Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...
Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...
Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Dado o caráter e propósitos <strong>da</strong> análise acerca do problema em estudo, não se<br />
julgou necessário descer a pormenores em termos de especificação do processo<br />
produtivo, mesmo porque as estatísticas, ao nível agregado, além de serem incompletas<br />
para o período, não contribuiriam de forma relevante para a eluci<strong>da</strong>ção dos objetivos<br />
estabelecidos. Por outro lado, os <strong>da</strong>dos e as evidências que foram trabalhados durante o<br />
processo de pesquisa mostraram-se suficientes para a eluci<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> hipótese básica de<br />
trabalho e objetivos propostos.<br />
Neste item realiza-se a análise <strong>da</strong> destinação (produtiva ou especulativa) que, em<br />
última análise, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> às terras. Quando se estudou, acima, a dimensão física <strong>da</strong>s áreas<br />
novas apropria<strong>da</strong>s, pôde-se ter uma visão dos rumos gerais do processo. A análise <strong>da</strong><br />
variação <strong>da</strong> destinação <strong>da</strong><strong>da</strong> às terras no período 1960 a 1980 possibilita a compreensão<br />
do caráter efetivamente assumido pelo mesmo. A uni<strong>da</strong>de destas duas dimensões<br />
oferece as condições necessárias à interpretação do processo de privatização de terras,<br />
tal como posto em prática pelo Governo e suas respectivas articulações no bojo do seu<br />
Projeto de Desenvolvimento Rural.<br />
O Quadro 3, oferece uma visão de conjunto dos padrões de utilização <strong>da</strong>s terras<br />
no período, para o País e pelas diferentes Regiões, com algum detalhamento para os<br />
tipos de exploração 527 .<br />
Analisando-se a coluna referente às terras declara<strong>da</strong>s como utiliza<strong>da</strong>s, verifica-se<br />
que o padrão de utilização <strong>da</strong>s mesmas permanece virtualmente constante em todo o<br />
período 528 , tanto para o conjunto do país, como para to<strong>da</strong>s as regiões, exclusive a<br />
Centro-Oeste, onde este padrão cai, ligeiramente, de 89,2% para 87,4%. Essa que<strong>da</strong> é,<br />
aparentemente, irrelevante, mas se se considerar que esta Região representou a<br />
incorporação de 46% de todo o incremento de área do país, pode-se imaginar o<br />
significado deste <strong>da</strong>do. Esses problemas serão melhor eluci<strong>da</strong>dos adiante. De qualquer<br />
maneira, pode-se perceber que o conceito de “terra utiliza<strong>da</strong>” é de caráter declaratório.<br />
Ou seja, ao responderem ao Censo, os proprietários declaram como utiliza<strong>da</strong>s as terras<br />
indistintamente destina<strong>da</strong>s a explorações efetivas, assim como as terras simplesmente<br />
“aproveita<strong>da</strong>s” de forma extensiva, como as pastagens e matas naturais.<br />
Independentemente de qualquer avaliação subjetiva deste fato, ele efetivamente distorce<br />
a reali<strong>da</strong>de no que diz respeito à utilização efetivamente produtiva <strong>da</strong> terra apropria<strong>da</strong>.<br />
Feitas estas observações, o que se pode depreender, em linhas gerais, pela<br />
análise dos <strong>da</strong>dos do Quadro 3 é que a variação do padrão de aproveitamento ou<br />
utilização <strong>da</strong>s terras, apesar <strong>da</strong> ampliação <strong>da</strong> área apropria<strong>da</strong> no período ficar em torno<br />
de 46%, como se verificou acima, é estatisticamente pouco significativa, nunca<br />
ultrapassando o valor dos 5%. Por outro lado, esse <strong>da</strong>do é ain<strong>da</strong> muito geral e oferece<br />
uma idéia incompleta do quadro efetivamente assumido pelo processo de utilização<br />
produtiva <strong>da</strong>s terras no País e nas diferentes regiões. Uma noção um pouco mais<br />
527 Para uma visualização desse fenômeno, ver a figuras 3 adiante.<br />
528 Ver a figura 4.<br />
263