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Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

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levanta<strong>da</strong>s por este estudo. As referências bibliográficas específicas serão desenvolvi<strong>da</strong>s<br />

no âmbito dos diferentes capítulos, na medi<strong>da</strong> em que sejam suscita<strong>da</strong>s as questões<br />

pertinentes e respectivas análises. Por esta razão, neste momento apenas será traçado um<br />

perfil amplo <strong>da</strong>s diferentes perspectivas teóricas e analíticas desenvolvi<strong>da</strong>s acerca dos<br />

problemas pertinentes à questão agrária e à política fundiária brasileiras.<br />

Até porque seria impossível numa Introdução proceder-se à revisão exaustiva <strong>da</strong><br />

literatura que, em diferentes momentos e de diversas formas e perspectivas teóricas e<br />

analíticas, se ocuparam <strong>da</strong> análise dos problemas ligados à estrutura agrária brasileira.<br />

Além disso, fugiria à capaci<strong>da</strong>de intelectual e de síntese do autor proceder a tão<br />

ampla e relevante revisão, sem cometer omissões indesculpáveis. Assim, e com o<br />

objetivo apenas de indicar as trajetórias fun<strong>da</strong>mentais do debate, este tópico procura,<br />

apenas, pôr em realce as linhas gerais segui<strong>da</strong>s pelos diversos estudos, indicando suas<br />

características e pontos de vista fun<strong>da</strong>mentais.<br />

A questão agrária tem sido estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de diversas perspectivas por diferentes<br />

pesquisadores e analistas brasileiros. Neste sentido há uma ampla literatura científica, -<br />

cujas referências específicas serão apresenta<strong>da</strong>s na medi<strong>da</strong> em que as diferentes<br />

dimensões do problema sejam abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s no decorrer deste trabalho -, e a qual se ocupa<br />

<strong>da</strong> investigação <strong>da</strong> questão agrária nas suas especifici<strong>da</strong>des e relações com o processo<br />

de formação e desenvolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, por um lado, e <strong>da</strong>s implicações<br />

gera<strong>da</strong>s neste contexto pela trajetória histórica <strong>da</strong> estruturação e desenvolvimento <strong>da</strong><br />

produção capitalista e <strong>da</strong> economia de mercado.<br />

Tratam-se de estudos que abrangem uma vasta área no âmbito <strong>da</strong>s Ciências<br />

Sociais. Ocupam-se de problemas que vão, desde as análises acerca do caráter do<br />

processo de colonização e <strong>da</strong> economia colonial, até aos processos de modernização <strong>da</strong><br />

agricultura e suas relações com desenvolvimento do capitalismo na produção<br />

agropecuária. No contexto destes estudos, são relevantes os trabalhos de Oliveira<br />

Vianna (1923), onde é formula<strong>da</strong> de forma sistemática a tese do "feu<strong>da</strong>lismo colonial",<br />

acompanha<strong>da</strong> de perto pelo trabalho de Malheiro Dias (1924) que, retomando as<br />

conclusões de Vianna busca desenvolver uma análise, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> nos instrumentos<br />

jurídicos de concessão de terras pela Coroa Portuguesa, para concluir pelo caráter feu<strong>da</strong>l<br />

<strong>da</strong> formação colonial. A tese do feu<strong>da</strong>lismo é posta em questão por Roberto Simonsen<br />

(1937), seguido de perto por Caio Prado Júnior (1939), ambos defendendo a tese de que<br />

a economia colonial possuía caráter capitalista, embora, estes autores se fun<strong>da</strong>mentem<br />

em argumentações teóricas distintas. Na defesa contundente do "Feu<strong>da</strong>lismo Colonial"<br />

encontra-se, ain<strong>da</strong>, Nestor Duarte (1939), com seu estudo, que se tornou clássico, "A<br />

Ordem Priva<strong>da</strong> e a Organização Política Nacional".<br />

Ain<strong>da</strong> acerca deste debate, muitos outros autores poderão ser arrolados, como<br />

Celso Furtado que em 1959, já no novo contexto do debate nascido no segundo pós-<br />

Guerra, publica um livro, que se tornou, também clássico, Formação Econômica do<br />

Brasil, no qual defende a tese do capitalismo colonial; entretanto, apresentando<br />

distinções importantes em relação aos argumentos defendidos nos trabalhos de<br />

Simonsen e Prado Júnior, sobretudo, ao admitir que, as transformações do mercado<br />

mundial ao deprimirem as exportações brasileiras, provocaram, em determinados<br />

setores <strong>da</strong> economia, uma atrofia e uma regressão à formações pré-capitalistas. Segundo<br />

Furtado, portanto, o sistema colonial era capitalista em sua origem, mas as estruturas<br />

agrárias atuais regridiram a um estado semi-feu<strong>da</strong>l, depois de um longo processo de<br />

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