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ARTHUR ARCOVERDE DE FIGUEIREDO E SOUSA A TRAJETÓRIA DOS JOVENS ATLETAS EM BUSCA DA PROFISSIONALIZAÇÃO NO FUTEBOL Artigo apresentado ao curso de graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciatura em Educação Física. Orientado por Msc. Fábio A. Tenório de Melo. Brasília 2011

<strong>ARTHUR</strong> <strong>ARCOVERDE</strong> DE FIGUEIREDO E SOUSA<br />

A TRAJETÓRIA DOS JOVENS ATLETAS EM BUSCA DA<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO NO FUTEBOL<br />

Artigo apresentado ao curso de<br />

graduação em Educação Física da<br />

Universidade Católica de Brasília,<br />

como requisito parcial para obtenção<br />

do Título de Licenciatura em<br />

Educação Física.<br />

Orientado por Msc. Fábio A. Tenório<br />

de Melo.<br />

Brasília<br />

2011


Artigo de autoria de Arthur Arcoverde de Figueiredo e Sousa, intitulado<br />

“A TRAJETÓRIA DOS JOVENS ATLETAS EM BUSCA DA<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO NO FUTEBOL”, apresentado como requisito parcial<br />

para obtenção do grau de Licenciatura em Educação Física da Universidade<br />

Católica de Brasília, em 12 de novembro de 2011, defendido e aprovado pela<br />

banca examinadora abaixo assinada:<br />

_________________________________________________________<br />

Msc. Fábio A. Tenório de Melo<br />

Orientador<br />

Educação Física - UCB<br />

_________________________________________________________<br />

Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva<br />

Avaliador<br />

Educação Física - UCB<br />

Brasília<br />

2011


3<br />

A TRAJETÓRIA DOS JOVENS ATLETAS EM BUSCA DA<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO NO FUTEBOL.<br />

<strong>ARCOVERDE</strong> de Figueiredo e Sousa, Arthur *<br />

ANTÔNIO Tenório de Melo, Fábio **<br />

Resumo<br />

O presente estudo teve como objetivo, analisar a trajetória de jovens<br />

atletas em busca da profissionalização no futebol. Participaram desta pesquisa<br />

20 atletas com idade entre 15 á 17 anos, sendo 10 da escolinha de futebol do<br />

Internacional (Dois Toques) e 10 da escolinha de futebol do Santos (Meninos<br />

da Vila), além de técnicos e responsáveis. Para mensuração dos dados, foi<br />

utilizado um questionário de característica qualitativa e cunho descritivo,<br />

elaborado pelo próprio autor. Pôde-se observar a dura realidade encarada<br />

pelos jovens atletas no árduo caminho em busca da profissionalização no<br />

futebol, além dos fatores que são preponderantes e fundamentais para a<br />

realização desta jornada. A falta de oportunidades para os garotos, as<br />

estruturas nas escolinhas, falta de apoio por parte do governo, além da<br />

ausência de profissionais como: fisioterapeutas e nutricionistas, atividades<br />

técnicas e táticas, á questão de não possuírem empresários, esses são muito<br />

dos fatores que se tornam primordiais para a não profissionalização do jovem<br />

praticante de futebol.<br />

Palavras-chave - Trajetória, Escolinha de Futebol e Profissionalização.<br />

Introdução<br />

A organização do futebol foi feita pelos ingleses, mas a sua verdadeira<br />

origem acabou perdendo-se no tempo. Os jovens de famílias muito ricas da<br />

Inglaterra começaram a deixar de lado os seus esportes favoritos da época,<br />

como o tiro, a esgrima, a caça, a equitação, entre outros, para então seguirem<br />

com o futebol. (DUARTE, 1993).<br />

No Brasil, o futebol acabou chegando por meio dos marinheiros ingleses,<br />

holandeses e franceses. Esses, por sua vez, jogavam em nossas praias, nas<br />

paradas dos seus navios e para nos brasileiros só restava admirar o esporte.<br />

Mas em 1894, o paulista Charles Miller, nascido no Brás e que estudava na<br />

Inglaterra acabou trazendo de lá duas bolas, alguns calções, camisas,<br />

chuteiras, bombas de encher e agulha. Dando assim, a oportunidade aos<br />

brasileiros de praticarem o futebol. Foi a partir daí, que começou ao que<br />

podemos chamar de uma grande paixão do brasileiro pelo futebol. (DUARTE,<br />

1993).<br />

Praticado primeiramente pela burguesia, o futebol se tornou um esporte<br />

de ricos e brancos. Mas isso não iria se perdurar por muito tempo. Pela<br />

facilidade da prática, podia ser jogado em qualquer espaço, e pelo pouco de<br />

material utilizado, o esporte naturalizado pelos ingleses, caiu nas graças do


“povão brasileiro”. Os pobres e os negros descobriram o esporte, e por ironia<br />

do destino, acabaram se tornando seus principais protagonistas. Pequenos<br />

campos se alastraram por todo território nacional. Iniciado em São Paulo<br />

passando pelo Rio de Janeiro, e daí para o restante do país. De Paula (1999)<br />

apud, Melo (2002), diz que nos campos de “várzea” como eram chamados, os<br />

meninos de todas as classes sociais, se deleitavam com o novo esporte, e o<br />

futebol passou a ser um esporte acessível a todas as classes sociais, credos e<br />

cores.<br />

Já instituído como paixão nacional, o esporte bretão atualmente sofre<br />

com a densidade demográfica. O crescimento dos grandes centros<br />

urbanos vem se tornando como o principal responsável pela diminuição das<br />

áreas públicas de lazer, dificultando assim sua prática. De tal forma, acabando<br />

com os bobinhos, as peladas, rebatidas e os controles. No tempo em que havia<br />

grandes espaços e muitas brincadeiras, nem havia necessidade de se falar em<br />

escolinhas de futebol. Já dos campos das peladas víamos as grandes estrelas,<br />

mas mesmo assim, o Brasil continua produzindo excelentes jogadores, que<br />

logo despontam e vão servir o mercado mundial da bola. (BALLISTA, 2005).<br />

O surgimento das chamadas “escolinhas de futebol”, se deu em grande<br />

parte, pelo desaparecimento dos campos de “´várzea”. Inicialmente estes<br />

espaços eram comandados por ex-atletas da modalidade. Os meninos, loucos<br />

para brincar e imitar seus ídolos corriam para se matricular, achando que<br />

aprenderiam futebol tanto quanto os craques aprenderam. Mas a questão não<br />

era quem ensinava, mas a pedagogia com que se ensinava. Na rua, todos<br />

ensinam todos, crianças com crianças, mais velhos com mais novos. A rua<br />

existe a pedagogia da liberdade, da criatividade, do desafio e do “cada um por<br />

si e Deus por todos”. O fato é que ensinar não é fácil, é trabalho duro, pesado,<br />

ainda mais quando se trata de se ensinar futebol no nosso país. É no mínimo<br />

aproximar-se do nível de competência pedagógica que a rua oferece. Como a<br />

escola não é a rua, mesmo podendo ser feita diversas adaptações. Por um<br />

lado perderá o ambiente natural de aprendizagem, por outro, isso poderá ser<br />

compensado com a entrada de bons profissionais, que sejam formados para<br />

efetivamente ensinar o futebol. (BALLISTA, 2005).<br />

Ainda segundo o autor, o Brasil e o futebol realmente formaram um<br />

casamento perfeito, somos como alguns narradores costumam dizer, “A pátria<br />

de chuteiras”. Muitos podem até pensar que inventamos o futebol, por tamanha<br />

a intimidade que temos com a bola. Mas não, foram os ingleses que, de<br />

professores acabaram virando nossos alunos. Logo, em um país com tantos<br />

insucessos sociais, os êxitos futebolísticos foram tão grandes que tornaram as<br />

tentativas de explicação inevitáveis. Mas mesmo que não consigamos<br />

esclarecer, basta dar uma olhada nas areias da praia, nas quadras de futsal,<br />

nas ruas de terra ou de asfalto para descobrir que o futebol brasileiro é uma<br />

eterna brincadeira. A arte de jogar bola tem sido a maior diversão na nossa<br />

infância, principalmente daqueles meninos de classes sociais menos<br />

favorecidas, que com seus pés descalços, e a mente voltada no sonho de se<br />

tornar grande astros do mundo da bola.<br />

O fato de o país apresentar um desequilíbrio entre classes sociais, a<br />

falta de oportunidade aos jovens, a mídia em torno do futebol, todos são fatores<br />

que levam grande parte destes mesmos jovens a se aventurarem pelos<br />

caminhos da bola. Nove dentre dez crianças brasileiras cultivam sonhos de<br />

ascenderem socialmente por meio deste esporte. A fama, e a conquista do<br />

4


5<br />

ápice social e financeiro, regem esforços e grandes sacrifícios, que acabam<br />

muitas das vezes, se tornando em vão. O futebol e o seu mundo de estrelas<br />

acabaram se tornando uma meta para muitos, uma conquista a qualquer custo.<br />

A chance de se tornarem outro Robinho, Neymar, Ronaldinho e Lucas, para<br />

muitos, é algo que vale a pena todos os esforços empregados. Neste<br />

momento, surgem figuras como a do empresário do futebol.<br />

Com a promessa de produzir novas estrelas, estes “profissionais” da<br />

bola, mexem com os sonhos de milhares de jovens, Brasil afora. Motivados por<br />

esta ilusão, muitos candidatos chegam a abandonar seus estudos, deixando<br />

seus familiares e suas cidades, e tentam a sorte, acreditando que a realidade<br />

de se tornarem novos craques, seja acessível a todos. Entretanto com o passar<br />

do tempo, vão percebendo, que a jornada, é mais árdua do que podiam<br />

imaginar. Nesta caminhada vivenciam diversas situações desagradáveis, que<br />

vão mostrando que nesta profissão não basta apenas o talento, e sim um<br />

conjunto de fatores que complementam as mais variadas etapas da<br />

profissionalização de um jogador de futebol.<br />

O presente estudo teve como objetivo identificar a realidade vivida pelos<br />

jovens atletas na trajetória em busca da profissionalização no futebol.<br />

Metodologia<br />

Amostra:<br />

A amostra foi composta por 10 jovens atletas da escolinha de futebol do<br />

Esporte Clube Internacional (Dois Toques), e 10 jovens atletas da escolinha de<br />

futebol Santos Futebol Clube (Meninos da Vila) além dos seus treinadores. A<br />

seleção da amostra foi realizada por conveniência nas sedes de treinamento de<br />

cada uma das escolinhas.<br />

Para avaliação foi utilizado um questionário de característica qualitativa<br />

e cunho descritivo, elaborado pelo próprio autor, composto de 7 questões<br />

direcionadas as dificuldades encontradas por atletas e técnicos durante o<br />

processo de profissionalização de um jogador de futebol. Os questionários<br />

foram entregues a cada componente da amostra e solicitado a todos que em<br />

data previamente marcada, retornassem com o instrumento respondido.<br />

Critérios de inclusão:<br />

Foram incluídos na amostra jovens atletas entre 15 á 17 anos, após<br />

assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais e/ou<br />

responsáveis.<br />

Discussão dos Resultados<br />

De acordo com os resultados apresentados na Tabela, pode-se<br />

comprovar que o sonho dos garotos em se tornarem jogadores de futebol vem<br />

ocorrendo cada vez mais cedo, apesar de estar cada vez mais difícil esta<br />

realidade.


6<br />

Quadro 1 – Questionário avaliativo com os resultados<br />

Nº Questões Respostas %<br />

1 Com qual idade você iniciou a<br />

prática do futebol na escolinha?<br />

6 a 9 anos<br />

10 a 15 anos<br />

75%<br />

25%<br />

2 Qual é o seu objetivo em<br />

participar de uma escolinha de<br />

futebol?<br />

3 Na sua escolinha, você tem<br />

algum tipo de<br />

acompanhamento?<br />

4 Quem lhe oferece mais incentivo<br />

por você praticar o futebol?<br />

5 Quais são as maiores<br />

dificuldades encontradas para<br />

realizar as atividades na<br />

escolinha de futebol?<br />

6 O que precisa ser melhorado nas<br />

escolinhas de futebol em<br />

Brasília?<br />

7 Em sua opinião, quais as<br />

maiores dificuldades<br />

encontradas para se tornar um<br />

atleta profissional de futebol?<br />

Tornar-se profissional<br />

Praticar um esporte<br />

Outros<br />

Relacionado às atividades<br />

tec. e táticas<br />

Não tem acompanhamento<br />

Outros<br />

Familiares<br />

Amigos<br />

Outros<br />

Distância<br />

Meio de transporte<br />

Outros<br />

Estrutura<br />

Incentivo e ass. do gov.<br />

Outros<br />

Falta de oportunidade<br />

Não ter empresário<br />

Outros<br />

62,5%<br />

30%<br />

7,5%<br />

60%<br />

20%<br />

20%<br />

50%<br />

27,5%<br />

22,5%<br />

50%<br />

25%<br />

25%<br />

46,87%<br />

31,88%<br />

21,25%<br />

42,5%<br />

37,5%<br />

20%<br />

Entre os diversos questionamentos que giram em torno do tema<br />

relacionado juntamente com os questionários respondidos pelos garotos, há<br />

vários tópicos que chamam à atenção, mas existe um que vem se tornando<br />

cada vez mais presente o qual é relacionado à precocidade em que os garotos<br />

iniciam as atividades com o futebol, em média dos 6 aos 9 anos.<br />

Outro fator que já era esperado e acabou apenas por se confirmar foi<br />

quando perguntado aos garotos quais eram os seus principais objetivos em<br />

participar das escolinhas de futebol, 62,5% afirmam que tem como meta um dia<br />

se tornar jogadores de futebol profissional, deixando apenas 37,5% com os<br />

demais objetivos. Vivemos num país que o futebol não é um esporte, mas sim,<br />

uma cultura, e a prevalência desse esporte na mídia acabam por agigantar<br />

ainda mais o gosto do brasileiro por essa modalidade. O sucesso financeiro<br />

alcançado por alguns atletas acaba por alavancar e ser o combustível<br />

norteador de sonhos de milhares de jovens. A possibilidade de uma ascensão<br />

social e o sucesso popular mobiliza crianças de todas as camadas da<br />

sociedade. Para Ballista (2005), no Brasil pesquisar sobre o futuro dos jovens<br />

atletas nas escolinhas é confirmar que cada vez mais cedo eles iniciam a<br />

prática do futebol e o sonho de um dia se tornarem grandes jogadores e que<br />

esse sonho é maior do que qualquer outro sentimento. A maior parte deles se<br />

espelham em seus ídolos, como Robinho, Neymar, Ronaldinho, Lucas, entre


muitos outros, seja no jeito de jogar, na forma de se vestir, na maneira de falar,<br />

até mesmo no modo de pentear o cabelo, o fato é que essas novas promessas<br />

não se espelham nesses craques porque são grandes pensadores ou por<br />

possuírem caráter admirável, mas sim pelo fato de ostentarem muita fama e<br />

ganharem muito dinheiro.<br />

Quando questionados se na escolinha que eles atuavam, recebiam<br />

algum tipo de acompanhamento, seja ele: pedagógico, psicológico, entre<br />

outros, 60% deles responderam que são assessorados somente em relação às<br />

questões do desenvolvimento do esporte nos âmbitos técnicos e táticos. Vogel<br />

(1982), afirma que a falta de estrutura nos clubes prevalece, e a maioria dos<br />

profissionais não são qualificados, fato que contribui para uma influencia<br />

externa dos veículos de comunicação de massa, os quais nem sempre<br />

veiculam ideologias compatíveis com o nível de necessidade dos esportes em<br />

evidência. Segundo Guerra (2008), atletas de 18 a 24 anos afirmaram<br />

sentirem-se desamparados quanto a alguns fatores, como a falta de médicos,<br />

fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, material de trabalho,<br />

instalações e locais de treinamentos adequados.<br />

Foi perguntado aos atletas, por parte de quem vinham os maiores<br />

incentivos. Dentre eles, 50% responderam vinham dos familiares, mais<br />

especificamente os pais, deixando com 27,5% os amigos e 22,5% outras<br />

pessoas. O maior apoio ainda está por parte da família. Ballista (2005), diz que<br />

a verdadeira realidade demonstra que tanto o apoio psicológico quanto o<br />

familiar é de grande importância para os garotos. Já Stemme (1981), fala que o<br />

apoio irrestrito da família se torna algo fundamental para manter o sonho com a<br />

possibilidade de se tornar real. Weinberg (2001) apud, Guerra (2008), comenta<br />

que o apoio familiar constitui um fator notório na vida de qualquer pessoa seja<br />

qual for o caminho escolhido. Por fim Ribeiro (2007) apud, Guerra (2008), fala<br />

que sem o apoio familiar é muito mais difícil alcançar os objetivos pretendidos,<br />

sem o apoio dos pais, muitos jovens desistem da carreira. Mas ainda segundo<br />

o autor, muitos pais são verdadeiros catedráticos da anulação, doutores<br />

singulares da castração do extraordinário potencial humano de que a criança é<br />

dotada.<br />

Quanto à questão das maiores dificuldades encontradas pelos garotos<br />

para chegar à escolinha para treinar, 50% deles afirmaram ser à distância onde<br />

moram, outros 25% falam que a maior dificuldade encontrada é quando se trata<br />

do meio de transporte. Vogel (1982), diz que a falta de transportes nas cidades,<br />

juntamente com a distância de onde moram principalmente os atletas de classe<br />

baixa, que são os maiores candidatos a futuro atletas, se tornam fatores<br />

decisivos para o cansaço, desgaste, até mesmo antes de chegarem para os<br />

seus treinos que por muitas vezes são de um grande desgaste físico e mental.<br />

Outro fator importante abordado na pesquisa foi com relação à estrutura<br />

oferecida pelas escolinhas de esporte. Nesse aspecto, 46,87% responderam<br />

que, o que mais precisa ser melhorado seria a questão da estrutura física dos<br />

locais de treinamento, seguidos pelo outro fator que é a assistência por parte<br />

do estado, ficando com 31,88%, deixando 21,25% com os demais fatores.<br />

Mosca (2006), em seus achados, diz que a modernidade e infra-estrutura não é<br />

adequada conforme a carga e o esforço de trabalho prestado pelos jovens<br />

atletas. Já em pesquisa feita por Guerra (2008), com trinta garotos entre 18 a<br />

24 anos, quando perguntado quais eram os maiores motivos para a não<br />

profissionalização do futebol, 26,6% dos rapazes indicaram que a necessidade<br />

7


8<br />

de maior incentivo financeiro era o principal fator e com 16,6% afirmaram como<br />

principal fator as condições estruturais dos clubes de futebol.<br />

Por fim, foi perguntado aos jovens atletas, quais eram as maiores<br />

dificuldades encontradas por eles para se tornarem atletas profissionais de<br />

futebol. Dentre os quais, 42,5% afirmaram que a falta de oportunidade e sorte,<br />

eram fatores preponderantes, deixando com 37,5% o fato de não serem<br />

empresariados as concessões com os clubes de futebol acabam se tornando<br />

quase que impossíveis. Mas, Ballista (2005), diz que conseqüentemente, como<br />

em todo grande negócio, existem aquelas pessoas que, por maneiras<br />

irresponsáveis e mal intencionadas, buscam o lucro, muitas vezes aproveitando<br />

da inocência e inexperiência de milhares de famílias desses garotos. Falsos<br />

empresários arrecadam dinheiro de familiares, prometendo fazer contato com<br />

grandes clubes e alegando oportunidades para os jovens talentos. Em uma<br />

pesquisa feita por Guerra (2008), as figuras dos empresários sempre visam<br />

lucrar alto com a imagem e agenciamento dos jogadores. Entretanto com o<br />

tempo, esses jovens atletas, acabam desistindo dos seus sonhos, pois<br />

percebem muitas vezes após vivenciar situações desumanas, uma realidade<br />

na qual não basta apenas ter talento, e sim um conjunto de outros fatores.<br />

Já PAOLI (2007), Apud GUERRA (2008), fala que ninguém se torna um<br />

grande jogador por sorte, precisa ter talento e persistência, porem se não<br />

conseguir uma oportunidade, a sorte pode estar nas chamadas peneiras.<br />

Conclusão<br />

Por meio do estudo apresentado, pôde-se constatar a dura realidade<br />

vivida pelos jovens atletas na árdua trajetória em busca da profissionalização<br />

no futebol, além dos grandes fatores que são preponderantes e fundamentais<br />

para realização desta jornada.<br />

O mundo da bola a cada dia que passa cerca-se cada vez mais<br />

negociatas, e estas unicamente de cunho financeiro. Os interesses pessoais<br />

de dirigentes e empresários acabam por determinar o futuro do atleta. A falta<br />

de acompanhamento de profissionais especializados e uma precária estrutura<br />

física, ausência de projetos nesta área por parte do estado, são fatores<br />

primordiais para a não profissionalização de jovens atletas no futebol.<br />

Assim, a realidade brasileira nos leva a crer, que por permitir uma<br />

grande ascensão social, no futebol na maior parte das vezes acaba<br />

prevalecendo às classes sociais mais baixas por falta de perspectivas de<br />

futuro, assim, os garotos de classes mais pobres acabam apostando tudo no<br />

futebol.<br />

Percebeu-se que as instituições responsáveis em sua maioria não são<br />

estruturadas suficientemente para possibilitarem a formação integral destes<br />

jovens, quanto mais, os prepararem para se confrontarem com a possibilidade<br />

de não se tornarem atletas, mas cidadãos comuns, com deveres e obrigações<br />

sociais. E para a mudança desse triste cenário, creio que seja necessário<br />

inspirar os novos profissionais, dirigentes, empresários, e quem sabe assim,<br />

possamos resgatar e valorizar o que existe de mais belo em cada jogador: o<br />

seu talento.


9<br />

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