19.03.2015 Views

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

Alberto da Silva Jones O MITO DA LEGALIDADE DO LATIFÚNDIO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

eneficiamento <strong>da</strong> produção, assistência técnica e social, além de uma conjunto amplo<br />

de outras medi<strong>da</strong>s relevantes:<br />

“Estabelece medi<strong>da</strong>s destina<strong>da</strong>s a facilitar e desenvolver a<br />

cultura <strong>da</strong> seringueira, do caucho, <strong>da</strong> maniçoba e <strong>da</strong><br />

mangabeira e a colheita e beneficiamento <strong>da</strong> borracha<br />

extraí<strong>da</strong> dessas árvores e AUTORIZA o Poder Executivo não<br />

só a abrir os créditos precisos à execução de tais medi<strong>da</strong>s,<br />

mas ain<strong>da</strong> a fazer as operações de crédito que para isso<br />

forem necessárias.” 230<br />

Parece lícito, neste sentido, levantar-se a hipótese de que este Decreto, na<br />

ver<strong>da</strong>de um vasto projeto de desenvolvimento e integração econômica, o primeiro<br />

efetivamente estruturado neste sentido para a Amazônia, tivesse, pelo menos, duas<br />

metas latentes: 1.uma, claramente explicita<strong>da</strong> no seu texto, referia-se à tentativa de<br />

recuperar a hegemonia perdi<strong>da</strong> pelo incentivo à produção racional <strong>da</strong> borracha,<br />

inclusive a sua pré-industrialização; 2. Outra, referia-se a tentativa efetiva de ocupar<br />

produtivamente esse espaço ameaçado de internacionalização 231 , promovendo além do<br />

incentivo à produção e beneficiamento <strong>da</strong> borracha, o incentivo à instalação de<br />

indústrias pesqueiras e de conservas, de produção de alimentos e pecuária; além de<br />

indicar um amplo projeto de construção de ferrovias integrando a Amazônia, por um<br />

lado, às fronteiras com o Peru, atravessando todo o Território do Acre (pouco antes<br />

incorporado ao território brasileiro) e, por outro lado, integrando a Região à Pirapora<br />

(MG), ao Maranhão e ligações “aos portos iniciais e terminais de navegação dos<br />

rios Araguaia, Tocantins, Parnaíba e São Francisco.” (art. 6 o , incisos I, II e III) 232 .<br />

Ol<strong>da</strong>ir Zanata, ocupando-se <strong>da</strong> problemática <strong>da</strong> titulação <strong>da</strong> terra rural no Brasil,<br />

refere-se nos seguintes termos a respeito, especificamente, deste Decreto:<br />

“(...) Em 1904, porém, depois de soluciona<strong>da</strong>s as dúvi<strong>da</strong>s de<br />

limites com a Bolívia, foram incorpora<strong>da</strong>s ao Brasil partes <strong>da</strong>s<br />

terras que viriam constituir o Território Federal (hoje Estado) do<br />

Acre. A situação fundiária peculiar ali verifica<strong>da</strong>, que incluía terras<br />

titula<strong>da</strong>s pela Bolívia, pelo Estado do Amazonas e pelo ex-Estado<br />

Independente do Acre, levou o Governo Federal a baixar o<br />

Decreto 2.543-A, de 1912, que estabelecia normas a serem<br />

aplica<strong>da</strong>s no então Território Federal.” 233<br />

Como se pode observar, colocado o problema desta maneira, fica a impressão,<br />

de que o Decreto 2.543-A foi baixado para equacionar a situação fundiária específica do<br />

230 Decreto 2.543-A/1912; intróito (BRASIL. Presidência <strong>da</strong> República. Rio de Janeiro: 1912 ).<br />

231 Nesse sentido Edilson Martins (op. cit., p.50. Grifos nossos) registra que “no dia 31 de outubro de 1853, o<br />

Governo dos Estados Unidos solicitava oficialmente ao Brasil que abrisse a Amazônia à navegação<br />

internacional (...). Até 1912 - ano que o Brasil perde a hegemonia mundial <strong>da</strong> produção de borracha,<br />

que mantinha desde 1870 - não foram poucas as pressões no sentido de internacionalizar a Amazônia,<br />

nem menores as lutas internas entre países formadores de sua bacia.<br />

232 Vide, Decreto 2.543-A, de 5.01.1912.Op. loc. cit.<br />

233 Zanatta, Ol<strong>da</strong>ir . A titulação de terra rural no Brasil . INCRA. Simpósio Internacional de Experiência<br />

Fundiária. (MEAF. Salvador-Bahia: agosto de 1984, p. 9. Grifos nossos).<br />

129

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!