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Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

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serão complementados pela análise de outras estatísticas, particularmente as<br />

relaciona<strong>da</strong>s com os movimentos <strong>da</strong> população rural e urbana, por um lado, e com a<br />

destinação <strong>da</strong><strong>da</strong> às terras agrárias, no país, por outro lado.<br />

Destarte, as análises feitas neste capítulo têm, apenas, o objetivo de lançar mais<br />

alguma luz acerca dos resultados <strong>da</strong> Política Fundiária do Governo no período, tal como<br />

proposta e tal como implementa<strong>da</strong> pelo Governo. Neste sentido específico, o presente<br />

capítulo procura complementar as análises anteriores, buscando esclarecer aspectos<br />

relevantes associados ao projeto e ao discurso de desenvolvimento rural do Governo.<br />

Por outro lado, procura indicar algumas referências gerais que possam permitir a<br />

comparação entre a Política de Terras dos Governos Militares, e iniciativas similares<br />

implementa<strong>da</strong>s em outros momentos <strong>da</strong> história agrária brasileira.<br />

Nesta perspectiva, além <strong>da</strong> constatação do fato concreto de que a estrutura<br />

fundiária brasileira sempre se caracterizou por um elevado grau de concentração,<br />

conforme evidenciaram inúmeros estudos, alguns dos quais citados neste trabalho 487 , é<br />

fun<strong>da</strong>mental que se busque compreender as especifici<strong>da</strong>des e os meandros dos<br />

fenômenos e processos que o engendraram - e como visto nos capítulos anteriores,<br />

ain<strong>da</strong> o engendram - assim como os motivos econômicos, sociais, políticos, etc., que se<br />

encontram subjacentes a esse processo de alienação e apropriação privilegia<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />

terras públicas no Brasil. Neste trabalho, esta problemática é analisa<strong>da</strong> a partir de uma<br />

perspectiva específica: o estudo <strong>da</strong>s mediações entre a formulação de normas jurídicas e<br />

administrativas e suas respectivas relações e implicações, ao nível concreto, <strong>da</strong> sua<br />

implementação.<br />

A tarefa de deslin<strong>da</strong>mento deste processo vem sendo desenvolvi<strong>da</strong> em dois<br />

níveis estritamente articulados: um quantitativo, no qual se buscou colocar em evidência<br />

a dinâmica física e espacial do processo de apropriação e do incremento de quanti<strong>da</strong>des<br />

de terras devolutas incorpora<strong>da</strong>s à proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> rural e sua respectiva destinação,<br />

no período, com a referência a estratos de áreas dos estabelecimentos e a regiões do<br />

país; outro, qualitativo, pelo qual se buscou colocar em relevo as formas, meios e<br />

instrumentos, jurídicos e administrativos, utilizados pelo Estado, para justificar e<br />

sustentar a implementação deste processo específico de alienação de terras públicas ou<br />

do reconhecimento de domínios privados sobre estas; e os seus efeitos sobre a estrutura<br />

fundiária e os movimentos <strong>da</strong> população rural e urbana.<br />

A análise, especialmente desta segun<strong>da</strong> perspectiva, oferece a possibili<strong>da</strong>de de<br />

captar e compreender a especifici<strong>da</strong>de do Projeto de Desenvolvimento Rural e <strong>da</strong><br />

Política Fundiária, tal como propostos pelos Governos a partir de 1964. A análise<br />

quantitativa foi desenvolvi<strong>da</strong> com base no levantamento e tratamento estatístico de<br />

<strong>da</strong>dos específicos, relativos: (a) às quanti<strong>da</strong>des de áreas, diferencialmente apropria<strong>da</strong>s,<br />

discrimina<strong>da</strong>s por estratos de área, regiões do país e em nível agregado do país<br />

(Quadros 1.A - Terras novas; e Quadro 1.B - Distribuição Intrarregional e<br />

487 GRAZIANO <strong>DA</strong> SILVA (1980 e 1982); DELGA<strong>DO</strong> (1985); MARTINS (1983), JONES (1987).<br />

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