19.03.2015 Views

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

grandes empresas rurais, especialmente nas chama<strong>da</strong>s “regiões de fronteira”, reforçam<br />

estes <strong>da</strong>dos 496 .<br />

Em segui<strong>da</strong>, curiosamente 497 , vem a Região Nordeste, com 22,1% do total <strong>da</strong>s<br />

áreas incorpora<strong>da</strong>s ao patrimônio privado, o que denuncia, efetivamente, que boa parte<br />

<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des desta região não se encontravam legalmente regulariza<strong>da</strong>s no período,<br />

configurando-se em posses sobre terras devolutas. Segue-se, em importância, a Região<br />

Norte 498 , com 15,7%, <strong>da</strong> incorporação ao patrimônio privado, de terras novas. Este é,<br />

em linhas gerais, o perfil <strong>da</strong> expansão <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong>, sobre a “fronteira<br />

agrária”, em termos físicos de ocupação de terras, por suposto, devolutas. Reflete, neste<br />

sentido específico, o processo de privatização de terras públicas, ou do reconhecimento<br />

de domínios, que foram “legalizados”, nos termos analisados na capítulo anterior. Nas<br />

regiões Sul e Sudeste, as taxas são de 7,8% e 7,9%, respectivamente, o que indica a<br />

menor disponibili<strong>da</strong>de de terras “devolutas” ou “irregularmente” titula<strong>da</strong>s, além do fato<br />

de se tratar de regiões onde o processo de ocupação <strong>da</strong>s terras se encontrava,<br />

aparentemente, melhor consoli<strong>da</strong>do no período.<br />

QUADRO 1.B<br />

ÁREAS NOVAS (1960-1980): DISTRIBUIÇÃO INTRA-REGIONAL, BRASIL<br />

Especificações:<br />

ESTRATOS DE ÁREA<br />

Brasil e Regiões Total 0 - 10 10 - 100 100 - 1000 1000 mais<br />

1. Brasil 100,0 2,6 14,7 35,5 47,2<br />

2. Norte 100,0 1,7 28,1 56,1 14,1 499<br />

3. Nordeste 100,0 6,9 25,8 32,0 35,3<br />

4. Sudeste 100,0 (- 1,4) 14,9 59,7 26,8<br />

5. Sul 100,0 11,0 26,1 51,9 11,0<br />

6. Centro-Oeste 100,0 0,2 3,0 23,3 73,7<br />

Fonte: FIBGE - Censo Agrícola 1960 e Censo Agropecuário de 1980, com<br />

<strong>da</strong>dos agrupados e diferenciais e correspondentes percentagens<br />

calculados por JONES (1987).<br />

496 Ver, especialmente, os <strong>da</strong>dos citados por YOKOTA (op. cit.) e ZANATTA (op. cit.) no capítulo 4.<br />

497 Diz-se “curiosamente” por se tratar de uma Região de ocupação muito antiga e de estrutura agrária<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> já <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50 do século passado (ver CARVALHO e FAORO, citados). Este<br />

fato é um forte indício de que, também neste caso, a maioria <strong>da</strong>s áreas eram apenas posses que foram legitima<strong>da</strong>s<br />

neste período.<br />

498 Deve-se fazer uma ressalva em relação aos <strong>da</strong>dos referentes à Região Norte, que apresentaram problemas entre<br />

os Censos de 1960 e 1980. Segundo GRAZIANO <strong>DA</strong> SILVA (1974, p.5), “embora o número de<br />

estabelecimentos tenha quase dobrado no período, a área total recensea<strong>da</strong> na região diminuiu<br />

ligeiramente, devido à forte redução apresenta<strong>da</strong> pelos Estados do Acre, Amapá e Amazonas”. Com base<br />

na constatação de que a referi<strong>da</strong> redução afetou sobretudo os estratos de área mais eleva<strong>da</strong>, Graziano <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> defende<br />

a suposição de que “não foram recensea<strong>da</strong>s em 1970 algumas <strong>da</strong>s grandes proprie<strong>da</strong>des existentes em<br />

1960, o que explicaria a redução <strong>da</strong> área total apesar de quase ter duplicado o número de<br />

estabelecimentos.” (Id. Ibidem., p.5). Isto talvez explique o segundo posto ocupado pelo Nordeste.<br />

499 Vejam-se as observações de GRAZIANO <strong>DA</strong> SILVA constantes <strong>da</strong> nota anterior.<br />

246

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!