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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE ... - Unochapecó

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<strong>UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong></strong> COMUNITÁRIA <strong>DA</strong> REGIÃO <strong>DE</strong> CHAPECÓ<br />

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais<br />

Osmar Tomazelli Júnior<br />

USO <strong>DE</strong> EXTRATOS VEGETAIS NO CONTROLE <strong>DE</strong><br />

LARVAS <strong>DE</strong> INSETOS AQUÁTICOS (INSECTA: ODONATA)<br />

PRE<strong>DA</strong>DORES <strong>DE</strong> ALEVINOS EM VIVEIROS <strong>DE</strong><br />

PISCICULTURA<br />

Chapecó - SC, 2009


i<br />

<strong>UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong></strong> COMUNITÁRIA <strong>DA</strong> REGIÃO <strong>DE</strong> CHAPECÓ<br />

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais<br />

Osmar Tomazelli Júnior<br />

Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação<br />

da Universidade Comunitária da Região de<br />

Chapecó, como parte dos pré-requisitos para obtenção<br />

do título de Mestre em Ciências Ambientais.<br />

Orientador: Prof. Dr. Jacir Dal Magro<br />

Co-orientadora: Prof a. Dra. Gilza Maria Souza Franco<br />

Chapecó - SC, agosto, 2009.


ii<br />

FICHA CATALOGRÁFICA<br />

639.3 Tomazelli Júnior, Osmar<br />

T655u<br />

Uso de extratos vegetais no controle de larvas de insetos<br />

aquáticos (insecta : odontata) predadores de alevinos em<br />

viveiros de piscicultura /<br />

Osmar Tomazzelli Júnior. Chapecó, 2009<br />

77 p.<br />

Dissertação (Mestrado) - Universidade Comunitária<br />

Regional de Chapecó, 2009.<br />

Orientador: Jacir Dal Magro, Gilza Maria de Souza Franco<br />

1. Peixe – Efeitos dos inseticidas. 2. Óleos vegetais. 3. Inseto.<br />

I. Dal Magro, Jacir. II. Franco, Gilza de Souza. III. Título<br />

CDD639.3<br />

Catalogação Joseana Foresti CRB 14/536<br />

Biblioteca Central Unochapecó


iii


iv<br />

<strong>DE</strong>DICATÓRIA<br />

Aos meus pais, Osmar e Lourdes pelo<br />

amor, carinho e amizade que sempre<br />

transmitiram.<br />

À minha esposa e filha, Ingrid e Joana pelo<br />

grande amor que nos une e por tornarem<br />

minha vida cada dia mais feliz.


v<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Aos meus orientadores professor Dr. Jacir Dal Magro e professora Dra. Gilza Maria de<br />

Souza Franco pelos ensinamentos, amizade e liberdade adquiridos durante o desenvolvimento<br />

deste trabalho.<br />

Aos professores Dr. Rivaldo Niero e Dr. Franco Delle Monache pela colaboração na<br />

identificação dos compostos isolados.<br />

Aos acadêmicos Rudi Alba, Guilherme Agnolini, Camila Cipriani e Antonio Carlos<br />

Munarini pelo interesse, participação, colaboração e entusiasmo durante as coletas a campo e<br />

nos ensaios laboratoriais.<br />

Ao colega e amigo Jorge de Matos Casaca pelas valiosas discussões, por ter<br />

disponibilizado a sua propriedade para as coletas e pelo fornecimento dos alevinos de carpa.<br />

Ao amigo André Colombi por ter me apresentado às qualidades do cinamomo e não<br />

somente pela permissão das coletas das sementes em sua propriedade, mas pela sua<br />

colaboração amiga e espontânea.<br />

Às equipes do laboratório de Química, Maria Elena Krombauer Anselmini, Raquel<br />

Zeni Termus e Tânia Cunha; do museu zoobotânico Sandra Mara Sabedot e João Carlos<br />

Marocco e ao Eng. Químico Dougla Mocellin pelo apoio durante a execução dos<br />

experimentos.<br />

À <strong>DE</strong>US pela minha vida, saúde e perseverança.


vi<br />

RESUMO<br />

TOMAZELLI JÚNIOR, Osmar. Uso de extratos vegetais no controle de larvas de insetos<br />

aquáticos (INSECTA: ODONATA) predadores de alevinos em viveiros de piscicultura.<br />

Dissertação (Mestrado). Universidade Comunitária da Região de Chapecó, 2009. 77 p.<br />

A presença de larvas de insetos predadores em viveiros de piscicultura é um dos<br />

fatores que contribuem para a redução da sobrevivência dos alevinos e consequentemente<br />

para a diminuição dos lucros da produção, forçando os piscicultores a aplicar quantidades<br />

elevadas de agrotóxicos com o intuito de eliminá-las. Esses produtos são tóxicos aos peixes e<br />

com efeitos imprevisíveis à cadeia alimentar. Dentre os insetos prejudiciais à piscicultura,<br />

encontram-se as libélulas que pertencem à ordem Odonata, que em sua maioria fazem postura<br />

diretamente na água. As larvas são carnívoras e vorazes predando desde pós-larvas de peixes<br />

a alevinos tornando-se pragas de importância econômica. O uso indiscriminado de<br />

agrotóxicos nos cultivos de peixes pode ocasionar danos aos ecossistemas aquáticos e<br />

representar riscos à saúde dos trabalhadores e consumidores. O objetivo deste trabalho foi<br />

avaliar o efeito de extratos vegetais adsorvidos em sílica no controle de 20s de odonata, e<br />

realizar estudo fitoquímico dos extratos que evidenciarem atividade biológica. A adsorção do<br />

metil paration (MP) em sílica possibilitou uma redução da concentração letal às odonatas de 8<br />

vezes em relação a concentração indicada para diluição diretamente na água do viveiro. O MP<br />

e o extrato alcoólico dos frutos de cinamomo (EAC) adsorvidos em sílica mostraram-se<br />

eficientes no controle das larvas de odonata. Porém as mortalidades retardaram 12 horas no<br />

teste com EAC em relação ao MP e prolongaram-se por 12 horas. As menores concentrações<br />

letais encontradas tiveram uma diferença de 4 vezes entre o MP e o EAC. A CL 50-12h para o<br />

MP foi de 0,17 mg L -1 e para o EAC a CL 50-18 h foi de 0,57 mg L -1 . Nos viveiros monitorados<br />

foram registradas um total de 126 larvas (INSECTA: ODONATA) da subordem Anisoptera,<br />

73 pertencentes à família Aeshnidae e 53 à Libellulidae. O gênero Neuraeschna foi dominante<br />

nos três viveiros amostrados e foi utilizado para os testes biológicos. Durante os testes de<br />

predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) pela larva de Neuraeschna o<br />

consumo diário foi de 5,2 e 7,2 alevinos nos tratamentos com e sem a presença do EAC<br />

respectivamente. No comprimento total as odonatas eram 1,6 vezes maiores que os alevinos<br />

de carpa comum (Cyprinus carpio), porém, 11,33 vezes mais pesadas que os mesmos,<br />

evidenciando a desvantagem dos alevinos em relação ao seu predador. O EAC não foi tóxico<br />

aos alevinos de carpa comum em concentrações até 7,4 vezes superiores à menor<br />

concentração letal calculada para as larvas de Neuraeschna. Na análise fitoquímica as frações<br />

de hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol do EAC mostraram resultados positivos<br />

para terpenos e esteróides. Os compostos isolados através de CC foram identificados através<br />

de RMN. Foram isolados dois compostos, o ácido linoléico, ácido graxo comum em plantas<br />

sendo um composto importante no metabolismo primário, e a melianona, um triterpeno<br />

precursor dos limonóides, compostos com atividade inseticida. Na adoção das Boas Práticas<br />

da Aquicultura a substituição de pesticidas sintéticos por produtos naturais é um caminho a<br />

ser percorrido rumo à sustentabilidade da piscicultura.<br />

Palavras-chave: Carpa, Melia azedarach, melianona, Neuraeschna, organofosforado


vii<br />

ABSTRACT<br />

TOMAZELLI JÚNIOR, Osmar. Use of vegetal extracts in the control of aquatic insect larvae<br />

(INSECTA: ODONATA), which are predators of fingerlings in fish farming ponds.<br />

Dissertation (Master’s Degree). Communitarian University of Chapecó, 2009, 77 p.<br />

The presence of larvae of predator insects in fish farming ponds is one of the factors<br />

that contribute to the reduction of the survival of fingerlings and consequently to the decrease<br />

of production profits, forcing fish farmers to employ high levels of pesticides with the<br />

intention to eliminate them. Those products are toxic for fish and have unpredictable effects<br />

on the food chain. Dragonflies, which belong to the order Odonata and lay their eggs directly<br />

in the water, are among the insects that have a harmful effect on fish farming. The larvae are<br />

starving carnivore: they predate post-larvae fish and fingerlings and thus become<br />

economically relevant plagues. The continuous use of pesticides in fish farming may bring<br />

risks to aquatic ecosystems and to the health of workers and consumers. The objective of this<br />

work is to evaluate the effect of vegetal extracts adsorved in silica to control odonata larvae<br />

and to make a phytochemical study of the extracts that exhibit biological activity. The<br />

adsorption of methyl parathion in silica enabled an eight times reduction of the lethal<br />

concentration used for odonatas, comparing to the indicated concentration which is diluted<br />

directly in the pond’s water. Methyl parathion (MP) and cinnamon’s alcoholic extract (EAC),<br />

when adsorved in silica, showed to be efficient in the control of odonata larvae. Yet, EAC’s<br />

test delayed mortality in 12 hours, comparing to MP’s and extended for 12 hours and more.<br />

The smaller lethal concentrations found had a 4 times difference between MP and EAC. The<br />

CL 50-12h was 0,17 for MP and for EAC the CL 50-18h was 0,57 mg L -1 . A total of 126 larvae<br />

(INSECTA: ODONATA) of the suborder Anisoptera were registered in the monitored ponds.<br />

Of those, 73 belonged to the family Aeshnidae and 53 to the Libellulidae. The genera<br />

Neuraeschna was dominant in the three sampled ponds and was used in the biological tests.<br />

During the tests of predation of fingerlings of common carps (Cyprinus carpio) by the<br />

Neuraeschna larva, the daily consumption was of 5,2 and 7,2 fingerlings in the treatments<br />

with and without EAC, respectively. In what relates to total length, odonatas were 1,6 times<br />

bigger than fingerlings of common carps (Cyprinus carpio), yet they were 11,33 times<br />

heavier, which demonstrate the disadvantage of the fingerling in relation with its predator.<br />

EAC was not toxic for fingerlings of ordinary carps in concentrations 7,4 times higher than<br />

the smaller lethal concentration calculated for Neuraeschna larvae. In the phytochemical<br />

analysis, EAC’s fractions of hexan, dichloromethane, ethyl acetate and ethanol displayed<br />

positive results for terpenes and steroids. The compounds isolated through chromatographic<br />

methods were identified through NMR. Two compounds were isolated, linoleic acid, a fatty<br />

acid common in plants (an important compound in the primary metabolism) and melianone, a<br />

triterpene that is a precursor of limonoids (compounds with an insecticide activity). The<br />

adoption of Good Practises in Aquaculture and the sustainability of fish farming require the<br />

substitution of synthetic pesticides for natural products.<br />

Key-words: Carp, Melia azedarach, melianone, Neuraeschna, organophosphate


viii<br />

LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />

Figura 1 – Ciclo da biossíntese dos metabólitos secundários. 11<br />

Figura 2 – Estrutura dos terpenos IP, DMAPP e IPP. 12<br />

Figura 3 – Rota biogenética para formação dos limonóides. 13<br />

Figura 4 – Fórmula estrutural do metil paration: 20<br />

Figura 5 – Exemplares do cinamomo (Melia azedarach) 30<br />

Figura 6 – Esquema metodológico para obtenção dos extratos alcoólicos brutos e semi<br />

purificados. 32<br />

Figura 7 – Viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio). 35<br />

Figura 8 – Estrutura química do ácido linoléico. 40<br />

Figura 9 – Estrutura química do triterpeno Melianona (C 30 H 26 O 4 ). 41<br />

Figura 10 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 43<br />

Figura 11 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 (continuação) 44<br />

Figura 12 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 45<br />

Figura 13 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 (continuação). 46<br />

Figura 14 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 47<br />

Figura 15 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação). 48<br />

Figura 16 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação). 49<br />

Figura 17 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 50<br />

Figura 18 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação). 51<br />

Figura 19 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação). 52<br />

Figura 20 – Comparação entre a Diversidade, Dominância e Equitabilidade das larvas de<br />

odonata entre os viveiros amostrados. 54<br />

Figura 21 – Imago de Neuraeschna. 56<br />

Figura 22 – Neuraeschna adulta e exúvia. 57<br />

Figura 23 – Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA:AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />

diferentes concentrações do MP adsorvido em sílica. 58<br />

Figura 24 – Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />

diferentes concentrações do EAC adsorvido em sílica. 60<br />

Figura 25 – Larva de Neuraeschna utilizada nos testes de predação 63<br />

Figura 26 – Larva de Neuraeschna e efeito da predação sobre alevinos de Carpa comum<br />

(Cyprinus carpio) utilizados nos testes de predação. 65


ix<br />

Figura 27 – Número de larvas de carpa comum (Cyprinus carpio) consumidas pelas larvas de<br />

Neuraeschna durante os testes de predação. 65


x<br />

LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />

Tabela 1. Análise fitoquímica do EAC através de cromatografia em camada delgada. 39<br />

Tabela 2. Dados do espectro C 13 -RMN do composto A2 42<br />

Tabela 3. Média e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água nos três viveiros<br />

amostrados. 56<br />

Tabela 4. Comprimento total das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E), média<br />

e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água durante os testes com MP. 59<br />

Tabela 5. Equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e do EAC nos testes de toxicidade<br />

com as larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E). 61<br />

Tabela 6. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />

físicoquímicas da água durante os testes com EAC. 62<br />

Tabela 7. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />

físicoquímicas da água durante os testes de toxicidade com alevinos de carpa<br />

comum. 63<br />

Tabela 8. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />

físicoquímicas da água durante os testes de predação. 66


xi<br />

LISTA <strong>DE</strong> ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

ACAq – Associação catarinense de aquicultura<br />

ACARPESC – Associação de Crédito e Assistência Pesqueira de Santa Catarina<br />

AE – Acetato de etila<br />

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento<br />

CC – Cromatografia em coluna<br />

CCD – Cromatografia em camada delgada<br />

CERLA – Centro regional latino americano de aquicultura e pesca<br />

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />

DCM – Diclorometano<br />

DL – Dose Letal.<br />

EAC – Extrato alcoólico dos frutos do cinamomo<br />

EAT – Extrato alcoólico das folhas do timbó<br />

EMPASC – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina<br />

FAO – Organização das Nações Unidas para a agricultura<br />

Hx – Hexano<br />

MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

MP – Metil paration<br />

RMN- 13 C – Ressonância Magnética Nuclear de Carbono– 13<br />

RMN- 1 H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio<br />

SEAP/PR – Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca<br />

SNO – Secretaria dos Negócios do Oeste<br />

SU<strong>DE</strong>PE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca<br />

SU<strong>DE</strong>SUL – Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul


xii<br />

SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO 1<br />

2. OBJETIVOS 3<br />

2.1 Objetivo geral 3<br />

2.2 Objetivos específicos 4<br />

3 REFERENCIAL TEÓRICO 4<br />

3.1 Breve histórico da piscicultura no Brasil e Oeste Catarinense 4<br />

3.2 Cinamomo 6<br />

3.3 Timbó 8<br />

3.4 Produtos naturais 8<br />

3.5 Inseticidas sintéticos e seu uso em aquicultura 19<br />

3.6 Ordem Odonata (INSECTA:ODONATA) 24<br />

4. MATERIAL E MÉTODOS 30<br />

4.1 Material vegetal 30<br />

4.2 Preparo dos extratos e adsorção dos extratos vegetais e metil paration em sílica gel 30<br />

4.3 Análise fitoquímica e separação dos compostos 31<br />

4.4 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados. 32<br />

4.5 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />

(Cyprinus carpio). 32<br />

4.6 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />

Odonata. 35<br />

4.7 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio). 37<br />

4.8 Testes de predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Odonata<br />

com e sem exposição ao EAC 37<br />

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38<br />

5.1 Análise fitoquímica do EAC 38<br />

5.2 Separação dos compostos 39<br />

5.3 Identificação das frações A1 e A2, isoladas do EAC adsorvido em sílica através de<br />

Ressonância Magnética (RMN) 40<br />

5.4 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />

(Cyprinus carpio) 53


xiii<br />

5.5 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />

Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) 57<br />

5.6 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) 62<br />

5.7 Predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Neuraeschna<br />

(ODONATA : AESHNI<strong>DA</strong>E) com e sem exposição ao EAC 63<br />

6. CONCLUSÕES E CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS 66<br />

7. REFERÊNCIAS 67


1<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Estima-se que a população mundial crescerá 47% até o ano de 2050 totalizando 8,9<br />

bilhões de pessoas, como consequência haverá um crescimento na demanda por alimentos<br />

(CARROLL, 2005). O pescado tem sido uma importante fonte de proteína animal para<br />

consumo humano representando 35% da produção mundial e, se considerarmos isoladamente<br />

é a maior delas. A poluição e a pesca predatória têm ao longo dos anos comprometido as<br />

pescas oceânicas responsáveis por cerca de 64% da produção mundial de pescado. Desde<br />

meados dos anos 80 a produção mundial de pescado marinho capturado tem se mantido<br />

estável sem condições de aumentar devido à sobrepesca e à poluição exercida sobre as<br />

principais populações de peixes, moluscos e algas. Em 1999 a produção de pescado capturado<br />

foi de 85,2 milhões de toneladas, diminuindo ano após ano atingindo 81,3 milhões de<br />

toneladas em 2003. Neste mesmo período o pescado oriundo da aquicultura aumentou de 33,5<br />

milhões de toneladas em 1999 para 41,9 milhões de toneladas em 2003 apresentando um<br />

crescimento de 25%, enquanto que, outras carnes apresentam um crescimento médio anual de<br />

2,5%. Deste total 25,2 milhões de toneladas são oriundas do cultivo de peixes de água doce<br />

(FAO, 2004; MEAT INTERNATIONAL, 2005). É importante frisar que este crescimento tem<br />

acontecido principalmente em países pobres e em desenvolvimento. Para manter o mesmo<br />

nível de consumo per capita anual que atualmente é de 16,2 kg (equivalente ao peso vivo)<br />

haverá a necessidade até 2050 de aumentar a produção de pescado em 42 milhões de<br />

toneladas, ou seja, dobrar a produção atual da aquicultura (FAO, 2004).<br />

No Brasil a aquicultura apresentou em 2003 a maior produção da história com<br />

278.128,5 t e, em 2006 a segunda maior com 271.695,5 t (MATIAS, 2008). Neste mesmo ano<br />

a produção de peixes de água doce foi de 190.161,5 t com um valor bruto de produção de R$<br />

705.014.900,00 e um crescimento relativo entre 2005 e 2006 de 6,4%, acompanhando a<br />

tendência mundial de crescimento da atividade o (IBAMA, 2008).<br />

A aquicultura de Santa Catarina produziu em 2007 36.649,10 t, destas 21.891,65 t são<br />

de peixes de água doce, apresentando um crescimento em relação a 2006 de 4,96%. Esta<br />

produção se concentra nas regiões do Litoral Norte, Vales do rios Tubarão e Araranguá,<br />

extremo Oeste e Oeste Catarinenses (EPAGRI, 2008).<br />

Para a produção de pescado através da piscicultura é necessário maximizar qualitativa<br />

e quantitativamente a produção de alevinos. Os viveiros após estarem secos recebem calagem,<br />

em seguida são preparados com esterco animal ou cama de aviário geralmente 15 dias antes<br />

da estocagem das larvas (CASACA e TOMAZELLI, 2001; TOMAZELLI et al., 2007). As<br />

densidades utilizadas variam de 200 a 400 larvas m -2 , dependendo da espécie e do manejo


2<br />

empregado. Para o sucesso desta fase é necessário garantir uma boa alimentação aos alevinos<br />

através de uma composição e densidade adequados de organismos fito e zooplanctonicos,<br />

caso contrário há uma diminuição na sobrevivência devido à inanição e o aumento do<br />

canibalismo pelos alevinos de maior tamanho. Rações comerciais também são utilizadas nesta<br />

fase com uma composição protéica em torno de 56% de proteína bruta. Nesta fase, devido a<br />

sua fragilidade os peixes estão mais expostos a doenças e ataques por predadores quando<br />

então se verifica a utilização de uma grande variedade de produtos químicos.<br />

(WOYNAROVICH e HORVÁTH, 1981; CASACA e TOMAZELLI, 2001).<br />

Com o desenvolvimento da Piscicultura no Brasil, surgiram problemas que atingiram<br />

níveis assustadores, problemas estes relacionados com a predação de alevinos por adultos e<br />

larvas de insetos aquáticos. Neste último caso, temos uma das grandes ameaças, as larvas de<br />

odonata. O hábito altamente predatório dessas larvas tem constituído um problema não só no<br />

Brasil, mas também em outros países (SANTOS et al., 1988). Nos viveiros de piscicultura é<br />

um dos fatores que contribuem para a redução da sobrevivência dos alevinos e<br />

consequentemente para a diminuição dos lucros da produção (ZANIBONI FILHO, 2000;<br />

CESNIK e QUEIROZ, 2004).<br />

No cultivo de organismos aquáticos, como em todo setor de produção de alimentos, os<br />

produtos químicos são insumos necessários para o sucesso da produção. Desde o mais simples<br />

como nos sistemas extensivos que podem ser limitados pelo uso de fertilizantes químicos ou<br />

orgânicos, como nos mais complexos, semi e superintensivo, onde uma variedade de produtos<br />

naturais e sintéticos são utilizados. É seguro dizer que, como na agricultura, os produtos<br />

químicos são ingredientes essenciais para o sucesso da aquicultura (ARTHUR et al., 1996).<br />

O uso de inseticidas organofosforados e outros praguicidas com o objetivo de<br />

controlar larvas de odonata e os principais grupos zooplanctonicos predadores de pós-larvas<br />

de peixes, no Brasil, data do inicio da década de 80. Na Europa já era utilizado há quinze anos<br />

quando de sua aplicação no preparo de viveiros de piscicultura (GARADI et al., 1988;<br />

WOYNAROVICHM e HORVÁTH, 1981). No Brasil a eficiência do DIPTEREX (triclorfon)<br />

e o folidol (paration metílico) no combate as odonatas foi verificada por GARADI et al.,<br />

(1988). Embora eficiente, esse tipo de controle está proibido em vários países por causar<br />

contaminação da água e a morte de parte do zooplâncton necessário para alimentação das póslarvas<br />

e alevinos (ZANIBONI FILHO, 2000). Até os dias de hoje os praguicidas sintéticos<br />

continuam a ser utilizados para estes fins e também para o controle de ectoparasitas nos<br />

viveiros de peixes. (TAMASSIA, 1996; CRUZ, 2005; SANTOS, 2007). Nos pesquepagues<br />

também são utilizados de forma constante, o que pode gerar diversos problemas, uma vez que


3<br />

são produtos perigosos, recalcitrantes e cujos produtos de degradação no ambiente podem ser<br />

tão ou mais deletérios aos organismos do que a forma original (ELER, et. al., 2006).<br />

Diversos agrotóxicos são utilizados na pesquisa Brasileira com as propostas de avaliar<br />

a eficácia, o uso e o custo de produtos químicos no tratamento de enfermidades de diversas<br />

espécies. Geralmente esses trabalhos terminam de certa forma com recomendações, induzindo<br />

ao leitor que o produto utilizado foi eficiente e, portanto pode ser usado de acordo com sua<br />

recomendação. Pode-se citar entre os produtos utilizados triclorfon, metil paration,<br />

diflubenzuron para o controle de parasitas externos e larvas de insetos predadores,<br />

oxitetraciclina, sulfamerazina e cloranfenicol para o controle de bactérias e mebendazol para o<br />

controle de platelmintos (CASACA e CASTRO, 2006).<br />

O uso de produtos químicos em tanques de cultivo como inseticidas e bactericidas<br />

podem ter ação cumulativa e representar risco à segurança alimentar (BOYD e MASSAUT,<br />

1999). A aplicação destes inseticidas pode resultar em altos níveis de resíduos nos peixes,<br />

inclusive no momento do consumo, pois normalmente os períodos de carência não são<br />

respeitados pelos piscicultores (RODRIGUES et al., 1997). Santos (2007) detectou acumulo<br />

nos filés de peixes submetidos ao tratamento com diflubenzuron e paration metílico, valores<br />

estes excederam os limites máximos recomendado para alimentos segundo o Codex<br />

Alimentarius.<br />

A piscicultura por utilizar a água como insumo está constantemente sendo questionada<br />

quanto às suas práticas e produtos utilizados no cultivo, tanto pelos órgãos ambientais, como<br />

pela sociedade, que cobram práticas que comprovem a manutenção de um ambiente aquático<br />

saudável e equilibrado. O desenvolvimento de produtos naturais para o controle de pragas e<br />

doenças e metodologias adequadas de aplicação que venham a suprir esta lacuna na<br />

piscicultura Brasileira colaborarão para que esta se desenvolva de forma sustentável,<br />

garantindo a melhoria das condições ambientais, à produção de alimentos seguros e à<br />

proteção da saúde dos produtores rurais envolvidos na produção de pescado.<br />

2. OBJETIVOS<br />

2.1 Objetivo geral<br />

2.1.1 Avaliar o efeito de extratos vegetais no controle de larvas de odonata predadores de<br />

formas jovens de peixes.


4<br />

2.2 Objetivos específicos<br />

2.2.1 Obtenção de extratos vegetais de Melia azedarach L. e Ateleia glazioviana Baill, através<br />

de extração alcoólica.<br />

2.2.2 Adsorção dos extratos brutos em sílica para o controle das larvas de odonata<br />

disponibilizando-os no ambiente de fundo.<br />

2.2.3 Identificar as principais classes de metabólicos secundários presentes nos extratos<br />

vegetais com atividade biológica.<br />

2.2.4 Isolar e identificar compostos químicos dos extratos que demonstraram atividade<br />

biológica.<br />

2.2.5 Pesquisar a ocorrência de larvas de odonata (ODONATA: ANISOPTERA) em viveiros<br />

de produção de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />

2.2.6 Avaliar a eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />

odonata.<br />

2.2.7 Avaliar a toxicidade dos extratos ativos em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />

2.2.8 Realizar testes de predação das larvas de Neuraeschna em alevinos de carpa comum.<br />

3. REFERENCIAL TEÓRICO<br />

3.1 Breve histórico da piscicultura no Brasil e Oeste Catarinense<br />

No inicio da década de 1930 Rodolpho Von Ihering começou a pensar na<br />

domesticação de algumas espécies mais nobres dos rios Mogi Guaçu e Piracicaba, como a<br />

piapara (Leporinus sp.), o curimbatá, (Prochilodus lineatus) e o dourado (Salminus<br />

maxillosus). Em 1934, Ihering e seus colaboradores obtiveram êxito na reprodução induzida,<br />

com o bagre (Rhamdia sp.) e o cascudo (Loricaria sp.), coletados nas águas do rio Tietê (<br />

AZEVEDO, 1936 apud CASTAGNOLLI, 2004).<br />

Em 1967 foi criada a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SU<strong>DE</strong>PE),<br />

autarquia vinculada ao Ministério da Agricultura. A SU<strong>DE</strong>PE se preocupava mais com a


5<br />

pesca extrativa por ser um segmento organizado relegando a aquicultura a um segundo plano,<br />

a qual praticamente inexistia em nosso país (CASTAGNOLLI, 2004).<br />

Desde 1973 várias iniciativas foram colocadas em prática pela Associação de Crédito<br />

e Assistência Pesqueira de Santa Catarina (ACARPESC) para promover o cultivo de peixes<br />

de água doce, como assistência técnica aos produtores; subsídio ao preço de alevinos; suporte<br />

à organização através de associações de piscicultores; promoções de peixe fresco; oferta de<br />

cursos de piscicultura entre outras (BOLL, 1995). Em 1978 foi instalado em Chapecó um<br />

escritório de assistência técnica com a presença de um técnico. A partir de 1980 a SU<strong>DE</strong>PE<br />

passou a produzir alevinos de carpas para os produtores rurais da região em uma pequena<br />

estação localizada nas dependências da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina<br />

(EMPASC) na cidade de Chapecó (SILVA, 2005). Um convênio entre a Prefeitura Municipal<br />

de Chapecó, o Ministério da Agricultura, a SU<strong>DE</strong>PE e o Banco Interamericano de<br />

Desenvolvimento (BID) marcou o início da construção do Centro Nacional de Alevinos de<br />

Carpa, como foi denominado na época. O objetivo inicial era suprir a demanda de alevinos e<br />

larvas na região, além de testar, nas suas dependências, técnicas de cultivo com características<br />

regionais, objetivando obter parâmetros a serem utilizados pelos produtores rurais.<br />

A partir de 1980 iniciou-se o programa de construção de açudes e poços através do<br />

governo do Estado, Secretaria dos Negócios do Oeste (SNO) e a Superintendência de<br />

Desenvolvimento da Região Sul (SU<strong>DE</strong>SUL). Durante 10 anos foram construídos mais de<br />

5.000 açudes cujo objetivo inicial era a sedentação animal e a irrigação devido às fortes<br />

estiagens ocorridas em 1977. Efetivamente estes açudes foram utilizados para a prática da<br />

piscicultura devido ao interesse dos produtores rurais pela atividade. Pode-se dizer que este<br />

programa alavancou a produção de peixes no Oeste Catarinense, sendo até hoje responsável<br />

por um grande número de açudes destinados a este fim. (SILVA, 2005).<br />

Ao final da década de 1970 e início da década de 1980, o sistema de cultivo orientado<br />

pelos técnicos da ACARPESC era o monocultivo de carpas alimentadas com subprodutos<br />

existentes nas propriedades rurais. A produção era de 800 kg ha -1 ano -1 e, geralmente<br />

ocorriam frustrações de safra pela utilização de alevinos de 0,5 a 1,0 g (CASACA e<br />

TOMAZELLI, 2001), os quais, eram presa fácil para predadores aquáticos e de baixa<br />

sobrevivência devidos às condições de manejo da época.<br />

A partir de 1983, técnicos da ACARPESC e da SNO participaram do segundo e quarto<br />

cursos em aquicultura, no Centro Regional Latino Americano de Aquicultura (CERLA) na<br />

cidade de Pirassununga, SP. Foi um programa cooperativo entre a Organização das Nações<br />

Unidas para Alimentação (FAO) (projeto GCP/RLA/075/ITA) e a SU<strong>DE</strong>PE com o objetivo


6<br />

de formação profissional de alto nível para técnicos atuantes em piscicultura na América<br />

Latina. Este curso possibilitou aos técnicos entrarem em contato com as técnicas do<br />

policultivo integrado às outras atividades agropecuárias existentes nas propriedades agrícolas.<br />

Dia sete de novembro de 1987, na reunião do núcleo da Associação Chapecoense de<br />

Aquicultura (ACAq) em Chapecó, foi proposta a nova sistemática de trabalho com ênfase na<br />

organização da produção e do produtor. Foi dado ênfase à recria de alevinos e a fórmula de<br />

cálculo dos povoamentos, levando em consideração, além da área, como era praticado<br />

anteriormente, ou seja, os pesos médios iniciais e finais dos peixes, a taxa de sobrevivência e<br />

a disponibilidade de adubação orgânica. Na organização dos produtores ficou estabelecido<br />

que fosse dado um tratamento diferenciado aos mesmos com interesse na piscicultura e que<br />

acatassem às orientações técnicas (ACAq, 1987) .<br />

A partir de 1988, com a introdução das carpas chinesas, desenvolveu-se um novo<br />

sistema de criação de peixes para a região, o cultivo de espécies de diferentes hábitos<br />

alimentares, intitulando-se Policultivo Integrado. O objetivo era aproveitar a produção de<br />

dejetos pela suinocultura e avicultura como fertilizantes para a produção de alimento natural<br />

na produção de pescado. O policultivo foi bem aceito pelos produtores rurais que passaram a<br />

produzir peixes a baixo custo e de alta competitividade, possibilitando a Santa Catarina, e<br />

particularmente ao Oeste Catarinense a projetarem-se como os maiores produtores de peixes<br />

de água doce do país.<br />

Com uma demanda crescente por pescados a partir da década de 1990, o Oeste<br />

Catarinense passou a fornecer carpas para o Sudeste Brasileiro no abastecimento aos<br />

pesquepagues. A partir daí, o policultivo de peixes fortaleceu-se como o principal sistema de<br />

criação de peixes de água doce em Santa Catarina, com algumas variações entre as espécies<br />

principais e taxas de estocagem. Na segunda metade da década de 1990, o mono e/ou<br />

policultivo de tilápia tem se firmado como uma nova opção para a agricultura familiar. Com<br />

um filé de cor branca e sabor suave, a tilápia tem conquistado seu espaço junto a produtores e<br />

consumidores. Em 2006 a produção total de peixes de água doce no Estado foi de 22.978,44<br />

t, onde a tilápia respondeu com 10.803,3 t da produção, e as carpas com 9.161,05 t,<br />

representando 47% e 40% da produção total respectivamente.<br />

3.2 Cinamomo<br />

O cinamomo (Melia azedarach, L., 1753) é uma árvore pertencente à família<br />

Meliaceae, a mesma do neem, do mogno, da adiroba e do cedro. Popularmente é conhecida


7<br />

com os nomes de cinamomo, santa bárbara, lírio da china, lírio do japão, lilás do japão entre<br />

outros (MARTINEZ, 2002).<br />

Originária do sudeste da Ásia é uma árvore de hábito decíduo de curta duração, com<br />

altura de 6-15 m e tronco de 30-60 cm de diâmetro. Quando jovem, a árvore apresenta uma<br />

casca lisa externamente e, quando velha, fissurada, apresentando, às vezes abundantes<br />

lenticelas grandes. A casca é de cor cinza parda e sabor amargo. Internamente é de cor<br />

amarelada à marfim, textura fibrosa e estrutura laminar (SCHNEI<strong>DE</strong>R, 1987).<br />

É uma planta que apresenta boa adaptação às condições climáticas de toda a Região<br />

Sul, podendo ser encontrada tanto na área litorânea como nas regiões com maiores altitudes.<br />

Prefere solos férteis, profundos e bem drenados. Por possuir facilidade de adaptação e<br />

expansão vegetativa, é bastante cultivada como árvore de sombra e ornamental presente em<br />

milhares de residências da Região Sul.<br />

Possui copa semiarredondada, densa. Folhas até 90 cm, alternas, bipinuladas, com<br />

numerosos folíolos.<br />

Os frutos tipo drupa, semiarredondados, pericarpo liso e ligeiramente transparente, de<br />

cor amarelada quando está maduro, cerca de 15 mm de diâmetro, amarelos, lisos, mas<br />

tornando-se rugosos. Floresce na primavera durante os meses de setembro, outubro e<br />

novembro. Frutos maduros no outono e inverno, quando as árvores estão desfolhadas. Os<br />

frutos, de sabor amargo e propriedades venenosas e narcóticas, podem matar suínos, mas<br />

bovinos e aves não parecem ser suscetíveis. As sementes são dispersas por aves e morcegos, o<br />

que impossibilita o seu controle.<br />

O cinamomo apresenta uma madeira considerada nobre, já sendo utilizada na<br />

fabricação de móveis de luxo, esquadria e laminação. As árvores pequenas e galhos possuem<br />

um bom valor calorífico e são aproveitados como lenha ou produção de carvão (SOUZA<br />

CRUZ, 1987).<br />

São de conhecimento e uso popular as propriedades inseticidas do cinamomo. Entre os<br />

usuários existem indicações do preparo e modo de utilização de extratos dos frutos contra<br />

pulgões, gafanhotos e cochonilhas. Outras formas de utilização são indicadas, como por<br />

exemplo, espalhar ramos e folhas verdes da planta pelo chão do galpão e arredores para o<br />

controle de pulgas, ou pendurar na parede para o controle de moscas<br />

(DICAGROECOLÓGICA, 2001) Trabalhos científicos têm demonstrado os efeitos dos<br />

extratos de cinamomo no controle de insetos e pragas na agricultura (SALLES, 1999;<br />

BRUNHEROTTO e VEN<strong>DA</strong>RAMIM, 2001; ARAÚJO et. al., 2009) e a insetos vetores e<br />

transmissores de doenças (PROPHIRO, 2008; GUIRADO, et. al., 2009).


8<br />

Na agropecuária é utilizado popularmente e também pesquisado pelas suas<br />

propriedades anti-helmínticas e carrapaticidas (<strong>DA</strong>NTAS, 2000; VIVAN, 2005; FALBO, et.<br />

al. 2008).<br />

3.3 Timbó<br />

O timbó, Ateleia glazioviana pertence à família Fabaceae é conhecido com os nomes<br />

populares de timbé (SC) e timbózinho.<br />

É uma árvore caducifólia, comumente com 5 a 15 m de altura, podendo atingir até<br />

25m. Tronco reto, fuste, com até 8 metros de comprimento. Ramificação dicotômica, copa<br />

pequena. Folhas compostas, com 40 cm de comprimento e até 30 folíolos alternados, cada um<br />

com até 7 cm de comprimento com nervura principal visível. Flores amareladas, reunidas em<br />

inflorescência terminal com 15 cm de comprimento. Frutos em uma pequena vagem orbicular<br />

indeiscente, amarela clara, alada, com a semente visível no centro, a qual é pequena, de<br />

coloração avermelhada , lembrando um feijão.<br />

Floresce de outubro a janeiro: de outubro a dezembro no Rio Grande do Sul e de<br />

novembro a janeiro no Paraná. Frutos maduros de março a julho: de março a maio em Santa<br />

Catarina, de abril a julho no Paraná e no Rio Grande do Sul. Quando plantado, a frutificação<br />

inicia aos 4 anos de idade.<br />

É uma espécie precursora e agressiva, invade os campos. Jamais se encontra no<br />

interior da floresta, embora muitas vezes constitua a margem avançada dela. Apresenta<br />

regeneração natural intensa fora da floresta primária. Forma povoamentos puros, conhecidos<br />

por timbozais. Em muitas regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina é considerada<br />

uma planta daninha, tal é seu vigor reprodutivo e vegetativo (CARVALHO, 1994).<br />

3.4 Produtos naturais<br />

Desde o quarto século A.C. existem relatos de normas para a coleta de plantas<br />

medicinais. Os carrascos gregos, por exemplo, coletavam suas amostras do veneno cicuta<br />

(Conium maculatum) pela manhã, quando os níveis de coniína são maiores (GOBBO-NETO e<br />

LOPES, 2007). No Brasil os primeiros médicos portugueses, diante da escassez de remédios<br />

vindos da Europa, foram obrigados a perceber a importância dos remédios indígenas. A vinda<br />

da corte real para o Brasil em 1808 e o Decreto de D. João VI abrindo os portos brasileiros às<br />

nações amigas pode ser considerado um dos primeiros marcos históricos da ciência brasileira,<br />

porque foi a partir deste decreto que começaram a chegar ao país as primeiras expedições,


9<br />

científicas cujo objetivo principal era dar conhecimento aos europeus da exuberância da nossa<br />

fauna e de nossa flora (PINTO et al., 2002).<br />

A natureza, de forma geral, tem produzido a maioria das substancias orgânicas<br />

conhecidas. Dentre os diversos reinos da natureza, o reino vegetal é o que tem contribuído de<br />

forma mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, muitos destes de<br />

grande valor agregado devido às suas aplicações como medicamentos, cosméticos, alimentos<br />

e agroquímicos (PINTO et al., 2002; ARAÚJO, 2009).<br />

As plantas possuem suas próprias defesas que as protegem de outras plantas, insetos<br />

fitófagos e herbívoros predadores de uma maneira geral. Estas defesas são de natureza<br />

química e, normalmente, envolvem substâncias do metabolismo secundário, as quais podem<br />

ser chamadas de fitotoxinas ou aleloquímicos. Esse fenômeno é conhecido como alelopatia.<br />

Os metabólitos secundários são produzidos e estocados nas folhas, caules, raízes, flores e<br />

sementes. Muitos deles têm papéis vitais como mediadores em interações ecológicas com a<br />

função na sobrevivência de organismos particulares, aumentando a competitividade destes em<br />

ambiente hostil (MALHEIROS e PERES, 2001; PINTO et al., 2002). Variações temporais e<br />

espaciais no conteúdo total, bem como as proporções relativas dos metabólitos secundários<br />

em plantas ocorrem em diferentes níveis (sazonais e diárias; intraplanta, inter e intraespecífica)<br />

e, apesar da existência de um controle genético, a expressão pode sofrer<br />

modificações resultantes da interação de processos bioquímicos, fisiológicos, ecológicos e<br />

evolutivos. Representam uma interface química entre as plantas e o ambiente circundante,<br />

portanto, sua síntese é frequentemente afetada por condições ambientais. Os principais fatores<br />

que podem coordenar ou alterar a taxa de produção de metabólitos secundários são:<br />

sazonalidade, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, nutrientes, altitude,<br />

poluição atmosférica, indução por estímulos mecânicos ou ataque de patógenos. Por exemplo,<br />

uma espécie de Asteraceae, Chrysonthamus nauseasus, rica em terpenos possui a maior<br />

concentração destes, 80 µg g -1 , em peso seco, no verão quando sofre ataque de insetos<br />

herbívoros. No inverno tais níveis caem para 18 µg/g quando a planta tem suas folhas<br />

devoradas por outros animais. (VIEGAS JÚNIOR, 2003; GOBBO-NETO e LOPES, 2007).<br />

Brunherotto e Vendramim (2001) verificaram que apesar da variação do efeito dos extratos de<br />

folhas, ramos e frutos de M. azedarach sobre T. absoluta, todos afetaram negativamente o<br />

desenvolvimento do inseto, sugerindo que os ingredientes ativos estão presentes nas diversas<br />

estruturas da planta, embora em concentrações variáveis.<br />

Em uma alternativa de produção de alimentos, tal como se concebe a agricultura<br />

sustentável, busca-se mobilizar harmoniosamente todos os recursos disponíveis na unidade de


10<br />

produção de forma a reduzir o impacto ambiental e a poluição, a minimizar a dependência<br />

externa das matérias primas, a atingir a otimização do balanço energético da produção e a<br />

produzir alimentos baratos e de alta qualidade biológica para suprir necessidades internas e<br />

gerar excedentes exportáveis. O emprego de substâncias extraídas de plantas silvestres, na<br />

qualidade de inseticidas, tem inúmeras vantagens quando comparados aos efeitos dos<br />

sintéticos. Os inseticidas naturais são obtidos de recursos renováveis e são rapidamente<br />

biodegradados; o desenvolvimento de resistência dos insetos a essas substâncias compostas da<br />

associação de vários princípios ativos é um processo lento, e são de fácil acesso aos<br />

agricultores. É, portanto, aconselhável a produção de alimentos em sistemas orgânicos,<br />

quando da implantação de programas de agricultura sustentável e de desenvolvimento local<br />

(ROEL, 2001). Por outro lado, muitos produtos naturais são caros para serem considerados<br />

seriamente como agroquímicos, e necessitam de legislação que exija o mesmo nível de<br />

segurança como as existentes para os produtos sintéticos, pois muitos dos compostos mais<br />

tóxicos ao homem são naturais (ex., aflatoxina, fumonisina, ricina) (DUKE, 2002).<br />

3.4.1 Biossíntese dos produtos naturais<br />

Os produtos naturais são divididos em dois grupos: metabólitos primários e<br />

metabólitos secundários. Os metabólitos primários são produtos do metabolismo geral,<br />

amplamente distribuídos em plantas e microorganismos. Podem-se citar aminoácidos,<br />

proteínas, monossacarídeos, nucleotídeos, ácidos carboxílicos do ciclo do ácido cítrico,<br />

lipídios, glicerídeos, etc. Os metabólitos secundários são produtos do metabolismo especial,<br />

biossintetizados a partir do metabolismo primário, com distribuição restrita em certas plantas<br />

e microorganismos. Grande parte dos princípios ativos responsáveis pela atividade de uma<br />

planta encontra-se entre os metabólitos secundários, ou produtos naturais que englobam as<br />

seguintes classes de compostos: terpenos, alcalóides glicosídios, flavonóides,<br />

oligossacarídeos, cumarinas, esteróis e outros (SIMÕES et al., 2000).<br />

A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do<br />

metabolismo da glicose (Figura 1), via dois intermediários principais, o ácido chiquímico e o<br />

acetato. Este, fornece as unidades acetila que compõem o intermediário reativo, a acetiltiocoenzima<br />

A (acetil-CoA), o verdadeiro precursor de vários grupos de substâncias, tais como<br />

os aminoácidos alifáticos (e os alcalóides deles derivados), terpenóides, esteróis, ácidos<br />

graxos e triglicerídeos (SIMÕES et al., 2000).


11<br />

Glicose<br />

Polissararídeos<br />

Heterosídeos<br />

Ácido chiquímico<br />

Acetil-CoA<br />

Ciclo do<br />

ácido<br />

cítrico<br />

Via mevalonato<br />

isoprenóides<br />

terpenóides e<br />

esteróis<br />

Figura 1 - Ciclo da biossíntese dos metabólitos secundários (SIMÕES et al., 2000).<br />

A descoberta do ácido mevalônico, que se forma durante o processo de fermentação da<br />

cerveja e que é capaz de permitir o crescimento bacteriano, dependente de acetato, mesmo<br />

quando este não está presente, permitiu elucidar a biossíntese do ácido mevalônico e os<br />

mecanismos de conversão destes nas unidades em C5 e, portanto, precursores de todos os<br />

isoprenóides. (ARAÚJO, 2009).<br />

O mevalonato é formado da condensação de uma unidade da acetoacetil-CoA com<br />

uma molécula de acetil-CoA. Após a condensação aldólica, ocorre uma hidrólise originando a<br />

3-hidróxi-3-metilglutaril-CoA que é reduzida a mevalonato, numa reação irreversível. O<br />

mevalonato é então convertido em isopentenil-pirofostato, ou isopreno ativo, a unidade básica<br />

na formação dos terpenos e esteróides. A polimerização do mevalonato vai originar moléculas<br />

de cadeias carbonadas crescentes de cinco em cinco átomos de carbono, denominada<br />

isopreno. Terpenóides, terpenos ou isoprenóides são termos que indicam que estes compostos<br />

são derivados do isopreno, cuja regra indica que os membros desta família são constituídos<br />

por unidades de cinco átomos de carbono com estrutura do isopreno ligadas entre si pela<br />

ordem cabeçacauda (SIMÕES et al., 2000). O isopreno não está envolvido diretamente na<br />

formação dos produtos pertencentes a estas classes. As unidades bioquimicamente ativas de<br />

isopreno são o dimetil pirofosfato (DMAPP) e o isoprenil pirofosfato (IPP) (Figura 2). Na<br />

adição de uma unidade do DMAPP ao carbono ativo C 5 do IPP, é gerado o isômero geranil<br />

pirofosfato. A condensação de duas unidades de IPP ou GPP gera os triterpenos (C 30 ) e os


12<br />

tetraterpenos (C 40 ), respectivamente (YUNES e CECHINEL FILHO, 2007). São conhecidos<br />

cerca de 30.000 terpenos e são classificados com o número de unidades de isopreno em:<br />

hemiterpenóides, C 5 ; monoterpenóides, C 10 , sesquiterpenóides C 15 ; diterpenóides, C 20 ;<br />

triterpenóides, C 30 e tetraterpenóides C 40 (DUBEY apud, YUNES e CECHINEL FILHO,<br />

2007; ARAÚJO, 2009).<br />

IP DMAPP IPP<br />

H<br />

OPP<br />

OPP<br />

Figura 2 - Estrutura dos terpenos IP, DMAPP e IPP (YUNES e CECHINEL FILHO,<br />

2007).<br />

Yunes e Cechinel Filho (2007), citam a ocorrência de outra via para a biossíntese dos<br />

terpenos, a não mevalonato. A via mevalonato opera no citoplasma e mitocôndrias<br />

sintetizando esteróides e sesquiterpenos preferencialmente, a via não mevalonato opera no<br />

plastídio sintetizando todas as outras classes de terpenos incluindo carotenóides e clorofila.<br />

3.4.2 Produtos naturais com ação inseticida<br />

Os terpenos abrangem uma grande variedade de substâncias de origem vegetal e sua<br />

importância ecológica como defensivos de plantas está bem estabelecida. Os limonóides, ou<br />

tetranortriterpenóides, são provavelmente, os maiores representantes da classe dos terpenos<br />

com atividade inseticida representando o nível máximo na sequência de produção de<br />

terpenóides. No nível inferior, os monoterpenos de estrutura relativamente simples como o<br />

limonemo e mirceno desempenham um papel de proteção contra insetos em plantas que os<br />

produzem. São conhecidos como meliacinas, devido ao seu sabor amargo e suas principais<br />

fontes são espécies das famílias Meliaceae, Rutaceae, e Cneoraceae. Cerca de 100<br />

triterpenóides têm sido identificados das sementes, madeira, cascas, folhas e frutos de<br />

Azadirachta indica (Meliaceae) (VIEIRA e ANDREI, 1997; VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />

Estruturalmente os limonóides são derivados de triterpenos tetracíclicos dos tipos<br />

eufol ou tirulacol por uma série de mudanças oxidativas acompanhadas de rearranjos<br />

moleculares, que ao final dá origem aos tetranortriterpenóides pela perda de quatro átomos de<br />

carbono do precursor original. São classificados como tetranortriterpenóides com base na


13<br />

oxidação de quatro anéis designados como A, B, C e D nos núcleos triterpênicos (TAYLOR,<br />

1984; KAUR e ARORA, 2009). Segundo Vieira e Andrei (1997), esta rota biossintética<br />

envolve vários passos, levando às mais variadas estruturas, mas que quase invariavelmente<br />

contém 26 átomos de carbonos no seu esqueleto central (Figura 3).<br />

HO<br />

HO<br />

Butirospermol<br />

Eufano/Tirucalano<br />

Rearrango apoeufol ou<br />

apotirucalol<br />

O<br />

HO<br />

OH<br />

HO<br />

O<br />

HO<br />

OH<br />

Tetranortriterpenóide<br />

(Limonóide)<br />

Figura 3 - Rota biogenética para formação dos limonóides (VIEIRA e ANDREI, 1997).<br />

Uma das substâncias de origem vegetal mais promissora com atividade inseticida é a<br />

azadiractina, extraída das plantas do neem (Azadirachta indica) e do cinamomo (Melia<br />

azedarach), ambas da família Meliaceae. Extratos de neem e cinamomo contém cerca de<br />

quatro compostos ativos, dos quais, azadiractina, salanina, meliantriol e nimbim são os<br />

principais, além de possuírem comprovada ação inseticida (VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />

A planta A. indica, de origem asiática, é considerada a mais importante planta<br />

inseticida em todo o mundo, sendo que a sua atividade já foi referida para mais de 400


14<br />

espécies de insetos, das quais, mais de 100 ocorrem no Brasil (BRUNHEROTTTO e<br />

VENDRAMIM, 2001). Durante séculos foi utilizada na Índia no combate a insetos e,<br />

atualmente, são extraídos e comercializados compostos químicos ativos sobre mais de 200<br />

espécies de insetos, incluindo alguns moluscos. O trabalho pioneiro de Butterworth e Morgan,<br />

em 1968, no isolamento pela primeira vez da azadiractina, foi motivado por relatos de que o<br />

meliantriol, isolado das frutas frescas e do óleo de M. azedarach era fagoinibidor de<br />

gafanhotos no deserto. A substância inibidora denominada de azadiractina, não se relacionava<br />

ao meliantriol e era dotada de notável atividade fagorrepelente (VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />

A azadiractina é um triterpeno que causa distúrbios fisiológicos, alterando o<br />

desenvolvimento e a funcionalidade de várias espécies de insetos praga, principalmente<br />

devido à ação de repelência alimentar, inibidora de desenvolvimento, crescimento e na<br />

reprodução (SALLES e RECK, 1999). Também atua interferindo no funcionamento das<br />

glândulas endócrinas que controlam a metamorfose em insetos, impedindo o desenvolvimento<br />

da fase larval. Este efeito ocorre em doses tão baixas como 50 ppb (MAIRESSE, 2005) e é<br />

devido à interferência na regulação neuroendócrina de hormônios nas larvas (VIEGAS<br />

JUNIOR, 2003). Esta substância possui o anel C-seco e tem sua ocorrência restrita às três<br />

espécies, A. indica, Melia toosendan, e Melia azedarach.<br />

Os limonóides apresentam grande diversidade estrutural, com anéis B-, A-, A, B e C-<br />

seco (CHAMPAGNE et al., apud VIVAN, 2005). Alguns estudos tentando estabelecer a<br />

relação estrutura-atividade permitiram concluir que limonóides com o anel C-seco são os mais<br />

ativos, e uma das ações mais relevantes relatadas para plantas da família Meliaceae é a<br />

supressora de apetite (CHAMPAGNE et al., apud VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />

Mordue e Nisbet (apud COSTA et al., 2004), consideram os efeitos fisiológicos dos<br />

extratos de A. indica muito mais consistentes que os efeitos de inibição alimentar. Os efeitos<br />

fisiológicos causam interferência no crescimento e processos de metamorfose dos insetos,<br />

além de prejudicar a reprodução e outros processos celulares. Classificam os efeitos<br />

fisiológicos em indiretos, que são decorrentes da interferência hormonal do ingrediente ativo;<br />

e diretos, quando há inibição da divisão celular e síntese de proteínas, com o inseticida<br />

atuando diretamente sobre as células e os tecidos.<br />

O cinamomo (Melia azedarach), que também pertencente à família Meliaceae, é<br />

originário da Índia e da Pérsia. Foi introduzida no Brasil há séculos, sendo notável pela<br />

extraordinária facilidade de adaptação e pela vigorosa expansão vegetativa. É uma planta<br />

sensível à umidade excessiva, além disso, reproduz-se facilmente. (MURILO, 2002). Esta<br />

planta é uma fonte de limonóides ou terpenos complexos, com maior concentração nos frutos


15<br />

(GRZYBOWSKY, 2006). Um grande número de limonóides com ação fagoinibidora e outras<br />

propriedades para o controle de insetos tem sido isolados de Melia azedarach e M.<br />

toosendam. (FUKUIAMA et al., 2000; CARPINELLA et al., 2002). CARPINELLA et. al.<br />

(2002), isolaram o limonóide meliartenina com forte ação fagoinibidora em testes com larvas<br />

de Epilachna paenulata Germ. (Coleoptera: Coccinellidae) e Spodoptera eridania<br />

(Lepidoptera: Noctuidae).<br />

Dos extratos metanólicos dos frutos de M. azedarach (Meliaceae) foram isolados a 1-<br />

cinamoil-melianolona que é estruturalmente semelhante à azadiractina e apresentou atividade<br />

inseticida equivalente. Esta planta também é fonte das maliacarpinas que são inseticidas tão<br />

potentes quanto a azadiractina (VIEGAS JUNIOR, 2003). Como agente antialimentar em<br />

cinamomo Huang (apud MAIRESSE, 2005) isolou meliacarpina, seis trichilinas e três<br />

azedaractinas, azedaractina a, 12-O-acetilazedaractina A e 12-O- acetilazedaractina B e<br />

azedaractina C, diferente dos demais, por ter um oxigênio sem função no C-12. Meliacarpinas<br />

identificadas como 1,3-dicinnamoyl-11-hydroxymeliacarpin, 1-cinnamoyl-3-methacrylyl-11-<br />

hydroxymeliacarpin e 1-cinamoyl-3-acetyl-11-hydroxymeliacarpin foram relatadas como<br />

principais constituintes inseticidas e reguladores (desruptores) do crescimento das folhas de<br />

cinamomo. As propriedades inseticidas foram comprovadas em bioensaios com Spodoptera<br />

litorallis e comparáveis com a azadiractina do nim. Além disso, possuem uma forte ação<br />

contra a metamorfose em insetos (BOHNENSTENGEL et al., 1999).<br />

O extrato etanólico dos frutos de Melia azedarach mostrou ação inibitória a fungos<br />

nas concentrações de 50-300 mg mL -1 e fungicida de 60 – 500 mg mL -1 contra Aspergillus<br />

flavus, Fusarium moniliforme, Microsporum canis e Candida albicans. O screening<br />

fitoquímico foi positivo para flavonóides, lignanas, triterpenos e negativo para alcalóides<br />

(CARPINELLA et al., 1998).<br />

Mairesse (2005), visando avaliar o efeito do extrato de folhas do cinamomo, Melia<br />

azedarach sobre o crescimento e desenvolvimento de Spodoptera frugiperda, testando doses<br />

nas concentrações de 0,31 até 22.22% p/v concluiu que esta meliaceae contém componentes<br />

extremamente tóxicos e antialimentares à Spodoptera frugifera, o que a torna mais promissora<br />

que Azadirachta indica para a Região Sul do Brasil; pela maior disponibilidade de material<br />

para preparação de extratos, pela maior adaptação dessa espécie e pela maior sustentabilidade<br />

que significa a coleta de folhas sem comprometimento da planta.<br />

Segundo Cruz (2005), o efeito da exposição de peixes à extratos aquosos de A. indica<br />

foram a desorganização do arranjo cordonal dos hepatócitos, vacuolização citoplasmática e<br />

necrose das células epiteliais de revestimento dos canalículos biliares. Avaliou também a


16<br />

eficácia do inseticida paration metílico e do pesticida natural azadiractina contido no extrato<br />

aquoso de folhas secas de neem no controle de Anacanthorus penilabiatus (Monogenea) em<br />

pacu (Piaractus mesopotamicus). A eficácia do paration metílico foi maior com o aumento da<br />

concentração e o tempo de exposição. Na concentração de 7 mg L -1 de paration metílico<br />

ocorreu a maior eficácia de controle em todos os tempos de exposição. As maiores eficácias<br />

ocorreram nos tempos de 16 e 24 horas de exposição com 96,2 e 97% de controle. Para o<br />

extrato aquoso de folhas de neem a maior eficácia de controle (89,2%) foi com a concentração<br />

de 2,9 mg L -1 , após 120 horas de exposição. A eficácia nos tratamentos com 1,47 mg/L foi de<br />

83,9% de controle e com 1,18 mg/L, 85,5% após 120 h de exposição. O paration metílico<br />

apresentou maior eficácia de controle do A. penilabiatus que o extrato aquoso do neem. O<br />

tempo de exposição para se obter eficácia do extrato aquoso do neem foi de 120 horas, o que<br />

pode inviabilizar a sua utilização em tratamentos terapêuticos.<br />

Segundo Srivastava e Raidaza (apud CRUZ, 2005, p. 40), a azadiractina não<br />

apresentou efeito embriofetotóxico e teratogênico em ratos, não produzindo efeito<br />

morfológico, visceral e esquelético. Portanto, esses autores consideraram a azadiractina como<br />

um biopesticida alternativo aos inseticidas sintéticos. Schmutterer (apud CRUZ, 2005, p. 40)<br />

estimou a dose letal (DL 50 ) de 7.000 mg kg -1 para ratos, e não foi observada toxicidade aguda<br />

oral para patos que ingeriram 5.000 a 8.750 mg kg -1 .<br />

Segmentos de riachos foram tratados com extrato de neem para determinar os efeitos<br />

sobre as comunidades de insetos aquáticos. Após nove dias de tratamento não houve diferença<br />

significativa entre os controles e os segmentos de riachos tratados com extrato na<br />

concentração de 0,9 mg L -1 . Entretanto, a estrutura das comunidades dos insetos aquáticos nos<br />

riachos tratados na concentração de 3,0 mg L -1 diferiram significativamente dos controles<br />

(KREUTZWEISER et al., 2000).<br />

Aplicações aéreas sobre ambientes lênticos de um produto comercial à base de neem<br />

resultando em concentrações na água de 5 a 10 µg L -1 causaram efeitos adversos<br />

significativos sobre comunidades de crustáceos zooplanctonicos como redução do número de<br />

copépodos adultos e redução da biomassa total do zooplâncton (KREUTZWEISER, et. al.,<br />

2000),<br />

Em um estudo que objetivou verificar a eficiência de extratos vegetais obtidos das<br />

folhas de Allamanda cathartica, Ruta graveolens, Melia azedarach, Chysanthemum sp e<br />

Ateleia glazioviana, o autor encontrou para A. cathartica a presença de alcalóides, cumarinas,<br />

flavonóides, esteróis e triterpenos. Comparando extratos aquosos com hidroalcoólicos, os<br />

maiores rendimentos em extratos aquosos foram obtidos com folhas de cinamomo e para os


17<br />

extratos hidroalcoólicos com folhas de arruda. Tanto para R. graveolens e M. azedarach a<br />

análise química foi positiva para alcalóides, flavonóides, esteróis e triterpenos (GRANDO,<br />

2003). A análise cromatográfica em camada delgada (CCD) com Melia azedarach, para<br />

diferentes classes de compostos em CCD, revelou a presença de alcalóides, flavonóides,<br />

esteróis e triterpenos (KROMBAUER, 2001).<br />

Os timbós verdadeiros (plantas do gênero Derris), originários da Amazônia Brasileira,<br />

têm demonstrado importância crescente por produzirem uma classe de compostos<br />

flavonóidicos relacionados à rotenona, e que possuem atividade tóxica para peixes e<br />

mamíferos. Foi estudada a toxicidade, estabelecendo a dose letal 50% (DL 50 ) do extrato<br />

alcoólico do pó de Derris sp. para três espécies de peixes filogeneticamente diferentes e um<br />

mamífero. As DL 50 foram de 2,6 µg mL -1 para Colosoma macropomum, 4,8 µg mL -1 para<br />

Oreochromis niloticus, 14,2 µg mL -1 para Plescostomus sp e DL 50 de 100,0 mg kg -1 para<br />

Rattus norvegicus. Denotam acentuadas diferenças entre os valores de DL 50 , principalmente<br />

entre os peixes e o rato. Isto provavelmente é devido a fatores toxicocinéticos que se<br />

relacionam com as diferentes barreiras teciduais encontradas pelos rotenóides quando<br />

administrados pela via oral em mamíferos (MASCARO et. al., 1998).<br />

As folhas do timbó (Ateleia glazioviana Baill.) são conhecidas na região Oeste de<br />

Santa Catarina como potencialmente tóxicas a mamíferos ocasionando não raramente a morte<br />

de bovinos após se alimentarem desta planta. Com atividade inseticida, o timbó possui o<br />

flavonóide rutina (CANTARELLI et al., 2005). Em Santa Catarina é produzido<br />

comercialmente um produto comercial à base de extratos das folhas do timbó. Este produto é<br />

indicado para o controle de formigas cortadeiras, caseiras e cupins. Para as formigas<br />

cortadeiras é indicado o uso de 15 g em formigueiros de 70 cm de diâmetro, em áreas<br />

infestadas é recomendado o uso de 10g a cada 5 m 2 (CITROMAX, 2008). Este extrato<br />

comercial foi avaliado como formicida em diferentes doses no controle de Acromyrmex lundi,<br />

formiga cortadeira, em campos nativos no Rio Grande do Sul. As doses testadas de 5, 10 e<br />

15g deste extrato comercial apresentou ação de choque, havendo alto percentual de controle<br />

nos primeiros cinco dias. O controle de A. lundi foi eficiente em todas as doses testadas,<br />

obtendo-se um percentual de controle superior a 85%, não havendo diferença no tamanho do<br />

formigueiro no percentual de controle (CANTARELLI et al., 2005)<br />

Analisando as folhas de timbó (Ateleia glazioviana Baill.) através de cromatografia<br />

gasosa e cromatografia de camada delgada (CCD), as análises demonstraram a presença de<br />

esteróides, terpenos, cumarinas, alcalóides e flavonóides (VIEIRA, 2000).


18<br />

3.4.3 Uso de produtos naturais na aquicultura<br />

Os produtos naturais começam chamar a atenção para uso em aquicultura em<br />

substituição a produtos sintéticos no controle de pragas e doenças abrindo novas fronteiras de<br />

estudo em graves problemas enfrentados por esta atividade. São ricos em uma grande<br />

variedade de nutrientes e um repositório de novos aditivos para alimentação de animais<br />

aquáticos. Podem ser utilizados como atrativos, para aumentar a digestibilidade dos<br />

nutrientes, melhorar a conversão alimentar, incrementar o ganho de peso e no controle de<br />

parasitoses (XIANG e ZHOU, 2000).<br />

Ardó et al. (2008), após estudar o efeito dos extratos de Astragalus membranacea e<br />

Loricera japônica incorporada na ração para alimentação de tilápias infectadas com<br />

Aeromonas hydrophila, concluiu que agiram como imunoestimulantes, aumentado a resposta<br />

imune das tilápias em cultivo. Abutbul et al. (2005), identificaram extratos aquosos de plantas<br />

do deserto com atividades antibacterianas sobre patógenos de peixes como Aeromonas<br />

hydrophila, Photobacterium damselae subsp. piscicida, Streptococcus iniae e Vibrio<br />

alginolyticus.<br />

Um dos sérios problemas enfrentado pela piscicultura no mundo inteiro é o gosto de<br />

barro na carne dos peixes cultivados oriundo dos compostos metabólicos, 2-metilisoborneol e<br />

geosmina excretados pelas cianofíceas. Para melhorar a qualidade da água em substituição à<br />

algicidas à base de cobre, os quais não são seletivos e matam outros organismos presentes no<br />

plâncton como as algas verdes (Clorophyta), compostos naturais como a antraquinona foram<br />

identificados como algicidas seletivos no controle do desenvolvimento excessivo de<br />

cianofíceas que causam severas perdas econômicas na produção do catfish Ictalurus punctatus<br />

nos Estados Unidos. (DUKE, 2002).<br />

Pereira et al. (2008), verificou a eficácia do extrato aquoso de folhas de Terminalia<br />

catappa no controle de monogenéticos em apaiari, Astronotus ocellatus. Constatou ausência<br />

de parasitos nos grupos tratados com 50, 75, e 100 ml L -1 deste extrato e infestação muito alta<br />

de parasitos no grupo controle.<br />

Balasubramanian et al. (2007), estudaram a atividade antiviral dos extratos de 20<br />

plantas medicinais contra o vírus da mancha branca no camarão Peneaeus monodon. Das<br />

plantas testadas cinco extratos mostraram atividade antiviral, Aegle marmelos, Cynodon<br />

dactylon, Lantana camara, Momordica charantia e Phyllanthus amarus quando aplicados<br />

através de injeção intramuscular contendo uma suspensão com os vírus e os extratos. O<br />

extrato aquoso de C. dactylon foi o antiviral mais potente, não houve mortalidades e não foi<br />

detectado o vírus a uma concentração de 100 mg kg -1 de peso vivo animal. Enquanto que o


19<br />

extrato metanólico de M. chariantia mostrou atividade antiviral significativa a uma<br />

concentração de 150 mg kg -1 de peso vivo animal. Devido à inviabilidade de se utilizar os<br />

extratos em produções de larga escala com injeções intramusculares foi estudada a ação do<br />

extrato de Cynodon dactylon via oral. Extratos desta planta foram incorporados na ração, nas<br />

concentrações de 1 e 2% em uma fazenda de produção em escala de Penaeus monodon. Na<br />

concentração de 1% houve 40% de mortalidade e na concentração de 2% não houve<br />

mortalidade e detecção do vírus, mostrando-se com forte atividade antiviral.<br />

(BALASUBRAMANIAN et al., 2008).<br />

Os estudos citados abrem um extenso campo de estudo fitoquímico na identificação<br />

dos grupos químicos, identificação e isolamento das moléculas biologicamente ativas para uso<br />

na aquicultura.<br />

3.5 Inseticidas sintéticos e seu uso em aquicultura<br />

No Brasil, a maioria dos produtos utilizados como quimioterápicos na aquicultura são<br />

de uso agrícola ou veterinário. Como não foram desenvolvidos para uso no ambiente aquático<br />

pode-se supor que estas práticas são bastante imprevisíveis do ponto de vista dos destinos e<br />

efeitos dos compostos. Mesmo assim, alguns inseticidas e acaricidas vêm sendo utilizados<br />

pelos produtores brasileiros devido à eficiência e relativa simplicidade operacional. Apesar de<br />

alertar para os riscos, a maioria das publicações nacionais sobre piscicultura trazem<br />

indicações de qual o melhor produto, dose e duração do tratamento para eliminação das<br />

pragas estabelecidas nos cultivos. (SANTOS, 2007).<br />

Os agrotóxicos, presentes no meio aquático, podem atingir o homem pela ingestão de<br />

água e de alimentos contaminados, como os peixes. Os peixes entram em contato direto com<br />

os agrotóxicos, principalmente pela via dérmica, superfície externa do corpo com suas<br />

inúmeras estruturas sensoriais, brânquias, oral e em todo o trato gastrintestinal<br />

(MATAQUEIRO, 2002).<br />

A aplicação destes praguicidas pode resultar em altos níveis de resíduos nos peixes,<br />

inclusive no momento do consumo, pois normalmente os períodos de carência não são<br />

respeitados pelos piscicultores (RODRIGUES et al., 1997). Os inseticidas organofosforados<br />

podem causar ainda efeitos tóxicos subagudos nos peixes, notadamente na morfologia e<br />

fisiologia dos animais (CRUZ, 2005).<br />

Os organofosforados são um grupo de compostos que historicamente têm sido<br />

utilizados como pesticidas. Estes compostos são potentes inibidores de acetilcolinoesterase<br />

tendo um profundo efeito no sistema nervoso dos organismos expostos. A ação inseticida


20<br />

destes compostos foi primeiramente observada durante a segunda guerra mundial no<br />

desenvolvimento de gases tóxicos. Pertencem a este grupo químico inseticidas como<br />

malation, diclorvos, paration e metil paration entre outros. São liposolúveis com capacidade<br />

de penetrar nos mais diversos tecidos, como na pele e da placenta para o feto. O metil paration<br />

(MP) (Figura 4) foi registrado nos EUA em 1954, e em 1978 teve seu uso restrito devido à<br />

confirmação de efeitos tóxicos sobre trabalhadores. (EDWARSDS e THOUNWOU, 2005).<br />

S O CH 3<br />

O 2<br />

N<br />

O<br />

P<br />

O CH 3<br />

Figura 4 - Fórmula estrutural do metil paration: C 8 H 10 NO 5 PS.<br />

IUPAC: O, O-dimetil O-4-nitrofenil fosforotioato<br />

O MP está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA) como acaricida/inseticida com uso permitido nas culturas do algodão, alho, batata,<br />

cebola, feijão, milho, soja e trigo, com um intervalo de segurança de 15 dias (MAPA, 2009).<br />

Está incluído na lista de substâncias perigosas da convenção de Roterdã devido a alta<br />

toxicidade aguda, neurotoxicidade, suspeita de desregulação endócrina, mutagenicidade e<br />

carcinogenicidade (ANVISA, 2008). São transportados no meio ambiente de várias formas.<br />

Quando aplicado como inseticida, o MP é rapidamente degradado por fotólise, hidrólise com<br />

pH >7 e biodegradação por microorganismos no sedimento e na água. A solubilidade na água<br />

é de 50 mg L -1 , podendo ser facilmente transportado pela chuva e vento para áreas<br />

circundantes. Estudos sobre a degradação do MP indicaram que a meia vida em água doce foi<br />

de 25,6 e 24,6 dias para rios e lagos respectivamente; em solo arenoso de 11,2 dias e argiloso<br />

de 5,6 dias (EDWARSDS e THOUNWOU, 2005). O MP é moderadamente tóxico aos peixes<br />

e animais que se alimentam de peixes Os valores de DL 50 (96 h) vão de 1,9 a 8,9 mg L -1 em<br />

salmão, trutas, goldfish, carpa, minnow, black bullhead, catfish, perca e bluegill (NATIONAL<br />

LIBRARY OF MEDICINE apud SANTOS, 2007).<br />

Em aquacultura, os organofosforados destacam-se com amplo espectro de aplicações,<br />

de um modo geral para o controle de ectoparasitoses, odonatas, copépodos, monogenéticos,<br />

trematodos, remoção de miscidáceos em viveiros de camarão entre outros usos. Seu uso é<br />

bastante controvertido devido a sua toxicidade às espécies não alvo (WESTON, 1996). São<br />

utilizados em diversas oportunidades e etapas do processo para controlar larvas de odonatas,


21<br />

que é o principal inseto predador de peixes. Na prática de alevinagem em áreas tropicais e<br />

subtropicais, devido às condições ecológicas, há favorecimento do desenvolvimento<br />

temporário das larvas destes insetos, que causam grande predação e mortalidade de alevinos.<br />

O metil paration destaca-se como o inseticida mais empregado na piscicultura para prevenir<br />

perdas de alevinos pela predação por estas larvas e chironomideos (FIGUEIREDO e<br />

SENHORINI, 1990).<br />

Os organofosforados atuam inibindo a ação da enzima acetil colinesterase, formando<br />

um complexo estável no sítio esterásico da enzima, impedindo a reação da acetilcolina com<br />

este sítio (CRUZ, 2005). Os órgãos de peixes mais afetados pelos agentes químicos são as<br />

brânquias e a pele, pois exibem grande superfície de contato e ambos apresentam células de<br />

muco, que possuem papel importante na resistência aos patógenos e as substâncias tóxicas A<br />

seguir, os agentes químicos têm atuação sobre o fígado, que tem papel fundamental no<br />

metabolismo das substâncias tóxicas e sobre o rim, que atua na manutenção da estabilidade<br />

interna e na excreção. Rodrigues et al. (1997), registrou alterações agudas no baço de juvenis<br />

de Prochilodus scrofa quando expostos ao organofosforado Dipterex 500 (Trichlorfon) na<br />

concentração de 0,2 µg L -1 .<br />

Boyd e Massaut (1999) listaram as principais substâncias utilizadas na aquicultura que<br />

podem oferecer perigo, como por exemplo: fertilizantes, materiais alcalinos, oxidantes,<br />

coagulantes, osmorreguladores, algicidas, herbicidas, pesticidas, probióticos e metais pesados.<br />

Os riscos foram atribuídos através de exames das propriedades das substâncias, de<br />

informações sobre a segurança dos produtos oferecidos pelos fabricantes e do conhecimento<br />

dos efeitos dos nutrientes e de outros poluentes aquáticos. Determinaram o grau de risco de<br />

contaminação: grau zero (não estabelece riscos associados); grau um (substâncias com leves<br />

riscos à segurança com base nas propriedades dos compostos ou do uso em outras áreas); grau<br />

dois (experiência demonstra nível moderado de preocupações); e grau três (substâncias que já<br />

causaram danos sérios no passado). Os inseticidas e pesticidas foram classificados como risco<br />

ambiental (RA) de bioacumulação, grau 3, risco humano (RH) como perigo tóxico de grau 2 e<br />

perigo alimentar (PA) de bioacumulação de grau 3. Alertam desta forma para os riscos<br />

associados ao uso de produtos químicos nos tanques de cultivo, indicando que diversos<br />

compostos empregados, sobretudo os praguicidas e bactericidas, podem ter ação<br />

bioacumulativa e representar risco de segurança alimentar. Alem disso deve-se considerar a<br />

ação destes compostos a organismos não alvo, que podem, além de interferir na comunidade<br />

biológica dos tanques, representar riscos às comunidades selvagens estabelecidas nos<br />

ecossistemas que receberão estes efluentes.


22<br />

Um dos primeiros trabalhos que avaliaram o uso de inseticidas organofosforados no<br />

combate às odonatas e na seleção zooplanctonica em piscicultura foi realizado por Garadi, et.<br />

al., 1988. Neste, foram analisados quatro produtos químicos: Dipterex 50 - Trichlorfon 500 g<br />

L -1 (dimethyl 2,2,2-thrichloro-1-hydroxyethyl-phosphonate), inseticida e larvicida, utilizado<br />

para seleção de zooplâncton, cuja função em piscicultura é combater os cladóceros e os<br />

copépodos; Folidol emulsão 60%, - Paration Metílico 600 g L -1 (O, O-dimetil O-4-nitrofenil<br />

fosforotioato), inseticida e acaricida, também usado em piscicultura para a mesma finalidade;<br />

Dimegron 50 – Phoshamidon 500 g L -1 (fosfato de dimetila 2-cloro-2-dietilcarbamoil-1-<br />

metila-vinila) inseticida sistêmico e Kelthane CE - Dicofol (1,1-bis (clorofenil)-2,2,-<br />

tricloroetanol). As conclusões e recomendações deste trabalho são as seguintes: o inseticida<br />

Dipterex 50 seleciona o zooplâncton e elimina as odonatas a 1,0 ppm eliminando os<br />

copépodos e cladóceros, mas com sobrevivência dos rotíferos, que é o alimento indispensável<br />

às pós-larvas na primeira semana de estocagem. Para carpa comum pode-se colocá-lo antes ou<br />

depois da estocagem das larvas, já para os peixes nativos, curimatã e tambaqui, pode-se<br />

adubar e colocar o inseticida cinco a seis dias antes da estocagem, pois estes são sensíveis ao<br />

inseticida e, caso se adicione durante o cultivo de alevinagem eles morrem; o Folidol<br />

(paration metílico) elimina as odonatas, mas não seleciona o zooplâncton. As larvas das<br />

odonatas morrem na concentração de 0,5 ppm Pode-se aplicá-lo tanto para carpa comum<br />

como para os peixes nativos, após a estocagem, bem como para o tambaqui. Os outros<br />

inseticidas Dimecron – 50 e Kelthane – CE, não foram eficientes nem para a seleção do<br />

zooplâncton nem para a eliminação das odonatas, sendo considerados antieconômicos e<br />

inviáveis para estas finalidades.<br />

Em pesquisa os organofosforados são estudados com objetivo de avaliação do risco<br />

ambiental, e na determinação de doses seguras para o controle de parasitoses em piscicultura<br />

(COLARES e NASCIMENTO, 1988; GARADI et al., 1988; ALCÂNTRARA et. al., 1994;<br />

TAMASSIA, 1996; GUIMARÃES, 2000; ONAKA, 2001; CRUZ el al., 2004), como por<br />

exemplo no controle de tricodiniose, dactilogiridose e doenças causadas por crustáceos em<br />

peixes (ALEXANDRINO <strong>DE</strong> PEREZ, apud MATAQUEIRO, 2002). Um dos manuais da<br />

FAO para o cultivo de carpas adotado pelos principais órgãos de fomento do país traz a<br />

recomendação de uso de organofosforados para o controle de predadores durante a<br />

alevinagem (WOYNAROVICH e HORVÁTH, 1981).<br />

As formas mais comuns de indicação do uso de organofosforados na piscicultura são<br />

as seguintes: banhos rápidos, com a exposição dos peixes à elevada concentração do<br />

xenobiótico por curto período; banhos prolongados, com baixa concentração por períodos


23<br />

mais longos e, finalmente, tratamento por tempo indefinido, durante os quais os peixes são<br />

expostos a baixas concentrações do xenobiótico por tempo indeterminado. Estes<br />

procedimentos, são empregados em viveiros de maior área, escavados em terra e sem<br />

qualquer revestimento, muito comuns entre os piscicultores. Os tratamentos mediante banhos<br />

com produtos organofosforados resultam na liberação de material tóxico aos ecossistemas<br />

(LOPES et al., 1999; MATAQUEIRO, 2002).<br />

Pavanelli (1998), lista os produtos utilizados para banhos nos próprios tanques de<br />

criação para o controle de monogenéticos, ergasilídeos, lerneose e aeglídeos, entre eles, o uso<br />

de triclorfon na concentração de 25 g L -1 na água recomendando fazer 4 aplicações de 5 a 10<br />

minutos durante uma semana, outras dosagens podem ser aplicadas de acordo com a<br />

posologia prescrita pelos fabricantes. Alerta que este produto não pode ser aplicado em<br />

temperaturas superiores a 32 ºC e não deve ser usado em peixes utilizados para o consumo<br />

humano.<br />

Pesquisa realizada com 89 proprietários de pisciculturas em pesqueiros na bacia<br />

hidrográfica do Mogi-Guaçu revelou que 77,4% das propriedades executam práticas de<br />

manejo que requerem o uso de substâncias químicas. Dos 84 questionários respondidos, 33<br />

confirmam o uso de praguicidas no tratamento de enfermidades ou predadores. O praguicida<br />

mais utilizado foi o dimilin (diflubenzuron) em 23 empreendimentos, e o segundo foi o<br />

folidol (paration metílico) em três empreendimentos e com uma concentração de 0,4 g m -3 na<br />

água dos viveiros (SANTOS, 2007).<br />

Em sua tese de doutorado sobre o destino e efeito após aplicações de praguicidas em<br />

tanques experimentais e nas pisciculturas e pesqueiros da bacia do rio Mogi-Guaçu, Santos,<br />

(2007) concluiu que o uso de pesticidas nas atividades aquícolas tem sido uma prática comum<br />

nos últimos anos e que os principais ingredientes e concentrações empregadas podem trazer<br />

graves consequências para o meio ambiente e para os consumidores. Salientou que houve<br />

acumulo de diflubenzuron e de paration metílico nos peixes submetidos aos tratamentos com<br />

Dimilin e Folisuper, respectivamente, sendo que em todos os tempos amostrados os valores<br />

excederam o limite máximo recomendado para alimentos, segundo o Codex Alimentarius<br />

(SANTOS, 2007).<br />

Através de testes de avaliação da toxicidade aguda do metil paration para alevinos de<br />

pacu em água mole e água do ambiente natural, Mataqueiro, 2002, encontrou os valores de<br />

Cl 50 de 4,06 e 5,15 mg L -1 respectivamente.<br />

Rao e Rao (1981) investigaram os efeitos do paration metílico na síntese de derivados<br />

lipídicos, em diferentes tecidos de peixes (músculo, brânquia, fígado e cérebro). As análises


24<br />

quantitativas registraram decréscimo de lipídios totais e fosfolipídios, e acréscimo de ácidos<br />

graxos livres em peixes expostos a 0,09 ppm, por 48 h (dose subletal). Os autores sugerem<br />

com estes resultados que houve maior requisição de energia pelos peixes nesta condição.<br />

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 357) estabelece como parâmetro<br />

para compostos orgânicos em corpos de águas de Classe I tanto para água doce como salobra<br />

a concentração de 0,04 µ L -1 e para classe III de água doce 35,0 µ L -1 de paration.<br />

“Considerando as concentrações citadas para uso do paration metílico em piscicultura<br />

equilave a dizer que são 12.500 vezes superiores à concentração máxima permitida pelo<br />

CONAMA 357 para águas de classe I”.<br />

3.6 Ordem Odonata<br />

3.6.1 Distribuição e diversidade das odonatas em água doce<br />

As Odonatas são um grupo de insetos relativamente pequenos, com 5.600 espécies no<br />

mundo, sendo 2.586 pertencentes à subordem Zygoptera e 2.812 à subordem Anisoptera.<br />

Devido ao seu tamanho, cor e o comportamento diurno, tornaram-se popular para<br />

entomologistas profissionais e amadores. Na atualidade os padrões de diversidade são<br />

diretamente influenciados pela variação da temperatura, onde se observa um rápido aumento<br />

de diversidade dos pólos ao equador, mas com redução em áreas com baixa precipitação. As<br />

regiões biogeográficas com maior número de espécies são a Oriental, Neotropical,<br />

Afrotropical e Australiana com 1.665, 1.636, 889, e 870 espécies, respectivamente. A alta<br />

diversidade das odonatas em regiões tropicais pode ser explicado parcialmente pela<br />

ocorrência de uma grande quantidade de ambientes aquáticos. Na região neotropical,<br />

compreendendo América do Sul e Central estima-se a ocorrência de 21 famílias, 186 gêneros<br />

e 1636 espécies. As famílias com maior número de espécies são as Coenagrionidae,<br />

Libellulidae, Gomphidae e Aeshnidae com 370, 352, 273 e 127 espécies, respectivamente. As<br />

espécies não descritas são estimadas em torno de 400 a 500 nesta região biogeográfica. A<br />

mata atlântica e a bacia do rio Paraná estão entre as regiões da América do Sul de maior<br />

diversidade de odonatas (KALMAN, 2008). De Marco e Vianna (2005) realizaram um estudo<br />

sobre o estado de conhecimento e da distribuição da riqueza de espécies que possam indicar<br />

quais são as áreas prioritárias para estudos de levantamento. Os resultados do estudo somam<br />

14 famílias, 102 gêneros e 514 espécies. Discutem a escassez de dados de diversidade, pois os<br />

6.203 registros do Brasil estão distribuídos em apenas 29% do território nacional. As riquezas<br />

de espécies e de gêneros se concentram principalmente nas regiões dos estados do Rio de


25<br />

Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, na calha do rio Amazonas e em alguns pontos isolados em<br />

Cuiabá.<br />

Costa et al. (2000), realizaram levantamento da diversidade e distribuição dos<br />

odonatas (INSECTA) no Estado de São Paulo com base em acervos, coleções particulares e<br />

bibliográficas. Foram encontradas 12 famílias, 78 gêneros, 251 espécies registradas, 116 das<br />

quais possuem larvas conhecidas e 16 espécies novas a serem descritas. Da família<br />

Colopterigydae dois gêneros foram registrados no Estado de São Paulo, Hataerina Hagen,<br />

1953 e Mnesarete Cowley, 1934.<br />

3.6.2 Características e reprodução<br />

As Odonatas são popularmente conhecidos como libélulas, lavabunda, lavadeira,<br />

cavalo de judeu, zig zag, jacinta entre outros. São hemimetábolos com adultos terrestres,<br />

aéreos e larvas aquáticas. Pertencentes à ordem Odonata são divididos em três subordens:<br />

Anisozygoptera (restrita à região asiática), Anisoptera e Zygoptera. Os adultos de Anisóptera<br />

pousam com as asas abertas e possuem as bases das asas anteriores e posteriores diferentes e<br />

os da subordem Zygoptera as bases das asas são semelhantes e pousam com as asas fechadas<br />

sobre o dorso (SOUZA et al., 2007).<br />

São insetos que apresentam a cabeça grande e muito móvel; aparelho bucal<br />

mastigador, com poderosas mandíbulas; antenas curtas, pouco perceptíveis à vista desarmada;<br />

pernas não alongadas; asas membranosas, compridas e rígidas, com grande número de<br />

nervuras longitudinais e transversais; as asas não se cruzam sobre o corpo, pois estão sempre<br />

distendidas em sentido perpendicular aos lados deste, ou ao longo do abdômen, sem recobrilo;<br />

abdômen alongado, cilíndrico, fino, sempre mais estreito que o tórax, com dez segmentos<br />

distintos; às vezes extremamente longo, como nas espécies Mecistogaster, onde alcança mais<br />

de 15 centímetros de comprimento (CARRERA, 1973; BUZZI 2002).<br />

Ambos os sexos podem copular várias vezes ao dia. O macho antes da cópula transfere<br />

o esperma através do orifício genital (gonósporo), situado no nono segmento, para os órgãos<br />

copuladores, situados no lado ventral do segundo segmento abdominal, dobrando o abdômen<br />

para baixo e para frente. Na cópula, durante o vôo em posição característica, a fêmea entra em<br />

contato com o órgão copulador do macho realizando a fertilização dos ovos.<br />

Em geral, há um dimorfismo sexual discreto e outras vezes aberrante, manifestado<br />

geralmente nas cores das asas e do corpo. A maioria das espécies neotropicais têm asas<br />

transparentes, mas algumas espécies apresentam manchas basais na asa posterior dos machos,<br />

de cor amarela ou parda; alguns machos de Libellulidae possuem faixas negras transversais,


26<br />

outros apresentam as asas anteriores iridescentes e as posteriores hialinas. Nos anisópteros os<br />

dois sexos têm em geral cor semelhante. Nos zigópteros em grande parte das vezes os machos<br />

são mais vivamente coloridos.<br />

As posturas endofíticas ocorrem sobre a vegetação ou material orgânico e as exofíticas<br />

diretamente na água. A postura na superfície da água é feita com o mergulho apenas da<br />

extremidade apical do abdômen da libélula que, assim, em vôo rápido, larga a sua carga de<br />

ovos. Estes se espalham na tona ou vão para o fundo; em algumas espécies, porém, os ovos se<br />

aglutinam no meio de uma massa gelatinosa, que a fêmea deposita com a desova. Após duas<br />

ou três semanas eclodem as larvas que continuam vivendo nas águas onde foi feita a postura<br />

que podem ser águas lóticas ou lênticas. Nas águas lóticas elas podem se enterrar, viver sob<br />

pedras ou entre detritos; as das águas lênticas vivem na periferia ou sobre algum substrato<br />

(CARRERA, 1973; McCAFFERTY e PROVONSHA A.V., 1998; BUZZI, 2002).<br />

3.6.3 Adaptação à vida aquática<br />

As larvas, ou formas jovens também chamadas de náiades ou odonáiades são do tipo<br />

campodeiforme, passam por 12 ou mais mudas e a maioria alcança a maturidade entre um e<br />

três anos e são bem adaptadas ao meio aquático. As náiades da subordem Anisoptera respiram<br />

o oxigênio misturado na água por meio de brânquias traqueais, situadas no intestino posterior;<br />

a água , com a contração dos músculos abdominais da larva, é aspirada pela abertura anal e,<br />

antes de ser expelida, passa pela cavidade respiratória, banhando as referidas brânquias. Estes<br />

movimentos contínuos para suprimento de oxigênio podem expelir água pelo ânus com força<br />

suficiente para movimentar a larva por propulsão. A área anal da larva é especializada e<br />

adaptada para as funções de respiração e osmoregulação com a finalidade de trocas gasosas e<br />

absorção de íons para manter o balanço iônico. Na câmara retal de algumas espécies se<br />

desenvolve um euglenóide flagelado durante os meses de inverno, provendo uma fonte<br />

adicional de oxigênio. (McCAFFERTY e PROVONSHA A.V., 1998).<br />

As náiades da subordem Zigoptera também respiram o oxigênio dissolvido na água,<br />

mas por folíolos caudais que funcionam como brânquias traqueais. Nestas libélulas é muito<br />

provável seja a respiração cutânea mais importante que a realizada pelos folíolos caudais<br />

(CARRERA, 1973; McCAFFERTY e PROVONSHA A.V.; 1998, BUZZI, 2002).<br />

3.6.4 Alimentação e predação<br />

A maioria dos adultos se alimentam de insetos capturados em pleno vôo, com auxílio<br />

das pernas que ficam dispostas em cesto. Alguns pousam pra comer a presa, enquanto outros


27<br />

o fazem em pleno vôo. As presas podem ser pequenos dípteros, mariposas, abelhas,<br />

borboletas e outras libélulas (BUZZI, 2002).<br />

O aparelho bucal das larvas é desenvolvido, tendo as suas peças forma característica,<br />

principalmente a do lábio, que apresenta articulações especiais, permitindo distenção brusca<br />

para a captura de larvas e ninfas de insetos aquáticos, que são prontamente devoradas.<br />

Pequenos vertebrados, como larvas e alevinos de peixes, às vezes não escapam ao ataque<br />

dessas larvas (CARRERA, 1973). Larvas maiores, como da família Aeshnidae, atacam às<br />

vezes, girinos e pequenos peixes (BUZZI, 2002).<br />

O padrão de comportamento predador demonstrado pelas larvas de libélula é similar a<br />

uma variedade de animais incluindo certas aranhas, sapos e camaleões, os quais usam a<br />

velocidade como principal armadilha para capturar suas presas. As larvas de libélula são,<br />

entretanto, únicas, utilizam um lábio curiosamente modificado para agarrar suas presas.<br />

Durante seu descanso o lábio alongado é dobrado abaixo da cabeça, mas pode ser projetado<br />

com grande rapidez e a presa é capturada pela ação de uma pinça labial. Há dois padrões de<br />

comportamento predador: as que se movem entre a vegetação aquática e utilizam seus grandes<br />

olhos para detectar a presa à distância e, subsequentemente, orientá-la até ela; enquanto outras<br />

larvas vivem no fundo dos lagos e detectam a maioria de suas presas por estímulo táctil.<br />

Estudando o comportamento de caça de dez espécies de odonata da ordem Anisoptera através<br />

de vários estímulos, o autor concluiu que o tamanho e movimento da presa são importantes no<br />

seu reconhecimento, enquanto que o formato, cor e odor não são. A velocidade da projeção<br />

para frente do lábio é na ordem de 15 a 20 milésimos de segundos, e no momento do ataque o<br />

sifão anal é fechado para que a pressão sanguínea, a qual provém a força para a extensão do<br />

lábio, seja toda direcionada para este fim (PRITCHARD, 1965).<br />

Para a projeção do lábio modificado, tanto para defesa como para o ataque, as larvas<br />

de libélula utilizam pressão hidráulica, tendo para isto duas vantagens: primeiro, um sistema<br />

hidráulico pode ser uma fonte de força multifuncional e, em segundo lugar, economia de<br />

energia para o sistema neuromuscular. A larva de libélula utiliza pressão hidráulica para os<br />

movimentos de respiração, nos movimentos de locomoção por propulsão e na extensão do<br />

lábio (TANAKA e HISA<strong>DA</strong>, 1980).<br />

A predação de alevinos por larvas de insetos da Ordem Odonata, Sub Ordem<br />

Anisoptera, vulgarmente conhecidas por libélulas ou lavadeiras, podem acarretar perdas<br />

econômicas significativas na piscicultura (PRITCHARD, 1965; TAVE et al., 1990;<br />

ZANIBONI FILHO, 2000).


28<br />

Por vários anos o controle destes insetos no Brasil vem sendo realizado por meio de<br />

aplicação de inseticidas químicos do grupo dos organofosforados realizada diretamente na<br />

água do tanque de criação. Embora eficiente este tipo de controle está proibido em vários<br />

países por causar a contaminação da água e a morte de parte do zooplâncton necessária para a<br />

alimentação das pós-larvas e alevinos, reduzindo dessa forma, a disponibilidade de alimento<br />

natural (ZANIBONI FILHO, 2000)<br />

Fonseca et. al. (2004), estudaram as principais espécies de odonata presentes em<br />

pisciculturas da região de Divinópolis e Itaúna, Estado de Minas Gerais, e avaliaram o efeito<br />

de B. Thuringiensis var. israelensis sobre o terceiro, quinto e sétimo instares da espécie P.<br />

flavescens. As espécies encontradas foram Acantharion sp. Aphylla theodorina, Brachymesia<br />

furcata, Micrathyria hesperis, Pantala flavescens, e Perithemis moorna. A espécie mais<br />

frequente nas coletas foi P. favescens, totalizando 37% do total dos indivíduos coletados. Não<br />

houve efeito significativo do produto microbiano sobre o controle da espécie estudada.<br />

Em um teste sobre predação de larvas de catfish, Ictalurus punctatus, o autor estocou<br />

viveiros com densidades de 50.000 a 100.000 larvas de peixes /ha. Antes da estocagem alguns<br />

viveiros foram tratados com metil paration para matar as larvas de libélula, enquanto que nos<br />

outros viveiros não foi realizado este tratamento. A sobrevivência das larvas de catfish nos<br />

viveiros tratados foi de 79 a 98%; as larvas de libélula consumiram todas as larvas de catfish<br />

dentro de 47 dias nos viveiros não tratados (TAVE et. al., 1990).<br />

Na comparação da preferência da larva de odonata, Pantala sp. sobre alevinos de<br />

tilápia, Oreochromis mossambicus, de cores escura e dourada, o autor concluiu que com o<br />

aumento da densidade de tilápias e de larvas de odonata aumentou também a predação com<br />

uma densidade de 1 larva de odonata a cada 7 larvas de tilápia. As larvas de odonata predaram<br />

mais significativamente as tilápias escuras do que as douradas, concluindo que a cor dourada<br />

não fez com que estas tilápias fossem mais suscetíveis à predação do que às escuras (TAVE e<br />

SMITHERMAN 1990).<br />

Estudando o potencial de predação de alguns insetos aquáticos Pantala (Libellulidae),<br />

Coenagrion (Coenagrionidae) e Notonecta (Notonectidae) sobre larvas de carpa comum,<br />

Cyprinus carpio, a predação das ninfas do gênero Pantala sp aumentaram em relação ao<br />

comprimento do corpo. Ninfas pequenas, médias e grandes consumiram em média 0,91, 1,5 e<br />

2,5 larvas de carpa comum respectivamente. Os dados também indicam que quanto maiores<br />

forem os insetos maiores são suas presas, com exceção da larva da Pantala sp. Quando as<br />

ninfas chegaram ao tamanho de 19 mm o consumo foi reduzido, provavelmente devido à<br />

preparação do inseto à metamorfose. O consumo médio diário dos gêneros Pantala,


29<br />

Coenagrion, Tropistermus, Notonecta e Sigara foram 1,64, 0,43, 0,34, 1,50 e 0,0,<br />

respectivamente (GONZÁLES e LEAL, 1995).<br />

Soares et al. (2001), avaliaram a influência da disponibilidade de presas, do contraste<br />

visual e do tamanho das larvas de Odonata (Pantala sp.) sobre a predação de cladóceros<br />

(Simocephalus serulatus). Observaram aumento na taxa de predação com o aumento na<br />

disponibilidade de presas, e quanto a cor da parede dos aquários houve maior taxa de<br />

predação em aquários com parede escura.<br />

Gabiatti (2001), estudando a fauna de Odonata do Rio Caçador, Seara-SC,<br />

identificando a diversidade de táxons e analisando a influência de algumas variáveis<br />

ambientais sobre esta fauna, constatou a presença de dez gêneros agrupados em cinco<br />

famílias: Coenagrionidae – Ammphyagrion, Acanthagrion, Argia e Enallagma;<br />

Calopterygidae – Hetaerina, Gopmphydae – Progomphus e Phyllocycla; Libellulidae –<br />

Libellula e Perithemys; Aeshnidae – Anax. As análises mostraram que a alcalinidade, o<br />

oxigênio dissolvido da água e o teor de matéria orgânica do sedimento são as variáveis<br />

ambientais que mais influenciaram na distribuição e ocorrência das larvas de odonata no Rio<br />

Caçador.<br />

Ravanello (2004) estudou a ocorrência dos gêneros de Odonata no rio Lajeado São<br />

José, relacionando a densidade e diversidade dos gêneros encontrados com os fatores<br />

físicoquímicos da água e tipo de substrato e comparou a eficiência dos métodos de coleta<br />

utilizados. Foram identificadas 344 náiades de Odonata distribuídas em sete famílias e 16<br />

gêneros, sendo as famílias: Libellulidae, Gomphidae, Aeshnidae, Coenagrionidae,<br />

Megapodagrionidae, Calopterygidae e Protoneuridae. A família libellulidae foi a que<br />

apresentou maior número de gêneros: Perithemis, Erythrodiplax, Dasythemis, Dythemis,<br />

Orthemis. As variáveis abióticas que mais influenciaram na distribuição das náiades foram<br />

textura granulométrica do rio, teor de matéria orgânica no sedimento, oxigênio dissolvido e<br />

condutividade elétrica.<br />

A dieta e o grupo trófico de uma assembléia de insetos aquáticos foi estudada em um<br />

riacho tropical. Os gêneros de algumas ordens de insetos, como Lepidoptera, Ephemeroptera,<br />

Plecoptera, Odonata e Hemiptera, apresentaram especialização alimentar. Por outro lado, as<br />

ordens Trichoptera, Coleoptera e Diptera mostraram grande variação na dieta, com gêneros de<br />

diferentes grupos tróficos. Alguns gêneros das ordens Trichoptera, Lepidoptera, Coleoptera e<br />

Diptera apresentaram variação sazonal na dieta relacionada a mudanças na composição da<br />

comunidade e à dieta generalista desses gêneros. Entretanto, a comparação sazonal de grupos<br />

tróficos não mostrou diferenças estatísticas significativas. A grande importância da matéria


30<br />

orgânica, um recurso não limitado, na dieta dos insetos aquáticos no Ribeirão do Atalho pode<br />

ser a explicação para a estabilidade da organização trófica dessa comunidade. As odonatas<br />

apresentaram-se como estritamente carnívoras alimentando-se de insetos aquáticos e<br />

anelídeos com o maior número de gêneros; são predadores especializados e se alimentam de<br />

presas de diferentes tipos e tamanhos (MOTTA e UIE<strong>DA</strong>, 2004).<br />

4. MATERIAL E MÉTODOS<br />

4.1 Material vegetal<br />

Os frutos do cinamomo Melia azedarach L. (Família Meliaceae) foram coletados na<br />

propriedade rural do Sr. André Colombi situada no município de Guatambu-SC e localizada a<br />

27º 06’ 34.24” S e 52º 42’ 39.65” O (Figura 5). As folhas do timbó, Ateleia glazioviana são<br />

provenientes do campus da UNOCHAPECÓ situado na cidade de Chapecó-SC e localizado a<br />

27º 05’ 35.23” S e 52º 39’ 52” O.<br />

Figura 5 - Em primeiro plano dois exemplares do cinamomo, Melia azedarach, na<br />

propriedade do Sr. André Colombi – Guatambu-SC.<br />

4.2 Preparo dos extratos e adsorção dos extratos vegetais e metil paration em sílica gel<br />

Os frutos do cinamomo, Melia azedarach (1,34 kg) e folhas do timbó, Ateleia<br />

glazioviana (0,30 kg), foram secos a temperatura de 40ºC e submetidos à maceração com<br />

etanol por 7 dias em um percolador e homogeneizados em intervalos de 24 horas. Para os<br />

frutos de cinamomo foram preparadas duas extrações, com 555,72 e 784,28 g em 2 L de<br />

etanol cada uma. Após este período, os macerados foram filtrados, recolhidos e concentrados


31<br />

em evaporador rotatório sob pressão reduzida, obtendo-se os extratos etanólicos brutos de<br />

cinamomo (EAC) 57,67 g e do timbó (EAT) 13,58 g.<br />

Para a realização dos testes biológicos tanto o EAC, EAT como o metil paration (MP)<br />

(adquirido no comércio local com a marca comercial Folisuper®) foram adsorvidos em sílica<br />

Gel 60 F 254 (Merck) em um evaporador rotatório com pressão reduzida para uma completa<br />

homogeneização e retirada total dos solventes, os quais foram diclorometano para os extratos<br />

e etanol para o metil paration. Foram adsorvidos 27,67 g do EAC em 200 g de sílica gel e 89<br />

µL do MP e 13,58 g do EAT em 100 g de sílica gel.<br />

4.3 Análise fitoquímica e separação dos compostos<br />

A obtenção dos extratos semi purificados foi acompanhada por cromatografia de<br />

camada delgada (CCD) para identificação do perfil cromatográfico e identificação dos<br />

eluentes para uma melhor separação dos compostos (MARINI-BETTÓLO et al., 1981 apud<br />

YUNES e CALIXTO, 2001). Para estes procedimentos foram utilizadas placas de sílica Gel<br />

60 F 254 (Merck) como fase estacionária, e como eluentes misturas de diferentes proporções<br />

com os solventes: hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol.<br />

Para revelar as diferentes classes de compostos foram utilizados reveladores<br />

específicos como: anisaldeído sulfúrico para terpenóides e esteróides, Dragendorff para<br />

alcalóides, cloreto férrico (3%) para flavonóides e taninos e raios UV para cumarinas<br />

(YUNES e CALIXTO, 2001).<br />

O EAC adsorvido em sílica foi cromatografado em uma coluna aberta (CC)<br />

(Hostettmann et al., 1997 apud Yunes e Calixto, 2001) empacotada com hexano (Hx) 100% e<br />

sílica Gel 60 F 254 (Merck). No topo da mesma foi adicionado em forma de pastilha 100 g da<br />

sílica com o EAC. Os eluentes hexano, diclorometano, acetato de etila (AE) e etanol foram<br />

utilizados em um gradiente de polaridade crescente de 5 em 5% (Figura 6). Após a separação,<br />

os mesmos foram removidos com o auxílio de um rotoevaporador a pressão reduzida. Os<br />

compostos presentes em cada fração obtida foram analisados por cromatografia de camada<br />

delgada (CCD).<br />

Uma nova CC foi realizada com o EAC adsorvido em sílica utilizado nos testes<br />

biológicos. Foram utilizados 250 mL de cada eluente (hexano, diclorometano, acetato de etila<br />

e etanol) em um gradiente de polaridade crescente. A mudança de polaridade entre os eluentes<br />

deu-se lentamente com adição de 5 em 5% do eluente com maior polaridade. Os eluentes mais<br />

os produtos carreados nas CC foram recolhidos por gotejamento em frascos de 10 mL e


32<br />

numerados sequencialmente. Posteriormente, os compostos presentes em cada um destes<br />

frascos foram analisados por CCD dando origem a subfrações semelhantes.<br />

Cinamomo<br />

(Melia azedarach)<br />

Timbó<br />

(Ateleia glazioviana)<br />

Extração alcoólica<br />

Obtenção dos extratos<br />

brutos<br />

Testes biológicos in vitro<br />

Extrato de<br />

Hexano<br />

Extrato de<br />

Diclorometano<br />

Extrato de<br />

Acetato de Etila<br />

Extrato de<br />

Etanol<br />

Figura 6 - Esquema metodológico para obtenção dos extratos alcoólicos brutos e semi<br />

purificados.<br />

4.4 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados<br />

Os compostos isolados foram identificados por métodos espectroscópicos usuais. Foi<br />

utilizada técnica de Ressonância Magnética de Hidrogênio (RMN- 1 H) e carbono (RMN- 13 C),<br />

realizados em colaboração com o professor Dr. Franco Delle Monache (CNR/Roma), e com o<br />

professor Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI). O ponto de fusão das substâncias foi determinado e<br />

comparado com dados disponíveis na literatura.<br />

4.5 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />

(Cyprinus carpio).<br />

4.5.1 Localização e preparo dos viveiros<br />

Na região Oeste de Santa Catarina o período de criação de alevinos , ocorre entre os<br />

meses de setembro a março de cada ano. Cada lote de alevinos é mantido nos viveiros por<br />

aproximadamente 45 a 60 dias.<br />

A pesquisa das larvas de odonata associadas aos viveiros de alevinagem de carpa<br />

comum (Cyprinus carpio) ocorreu em uma propriedade particular, produtora de alevinos,<br />

situada a 27º04`12`` S e 52º42`28``O, localizada na Região Oeste de Santa Catarina, na<br />

cidade de Chapecó-SC, de 30 de outubro a 29 de dezembro de 2007. O preparo dos viveiros<br />

foi realizado através de calagem de fundo utilizando 200 g m -2 de calcário dolomítico e


33<br />

adubação orgânica com 100 g m -2 de cama de aviário peneirada. O três viveiros amostrados<br />

possuem área superficial de 500, 505 e 510 m 2 , respectivamente viveiros 1, 2 e 3. O objetivo<br />

deste tratamento é propiciar o desenvolvimento de fito e zooplâncton, buscando-se otimizar a<br />

produção de rotíferos, pois possuem tamanho ideal para a primeira alimentação das póslarvas,<br />

além de alto valor nutritivo. A utilização de calcário (CaCO 3 ) mantém em bom nível a<br />

reserva alcalina dos viveiros para que o pH oscile dentro de uma faixa segura para a<br />

manutenção de uma boa qualidade de água e é uma fonte importante de carbono inorgânico<br />

para uma produção primária intensa (BOYD, 1982). O enchimento dos viveiros foi realizado<br />

durante dois dias com água oriunda de outros viveiros previamente fertilizados para que<br />

houvesse uma rápida floração do plâncton.<br />

As pós-larvas de carpa comum (Cyprinus carpio), oriundas do laboratório de<br />

reprodução induzida onde foram alimentadas com ração em pó com 56% de proteína bruta<br />

durante dois dias foram estocadas a uma densidade de 200 pós-larvas m -2 , permanecendo nos<br />

viveiros até o final da coleta das larvas de odonata, quando então foi realizada a despesca total<br />

e comercialização dos alevinos.<br />

4.5.2 Amostragem das larvas de odonata<br />

As larvas foram coletadas nos três viveiros de alevinagem descritos, através de um<br />

coletor de arrasto de fundo (APHA, 1998) com malha de 300 µm. Os arrastos foram<br />

padronizados nos três viveiros em três minutos em cada lateral (taludes ao longo do eixo<br />

longitudinal dos viveiros) e uma no centro do viveiro, com periodicidade quinzenal ao longo<br />

do período de alevinagem dos viveiros amostrados (Figura 7). Em campo as amostras foram<br />

pré triadas e as larvas foram colocadas em sacos plásticos com água do próprio viveiro e<br />

transportadas vivas até o laboratório. O restante do sedimento foi acondicionado em sacos<br />

plásticos e levado imediatamente ao laboratório onde foi lavado em um jogo de peneiras com<br />

malhas de 3,0, 2,0 e 1,0 mm, e as larvas encontradas acondicionadas em álcool 70%.<br />

Posteriormente as larvas foram identificadas ao nível gênero com o auxílio da chave de<br />

identificação publicada por Costa et al., 2004.<br />

Os dados foram analisados através dos seguintes índices:<br />

Dominância de Berger e Parker: Considera a maior proporção da espécie com o<br />

maior número de indivíduos.


34<br />

Onde: é o número de indivíduos da espécie mais abundante e é o número<br />

total de indivíduos da amostra<br />

Diversidade específica de Shannon-Winer: A diversidade de espécie refere-se à<br />

variedade de espécies de organismos vivos de uma determinada comunidade, habitat ou<br />

região.<br />

Onde é o número de indivíduos na i-nésima espécie; é o número total de<br />

indivíduos<br />

Riqueza de espécies Jackknife 1 a ordem: A riqueza refere-se à abundância numérica<br />

de uma determinada área geográfica, região ou comunidade.<br />

Onde é o número de espécies observadas; é o número de espécie que está<br />

presente em somente um agrupamento (espécie de agrupamento) e<br />

é o número de<br />

agrupamentos que contém i esima espécie de um agrupamento.<br />

Equitabilidade: refere-se ao padrão de distribuição de indivíduos entre as espécies,<br />

sendo proporcional à diversidade, exceto se houver codominância de espécie.<br />

Onde:<br />

é o índice de Shanon-Wiener e H max’ é dado pela seguinte expressão<br />

onde s é o número de espécies amostradas.<br />

Concomitante às amostragens das larvas de Odonata, foram mensuradas as variáveis<br />

físicoquímicas da água como, temperatura (através de medidor de temperatura digital), pH<br />

(pHmetro digital), condutividade elétrica (condutivímetro digital) e oxigênio dissolvido<br />

(oxímetro digital).


35<br />

Figura 7 – Viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />

4.6 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas<br />

de Odonata.<br />

4.6.1 Avaliação do controle das larvas de odonata com MP<br />

Os testes biológicos foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />

UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizados<br />

aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x 10<br />

cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com água<br />

de abastecimento local proveniente de um poço tubular profundo. Os aquários foram<br />

preparados com 0,5 cm de areia sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma<br />

hora. As concentrações dos tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida<br />

com o MP ou o EAC, em seguida aplicados sobre o substrato de areia e colocado água. Para<br />

testar a eficiência da utilização da sílica no fundo dos recipientes, foi utilizado primeiramente<br />

o MP, organofosforado largamente utilizado na piscicultura para controle de larvas de insetos.<br />

As larvas de odonata, Neuraeschna sp. (Família Aeshnidae), provenientes de um<br />

viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio) foram coletadas e levadas<br />

imediatamente ao laboratório em um recipiente com água do próprio viveiro, onde foi medido<br />

o comprimento total, a biomassa e aclimatadas no laboratório em um período de 24 horas<br />

anterior aos testes. Para a realização dos testes as larvas foram individualizadas e distribuídas<br />

aleatoriamente nos aquários previamente preparados e expostas a concentrações crescentes de<br />

paration metílico adsorvidos em sílica, e ao tratamento controle com cinco repetições. Foram


36<br />

realizados testes preliminares com metil paration nas concentrações 5,0; 2,0; 1,0 e 0,50 mg L -<br />

1 . Os testes definitivos foram realizados nas concentrações de 0,50; 0,25; 0,13 e 0,06 mg L -1 .<br />

As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />

registrando-se o número de larvas mortas em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />

água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade elétrica foram obtidos<br />

durante as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.<br />

4.6.2 Avaliação do controle das larvas de odonata com EAC e EAT<br />

Os testes biológicos foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />

UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram utilizados<br />

aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x<br />

10cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com<br />

água de abastecimento local proveniente de um poço tubular profundo. Os aquários foram<br />

preparados com 0,5 cm de areia sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma<br />

hora. As concentrações dos tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida<br />

com o EAC e EAT, em seguida aplicados sobre o substrato de areia e colocado água.<br />

As larvas de odonata, Neuraeschna sp. (Família Aeshnidae), provenientes de um<br />

viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio) foram coletadas e levadas<br />

imediatamente ao laboratório em um recipiente com água do próprio viveiro, onde foi medito<br />

o comprimento total, pesadas e aclimatadas no laboratório em um período de 24 horas anterior<br />

aos testes. Para a realização dos testes as larvas foram individualizadas e distribuídas<br />

aleatoriamente nos aquários previamente preparados e expostas a concentrações crescentes do<br />

EAC adsorvido em sílica, e ao tratamento controle com cinco repetições.<br />

Para avaliar o efeito dos extratos sobre as larvas foram conduzidos testes preliminares<br />

com o EAC e EAT com três tratamentos nas seguintes concentrações: 5,0; 2,0 e 1,0 mg L -1 ,<br />

pois não é conhecido o efeito dos extratos sobre as larvas de odonata. Os testes definitivos<br />

foram realizados somente com o EAC, pois o EAT não apresentou atividade biológica, em<br />

quatro tratamentos nas concentrações de 2,0; 1,0; 0,5 e 0,25 mg L -1 .<br />

As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />

registrando-se o número de larvas mortas em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />

água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade elétrica foram obtidos<br />

durante as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.


37<br />

4.7 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />

Os testes com alevinos de carpa comum foram realizados no Laboratório de Ecologia<br />

e Química da UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram<br />

utilizados aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de<br />

largura x 10 cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos<br />

com água de um poço tubular profundo. Os aquários foram preparados com 0,5 cm de areia<br />

sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma hora. As concentrações dos<br />

tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida com o EAC, em seguida<br />

aplicados sobre o substrato de areia e colocado água.<br />

Os alevinos de carpa comum (Cyprino carpio), oriundos de uma propriedade rural<br />

produtora de alevinos na Linha Simonetto, interior de Chapecó-SC, obtidos através de<br />

reprodução induzida estavam com quinze dias de permanência em um viveiro de terra onde se<br />

alimentavam de plâncton e ração balanceada em pó. Após tomada das medidas de<br />

comprimento e peso foram distribuídos aleatoriamente três alevinos por aquário previamente<br />

preparados e expostos às concentrações crescentes de EAC adsorvidos em sílica de 2,0; 1,0;<br />

0,50 e 0,25 mg L -1 , e ao tratamento controle com cinco repetições.<br />

As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />

registrando-se o número de alevinos vivos em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />

água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade foram obtidos durante<br />

as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.<br />

4.8 Testes de predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de<br />

Odonata com e sem exposição ao EAC<br />

Os testes de predação de alevinos de carpa comum (Cypriuns carpio) por larvas de<br />

odonata (Neuraeschna sp.) foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />

UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram utilizados<br />

aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x 10<br />

cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com água<br />

de um poço tubular profundo. Os aquários foram preparados com 0,5 cm de areia sobre o<br />

fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma hora. A determinação da concentração<br />

do EAC foi realizada através da pesagem da sílica adsorvida com o extrato e em seguida<br />

aplicada sobre o substrato de areia e colocado água.<br />

Os alevinos de carpa comum (Cyprino carpio), oriundos de uma propriedade rural<br />

produtora de alevinos na Linha Simonetto, interior de Chapecó-SC e as larvas de odonata


38<br />

(Neuraeschna sp.) foram coletados simultaneamente no mesmo viveiro de terra. Os alevinos<br />

utilizados, obtidos através de reprodução induzida estavam com quinze dias de permanência<br />

neste viveiro onde se alimentavam de plâncton e ração balanceada em pó. Os alevinos de<br />

carpa comum foram coletados com um puçá e as larvas de odonata através de um coletor de<br />

fundo com malha de 300µ. Foram levados imediatamente ao laboratório, em água do próprio<br />

viveiro com aeração quando então foram tomadas as medias de comprimento e peso tanto dos<br />

alevinos quanto das larvas de odonata e aclimatados por 24 horas. Para o início dos testes<br />

foram distribuídos aleatoriamente três alevinos e uma larva de odonata por aquário<br />

previamente preparados. Foram testados dois tratamentos, um com a exposição das larvas ao<br />

EAC adsorvido em sílica e outro sem exposição ao extrato. A concentração do EAC foi de<br />

0,375 mg L -1 calculada previamente durante os testes de toxicidade.<br />

As larvas de odonata foram colocadas nos aquários uma hora antes dos alevinos,<br />

momento caracterizado como início do experimento. Durante o experimento foram efetuadas<br />

contagens a cada três horas dos alevinos remanescentes (vivos) em cada unidade<br />

experimental, sendo repostos os alevinos consumidos de modo que permaneceram três<br />

alevinos de carpa após cada contagem. Os dados da temperatura da água, concentração de<br />

oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade foram obtidos durante as avaliações, com<br />

oxímetro , pHmetro e condutivímetro digitais.<br />

Para análise estatística foram utilizados os dados das somas dos alevinos consumidos<br />

durante o período experimental e submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade.<br />

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

5.1 Análise fitoquímica do EAC<br />

O EAC com os frutos do cinamomo apresentou um rendimento de 4,3% e o EAT com<br />

um rendimento de 14,5 % calculado sobre a massa seca das folhas de timbó utilizadas na<br />

extração de 93,15 g. Como os resultados preliminares com o EAT adsorvido em sílica não<br />

apresentaram atividade biológica deu-se prosseguimento na análise fitoquímica e aos testes<br />

biológicos restantes com o EAC.<br />

A partir do EAC realizou-se o particionamento com solventes de polaridade crescente<br />

onde foram obtidas as frações do hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol. Foram<br />

montadas duas colunas, cada uma com 50 g de sílica gel eluída em hexano e adicionada uma<br />

pastilha com massa total de 15 g e uma concentração de 13,83 % do EAC adsorvido em sílica,<br />

portanto 2,08 g de EAC por pastilha.


39<br />

Na análise fitoquímica as frações de hexano (Hx), diclorometano, acetato de etila e<br />

etanol mostraram resultados positivos para terpenos e esteróides. As frações do<br />

diclorometano, acetato de etila e etanol também mostraram resultados positivos para<br />

cumarinas quando revelados com raios UV. Em todas as frações não houve resultado positivo<br />

para flavonóides quando revelados com cloreto férrico 3% (FeCl 3 ). Para alcalóides houve<br />

resultado positivo na fração do acetato de etila quando revelado com a solução de<br />

Draggendorf e para taninos não foi evidenciada presença em nenhuma das frações obtidas<br />

(Tabela 1).<br />

Dominguez et al. (1958), não encontraram a presença de alcalóides em extratos de<br />

éter de petróleo e etanol nos frutos de Melia azedarach revelados com a solução de<br />

Draggendorf, mas obtiveram resultado positivo com extrato aquoso, e resultado negativos<br />

foram encontrados para flavonóides e taninos. Patil et al. (2003), evidenciaram a presença de<br />

alcalóides e flavonóides em fração etanólica dos frutos de Melia azedarach.<br />

Tabela 1. Análise fitoquímica do EAC através de cromatografia em camada delgada<br />

(CCD).<br />

Terpenos Flavonóides Cumarinas Alcalóides Taninos<br />

Hx + - - - -<br />

Diclorometano + - + - -<br />

AE + - + + -<br />

Etanol + - + - -<br />

+ presente; - ausente<br />

5.2 Separação dos compostos<br />

A cromatografia em coluna é usada para separar compostos de uma mistura. É uma<br />

técnica de partição entre duas fases, sólida e líquida, baseada na capacidade de adsorção e<br />

solubilidade. O acompanhamento dos extratos semi-purificados através de cromatografia de<br />

camada delgada (CCD) é usada como uma técnica qualitativa, na verificação do grau de<br />

pureza de um composto ou na determinação do número de componentes de uma mistura<br />

(YUNES e CALIXTO, 2001).<br />

A análise fitoquímica além de revelar parcialmente as classes das substâncias<br />

presentes em cada fração analisada, permite ainda selecionar os melhores eluentes para<br />

realização das CC. Como o cinamomo é uma fonte importante de terpenos foi dada especial<br />

atenção a analise desta classe de composto.


40<br />

As subfrações aplicadas em placas de CCD quando reveladas com anisaldeído para<br />

terpenos e esteróides e que indicaram a presença de somente um composto foram:<br />

diclorometano (DCM) 30,0 mg; DCM/AE (95:5) 40,0 mg; DCM/AE (80:20) 70,0 mg;<br />

DCM/AE (60:40) 70,0 mg; DCM/AE (50:50) 30,0 mg; Hx/AE (88:12) 30,0 mg e Hx/AE<br />

(60:40). Após determinação do pondo de fusão foram enviadas para posterior identificação.<br />

5.3 Identificação das frações A1 e A2, isoladas do EAC adsorvido em sílica através de<br />

Ressonância Magnética (RMN)<br />

Foram identificados dois compostos das frações denominadas A1 e A2. A fração A1<br />

foi obtida com o eluente DCM (100 %), e a A2 com o eluente DCM/AE (60:40). Na primeira<br />

foi identificada o ácido linoléico (Figura 8); e na segunda, o triterpenóide melianona (Figura<br />

9). As massas e rendimentos obtidos foram de 40 mg - 1,1% e 70 mg - 2,0% para A1 e A2,<br />

respectivamente. A fração A2 formou cristais incolores e o ponto de fusão determinado foi de<br />

166-168 ºC. Segundo Nakanish et al. (1986) o ponto de fusão da melianona é de 214-215ºC, a<br />

diferença pode ter ocorrido devido a impurezas na amostra.<br />

Na análise de RMN para a fração A1 observou-se nos espectros de próton – H 1 -RMN<br />

(Figuras 10 e 11) sinal intenso em 5.34 e 5.36 (devido aos -CH=CH- cis); triplete a 2.31<br />

(devido ao -CH2- em alfa ao -COO-); triplete em 0.88 (devido ao Me terminal; triplete em<br />

1.59 (devido ao -CH2- em beta a -COO-); sinal intenso no intervalo 1.25 e 1.41, devido a -<br />

(CH2)n; multiplete em 2.00, devido aos -CH2- alílicos; multiplete em 2.75, devido aos -CH2-<br />

duplamente alílicos; e no espectro carbono: C 13 -RMN (Figuras 12 e 13): Sinal 14.1 Me<br />

terminal; sinal em 34,2 devido ao -CH2- alfa ao Me (C-2); em 29,9 devido ao CH2 beta ao<br />

Me; em 31,9 sinal carbono alfa ao -COO- (C-2); A cadeia -C(9)=C(10)-CH2-C(12)=C(13)- da<br />

4 sinais; 128.0/127.9 para C-9 e C-10, 130/129,7 para C-12 e C-13 . Sinal a 27.2 (CH2<br />

alílicos) e a 25.0 (CH2 duplamente alílico).<br />

18<br />

13<br />

12<br />

10<br />

9<br />

5<br />

3<br />

C<br />

1<br />

O<br />

OH<br />

Ácido cis,cis-9,12-octadecadienóico (ÁCIDO LINOLEICO)<br />

Figura 8 – Estrutura química do ácido linoléico.<br />

Enquanto os animais utilizam as gorduras para a armazenagem de energia, as plantas<br />

as utilizam principalmente para armazenar carbono. Gorduras e óleos são formas importantes<br />

de armazenagem de carbono reduzido em muitas sementes. Os ácidos graxos em plantas são


41<br />

normalmente ácidos carboxílicos de cadeia reta com um número par de átomos de carbono.<br />

As cadeias de carbono podem ser tão curtas quanto de 12 unidades ou tão longas quanto de<br />

20, mas mais comumente elas têm 16 ou 18 carbonos de extensão. Os principais ácidos<br />

graxos insaturados nos lipídeos vegetais são os ácidos oléico (18;1), linoléico (18:2) e<br />

linolênico (18:3). Estão presentes também nas membranas biológicas que são bicamadas de<br />

fosfolipídios que contém proteínas. Visto que os vegetais não podem regular a temperatura<br />

dos seus corpos, eles frequentemente enfrentam o problema de manter a fluidez da membrana<br />

sob condições de baixas temperaturas, as quais tendem a aumentar a compactação da mesma.<br />

Assim, os fosfolipídios vegetais apresentam um alto percentual de ácidos graxos insaturados,<br />

como o ácido oléico, ácido linoléico e α-linolênico que aumentam a fluidez da membrana<br />

(TAIZ, L. 2004). Vivan (2005) cita ainda óleos, glicerídeos de ácido palmítico, oléico,<br />

linoléico e esteárico, vanilina, ácido vanílico e azadiractina como principais compostos<br />

presentes nos frutos e sementes de Melia azedarach.<br />

Através da análise de RMN da fração A2 (Figuras 14, 15 e 16) observou-se no<br />

espectro de próton – H 1 -RMN: δ: 5.38 (triplete) e 5.37 (m); 5.32, 3.92 (multiplete) e 3.87<br />

(multiplete), 2.86 (multiplete) e 2.72 (multiplete) e nove sinais singletes 1.33, 1.31, 1.31, 1.11,<br />

1.04, 1.02, 1.01, 0,89 e 0.85 (totalizando 21H, 7 grupos metila). (Os sinais de ambos os<br />

espectros, de próton e do carbono, foram comparados com os espectros obtidos por<br />

Nakanishi, et. al. (1986) na identificação do triterpenóide melianona em extratos alcoólicos<br />

dos frutos de Melia toosendan. Análise do espectro de carbono C 13 -RMN da melianona<br />

(Figuras 17, 18 e 19) encontra-se na Tabela 2.<br />

R<br />

O<br />

O<br />

O<br />

R= H, OH - Epímero<br />

Figura 9 - Estrutura química do triterpeno Melianona (C 30 H 26 O 4 ).<br />

A estrutura química da melianona, triterpenos tetracíclicos foi isolada e identificada<br />

por Lavie et. al. (1967), a partir do extrato de frutos de Melia azedarach.


42<br />

Protolimonóides são considerados os precursores biogenéticos dos limonóides. Vários<br />

protolimonóides foram isolados das folhas e frutos do neem (Azadirachta indica): das folhas e<br />

óleo, melantriol; dos frutos frescos, melianona, este o maior constituinte de Melia azedarach e<br />

nimolinone, das folhas verdes nimbocinone, das camadas do fruto e folhas, limocinol,<br />

limocinone e kulactone (POLONSKY, et. al., 1977).<br />

Su et. al. (1990), avaliando os compostos fagoinibidores do fruto de Phellodendron<br />

chinese com ação sobre Reticulitermes speratus encontrou que o composto melianona<br />

mostrou atividade de inibição alimentar na concentração de 100 µg/disco, sendo mais intenso<br />

em altas dosagens (1000 µg/disco). Matias (apud FALBO et al., 2008, p. 882) cita a presença<br />

dos metabólitos triterpenóides melianona, melianol e meliantriol no fruto de Melia azedarach<br />

e que apresentam atividade anti-helmíntica.<br />

Biavatti (apud, WESTERNON, 2006, p. 24) confirmou a atividade citotóxica do<br />

protolimonóide, melianona, no biomonitoramento com microcrustáceo Artemia Salina.<br />

Melantriol e melianona são os principais compostos presentes nos frutos do gênero<br />

Melia, encontrando-se também presentes cinnamoylmelianolone e melianol (RANA, 2008,<br />

POLONSKY et al., 1977).<br />

Melantriol isolado do óleo do neem e dos frutos frescos de Melia azedarach mostrou<br />

forte ação fagoalimentar no gafanhoto do deserto Schistocerca gregária, na concentração de 8<br />

µg cm -2 . Também foi relatada ação fagoalimentar da melianona sobre Epilachna varivestis<br />

(SCHWINGER et. al., apud INTRODUCTION, [199-], pag. 9).<br />

Tabela 2. Dados do espectro C 13 -RMN do composto A2<br />

Carbono Deslocamento Carbono Deslocamento Carbono Deslocamento<br />

(ppm)<br />

(ppm)<br />

(ppm)<br />

C-1 38.46 C-11 17.71 C-21 101.83; 97.80<br />

C-2 35.10 C-12 35.18 C-22 31.51; 31.31<br />

C-3 216.89 C-13 43.76; 43.58 C-23 78.46; 77.01<br />

C-4 47.87 C-14 50.78; 50.42 C-24 67.74; 65.34<br />

C-5 52.43; 52.37 C-15 34.26 C-25 58.06; 57.28<br />

C-6 23.25 C-16 27.47; 27.32 C-26 25.01; 24.91<br />

C-7 118.2; 118.09 C-17 47.06; 45.23 C-27 19.41; 19.18<br />

C-8 145.74; 145.57 C-18 12.74 C-28 24.38<br />

C-9 40.60; 48.38 C-19 24.52 C-29 21.56<br />

C-10 34.89 C-20 33.8; 31.69 C-30 22.62


Figura 10 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1<br />

43


Figura 11 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 (continuação)<br />

44


Figura 12 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1<br />

45


Figura 13 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 (continuação).<br />

46


Figura 14 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2<br />

47


Figura 15 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação).<br />

48


Figura 16 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação).<br />

49


Figura 17 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2<br />

50


Figura 18 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação).<br />

51


Figura 19 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação).<br />

52


53<br />

5.4 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />

(Cyprinus carpio)<br />

São raros os trabalhos na região Oeste de Santa Catarina quanto à diversidade das<br />

larvas de Odonata em viveiros de piscicultura. Klaus (2004), em um estudo que identificou as<br />

náiades de odonata em tanques de piscicultura no município de São Carlos-SC, encontrou em<br />

quatro tanques avaliados 5 famílias e 13 gêneros. Os mais frequentes foram da família<br />

Libellulidae: Orthemis com 38,18%, Perithemis, 30,18% e Erythrodiplax, 24%.<br />

Na compilação de outros dois trabalhos realizados no Oeste de Santa Catarina,<br />

Gabiatti (2003) e Ravanello (2004), encontraram 26 gêneros distribuídos em seis famílias<br />

(RAVANELLO, 2004).<br />

Os gêneros encontrados na estação produtora de alevinos na Linha Simonetto em<br />

Chapecó-SC, pertencem à família Aeshnidae: Limnetron, Neuraeschna e Rhionaeshna e à<br />

família Libellulidae: Anatya; Dythemis; Erythrodiplax; Micrathyria; Nephepeltia; Orthemis;<br />

Pantala e Tramea.<br />

Nos três viveiros monitorados nesta pesquisa foram encontradas um total de 126 larvas<br />

(INSECTA: ODONATA) da subordem Anisoptera, 80 larvas pertencentes à família<br />

Aeshnidae e 46 à Libellulidae. Embora com maior número de larvas amostradas, a família<br />

Aeshnidae foi representada por somente três gêneros, Neuraeschna com 72, Rhionaeshna com<br />

6 e Limnetron com duas larvas. Neuraeschna e Rhionaeshna foram os únicos gêneros que<br />

ocorreram nos três viveiros. Da família Libellulidae ocorreram oito gêneros e 46 larvas.<br />

Do total das larvas amostradas, as pertencentes ao gênero Neuraeschna representaram<br />

57,14%. Erythrodiplax, Orthemis e Micrathyrya foram as mais abundantes das Libellulidae<br />

com 14,29, 8,73 e 6,35%, respectivamente. Os demais gêneros foram mais raros, dentre eles:<br />

Anatya (2,38%), Dythemis (1,59%), Nephepeltia (1,59%) e Tramea (1,59%). Todas as larvas,<br />

exceto Dythemis (descrita por habitar ambientes lóticos), são descritas por habitarem<br />

ambientes lênticos, incluindo-se tanques de piscicultura (COSTA et. al., 2004). Nos três<br />

viveiros monitorados, as larvas de Neuraeschna ocorreram 15 dias após o alagamento dos<br />

mesmos com comprimento total de até 3,0 cm e, no final das coletas, apresentavam-se com as<br />

tecas alares bem desenvolvidas e em fase de emergência. Segundo Costa et. al. (2004), a<br />

Neuraeschna é uma larva de porte grande (49-51mm), apresentando o dorso do abdômen liso<br />

e vértex sem tubérculo. Na figura 21 um imago de Neuraeschna, a emergência ocorreu no<br />

laboratório.<br />

A diversidade refere-se à variedade de espécies de organismos vivos de uma<br />

determinada comunidade, habitat ou região. O viveiro 1, com 10 gêneros, apresentou a maior


54<br />

diversidade (H’), seguido por ordem decrescente os viveiros 3 e 2, respectivamente (Figura<br />

20).<br />

A riqueza, que se refere à abundância numérica de uma determinada área geográfica,<br />

região ou comunidade, diferiu significativamente entre os viveiros e entre os taludes (p


55<br />

dos machos, apresentam o triângulo anal formado por 2-4 células. Os adultos, figura 22, são<br />

facilmente reconhecidos pela semelhança entre os triângulos das asas anteriores e posteriores,.<br />

ocorrendo em ambientes lênticos, habitando poças d´água e brejos (COSTA et. al., 2000;<br />

COSTA et. al., 2004).<br />

Santos et. al. (1988), estudando a ocorrência desta família em tanques de piscicultura<br />

com os taludes em concreto, encontrou as seguintes espécies: Coryphaescha luteipennis,<br />

Burmeister, 1839, Anax amasili, Burmeister, 1839, Anax concolor Brauer, 1865 e<br />

Castoraeshna, Martin, 1908.<br />

A família Libellulidae agrupa a maioria das espécies de Odonata e as mais<br />

frequentemente encontradas entre os Anisoptera, são amplamente distribuídos no Brasil<br />

(COSTA et al., 2000). As larvas não têm ovopositor e desovam na superfície da água,<br />

raspando o abdômen e soltando os ovos (postura exofítica), daí o nome vulgar de<br />

“lavabunda”. As que melhor se adaptaram aos tanques de piscicultura, com as paredes de<br />

concreto e sem plantas nas margens ou flutuantes são: Pantala flavescens Fabricius, 1798,<br />

Tramea cophysa Hagen, 1867, Miathyrya marcella Selys, 1857, Perithemis mooma Kirby,<br />

1889 e outras dos gêneros Micrathyria sp. e Erythrodiplax sp. Nestas condições, há falta de<br />

substrato para postura das Aeshnidae (SANTOS, et. al., 1988). Fonseca et al. (2004),<br />

pesquisou as espécies de Odonata presentes em duas estações de piscicultura em Minas Gerais<br />

através da captura de ninfas e adultos. As larvas encontradas foram Pantala flavescens<br />

(Fabricius, 1978), Brachymesia furcata (Hangen, 1861) e Perithemis mooma (Kirby,1889),<br />

entre as adultas Pantala flavescens (Fabricius, 1978), Erytthrodiplax fusca (Rambur, 1842) e<br />

Perithemis mooma (Kirby,1889).<br />

O comportamento das odonatas de se distribuírem nas bordas dos viveiros, ou seja,<br />

nos taludes próximos às margens, torna especialmente expostos à predação pós-larvas de<br />

peixes que habitam estas áreas, em busca de alimento e temperaturas adequadas.<br />

Cabe ressaltar que durante o monitoramento realizado não foi encontrada nenhuma<br />

larva de Pantala flavescens (Fabricius, 1978), mas, durante coletas esporádicas a mesma foi<br />

capturada no final do mês de fevereiro e início de março de 2008 e 2009 em viveiros cujas<br />

despescas já haviam sido realizadas.<br />

Um aspecto importante do comportamento das larvas de odonata é o canibalismo. As<br />

larvas da família Aeshnidae são muito predadoras e atingem o maior porte entre as odonatas<br />

brasileiras (SANTOS et. al., 1988). Provavelmente este comportamento predatório e as<br />

condições para uma postura exofítica sejam a respostas para a dominância das larvas da<br />

família Aeshnidae. Na tabela 3 encontram-se os valores das variáveis físicoquímicas da água


56<br />

aferidas nos três viveiros amostrados. Segundo Boyd (1982), encontram-se dentro da faixa<br />

considerada ideal para piscicultura.<br />

Tabela 3. Média e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água nos três viveiros<br />

amostrados.<br />

Viveiros<br />

Temperatura da água Oxigênio<br />

(ºC) Dissolvido (mg L -1 )<br />

pH<br />

1 24,12±2,00 7,97±2,49 6,88±0,48<br />

2 24,25±1,48 9,49±2,41 6,80±0,19<br />

3 25,20±0,89 6,59±3,00 6,71±0,23<br />

Figura 21 - Imago de Neuraeschna.


57<br />

Figura 22 - Neuraeschna adulta e exúvia.<br />

5.5 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas<br />

de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E)<br />

5.5.1 Avaliação do controle das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) com<br />

MP<br />

Nos testes preliminares a maior concentração testada foi de 10 vezes a concentração<br />

indicada para uso diretamente na água e a menor coincide com a concentração indicada por<br />

Woynarovich e Horvath (1981) e Garadi et. al. (1988). A razão desta diferença é porque não<br />

havia conhecimento de resultados anteriores com esta metodologia.<br />

Com 6 horas de exposição houve mortalidade nas concentrações de 5,0 e 2,0 mg L -1 de<br />

duas e uma larva respectivamente. O primeiro tratamento com mortalidade total foi na<br />

concentração de 5,0 mg L -1 às 12 horas de exposição, quando tiveram início mortalidades nos<br />

tratamentos 2,0 e 0,5 mg L -1 . Às 18 horas de teste os dois tratamentos com maior<br />

concentração apresentaram mortalidade total das larvas enquanto que nas concentrações de<br />

1,0 e 0,5 mg L -1 houve mortalidade de 80%. O experimento foi concluído às 24 horas com


58<br />

mortalidade total em todos os tratamentos exceto na concentração de 1,0 mg L -1 , onde<br />

permaneceu uma larva viva, porém não apresentava reação quando estimulada à predação.<br />

Na tentativa de encontrar uma concentração letal mínima foi dado prosseguimento aos<br />

testes biológicos com mais quatro tratamentos nas concentrações de 0,5; 0,25; 0,13 e 0,06 mg<br />

L -1 . O início da mortalidade deu-se às 12 horas de exposição com 60% e 50% nos tratamentos<br />

0,25 e 0,13 mg L -1 respectivamente, e 20% nos tratamentos 0,5 e 0,06 mg L -1 . Às 18 horas<br />

ocorreu mortalidade total das larvas em todos os tratamentos com exceção do tratamento 0,5<br />

mg L -1 . Ao final do experimento houve mortalidade de todas as larvas em todos os<br />

tratamentos (Figura 23). A CL 50-12h calculada neste estudo foi de 0,17 mg L -1 de metil paration<br />

(Tabela 5).<br />

100<br />

Porcentagem de larvas mortas<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0,5 mg/L<br />

0,25 mg/L<br />

0,13 mg/L<br />

0,06 mg/L<br />

Controle<br />

6 12 18 24<br />

Horas de exposição<br />

Figura 23 - Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA:AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />

diferentes concentrações do MP adsorvido em sílica.<br />

O metil paration é um potente inibidor de acetilcolinoesterase tendo um profundo<br />

efeito no sistema nervoso dos organismos expostos, causando excitação contínua levando à<br />

paralisia (EDWARDS e THOUNWOU, 2005; SANTOS, 2007). Os inseticidas<br />

organofosforados são utilizados, de modo geral na piscicultura em aplicação direta na água<br />

para o controle de odonatas e parasitas externos. A recomendação mais utilizada para o<br />

controle de larvas de odonata é de 0,5 mg L -1 de metil paration considerando para o cálculo de<br />

diluição todo o volume de água dos viveiros de piscicultura (WOYNAROVICH e


59<br />

HORVÁTH, 1981; GARADI et al., 1988; TAMASSIA, 1996). Não há nenhum estudo que<br />

indique qual a concentração deste organofosforado disponível para os insetos bentônicos e<br />

que possa ser comparado com este estudo.<br />

Com a incorporação no MP em sílica houve uma redução de 2,94 vezes da dose letal<br />

em relação à indicação técnica tradicional para o controle das odonatas. O resultado mais<br />

importante deste experimento foi a eficácia deste método de controle para que se possa dar<br />

prosseguimento ao trabalhos utilizando a sílica como base para a aplicação de produtos<br />

naturais (extratos vegetais) em substituição aos praguicidas sintéticos.<br />

Não houve diferença significativa (p


60<br />

Na tentativa de encontrar uma concentração letal mínima foi dado prosseguimento aos<br />

testes biológicos com mais quatro tratamentos 2,0 ; 1,0 ; 0,50 e 0,25 mg L -1 .<br />

No teste definitivo o tratamento de 2,0 mg L -1 confirmou o teste preliminar com início<br />

da mortalidade às 12 horas de exposição, nos demais iniciaram às 18 horas. Ao completar 24<br />

horas todas as larvas estavam mortas nos tratamentos 2,0 e 0,5 mg L -1 , 80% e 40% nos<br />

tratamentos 1,0 e 0,25 mg L -1 respectivamente. No tratamento de menor concentração, 0,25<br />

mg L -1 , às 30 horas de exposição, 60% das larvas estavam mortas, o que se repetiu até às 36<br />

horas quando foi encerrado o teste, pois as larvas remanescentes apresentavam-se com<br />

movimentos lentos e sem reflexos quando estimuladas à alimentação (Figura 24). Ao final do<br />

experimento as larvas do tratamento controle apresentavam-se com movimentos e reflexos<br />

normais.<br />

100<br />

Porcentagem de larvas mortas<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

2 mg/L<br />

1 mg/L<br />

0,5mg/L<br />

0,25 mg/L<br />

Controle<br />

6 12 18 24 30 36<br />

Horas de exposição<br />

Figura 24 - Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />

diferentes concentrações do EAC adsorvido em sílica.


61<br />

Tabela 5. Equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e do EAC nos testes de<br />

toxicidade com as larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E).<br />

Equação Linear R 2 CL 50<br />

(mg L -1 )<br />

Metil paration<br />

12 h y = 248,5 x + 7,66 0,89 0,17<br />

Extrato Alcoólico de<br />

Cinamomo (EAC)<br />

18 h y = 248,56 x + 7,66 0,89 0,57<br />

24 h y = 323,10 x + 19,39 0,78 0,37<br />

30 h y = 375,72 x + 23,67 0,85 0,27<br />

36 h y = 375,72 x + 23,67 0,85 0,27<br />

Na tabela 5 encontram-se as equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e EAC para<br />

as larvas de Neuraeschna.<br />

Não houve diferença significativa (p>0,05) entre as variáveis físicoquímicas nos<br />

tratamentos. (Tabela 6). Os valores obtidos se encontram dentro da faixa considerada ideal<br />

para piscicultura (BOYD, 1982).<br />

Extrato de frutos e folhas de Melia azedarach e do neem Azadirachta indica tem sido<br />

estudados para o controle de insetos pragas em cultivos agronômicos e no controle de<br />

parasitoses em peixes (HAMMAD e McAUSLANE, 2006, VIEGAS, 2003, CRUZ, 2005).<br />

Experimentos realizados a partir de distintas concentrações de extrato de sementes e folhas de<br />

Melia azedarach demonstram a atividade fagoinibidora, um fagoinibidor é definido como a<br />

substância que inibe a alimentação, e efeito negativo no desenvolvimento e sobrevivência de<br />

várias espécies de insetos que atacam diversos cultivos agronômicos (VIEIRA e ANDREI,<br />

1997). Monoterpenos, como por exemplo, 1,2-epóxi-pulegona, aparentemente tem sua ação<br />

inseticida decorrente da inibição da acetilcolinesterase (VIEGAS JÚNIOR, 2003), porém não<br />

foram encontrados estudos sobre o uso de extratos desta planta para o controle de insetos<br />

aquáticos.<br />

A toxicidade aguda da azadiractina foi avaliada por Dunkel e Ricilards (1998) para<br />

seis espécies de invertebrados aquáticos: Drunella grandis, D. doddsi, Skwala paralela,<br />

Brachicentrus occidentalis, B. americanus e Caecidotea intermédia. A CL 50 - 24h estimada<br />

variou de 1,8 a 9,2 mg L -1 para estas espécies.<br />

Kreutzweiser et al. (1999), avaliaram os danos causados às comunidades de insetos em<br />

córregos naturais com exposição de 5 h e expostas a uma formulação comercial à base do<br />

neem, limitando à concentração máxima de 1,05 mg L -1 de azadiractina. Das oito espécies de<br />

insetos testados, uma era odonata, Ophigomphus sp (ODONATA: GOMPHI<strong>DA</strong>E), exposta<br />

durante 5 horas a uma concentração de 0,84 mg L -1 . Houve 15,5% de deslocamento para áreas


62<br />

sem a presença deste triterpenóide contra 26,7% do controle. Ao final de 5 dias de<br />

observação, ocorreu nesta mesma concentração, 6,7% de mortalidade das odonatas expostas à<br />

azadiractina e 8,8% no controle. As diferenças entre as espécies testadas, duração de<br />

exposição e diferenças entre as formulações comerciais do neem utilizadas não permitem<br />

fazer comparações com os resultados obtidos, mas servem de referência para futuros trabalhos<br />

(KREUTZWEISER et al., 1999).<br />

Em um programa de controle de insetos aquáticos em córregos no Canadá com<br />

aplicação de 50g ha -1 resultou em uma concentração na água de 0,035 mg L -1 , a qual não<br />

afetou os insetos alvos de controle em testes laboratoriais (KREUTZWEISER et al., 1999).<br />

Esta diferença, entre a concentração aplicada e a disponível na água justifica a incorporação<br />

tanto do MP quanto do EAC em sílica, pois permite disponibilizar os compostos químicos<br />

mais próximos às larvas alvo, e provavelmente esta seja a explicação para obtenção de uma<br />

concentração letal mínima 8 vezes inferior à concentração utilizada tradicionalmente na<br />

piscicultura.<br />

Tabela 6. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das<br />

variáveis físicoquímicas da água durante os testes com EAC.<br />

Oxigênio<br />

Condutividade<br />

Tratamentos Tamanho das Temperatura da<br />

(mg L -1 Dissolvido pH<br />

) larvas (cm) água (ºC)<br />

(mg L -1 (µS cm -1 )<br />

)<br />

5,0 4,5± 0,1 22,00±1,50 4,9±0,8 7,7±0,8 120,89 ±7,7<br />

2,0 4,4± 0,05 21,70±2,20 5,1±0,6 7,8±0,9 130,01±7,8<br />

1,0 4,6 ±0,2 22,10±2,30 5,2±0,5 7,9±0,8 129,90±9,8<br />

0,5 4,4±0,10 22,50±2,00 4,8±0,7 7,7±0,8 121,35±7,3<br />

0,25 4,5±0,15 22,60±1,95 5,0±0,4 7,6±0,9 111,50 ±1,7<br />

Controle 4,4±0,12 22,60 ±1,80 5,0±0,7 7,7±0,6 114,90± 0,7<br />

5.6 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />

Durante as 36 horas de teste com os alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />

expostos aos tratamentos 2,0; 1,0; 0,5 e 0,25 mg L -1 do EAC adsorvido em sílica não houve<br />

mortalidade. A mobilidade e reflexos destes alevinos permaneceram inalterados quando<br />

comparados ao tratamento controle (sem EAC). Portanto, o EAC não se mostrou tóxico nas<br />

concentrações e no período testado ao alevinos de carpa comum. Como não foram<br />

encontrados trabalhos sobre a toxicidade do extrato do cinamomo em alevinos de carpa<br />

comum, observa-se que Cruz (2005) determinou a toxicidade aguda CL (I) 50-96 H de 1,30 mg<br />

L -1 em alevinos de pacu (P. mesopotamicus) com base na azadiractina, correspondendo a uma<br />

concentração de 100 mg L -1 do extrato aquoso testado, concentração esta superior às testadas


63<br />

neste experimento. Não houve diferença significativa (p>0,05) entre as variáveis físico<br />

químicas da água entre os tratamentos. (Tabela 7). Os valores obtidos se encontram dentro da<br />

faixa considerada ideal para piscicultura (BOYD, 1982).<br />

Tabela 7. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />

físicoquímicas da água durante os testes de toxicidade com alevinos de carpa comum.<br />

Comprimento<br />

Oxigênio<br />

Tratamentos<br />

Temperatura<br />

(mg L -1 das larvas de<br />

Dissolvido(mg pH Condutividade<br />

)<br />

da água (ºC)<br />

Neuraeschna<br />

L -1 (µS cm -1 )<br />

)<br />

10,00 4,5± 0,10 22,46±0,67 6,64±1,31 7,43±0,12 79,3±2,9<br />

5,00 4,4± 0,05 22,50±0,65 6,70±1,32 7,46±0,15 88,6±2,8<br />

2,5 4,6 ±0,20 22,57±0,61 6,84±1,07 7,43±0,19 88,4±2,6<br />

1,25 4,4±0,10 22,59±0,55 7,00±0,88 7,58±0,35 87,7±3,3<br />

0,5 4,5±0,15 22,56±0,58 6,81±1,05 7,45±0,35 88,0±3,3<br />

Controle 4,4±0,12 22,50±0,50 6,74±0,65 7,47±0,34 88,1±2,8<br />

5.7 Predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Neuraeschna<br />

(ODONATA : AESHNI<strong>DA</strong>E) com e sem exposição ao EAC<br />

Nos três viveiros monitorados as larvas que tiveram maior ocorrência desde o início da<br />

temporada de produção de alevinos foi o gênero Neuraeschna (ANISOPTERA:<br />

AESHNI<strong>DA</strong>E), motivo pelo qual foi utilizada para os testes de predação (Figuras 25 e 26).<br />

Figura 25 - Larva de Neuraeschna utilizada nos testes de predação<br />

(ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E).


64<br />

O maior número de alevinos predados ocorreu nas primeiras três horas de teste,<br />

possivelmente devido à restrição alimentar durante aclimatação de 24 horas a que foram<br />

expostas as larvas de odonata. Foram nove alevinos predados no tratamento sem o EAC e 10<br />

alevinos no tratamento com o EAC.<br />

O total de alevinos predados foi maior no tratamento com o EAC até a terceira leitura,<br />

a partir daí o número de alevinos predados foi sempre menor do que no tratamento sem<br />

exposição ao EAC até o final do experimento (Figura27). Possivelmente devido ao efeito<br />

tóxico provocado pelo contato com o extrato de cinamomo. Houve diferença significativa<br />

(p0,05) nas variáveis<br />

físicoquímicas da água entre os tratamentos. (Tabela 8). Os valores aferidos se encontram<br />

dentro da faixa considerada ideal para piscicultura (BOYD, 1982).


65<br />

Figura 26 - Larva de Neuraeschna e efeito da predação sobre alevinos de Carpa<br />

comum (Cyprinus carpio) utilizados nos testes de predação.<br />

40<br />

Número de alevinos consumido<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Tratamento sem o EAC<br />

Tratamento com o EAC<br />

3 6 9 12 15 18 21 24 27<br />

Horas<br />

Figura 27 - Número de alevinosde carpa comum (Cyprinus carpio) consumidos pelas<br />

larvas de Neuraeschna durante os testes de predação.


66<br />

Tabela 8. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das<br />

variáveis físicoquímicas da água durante os testes de predação.<br />

Tratamentos<br />

Tamanho<br />

Oxigênio<br />

Temperatura<br />

Condutividade<br />

das larvas<br />

Dissolvido pH<br />

da água (ºC)<br />

(cm)<br />

(mgL -1 (µS.cm -1 )<br />

)<br />

Com EAC 3,50±0,03 22,51±0,07 5,52±0,58 7,02±0,06 94,4±3,8<br />

Sem EAC 3,50±0,04 22,50±0,47 5,62±0,43 7,015±0,05 98,6±3,9<br />

Controle 3,64±0,03 22,51±0,48 5,63±0,45 7,016±0,05 95,21±4,1<br />

6. CONCLUSÕES E CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />

A aplicação do MP adsorvido à sílica possibilitou a obtenção de uma concentração<br />

letal mínima às larvas de odonata significativamente inferior àquela tradicionalmente utilizada<br />

na piscicultura.<br />

O MP e o EAC adsorvidos em sílica mostraram-se eficientes no controle das larvas de<br />

odonata. Porém, as mortalidades retardaram 12 horas para iniciarem no teste com EAC em<br />

relação ao MP e prolongarem-se por 12 horas.<br />

O EAC comprovou sua toxicidade às larvas de Neuraeschna durante os testes de<br />

predação e não foi tóxico aos alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) em concentrações<br />

até 7,4 vezes superiores à menor concentração letal calculada para estas larvas.<br />

De acordo com a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP/PR), para que a<br />

aquicultura possa se desenvolver de forma responsável, contribuindo com a melhoria do meio<br />

ambiente é necessário estabelecer para os diversos sistemas, ambientes e espécies de cultivos<br />

as Boas Práticas da Aquicultura. Baseado nesses princípios, nas diretrizes de uma Aquicultura<br />

Responsável (FAO) e no código de Conduta da Aquicultura Européia, a SEAP/PR identificou<br />

a necessidade de promover a elaboração de um código de práticas responsáveis para a<br />

atividade de piscicultura, em busca de um desenvolvimento sustentado no âmbito ambiental,<br />

social e econômico que deve nortear a criação de peixes. O “Código de conduta para o<br />

Desenvolvimento Sustentável e Responsável da Piscicultura Brasileira” baseia-se na atitude,<br />

responsabilidade e compromisso do piscicultor de executar ações que respeitem o meio<br />

ambiente e o consumidor. Utilizando como instrumentos um manejo eficaz, com<br />

desenvolvimento de tecnologias “limpas”, através do profissionalismo dos produtores,<br />

resultando em um melhor combate e/ou diminuição dos impactos sociais ambientais e<br />

econômicos. Os produtores, as cooperativas, associações e empresas que decidirem iniciar na<br />

piscicultura devem respeitar os seguintes princípios: proteger e respeitar o meio ambiente;<br />

utilizar os princípios de biossegurança; respeitar os direitos e segurança de outros usuários dos<br />

recursos hídricos; obrigatoriamente cumprir com as regulamentações impostas por órgãos


67<br />

normativos e licenciadores e dispor de condições de segurança aos empregados. (BRASIL,<br />

2004). Neste contexto a substituição de pesticidas sintéticos por produtos naturais é um<br />

caminho a ser percorrido rumo à sustentabilidade da piscicultura.<br />

Sugere-se dar continuidade aos testes com as odonatas avaliando a atividade biológica<br />

da melianona e, das demais frações semipurificadas do EAC.<br />

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