<br />

Normalização/Padronização e Premiações<br />

O Brasil possui ferramentas efetivas para estimular o consumo de equipamentos energeticamente mais<br />

eficientes. O primeiro passo é prover informações quanto ao desempenho dos equipamentos por meio de etiquetas.<br />

O segundo consiste da concessão de premiação aos equipamentos mais eficientes do mercado, o que se<br />

faz por meio do Selo PROCEL, para os que consomem energia elétrica, e do Selo CONPET, para os que consomem<br />

derivados do petróleo e do gás natural. A terceira etapa diz respeito ao estabelecimento de índices mínimos de<br />

eficiência energética para esses equipamentos. Esse processo é gradativo e minimiza a geração de externalidades<br />

negativas. Sua efetivação conta com a participação ativa do INMETRO, PROCEL, CONPET, fabricantes e laboratórios.<br />

Cada um desses instrumentos possui objetivo específico no processo, e são implementados em estreita consonância.<br />

Embora se tratem de etapas formalmente constituídas, não há instrumento que estabeleça o trâmite<br />

ou a seqüência de encadeamento: o procedimento mostrou-se adequado, tanto para a indústria quanto para os<br />

órgãos de controle. Para este processo, o governo prevê investir R$ 12 milhões por ano, por meio dos programas<br />

PROCEL e CONPET e, nos próximos 5 anos, regulamentar 3 a 4 produtos por ano, com reduções gradativas no número<br />

de produtos nos anos subseqüentes.


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 747<br />

Merecem destaque os processos de etiquetagem de edificações comerciais, em cumprimento à Lei n o<br />

10.295, de 2001, e de veículos automotores leves. Tratam-se de iniciativas que contam com a estreita colaboração<br />

da indústria, a qual considera a eficiência energética, não apenas uma tendência que se lhes impõe, mas clara<br />

oportunidade de atender a mercados mais demandantes por bens ambientalmente corretos. Apesar da peculiaridade<br />

da indústria destes dois segmentos, o processo de regulamentação da eficiência energética seguirá o<br />

mesmo trâmite apresentado anteriormente, qual seja: etiquetagem; selo; e estabelecimento de índices mínimos<br />

obrigatórios de eficiência energética.<br />

Campanhas setoriais de melhores práticas no uso final<br />

O objetivo dessas campanhas é informar aos consumidores sobre os benefícios econômicos da utilização adequada<br />

e da compra de equipamentos mais eficientes que sejam contemplados pelo programa brasileiro de etiquetagem<br />

e que possuam os Selos CONPET e PROCEL de eficiência energética. Esses dois programas constituem-se nos<br />

principais investidores dessa ação.<br />

Residencial<br />

Divulgação de informações sobre equipamentos e usos eficientes nos sistemas de cocção, iluminação, refrigeração<br />

e condicionamento de ar, e divulgação do programa de etiquetagem e dos Selos CONPET e PROCEL.<br />

Comercial<br />

Divulgação de informações sobre equipamentos e usos eficientes nos sistemas de bombeamento de água,<br />

cocção, iluminação, refrigeração e condicionamento de ar, e divulgação do programa de etiquetagem e dos Selos<br />

CONPET e PROCEL. Soma-se a essas campanhas, o incentivo à prática do gerenciamento energético pelas empresas<br />

comerciais e prestadoras de serviço.<br />

Indústria<br />

Orientação quanto às possibilidades para redução de consumo de energia em seus diversos usos finais. Essa<br />

orientação se dará na forma de diagnósticos energéticos, veiculação de informações sobre potencial de economia<br />

de energia em sistemas motrizes, uso adequado da produção, transporte e utilização de calor etc.<br />

Transporte<br />

Há dois projetos, ambos no âmbito do CONPET, com o objetivo da conscientização de motoristas: Economizar<br />

e Transportar. O Projeto Economizar prevê a instalação de postos nos principais entroncamentos rodoviários para<br />

atendimento a transportadores autônomos, de forma a instruí-los sobre a manutenção adequada de seus veículos<br />

e realizar avaliações destes. Prevê-se a implantação de 17 novas estações de avaliação até 2011 e atingir o índice de<br />

1.000 avaliações/mês, em 2011. O projeto Transportar do CONPET atende aos caminhões de transporte de petróleo<br />

e derivados que se abasteçam nos postos da Petrobras. Nos próximos anos, o projeto aumentará os postos de atendimento<br />

para elevar o número de avaliações atingindo 16 mil veículos em 2011.<br />

Ensino e Capacitação<br />

No Brasil, as atividades educacionais para a promoção da eficiência energética têm sido voltadas, primordialmente,<br />

para o ensino básico − fundamental e médio. Isoladamente, algumas instituições de níveis técnico e superior<br />

vêm promovendo cursos específicos sobre conservação de energia.<br />

(a) Níveis técnico e superior: Os Ministérios da Educação e de Minas e Energia, com o intuito de fazer convergir<br />

os interesses educacionais e de conservação de energia, trabalham conjuntamente para promover a alteração das<br />

grades curriculares das instituições dos níveis técnico e superior, de forma que estas passem a contemplar aspectos<br />

de eficiência energética. O objetivo dessa iniciativa é o de associar à função básica dessas instituições, quais sejam<br />

o ensino, a pesquisa e a extensão, a promoção da eficiência energética de suas próprias instalações. No tocante à


748<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

capacitação, prevê-se a instituição de cursos de eficiência energética nos níveis técnico e de pós-graduação. Nos<br />

cursos superiores, será promovida ampla revisão nos currículos dos cursos de engenharia e arquitetura, de forma<br />

que estes abordem adequadamente o tema de eficiência energética.<br />

(b) Nível básico: o ensino da eficiência energética visa criar formadores de opinião desde a infância. Para tanto,<br />

visa-se a inserção da matéria sobre eficiência energética e meio ambiente na grade curricular do ensino médio;<br />

além de campanhas, palestras, treinamento de professores e divulgação de cartilhas nas escolas: esta é uma ação<br />

que já vem sendo trabalhadas pelo PROCEL e CONPET.<br />

(c) Capacitação dos gestores dos contratos energéticos e das empresas de serviços de conservação de energia<br />

– ESCOs. Aos primeiros, serão fornecidas informações básicas, tais como subsídios à revisão de contratos de<br />

suprimento, medidas de baixo custo para economia de energia etc. Às ESCOs, serão fornecidas informações sobre o<br />

acesso a financiamentos e estruturas de contratos de projetos de eficiência energética.<br />

2.3. Ações Setoriais<br />

Segmento Residencial<br />

A classe residencial no Brasil responde por 11,1% do consumo final de energia e por 23,9% do atual consumo<br />

de energia elétrica, o qual atinge 24,5% no final do período (2016). O expressivo potencial de conservação de energia<br />

elétrica deste setor, estimado em 30% para edificações já existentes, pode chegar a 50% nas edificações que utilizem<br />

tecnologia energeticamente eficiente, desde a concepção inicial do projeto. Este setor responde também por<br />

51% do consumo de lenha, que vem sendo reduzido pela substituição por GLP e GN; 80% do consumo do GLP, que<br />

também vem sendo reduzido pela substituição por GN; e por 1,9% do consumo de GN, que cresce devido, principalmente,<br />

a sua competitividade no início do horizonte deste documento, segundo o cenário descrito no capítulo 2.<br />

As ações de eficiência energética nesse segmento devem considerar, além da conservação da energia, o aspecto<br />

social, sobretudo com vistas à promoção da capacidade de pagamento, por parte de consumidores de baixa<br />

renda, de suas despesas com energia.<br />

Nesse contexto, a ANEEL destina, no mínimo, 50% dos recursos dos programas de eficiência energética das<br />

concessionárias distribuidoras de eletricidade, a projetos junto aos consumidores da classe residencial de baixa<br />

renda. Esse percentual impôs desafio inicial para as concessionárias, mas mostrou-se adequado no sentido da regularização<br />

de consumidores e na promoção da adimplência.<br />

As ações propostas neste segmento serão realizadas por meio do Programa de Eficiência Energética das Distribuidoras<br />

– PEE. A ação de substituição energética receberá ainda o investimento de um novo programa que está<br />

sendo trabalhado pelo Ministério de Minas e Energia, conjuntamente com o Ministério do Meio Ambiente, específico<br />

para este fim.<br />

Para esse segmento, são propostas duas linhas de ação descritas a seguir.<br />

(a) Substituição de Equipamentos:<br />

Os equipamentos para o uso final de iluminação e refrigeração, segundo recente pesquisa de posse e hábitos do<br />

PROCEL realizada em todo o Brasil, responde 36% do consumo final na carga residencial, a qual é maior na região Nordeste,<br />

com 40%, e menor na região Sul, com 24%. O condicionamento de ar não é um uso final de energia de larga utilidade<br />

no segmento de baixa renda, contudo representa 20% do consumo da classe residencial (atinge a maior parcela<br />

no norte, com 40%, e menor no sudeste, com 11%) e por este motivo tornou-se foco das ações de eficiência.<br />

i) Iluminação: troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas;<br />

ii) Refrigeração: substituição de refrigeradores antigos e em estado precário por equipamentos novos com<br />

Selo PROCEL de Eficiência Energética. Essa substituição possui relevante aspecto ambiental em função do elevado<br />

número de refrigeradores velhos que utilizam substâncias causadoras do Efeito Estufa e destruidoras da Camada de<br />

Ozônio;<br />

iii) Condicionamento de Ar: substituição de condicionadores de ar antigos e em estado precário por equi-


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 749<br />

pamentos novos com Selo Procel de Eficiência Energética. Repete-se aqui o aspecto ambiental observado no item<br />

anterior;<br />

(b) Substituição Energética: troca de chuveiros elétricos por aquecedores solares<br />

Os chuveiros elétricos respondem por 24% no consumo final da carga residencial no Brasil, segundo a<br />

pesquisa de posse e hábitos do Procel. Essa participação é maior nas regiões Sudeste e Centro-Oeste com 26% e<br />

menor na região Norte com 2%. Este uso final representa uma das maiores parcelas do consumo residencial nacional<br />

e, por este motivo, sua substituição por aquecedores solares tornou-se uma das ações prioritárias para este<br />

setor e foco de três mecanismos do governo: PEE, PROCEL e do novo programa de fomento a este fim, conforme<br />

já citado. Esta ação de disseminação do uso de aquecedores solares deverá ser conjunta com estudos de mercado<br />

e campanhas de conscientização, visto o baixo índice de predisposição da substituição de chuveiros elétricos,<br />

segundo a mesma pesquisa.<br />

Segmento Comercial e de Serviços<br />

Segundo os estudos de demanda deste plano, o segmento comercial e de serviços é o que apresenta o maior<br />

crescimento do seu consumo, 6,6% no período na trajetória inferior. O resultado é um aumento na parcela de consumo<br />

deste setor que inicia com 15,5% em 2006 e atinge 18,1% em 2016. Este movimento segue uma tendência<br />

mundial, no qual este segmento passa a dominar a parcela de geração de riqueza com o desenvolvimento do país.<br />

Embora careça de estudo de diagnóstico mais aprofundado, estima-se que esse segmento desperdice 14% da energia<br />

que consome, segundo dados do PROCEL.<br />

Este segmento congrega grandes, médias e pequenas empresas que merecem tratamentos distintos de forma<br />

a considerar o aspecto social.<br />

O instrumento de fomento à eficiência energética que viabiliza as ações descritas nesse setor é o PEE das concessionárias<br />

distribuidoras de energia elétrica. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE<br />

possui programa interno específico para a promoção da eficiência energética junto a seus associados, sobretudo<br />

com campanhas de sensibilização. Assim, como já citado no segmento residencial, a ação de substituição energética<br />

(troca de chuveiros elétricos por aquecedores solares) prevê investimentos no PEE e de um novo programa de<br />

fomento ao uso de aquecedores solares.<br />

(a) Substituição de Equipamentos:<br />

i) Iluminação: substituição de lâmpadas, reatores e luminárias ineficientes;<br />

ii) Refrigeração: substituição de refrigeradores ou compressores antigos;<br />

iii) Condicionamento de ar: substituição de condicionadores de ar antigos e em estado precário;<br />

iv) Motores elétricos e bombas: substituição de equipamentos obsoletos por equipamentos de alta eficiência;<br />

(b) Substituição Energética: troca de chuveiros por aquecedores solares e a gás.<br />

A ação prevê a substituição do aquecimento de água utilizando a energia elétrica, por aquecedores de<br />

água, solares ou a gás, nesta classe de consumo, com especial destaque para hospitais, clubes, hotéis, pousadas e<br />

lavanderias.<br />

(c) Otimização de Projetos:<br />

i) Iluminação: elaboração de projeto para implementação de sistemas automatizados (sensores de presença)<br />

e projetos luminotécnicos adequados às necessidades da infra-estrutura existente.<br />

ii) Refrigeração: elaboração de projeto para implementação de processos de operação de câmaras frigoríficas<br />

e sistemas refrigerados; isolamento térmico adequado para as tubulações de líquido e gás; dimensionamento adequado<br />

de compressores e regulagem dos termostatos; e automatização de sistemas refrigeradores da infra-estrutura<br />

existente.<br />

iii) Condicionamento de ar: elaboração de projeto para implementação de isolamento adequado; dimensionamento<br />

de equipamentos; e automatização de sistemas de climatização da infra-estrutura existente.


750<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

iv) Bombeamento: elaboração de projeto de reavaliação de dimensionamento de motores e bombas; verificação<br />

de vazamento; e controlador eletrônico de velocidade nos motores que funcionam com carga parcial da infraestrutura<br />

existente.<br />

Segmento Serviços: Iluminação Pública<br />

A iluminação pública no Brasil corresponde a aproximadamente 3,2% do consumo total de energia elétrica do<br />

país, segundo levantamento do PROCEL.<br />

A ação proposta neste segmento será fruto do Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente – RELUZ/<br />

PROCEL, para o qual estão previstos investimentos da ordem de 2 bilhões de reais, até 2010, para promover a eficiência<br />

de 5 milhões de pontos de iluminação.<br />

(a) Modernização de pontos de iluminação<br />

Substituição de lâmpadas de vapor de mercúrio, relés, reatores eletromagnéticos, ignitores etc. e 5 milhões de<br />

pontos ineficientes de iluminação pública<br />

Segmento Serviços: Saneamento<br />

O setor de saneamento ambiental (água, esgoto e saneamento) responde por cerca de 2,5% de todo o consumo<br />

de energia elétrica do País, segundo estimativas do PROCEL. Levantamento feito em 2005 pela Secretaria Nacional<br />

de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades - MCidades, aponta que 44,4% de toda a água captada<br />

é perdida nos sistemas de distribuição dos prestadores de serviço de abrangência regional. Há estreita associação<br />

entre o desperdício de água e de energia elétrica, a qual já representa o segundo item mais representativo nos custos<br />

dessas empresas.<br />

O Programa Nacional de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental - PROCEL SANEAR atua conjuntamente<br />

com o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNCDA e o Programa de Modernização<br />

do Setor de Saneamento – PMSS, ambos coordenados pela SNSA, vinculada ao MCidades. O PROCEL SANEAR tem<br />

atuado, sobretudo, na forma de projetos demonstrativos de melhores práticas junto às empresas de distribuição de<br />

água. Em semelhança à prática adotada para a iluminação pública, projetos de eficiência energética nos sistemas<br />

de saneamento ambiental serão alvo de financiamento com recursos da Reserva Global de Reversão - RGR. Serão<br />

aplicadas a esses financiamentos as mesmas regras básicas que se impõem ao RELUZ, dentre as quais se destacam o<br />

acesso exclusivo aos recursos pelas concessionárias de energia elétrica e a supervisão de execução física e financeira<br />

por parte da Eletrobrás.<br />

(a) Substituição de Equipamentos:<br />

i) Bombeamento: Substituir sistemas moto-bombas antigos por equipamentos de alta eficiência.<br />

ii) Sistema Motriz: Substituir motores elétricos superdimensionados por motores com a potência correta e de<br />

alto rendimento com Selo Procel de Eficiência Energética<br />

(b) Otimização de Projetos e Processos:<br />

i) Bombeamento: análise do projeto para instalação de controlador eletrônico de velocidade nos motores que<br />

funcionam com carga parcial; dimensionamento adequado dos motores e bombas; e eliminação de vazamentos de água.<br />

ii) Sistema Motriz: elaboração de projetos de dimensionamento adequado de motores (de acordo com a carga<br />

acionada - ponto ótimo entre 60 e 90% do carregamento); adoção, quando possível, de variadores eletrônicos de<br />

velocidade.<br />

As concessionárias de saneamento ambiental respondem por cerca de 2,5% do consumo total de energia elétrica<br />

do Brasil. Segundo dados anuais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (www.snis.gov.<br />

br), do Ministério das Cidades, o País perde 44,4% da água distribuída pelos prestadores de serviço de abrangência<br />

regional em relação à água captada (referência 2005). A esse desperdício de água está associado ao igualmente significativo<br />

desperdício de energia.<br />

As ações neste segmento são financiadas principalmente pelo programa PROCEL-SANEAR, mas também pelo


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 751<br />

PEE. O PROCEL SANEAR – Programa Nacional de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental, atua de forma<br />

conjunta com o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNCDA e o Programa de Modernização<br />

do Setor de Saneamento – PMSS; ambos coordenados pela SNSA, vinculada ao Ministério das Cidades. Os projetos<br />

de eficiência energética voltados às empresas de saneamento contam com recursos da RGR, para financiar projetos<br />

de eficiência energética em sistemas de abastecimento de água, e de esgotamento sanitário, apresentados pelas<br />

concessionárias de distribuição de energia no âmbito do PROCEL SANEAR.<br />

Segmento Serviços: Transporte<br />

O segmento de transporte é um segmento de extrema importância na estratégia energética, pois, responde<br />

por 27% da matriz de consumo de energia, ficando atrás somente do segmento industrial. Em função de seu elevado<br />

consumo e do respectivo percentual de desperdício, este setor requer especial atenção dos programas de promoção<br />

da eficiência energética. O governo dispõe de 6 projetos nesta área gerenciados e financiados pelo CONPET<br />

em parceria com associações de empresas transportadoras de cargas e passageiros: Economizar; Parada Economizar;<br />

Transportar; Sistema de avaliação; otimização da matriz de transporte além da etiquetagem veicular que será<br />

tratada no item normalização.<br />

(a) Racionalização do consumo de combustível da frota veicular de caminhões e ônibus<br />

No âmbito do Projeto Economizar, estima-se o atendimento médio de 150 mil veículos por ano e o treinamento<br />

de condutores e administradores de frota.<br />

(b) Otimização da Matriz de modais de transporte<br />

Parcela significativa do desperdício de energia no setor de transportes está associada aos modais que hoje se<br />

empregam no Brasil, tanto de cargas quanto de passageiros. A escolha desses modais perpassa por aspectos outros<br />

que não somente o energético, de forma que a promoção da eficiência energética se insere em revisão substantiva<br />

do setor.<br />

O Plano Nacional de Logística e Transportes, elaborado em conjunto pelo Ministério dos Transportes e Ministério<br />

da Defesa, tem como um dos objetivos a otimização e racionalização de custos associados à cadeia de transporte,<br />

em conjunto a este objetivo é necessária a efetiva mudança na atual matriz de transporte de cargas.<br />

O Plano Nacional de Logística e Transporte recomenda investimentos de R$ 62 bilhões até 2023 para aumento<br />

da malha ferroviária em 20.000 km e da malha hidroviária em 14.000 km, de forma a atingir a meta, em um horizonte<br />

entre 15 e 20 anos, de aumentar a participação do modal ferroviário dos atuais 25% para 32%, e do modal aqüaviário<br />

de 13% para 29%. O modal rodoviário que participa hoje com 58% reduziria para 33% sua participação na matriz<br />

de transporte de cargas.<br />

A responsabilidade do MME junto ao PNLT é apoiar sua implementação no que se refere aos aspectos energéticos,<br />

tais como a desagregação do consumo de combustíveis por cada modal de transportes e a eficiência dos<br />

equipamentos.<br />

Administração Pública<br />

É premente a necessidade da promoção da eficiência energética em todas as esferas da Administração Pública.<br />

As iniciativas de maior destaque para esse fim são o Programa de Eficiência Energética em Prédios Públicos -<br />

PROCEL EPP, os Programas de Eficiência Energética das concessionárias distribuidoras de energia elétrica e o Núcleo<br />

de Gestão Energética Municipal - PROCEL GEM. O governo deve ser exemplo das práticas de eficiência energética<br />

que recomenda à sociedade para fazer frente ao seu próprio potencial de conservação. Para tanto, enumeram-se as<br />

seguintes ações:<br />

(a) sensibilização dos administradores públicos, por meio de projetos demonstrativos, quanto às alternativas<br />

para a redução de suas despesas energéticas, o que possibilitará, inclusive, o direcionamento dos recursos economizados<br />

nas atividades-fim das edificações;


752<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA – PDE 2007 / 2016<br />

(b) formação de Agentes Municipais de Eficiência Energética e a elaboração de Planos Municipais de Gestão<br />

da Energia Elétrica - PLAMGE, o qual consiste de diagnóstico da situação energética do município para subsidiar o<br />

Administrador a respeito de ações de eficiência energética que devam ser implementadas;<br />

(c) contratação de serviços de conservação de energia, tanto na forma de desempenho quanto de prestação<br />

de serviços, respeitada a legislação vigente;<br />

(d) adoção de critérios para a aquisição pública de equipamentos mais eficientes e ambientalmente sustentáveis,<br />

segundo as mesmas práticas que o governo recomenda à sociedade por meio do PBE e dos Selos CONPET e<br />

PROCEL.<br />

Segmento Industrial<br />

A classe industrial é responsável pela maior parcela no consumo de energia elétrica e combustíveis, com<br />

37,5% do consumo final de energia e 46% do consumo final de energia elétrica (2006). Esta classe de consumo é<br />

responsável por expressiva parcela de desperdício de energia. Os sistemas motrizes são responsáveis por quase<br />

50% do consumo do setor industrial e concentram o maior potencial de redução de perdas. Estes sistemas compreendem,<br />

predominantemente, acionamento eletro-eletrônico, motor elétrico, acoplamento motor-carga, cargas<br />

mecânicas acionadas (bombas, compressores, ventiladores, exaustores e correias transportadoras) e instalações<br />

(transporte e consumo dos fluidos).<br />

Observam-se iniciativas bem sucedidas por parte do SEBRAE e dos demais organismos vinculados à CNI no<br />

segmento de médias e pequenas indústrias. Por outro lado, foram identificadas resistências, por parte de grandes<br />

indústrias, à realização de diagnósticos energéticos ou de serviços de conservação de energia por terceiros em suas<br />

plantas. Este cenário foi recentemente impactado com o advento do PROESCO - linha de financiamento do BNDES<br />

criada em meados do ano de 2006. Os principais beneficiários são os grandes consumidores industriais e comerciais<br />

e as empresas de conservação de energia - ESCOs. Após um período inicial para a definição dos procedimentos<br />

administrativos e credenciamento de instituições bancárias repassadoras, os primeiros contratos foram assinados.<br />

A Associação Brasileira das Empresas de Conservação de Energia - ABESCO está empenhada na ampla difusão do<br />

PROESCO, bem como na capacitação de técnicos e gestores para sua implementação.<br />

As principais linhas de ação no segmento industrial são a substituição de equipamentos e a otimização de<br />

projetos e processos.<br />

Substituição de Equipamentos:<br />

(a) Bombeamento: Substituir sistemas moto-bombas ineficientes por equipamentos de alta eficiência.<br />

(b) Sistemas Motrizes: Substituir motores elétricos superdimensionados por motores com a potência correta e<br />

de alto rendimento com Selo PROCEL de Eficiência Energética<br />

Otimização de Projetos e Processos:<br />

(a) Bombeamento: instalação de controlador eletrônico de velocidade em motores; dimensionamento adequado<br />

de motores e bombas; e eliminação de vazamentos de água.<br />

b) Sistemas Motrizes: dimensionamento adequado de motores; especificação, quando possível, de variadores<br />

eletrônicos de velocidade.<br />

3. Conclusão<br />

Em caráter inédito, esta é a primeira edição do Plano Decenal que contempla o aspecto energético em suas<br />

diversas fontes. Igualmente inédita é a abordagem da eficiência energética. Buscou-se um tratamento mais detalhado,<br />

aprofundando os conceitos apresentados no PNE 2030. Já se observam propostas de ações a serem tomadas no<br />

horizonte deste plano, embora não tenham sido definidas metas quantitativas e o respectivo arranjo financeiro, os


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 753<br />

quais serão objeto de edições posteriores deste Plano.<br />

Estudos recentes de conservação de energia realizados no âmbito do PROCEL e do CONPET demonstram um<br />

imenso montante de desperdícios energéticos a serem evitados, bem como um potencial formidável para introdução<br />

de tecnologias eficientes no mercado brasileiro. As principais barreiras ao pleno desenvolvimento da eficiência<br />

energética no Brasil demandam um esforço governamental no sentido de se aperfeiçoar o marco legal e regulatório,<br />

bem como no estabelecimento de uma estrutura operacional capaz de articular a diversidade de agentes envolvidos<br />

e implementar as ações efetivas entre os inúmeros segmentos consumidores.


10<br />

Indicadores da Expansão<br />

do Sistema Energético<br />

Indicadores de Mercado e de Consumo Final de Energia 759<br />

Indicadores da Expansão da Geração de Energia Elétrica 775<br />

Indicadores da Expansão da Transmissão de Energia Elétrica 778<br />

Indicadores Associados às Reservas e Produção de Petróleo e Gás Natural 783<br />

Indicadores Associados à Oferta de Derivados de Petróleo 789<br />

Indicadores Associados à Oferta de Gás Natural 793<br />

Indicadores Associados à Oferta de Biocombustíveis Líquidos 797<br />

Indicadores Associados à Oferta de Carvão Mineral 806<br />

Indicadores Socioambientais 810<br />

Síntese das Estimativas de Investimentos 821


10 Indicadores da Expansão do<br />

Sistema Energético<br />

1. Indicadores de Mercado e de Consumo Final de Energia .................................................................... 759<br />

1.1. Parâmetros Macro-econômicos e Demográficos .......................................................................................... 759<br />

1.2. Resultados das Projeções de Consumo Final de Energia Trajetórias Superior e Inferior ................................. 761<br />

1.3. Energia Elétrica ........................................................................................................................................... 767<br />

1.4. Consolidação das Projeções ......................................................................................................................... 772<br />

2. Indicadores da Expansão da Geração de Energia Elétrica .................................................................. 775<br />

3. Indicadores da Expansão da Transmissão de Energia Elétrica ............................................................ 778<br />

3.1. Evolução física do Sistema Interligado Nacional (SIN) .................................................................................. 778<br />

3.2. Estimativa de Investimentos na Expansão do Sistema Interligado Nacional (SIN) ....................................... 780<br />

3.3. Evolução das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ................................................................... 781<br />

4. Indicadores Associados às Reservas e Produção de Petróleo e Gás Natural .......................................... 783<br />

4.1. Reservas e Produção de Petróleo ................................................................................................................. 783<br />

4.2. Reservas e Produção de Gás Natural ............................................................................................................ 786<br />

5. Indicadores Associados à Oferta de Derivados de Petróleo ................................................................ 789<br />

6. Indicadores Associados à Oferta de Gás Natural ............................................................................... 793<br />

7. Indicadores Associados à Oferta de Biocombustíveis Líquidos .......................................................... 797<br />

7.1. Etanol ......................................................................................................................................................... 797<br />

7.2. Biodiesel .................................................................................................................................................... 802<br />

8. Indicadores Associados à Oferta de Carvão Mineral .......................................................................... 806<br />

9. Indicadores Socioambientais ......................................................................................................... 810<br />

9.1. Sistema Elétrico .......................................................................................................................................... 812<br />

9.2. Malha de Gasodutos ................................................................................................................................... 818<br />

10. Síntese das Estimativas de Investimentos ..................................................................................... 821


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 759<br />

Introdução<br />

Neste capítulo é apresentado um resumo das principais premissas e resultados das análises descritas nos capítulos<br />

anteriores.<br />

As tabelas e gráficos selecionados podem ser considerados como Indicadores da Expansão do Sistema Energético,<br />

referentes ao mercado e consumo final de energia (Capítulo II) e à oferta dos diversos energéticos abordados<br />

nos capítulos III a VIII, abrangendo a evolução física das infra-estruturas de produção, processamento e transporte,<br />

os investimentos estimados e os aspectos socioambientais.<br />

1. Indicadores de Mercado e de Consumo Final de Energia<br />

A partir das informações do Capítulo II – Demanda de Energia, são apresentados os seguintes indicadores referentes<br />

às premissas e resultados das projeções de demanda de energia:<br />

1.1. Parâmetros Macro-econômicos e Demográficos<br />

Brasil: Taxas Médias de Crescimento do PIB (% a.a.)<br />

Trajetória 2006/2011 2011/2016 2006/2016<br />

Superior 4,8 5,0 4,9<br />

Inferior 4,0 4,5 4,2<br />

70<br />

Evolução do Preço do Petróleo Brent (US$ 2006/barril)<br />

60<br />

Cenário Arquipélago - Brent US$ 66/b:<br />

Forte crescimento econômico, defasagem<br />

na expansão de capacidade, eventos de<br />

geopolítica e incertezas de oferta.<br />

50<br />

40<br />

30<br />

Cenário Arquipélago - Brent US$ 66-50/b:<br />

Redução no crescimento da demanda e<br />

maturação de investimentos em capacidade<br />

compensam agravamento de geopolítica<br />

20<br />

Cenário Arquipélago - Brent US$ 45/b:<br />

Oferta acompanha o crescimento da demanda,<br />

embora com maior dependência da OPEP e<br />

elevação de custos de países Não-OPEP<br />

10<br />

1995<br />

1997<br />

1999<br />

2001<br />

2003<br />

2005<br />

2007<br />

2009<br />

2011<br />

2013<br />

2015


760<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Brasil e Regiões: Projeção da População Total Residente (mil habitantes), 2006/2016<br />

Ano Norte Nordeste Sudeste Sul<br />

Centro<br />

Oeste<br />

Brasil<br />

2006 15.181 51.901 80.099 27.475 13.392 188.048<br />

2011 16.730 54.726 85.316 29.081 14.584 200.436<br />

2016 18.142 57.305 90.075 30.547 15.671 211.740<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 2,0 1,1 1,3 1,1 1,7 1,3<br />

2011/2016 1,6 0,9 1,1 1,0 1,4 1,1<br />

2006/2016 1,8 1,0 1,2 1,1 1,6 1,2<br />

Estrutura de Participação (%)<br />

2006 8,1 27,6 42,6 14,6 7,1 100<br />

2011 8,3 27,3 42,6 14,5 7,3 100<br />

2016 8,6 27,1 42,5 14,4 7,4 100<br />

Brasil e Regiões: Projeção do Número de Domicílios (mil), 2006/2016<br />

Ano Norte Nordeste Sudeste Sul<br />

Centro<br />

Oeste<br />

Brasil<br />

2006 3.482 12.993 23.777 8.485 3.880 52.617<br />

2011 3.999 14.218 26.564 9.515 4.442 58.739<br />

2016 4.513 15.428 29.361 10.557 5.001 64.860<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 2,8 1,8 2,2 2,3 2,7 2,2<br />

2011/2016 2,4 1,6 2,0 2,1 2,4 2,0<br />

2006/2016 2,6 1,7 2,1 2,2 2,6 2,1<br />

Estrutura de Participação (%)<br />

2006 6,6 24,7 45,2 16,1 7,4 100<br />

2011 6,8 24,2 45,2 16,2 7,6 100<br />

2016 7,0 23,8 45,3 16,3 7,7 100


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 761<br />

1.2. Resultados das Projeções de Consumo Final de Energia Trajetórias Superior e Inferior<br />

70.000<br />

Óleo Diesel* e Biodiesel<br />

60.000<br />

50.000<br />

mil m³<br />

40.000<br />

30.000<br />

20.000<br />

10.000<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Biodiesel - inferior Biodiesel - superior Diesel - inferior Diesel - superior<br />

* Inclui setor energético e geração termelétrica.<br />

17.000<br />

GLP<br />

16.000<br />

15.000<br />

mil m³<br />

14.000<br />

13.000<br />

12.000<br />

11.000<br />

10.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior


762<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

27.000<br />

Gasolina Pura<br />

25.000<br />

23.000<br />

mil m³<br />

21.000<br />

19.000<br />

17.000<br />

15.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

35.000<br />

Álcool Carburante<br />

30.000<br />

25.000<br />

mil m³<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 763<br />

8.000<br />

Óleo Combustível*<br />

7.500<br />

7.000<br />

mil m³<br />

6.500<br />

6.000<br />

5.500<br />

5.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

* Não inclui geração termelétrica.<br />

20.000<br />

Outros Secundários de Petróleo**<br />

19.000<br />

18.000<br />

17.000<br />

16.000<br />

mil m³<br />

15.000<br />

14.000<br />

13.000<br />

12.000<br />

11.000<br />

10.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior


764<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Gás Natural**<br />

65.000<br />

60.000<br />

55.000<br />

mil m³/dia<br />

50.000<br />

45.000<br />

40.000<br />

35.000<br />

30.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

Gás natural – Evolução do Consumo Energético Final**<br />

Trajetória Inferior – Base: 2006=100<br />

270<br />

250<br />

230<br />

210<br />

190<br />

170<br />

150<br />

130<br />

110<br />

90<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Industrial Automotivo Residencial Comercial Total


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 765<br />

Etanol<br />

30.000<br />

27.000<br />

24.000<br />

mil m³<br />

21.000<br />

18.000<br />

15.000<br />

12.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

5.000<br />

Biodiesel<br />

4.000<br />

3.000<br />

mil m³<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior


766<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

36.000<br />

Biocombustíveis (Etanol + Biodiesel)<br />

33.000<br />

30.000<br />

27.000<br />

mil m³<br />

24.000<br />

21.000<br />

18.000<br />

15.000<br />

12.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

25.000<br />

Bagaço de Cana<br />

22.000<br />

19.000<br />

mil tep<br />

16.000<br />

13.000<br />

10.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 767<br />

19.000<br />

Lenha<br />

18.000<br />

17.000<br />

mil tep<br />

16.000<br />

15.000<br />

14.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Inferior<br />

Superior<br />

1.3. Energia Elétrica<br />

20.000<br />

Eletricidade Total Conservada - Progresso Autônomo<br />

16.000<br />

15.639<br />

2,7%<br />

12.000<br />

GWh<br />

8.000<br />

4.000<br />

4.421<br />

1,0%<br />

0<br />

2011 2016


768<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Parcela da Eletricidade Conservada por Setor - Progresso Autônomo<br />

6.000<br />

5.442<br />

5.000<br />

4.000<br />

4.037<br />

3.628<br />

GWh<br />

3.000<br />

2.533<br />

2.000<br />

1.251<br />

1.815<br />

1.000<br />

681 674<br />

0<br />

2011 2016<br />

Residencial Industrial Comercial Outros<br />

Consumo de Energia Elétrica (GWh) * , Trajetória Inferior<br />

Ano Sistemas Isolados ** Subsistemas Interligados<br />

Norte<br />

Nordeste<br />

Sudeste/<br />

Centro-Oeste<br />

Sul<br />

SIN ***<br />

Brasil<br />

2006 7.471 24.234 49.719 218.636 59.662 352.251 359.722<br />

2011 10.834 31.626 64.784 273.107 76.341 445.858 456.691<br />

2016 15.841 45.603 83.414 340.762 96.321 566.100 581.941<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 7,7 5,5 5,4 4,5 5,1 4,8 4,9<br />

2011/2016 7,9 7,6 5,2 4,5 4,8 4,9 5,0<br />

2006/2016 7,8 6,5 5,3 4,5 4,9 4,9 4,9<br />

Ano Estrutura de Participação (%)<br />

2006 2,1 6,7 13,8 60,8 16,6 97,9 100,0<br />

2011 2,4 6,9 14,2 59,8 16,7 97,6 100,0<br />

2016 2,7 7,8 14,3 58,6 16,6 97,3 100,0<br />

* Não inclui autoprodução clássica. ** Conjunto dos atuais sistemas isolados. *** SIN = Sistema Interligado Nacional.


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 769<br />

Consumo de Energia Elétrica (GWh) * , Trajetória Superior<br />

Ano<br />

Sistemas<br />

Isolados **<br />

Norte<br />

Subsistemas Interligados<br />

Nordeste<br />

Sudeste/<br />

Centro-Oeste<br />

Sul<br />

SIN ***<br />

Brasil<br />

2006 7.471 24.234 49.719 218.636 59.662 352.251 359.722<br />

2011 11.139 32.110 66.250 282.099 78.411 458.869 470.009<br />

2016 16.599 46.513 87.067 358.707 101.697 593.985 610.584<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 8,3 5,8 5,9 5,2 5,6 5,4 5,5<br />

2011/2016 8,3 7,7 5,6 4,9 5,3 5,3 5,4<br />

2006/2016 8,3 6,7 5,8 5,1 5,5 5,4 5,4<br />

Ano Estrutura de Participação (%)<br />

2006 2,1 6,7 13,8 60,8 16,6 97,9 100,0<br />

2011 2,4 6,8 14,1 60,0 16,7 97,6 100,0<br />

2016 2,7 7,6 14,3 58,7 16,7 97,3 100,0<br />

* Não inclui autoprodução clássica. ** Conjunto dos atuais sistemas isolados. *** SIN = Sistema Interligado Nacional.<br />

650.000<br />

Brasil: Consumo de Energia Elétrica (GWh)<br />

Trajetórias superior e Inferior*<br />

600.000<br />

29 TWh<br />

(4,9%)<br />

550.000<br />

500.000<br />

450.000<br />

400.000<br />

350.000<br />

300.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

* Não inclui autoprodução clássica.<br />

Superior<br />

Inferior


770<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Carga de Energia (MWmédio) – Trajetória Inferior<br />

Subsistemas Interligados<br />

Ano<br />

Norte (1)<br />

Nordeste<br />

Sudeste/<br />

Centro-Oeste (2)<br />

Sul<br />

SIN<br />

2006 3.398 6.920 29.866 7.941 48.124<br />

2011 4.365 8.936 37.596 10.030 60.927<br />

2016 7.784 11.404 46.706 12.495 78.388<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 5,1 5,2 4,7 4,8 4,8<br />

2011/2016 12,3 5,0 4,4 4,5 5,2<br />

2006/2016 8,6 5,1 4,6 4,6 5,0<br />

Ano Estrutura de Participação (%)<br />

2006 7,1 14,4 62,1 16,5 100,0<br />

2011 7,2 14,7 61,7 16,5 100,0<br />

2016 9,9 14,5 59,6 15,9 100,0<br />

(1) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados de Manaus, Amapá e margem esquerda do Amazonas a partir de janeiro de 2012.<br />

(2) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados do Acre e Rondônia a partir de agosto de 2008.<br />

Carga de Energia (MWmédio) –Trajetória Superior<br />

Subsistemas Interligados<br />

Ano<br />

Norte (1)<br />

Nordeste<br />

Sudeste/<br />

Centro-Oeste (2)<br />

Sul<br />

SIN<br />

2006 3.398 6.920 29.866 7.941 48.124<br />

2011 4.432 9.138 38.830 10.302 62.702<br />

2016 7.984 11.903 49.161 13.192 82.240<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 5,5 5,7 5,4 5,3 5,4<br />

2011/2016 12,5 5,4 4,8 5,1 5,6<br />

2006/2016 8,9 5,6 5,1 5,2 5,5<br />

Ano Estrutura de Participação (%)<br />

2006 7,1 14,4 62,1 16,5 100,0<br />

2011 7,1 14,6 61,9 16,4 100,0<br />

2016 9,7 14,5 59,8 16,0 100,0<br />

(1) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados de Manaus, Amapá e margem esquerda do Amazonas a partir de janeiro de 2012.<br />

(2) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados do Acre e Rondônia a partir de agosto de 2008.


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 771<br />

80.000<br />

75.000<br />

Comparação dos Ciclos 2005 e 2006<br />

Carga de Energia do SIN (MWmédio)<br />

3.745 MWmédio<br />

(4,9%)<br />

70.000<br />

65.000<br />

60.000<br />

55.000<br />

50.000<br />

45.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Ciclo 2005 - Cenário de Referência Ciclo 2006 - Trajetória Inferior Ciclo 2006 - Trajetória Superior<br />

Carga de Demanda* (MWh/h) –Trajetória Inferior<br />

Ano<br />

Subsistema<br />

Sistema<br />

N (1) NE SE/CO (2) S N/NE S/SE/CO SIN<br />

2006 3.861 8.796 38.700 10.750 12.560 48.673 60.388<br />

2011 5.111 11.605 50.127 13.835 16.514 63.303 79.045<br />

2016 8.999 14.810 62.275 17.234 23.520 78.690 101.222<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 5,8 5,7 5,3 5,2 5,6 5,4 5,5<br />

2011/2016 12,0 5,0 4,4 4,5 7,3 4,4 5,1<br />

2006/2016 8,8 5,3 4,9 4,8 6,5 4,9 5,3<br />

* Demanda máxima integralizada em uma hora.<br />

(1) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados de Manaus, Amapá e margem esquerda do Amazonas a partir de janeiro de 2012.<br />

(2) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados do Acre e Rondônia a partir de agosto de 2008.


772<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Carga de Demanda* (MWh/h) –Trajetória Superior<br />

Ano<br />

Subsistema<br />

Sistema<br />

N (1) NE SE/CO (2) S N/NE S/SE/CO SIN<br />

2006 3.861 8.796 38.700 10.750 12.560 48.673 60.388<br />

2011 5.189 11.868 51.774 14.210 16.850 65.304 81.360<br />

2016 9.229 15.459 65.548 18.196 24.389 82.881 106.234<br />

Período<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 6,1 6,2 6,0 5,7 6,1 6,1 6,1<br />

2011/2016 12,2 5,4 4,8 5,1 7,7 4,9 5,5<br />

2006/2016 9,1 5,8 5,4 5,4 6,9 5,5 5,8<br />

* Demanda máxima integralizada em uma hora.<br />

(1) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados de Manaus, Amapá e margem esquerda do Amazonas a partir de janeiro de 2012.<br />

(2) Inclui a interligação dos atuais sistemas isolados do Acre e Rondônia a partir de agosto de 2008.<br />

1.4. Consolidação das Projeções<br />

Brasil: Economia e Consumo Final Energético 2006-2016, Trajetórias Superior e Inferior<br />

2006 2011 2016<br />

Variação (% ao ano)<br />

2006/2011 2011/2016 2006/2016<br />

Consumo Final Energético (10 3 tep) *<br />

Inferior 194.629 237.319 298.930 4,0 4,7 4,4<br />

Superior 194.629 245.531 316.666 4,8 5,2 5,0<br />

PIB (10 9 R$ 2006)<br />

Inferior 2.323 2.826 3.522 4,0 4,5 4,2<br />

Superior 2.323 2.936 3.748 4,8 5,0 4,9<br />

Intensidade Energética da Economia (tep/10 3 R$ [2006])<br />

Inferior 0,084 0,084 0,085 - - -<br />

Superior 0,084 0,084 0,084 - - -<br />

Elasticidade<br />

Inferior - - - 1,01 1,05 1,03<br />

Superior - - - 0,99 1,04 1,02<br />

* Inclui o consumo do setor energético


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 773<br />

Brasil: Consumo Final Energético * , por fonte (103 tep), Trajetória Inferior<br />

Fonte 2006 2011 2016<br />

2006/16<br />

(Δ% a.a.)<br />

Gás natural 10.893 15.176 18.305 5,3<br />

Lenha 15.855 16.607 16.588 0,5<br />

Bagaço de cana 13.998 16.658 20.426 3,9<br />

Eletricidade 32.188 41.120 52.776 5,1<br />

Álcool etílico 7.167 10.127 14.652 7,4<br />

Biodiesel 0 2.914 3.638 -<br />

Outros 24.891 27.625 37.189 4,1<br />

Derivados de petróleo 70.840 81.840 100.454 3,6<br />

Óleo diesel 33.688 39.012 49.574 3,9<br />

Óleo combustível 6.329 6.546 7.053 1,1<br />

Gasolina 13.588 15.720 18.902 3,4<br />

Gás liquefeito de petróleo 7.112 8.118 9.178 2,6<br />

Outros derivados de petróleo 10.123 12.444 15.747 4,5<br />

Consumo final energético 175.832 212.069 264.027 4,1<br />

* Não inclui o consumo do setor energético<br />

Brasil: Consumo Final Energético * , por fonte (103 tep), Trajetória Superior<br />

Fonte 2006 2011 2016<br />

2006/16<br />

(Δ% a.a.)<br />

Gás natural 10.893 15.814 19.535 6,0<br />

Lenha 15.855 16.899 17.176 0,8<br />

Bagaço de cana 13.998 17.309 21.736 4,5<br />

Eletricidade 32.188 42.671 55.800 5,7<br />

Álcool etílico 7.167 10.278 15.269 7,9<br />

Biodiesel 0 3.043 3.897 -<br />

Outros 24.891 28.696 39.564 4,7<br />

Derivados de petróleo 70.840 84.697 106.715 4,2<br />

Óleo diesel 33.688 40.784 53.156 4,7<br />

Óleo combustível 6.329 6.783 7.493 1,7<br />

Gasolina 13.588 15.948 19.774 3,8<br />

Gás liquefeito de petróleo 7.112 8.330 9.611 3,1<br />

Outros derivados de petróleo 10.123 12.852 16.681 5,1<br />

Consumo final energético 175.832 219.408 279.692 4,8<br />

* Não inclui o consumo do setor energético


774<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Brasil: Estrutura do Consumo por fonte (%), 2006<br />

Fontes Renováveis<br />

da Biomassa<br />

21,2%<br />

Outros<br />

14,2%<br />

Óleo combustível<br />

3,1%<br />

Gasolina<br />

7,8%<br />

Derivados de<br />

Petróleo<br />

40,0%<br />

Gás liquefeito de<br />

petróleo<br />

4,1%<br />

Eletricidade<br />

18,4%<br />

Gás natural<br />

6,2%<br />

Óleo diesel<br />

19,3%<br />

Outros derivados<br />

de petróleo<br />

5,8%<br />

Brasil: Estrutura do Consumo por fonte (%), 2016<br />

Fontes Renováveis<br />

da Biomassa<br />

20,9%<br />

Outros<br />

14,1%<br />

Derivados de<br />

Petróleo<br />

38,0%<br />

Óleo combustível<br />

2,7%<br />

Gasolina<br />

7,2%<br />

Gás liquefeito de<br />

petróleo<br />

3,5%<br />

Eletricidade<br />

20,0%<br />

Gás natural<br />

6,9%<br />

Óleo diesel<br />

18,8%<br />

Outros derivados<br />

de petróleo<br />

6,0%


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 775<br />

2. Indicadores da Expansão da Geração de Energia Elétrica<br />

A partir das informações do Capítulo III – Oferta de Energia Elétrica: Parte 1 – Geração de Energia Elétrica, são<br />

apresentados os seguintes indicadores referentes à configuração de referência do sistema de geração:<br />

Evolução da Capacidade Instalada Hidrelétrica do SIN<br />

120,000<br />

T.PIRES<br />

110,000<br />

B.MONTE<br />

Potência Instalada - Hidro (MW)<br />

100,000<br />

90,000<br />

80,000<br />

70,000<br />

60,000<br />

50,000<br />

40,000<br />

30,000<br />

77,278<br />

109,058<br />

MADEIRA<br />

AM + AP<br />

NORTE<br />

NORDESTE<br />

SUL<br />

AC + RO<br />

SUDESTE<br />

20,000<br />

10,000<br />

-<br />

ITAIPU 50<br />

ITAIPU<br />

jan 2007<br />

jan 2008<br />

jan 2009<br />

jan 2010<br />

jan 2011<br />

jan 2012<br />

jan 2013<br />

jan 2014<br />

jan 2015<br />

jan 2016<br />

Distribuição da Capacidade Instalada Hidrelétrica pelos Subsistemas<br />

Distribuição da Potência Instalada - Hidro - Jan/2007<br />

Distribuição da Potência Instalada - Hidro - Dez/2016<br />

NORTE<br />

9,4%<br />

AM + AP<br />

0,3%<br />

B.MONTE<br />

0,0%<br />

T.PIRES<br />

0,0%<br />

ITAIPU<br />

8,6%<br />

AM + AP<br />

0,0%<br />

B.MONTE<br />

5,0%<br />

T.PIRES<br />

3,4%<br />

ITAIPU<br />

6,4%<br />

ITAIPU 50<br />

5,1%<br />

NORDESTE<br />

14,0%<br />

ITAIPU 50<br />

7,2%<br />

NORTE<br />

12,1%<br />

SUL<br />

15,4%<br />

NORDESTE<br />

10,6%<br />

SUDESTE<br />

35,7%<br />

MADEIRA<br />

0,0%<br />

AC + RO<br />

0,3%<br />

SUDESTE<br />

44,7%<br />

SUL<br />

15,6%<br />

MADEIRA<br />

6,2%<br />

AC + RO<br />

0,0%<br />

Obs. - Considerada a importação de Itaipu proveniente da potência contratada ao Paraguai.


776<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

35,000<br />

Evolução da Capacidade Instalada Termelétrica do SIN<br />

AM + AP<br />

30,000<br />

NORTE<br />

Potência Instalada - Térmica (MW)<br />

25,000<br />

20,000<br />

15,000<br />

10,000<br />

NORDESTE<br />

SUL<br />

MADEIRA<br />

5,000<br />

15,126<br />

28,428<br />

AC + RO<br />

-<br />

SUDESTE<br />

jan 2007<br />

jul 2007<br />

jan 2008<br />

jul 2008<br />

jan 2009<br />

jul 2009<br />

jan 2010<br />

jul 2010<br />

jan 2011<br />

jul 2011<br />

jan 2012<br />

jul 2012<br />

jan 2013<br />

jul 2013<br />

jan 2014<br />

jul 2014<br />

jan 2015<br />

jul 2015<br />

jan 2016<br />

jul 2016<br />

Distribuição da Capacidade Instalada Termelétrica pelos Subsistemas<br />

Distribuição da Potência Instalada - Térmica - Jan/2007<br />

Distribuição da Potência Instalada - Térmica - Dez/2016<br />

NORTE<br />

0.0%<br />

AM + AP<br />

9.4%<br />

NORTE<br />

5.1%<br />

AM + AP<br />

0.0%<br />

NORDESTE<br />

14.1%<br />

NORDESTE<br />

22.3%<br />

SUDESTE<br />

54.5%<br />

SUDESTE<br />

55.6%<br />

SUL<br />

18.4%<br />

SUL<br />

17.0%<br />

AC + RO<br />

3.5%<br />

AC + RO<br />

0.0%


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 777<br />

Participação das Diversas Fontes Termelétricas (% de capacidade instalada)<br />

Participação das Fontes de Geração Térmica - Jan/2007<br />

Participação das Fontes de Geração Térmica - Dez/2016<br />

OLEO<br />

8.7%<br />

BAGAÇO CANA<br />

0.4%<br />

DIESEL<br />

9.2%<br />

CAVACO MAD<br />

0.0%<br />

GAS PROC<br />

0.0%<br />

CAVACO MAD<br />

0.0%<br />

BAGAÇO CANA<br />

11.5%<br />

DIESEL<br />

6.8%<br />

GAS PROC<br />

1.7%<br />

CARVAO<br />

9.4%<br />

OLEO<br />

6.1%<br />

NUCLEAR<br />

13.3%<br />

GAS<br />

59.1%<br />

CARVAO<br />

14.1%<br />

GAS<br />

48.1%<br />

NUCLEAR<br />

11.6%<br />

Participação dos Diversos Tipos de Fonte (% de Capacidade Instalada)<br />

Participação das Fontes de Geração - Jan/2007<br />

Participação das Fontes de Geração - Dez/2016<br />

NUCLEAR<br />

2,1%<br />

GAS<br />

9,4%<br />

CARVAO - 1,5%<br />

DIESEL - 1,5%<br />

OLEO - 1,4%<br />

GAS PROC - 0,0%<br />

BIO<br />

0,6%<br />

NUCLEAR<br />

2,3%<br />

GAS<br />

9,6%<br />

CARVAO - 2,8%<br />

DIESEL - 1,4%<br />

OLEO - 1,2%<br />

GAS PROC - 0,3%<br />

BIO<br />

2,7%<br />

Outros - 2,9%<br />

EÓLICA<br />

0,2%<br />

Outros - 7,0%<br />

EÓLICA<br />

0,2%<br />

HIDRO<br />

81,2%<br />

PCH<br />

2,1%<br />

HIDRO<br />

75,3%<br />

PCH<br />

4,1%


778<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

3. Indicadores da Expansão da Transmissão de Energia Elétrica<br />

A partir das informações do Capítulo III – Oferta de Energia Elétrica: Parte 2 – Transmissão de Energia Elétrica,<br />

são apresentados os seguintes indicadores:<br />

3.1. Evolução física do Sistema Interligado Nacional (SIN)<br />

SIN - Linhas de Transmissão (km)<br />

Subsistemas (kV) 750 kV ±600 kV 500 kV 440 kV 345 kV 230 kV<br />

Extensão (km)<br />

Norte<br />

Existente em 2006 - - 9.302 - - 2.055<br />

Evolução 2007/2016 - - 3.946 - - 1.088<br />

Estimativa 2016 - - 13.248 - - 3.143<br />

Nordeste<br />

Existente em 2006 - - 6.510 - - 13.209<br />

Evolução 2007/2016 - - 2.205 - - 1.939<br />

Estimativa 2016 - - 8.715 - - 15.148<br />

Sudeste/Centro-Oeste<br />

Existente em 2006 2.698 1.612 8.694 6.791 8.834 9.079<br />

Evolução 2007/2016 - - 1.976 8 549 4.113<br />

Estimativa 2016 2.698 1.612 10.670 6.799 9.383 13.191<br />

Sul + MS<br />

Existente em 2006 - - 4.716 - 139 11.761<br />

Evolução 2007/2016 - - 650 - - 2.793<br />

Estimativa 2016 - - 5.365 - 139 14.554<br />

Grandes Interligações<br />

Existente em 2006 - - - - - -<br />

Evolução 2007/2016 - 9.500 4.762 - - -<br />

Estimativa 2016 - 9.500 4.762 - - -<br />

SIN<br />

Total 2006 Rede Básica 85.399<br />

Existente em 2006 2.698 1.612 29.222 6.791 8.973 36.104<br />

Evolução 2007/2016 - 9.500 13.538 8 549 9.932<br />

Estimativa 2016 2.698 11.112 42.760 6.799 9.522 46.036<br />

Total 2016 Rede Básica 118.927


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 779<br />

SIN - Transformação (MVA)<br />

Subsistemas (kV) 750 kV 500 kV 440 kV 345 kV 230 kV<br />

Potência (MVA)<br />

Norte<br />

Existente em 2006 - 5.430 - - 5.030<br />

Evolução 2007/2016 - - - - 314<br />

Estimativa 2016 - 5.430 - - 5.344<br />

Nordeste<br />

Existente em 2006 - 19.067 - - 14.094<br />

Evolução 2007/2016 - 900 - - 4.986<br />

Estimativa 2016 - 19.967 - - 19.080<br />

Sudeste/Centro-Oeste<br />

Existente em 2006 21.000 28.139 16.566 28.137 10.598<br />

Evolução 2007/2016 - 8.360 6.348 10.307 3.463<br />

Estimativa 2016 21.000 36.499 22.914 38.444 14.061<br />

Sul + MS<br />

Existente em 2006 - 17.404 336 - 17.298<br />

Evolução 2007/2016 - 6.432 - - 8.244<br />

Estimativa 2016 - 23.836 336 - 25.542<br />

Grandes Interligações<br />

Existente em 2006 - - - - -<br />

Evolução 2007/2016 - 12.600 - - -<br />

Estimativa 2016 - 12.600 - - -<br />

SIN<br />

Total 2006 Rede Básica 183.099<br />

Existente em 2006 21.000 70.040 16.902 28.137 47.020<br />

Evolução 2007/2016 - 28.292 6.348 10.307 17.007<br />

Estimativa 2016 21.000 98.932 23.250 38.444 64.027<br />

Total 2016 Rede Básica 245.053


780<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

3.2. Estimativa de Investimentos na Expansão do Sistema Interligado Nacional (SIN)<br />

Estimativa de Investimento em Linhas de Transmissão<br />

6<br />

R$ Bilhões<br />

5<br />

3<br />

2<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

3<br />

Estimativa de Investimento em Subestações<br />

R$ Bilhões<br />

2<br />

1<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

SIN - Novos Investimentos Desagregados por Nível de Tensão (2016)<br />

Estimativa de Investimentos em Linhas de<br />

Transmissão por Nível de Tensão (%)<br />

Total = 23,40 bilhões<br />

Estimativa de Investimentos em Subestações e<br />

Transformadores por Nível de Tensão (%)<br />

Total = 10,02 bilhões<br />

500kV<br />

52,9%<br />

600kV<br />

29,2%<br />

440kV<br />

1,3%<br />

500kV<br />

18,9%<br />

600kV<br />

55,2%<br />

440kV<br />

0,5%<br />

345kV<br />

1,8%<br />

230kV<br />

15,7%<br />

750kV<br />

0,0%<br />

345kV<br />

2,0%<br />

230kV<br />

22,7%<br />

750kV<br />

0,0%


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 781<br />

3.3. Evolução das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST)<br />

11<br />

10<br />

9<br />

8<br />

Tarifas de Geração - Distribuição da TUST para o ano 2008<br />

TUST mensal (R$/kW.mês)<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Usinas<br />

S SE/CO NE N<br />

Tarifas de Geração – Distribuição da TUST para o ano 2016<br />

TUST mensal (R$/kW.mês)<br />

13<br />

12<br />

11<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Usinas<br />

S SE/CO NE N


782<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Tarifas de Geração – TUST média<br />

TUST mensal (R$/kW.mês)<br />

6,0<br />

5,5<br />

5,0<br />

4,5<br />

4,0<br />

3,5<br />

3,0<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

2008 2010 2012 2014 2016<br />

Sul Sudeste/Centro-Oeste Nordeste Norte<br />

Tarifas de Carga para 2008<br />

Submercado<br />

Tarifa de Carga (R$/kW.mês)<br />

Mínima Máxima Média<br />

Sul 3,514 5,575 4,891<br />

Sudeste/Centro-Oeste 0,000 7,402 5,068<br />

Nordeste 1,774 6,510 4,221<br />

Norte 2,750 4,762 3,670<br />

Tarifas de Carga para 2016<br />

Submercado<br />

Tarifa de Carga (R$/kW.mês)<br />

Mínima Máxima Média<br />

Sul 4,491 6,935 5,863<br />

Sudeste/Centro-Oeste 0,000 8,523 5,576<br />

Nordeste 2,805 8,052 5,504<br />

Norte 3,969 6,200 5,098


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 783<br />

4. Indicadores Associados às Reservas e Produção de Petróleo e Gás Natural<br />

A partir das informações do Capítulo IV – Reservas e Produção de Petróleo e Gás Natural, considerando a hipótese<br />

conservadora condicionada pelas premissas adotadas para o Plano, apresentam-se os seguintes indicadores<br />

para o período 2007/2016:<br />

4.1. Reservas e Produção de Petróleo<br />

3.000<br />

Evolução das Reservas Totais de Petróleo*<br />

Recursos Descobertos até 2005<br />

2.500<br />

milhões m 3<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Incremento das Reservas Totais de Petróleo Nacional<br />

A Partir de Recursos não Descobertos em Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada.<br />

250<br />

200<br />

milhões m 3<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015


784<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Previsão dos Volumes Recuperáveis Agregados de Petróleo Nacional.<br />

A Partir dos Recursos Descobertos (reservas) e não Descobertos<br />

nos Blocos Licitados pela ANP até a Sétima Rodada.<br />

3.000<br />

2.500<br />

milhões m 3<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RND<br />

RD<br />

Previsão da Produção Nacional Anual de Petróleo, a partir das Reservas Totais dos Recursos Descobertos.<br />

Inclui Todos os Tipos de Petróleo.<br />

200<br />

150<br />

milhões m³/ano<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Leve<br />

Mediano<br />

Pesado


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 785<br />

Previsão da Produção Anual de Petróleo, a partir de Recursos não Descobertos, Considerando a Incerteza.<br />

As Duas Faixas Superiores Representam Acréscimos à Previsão mais Conservadora (Faixa Verde).<br />

30<br />

20<br />

milhões m 3 /ano<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

Alta<br />

Moderada<br />

Baixa<br />

Previsão da Produção de Petróleo Nacional, a partir de Recursos Descobertos<br />

e não Descobertos, Considerando a Incerteza<br />

200<br />

150<br />

milhões m 3 /ano<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

ALTA MODERADA BAIXA


786<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

4.2. Reservas e Produção de Gás Natural<br />

500<br />

Evolução das Reservas Nacionais de Gás Natural*<br />

Recursos Descobertos até 2005<br />

400<br />

bilhões m 3<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA<br />

Incremento do Volume Recuperável de Gás Natural<br />

A partir de Novas Descobertas<br />

250<br />

200<br />

bilhões m 3<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 787<br />

Previsão Agregada dos Recursos de Gás Natural<br />

A partir dos Recursos Descobertos (reservas) e não Descobertos<br />

600<br />

400<br />

bilhões m 3<br />

200<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA RD GNA RD GA RND GNA RND<br />

Previsão da Produção Nacional de Gás Natural a partir de Recursos Descobertos (reservas)<br />

40<br />

30<br />

bilhões m 3<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

GA<br />

GNA<br />

Previsão da Produção Nacional Gás Natural, a partir de Recursos não Descobertos,<br />

Considerando a Incerteza<br />

30<br />

20<br />

bilhões m 3<br />

10<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

ALTA MODERADA BAIXA


788<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Previsão da Produção de Gás Natural, a partir de Recursos Descobertos<br />

e não Descobertos, Considerando a Incerteza<br />

60<br />

40<br />

bilhões m 3 /ano<br />

20<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

ALTA MODERADA BAIXA<br />

Previsão da Produção de Líquido de Gás Natural - LGN,<br />

a partir de Recursos Descobertos e não Descobertos<br />

10<br />

8<br />

milhões m 3 /ano<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

2007 2009 2011 2013 2015<br />

RD<br />

RND


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 789<br />

5. Indicadores Associados à Oferta de Derivados de Petróleo<br />

A partir das informações do Capítulo V – Oferta de Derivados de Petróleo, são apresentados os seguintes indicadores:<br />

90<br />

Preços Internacionais dos Derivados e do Brent (US$2006/bbl)<br />

80<br />

70<br />

US$/bbl<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Brent<br />

Diesel Internacional<br />

Óleo Combsutível Internacional<br />

Nafta Internacional<br />

Gasolina Internacional<br />

GLP Internacional<br />

QAV Internacional<br />

Preços Nacionais dos Derivados (US$2006/bbl)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

US$/bbl<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Gasolina Diesel GLP Óleo Combustível QAV Nafta


790<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Trajetória Inferior Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

m³/d<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

-5.000<br />

-10.000<br />

Balanço [m3/d] – Trajetória Inferior<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GLP Produção 28.267 27.628 27.801 29.780 31.863 31.797 33.641 36.478 37.681 37.933<br />

Demanda 32.854 33.830 34.716 35.567 36.402 37.280 38.217 39.175 40.160 41.154<br />

Saldo -4.588 -6.202 -6.915 -5.787 -4.539 -5.483 -4.576 -2.697 -2.479 -3.221<br />

Gasolina Produção 51.272 52.262 57.470 57.950 61.822 63.704 70.469 78.898 79.189 79.250<br />

Demanda 49.072 49.246 48.904 49.600 55.932 59.534 62.203 64.433 66.056 67.253<br />

Saldo 2.199 3.016 8.566 8.349 5.890 4.170 8.266 14.465 13.133 11.997<br />

Médios Produção 111.603 114.531 120.688 125.875 146.864 149.911 163.904 185.841 186.068 185.899<br />

Demanda 133.730 137.534 140.701 141.109 147.152 152.407 159.780 167.473 175.500 183.780<br />

Saldo -22.127 -23.002 -20.013 -15.234 -288 -2.496 4.124 18.368 10.568 2.119<br />

Escuros Produção 57.135 61.122 51.794 47.919 44.318 40.594 22.007 28.432 28.028 27.603<br />

Demanda 18.656 18.450 17.837 18.261 18.701 18.103 18.562 19.031 19.982 20.151<br />

Saldo 38.479 42.672 33.958 29.658 25.617 22.491 3.445 9.401 8.046 7.452<br />

Nafta Produção 25.211 25.694 21.471 21.306 20.007 19.884 19.462 18.400 19.117 19.702<br />

Demanda 36.579 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335<br />

Saldo -11.368 -12.642 -16.864 -17.029 -18.329 -18.451 -18.873 -19.935 -19.219 -18.633<br />

Total Produção 273.486 281.237 279.224 282.830 304.874 305.890 309.483 348.049 350.083 350.387<br />

Demanda 270.891 277.395 280.493 282.872 296.522 305.660 317.097 328.447 340.033 350.674<br />

Saldo 2.595 3.842 -1.269 -42 8.352 231 -7.614 19.602 10.050 -286<br />

Observações:<br />

1. Os valores para escuros referem-se somente ao óleo combustível.


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 791<br />

800<br />

Trajetória Inferior - Balanço de Petróleo<br />

700<br />

600<br />

500<br />

1000 b/d<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Trajetória Inferior - Balanço de Petróleo<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção<br />

(m3/d)<br />

286.586 307.004 335.161 360.230 388.876 412.503 440.173 466.062 470.249 463.952<br />

Processamento 272.918 281.259 282.093 282.093 308.614 330.173 330.173 363.325 363.325 363.325<br />

Excedente de<br />

Petróleo (m3/d)<br />

Excedente de<br />

Petróleo (b/d)<br />

13.668 25.745 53.068 78.137 80.262 82.330 110.000 102.737 106.924 100.627<br />

85.975 161.939 333.800 491.484 504.847 517.853 691.898 646.214 672.551 632.943


792<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Trajetória Superior<br />

Balanço (Produção – Demanda) dos Principais Derivados<br />

30.000<br />

20.000<br />

10.000<br />

m³/d<br />

0<br />

-10.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

-20.000<br />

-30.000<br />

Balanço [m3/d] – Trajetória Superior<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

GLP Produção 28.267 27.628 27.801 29.780 31.863 31.797 33.641 36.478 40.679 40.931<br />

Demanda 33.128 34.272 35.313 36.336 37.354 38.410 39.535 40.690 41.883 43.094<br />

Saldo -4.861 -6.644 -7.512 -6.556 -5.491 -6.613 -5.894 -4.212 -1.204 -2.163<br />

Gasolina Produção 51.272 52.262 57.470 57.950 61.822 63.704 70.469 78.898 89.135 89.196<br />

Demanda 49.064 49.331 48.962 50.079 56.743 60.730 63.828 66.523 68.646 70.358<br />

Saldo 2.208 2.931 8.508 7.870 5.078 2.974 6.641 12.375 20.488 18.837<br />

Médios Produção 111.603 114.531 120.688 125.875 146.864 149.911 163.904 185.841 205.761 205.591<br />

Demanda 134.808 139.787 144.228 145.840 153.352 159.721 168.325 177.342 186.793 196.579<br />

Saldo -23.205 -25.256 -23.540 -19.965 -6.488 -9.811 -4.421 8.499 18.967 9.012<br />

Escuros Produção 57.135 61.122 51.794 47.919 44.318 40.594 22.007 28.432 28.028 27.603<br />

Demanda 18.781 18.706 18.221 18.787 19.378 18.870 19.441 20.030 21.135 21.408<br />

Saldo 38.354 42.417 33.573 29.132 24.940 21.725 2.566 8.402 6.893 6.195<br />

Nafta Produção 25.211 25.694 21.471 21.306 20.007 19.884 19.462 18.400 19.117 19.702<br />

Demanda 36.579 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335 38.335<br />

Saldo -11.368 -12.642 -16.864 -17.029 -18.329 -18.451 -18.873 -19.935 -19.219 -18.633<br />

Total Produção 273.487 281.237 279.224 282.830 304.874 305.890 309.483 348.049 382.720 383.023<br />

Demanda 272.359 280.432 285.060 289.377 305.162 316.066 329.465 342.920 356.793 369.774<br />

Saldo 1.128 806 -5.835 -6.548 -290 -10.176 -19.981 5.129 25.925 13.248<br />

Configuração: Parque Atualizado + Adaptações Adicionais Propostas pela <strong>EPE</strong> + COMPERJ + Refinaria de Suape + Módulo Mercado Interno (250.000 b/d) + Módulo<br />

de Produção Flexível (250.000 b/d)<br />

Observações:<br />

1. Os valores para escuros referem-se somente ao óleo combustível.


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 793<br />

800<br />

Trajetória Superior - Balanço de Petróleo<br />

700<br />

600<br />

500<br />

1000 b/d<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Trajetória Superior - Balanço de Petróleo<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção (m3/d) 286.586 307.004 335.161 360.230 388.876 412.503 440.173 466.062 470.249 463.952<br />

Processamento 272.918 281.259 282.093 282.093 308.614 330.173 330.173 363.325 396.477 396.477<br />

Excedente de Petróleo<br />

(m3/d)<br />

Excedente de Petróleo<br />

(b/d)<br />

13.668 25.745 53.068 78.137 80.262 82.330 110.000 102.737 73.772 67.475<br />

85.975 161.939 333.800 491.484 504.847 517.853 691.898 646.214 464.026 424.418<br />

6. Indicadores Associados à Oferta de Gás Natural<br />

A partir das informações do Capítulo VI – Oferta de Gás Natural, são apresentados os seguintes indicadores:<br />

Projeção de Preços de Gás para Novos Contratos (premissa de 85% do ÓleoCombustível ATE)<br />

8,00<br />

7,50<br />

7,00<br />

US$/M Btu<br />

6,50<br />

6,00<br />

5,50<br />

5,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Novos_Contratos_GN GN=85%_OC GNL_NE GNL_S-SE-CO


794<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

160.000<br />

140.000<br />

Brasil: Balanço de Gás Natural* (Trajetória Inferior)<br />

120.000<br />

mil m 3 /dia<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica Térmicas a Gás Natural Térmicas Indicativas (Trajetória Inferior)<br />

Térmicas Bi-Combustíveis<br />

Oferta do Brasil (Exclui a Região Norte)<br />

mil m 3 /dia<br />

160.000<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

Brasil: Balanço de Gás Natural* (Trajetória Superior)<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Demanda Não-Termelétrica Térmicas a Gás Natural Térmicas Indicativas (Trajetória Superior)<br />

Térmicas Bi-Combustíveis Oferta do Brasil (Exclui a Região Norte)<br />

* Sem a região Norrte<br />

Região Norte: Balanço de Gás Natural<br />

12.000<br />

10.000<br />

mil m 3 /dia<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Térmicas Amazonas Térmicas Rondônia Oferta da Região Norte


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 795<br />

35.000<br />

Movimentação de gás entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Inferior)<br />

30.000<br />

mil m 3 /dia<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

Capaciade do Gasene<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Déficit Térmicas a Gás Natural do NE Déficit Térmicas Indicativas do NE (Traj. Inf.) Déficit Térmicas Bi-Combustíveis do NE<br />

Excedente do SE após atendimento as Bi-Combustíveis do SE<br />

Excedente do SE sem atendimento as Bi-Combsutíveis do SE<br />

Movimentação de Gás entre o Sudeste e Nordeste (Trajetória Superior)<br />

mil m 3 /dia<br />

34.000<br />

29.000<br />

24.000<br />

19.000<br />

14.000<br />

9.000<br />

4.000<br />

-1.000<br />

Capaciade do Gasene<br />

-6.000<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Déficit Térmicas a Gás Natural do NE Défit Térmicas Indicativas do NE (Traj. Sup.) Déficit Térmicas Bi-Combustíveis do NE<br />

Excedente do SE após atendimento as Bi-Combustíveis do SE<br />

Excedente do SE sem atendimento as Bi-Combsutíveis do SE


796<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Estado<br />

Gasoduto<br />

Gasodutos Previstos para o Período 2007/2009<br />

Diâmetro Extensão Capacidade Data<br />

Polegadas km Mil m3/dia prevista<br />

AM<br />

Coarí - Manaus 20 383 10.200 2008<br />

Urucú - Porto Velho 14 520 2.320 2009<br />

Urucu - Coari (GLP) 10 280 - 2008<br />

Total - Norte 1.183<br />

CE Pecen - Lubnor 14 52 6.000 ND<br />

RN Serra do Mel - Açu 14 31,4 2.320 2008<br />

AL/PE Pilar - Ipojuca 24 187 5.000 a 15.000 2009<br />

BA/SE Catu - Itaporanga - Carmópolis 26 263,7 12.000 2007<br />

ES<br />

RJ/MG<br />

Total - Nordeste 534<br />

Cacimbas - Catu 26 980 20.000 2009<br />

Vitória - Cacimbas 16/26 130 20.000 2007<br />

Cabiunas - Vitória 28 300 20.000 2007<br />

Cabiunas - Reduc (Gasduc III) 30 183 30.000 2009<br />

Gasbel II 16/18 291,5 6.900 2008<br />

Japeri - Reduc 28 40 5.000 a 15.000 2009<br />

SP Caraguatatuba - Taubaté 26 101,5 15.000 2009<br />

SP/MG Paulínia - Jacutinga 14 80 5.000 2008<br />

SP/RJ Replan - Japerí (Campinas - Rio) 28 448 8.600 2007<br />

SP Gaspal II 22 100 8.500 2009<br />

Total Sudeste 2.654<br />

Total - Brasil 4.632<br />

ND – não definido<br />

A expansão do trecho sul do GASBOL será efetuada por meio da implantação de Estações de Compressão.<br />

UPGNs Previstas para o Período 2007/2009<br />

Estados<br />

UPGN<br />

Capacidade<br />

Mil m 3 /dia<br />

Total<br />

ES<br />

SP<br />

Cacimbas II 3.500<br />

Cacimbas III 3.500<br />

Cacimbas IV 3.500<br />

Cacimbas V 3.500<br />

Nova UPGN 1 3.500<br />

Nova UPGN 2 3.500<br />

Nova UPGN 3 3.500<br />

Nova UPGN 4 3.500<br />

14.000<br />

14.000<br />

Total 28.000<br />

Fonte: / Petrobrás


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 797<br />

7. Indicadores Associados à Oferta de Biocombustíveis Líquidos<br />

A partir das informações do Capítulo VII – Oferta de Combustíveis Líquidos, que contemplou a análise da oferta<br />

de etanol e biodiesel, são apresentados os seguintes indicadores:<br />

7.1. Etanol<br />

0,7000<br />

Cenário Para a Evolução do Preço do Etanol nos EUA<br />

0,6500<br />

0,6000<br />

US$2004 / litros<br />

0,5500<br />

0,5000<br />

0,4500<br />

0,4000<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Cenários da Evolução de Preços de Álcool Hidratado e Gasolina C<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

R$ dez 2005 / litro<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Gasolina<br />

Álcool hidratado


798<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

35.000<br />

Projeção de Consumo de Álcool Carburante no Brasil<br />

30.000<br />

29.251<br />

Álcool (mil m³)<br />

25.000<br />

20.000<br />

28.068<br />

15.000<br />

10.000<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Superior<br />

Inferior<br />

Evolução das Exportações de Etanol - Brasil (2000/2006)<br />

4,0<br />

3,5<br />

3,0<br />

2,5<br />

bilhões de litros<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 799<br />

Previsão de Consumo de Etanol no Mercado Americano (EPAct 2005 e Previsão da EIA)<br />

40<br />

37,9<br />

39,8<br />

40,5<br />

41,2<br />

41,9<br />

31,0<br />

34,5<br />

bilhõesdelitros<br />

30<br />

20<br />

20,4<br />

17,8<br />

23,7<br />

20,4<br />

27,1<br />

23,1<br />

25,7<br />

28,0 28,4<br />

10<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção Americana Importação Produção Americana + Importação EPAct 2005<br />

Previsão de Consumo de Etanol no Mercado Europeu<br />

10.000<br />

Demanda de Etanol por País - EU25<br />

Diretriz para Combustíveis Renováveis de 2003<br />

milhões de litros<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.588<br />

4.476<br />

5.325<br />

6.136<br />

6.909<br />

7.292<br />

7.651<br />

7.987<br />

8.300<br />

8.590<br />

3.000<br />

2.000<br />

2.640<br />

1.000<br />

0<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015<br />

Outros Espanha França Itália Reino Unido Alemanha Total EU25


800<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Projeção de Exportações Brasileiras de Etanol<br />

10.000<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.711<br />

8.196<br />

8.591<br />

8.981<br />

9.399<br />

milhões de litros<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.429<br />

3.638<br />

3.918<br />

4.199<br />

4.435<br />

6.242<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

EUA+CBI EU JAPÃO OUTROS TOTAL<br />

Projeção de Produção Nacional de Álcool e Oferta para o Mercado Carburante Doméstico<br />

40<br />

39,6<br />

35<br />

30<br />

35,6<br />

32,9<br />

28,9<br />

milhões de m 3 /ano<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

2005 2007 2009 2011 2013 2015<br />

Produção - Trajetória Superior<br />

Of. doméstica - Trajetória Superior<br />

Produção - Trajetória Inferior<br />

Of .doméstica - Trajetória Inferior


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 801<br />

Infra-estrutura Logística de Exportação da região Centro-Sul<br />

Programa Corredor de Exportação de Etanol


802<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

7.2. Biodiesel<br />

220,00<br />

Projeção de Custos Internacionais de Biodiesel e Preços Internacionais<br />

de Óleo Diesel (Óleos Vegetais = 85% do custo)<br />

200,00<br />

180,00<br />

160,00<br />

US$/barril<br />

140,00<br />

120,00<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Soja Colza Girassol Dendê Amendoim Diesel Internacional Arquipélago<br />

Projeção de Preços de Diesel e Preços Mínimos de Biodiesel<br />

Amendoim<br />

3,20<br />

2,70<br />

Mamona Preços<br />

Internacionais<br />

Colza<br />

Girassol<br />

R$/litros<br />

2,20<br />

Mamona Preços Conab<br />

1,70<br />

Soja<br />

Diesel<br />

1,20<br />

Dendê<br />

Fritura<br />

Borra<br />

Sebo<br />

Esgoto<br />

0,70<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 803<br />

Projeção do Potencial de Insumos da Produção de Biodiesel<br />

16<br />

Gordura de frango<br />

14<br />

Ácidos graxos<br />

SEBO BOVINO<br />

12<br />

10<br />

Graxa suína<br />

Óleo usado<br />

OUTROS ÓLEOS<br />

bilhões de litros<br />

8<br />

6<br />

Mamona<br />

Esgoto<br />

ÓLEO DE SOJA EXPORTADO<br />

EM GRÃOS<br />

4<br />

Dendê<br />

2<br />

ÓLEO DE SOJA EXPORTADO<br />

0<br />

2007 2008<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Dendê<br />

Mamona<br />

Esgoto<br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Ácidos graxos<br />

Gordura de frango<br />

Potencialidade de Produção de Biodiesel a partir dos Diversos<br />

insumos vis-a- vis Expectativas de Consumo Obrigatório<br />

14<br />

12<br />

10<br />

Ácidos graxos<br />

Gordura de frango<br />

Esgoto<br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Sebo Bovino<br />

Outros Óleos<br />

bilhões de litros<br />

8<br />

Óleo de Mamona<br />

Óleo de Soja Exportado em<br />

Grãos<br />

6<br />

4<br />

Óleo de Dendê<br />

2<br />

Trajetória Inferior<br />

Trajetória Superior<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

-<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Dendê Mamona Esgoto<br />

Óleo usado<br />

Graxa suína<br />

Borra de ácidos graxos<br />

Gordura de frango


804<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

6,00<br />

Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e<br />

Borras, e Estimativa de Consumo Máximo de Biodiesel na Região Centro-Oeste<br />

5,00<br />

Disponibilidade de Óleo<br />

Exportado em Grãos<br />

4,00<br />

bilhões de litros<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Soja<br />

em Óleo Exportado<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

-<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Sebo<br />

Bovino<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Disponibilidade de Biodiesel de Soja, Gorduras Animais e Borras, e Estimativa de Consumo Máximo<br />

de Biodiesel na Região Sul<br />

6,00<br />

5,00<br />

bilhões de litros<br />

4,00<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Disponibilidade de Soja<br />

em Óleo Exportado<br />

Disponibilidade de Óleo<br />

Exportado em Grãos<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

-<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade Sebo<br />

Bovino<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Disponibilidade Graxa Suína<br />

Disponibilidade de Borra de Ácido Graxo<br />

Disponibilidade Gordura de Frango<br />

Disponibilidade de Óleo Exportado em Grãos


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 805<br />

1,7<br />

Autoprodução: Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Centro-Oeste*<br />

1,6<br />

1,5<br />

1,4<br />

Preço (R$/L)<br />

1,3<br />

1,2<br />

1,1<br />

1<br />

0,9<br />

0,8<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Diesel Consórcio Soja Sebo<br />

1,7<br />

Autoprodução: Projeção de Preços de Diesel e Custos de Biodiesel na Região Sul*<br />

1,6<br />

1,5<br />

1,4<br />

Preço (R$/L)<br />

1,3<br />

1,2<br />

1,1<br />

1,0<br />

0,9<br />

0,8<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Diesel Consórcio Soja Sebo


806<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Projeção do Consumo Esperado de Biodiesel – 2007/2016<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

Óleo de Soja Exportado em<br />

Grãos<br />

bilhões de Litros<br />

8,00<br />

6,00<br />

TS Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

TI Obrigatoriedade +<br />

Autoprodução<br />

Óleo de Mamona<br />

Outros Óleos<br />

Óleo de Soja Exportado<br />

4,00<br />

TS Esperado<br />

PAC<br />

TI Esperado<br />

Óleo de Dendê<br />

GorduradeFrango<br />

2,00<br />

Óleo Usado<br />

TS Obrigatoriedade<br />

Graxa Suína<br />

Sebo Bovino<br />

Borra de Ácidos Graxos<br />

TI Obrigatoriedade<br />

-<br />

Esgoto<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Borra de Ácidos Graxos<br />

Graxa Suína<br />

Óleo Usado<br />

Óleo de Dendê<br />

Óleo de Mamona<br />

8. Indicadores Associados à Oferta de Carvão Mineral<br />

A partir das informações do Capítulo VIII – Oferta de Carvão Mineral, são apresentados os seguintes indicadores:<br />

80,00<br />

Projeção de Preços de Carvão na Europa<br />

70,00<br />

60,00<br />

50,00<br />

US$/t<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

10,00<br />

0,00<br />

1990<br />

Histórico<br />

1991<br />

1992<br />

1993<br />

1994<br />

1995<br />

1996<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

Projeção<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

Fontes: International Energy Agency (IEA). “Coal information”. IEA/OECD. 2005; “BP Statistical Review of World Energy”.<br />

British Petroleum, 2006


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 807<br />

45,00<br />

Projeção de Preços de Carvão nos EUA<br />

40,00<br />

35,00<br />

30,00<br />

25,00<br />

US$/t<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

-<br />

Histórico<br />

1990<br />

1991<br />

1992<br />

1993<br />

1994<br />

1995<br />

1996<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

Projeção<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

Appalachia West Interior Média<br />

Fonte: Energy Information Administration – Department of Energy - EIA/DOE<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

Projeções de Preços para o Carvão Energético Nacional (para 3 Combinações/Cenários dasVariáveis<br />

Capacidade Produtiva da Mina e Produtividade da Mão-de-obra)<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

US$/t<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Série Histórica


808<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Recursos e Reservas de Carvão Mineral a (t)<br />

Estado<br />

Reservas provadas<br />

e prováveis<br />

Recursos viáveis<br />

e pré-viáveis<br />

Recursos<br />

outros<br />

Paraná 12.112.000 - 83.319.573<br />

Rio Grande do Sul 716.370.000 3.742.614.940 17.950.489.105<br />

Santa Catarina 201.921.000 502.771.000 1.919.314.910<br />

Potencial de Geração Termelétrica a Carvão<br />

Conceito Reservas/Recursos a (t) Potencial b (MW)<br />

Recursos 23.946.280.366 80.286<br />

Reservas medidas 6.710.239.785 22.007<br />

Reservas lavráveis 6.613.789.762 21.813<br />

Recursos viáveis e pré-viáveis 4.245.385.940 14.167<br />

Reservas provadas e prováveis 930.393.000 2.746<br />

Notas:<br />

a) A partir de BORBA, R. F. “Balanço Mineral Brasileiro”. Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM: Brasília,<br />

2001; b) Valores estimados considerando-se os dados de recursos ou de reservas de carvão de cada conceito, um fator<br />

de recuperação das minas de 60%, um percentual aproveitável de 50%, um fator de capacidade médio de 55%, uma<br />

eficiência de 35% e uma vida útil das usinas de 25 anos. Além disso, foi levado em consideração também o poder calorífico<br />

do carvão cada jazida.<br />

25.000.000<br />

Projeção da Geração – Termelétrica a Carvão<br />

20.000.000<br />

15.000.000<br />

MWh<br />

10.000.000<br />

5.000.000<br />

0<br />

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Carvão Indicativo (NE)<br />

Carvão Indicativo (Sul) Candiota III(RS) Charqueadas (RS) São Jerônimo (RS)<br />

Presidente Médici (RS) Jorge Lacerda Ie II(SC) Jorge Lacerda III(SC) Jorge Lacerda IV (SC) Figueiras (PR)


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 809<br />

Estimativa da Evolução do Consumo de Carvão no Setor ELÉTRICO<br />

16.000<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

mil t<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

-<br />

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Importação Expansão Existentes<br />

Estimativa da Demanda Total de Carvão Mineral<br />

Carvão 2010 2016<br />

Limite inferior 15.649 24.731<br />

Carvão vapor- eletricidade 8.034 13.588<br />

Carvão vapor - indústria 1.426 2.019<br />

Carvão metalúrgico - indústria 6.009 9.124<br />

Limite superior 15.702 28.690<br />

Carvão vapor- eletricidade 8.034 16.833<br />

Carvão vapor - indústria 1.471 2.148<br />

Carvão metalúrgico - indústria 6.197 9.709<br />

Notas: 1) Considerando um poder calorífico médio de 3.300 kcal/kg; 2) Considerando o carvão metalúrgico importado<br />

como referência.


810<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Evolução da Demanda Total de Carvão Mineral até 2016<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

mil t<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

-<br />

2004<br />

2010<br />

Limite inferior<br />

2015<br />

Limite superior<br />

2016<br />

9. Indicadores Socioambientais<br />

A partir das informações do Capítulos III – Parte 3 – Análise Socioambiental do Sistema Elétrico e do Capítulo<br />

VI – Oferta de Gás Natural, são apresentados os seguintes indicadores socioambienais:<br />

Situação Atual – Distribuição dos Biomas no Território Nacional<br />

Ecótonos<br />

Caatinga-amazônia<br />

1,6942<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-caatinga<br />

1,3488<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-amazônia<br />

4,8512<br />

Mata Atlântica<br />

12,9739<br />

Pantanal<br />

1,6035<br />

Costeiro<br />

0,602<br />

Amazônia<br />

43,2264<br />

Cerrado<br />

23,0577<br />

Campos Sulinos<br />

2,0082<br />

Caatinga<br />

8,634


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 811<br />

Situação atual – Ocupação dos Biomas por Unidades de Conservação Federais<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

%<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Amazônia Caatinga Campos<br />

Sulinos<br />

Cerrado Costeiro Ecótonos<br />

Caatinga-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Caatinga<br />

Mata<br />

Atlântica<br />

Pantanal<br />

Situação atual – Ocupação dos Biomas por Terras Indígenas<br />

30<br />

25<br />

20<br />

%<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Amazônia Caatinga Campos<br />

Sulinos<br />

Cerrado Costeiro Ecótonos<br />

Caatinga-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Caatinga<br />

Mata<br />

Atlântica<br />

Pantanal


812<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

9.1. Sistema Elétrico<br />

Sistema Existente e Planejado – Distribuição das UHEs nas Regiões Hidrográficas<br />

Região Hidrográfica<br />

(CNRH 32)<br />

UHE<br />

Operação<br />

Existente Planejado TOTAL<br />

Potência instalada<br />

(MW)<br />

UHE<br />

planejada<br />

Potência<br />

instalada<br />

(MW)<br />

UHEs<br />

Potência Instalada<br />

(MW)<br />

Amazônica 6 723 12 16200 18 16.932<br />

Atlântico Norte 0 0 0 0 0 0<br />

Tocantins-Araguaia 7 10.415 15 8806 22 19.221<br />

Parnaíba 1 237 5 617 6 854<br />

São Francisco 11 10.486 3 852 14 11.338<br />

Atlântico Leste 6 1.148 3 530 9 1.678<br />

Atlântico Sudeste 39 3.970 9 963 48 4.933<br />

Paraná 63 39.257 29 4613 92 43.870<br />

Paraguai 7 760 0 0 7 760<br />

Atlântico Sul 11 1.188 4 477 15 1.665<br />

Uruguai 5 3.636 10 3.776 15 7.412<br />

Total 156 71.820 90 36.834 246 108.663<br />

Sistema Existente e Planejado – Relação Média de Área Alagada por Potência Instalada<br />

UHES<br />

km 2 /MW<br />

Existentes 0,51<br />

Planejadas (média das que foram analisadas – ciclo 2007/2016) 0,29<br />

Aproveitamentos individuais<br />

Belo Monte 0,04<br />

Jirau 0,08<br />

Santo Antônio 0,09


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 813<br />

Sistema Existente e Planejado – Relação Média de Área Alagada por Potência Instalada<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

km 2 /MW<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Amazônia Caatinga Campos<br />

Sulinos<br />

Cerrado Costeiro Ecótonos<br />

Caatinga-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Amazônia<br />

Ecótonos<br />

Cerrado-<br />

Caatinga<br />

Mata<br />

Atlântica<br />

Pantanal<br />

Sistema Existente e Planejado<br />

Ocupação do Bioma Amazônico pelas Hidrelétricas, Unidades de Conservação e Terras Indígenas<br />

16,00%<br />

UC<br />

0,25%<br />

Usinas existentes (0,22%) e<br />

planejadas (0,03%)<br />

59,00%<br />

Outros<br />

25,00%<br />

Terras Indígenas


814<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Sistema Existente e Planejado – Área Ocupada por Linhas de Transmissão<br />

Tensões<br />

(kV)<br />

Extensão<br />

total<br />

(km)<br />

Existente Planejado Total<br />

Área ocupada<br />

total<br />

(km 2 )*<br />

Extensão<br />

total<br />

(km)<br />

Área ocupada<br />

total<br />

(km 2 )*<br />

Extensão<br />

total<br />

(km)<br />

Área ocupada<br />

total<br />

(km 2 )*<br />

230 36.103 1454 9.932 397 46.035 1,851<br />

345 8.973 472 549 28 9.522 500<br />

440 6.791 404 8 0,4 6.799 404,4<br />

500<br />

1524 13.482 809<br />

2.333<br />

29.222<br />

42.742<br />

525 18 38 2,3 20,3<br />

± 600 CC 1.612 161 9.500 950 11.112 1111<br />

750 2.698 268 0 0 2.698 268<br />

Total/ano 85.399 4.301 33.509 2.187 118.908 6.488<br />

(*) Área referente à restrição de uso pelas faixas de passagem.<br />

Sistema planejado – Ocupação dos Biomas Pelas novas Linhas de Transmissão<br />

11,16<br />

Caatinga<br />

2,02<br />

Campos Sulinos<br />

37,58<br />

Cerrado<br />

17,06<br />

Amazônia<br />

25,50<br />

Mata Atlântica<br />

0,91<br />

Costeiro<br />

2,36<br />

Ecótonos Caatinga-amazônia<br />

3,03<br />

Ecótonos Cerrado-amazônia<br />

0,38<br />

Ecótonos Cerrado-caatinga


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 815<br />

50<br />

Sistema Existente e Planejado – Emissões de CO 2<br />

por Termelétricas<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

MtCO 2<br />

equiv.<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

AC-RO N NE S SE<br />

Sistema planejado – Contribuição das Diversas Fontes Termelétricas para as Emissões de CO 2<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

MtCO 2<br />

equiv.<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Carvão Óleo Gás Diesel Total


816<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Sistema planejado – Contribuição das Hidrelétricas para as Emissões de CO 2<br />

16<br />

14<br />

12<br />

Gkg CO 2<br />

equiv./ano<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

CO 2<br />

CH4 (CO2 equiv.) Total<br />

Sistema planejado – Comparação das fontes Termelétrica e Hidrelétrica<br />

para as Emissões de CO 2<br />

Equivalente Total<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

Mt CO 2<br />

equiv.<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Hidrelétricas<br />

Termelétricas


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 817<br />

Sistema planejado – Emissões Líquidas<br />

(Efeito de Redução Propiciado pela Integração dos Sistemas Isolados de Manaus, Macapá e Acre-Rondônia)<br />

MtCO 2<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Emissões líquidas<br />

Emissões evitadas pelas interligações<br />

Relação entre Fontes Renováveis e Não Renováveis<br />

Período 2007-2016<br />

23%<br />

Não renováveis<br />

77%<br />

Renováveis


818<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Indicadores Sociais<br />

Nº de postos de trabalho criados por MW<br />

Relação Postos de Trabalho por MW 6,81<br />

Total de empregos gerados no período 50.784<br />

População afetada por MW (hab/MW)<br />

Urbana<br />

Rural<br />

Total<br />

0,76 hab/MW<br />

1,61 hab/MW<br />

2,64 hab/MW<br />

97.304 habitantes<br />

Recursos totais da compensação financeira no período 2007-2016<br />

Estados (total até 2016)<br />

Municípios (total até 2016)<br />

Média por município<br />

Média por município por mês<br />

R$ 6 bilhões<br />

R$ 6 bilhões<br />

R$ 28 milhões<br />

R$ 240 mil<br />

Recursos da geração de impostos durante a construção de usinas hidrelétricas<br />

ISS (total)<br />

ISS (por município)<br />

R$1,3 bilhões<br />

R$ 9,7 milhões<br />

9.2. Malha de Gasodutos<br />

Percentual da malha de gasodutos existente por biomas brasileiros<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Faixas de Gasodutos<br />

Amazônia 4,45<br />

Caatinga 12,08<br />

Campos Sulinos 0,42<br />

Cerrado 16,78<br />

Costeiro 4,89<br />

Mata Atlântica 58,51<br />

Pantanal 2,77<br />

Total Brasil (6.159 km) 100 %<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1)<br />

Classificação segundo IBGE


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 819<br />

Percentual da Extensão da Malha de Gasodutos por Bioma<br />

4,89%<br />

Costeiro<br />

16,78%<br />

Cerrado<br />

58,51%<br />

Mata Atlântica<br />

0,42%<br />

Campos Sulinos<br />

12,08%<br />

Caatinga<br />

4,55%<br />

Amazônia<br />

2,77%<br />

Pantanal<br />

Percentual da Malha de Gasodutos Planejados por Biomas Brasileiros<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Gasodutos<br />

Amazônia 25,9<br />

Caatinga 3,25<br />

Campos Sulinos 0,65<br />

Cerrado 0,69<br />

Costeiro 0,38<br />

Mata Atlântica 69,13<br />

Pantanal 0,00<br />

Total Brasil (4.632 km) 100 %<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1) Classificação segundo IBGE


820<br />

PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA | 2007 - 2016<br />

Percentual de Extensão da Malha de Gasodutos Planejada por Bioma<br />

0,69%<br />

Cerrado<br />

0,38%<br />

Costeiro<br />

0,65%<br />

Campos Sulinos<br />

3,25%<br />

Caatinga<br />

25,90%<br />

Amazônia<br />

69,13%<br />

Mata Atlântica<br />

Percentual da Malha de Gasodutos por Biomas Brasileiros<br />

Bioma (1)<br />

Percentual de Faixas<br />

Gasodutos Existentes Gasodutos Planejados Gasodutos Existentes + planejados<br />

Amazônia 4,45 25,90 15,18<br />

Caatinga 12,08 3,25 7,67<br />

Campos Sulinos 0,42 0,65 0,54<br />

Cerrado 16,78 0,69 8,74<br />

Costeiro 4,89 0,38 2,64<br />

Mata Atlântica 58,51 69,13 63,82<br />

Pantanal 2,77 0,00 1,39<br />

Total Brasil 100 % 100 % 100 %<br />

Fonte: baseado em dados estimados a partir da digitalização realizada pela <strong>EPE</strong>.<br />

Dados de extensão total obtidos nas páginas de internet da Transpetro e da TBG.<br />

(1) Classificação segundo IBGE


INDICADORES DA EXPANSÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO 821<br />

10. Síntese das Estimativas de Investimentos<br />

R$ bilhões<br />

Período 2007/2016<br />

%<br />

Oferta de Energia Elétrica 148,9 26,8<br />

Geração 115,0 20,7<br />

Transmissão 33,9 6,1<br />

Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural 291,5 52,6<br />

Oferta de Derivados de Petróleo 80,6 14,5<br />

Expansão do parque de refino 52,3 9,4<br />

Centrais petroquímicas 15,3 2,8<br />

Infra-estrutura de transporte 13,0 2,3<br />

Oferta de Gás Natural 16,2 2,9<br />

Transporte e processamento 13,3 2,4<br />

Regaseificação de GNL (2 Terminais até 2010, PAC) 2,9 0,5<br />

Oferta de Biocombustíveis Líquidos 17,4 3,1<br />

Etanol - Usinas de produção (até 2010 - PAC) 12,1 2,2<br />

Etanol - Infra-estrutura dutoviária (até 2010 - PAC) 4,1 0,7<br />

Biodiesel – Usinas de produção (até 2010 - PAC) 1,2 0,2<br />

Total 554,6 100,0


Agradecimentos<br />

A elaboração deste Plano Decenal de Energia e dos estudos que o subsidiaram não teria sido possível sem a colaboração das empresas e agentes do<br />

setor energético, bem como de outros órgãos e entidades, a seguir listados. Tal colaboração se deu principalmente por meio de participação em grupos de<br />

trabalho, reuniões e seminários técnicos coordenados pela <strong>EPE</strong>, além do provimento de dados para os estudos, o que permitiu conferir a eficácia, eficiência e<br />

qualidade necessárias a este importante instrumento para o planejamento energético do país. Além das entidades listadas, deve-se também destacar a colaboração<br />

recebida dos Consumidores Livres. A todas estas instituições os agradecimentos do MME e da <strong>EPE</strong>.<br />

AES Eletropaulo S.A. - ELETROPAULO<br />

AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. - AES SUL<br />

AES Tietê S.A. - AES TIETÊ<br />

Agência Goiana de Gás Canalizado S.A. - GOIASGÁS<br />

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP<br />

Ampla Energia e Serviços S.A. - AMPLA<br />

Associação Brasileira da Indústria de Álcalis e Cloro Derivados -ABICLOR<br />

Associação Brasileira da Indústria Química - ABIQUIM<br />

Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado - ABEGAS<br />

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica - ABRADEE<br />

Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas - ABRAGET<br />

Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores<br />

Livres - ABRACE<br />

Associação Brasileira do Alumínio - ABAL<br />

Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia - APINE<br />

Associação Nacional dos Fabricantes de Celulose e Papel - BRACELPA<br />

Associação Paulista de Cogeração de Energia – COGEN-SP<br />

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES<br />

Bandeirante Energia S.A. - BANDEIRANTE<br />

Boa Vista Energia S.A. - BOA VISTA<br />

Cachoeira Dourada S.A. - CDSA<br />

Caiuá Serviços de Eletricidade S.A. - CAIUÁ<br />

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE<br />

CEG Rio S.A. - CEG RIO<br />

Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - ELETROBRÁS<br />

Centrais Elétricas de Carazinho S.A. - ELETROCAR<br />

Centrais Elétricas de Rondônia S.A. - CERON<br />

Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - ELETRONORTE<br />

Centrais Elétricas do Pará S.A. - CELPA<br />

Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. - CEMAT<br />

Centrais Elétricas Santa Catarina S.A. - CELESC<br />

Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - C<strong>EPE</strong>L<br />

Companhia Brasiliense de Gás - CEBGÁS<br />

Companhia Campolarguense de Energia - COCEL<br />

Companhia de Eletricidade do Acre - ELETROACRE<br />

Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA<br />

Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - COELBA<br />

Companhia de Eletricidade Nova Friburgo - CENF<br />

Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins - CELTINS<br />

Companhia de Gás da Bahia - BAHIAGÁS<br />

Companhia de Gás de Minas Gerais - GASMIG<br />

Companhia de Gás de Santa Catarina - SCGÁS<br />

Companhia de Gás de São Paulo - COMGÁS<br />

Companhia de Gás do Ceará - CEGAS<br />

Companhia de Gás do Estado do Mato Grosso do Sul - MSGÁS<br />

Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul - SULGÁS<br />

Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - CTEEP<br />

Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro - CEG<br />

Companhia Energética da Borborema - CELB<br />

Companhia Energética de Alagoas - CEAL<br />

Companhia Energética de Brasília - CEB<br />

Companhia Energética de Goiás - CELG<br />

Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG<br />

Companhia Energética de Pernambuco - CELPE<br />

Companhia Energética de Roraima - CER<br />

Companhia Energética de São Paulo - CESP<br />

Companhia Energética do Amazonas - CEAM<br />

Companhia Energética do Ceará - COELCE<br />

Companhia Energética do Maranhão - CEMAR<br />

Companhia Energética do Piauí – CEPISA<br />

Companhia Energética do Rio Grande do Norte - COSERN<br />

Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE<br />

Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina - CFLCL<br />

Companhia Força e Luz do Oeste – CFLO<br />

Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF<br />

Companhia Hidroelétrica São Patrício - CHESP<br />

Companhia Jaguari de Energia - CJE<br />

Companhia Luz e Força de Mococa – CLFM<br />

Companhia Luz e Força Santa Cruz - CLFSC<br />

Companhia Nacional de Energia Elétrica - CNEE<br />

Companhia Paraibana de Gás - PBGÁS<br />

Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL<br />

Companhia Paranaense de Gás - COMPAGÁS<br />

Companhia Paulista de Energia Elétrica - CPEE<br />

Companhia Paulista de Força e Luz S.A. – CPFL PAULISTA<br />

Companhia Pernambucana de Gás - COPERGÁS<br />

Companhia Petroquímica do Sul – COPESUL<br />

Companhia Piratininga de Força e Luz S.A. – CPFL PIRATININGA<br />

Companhia Potiguar de Gás - POTIGÁS<br />

Companhia Sul Paulista de Energia - CSPE<br />

Companhia Sul Sergipana de Eletricidade - SULGIPE<br />

Cooperativa Aliança – COOPERALIANÇA<br />

Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ<br />

CPFL Geração de Energia S.A. - CPFL-G<br />

Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas - DMEPC<br />

Departamento Municipal de Energia de Ijuí - DEMEI<br />

Duke Energy International, Geração Paranapanema S.A. - DUKE-GP<br />

Elektro Eletricidade e Serviços S.A - ELEKTRO<br />

Eletrobrás Termonuclear S.A. - ELETRONUCLEAR<br />

Eletrosul Centrais Elétricas S.A. - ELETROSUL<br />

Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema S.A. - EEVP<br />

Empresa Elétrica Bragantina S.A. - EEB<br />

Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S.A. - ENERSUL<br />

Empresa Energética de Sergipe S.A. - ENERGIPE<br />

Empresa Força e Luz João Cesa Ltda. – JOÃO CESA<br />

Empresa Força e Luz Urussanga Ltda. - EFLUL<br />

Empresa Luz e Força Santa Maria S.A. - ELFSM<br />

Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. - EMAE<br />

Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. - ESCELSA<br />

Força e Luz Coronel Vivida Ltda - FORCEL<br />

Furnas Centrais Elétricas S.A. - FURNAS<br />

Gás Brasiliano Distribuidora S.A. - GAS BRASILIANO GBD<br />

Gás de Alagoas S/A - ALGÁS<br />

Gás Natural São Paulo Sul S.A. - GAS NATURAL SPS<br />

Hidroelétrica Panambi S.A. - HIDROPLAN<br />

Iguaçu Distribuidora de Energia Elétrica Ltda. - IENERGIA<br />

Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP<br />

Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS<br />

Light Serviços de Eletricidade S.A. - LIGHT<br />

Manaus Energia S.A. - MANAUS<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA<br />

Muxfeldt, Marin & Cia. Ltda. - MUXFELDT<br />

Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS<br />

PETROBRAS Distribuidora S.A. - Gerência de Comercialização de Gás Canalizado<br />

no Espírito Santo - BR ES<br />

Petrobras Transporte SA - TRANSPETRO<br />

Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS<br />

Petroquímica União – PQU<br />

Rio Grande de Energia S.A. - RGE<br />

Sergipe Gás S.A. - SERGAS<br />

Sindicato Nacional da Indústria do Cimento - SNIC<br />

Sociedade Anônima de Eletricidade da Paraíba – SAELPA<br />

Tractebel Energia S.A. – TRACTEBEL<br />

União da Agroindústria Canavieria de São Paulo - UNICA<br />

Usina Hidro Elétrica Nova Palma Ltda. – UHENPAL

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