Mosaico Urbano do Recife Exclusão/Inclusão Socioambiental
Mosaico Urbano do Recife Exclusão/Inclusão Socioambiental
Mosaico Urbano do Recife Exclusão/Inclusão Socioambiental
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
<strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> <strong>Socioambiental</strong><br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Maria Rejane de Britto Lyra e<br />
Emília Avelino<br />
(Organiza<strong>do</strong>ras)
<strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
<strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> <strong>Socioambiental</strong><br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
Emília Avelino<br />
(Organiza<strong>do</strong>ras)<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
Emília Avelino<br />
Cacilda Medeiros<br />
Isolda Belo<br />
Borko Stosic<br />
Luciano Souza<br />
Plínio Portela<br />
Breno Bittencourt<br />
Ana Rita Sá Carneiro<br />
Anna Caroline Braga<br />
2
Índice<br />
Sobre os autores<br />
Prefácio<br />
Dirce Koga<br />
Apresentação<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Capítulo I<br />
Dimensão teórica da exclusão/ inclusão e diferentes padrões de medidas intraurbanas.<br />
<strong>Recife</strong> e seus recortes: os naturais e os inventa<strong>do</strong>s<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Emília Avelino<br />
Capítulo II<br />
Meto<strong>do</strong>logia para a construção <strong>do</strong>s índices de exclusão/inclusão socioambiental<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
Plínio Portela<br />
Emília Avelino<br />
Capítulo III<br />
Diferentes padrões de desigualdades da cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
Emília Avelino<br />
Capítulo IV<br />
Os jovens na cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
Cacilda Medeiros<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Emília Avelino<br />
Breno Bittencourt<br />
Capítulo V<br />
Pessoas i<strong>do</strong>sas na cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
Isolda Belo<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
3
Breno Bittencourt<br />
Capítulo VI<br />
A exclusão socioambiental e a degradação das Unidades de Conservação <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
Anna Caroline Vieira Braga<br />
Ana Rita Sá Carneiro<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Capítulo VII<br />
Aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> DEA para a cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong><br />
Borko Stosic<br />
Luciano de Souza<br />
4
Sobre os autores<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Possui bacharela<strong>do</strong> e licenciatura em Psicologia pela Faculdade de Filosofia <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> (1974),<br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (1999). Pesquisa<strong>do</strong>ra da<br />
Fundação Joaquim Nabuco desde 1979. Possui experiência de pesquisa com ênfase em<br />
Psicologia Social, atua principalmente nos seguintes temas: pobreza, exclusão social,<br />
representações e imaginário social, avaliação de projetos sociais. Possui experiência de ensino<br />
na área de políticas públicas e gestão social. Trabalha na interface interdisciplinar entre a<br />
Psicologia social, a Sociologia e a Antropologia Social.<br />
Maria Rejane de Britto Lyra<br />
Possui graduação e bacharela<strong>do</strong> em Estatística pela Universidade Católica de Pernambuco<br />
(1974), licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Católica de Pernambuco (1966) e<br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Tem experiência<br />
na área de Demografia com ênfase nos seguintes temas: migração de retorno, dinâmica<br />
demográfica, redes sociais e demografia da família.<br />
Emília Avelino<br />
Graduada em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco (1987). Participou <strong>do</strong><br />
Plano de Desenvolvimento Estratégico “Projeto Capital” e <strong>do</strong> Atlas de Desenvolvimento<br />
Humano da Cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, premia<strong>do</strong> pela Organização das Nações Unidas. Tem<br />
experiência na elaboração de Planos Diretores, especialmente na análise de da<strong>do</strong>s<br />
socioeconômicos e na leitura morfotipológica. Atualmente, é Assessora Técnica da Diretoria<br />
de Controle <strong>Urbano</strong> da Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
Cacilda Medeiros<br />
Possui graduação em Administração, com especialização em Administração Pública, pela<br />
Universidade Federal de Pernambuco. Foi servi<strong>do</strong>ra municipal da Empresa Municipal de<br />
Informática. Ocupou a Diretoria de Informações da Secretaria de Planejamento <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>,<br />
coordenou a base de da<strong>do</strong>s socioeconômicos e construções de indica<strong>do</strong>res para a cidade <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong>. Atualmente, é assessora técnica da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança<br />
Cidadã da Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
Isolda Belo<br />
Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (1980),<br />
mestra<strong>do</strong> em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1990) e Doutora<strong>do</strong> em<br />
Sociologia - Universidade de Barcelona (2004). É pesquisa<strong>do</strong>ra e atual Coordena<strong>do</strong>ra Geral<br />
da Coordena<strong>do</strong>ria de Estu<strong>do</strong>s Sociais da Diretoria de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim<br />
Nabuco, <strong>Recife</strong>, PE. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da<br />
Saúde e Sociologia Urbana, atuan<strong>do</strong> principalmente nos seguintes temas: gerontologia social,<br />
velhice, envelhecimento populacional, velhice e gênero e políticas públicas.<br />
Borko Stosic<br />
5
Possui graduação em Física pela Universidade de Belgra<strong>do</strong> (1979), mestra<strong>do</strong> em Física pela<br />
Universidade de Belgra<strong>do</strong> (1987), <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Física pela Universidade de Belgra<strong>do</strong> (1991)<br />
e pós-<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> pela Boston University (1994). Atualmente, é Professor adjunto da<br />
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Revisor <strong>do</strong> periódico da IEEE Transactions on<br />
Medical Imaging, Revisor <strong>do</strong> periódico da Journal of Productivity Analysis, Revisor <strong>do</strong><br />
periódico da Computational Economics, Revisor <strong>do</strong> periódico da Physica A e Revisor <strong>do</strong><br />
periódico da Physics Letters A. Possui experiência na área de Engenharia de Produção, com<br />
ênfase em Pesquisa Operacional. Atua principalmente nos seguintes temas: Ising model,<br />
magnetism, density of states.<br />
Luciano Souza<br />
Possui graduação em Estatística pela Universidade Federal de Pernambuco (2004), mestra<strong>do</strong><br />
em Biometria pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2007). Atualmente, trabalha<br />
como Assistente da Representação Regional <strong>do</strong> Ministério da Ciência e Tecnologia no<br />
Nordeste.<br />
Plínio Portela<br />
Gradua<strong>do</strong> em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (1997), cursou várias<br />
disciplinas no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e nas pós-graduações de<br />
Matemática e de Estatística da UFPE, trabalhou como pesquisa<strong>do</strong>r na Coordenação Geral de<br />
Estu<strong>do</strong>s Econômicos e Populacionais (CGEP) da Fundação Joaquim Nabuco. Atualmente, é<br />
analista de finanças e controle da Secretaria <strong>do</strong> Tesouro Nacional.<br />
Ana Rita Sá Carneiro<br />
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco<br />
(1975), mestra<strong>do</strong> em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco<br />
(1989) e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Arquitetura pela Oxford Brookes University (1995). Atualmente, é<br />
Professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, Membro de corpo editorial da<br />
City & Time (1807-7544) e Membro de corpo editorial da Paisagem e Ambiente. Tem<br />
experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Paisagismo. Atua<br />
principalmente nos seguintes temas: parque urbano, uso, projeto, funções.<br />
Anna Caroline Braga<br />
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2004) e<br />
Mestre em Desenvolvimento <strong>Urbano</strong> pela Universidade Federal de Pernambuco (2007). Atua<br />
na área de Planejamento <strong>Urbano</strong> e Meio Ambiente, com ênfase na questão socioambiental. É<br />
membro <strong>do</strong> Grupo de Estu<strong>do</strong>s sobre Indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Laboratório de Estu<strong>do</strong>s Periurbanos <strong>do</strong><br />
Mestra<strong>do</strong> de Desenvolvimento <strong>Urbano</strong> da Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente,<br />
é Analista de Desenvolvimento Ambiental da Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
Breno Bittencourt<br />
Possui graduação em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (2007), é<br />
mestran<strong>do</strong> no curso de pós-gradução em Sociologia pela Universidade Federal de<br />
Pernambuco. Foi pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Programa de Iniciação Científica <strong>do</strong> CNPq/Fundaj.<br />
Atualmente, pesquisa o tema juventude e redes sociais em áreas de exclusão e inclusão na<br />
cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
6
Prefácio<br />
A partir <strong>do</strong> esforço de pesquisa<strong>do</strong>res da Fundação Joaquim Nabuco, eis que<br />
brotam <strong>do</strong>s índices de exclusão/inclusão socioambiental estes novos olhares sobre o <strong>Recife</strong>, os<br />
quais integram méto<strong>do</strong>s estatísticos e conhecimentos vivi<strong>do</strong>s da cidade, o que dá um resulta<strong>do</strong><br />
este livro tão bem denomina<strong>do</strong> de <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
A imagem <strong>do</strong> <strong>Mosaico</strong> revela um <strong>Recife</strong> muitas vezes invisível aos olhos<br />
acostuma<strong>do</strong>s ao dinamismo da capital metropolitana, com seu quase 1,5 milhão de habitantes,<br />
com sua rica história e raízes culturais. O <strong>Recife</strong> aqui revela<strong>do</strong> desafia com suas veredas<br />
marcadas pelas desigualdades socioterritoriais, em que novos caminhos de inclusão social<br />
estão ainda por se descobrir.<br />
Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa <strong>do</strong> Mapa da <strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong><br />
<strong>Socioambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, o presente trabalho resgata não somente os seus processos<br />
meto<strong>do</strong>lógicos de construção, mas faz desse resgate oportunidades de diálogos com a cidade,<br />
em que os da<strong>do</strong>s ganham chão e vida pelas manifestações de quem mantém com ela um<br />
compromisso social. É por essa alquimia de experiências, em que a ciência e a vivência<br />
cotidiana cidadã são indissociáveis, que se marcam as páginas deste trabalho.<br />
Aparentemente fruto de elaboração descritiva da realidade social, uma cartografia<br />
como essa da exclusão/inclusão socioambiental contém um árduo processo de (re)<br />
conhecimento <strong>do</strong>s meandros intra-urbanos de um território normalmente identifica<strong>do</strong> pelas<br />
suas médias estatísticas. Árduo, pois se trata de adentrar por um caminho de busca pela<br />
apreensão de uma realidade que se sabe, de antemão, não será capturada na sua totalidade, na<br />
sua dinâmica cotidiana. E os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s, por mais sofistica<strong>do</strong>s e tecnologicamente<br />
testa<strong>do</strong>s e aprimora<strong>do</strong>s que sejam, continuam sen<strong>do</strong> apenas ferramentas fadadas aos limites de<br />
quem se aventura a medir processos que continuamente escapam das réguas estatísticas.<br />
Ciente desses limites, porém, movi<strong>do</strong> pela busca de compreender para atuar<br />
melhor sobre as expressões sociais concretas que se dão nos territórios de nossas cidades,<br />
trabalha-se na construção de cartografias como essas <strong>do</strong> <strong>Mosaico</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> <strong>Urbano</strong>, que<br />
Aldaíza Sposati tem denomina<strong>do</strong> de “topografia social”, autora que inspira toda a<br />
meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> Mapa da <strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> Social de São Paulo, aplicada à realidade <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong>. “O Mapa da <strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> <strong>Socioambiental</strong> da Cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, que gerou este<br />
livro <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, tomou como ponto de partida a pesquisa <strong>do</strong> Mapa da<br />
<strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> da Cidade de São Paulo, bem como a revisão meto<strong>do</strong>lógica da pesquisa de<br />
São Paulo realizada pelos pesquisa<strong>do</strong>res de São José <strong>do</strong>s Campos. Este estu<strong>do</strong> confrontou as<br />
duas meto<strong>do</strong>logias e adaptou-as à realidade da cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.”<br />
7
Dessa forma, o trabalho de elaboração de mapeamentos como o que ora se<br />
apresenta não se reduz a uma simples fotografia de uma cidade, mas conjuga um esforço de<br />
construção de medidas capazes de fazer chegar à tona as desigualdades e discrepâncias<br />
existentes entre vivências de populações que comungam o mesmo estatuto de cidadania.<br />
Como no caso <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, nos momentos em que os indica<strong>do</strong>res correm o risco da “falácia<br />
ecológica” ao tratar da mesma forma territórios extensos e menos densos com outros menos<br />
extensos e mais densos, coloca-se de imediato um ingrediente fundamental a toda pesquisa<br />
que se pretende comprometida com a realidade social: o conhecimento vivi<strong>do</strong>.<br />
É quan<strong>do</strong> os autores declaram que “em um bairro considera<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong>, com infraestrutura<br />
urbana bem implantada e oferta de serviços públicos adequa<strong>do</strong>s, cujos responsáveis<br />
pelos <strong>do</strong>micílios disponham em sua maioria de nível de rendimento médio, médio alto, e<br />
apresentem bom desenvolvimento educacional, a presença de mais de cinco mora<strong>do</strong>res nos<br />
<strong>do</strong>micílios não indica precária condição da qualidade ambiental. O contrário acontece quan<strong>do</strong><br />
o ambiente é precário em termos de infra-estrutura urbana e de serviços públicos disponíveis,<br />
e os chefes de <strong>do</strong>micílios, em sua maioria, ou na sua quase totalidade, apresentam renda e<br />
desenvolvimento educacional na faixa de exclusão. Nesse caso, uma alta densidade<br />
habitacional vai pesar ainda mais na determinação da condição de exclusão <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio”.<br />
Nessa direção, os pesquisa<strong>do</strong>res da Fundação Joaquim Nabuco foram buscar nos<br />
bairros e setores censitários <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> algumas explicações da sua dinâmica social,<br />
intercalan<strong>do</strong> em suas lentes duas escalas microterritoriais, na expectativa de que “este estu<strong>do</strong><br />
venha acrescentar um méto<strong>do</strong> científico na localização e na quantificação da exclusão e<br />
inclusão social, bem como o fornecimento de suporte aos gestores públicos na busca de<br />
medidas que minimizem os problemas sociais enfrenta<strong>do</strong>s em nível de bairro e de setores<br />
censitários”.<br />
Nas medidas das desigualdades existentes nos 94 bairros analisa<strong>do</strong>s, a cidade <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong> apresenta 30 deles na faixa da inclusão social, fican<strong>do</strong> na faixa oposta da exclusão<br />
social a outra maior parte, ou seja, 64 bairros, destacan<strong>do</strong>-se em seus extremos Guabiraba,<br />
Ilha Joana Bezerra, <strong>Recife</strong>, Nova Descoberta, Passarinho, Linha <strong>do</strong> Tiro, e na ponta da<br />
inclusão social, os bairros <strong>do</strong>s Aflitos, das Graças, da Jaqueira, Derby, Casa Forte, Paissandu.<br />
Atento à realidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> e a suas peculiaridades socioterritoriais, de forma<br />
diferenciada de outros mapeamentos, o <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> buscou refletir sobre a<br />
exclusão socioambiental e a degradação das Unidades de Conservação, “com o propósito de<br />
investigar a situação da exclusão da população que habita no entorno e no interior de duas<br />
Unidades de Conservação (UC) situadas no <strong>Recife</strong>, bem como a relação da condição de<br />
8
exclusão com a degradação ambiental das UCs, estudan<strong>do</strong> o interior de duas delas e da<br />
população”. Para além dessa vertente ambiental, também foram destaca<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s especiais,<br />
que relacionam o rebatimento <strong>do</strong> processo de exclusão/socioambiental <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> em <strong>do</strong>is<br />
ciclos de vida, focos de preocupação das políticas sociais: a juventude e os i<strong>do</strong>sos.<br />
Dessa forma, foi sen<strong>do</strong> composto o <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, forma<strong>do</strong> por<br />
várias pedras analíticas, cada uma delas fundamental para a compreensão <strong>do</strong> complexo<br />
processo de exclusão/inclusão socioambiental em curso. Esse esforço de composição analítica<br />
faz lembrar o diálogo retrata<strong>do</strong> por Italo Calvino (As Cidades Invisíveis) entre o viajante<br />
Marco Polo e o impera<strong>do</strong>r Kublai Khan, a quem serviu durante muitos anos:<br />
Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.<br />
__ Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.<br />
__ A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra – responde Marco,<br />
mas pela curva <strong>do</strong> arco que estas formam.<br />
Kublai Khan permanece em silêncio, refletin<strong>do</strong>. Depois acrescenta:<br />
__ Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.<br />
Polo responde:<br />
__ Sem pedras o arco não existe.<br />
Resta apresentar o convite ao leitor para descobrir a importância e o significa<strong>do</strong> de<br />
cada pedra e de todas elas que aqui se mostram tão bem conforma<strong>do</strong>ras desse <strong>Mosaico</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong> <strong>Urbano</strong>, sem dúvida um presente a to<strong>do</strong>s nós que insistimos na busca por territórios<br />
mais humanos e mais justos.<br />
Dirce Koga<br />
Apresentação<br />
No <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> sobressai a imagem da disposição de várias partes<br />
distintas de um território urbano, partes que se contrastam e se complementam em um<br />
calei<strong>do</strong>scópio com múltiplas faces de desigualdade e formas de exclusão gritantes.<br />
Ao examinar a cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, percebe-se que a configuração originária da<br />
cidade desapareceu quase por completo. Há um entrelaçamento das linhas divisórias <strong>do</strong>s<br />
bairros com os municípios vizinhos que faz a cidade parecer contínua, com uma massa<br />
volumosa ou pontilhada de edifícios, aqui e acolá interrompida por trechos de água <strong>do</strong>s rios,<br />
9
canais, ou por trechos verdes de matas ralas, ou por estradas inflexíveis de concreto. O<br />
desenho extremamente heterogêneo entre pobreza e riqueza, excluí<strong>do</strong>s e incluí<strong>do</strong>s, é refleti<strong>do</strong><br />
pela presença de áreas pobres encontradas em um raio de menos de 2 km das proximidades<br />
das áreas/bairros consideradas áreas de inclusão.<br />
Com a intenção de estudar a natureza dessa diversidade e desigualdade da<br />
exclusão/inclusão intra-urbana no território <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, este livro apresenta um conjunto de<br />
ferramentas para analisar e aprofundar o conhecimento da cidade.<br />
O leitor <strong>do</strong> <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> terá, portanto, contato com uma nova<br />
linguagem geossocial voltada para o campo de estu<strong>do</strong> sobre medidas de cidade qualificadas<br />
como “topografia social” por Aldaíza Sposati, cuja idéia consiste em oferecer à análise <strong>do</strong>s<br />
da<strong>do</strong>s uma perspectiva transdisciplinar aplicada ao fenômeno da exclusão/inclusão social. A<br />
atenção à abordagem <strong>do</strong> fenômeno da exclusão/inclusão, com uso das técnicas da análise<br />
espacial, foi fortemente influenciada pela experiência testada e amplamente divulgada pela<br />
equipe que construiu o Mapa da <strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> Social da Cidade de São Paulo. No <strong>Recife</strong>,<br />
foram acrescentadas à discussão <strong>do</strong>s modelos estatísticos e matemáticos para a construção <strong>do</strong>s<br />
índices de exclusão e inclusão uma leitura da cidade com recurso ao conceito socioambiental.<br />
Para o entendimento <strong>do</strong> conceito socioambiental, a natureza e a sociedade não são<br />
considera<strong>do</strong>s termos explicativos funda<strong>do</strong>s em pólos distintos, mas, ao contrário, requerem<br />
uma explicação conjunta. A variável socioambiental, pela complexidade que insere, é ainda<br />
pouco determinada. Mas, no entender <strong>do</strong>s autores, ela oferece um campo de reflexão por meio<br />
<strong>do</strong> qual o estu<strong>do</strong> foca o caráter de sustentabilidade e integração das áreas estudadas da cidade,<br />
o que possibilita uma feição inova<strong>do</strong>ra para a interpretação <strong>do</strong> problema da exclusão/inclusão<br />
social. A intenção não foi usar integralmente a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res de São Paulo,<br />
mas buscar comparar a meto<strong>do</strong>logia da construção <strong>do</strong> Mapa de São Paulo com os da<strong>do</strong>s<br />
meto<strong>do</strong>lógicos utiliza<strong>do</strong>s por este estu<strong>do</strong> sobre as medidas da cidade, por meio <strong>do</strong> uso de<br />
outras variáveis, de outros recursos estatísticos e de outros mo<strong>do</strong>s de interpretação.<br />
Neste estu<strong>do</strong>, foi utiliza<strong>do</strong> um conjunto de variáveis/indica<strong>do</strong>res/informações<br />
obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Censos Demográficos de 2000 e de 1991, <strong>do</strong>s cadastros municipais e de outros<br />
indica<strong>do</strong>res extraí<strong>do</strong>s das experiências, reflexões e resulta<strong>do</strong>s de pesquisas de campo e <strong>do</strong>s<br />
estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s, com o intuito de conhecer, comparar e analisar o grau<br />
de discrepância das diferentes realidades desta metrópole nordestina, na busca de referências<br />
sobre os padrões de qualidade de vida e de satisfação de necessidades. Os da<strong>do</strong>s foram<br />
trabalha<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a produzirem índices territoriais que estabeleceram uma hierarquia das<br />
regiões da cidade quanto ao grau de exclusão/inclusão socioambiental: índice de<br />
10
exclusão/inclusão socioambiental e percentuais de discrepância, que vinculam as condições de<br />
vida da população ao território em que ela vive.<br />
Uma referência faz-se necessária quanto às parcerias que deram origem a este<br />
estu<strong>do</strong> e que uniram esforços entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a Prefeitura <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong> e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A grande colaboração entre<br />
a Fundação Joaquim Nabuco e a Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> nasceu <strong>do</strong> interesse em pensar a cidade<br />
na interface com a exclusão/inclusão, na busca de analisar cada parte da cidade em relação<br />
com o seu to<strong>do</strong>, com a intenção de examinar a realidade e oferecer subsídios à produção de<br />
políticas públicas voltadas para a inclusão social. Esse interesse tem si<strong>do</strong> uma preocupação<br />
constante da Prefeitura diante <strong>do</strong>s dramas sociais hoje insustentáveis e das desigualdades<br />
sociais existentes no território da cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>. Tal situação exige políticas públicas<br />
urgentes, integradas e centradas em instrumentos que concretizem a redistribuição <strong>do</strong>s bens e<br />
serviços no enfrentamento da desigualdade.<br />
A preocupação com a compreensão da questão social na amplitude <strong>do</strong> fenômeno<br />
da desigualdade intra-urbana, não apenas <strong>do</strong> ponto de vista teórico, mas, sobretu<strong>do</strong>, no nível<br />
de uma articulação entre conhecimento e intervenção, permeou os esforços das instituições<br />
envolvidas para se ajustarem ao objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Com a Universidade Federal Rural de<br />
Pernambuco, a parceria foi construída por meio de um diálogo basea<strong>do</strong> no interesse mútuo<br />
<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res das duas instituições e da Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> sobre meto<strong>do</strong>logias de<br />
modelos estatísticos, com o objetivo de aplicá-las à realidade geossocial <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>.<br />
Os textos que contribuíram para a composição <strong>do</strong> livro <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong> abordam as considerações destacadas acima e estão dividi<strong>do</strong>s em capítulos. Os<br />
capítulos estão distribuí<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> que no primeiro são encontra<strong>do</strong>s os conceitos que farão<br />
parte <strong>do</strong> corpo explicativo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> no que se refere à questão da exclusão/inclusão, o<br />
alcance analítico e heurístico <strong>do</strong>s conceitos, as dificuldades em operacionalizá-los e suas<br />
fragilidades explicativas. Ainda nesse capítulo são tecidas considerações gerais sobre a<br />
ocupação territorial da cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>. Discorre-se sobre as diversas formas de divisão<br />
político-administrativa desse território.<br />
No segun<strong>do</strong> capítulo, são trata<strong>do</strong>s os caminhos meto<strong>do</strong>lógicos para a construção<br />
<strong>do</strong> Mapa <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se os quatro índices que representam as quatro utopias da<br />
inclusão social. Isso significa pensar em uma medida cidadã que possa representar o desejo<br />
coletivo de uma condição de vida fundada em um padrão básico de cidadania. Para essa<br />
finalidade, fez-se uso <strong>do</strong>s caminhos meto<strong>do</strong>lógicos da pesquisa original de São Paulo,<br />
11
eferência também a<strong>do</strong>tada por São José <strong>do</strong>s Campos. Essas utopias correspondem a um<br />
padrão de dignidade que dizem respeito aos índices de autonomia de renda, desenvolvimento<br />
educacional, habitabilidade e eqüidade. Essa preocupação com padrões de dignidade força a<br />
revelar a desigualdade existente na cidade e provoca o desejo real de superá-la junto ao<br />
maior número possível de habitantes.<br />
Para a construção de cada um desses índices e da decisão sobre qual o padrão<br />
básico de medida de inclusão mais adequa<strong>do</strong> para a cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> um padrão<br />
básico de medida de inclusão retira<strong>do</strong> de discussões internas entre a equipe da Fundaj e<br />
respectivos parceiros envolvi<strong>do</strong>s na pesquisa, subsidiadas por estu<strong>do</strong>s e pesquisas existentes.<br />
Discutiu-se, por exemplo, qual seria a faixa de renda ou o número de anos de estu<strong>do</strong>s, ou o<br />
número de pessoas por <strong>do</strong>micílio que indicariam o ponto de inclusão a partir <strong>do</strong> qual se<br />
poderiam comparar situações para baixo e para cima <strong>do</strong> padrão determina<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> a criar<br />
um diálogo com a realidade concreta de cada uma das partes da cidade. A decisão <strong>do</strong>s autores<br />
buscou equilibrar os da<strong>do</strong>s dessa discussão com o referencial encontra<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s e<br />
pesquisas sobre a cidade.<br />
O desenho da modelagem <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s traz elementos heurísticos para se pensar a<br />
integração de meto<strong>do</strong>logias estatísticas com o uso <strong>do</strong> georreferenciamento ajusta<strong>do</strong> às<br />
ciências sociais. Ao aplicar-se essa meto<strong>do</strong>logia às áreas/bairros <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, percebe-se a<br />
tensão da exclusão/inclusão na cidade e a necessidade de mudanças.<br />
No terceiro capítulo, é apresentada a modelagem <strong>do</strong>s índices simples e compostos,<br />
com o desenho da cartografia das áreas/bairros <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>. Com o recurso <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />
mapea<strong>do</strong>s, são analisadas as diferentes situações intra-urbanas das áreas/bairros e os padrões<br />
de desigualdade da cidade.<br />
Esse capítulo revela que a cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> não possui áreas de pura inclusão ou<br />
de pura exclusão. Em seu território, as áreas de inclusão encontram-se circundadas por áreas<br />
de alto grau de exclusão, e infere-se a presença de uma tensão por disputa de espaço. O<br />
conhecimento de quem mora e vive na cidade mostra que a vizinhança <strong>do</strong>s diversos grupos<br />
sociais nas áreas de exclusão/inclusão é uma convivência negociada, cujas relações são<br />
estabelecidas pela complementaridade, quan<strong>do</strong> a mão-de-obra é oportuna, e pela<br />
ambivalência, por ser incômoda. Apesar de a escala <strong>do</strong>s problemas encontra<strong>do</strong>s nessa<br />
convivência, nessa mistura de exclusão e inclusão, ser profunda e dialética, ela revela, por sua<br />
vez, um senti<strong>do</strong> forte e muito rico de diversidade étnica e cultural. Pode-se afirmar que a<br />
cidade não possui uma experiência de cidade de guetos que impõe à população mais excluída<br />
12
estrições diretas à circulação. Todavia, sem romantismo, não se pode esquecer que a enorme<br />
desigualdade, confirmada pelos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Mosaico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong> e ilustrada por tantas<br />
outras fontes de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s urbanistas por meio <strong>do</strong>s cenários <strong>do</strong>s casarões e prédios <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de<br />
infra-estrutura em Boa Viagem, Jaqueira, Graças, Espinheiro, Parnamirim e outros que são<br />
avizinha<strong>do</strong>s, no entremeio, por favelas ou palafitas, é o calcanhar-de-aquiles da cidade.<br />
No quarto capítulo, o olhar <strong>do</strong>s autores atravessa as áreas sociais estratégicas e<br />
representativas da vida <strong>do</strong>s jovens da cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, fornecen<strong>do</strong> um panorama da realidade<br />
<strong>do</strong> jovem recifense, com o propósito de contribuir para o desenho de políticas públicas<br />
integradas e de cunho institucional, enfocan<strong>do</strong> diferentes áreas e dimensões que envolvem a<br />
vida <strong>do</strong> jovem: renda, saúde, instrução e violência.<br />
O quinto capítulo trata da exclusão/inclusão da pessoa i<strong>do</strong>sa no <strong>Recife</strong>, a terceira<br />
capital brasileira em números absolutos de pessoas com mais de sessenta anos de idade. A<br />
importância de abarcar esse coletivo no livro deve-se à constatação, reconhecida<br />
internacionalmente, da inviabilidade <strong>do</strong>s planos e programas de desenvolvimento que não<br />
considerem o fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento populacional e suas conseqüências nas diversas<br />
estruturas da sociedade.<br />
O sexto capítulo traz a experiência de análise de duas Unidades de Conservação<br />
Ambiental <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, situadas nos bairros Sítio <strong>do</strong>s Pintos e Dois Irmãos. As autoras discutem<br />
as questões sobre natureza e ocupação e consideram a preservação <strong>do</strong>s remanescentes naturais<br />
e a ocupação <strong>do</strong> solo para fins de moradia em unidades de conservação urbanas sob o ponto<br />
de vista da variável socioambiental.<br />
O sétimo capítulo apresenta o méto<strong>do</strong> Data Envelopment Analysis (DEA) para a<br />
obtenção de mapas de exclusão e inclusão social aplica<strong>do</strong> à cidade <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>, com o objetivo<br />
de refletir também sobre a multidimensionalidade <strong>do</strong>s problemas sociais urbanos. A<br />
introdução desse capítulo permite apresentar outra forma de meto<strong>do</strong>logia utilizada para a<br />
construção de índices e mapas de exclusão/inclusão para a cidade.<br />
Este livro cumpre, assim, a sua missão de trazer a público o resulta<strong>do</strong> da análise<br />
da pesquisa <strong>do</strong> Mapa da <strong>Exclusão</strong>/<strong>Inclusão</strong> <strong>Socioambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>. Ele busca ressaltar e<br />
estimular o componente ético-político no encaminhamento <strong>do</strong>s seus resulta<strong>do</strong>s, isto porque,<br />
com o recurso ofereci<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong>, é possível identificar as características distintas da<br />
cidade e sua diversidade interna e discuti-las com a população. Esse mecanismo pode<br />
constituir um elemento fundamental e direto para aprofundar o conhecimento que a população<br />
13
pode ter de sua cidade e, conseqüentemente, para a consolidação de sua identidade e<br />
cidadania. As informações contidas no livro são sobretu<strong>do</strong> importantes para auxiliar gestores,<br />
urbanistas e estudiosos na construção <strong>do</strong> desenho das ações que irão transformar a cidade <strong>do</strong><br />
<strong>Recife</strong> na cidade possível que seus habitantes desejam ter no futuro. Sobre o último aspecto, o<br />
estu<strong>do</strong> pode reduzir os custos de implementação da gestão e ampliação das políticas sociais,<br />
com o resulta<strong>do</strong> das informações básicas disponíveis.<br />
Por fim, uma palavra de agradecimentos deve ser dirigida àqueles que ajudaram<br />
na construção desse estu<strong>do</strong>, cuja autoria é coletiva. A multidisciplinaridade <strong>do</strong>s profissionais<br />
vincula<strong>do</strong>s à pesquisa, a seriedade e a dedicação que marcaram o espírito colaborativo entre<br />
as instituições parceiras possibilitaram que se chegasse a esta etapa conclusiva. Àqueles que,<br />
por motivos diversos, tiveram de se desligar da pesquisa, como Morvan Moreira, Suzana<br />
Maira Silva Romão de Oliveira, Ricar<strong>do</strong> Zimmerle da Nóbrega e Jorge Medeiros de Queiroz,<br />
mas deixaram também valiosas idéias que foram incorporadas a este estu<strong>do</strong>, nosso muito<br />
obriga<strong>do</strong>. Também agradecemos a Tiago Cavalcanti, professor da Universidade Federal de<br />
Pernambuco, atualmente professor na Universidade de Cambridge, pelo apoio na leitura e na<br />
crítica da modelagem <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s quais foi possível avançar na estruturação <strong>do</strong><br />
modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para o <strong>Recife</strong>.<br />
Agradecimentos são ainda dirigi<strong>do</strong>s aos colegas da Fundação Joaquim Nabuco<br />
que nos apoiaram de diferentes maneiras, como Joanil<strong>do</strong> Burity, Cátia Lubambo, Jucedi<br />
Barbosa Leite, Ana Eliza Medeiros Vasconcelos Lima, Solange Coutinho, Maria José de<br />
Araújo Lima, Tarcísio Patrício, Sylvia Couceiro, Maria <strong>do</strong> Socorro Araújo, bem como Clóvis<br />
Cavalcanti, Fernan<strong>do</strong> Ponce de León e Nara Antunes, integrantes da Comissão de Publicação<br />
da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes).<br />
Agradecimentos e reconhecimento são também dirigi<strong>do</strong>s a Margarida Michel pela<br />
laboriosa tarefa de correção idiomática <strong>do</strong> livro.<br />
Gostaríamos de expressar, ainda, os nossos agradecimentos especiais e<br />
reconhecimento a Dirce Koga, da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP); a Gilberto<br />
Câmara, <strong>do</strong> Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (INPE); a Frederico Romano Ramos <strong>do</strong><br />
Centro de Estu<strong>do</strong>s Espaciais e Territoriais (CEDEST/PUC/SP), e a Ivon Fittipaldi,<br />
Coordena<strong>do</strong>r Geral <strong>do</strong> Ministério de Ciência e Tecnologia, Representação Regional <strong>do</strong><br />
Nordeste (RENE), que nos apoiaram nas primeiras questões práticas e teóricas referentes à<br />
estrutura e à composição <strong>do</strong> modelo para a construção <strong>do</strong>s índices deste estu<strong>do</strong>.<br />
14
À Fundação Joaquim Nabuco, representada por seus gestores, pelo apoio,<br />
entusiasmo e demonstração de credibilidade neste trabalho, por oferecer, além <strong>do</strong>s seus<br />
espaços físicos para os Workshops sobre a meto<strong>do</strong>logia deste estu<strong>do</strong>, recursos institucionais<br />
para a sua realização e publicação. Agradecimentos são estendi<strong>do</strong>s à Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Recife</strong>,<br />
especialmente aos seus secretários João da Costa, da Secretaria de Planejamento Participativo,<br />
Obras, Desenvolvimento <strong>Urbano</strong> e Ambiental, e Karla Menezes, da Secretaria de Direitos<br />
Humanos e Segurança Cidadã, pela disponibilidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, apoio técnico e por depositar<br />
crédito na aplicação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa. Agradecimentos são igualmente dirigi<strong>do</strong>s à<br />
Universidade Federal Rural de Pernambuco, pelo apoio científico.<br />
Helenilda Cavalcanti<br />
Organiza<strong>do</strong>ra<br />
15