UNIVERSIDADE COMUNITÃRIA DA REGIÃO DE ... - Unochapecó
UNIVERSIDADE COMUNITÃRIA DA REGIÃO DE ... - Unochapecó
UNIVERSIDADE COMUNITÃRIA DA REGIÃO DE ... - Unochapecó
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong></strong> COMUNITÁRIA <strong>DA</strong> REGIÃO <strong>DE</strong> CHAPECÓ<br />
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais<br />
Osmar Tomazelli Júnior<br />
USO <strong>DE</strong> EXTRATOS VEGETAIS NO CONTROLE <strong>DE</strong><br />
LARVAS <strong>DE</strong> INSETOS AQUÁTICOS (INSECTA: ODONATA)<br />
PRE<strong>DA</strong>DORES <strong>DE</strong> ALEVINOS EM VIVEIROS <strong>DE</strong><br />
PISCICULTURA<br />
Chapecó - SC, 2009
i<br />
<strong>UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong></strong> COMUNITÁRIA <strong>DA</strong> REGIÃO <strong>DE</strong> CHAPECÓ<br />
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais<br />
Osmar Tomazelli Júnior<br />
Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação<br />
da Universidade Comunitária da Região de<br />
Chapecó, como parte dos pré-requisitos para obtenção<br />
do título de Mestre em Ciências Ambientais.<br />
Orientador: Prof. Dr. Jacir Dal Magro<br />
Co-orientadora: Prof a. Dra. Gilza Maria Souza Franco<br />
Chapecó - SC, agosto, 2009.
ii<br />
FICHA CATALOGRÁFICA<br />
639.3 Tomazelli Júnior, Osmar<br />
T655u<br />
Uso de extratos vegetais no controle de larvas de insetos<br />
aquáticos (insecta : odontata) predadores de alevinos em<br />
viveiros de piscicultura /<br />
Osmar Tomazzelli Júnior. Chapecó, 2009<br />
77 p.<br />
Dissertação (Mestrado) - Universidade Comunitária<br />
Regional de Chapecó, 2009.<br />
Orientador: Jacir Dal Magro, Gilza Maria de Souza Franco<br />
1. Peixe – Efeitos dos inseticidas. 2. Óleos vegetais. 3. Inseto.<br />
I. Dal Magro, Jacir. II. Franco, Gilza de Souza. III. Título<br />
CDD639.3<br />
Catalogação Joseana Foresti CRB 14/536<br />
Biblioteca Central Unochapecó
iii
iv<br />
<strong>DE</strong>DICATÓRIA<br />
Aos meus pais, Osmar e Lourdes pelo<br />
amor, carinho e amizade que sempre<br />
transmitiram.<br />
À minha esposa e filha, Ingrid e Joana pelo<br />
grande amor que nos une e por tornarem<br />
minha vida cada dia mais feliz.
v<br />
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
Aos meus orientadores professor Dr. Jacir Dal Magro e professora Dra. Gilza Maria de<br />
Souza Franco pelos ensinamentos, amizade e liberdade adquiridos durante o desenvolvimento<br />
deste trabalho.<br />
Aos professores Dr. Rivaldo Niero e Dr. Franco Delle Monache pela colaboração na<br />
identificação dos compostos isolados.<br />
Aos acadêmicos Rudi Alba, Guilherme Agnolini, Camila Cipriani e Antonio Carlos<br />
Munarini pelo interesse, participação, colaboração e entusiasmo durante as coletas a campo e<br />
nos ensaios laboratoriais.<br />
Ao colega e amigo Jorge de Matos Casaca pelas valiosas discussões, por ter<br />
disponibilizado a sua propriedade para as coletas e pelo fornecimento dos alevinos de carpa.<br />
Ao amigo André Colombi por ter me apresentado às qualidades do cinamomo e não<br />
somente pela permissão das coletas das sementes em sua propriedade, mas pela sua<br />
colaboração amiga e espontânea.<br />
Às equipes do laboratório de Química, Maria Elena Krombauer Anselmini, Raquel<br />
Zeni Termus e Tânia Cunha; do museu zoobotânico Sandra Mara Sabedot e João Carlos<br />
Marocco e ao Eng. Químico Dougla Mocellin pelo apoio durante a execução dos<br />
experimentos.<br />
À <strong>DE</strong>US pela minha vida, saúde e perseverança.
vi<br />
RESUMO<br />
TOMAZELLI JÚNIOR, Osmar. Uso de extratos vegetais no controle de larvas de insetos<br />
aquáticos (INSECTA: ODONATA) predadores de alevinos em viveiros de piscicultura.<br />
Dissertação (Mestrado). Universidade Comunitária da Região de Chapecó, 2009. 77 p.<br />
A presença de larvas de insetos predadores em viveiros de piscicultura é um dos<br />
fatores que contribuem para a redução da sobrevivência dos alevinos e consequentemente<br />
para a diminuição dos lucros da produção, forçando os piscicultores a aplicar quantidades<br />
elevadas de agrotóxicos com o intuito de eliminá-las. Esses produtos são tóxicos aos peixes e<br />
com efeitos imprevisíveis à cadeia alimentar. Dentre os insetos prejudiciais à piscicultura,<br />
encontram-se as libélulas que pertencem à ordem Odonata, que em sua maioria fazem postura<br />
diretamente na água. As larvas são carnívoras e vorazes predando desde pós-larvas de peixes<br />
a alevinos tornando-se pragas de importância econômica. O uso indiscriminado de<br />
agrotóxicos nos cultivos de peixes pode ocasionar danos aos ecossistemas aquáticos e<br />
representar riscos à saúde dos trabalhadores e consumidores. O objetivo deste trabalho foi<br />
avaliar o efeito de extratos vegetais adsorvidos em sílica no controle de 20s de odonata, e<br />
realizar estudo fitoquímico dos extratos que evidenciarem atividade biológica. A adsorção do<br />
metil paration (MP) em sílica possibilitou uma redução da concentração letal às odonatas de 8<br />
vezes em relação a concentração indicada para diluição diretamente na água do viveiro. O MP<br />
e o extrato alcoólico dos frutos de cinamomo (EAC) adsorvidos em sílica mostraram-se<br />
eficientes no controle das larvas de odonata. Porém as mortalidades retardaram 12 horas no<br />
teste com EAC em relação ao MP e prolongaram-se por 12 horas. As menores concentrações<br />
letais encontradas tiveram uma diferença de 4 vezes entre o MP e o EAC. A CL 50-12h para o<br />
MP foi de 0,17 mg L -1 e para o EAC a CL 50-18 h foi de 0,57 mg L -1 . Nos viveiros monitorados<br />
foram registradas um total de 126 larvas (INSECTA: ODONATA) da subordem Anisoptera,<br />
73 pertencentes à família Aeshnidae e 53 à Libellulidae. O gênero Neuraeschna foi dominante<br />
nos três viveiros amostrados e foi utilizado para os testes biológicos. Durante os testes de<br />
predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) pela larva de Neuraeschna o<br />
consumo diário foi de 5,2 e 7,2 alevinos nos tratamentos com e sem a presença do EAC<br />
respectivamente. No comprimento total as odonatas eram 1,6 vezes maiores que os alevinos<br />
de carpa comum (Cyprinus carpio), porém, 11,33 vezes mais pesadas que os mesmos,<br />
evidenciando a desvantagem dos alevinos em relação ao seu predador. O EAC não foi tóxico<br />
aos alevinos de carpa comum em concentrações até 7,4 vezes superiores à menor<br />
concentração letal calculada para as larvas de Neuraeschna. Na análise fitoquímica as frações<br />
de hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol do EAC mostraram resultados positivos<br />
para terpenos e esteróides. Os compostos isolados através de CC foram identificados através<br />
de RMN. Foram isolados dois compostos, o ácido linoléico, ácido graxo comum em plantas<br />
sendo um composto importante no metabolismo primário, e a melianona, um triterpeno<br />
precursor dos limonóides, compostos com atividade inseticida. Na adoção das Boas Práticas<br />
da Aquicultura a substituição de pesticidas sintéticos por produtos naturais é um caminho a<br />
ser percorrido rumo à sustentabilidade da piscicultura.<br />
Palavras-chave: Carpa, Melia azedarach, melianona, Neuraeschna, organofosforado
vii<br />
ABSTRACT<br />
TOMAZELLI JÚNIOR, Osmar. Use of vegetal extracts in the control of aquatic insect larvae<br />
(INSECTA: ODONATA), which are predators of fingerlings in fish farming ponds.<br />
Dissertation (Master’s Degree). Communitarian University of Chapecó, 2009, 77 p.<br />
The presence of larvae of predator insects in fish farming ponds is one of the factors<br />
that contribute to the reduction of the survival of fingerlings and consequently to the decrease<br />
of production profits, forcing fish farmers to employ high levels of pesticides with the<br />
intention to eliminate them. Those products are toxic for fish and have unpredictable effects<br />
on the food chain. Dragonflies, which belong to the order Odonata and lay their eggs directly<br />
in the water, are among the insects that have a harmful effect on fish farming. The larvae are<br />
starving carnivore: they predate post-larvae fish and fingerlings and thus become<br />
economically relevant plagues. The continuous use of pesticides in fish farming may bring<br />
risks to aquatic ecosystems and to the health of workers and consumers. The objective of this<br />
work is to evaluate the effect of vegetal extracts adsorved in silica to control odonata larvae<br />
and to make a phytochemical study of the extracts that exhibit biological activity. The<br />
adsorption of methyl parathion in silica enabled an eight times reduction of the lethal<br />
concentration used for odonatas, comparing to the indicated concentration which is diluted<br />
directly in the pond’s water. Methyl parathion (MP) and cinnamon’s alcoholic extract (EAC),<br />
when adsorved in silica, showed to be efficient in the control of odonata larvae. Yet, EAC’s<br />
test delayed mortality in 12 hours, comparing to MP’s and extended for 12 hours and more.<br />
The smaller lethal concentrations found had a 4 times difference between MP and EAC. The<br />
CL 50-12h was 0,17 for MP and for EAC the CL 50-18h was 0,57 mg L -1 . A total of 126 larvae<br />
(INSECTA: ODONATA) of the suborder Anisoptera were registered in the monitored ponds.<br />
Of those, 73 belonged to the family Aeshnidae and 53 to the Libellulidae. The genera<br />
Neuraeschna was dominant in the three sampled ponds and was used in the biological tests.<br />
During the tests of predation of fingerlings of common carps (Cyprinus carpio) by the<br />
Neuraeschna larva, the daily consumption was of 5,2 and 7,2 fingerlings in the treatments<br />
with and without EAC, respectively. In what relates to total length, odonatas were 1,6 times<br />
bigger than fingerlings of common carps (Cyprinus carpio), yet they were 11,33 times<br />
heavier, which demonstrate the disadvantage of the fingerling in relation with its predator.<br />
EAC was not toxic for fingerlings of ordinary carps in concentrations 7,4 times higher than<br />
the smaller lethal concentration calculated for Neuraeschna larvae. In the phytochemical<br />
analysis, EAC’s fractions of hexan, dichloromethane, ethyl acetate and ethanol displayed<br />
positive results for terpenes and steroids. The compounds isolated through chromatographic<br />
methods were identified through NMR. Two compounds were isolated, linoleic acid, a fatty<br />
acid common in plants (an important compound in the primary metabolism) and melianone, a<br />
triterpene that is a precursor of limonoids (compounds with an insecticide activity). The<br />
adoption of Good Practises in Aquaculture and the sustainability of fish farming require the<br />
substitution of synthetic pesticides for natural products.<br />
Key-words: Carp, Melia azedarach, melianone, Neuraeschna, organophosphate
viii<br />
LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />
Figura 1 – Ciclo da biossíntese dos metabólitos secundários. 11<br />
Figura 2 – Estrutura dos terpenos IP, DMAPP e IPP. 12<br />
Figura 3 – Rota biogenética para formação dos limonóides. 13<br />
Figura 4 – Fórmula estrutural do metil paration: 20<br />
Figura 5 – Exemplares do cinamomo (Melia azedarach) 30<br />
Figura 6 – Esquema metodológico para obtenção dos extratos alcoólicos brutos e semi<br />
purificados. 32<br />
Figura 7 – Viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio). 35<br />
Figura 8 – Estrutura química do ácido linoléico. 40<br />
Figura 9 – Estrutura química do triterpeno Melianona (C 30 H 26 O 4 ). 41<br />
Figura 10 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 43<br />
Figura 11 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 (continuação) 44<br />
Figura 12 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 45<br />
Figura 13 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 (continuação). 46<br />
Figura 14 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 47<br />
Figura 15 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação). 48<br />
Figura 16 – Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação). 49<br />
Figura 17 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 50<br />
Figura 18 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação). 51<br />
Figura 19 – Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação). 52<br />
Figura 20 – Comparação entre a Diversidade, Dominância e Equitabilidade das larvas de<br />
odonata entre os viveiros amostrados. 54<br />
Figura 21 – Imago de Neuraeschna. 56<br />
Figura 22 – Neuraeschna adulta e exúvia. 57<br />
Figura 23 – Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA:AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />
diferentes concentrações do MP adsorvido em sílica. 58<br />
Figura 24 – Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />
diferentes concentrações do EAC adsorvido em sílica. 60<br />
Figura 25 – Larva de Neuraeschna utilizada nos testes de predação 63<br />
Figura 26 – Larva de Neuraeschna e efeito da predação sobre alevinos de Carpa comum<br />
(Cyprinus carpio) utilizados nos testes de predação. 65
ix<br />
Figura 27 – Número de larvas de carpa comum (Cyprinus carpio) consumidas pelas larvas de<br />
Neuraeschna durante os testes de predação. 65
x<br />
LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />
Tabela 1. Análise fitoquímica do EAC através de cromatografia em camada delgada. 39<br />
Tabela 2. Dados do espectro C 13 -RMN do composto A2 42<br />
Tabela 3. Média e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água nos três viveiros<br />
amostrados. 56<br />
Tabela 4. Comprimento total das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E), média<br />
e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água durante os testes com MP. 59<br />
Tabela 5. Equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e do EAC nos testes de toxicidade<br />
com as larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E). 61<br />
Tabela 6. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />
físicoquímicas da água durante os testes com EAC. 62<br />
Tabela 7. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />
físicoquímicas da água durante os testes de toxicidade com alevinos de carpa<br />
comum. 63<br />
Tabela 8. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />
físicoquímicas da água durante os testes de predação. 66
xi<br />
LISTA <strong>DE</strong> ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
ACAq – Associação catarinense de aquicultura<br />
ACARPESC – Associação de Crédito e Assistência Pesqueira de Santa Catarina<br />
AE – Acetato de etila<br />
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento<br />
CC – Cromatografia em coluna<br />
CCD – Cromatografia em camada delgada<br />
CERLA – Centro regional latino americano de aquicultura e pesca<br />
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />
DCM – Diclorometano<br />
DL – Dose Letal.<br />
EAC – Extrato alcoólico dos frutos do cinamomo<br />
EAT – Extrato alcoólico das folhas do timbó<br />
EMPASC – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina<br />
FAO – Organização das Nações Unidas para a agricultura<br />
Hx – Hexano<br />
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />
MP – Metil paration<br />
RMN- 13 C – Ressonância Magnética Nuclear de Carbono– 13<br />
RMN- 1 H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio<br />
SEAP/PR – Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca<br />
SNO – Secretaria dos Negócios do Oeste<br />
SU<strong>DE</strong>PE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca<br />
SU<strong>DE</strong>SUL – Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul
xii<br />
SUMÁRIO<br />
1. INTRODUÇÃO 1<br />
2. OBJETIVOS 3<br />
2.1 Objetivo geral 3<br />
2.2 Objetivos específicos 4<br />
3 REFERENCIAL TEÓRICO 4<br />
3.1 Breve histórico da piscicultura no Brasil e Oeste Catarinense 4<br />
3.2 Cinamomo 6<br />
3.3 Timbó 8<br />
3.4 Produtos naturais 8<br />
3.5 Inseticidas sintéticos e seu uso em aquicultura 19<br />
3.6 Ordem Odonata (INSECTA:ODONATA) 24<br />
4. MATERIAL E MÉTODOS 30<br />
4.1 Material vegetal 30<br />
4.2 Preparo dos extratos e adsorção dos extratos vegetais e metil paration em sílica gel 30<br />
4.3 Análise fitoquímica e separação dos compostos 31<br />
4.4 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados. 32<br />
4.5 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />
(Cyprinus carpio). 32<br />
4.6 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />
Odonata. 35<br />
4.7 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio). 37<br />
4.8 Testes de predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Odonata<br />
com e sem exposição ao EAC 37<br />
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38<br />
5.1 Análise fitoquímica do EAC 38<br />
5.2 Separação dos compostos 39<br />
5.3 Identificação das frações A1 e A2, isoladas do EAC adsorvido em sílica através de<br />
Ressonância Magnética (RMN) 40<br />
5.4 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />
(Cyprinus carpio) 53
xiii<br />
5.5 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />
Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) 57<br />
5.6 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) 62<br />
5.7 Predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Neuraeschna<br />
(ODONATA : AESHNI<strong>DA</strong>E) com e sem exposição ao EAC 63<br />
6. CONCLUSÕES E CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS 66<br />
7. REFERÊNCIAS 67
1<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Estima-se que a população mundial crescerá 47% até o ano de 2050 totalizando 8,9<br />
bilhões de pessoas, como consequência haverá um crescimento na demanda por alimentos<br />
(CARROLL, 2005). O pescado tem sido uma importante fonte de proteína animal para<br />
consumo humano representando 35% da produção mundial e, se considerarmos isoladamente<br />
é a maior delas. A poluição e a pesca predatória têm ao longo dos anos comprometido as<br />
pescas oceânicas responsáveis por cerca de 64% da produção mundial de pescado. Desde<br />
meados dos anos 80 a produção mundial de pescado marinho capturado tem se mantido<br />
estável sem condições de aumentar devido à sobrepesca e à poluição exercida sobre as<br />
principais populações de peixes, moluscos e algas. Em 1999 a produção de pescado capturado<br />
foi de 85,2 milhões de toneladas, diminuindo ano após ano atingindo 81,3 milhões de<br />
toneladas em 2003. Neste mesmo período o pescado oriundo da aquicultura aumentou de 33,5<br />
milhões de toneladas em 1999 para 41,9 milhões de toneladas em 2003 apresentando um<br />
crescimento de 25%, enquanto que, outras carnes apresentam um crescimento médio anual de<br />
2,5%. Deste total 25,2 milhões de toneladas são oriundas do cultivo de peixes de água doce<br />
(FAO, 2004; MEAT INTERNATIONAL, 2005). É importante frisar que este crescimento tem<br />
acontecido principalmente em países pobres e em desenvolvimento. Para manter o mesmo<br />
nível de consumo per capita anual que atualmente é de 16,2 kg (equivalente ao peso vivo)<br />
haverá a necessidade até 2050 de aumentar a produção de pescado em 42 milhões de<br />
toneladas, ou seja, dobrar a produção atual da aquicultura (FAO, 2004).<br />
No Brasil a aquicultura apresentou em 2003 a maior produção da história com<br />
278.128,5 t e, em 2006 a segunda maior com 271.695,5 t (MATIAS, 2008). Neste mesmo ano<br />
a produção de peixes de água doce foi de 190.161,5 t com um valor bruto de produção de R$<br />
705.014.900,00 e um crescimento relativo entre 2005 e 2006 de 6,4%, acompanhando a<br />
tendência mundial de crescimento da atividade o (IBAMA, 2008).<br />
A aquicultura de Santa Catarina produziu em 2007 36.649,10 t, destas 21.891,65 t são<br />
de peixes de água doce, apresentando um crescimento em relação a 2006 de 4,96%. Esta<br />
produção se concentra nas regiões do Litoral Norte, Vales do rios Tubarão e Araranguá,<br />
extremo Oeste e Oeste Catarinenses (EPAGRI, 2008).<br />
Para a produção de pescado através da piscicultura é necessário maximizar qualitativa<br />
e quantitativamente a produção de alevinos. Os viveiros após estarem secos recebem calagem,<br />
em seguida são preparados com esterco animal ou cama de aviário geralmente 15 dias antes<br />
da estocagem das larvas (CASACA e TOMAZELLI, 2001; TOMAZELLI et al., 2007). As<br />
densidades utilizadas variam de 200 a 400 larvas m -2 , dependendo da espécie e do manejo
2<br />
empregado. Para o sucesso desta fase é necessário garantir uma boa alimentação aos alevinos<br />
através de uma composição e densidade adequados de organismos fito e zooplanctonicos,<br />
caso contrário há uma diminuição na sobrevivência devido à inanição e o aumento do<br />
canibalismo pelos alevinos de maior tamanho. Rações comerciais também são utilizadas nesta<br />
fase com uma composição protéica em torno de 56% de proteína bruta. Nesta fase, devido a<br />
sua fragilidade os peixes estão mais expostos a doenças e ataques por predadores quando<br />
então se verifica a utilização de uma grande variedade de produtos químicos.<br />
(WOYNAROVICH e HORVÁTH, 1981; CASACA e TOMAZELLI, 2001).<br />
Com o desenvolvimento da Piscicultura no Brasil, surgiram problemas que atingiram<br />
níveis assustadores, problemas estes relacionados com a predação de alevinos por adultos e<br />
larvas de insetos aquáticos. Neste último caso, temos uma das grandes ameaças, as larvas de<br />
odonata. O hábito altamente predatório dessas larvas tem constituído um problema não só no<br />
Brasil, mas também em outros países (SANTOS et al., 1988). Nos viveiros de piscicultura é<br />
um dos fatores que contribuem para a redução da sobrevivência dos alevinos e<br />
consequentemente para a diminuição dos lucros da produção (ZANIBONI FILHO, 2000;<br />
CESNIK e QUEIROZ, 2004).<br />
No cultivo de organismos aquáticos, como em todo setor de produção de alimentos, os<br />
produtos químicos são insumos necessários para o sucesso da produção. Desde o mais simples<br />
como nos sistemas extensivos que podem ser limitados pelo uso de fertilizantes químicos ou<br />
orgânicos, como nos mais complexos, semi e superintensivo, onde uma variedade de produtos<br />
naturais e sintéticos são utilizados. É seguro dizer que, como na agricultura, os produtos<br />
químicos são ingredientes essenciais para o sucesso da aquicultura (ARTHUR et al., 1996).<br />
O uso de inseticidas organofosforados e outros praguicidas com o objetivo de<br />
controlar larvas de odonata e os principais grupos zooplanctonicos predadores de pós-larvas<br />
de peixes, no Brasil, data do inicio da década de 80. Na Europa já era utilizado há quinze anos<br />
quando de sua aplicação no preparo de viveiros de piscicultura (GARADI et al., 1988;<br />
WOYNAROVICHM e HORVÁTH, 1981). No Brasil a eficiência do DIPTEREX (triclorfon)<br />
e o folidol (paration metílico) no combate as odonatas foi verificada por GARADI et al.,<br />
(1988). Embora eficiente, esse tipo de controle está proibido em vários países por causar<br />
contaminação da água e a morte de parte do zooplâncton necessário para alimentação das póslarvas<br />
e alevinos (ZANIBONI FILHO, 2000). Até os dias de hoje os praguicidas sintéticos<br />
continuam a ser utilizados para estes fins e também para o controle de ectoparasitas nos<br />
viveiros de peixes. (TAMASSIA, 1996; CRUZ, 2005; SANTOS, 2007). Nos pesquepagues<br />
também são utilizados de forma constante, o que pode gerar diversos problemas, uma vez que
3<br />
são produtos perigosos, recalcitrantes e cujos produtos de degradação no ambiente podem ser<br />
tão ou mais deletérios aos organismos do que a forma original (ELER, et. al., 2006).<br />
Diversos agrotóxicos são utilizados na pesquisa Brasileira com as propostas de avaliar<br />
a eficácia, o uso e o custo de produtos químicos no tratamento de enfermidades de diversas<br />
espécies. Geralmente esses trabalhos terminam de certa forma com recomendações, induzindo<br />
ao leitor que o produto utilizado foi eficiente e, portanto pode ser usado de acordo com sua<br />
recomendação. Pode-se citar entre os produtos utilizados triclorfon, metil paration,<br />
diflubenzuron para o controle de parasitas externos e larvas de insetos predadores,<br />
oxitetraciclina, sulfamerazina e cloranfenicol para o controle de bactérias e mebendazol para o<br />
controle de platelmintos (CASACA e CASTRO, 2006).<br />
O uso de produtos químicos em tanques de cultivo como inseticidas e bactericidas<br />
podem ter ação cumulativa e representar risco à segurança alimentar (BOYD e MASSAUT,<br />
1999). A aplicação destes inseticidas pode resultar em altos níveis de resíduos nos peixes,<br />
inclusive no momento do consumo, pois normalmente os períodos de carência não são<br />
respeitados pelos piscicultores (RODRIGUES et al., 1997). Santos (2007) detectou acumulo<br />
nos filés de peixes submetidos ao tratamento com diflubenzuron e paration metílico, valores<br />
estes excederam os limites máximos recomendado para alimentos segundo o Codex<br />
Alimentarius.<br />
A piscicultura por utilizar a água como insumo está constantemente sendo questionada<br />
quanto às suas práticas e produtos utilizados no cultivo, tanto pelos órgãos ambientais, como<br />
pela sociedade, que cobram práticas que comprovem a manutenção de um ambiente aquático<br />
saudável e equilibrado. O desenvolvimento de produtos naturais para o controle de pragas e<br />
doenças e metodologias adequadas de aplicação que venham a suprir esta lacuna na<br />
piscicultura Brasileira colaborarão para que esta se desenvolva de forma sustentável,<br />
garantindo a melhoria das condições ambientais, à produção de alimentos seguros e à<br />
proteção da saúde dos produtores rurais envolvidos na produção de pescado.<br />
2. OBJETIVOS<br />
2.1 Objetivo geral<br />
2.1.1 Avaliar o efeito de extratos vegetais no controle de larvas de odonata predadores de<br />
formas jovens de peixes.
4<br />
2.2 Objetivos específicos<br />
2.2.1 Obtenção de extratos vegetais de Melia azedarach L. e Ateleia glazioviana Baill, através<br />
de extração alcoólica.<br />
2.2.2 Adsorção dos extratos brutos em sílica para o controle das larvas de odonata<br />
disponibilizando-os no ambiente de fundo.<br />
2.2.3 Identificar as principais classes de metabólicos secundários presentes nos extratos<br />
vegetais com atividade biológica.<br />
2.2.4 Isolar e identificar compostos químicos dos extratos que demonstraram atividade<br />
biológica.<br />
2.2.5 Pesquisar a ocorrência de larvas de odonata (ODONATA: ANISOPTERA) em viveiros<br />
de produção de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />
2.2.6 Avaliar a eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas de<br />
odonata.<br />
2.2.7 Avaliar a toxicidade dos extratos ativos em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />
2.2.8 Realizar testes de predação das larvas de Neuraeschna em alevinos de carpa comum.<br />
3. REFERENCIAL TEÓRICO<br />
3.1 Breve histórico da piscicultura no Brasil e Oeste Catarinense<br />
No inicio da década de 1930 Rodolpho Von Ihering começou a pensar na<br />
domesticação de algumas espécies mais nobres dos rios Mogi Guaçu e Piracicaba, como a<br />
piapara (Leporinus sp.), o curimbatá, (Prochilodus lineatus) e o dourado (Salminus<br />
maxillosus). Em 1934, Ihering e seus colaboradores obtiveram êxito na reprodução induzida,<br />
com o bagre (Rhamdia sp.) e o cascudo (Loricaria sp.), coletados nas águas do rio Tietê (<br />
AZEVEDO, 1936 apud CASTAGNOLLI, 2004).<br />
Em 1967 foi criada a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SU<strong>DE</strong>PE),<br />
autarquia vinculada ao Ministério da Agricultura. A SU<strong>DE</strong>PE se preocupava mais com a
5<br />
pesca extrativa por ser um segmento organizado relegando a aquicultura a um segundo plano,<br />
a qual praticamente inexistia em nosso país (CASTAGNOLLI, 2004).<br />
Desde 1973 várias iniciativas foram colocadas em prática pela Associação de Crédito<br />
e Assistência Pesqueira de Santa Catarina (ACARPESC) para promover o cultivo de peixes<br />
de água doce, como assistência técnica aos produtores; subsídio ao preço de alevinos; suporte<br />
à organização através de associações de piscicultores; promoções de peixe fresco; oferta de<br />
cursos de piscicultura entre outras (BOLL, 1995). Em 1978 foi instalado em Chapecó um<br />
escritório de assistência técnica com a presença de um técnico. A partir de 1980 a SU<strong>DE</strong>PE<br />
passou a produzir alevinos de carpas para os produtores rurais da região em uma pequena<br />
estação localizada nas dependências da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina<br />
(EMPASC) na cidade de Chapecó (SILVA, 2005). Um convênio entre a Prefeitura Municipal<br />
de Chapecó, o Ministério da Agricultura, a SU<strong>DE</strong>PE e o Banco Interamericano de<br />
Desenvolvimento (BID) marcou o início da construção do Centro Nacional de Alevinos de<br />
Carpa, como foi denominado na época. O objetivo inicial era suprir a demanda de alevinos e<br />
larvas na região, além de testar, nas suas dependências, técnicas de cultivo com características<br />
regionais, objetivando obter parâmetros a serem utilizados pelos produtores rurais.<br />
A partir de 1980 iniciou-se o programa de construção de açudes e poços através do<br />
governo do Estado, Secretaria dos Negócios do Oeste (SNO) e a Superintendência de<br />
Desenvolvimento da Região Sul (SU<strong>DE</strong>SUL). Durante 10 anos foram construídos mais de<br />
5.000 açudes cujo objetivo inicial era a sedentação animal e a irrigação devido às fortes<br />
estiagens ocorridas em 1977. Efetivamente estes açudes foram utilizados para a prática da<br />
piscicultura devido ao interesse dos produtores rurais pela atividade. Pode-se dizer que este<br />
programa alavancou a produção de peixes no Oeste Catarinense, sendo até hoje responsável<br />
por um grande número de açudes destinados a este fim. (SILVA, 2005).<br />
Ao final da década de 1970 e início da década de 1980, o sistema de cultivo orientado<br />
pelos técnicos da ACARPESC era o monocultivo de carpas alimentadas com subprodutos<br />
existentes nas propriedades rurais. A produção era de 800 kg ha -1 ano -1 e, geralmente<br />
ocorriam frustrações de safra pela utilização de alevinos de 0,5 a 1,0 g (CASACA e<br />
TOMAZELLI, 2001), os quais, eram presa fácil para predadores aquáticos e de baixa<br />
sobrevivência devidos às condições de manejo da época.<br />
A partir de 1983, técnicos da ACARPESC e da SNO participaram do segundo e quarto<br />
cursos em aquicultura, no Centro Regional Latino Americano de Aquicultura (CERLA) na<br />
cidade de Pirassununga, SP. Foi um programa cooperativo entre a Organização das Nações<br />
Unidas para Alimentação (FAO) (projeto GCP/RLA/075/ITA) e a SU<strong>DE</strong>PE com o objetivo
6<br />
de formação profissional de alto nível para técnicos atuantes em piscicultura na América<br />
Latina. Este curso possibilitou aos técnicos entrarem em contato com as técnicas do<br />
policultivo integrado às outras atividades agropecuárias existentes nas propriedades agrícolas.<br />
Dia sete de novembro de 1987, na reunião do núcleo da Associação Chapecoense de<br />
Aquicultura (ACAq) em Chapecó, foi proposta a nova sistemática de trabalho com ênfase na<br />
organização da produção e do produtor. Foi dado ênfase à recria de alevinos e a fórmula de<br />
cálculo dos povoamentos, levando em consideração, além da área, como era praticado<br />
anteriormente, ou seja, os pesos médios iniciais e finais dos peixes, a taxa de sobrevivência e<br />
a disponibilidade de adubação orgânica. Na organização dos produtores ficou estabelecido<br />
que fosse dado um tratamento diferenciado aos mesmos com interesse na piscicultura e que<br />
acatassem às orientações técnicas (ACAq, 1987) .<br />
A partir de 1988, com a introdução das carpas chinesas, desenvolveu-se um novo<br />
sistema de criação de peixes para a região, o cultivo de espécies de diferentes hábitos<br />
alimentares, intitulando-se Policultivo Integrado. O objetivo era aproveitar a produção de<br />
dejetos pela suinocultura e avicultura como fertilizantes para a produção de alimento natural<br />
na produção de pescado. O policultivo foi bem aceito pelos produtores rurais que passaram a<br />
produzir peixes a baixo custo e de alta competitividade, possibilitando a Santa Catarina, e<br />
particularmente ao Oeste Catarinense a projetarem-se como os maiores produtores de peixes<br />
de água doce do país.<br />
Com uma demanda crescente por pescados a partir da década de 1990, o Oeste<br />
Catarinense passou a fornecer carpas para o Sudeste Brasileiro no abastecimento aos<br />
pesquepagues. A partir daí, o policultivo de peixes fortaleceu-se como o principal sistema de<br />
criação de peixes de água doce em Santa Catarina, com algumas variações entre as espécies<br />
principais e taxas de estocagem. Na segunda metade da década de 1990, o mono e/ou<br />
policultivo de tilápia tem se firmado como uma nova opção para a agricultura familiar. Com<br />
um filé de cor branca e sabor suave, a tilápia tem conquistado seu espaço junto a produtores e<br />
consumidores. Em 2006 a produção total de peixes de água doce no Estado foi de 22.978,44<br />
t, onde a tilápia respondeu com 10.803,3 t da produção, e as carpas com 9.161,05 t,<br />
representando 47% e 40% da produção total respectivamente.<br />
3.2 Cinamomo<br />
O cinamomo (Melia azedarach, L., 1753) é uma árvore pertencente à família<br />
Meliaceae, a mesma do neem, do mogno, da adiroba e do cedro. Popularmente é conhecida
7<br />
com os nomes de cinamomo, santa bárbara, lírio da china, lírio do japão, lilás do japão entre<br />
outros (MARTINEZ, 2002).<br />
Originária do sudeste da Ásia é uma árvore de hábito decíduo de curta duração, com<br />
altura de 6-15 m e tronco de 30-60 cm de diâmetro. Quando jovem, a árvore apresenta uma<br />
casca lisa externamente e, quando velha, fissurada, apresentando, às vezes abundantes<br />
lenticelas grandes. A casca é de cor cinza parda e sabor amargo. Internamente é de cor<br />
amarelada à marfim, textura fibrosa e estrutura laminar (SCHNEI<strong>DE</strong>R, 1987).<br />
É uma planta que apresenta boa adaptação às condições climáticas de toda a Região<br />
Sul, podendo ser encontrada tanto na área litorânea como nas regiões com maiores altitudes.<br />
Prefere solos férteis, profundos e bem drenados. Por possuir facilidade de adaptação e<br />
expansão vegetativa, é bastante cultivada como árvore de sombra e ornamental presente em<br />
milhares de residências da Região Sul.<br />
Possui copa semiarredondada, densa. Folhas até 90 cm, alternas, bipinuladas, com<br />
numerosos folíolos.<br />
Os frutos tipo drupa, semiarredondados, pericarpo liso e ligeiramente transparente, de<br />
cor amarelada quando está maduro, cerca de 15 mm de diâmetro, amarelos, lisos, mas<br />
tornando-se rugosos. Floresce na primavera durante os meses de setembro, outubro e<br />
novembro. Frutos maduros no outono e inverno, quando as árvores estão desfolhadas. Os<br />
frutos, de sabor amargo e propriedades venenosas e narcóticas, podem matar suínos, mas<br />
bovinos e aves não parecem ser suscetíveis. As sementes são dispersas por aves e morcegos, o<br />
que impossibilita o seu controle.<br />
O cinamomo apresenta uma madeira considerada nobre, já sendo utilizada na<br />
fabricação de móveis de luxo, esquadria e laminação. As árvores pequenas e galhos possuem<br />
um bom valor calorífico e são aproveitados como lenha ou produção de carvão (SOUZA<br />
CRUZ, 1987).<br />
São de conhecimento e uso popular as propriedades inseticidas do cinamomo. Entre os<br />
usuários existem indicações do preparo e modo de utilização de extratos dos frutos contra<br />
pulgões, gafanhotos e cochonilhas. Outras formas de utilização são indicadas, como por<br />
exemplo, espalhar ramos e folhas verdes da planta pelo chão do galpão e arredores para o<br />
controle de pulgas, ou pendurar na parede para o controle de moscas<br />
(DICAGROECOLÓGICA, 2001) Trabalhos científicos têm demonstrado os efeitos dos<br />
extratos de cinamomo no controle de insetos e pragas na agricultura (SALLES, 1999;<br />
BRUNHEROTTO e VEN<strong>DA</strong>RAMIM, 2001; ARAÚJO et. al., 2009) e a insetos vetores e<br />
transmissores de doenças (PROPHIRO, 2008; GUIRADO, et. al., 2009).
8<br />
Na agropecuária é utilizado popularmente e também pesquisado pelas suas<br />
propriedades anti-helmínticas e carrapaticidas (<strong>DA</strong>NTAS, 2000; VIVAN, 2005; FALBO, et.<br />
al. 2008).<br />
3.3 Timbó<br />
O timbó, Ateleia glazioviana pertence à família Fabaceae é conhecido com os nomes<br />
populares de timbé (SC) e timbózinho.<br />
É uma árvore caducifólia, comumente com 5 a 15 m de altura, podendo atingir até<br />
25m. Tronco reto, fuste, com até 8 metros de comprimento. Ramificação dicotômica, copa<br />
pequena. Folhas compostas, com 40 cm de comprimento e até 30 folíolos alternados, cada um<br />
com até 7 cm de comprimento com nervura principal visível. Flores amareladas, reunidas em<br />
inflorescência terminal com 15 cm de comprimento. Frutos em uma pequena vagem orbicular<br />
indeiscente, amarela clara, alada, com a semente visível no centro, a qual é pequena, de<br />
coloração avermelhada , lembrando um feijão.<br />
Floresce de outubro a janeiro: de outubro a dezembro no Rio Grande do Sul e de<br />
novembro a janeiro no Paraná. Frutos maduros de março a julho: de março a maio em Santa<br />
Catarina, de abril a julho no Paraná e no Rio Grande do Sul. Quando plantado, a frutificação<br />
inicia aos 4 anos de idade.<br />
É uma espécie precursora e agressiva, invade os campos. Jamais se encontra no<br />
interior da floresta, embora muitas vezes constitua a margem avançada dela. Apresenta<br />
regeneração natural intensa fora da floresta primária. Forma povoamentos puros, conhecidos<br />
por timbozais. Em muitas regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina é considerada<br />
uma planta daninha, tal é seu vigor reprodutivo e vegetativo (CARVALHO, 1994).<br />
3.4 Produtos naturais<br />
Desde o quarto século A.C. existem relatos de normas para a coleta de plantas<br />
medicinais. Os carrascos gregos, por exemplo, coletavam suas amostras do veneno cicuta<br />
(Conium maculatum) pela manhã, quando os níveis de coniína são maiores (GOBBO-NETO e<br />
LOPES, 2007). No Brasil os primeiros médicos portugueses, diante da escassez de remédios<br />
vindos da Europa, foram obrigados a perceber a importância dos remédios indígenas. A vinda<br />
da corte real para o Brasil em 1808 e o Decreto de D. João VI abrindo os portos brasileiros às<br />
nações amigas pode ser considerado um dos primeiros marcos históricos da ciência brasileira,<br />
porque foi a partir deste decreto que começaram a chegar ao país as primeiras expedições,
9<br />
científicas cujo objetivo principal era dar conhecimento aos europeus da exuberância da nossa<br />
fauna e de nossa flora (PINTO et al., 2002).<br />
A natureza, de forma geral, tem produzido a maioria das substancias orgânicas<br />
conhecidas. Dentre os diversos reinos da natureza, o reino vegetal é o que tem contribuído de<br />
forma mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, muitos destes de<br />
grande valor agregado devido às suas aplicações como medicamentos, cosméticos, alimentos<br />
e agroquímicos (PINTO et al., 2002; ARAÚJO, 2009).<br />
As plantas possuem suas próprias defesas que as protegem de outras plantas, insetos<br />
fitófagos e herbívoros predadores de uma maneira geral. Estas defesas são de natureza<br />
química e, normalmente, envolvem substâncias do metabolismo secundário, as quais podem<br />
ser chamadas de fitotoxinas ou aleloquímicos. Esse fenômeno é conhecido como alelopatia.<br />
Os metabólitos secundários são produzidos e estocados nas folhas, caules, raízes, flores e<br />
sementes. Muitos deles têm papéis vitais como mediadores em interações ecológicas com a<br />
função na sobrevivência de organismos particulares, aumentando a competitividade destes em<br />
ambiente hostil (MALHEIROS e PERES, 2001; PINTO et al., 2002). Variações temporais e<br />
espaciais no conteúdo total, bem como as proporções relativas dos metabólitos secundários<br />
em plantas ocorrem em diferentes níveis (sazonais e diárias; intraplanta, inter e intraespecífica)<br />
e, apesar da existência de um controle genético, a expressão pode sofrer<br />
modificações resultantes da interação de processos bioquímicos, fisiológicos, ecológicos e<br />
evolutivos. Representam uma interface química entre as plantas e o ambiente circundante,<br />
portanto, sua síntese é frequentemente afetada por condições ambientais. Os principais fatores<br />
que podem coordenar ou alterar a taxa de produção de metabólitos secundários são:<br />
sazonalidade, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, nutrientes, altitude,<br />
poluição atmosférica, indução por estímulos mecânicos ou ataque de patógenos. Por exemplo,<br />
uma espécie de Asteraceae, Chrysonthamus nauseasus, rica em terpenos possui a maior<br />
concentração destes, 80 µg g -1 , em peso seco, no verão quando sofre ataque de insetos<br />
herbívoros. No inverno tais níveis caem para 18 µg/g quando a planta tem suas folhas<br />
devoradas por outros animais. (VIEGAS JÚNIOR, 2003; GOBBO-NETO e LOPES, 2007).<br />
Brunherotto e Vendramim (2001) verificaram que apesar da variação do efeito dos extratos de<br />
folhas, ramos e frutos de M. azedarach sobre T. absoluta, todos afetaram negativamente o<br />
desenvolvimento do inseto, sugerindo que os ingredientes ativos estão presentes nas diversas<br />
estruturas da planta, embora em concentrações variáveis.<br />
Em uma alternativa de produção de alimentos, tal como se concebe a agricultura<br />
sustentável, busca-se mobilizar harmoniosamente todos os recursos disponíveis na unidade de
10<br />
produção de forma a reduzir o impacto ambiental e a poluição, a minimizar a dependência<br />
externa das matérias primas, a atingir a otimização do balanço energético da produção e a<br />
produzir alimentos baratos e de alta qualidade biológica para suprir necessidades internas e<br />
gerar excedentes exportáveis. O emprego de substâncias extraídas de plantas silvestres, na<br />
qualidade de inseticidas, tem inúmeras vantagens quando comparados aos efeitos dos<br />
sintéticos. Os inseticidas naturais são obtidos de recursos renováveis e são rapidamente<br />
biodegradados; o desenvolvimento de resistência dos insetos a essas substâncias compostas da<br />
associação de vários princípios ativos é um processo lento, e são de fácil acesso aos<br />
agricultores. É, portanto, aconselhável a produção de alimentos em sistemas orgânicos,<br />
quando da implantação de programas de agricultura sustentável e de desenvolvimento local<br />
(ROEL, 2001). Por outro lado, muitos produtos naturais são caros para serem considerados<br />
seriamente como agroquímicos, e necessitam de legislação que exija o mesmo nível de<br />
segurança como as existentes para os produtos sintéticos, pois muitos dos compostos mais<br />
tóxicos ao homem são naturais (ex., aflatoxina, fumonisina, ricina) (DUKE, 2002).<br />
3.4.1 Biossíntese dos produtos naturais<br />
Os produtos naturais são divididos em dois grupos: metabólitos primários e<br />
metabólitos secundários. Os metabólitos primários são produtos do metabolismo geral,<br />
amplamente distribuídos em plantas e microorganismos. Podem-se citar aminoácidos,<br />
proteínas, monossacarídeos, nucleotídeos, ácidos carboxílicos do ciclo do ácido cítrico,<br />
lipídios, glicerídeos, etc. Os metabólitos secundários são produtos do metabolismo especial,<br />
biossintetizados a partir do metabolismo primário, com distribuição restrita em certas plantas<br />
e microorganismos. Grande parte dos princípios ativos responsáveis pela atividade de uma<br />
planta encontra-se entre os metabólitos secundários, ou produtos naturais que englobam as<br />
seguintes classes de compostos: terpenos, alcalóides glicosídios, flavonóides,<br />
oligossacarídeos, cumarinas, esteróis e outros (SIMÕES et al., 2000).<br />
A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do<br />
metabolismo da glicose (Figura 1), via dois intermediários principais, o ácido chiquímico e o<br />
acetato. Este, fornece as unidades acetila que compõem o intermediário reativo, a acetiltiocoenzima<br />
A (acetil-CoA), o verdadeiro precursor de vários grupos de substâncias, tais como<br />
os aminoácidos alifáticos (e os alcalóides deles derivados), terpenóides, esteróis, ácidos<br />
graxos e triglicerídeos (SIMÕES et al., 2000).
11<br />
Glicose<br />
Polissararídeos<br />
Heterosídeos<br />
Ácido chiquímico<br />
Acetil-CoA<br />
Ciclo do<br />
ácido<br />
cítrico<br />
Via mevalonato<br />
isoprenóides<br />
terpenóides e<br />
esteróis<br />
Figura 1 - Ciclo da biossíntese dos metabólitos secundários (SIMÕES et al., 2000).<br />
A descoberta do ácido mevalônico, que se forma durante o processo de fermentação da<br />
cerveja e que é capaz de permitir o crescimento bacteriano, dependente de acetato, mesmo<br />
quando este não está presente, permitiu elucidar a biossíntese do ácido mevalônico e os<br />
mecanismos de conversão destes nas unidades em C5 e, portanto, precursores de todos os<br />
isoprenóides. (ARAÚJO, 2009).<br />
O mevalonato é formado da condensação de uma unidade da acetoacetil-CoA com<br />
uma molécula de acetil-CoA. Após a condensação aldólica, ocorre uma hidrólise originando a<br />
3-hidróxi-3-metilglutaril-CoA que é reduzida a mevalonato, numa reação irreversível. O<br />
mevalonato é então convertido em isopentenil-pirofostato, ou isopreno ativo, a unidade básica<br />
na formação dos terpenos e esteróides. A polimerização do mevalonato vai originar moléculas<br />
de cadeias carbonadas crescentes de cinco em cinco átomos de carbono, denominada<br />
isopreno. Terpenóides, terpenos ou isoprenóides são termos que indicam que estes compostos<br />
são derivados do isopreno, cuja regra indica que os membros desta família são constituídos<br />
por unidades de cinco átomos de carbono com estrutura do isopreno ligadas entre si pela<br />
ordem cabeçacauda (SIMÕES et al., 2000). O isopreno não está envolvido diretamente na<br />
formação dos produtos pertencentes a estas classes. As unidades bioquimicamente ativas de<br />
isopreno são o dimetil pirofosfato (DMAPP) e o isoprenil pirofosfato (IPP) (Figura 2). Na<br />
adição de uma unidade do DMAPP ao carbono ativo C 5 do IPP, é gerado o isômero geranil<br />
pirofosfato. A condensação de duas unidades de IPP ou GPP gera os triterpenos (C 30 ) e os
12<br />
tetraterpenos (C 40 ), respectivamente (YUNES e CECHINEL FILHO, 2007). São conhecidos<br />
cerca de 30.000 terpenos e são classificados com o número de unidades de isopreno em:<br />
hemiterpenóides, C 5 ; monoterpenóides, C 10 , sesquiterpenóides C 15 ; diterpenóides, C 20 ;<br />
triterpenóides, C 30 e tetraterpenóides C 40 (DUBEY apud, YUNES e CECHINEL FILHO,<br />
2007; ARAÚJO, 2009).<br />
IP DMAPP IPP<br />
H<br />
OPP<br />
OPP<br />
Figura 2 - Estrutura dos terpenos IP, DMAPP e IPP (YUNES e CECHINEL FILHO,<br />
2007).<br />
Yunes e Cechinel Filho (2007), citam a ocorrência de outra via para a biossíntese dos<br />
terpenos, a não mevalonato. A via mevalonato opera no citoplasma e mitocôndrias<br />
sintetizando esteróides e sesquiterpenos preferencialmente, a via não mevalonato opera no<br />
plastídio sintetizando todas as outras classes de terpenos incluindo carotenóides e clorofila.<br />
3.4.2 Produtos naturais com ação inseticida<br />
Os terpenos abrangem uma grande variedade de substâncias de origem vegetal e sua<br />
importância ecológica como defensivos de plantas está bem estabelecida. Os limonóides, ou<br />
tetranortriterpenóides, são provavelmente, os maiores representantes da classe dos terpenos<br />
com atividade inseticida representando o nível máximo na sequência de produção de<br />
terpenóides. No nível inferior, os monoterpenos de estrutura relativamente simples como o<br />
limonemo e mirceno desempenham um papel de proteção contra insetos em plantas que os<br />
produzem. São conhecidos como meliacinas, devido ao seu sabor amargo e suas principais<br />
fontes são espécies das famílias Meliaceae, Rutaceae, e Cneoraceae. Cerca de 100<br />
triterpenóides têm sido identificados das sementes, madeira, cascas, folhas e frutos de<br />
Azadirachta indica (Meliaceae) (VIEIRA e ANDREI, 1997; VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />
Estruturalmente os limonóides são derivados de triterpenos tetracíclicos dos tipos<br />
eufol ou tirulacol por uma série de mudanças oxidativas acompanhadas de rearranjos<br />
moleculares, que ao final dá origem aos tetranortriterpenóides pela perda de quatro átomos de<br />
carbono do precursor original. São classificados como tetranortriterpenóides com base na
13<br />
oxidação de quatro anéis designados como A, B, C e D nos núcleos triterpênicos (TAYLOR,<br />
1984; KAUR e ARORA, 2009). Segundo Vieira e Andrei (1997), esta rota biossintética<br />
envolve vários passos, levando às mais variadas estruturas, mas que quase invariavelmente<br />
contém 26 átomos de carbonos no seu esqueleto central (Figura 3).<br />
HO<br />
HO<br />
Butirospermol<br />
Eufano/Tirucalano<br />
Rearrango apoeufol ou<br />
apotirucalol<br />
O<br />
HO<br />
OH<br />
HO<br />
O<br />
HO<br />
OH<br />
Tetranortriterpenóide<br />
(Limonóide)<br />
Figura 3 - Rota biogenética para formação dos limonóides (VIEIRA e ANDREI, 1997).<br />
Uma das substâncias de origem vegetal mais promissora com atividade inseticida é a<br />
azadiractina, extraída das plantas do neem (Azadirachta indica) e do cinamomo (Melia<br />
azedarach), ambas da família Meliaceae. Extratos de neem e cinamomo contém cerca de<br />
quatro compostos ativos, dos quais, azadiractina, salanina, meliantriol e nimbim são os<br />
principais, além de possuírem comprovada ação inseticida (VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />
A planta A. indica, de origem asiática, é considerada a mais importante planta<br />
inseticida em todo o mundo, sendo que a sua atividade já foi referida para mais de 400
14<br />
espécies de insetos, das quais, mais de 100 ocorrem no Brasil (BRUNHEROTTTO e<br />
VENDRAMIM, 2001). Durante séculos foi utilizada na Índia no combate a insetos e,<br />
atualmente, são extraídos e comercializados compostos químicos ativos sobre mais de 200<br />
espécies de insetos, incluindo alguns moluscos. O trabalho pioneiro de Butterworth e Morgan,<br />
em 1968, no isolamento pela primeira vez da azadiractina, foi motivado por relatos de que o<br />
meliantriol, isolado das frutas frescas e do óleo de M. azedarach era fagoinibidor de<br />
gafanhotos no deserto. A substância inibidora denominada de azadiractina, não se relacionava<br />
ao meliantriol e era dotada de notável atividade fagorrepelente (VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />
A azadiractina é um triterpeno que causa distúrbios fisiológicos, alterando o<br />
desenvolvimento e a funcionalidade de várias espécies de insetos praga, principalmente<br />
devido à ação de repelência alimentar, inibidora de desenvolvimento, crescimento e na<br />
reprodução (SALLES e RECK, 1999). Também atua interferindo no funcionamento das<br />
glândulas endócrinas que controlam a metamorfose em insetos, impedindo o desenvolvimento<br />
da fase larval. Este efeito ocorre em doses tão baixas como 50 ppb (MAIRESSE, 2005) e é<br />
devido à interferência na regulação neuroendócrina de hormônios nas larvas (VIEGAS<br />
JUNIOR, 2003). Esta substância possui o anel C-seco e tem sua ocorrência restrita às três<br />
espécies, A. indica, Melia toosendan, e Melia azedarach.<br />
Os limonóides apresentam grande diversidade estrutural, com anéis B-, A-, A, B e C-<br />
seco (CHAMPAGNE et al., apud VIVAN, 2005). Alguns estudos tentando estabelecer a<br />
relação estrutura-atividade permitiram concluir que limonóides com o anel C-seco são os mais<br />
ativos, e uma das ações mais relevantes relatadas para plantas da família Meliaceae é a<br />
supressora de apetite (CHAMPAGNE et al., apud VIEGAS JUNIOR, 2003).<br />
Mordue e Nisbet (apud COSTA et al., 2004), consideram os efeitos fisiológicos dos<br />
extratos de A. indica muito mais consistentes que os efeitos de inibição alimentar. Os efeitos<br />
fisiológicos causam interferência no crescimento e processos de metamorfose dos insetos,<br />
além de prejudicar a reprodução e outros processos celulares. Classificam os efeitos<br />
fisiológicos em indiretos, que são decorrentes da interferência hormonal do ingrediente ativo;<br />
e diretos, quando há inibição da divisão celular e síntese de proteínas, com o inseticida<br />
atuando diretamente sobre as células e os tecidos.<br />
O cinamomo (Melia azedarach), que também pertencente à família Meliaceae, é<br />
originário da Índia e da Pérsia. Foi introduzida no Brasil há séculos, sendo notável pela<br />
extraordinária facilidade de adaptação e pela vigorosa expansão vegetativa. É uma planta<br />
sensível à umidade excessiva, além disso, reproduz-se facilmente. (MURILO, 2002). Esta<br />
planta é uma fonte de limonóides ou terpenos complexos, com maior concentração nos frutos
15<br />
(GRZYBOWSKY, 2006). Um grande número de limonóides com ação fagoinibidora e outras<br />
propriedades para o controle de insetos tem sido isolados de Melia azedarach e M.<br />
toosendam. (FUKUIAMA et al., 2000; CARPINELLA et al., 2002). CARPINELLA et. al.<br />
(2002), isolaram o limonóide meliartenina com forte ação fagoinibidora em testes com larvas<br />
de Epilachna paenulata Germ. (Coleoptera: Coccinellidae) e Spodoptera eridania<br />
(Lepidoptera: Noctuidae).<br />
Dos extratos metanólicos dos frutos de M. azedarach (Meliaceae) foram isolados a 1-<br />
cinamoil-melianolona que é estruturalmente semelhante à azadiractina e apresentou atividade<br />
inseticida equivalente. Esta planta também é fonte das maliacarpinas que são inseticidas tão<br />
potentes quanto a azadiractina (VIEGAS JUNIOR, 2003). Como agente antialimentar em<br />
cinamomo Huang (apud MAIRESSE, 2005) isolou meliacarpina, seis trichilinas e três<br />
azedaractinas, azedaractina a, 12-O-acetilazedaractina A e 12-O- acetilazedaractina B e<br />
azedaractina C, diferente dos demais, por ter um oxigênio sem função no C-12. Meliacarpinas<br />
identificadas como 1,3-dicinnamoyl-11-hydroxymeliacarpin, 1-cinnamoyl-3-methacrylyl-11-<br />
hydroxymeliacarpin e 1-cinamoyl-3-acetyl-11-hydroxymeliacarpin foram relatadas como<br />
principais constituintes inseticidas e reguladores (desruptores) do crescimento das folhas de<br />
cinamomo. As propriedades inseticidas foram comprovadas em bioensaios com Spodoptera<br />
litorallis e comparáveis com a azadiractina do nim. Além disso, possuem uma forte ação<br />
contra a metamorfose em insetos (BOHNENSTENGEL et al., 1999).<br />
O extrato etanólico dos frutos de Melia azedarach mostrou ação inibitória a fungos<br />
nas concentrações de 50-300 mg mL -1 e fungicida de 60 – 500 mg mL -1 contra Aspergillus<br />
flavus, Fusarium moniliforme, Microsporum canis e Candida albicans. O screening<br />
fitoquímico foi positivo para flavonóides, lignanas, triterpenos e negativo para alcalóides<br />
(CARPINELLA et al., 1998).<br />
Mairesse (2005), visando avaliar o efeito do extrato de folhas do cinamomo, Melia<br />
azedarach sobre o crescimento e desenvolvimento de Spodoptera frugiperda, testando doses<br />
nas concentrações de 0,31 até 22.22% p/v concluiu que esta meliaceae contém componentes<br />
extremamente tóxicos e antialimentares à Spodoptera frugifera, o que a torna mais promissora<br />
que Azadirachta indica para a Região Sul do Brasil; pela maior disponibilidade de material<br />
para preparação de extratos, pela maior adaptação dessa espécie e pela maior sustentabilidade<br />
que significa a coleta de folhas sem comprometimento da planta.<br />
Segundo Cruz (2005), o efeito da exposição de peixes à extratos aquosos de A. indica<br />
foram a desorganização do arranjo cordonal dos hepatócitos, vacuolização citoplasmática e<br />
necrose das células epiteliais de revestimento dos canalículos biliares. Avaliou também a
16<br />
eficácia do inseticida paration metílico e do pesticida natural azadiractina contido no extrato<br />
aquoso de folhas secas de neem no controle de Anacanthorus penilabiatus (Monogenea) em<br />
pacu (Piaractus mesopotamicus). A eficácia do paration metílico foi maior com o aumento da<br />
concentração e o tempo de exposição. Na concentração de 7 mg L -1 de paration metílico<br />
ocorreu a maior eficácia de controle em todos os tempos de exposição. As maiores eficácias<br />
ocorreram nos tempos de 16 e 24 horas de exposição com 96,2 e 97% de controle. Para o<br />
extrato aquoso de folhas de neem a maior eficácia de controle (89,2%) foi com a concentração<br />
de 2,9 mg L -1 , após 120 horas de exposição. A eficácia nos tratamentos com 1,47 mg/L foi de<br />
83,9% de controle e com 1,18 mg/L, 85,5% após 120 h de exposição. O paration metílico<br />
apresentou maior eficácia de controle do A. penilabiatus que o extrato aquoso do neem. O<br />
tempo de exposição para se obter eficácia do extrato aquoso do neem foi de 120 horas, o que<br />
pode inviabilizar a sua utilização em tratamentos terapêuticos.<br />
Segundo Srivastava e Raidaza (apud CRUZ, 2005, p. 40), a azadiractina não<br />
apresentou efeito embriofetotóxico e teratogênico em ratos, não produzindo efeito<br />
morfológico, visceral e esquelético. Portanto, esses autores consideraram a azadiractina como<br />
um biopesticida alternativo aos inseticidas sintéticos. Schmutterer (apud CRUZ, 2005, p. 40)<br />
estimou a dose letal (DL 50 ) de 7.000 mg kg -1 para ratos, e não foi observada toxicidade aguda<br />
oral para patos que ingeriram 5.000 a 8.750 mg kg -1 .<br />
Segmentos de riachos foram tratados com extrato de neem para determinar os efeitos<br />
sobre as comunidades de insetos aquáticos. Após nove dias de tratamento não houve diferença<br />
significativa entre os controles e os segmentos de riachos tratados com extrato na<br />
concentração de 0,9 mg L -1 . Entretanto, a estrutura das comunidades dos insetos aquáticos nos<br />
riachos tratados na concentração de 3,0 mg L -1 diferiram significativamente dos controles<br />
(KREUTZWEISER et al., 2000).<br />
Aplicações aéreas sobre ambientes lênticos de um produto comercial à base de neem<br />
resultando em concentrações na água de 5 a 10 µg L -1 causaram efeitos adversos<br />
significativos sobre comunidades de crustáceos zooplanctonicos como redução do número de<br />
copépodos adultos e redução da biomassa total do zooplâncton (KREUTZWEISER, et. al.,<br />
2000),<br />
Em um estudo que objetivou verificar a eficiência de extratos vegetais obtidos das<br />
folhas de Allamanda cathartica, Ruta graveolens, Melia azedarach, Chysanthemum sp e<br />
Ateleia glazioviana, o autor encontrou para A. cathartica a presença de alcalóides, cumarinas,<br />
flavonóides, esteróis e triterpenos. Comparando extratos aquosos com hidroalcoólicos, os<br />
maiores rendimentos em extratos aquosos foram obtidos com folhas de cinamomo e para os
17<br />
extratos hidroalcoólicos com folhas de arruda. Tanto para R. graveolens e M. azedarach a<br />
análise química foi positiva para alcalóides, flavonóides, esteróis e triterpenos (GRANDO,<br />
2003). A análise cromatográfica em camada delgada (CCD) com Melia azedarach, para<br />
diferentes classes de compostos em CCD, revelou a presença de alcalóides, flavonóides,<br />
esteróis e triterpenos (KROMBAUER, 2001).<br />
Os timbós verdadeiros (plantas do gênero Derris), originários da Amazônia Brasileira,<br />
têm demonstrado importância crescente por produzirem uma classe de compostos<br />
flavonóidicos relacionados à rotenona, e que possuem atividade tóxica para peixes e<br />
mamíferos. Foi estudada a toxicidade, estabelecendo a dose letal 50% (DL 50 ) do extrato<br />
alcoólico do pó de Derris sp. para três espécies de peixes filogeneticamente diferentes e um<br />
mamífero. As DL 50 foram de 2,6 µg mL -1 para Colosoma macropomum, 4,8 µg mL -1 para<br />
Oreochromis niloticus, 14,2 µg mL -1 para Plescostomus sp e DL 50 de 100,0 mg kg -1 para<br />
Rattus norvegicus. Denotam acentuadas diferenças entre os valores de DL 50 , principalmente<br />
entre os peixes e o rato. Isto provavelmente é devido a fatores toxicocinéticos que se<br />
relacionam com as diferentes barreiras teciduais encontradas pelos rotenóides quando<br />
administrados pela via oral em mamíferos (MASCARO et. al., 1998).<br />
As folhas do timbó (Ateleia glazioviana Baill.) são conhecidas na região Oeste de<br />
Santa Catarina como potencialmente tóxicas a mamíferos ocasionando não raramente a morte<br />
de bovinos após se alimentarem desta planta. Com atividade inseticida, o timbó possui o<br />
flavonóide rutina (CANTARELLI et al., 2005). Em Santa Catarina é produzido<br />
comercialmente um produto comercial à base de extratos das folhas do timbó. Este produto é<br />
indicado para o controle de formigas cortadeiras, caseiras e cupins. Para as formigas<br />
cortadeiras é indicado o uso de 15 g em formigueiros de 70 cm de diâmetro, em áreas<br />
infestadas é recomendado o uso de 10g a cada 5 m 2 (CITROMAX, 2008). Este extrato<br />
comercial foi avaliado como formicida em diferentes doses no controle de Acromyrmex lundi,<br />
formiga cortadeira, em campos nativos no Rio Grande do Sul. As doses testadas de 5, 10 e<br />
15g deste extrato comercial apresentou ação de choque, havendo alto percentual de controle<br />
nos primeiros cinco dias. O controle de A. lundi foi eficiente em todas as doses testadas,<br />
obtendo-se um percentual de controle superior a 85%, não havendo diferença no tamanho do<br />
formigueiro no percentual de controle (CANTARELLI et al., 2005)<br />
Analisando as folhas de timbó (Ateleia glazioviana Baill.) através de cromatografia<br />
gasosa e cromatografia de camada delgada (CCD), as análises demonstraram a presença de<br />
esteróides, terpenos, cumarinas, alcalóides e flavonóides (VIEIRA, 2000).
18<br />
3.4.3 Uso de produtos naturais na aquicultura<br />
Os produtos naturais começam chamar a atenção para uso em aquicultura em<br />
substituição a produtos sintéticos no controle de pragas e doenças abrindo novas fronteiras de<br />
estudo em graves problemas enfrentados por esta atividade. São ricos em uma grande<br />
variedade de nutrientes e um repositório de novos aditivos para alimentação de animais<br />
aquáticos. Podem ser utilizados como atrativos, para aumentar a digestibilidade dos<br />
nutrientes, melhorar a conversão alimentar, incrementar o ganho de peso e no controle de<br />
parasitoses (XIANG e ZHOU, 2000).<br />
Ardó et al. (2008), após estudar o efeito dos extratos de Astragalus membranacea e<br />
Loricera japônica incorporada na ração para alimentação de tilápias infectadas com<br />
Aeromonas hydrophila, concluiu que agiram como imunoestimulantes, aumentado a resposta<br />
imune das tilápias em cultivo. Abutbul et al. (2005), identificaram extratos aquosos de plantas<br />
do deserto com atividades antibacterianas sobre patógenos de peixes como Aeromonas<br />
hydrophila, Photobacterium damselae subsp. piscicida, Streptococcus iniae e Vibrio<br />
alginolyticus.<br />
Um dos sérios problemas enfrentado pela piscicultura no mundo inteiro é o gosto de<br />
barro na carne dos peixes cultivados oriundo dos compostos metabólicos, 2-metilisoborneol e<br />
geosmina excretados pelas cianofíceas. Para melhorar a qualidade da água em substituição à<br />
algicidas à base de cobre, os quais não são seletivos e matam outros organismos presentes no<br />
plâncton como as algas verdes (Clorophyta), compostos naturais como a antraquinona foram<br />
identificados como algicidas seletivos no controle do desenvolvimento excessivo de<br />
cianofíceas que causam severas perdas econômicas na produção do catfish Ictalurus punctatus<br />
nos Estados Unidos. (DUKE, 2002).<br />
Pereira et al. (2008), verificou a eficácia do extrato aquoso de folhas de Terminalia<br />
catappa no controle de monogenéticos em apaiari, Astronotus ocellatus. Constatou ausência<br />
de parasitos nos grupos tratados com 50, 75, e 100 ml L -1 deste extrato e infestação muito alta<br />
de parasitos no grupo controle.<br />
Balasubramanian et al. (2007), estudaram a atividade antiviral dos extratos de 20<br />
plantas medicinais contra o vírus da mancha branca no camarão Peneaeus monodon. Das<br />
plantas testadas cinco extratos mostraram atividade antiviral, Aegle marmelos, Cynodon<br />
dactylon, Lantana camara, Momordica charantia e Phyllanthus amarus quando aplicados<br />
através de injeção intramuscular contendo uma suspensão com os vírus e os extratos. O<br />
extrato aquoso de C. dactylon foi o antiviral mais potente, não houve mortalidades e não foi<br />
detectado o vírus a uma concentração de 100 mg kg -1 de peso vivo animal. Enquanto que o
19<br />
extrato metanólico de M. chariantia mostrou atividade antiviral significativa a uma<br />
concentração de 150 mg kg -1 de peso vivo animal. Devido à inviabilidade de se utilizar os<br />
extratos em produções de larga escala com injeções intramusculares foi estudada a ação do<br />
extrato de Cynodon dactylon via oral. Extratos desta planta foram incorporados na ração, nas<br />
concentrações de 1 e 2% em uma fazenda de produção em escala de Penaeus monodon. Na<br />
concentração de 1% houve 40% de mortalidade e na concentração de 2% não houve<br />
mortalidade e detecção do vírus, mostrando-se com forte atividade antiviral.<br />
(BALASUBRAMANIAN et al., 2008).<br />
Os estudos citados abrem um extenso campo de estudo fitoquímico na identificação<br />
dos grupos químicos, identificação e isolamento das moléculas biologicamente ativas para uso<br />
na aquicultura.<br />
3.5 Inseticidas sintéticos e seu uso em aquicultura<br />
No Brasil, a maioria dos produtos utilizados como quimioterápicos na aquicultura são<br />
de uso agrícola ou veterinário. Como não foram desenvolvidos para uso no ambiente aquático<br />
pode-se supor que estas práticas são bastante imprevisíveis do ponto de vista dos destinos e<br />
efeitos dos compostos. Mesmo assim, alguns inseticidas e acaricidas vêm sendo utilizados<br />
pelos produtores brasileiros devido à eficiência e relativa simplicidade operacional. Apesar de<br />
alertar para os riscos, a maioria das publicações nacionais sobre piscicultura trazem<br />
indicações de qual o melhor produto, dose e duração do tratamento para eliminação das<br />
pragas estabelecidas nos cultivos. (SANTOS, 2007).<br />
Os agrotóxicos, presentes no meio aquático, podem atingir o homem pela ingestão de<br />
água e de alimentos contaminados, como os peixes. Os peixes entram em contato direto com<br />
os agrotóxicos, principalmente pela via dérmica, superfície externa do corpo com suas<br />
inúmeras estruturas sensoriais, brânquias, oral e em todo o trato gastrintestinal<br />
(MATAQUEIRO, 2002).<br />
A aplicação destes praguicidas pode resultar em altos níveis de resíduos nos peixes,<br />
inclusive no momento do consumo, pois normalmente os períodos de carência não são<br />
respeitados pelos piscicultores (RODRIGUES et al., 1997). Os inseticidas organofosforados<br />
podem causar ainda efeitos tóxicos subagudos nos peixes, notadamente na morfologia e<br />
fisiologia dos animais (CRUZ, 2005).<br />
Os organofosforados são um grupo de compostos que historicamente têm sido<br />
utilizados como pesticidas. Estes compostos são potentes inibidores de acetilcolinoesterase<br />
tendo um profundo efeito no sistema nervoso dos organismos expostos. A ação inseticida
20<br />
destes compostos foi primeiramente observada durante a segunda guerra mundial no<br />
desenvolvimento de gases tóxicos. Pertencem a este grupo químico inseticidas como<br />
malation, diclorvos, paration e metil paration entre outros. São liposolúveis com capacidade<br />
de penetrar nos mais diversos tecidos, como na pele e da placenta para o feto. O metil paration<br />
(MP) (Figura 4) foi registrado nos EUA em 1954, e em 1978 teve seu uso restrito devido à<br />
confirmação de efeitos tóxicos sobre trabalhadores. (EDWARSDS e THOUNWOU, 2005).<br />
S O CH 3<br />
O 2<br />
N<br />
O<br />
P<br />
O CH 3<br />
Figura 4 - Fórmula estrutural do metil paration: C 8 H 10 NO 5 PS.<br />
IUPAC: O, O-dimetil O-4-nitrofenil fosforotioato<br />
O MP está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
(MAPA) como acaricida/inseticida com uso permitido nas culturas do algodão, alho, batata,<br />
cebola, feijão, milho, soja e trigo, com um intervalo de segurança de 15 dias (MAPA, 2009).<br />
Está incluído na lista de substâncias perigosas da convenção de Roterdã devido a alta<br />
toxicidade aguda, neurotoxicidade, suspeita de desregulação endócrina, mutagenicidade e<br />
carcinogenicidade (ANVISA, 2008). São transportados no meio ambiente de várias formas.<br />
Quando aplicado como inseticida, o MP é rapidamente degradado por fotólise, hidrólise com<br />
pH >7 e biodegradação por microorganismos no sedimento e na água. A solubilidade na água<br />
é de 50 mg L -1 , podendo ser facilmente transportado pela chuva e vento para áreas<br />
circundantes. Estudos sobre a degradação do MP indicaram que a meia vida em água doce foi<br />
de 25,6 e 24,6 dias para rios e lagos respectivamente; em solo arenoso de 11,2 dias e argiloso<br />
de 5,6 dias (EDWARSDS e THOUNWOU, 2005). O MP é moderadamente tóxico aos peixes<br />
e animais que se alimentam de peixes Os valores de DL 50 (96 h) vão de 1,9 a 8,9 mg L -1 em<br />
salmão, trutas, goldfish, carpa, minnow, black bullhead, catfish, perca e bluegill (NATIONAL<br />
LIBRARY OF MEDICINE apud SANTOS, 2007).<br />
Em aquacultura, os organofosforados destacam-se com amplo espectro de aplicações,<br />
de um modo geral para o controle de ectoparasitoses, odonatas, copépodos, monogenéticos,<br />
trematodos, remoção de miscidáceos em viveiros de camarão entre outros usos. Seu uso é<br />
bastante controvertido devido a sua toxicidade às espécies não alvo (WESTON, 1996). São<br />
utilizados em diversas oportunidades e etapas do processo para controlar larvas de odonatas,
21<br />
que é o principal inseto predador de peixes. Na prática de alevinagem em áreas tropicais e<br />
subtropicais, devido às condições ecológicas, há favorecimento do desenvolvimento<br />
temporário das larvas destes insetos, que causam grande predação e mortalidade de alevinos.<br />
O metil paration destaca-se como o inseticida mais empregado na piscicultura para prevenir<br />
perdas de alevinos pela predação por estas larvas e chironomideos (FIGUEIREDO e<br />
SENHORINI, 1990).<br />
Os organofosforados atuam inibindo a ação da enzima acetil colinesterase, formando<br />
um complexo estável no sítio esterásico da enzima, impedindo a reação da acetilcolina com<br />
este sítio (CRUZ, 2005). Os órgãos de peixes mais afetados pelos agentes químicos são as<br />
brânquias e a pele, pois exibem grande superfície de contato e ambos apresentam células de<br />
muco, que possuem papel importante na resistência aos patógenos e as substâncias tóxicas A<br />
seguir, os agentes químicos têm atuação sobre o fígado, que tem papel fundamental no<br />
metabolismo das substâncias tóxicas e sobre o rim, que atua na manutenção da estabilidade<br />
interna e na excreção. Rodrigues et al. (1997), registrou alterações agudas no baço de juvenis<br />
de Prochilodus scrofa quando expostos ao organofosforado Dipterex 500 (Trichlorfon) na<br />
concentração de 0,2 µg L -1 .<br />
Boyd e Massaut (1999) listaram as principais substâncias utilizadas na aquicultura que<br />
podem oferecer perigo, como por exemplo: fertilizantes, materiais alcalinos, oxidantes,<br />
coagulantes, osmorreguladores, algicidas, herbicidas, pesticidas, probióticos e metais pesados.<br />
Os riscos foram atribuídos através de exames das propriedades das substâncias, de<br />
informações sobre a segurança dos produtos oferecidos pelos fabricantes e do conhecimento<br />
dos efeitos dos nutrientes e de outros poluentes aquáticos. Determinaram o grau de risco de<br />
contaminação: grau zero (não estabelece riscos associados); grau um (substâncias com leves<br />
riscos à segurança com base nas propriedades dos compostos ou do uso em outras áreas); grau<br />
dois (experiência demonstra nível moderado de preocupações); e grau três (substâncias que já<br />
causaram danos sérios no passado). Os inseticidas e pesticidas foram classificados como risco<br />
ambiental (RA) de bioacumulação, grau 3, risco humano (RH) como perigo tóxico de grau 2 e<br />
perigo alimentar (PA) de bioacumulação de grau 3. Alertam desta forma para os riscos<br />
associados ao uso de produtos químicos nos tanques de cultivo, indicando que diversos<br />
compostos empregados, sobretudo os praguicidas e bactericidas, podem ter ação<br />
bioacumulativa e representar risco de segurança alimentar. Alem disso deve-se considerar a<br />
ação destes compostos a organismos não alvo, que podem, além de interferir na comunidade<br />
biológica dos tanques, representar riscos às comunidades selvagens estabelecidas nos<br />
ecossistemas que receberão estes efluentes.
22<br />
Um dos primeiros trabalhos que avaliaram o uso de inseticidas organofosforados no<br />
combate às odonatas e na seleção zooplanctonica em piscicultura foi realizado por Garadi, et.<br />
al., 1988. Neste, foram analisados quatro produtos químicos: Dipterex 50 - Trichlorfon 500 g<br />
L -1 (dimethyl 2,2,2-thrichloro-1-hydroxyethyl-phosphonate), inseticida e larvicida, utilizado<br />
para seleção de zooplâncton, cuja função em piscicultura é combater os cladóceros e os<br />
copépodos; Folidol emulsão 60%, - Paration Metílico 600 g L -1 (O, O-dimetil O-4-nitrofenil<br />
fosforotioato), inseticida e acaricida, também usado em piscicultura para a mesma finalidade;<br />
Dimegron 50 – Phoshamidon 500 g L -1 (fosfato de dimetila 2-cloro-2-dietilcarbamoil-1-<br />
metila-vinila) inseticida sistêmico e Kelthane CE - Dicofol (1,1-bis (clorofenil)-2,2,-<br />
tricloroetanol). As conclusões e recomendações deste trabalho são as seguintes: o inseticida<br />
Dipterex 50 seleciona o zooplâncton e elimina as odonatas a 1,0 ppm eliminando os<br />
copépodos e cladóceros, mas com sobrevivência dos rotíferos, que é o alimento indispensável<br />
às pós-larvas na primeira semana de estocagem. Para carpa comum pode-se colocá-lo antes ou<br />
depois da estocagem das larvas, já para os peixes nativos, curimatã e tambaqui, pode-se<br />
adubar e colocar o inseticida cinco a seis dias antes da estocagem, pois estes são sensíveis ao<br />
inseticida e, caso se adicione durante o cultivo de alevinagem eles morrem; o Folidol<br />
(paration metílico) elimina as odonatas, mas não seleciona o zooplâncton. As larvas das<br />
odonatas morrem na concentração de 0,5 ppm Pode-se aplicá-lo tanto para carpa comum<br />
como para os peixes nativos, após a estocagem, bem como para o tambaqui. Os outros<br />
inseticidas Dimecron – 50 e Kelthane – CE, não foram eficientes nem para a seleção do<br />
zooplâncton nem para a eliminação das odonatas, sendo considerados antieconômicos e<br />
inviáveis para estas finalidades.<br />
Em pesquisa os organofosforados são estudados com objetivo de avaliação do risco<br />
ambiental, e na determinação de doses seguras para o controle de parasitoses em piscicultura<br />
(COLARES e NASCIMENTO, 1988; GARADI et al., 1988; ALCÂNTRARA et. al., 1994;<br />
TAMASSIA, 1996; GUIMARÃES, 2000; ONAKA, 2001; CRUZ el al., 2004), como por<br />
exemplo no controle de tricodiniose, dactilogiridose e doenças causadas por crustáceos em<br />
peixes (ALEXANDRINO <strong>DE</strong> PEREZ, apud MATAQUEIRO, 2002). Um dos manuais da<br />
FAO para o cultivo de carpas adotado pelos principais órgãos de fomento do país traz a<br />
recomendação de uso de organofosforados para o controle de predadores durante a<br />
alevinagem (WOYNAROVICH e HORVÁTH, 1981).<br />
As formas mais comuns de indicação do uso de organofosforados na piscicultura são<br />
as seguintes: banhos rápidos, com a exposição dos peixes à elevada concentração do<br />
xenobiótico por curto período; banhos prolongados, com baixa concentração por períodos
23<br />
mais longos e, finalmente, tratamento por tempo indefinido, durante os quais os peixes são<br />
expostos a baixas concentrações do xenobiótico por tempo indeterminado. Estes<br />
procedimentos, são empregados em viveiros de maior área, escavados em terra e sem<br />
qualquer revestimento, muito comuns entre os piscicultores. Os tratamentos mediante banhos<br />
com produtos organofosforados resultam na liberação de material tóxico aos ecossistemas<br />
(LOPES et al., 1999; MATAQUEIRO, 2002).<br />
Pavanelli (1998), lista os produtos utilizados para banhos nos próprios tanques de<br />
criação para o controle de monogenéticos, ergasilídeos, lerneose e aeglídeos, entre eles, o uso<br />
de triclorfon na concentração de 25 g L -1 na água recomendando fazer 4 aplicações de 5 a 10<br />
minutos durante uma semana, outras dosagens podem ser aplicadas de acordo com a<br />
posologia prescrita pelos fabricantes. Alerta que este produto não pode ser aplicado em<br />
temperaturas superiores a 32 ºC e não deve ser usado em peixes utilizados para o consumo<br />
humano.<br />
Pesquisa realizada com 89 proprietários de pisciculturas em pesqueiros na bacia<br />
hidrográfica do Mogi-Guaçu revelou que 77,4% das propriedades executam práticas de<br />
manejo que requerem o uso de substâncias químicas. Dos 84 questionários respondidos, 33<br />
confirmam o uso de praguicidas no tratamento de enfermidades ou predadores. O praguicida<br />
mais utilizado foi o dimilin (diflubenzuron) em 23 empreendimentos, e o segundo foi o<br />
folidol (paration metílico) em três empreendimentos e com uma concentração de 0,4 g m -3 na<br />
água dos viveiros (SANTOS, 2007).<br />
Em sua tese de doutorado sobre o destino e efeito após aplicações de praguicidas em<br />
tanques experimentais e nas pisciculturas e pesqueiros da bacia do rio Mogi-Guaçu, Santos,<br />
(2007) concluiu que o uso de pesticidas nas atividades aquícolas tem sido uma prática comum<br />
nos últimos anos e que os principais ingredientes e concentrações empregadas podem trazer<br />
graves consequências para o meio ambiente e para os consumidores. Salientou que houve<br />
acumulo de diflubenzuron e de paration metílico nos peixes submetidos aos tratamentos com<br />
Dimilin e Folisuper, respectivamente, sendo que em todos os tempos amostrados os valores<br />
excederam o limite máximo recomendado para alimentos, segundo o Codex Alimentarius<br />
(SANTOS, 2007).<br />
Através de testes de avaliação da toxicidade aguda do metil paration para alevinos de<br />
pacu em água mole e água do ambiente natural, Mataqueiro, 2002, encontrou os valores de<br />
Cl 50 de 4,06 e 5,15 mg L -1 respectivamente.<br />
Rao e Rao (1981) investigaram os efeitos do paration metílico na síntese de derivados<br />
lipídicos, em diferentes tecidos de peixes (músculo, brânquia, fígado e cérebro). As análises
24<br />
quantitativas registraram decréscimo de lipídios totais e fosfolipídios, e acréscimo de ácidos<br />
graxos livres em peixes expostos a 0,09 ppm, por 48 h (dose subletal). Os autores sugerem<br />
com estes resultados que houve maior requisição de energia pelos peixes nesta condição.<br />
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 357) estabelece como parâmetro<br />
para compostos orgânicos em corpos de águas de Classe I tanto para água doce como salobra<br />
a concentração de 0,04 µ L -1 e para classe III de água doce 35,0 µ L -1 de paration.<br />
“Considerando as concentrações citadas para uso do paration metílico em piscicultura<br />
equilave a dizer que são 12.500 vezes superiores à concentração máxima permitida pelo<br />
CONAMA 357 para águas de classe I”.<br />
3.6 Ordem Odonata<br />
3.6.1 Distribuição e diversidade das odonatas em água doce<br />
As Odonatas são um grupo de insetos relativamente pequenos, com 5.600 espécies no<br />
mundo, sendo 2.586 pertencentes à subordem Zygoptera e 2.812 à subordem Anisoptera.<br />
Devido ao seu tamanho, cor e o comportamento diurno, tornaram-se popular para<br />
entomologistas profissionais e amadores. Na atualidade os padrões de diversidade são<br />
diretamente influenciados pela variação da temperatura, onde se observa um rápido aumento<br />
de diversidade dos pólos ao equador, mas com redução em áreas com baixa precipitação. As<br />
regiões biogeográficas com maior número de espécies são a Oriental, Neotropical,<br />
Afrotropical e Australiana com 1.665, 1.636, 889, e 870 espécies, respectivamente. A alta<br />
diversidade das odonatas em regiões tropicais pode ser explicado parcialmente pela<br />
ocorrência de uma grande quantidade de ambientes aquáticos. Na região neotropical,<br />
compreendendo América do Sul e Central estima-se a ocorrência de 21 famílias, 186 gêneros<br />
e 1636 espécies. As famílias com maior número de espécies são as Coenagrionidae,<br />
Libellulidae, Gomphidae e Aeshnidae com 370, 352, 273 e 127 espécies, respectivamente. As<br />
espécies não descritas são estimadas em torno de 400 a 500 nesta região biogeográfica. A<br />
mata atlântica e a bacia do rio Paraná estão entre as regiões da América do Sul de maior<br />
diversidade de odonatas (KALMAN, 2008). De Marco e Vianna (2005) realizaram um estudo<br />
sobre o estado de conhecimento e da distribuição da riqueza de espécies que possam indicar<br />
quais são as áreas prioritárias para estudos de levantamento. Os resultados do estudo somam<br />
14 famílias, 102 gêneros e 514 espécies. Discutem a escassez de dados de diversidade, pois os<br />
6.203 registros do Brasil estão distribuídos em apenas 29% do território nacional. As riquezas<br />
de espécies e de gêneros se concentram principalmente nas regiões dos estados do Rio de
25<br />
Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, na calha do rio Amazonas e em alguns pontos isolados em<br />
Cuiabá.<br />
Costa et al. (2000), realizaram levantamento da diversidade e distribuição dos<br />
odonatas (INSECTA) no Estado de São Paulo com base em acervos, coleções particulares e<br />
bibliográficas. Foram encontradas 12 famílias, 78 gêneros, 251 espécies registradas, 116 das<br />
quais possuem larvas conhecidas e 16 espécies novas a serem descritas. Da família<br />
Colopterigydae dois gêneros foram registrados no Estado de São Paulo, Hataerina Hagen,<br />
1953 e Mnesarete Cowley, 1934.<br />
3.6.2 Características e reprodução<br />
As Odonatas são popularmente conhecidos como libélulas, lavabunda, lavadeira,<br />
cavalo de judeu, zig zag, jacinta entre outros. São hemimetábolos com adultos terrestres,<br />
aéreos e larvas aquáticas. Pertencentes à ordem Odonata são divididos em três subordens:<br />
Anisozygoptera (restrita à região asiática), Anisoptera e Zygoptera. Os adultos de Anisóptera<br />
pousam com as asas abertas e possuem as bases das asas anteriores e posteriores diferentes e<br />
os da subordem Zygoptera as bases das asas são semelhantes e pousam com as asas fechadas<br />
sobre o dorso (SOUZA et al., 2007).<br />
São insetos que apresentam a cabeça grande e muito móvel; aparelho bucal<br />
mastigador, com poderosas mandíbulas; antenas curtas, pouco perceptíveis à vista desarmada;<br />
pernas não alongadas; asas membranosas, compridas e rígidas, com grande número de<br />
nervuras longitudinais e transversais; as asas não se cruzam sobre o corpo, pois estão sempre<br />
distendidas em sentido perpendicular aos lados deste, ou ao longo do abdômen, sem recobrilo;<br />
abdômen alongado, cilíndrico, fino, sempre mais estreito que o tórax, com dez segmentos<br />
distintos; às vezes extremamente longo, como nas espécies Mecistogaster, onde alcança mais<br />
de 15 centímetros de comprimento (CARRERA, 1973; BUZZI 2002).<br />
Ambos os sexos podem copular várias vezes ao dia. O macho antes da cópula transfere<br />
o esperma através do orifício genital (gonósporo), situado no nono segmento, para os órgãos<br />
copuladores, situados no lado ventral do segundo segmento abdominal, dobrando o abdômen<br />
para baixo e para frente. Na cópula, durante o vôo em posição característica, a fêmea entra em<br />
contato com o órgão copulador do macho realizando a fertilização dos ovos.<br />
Em geral, há um dimorfismo sexual discreto e outras vezes aberrante, manifestado<br />
geralmente nas cores das asas e do corpo. A maioria das espécies neotropicais têm asas<br />
transparentes, mas algumas espécies apresentam manchas basais na asa posterior dos machos,<br />
de cor amarela ou parda; alguns machos de Libellulidae possuem faixas negras transversais,
26<br />
outros apresentam as asas anteriores iridescentes e as posteriores hialinas. Nos anisópteros os<br />
dois sexos têm em geral cor semelhante. Nos zigópteros em grande parte das vezes os machos<br />
são mais vivamente coloridos.<br />
As posturas endofíticas ocorrem sobre a vegetação ou material orgânico e as exofíticas<br />
diretamente na água. A postura na superfície da água é feita com o mergulho apenas da<br />
extremidade apical do abdômen da libélula que, assim, em vôo rápido, larga a sua carga de<br />
ovos. Estes se espalham na tona ou vão para o fundo; em algumas espécies, porém, os ovos se<br />
aglutinam no meio de uma massa gelatinosa, que a fêmea deposita com a desova. Após duas<br />
ou três semanas eclodem as larvas que continuam vivendo nas águas onde foi feita a postura<br />
que podem ser águas lóticas ou lênticas. Nas águas lóticas elas podem se enterrar, viver sob<br />
pedras ou entre detritos; as das águas lênticas vivem na periferia ou sobre algum substrato<br />
(CARRERA, 1973; McCAFFERTY e PROVONSHA A.V., 1998; BUZZI, 2002).<br />
3.6.3 Adaptação à vida aquática<br />
As larvas, ou formas jovens também chamadas de náiades ou odonáiades são do tipo<br />
campodeiforme, passam por 12 ou mais mudas e a maioria alcança a maturidade entre um e<br />
três anos e são bem adaptadas ao meio aquático. As náiades da subordem Anisoptera respiram<br />
o oxigênio misturado na água por meio de brânquias traqueais, situadas no intestino posterior;<br />
a água , com a contração dos músculos abdominais da larva, é aspirada pela abertura anal e,<br />
antes de ser expelida, passa pela cavidade respiratória, banhando as referidas brânquias. Estes<br />
movimentos contínuos para suprimento de oxigênio podem expelir água pelo ânus com força<br />
suficiente para movimentar a larva por propulsão. A área anal da larva é especializada e<br />
adaptada para as funções de respiração e osmoregulação com a finalidade de trocas gasosas e<br />
absorção de íons para manter o balanço iônico. Na câmara retal de algumas espécies se<br />
desenvolve um euglenóide flagelado durante os meses de inverno, provendo uma fonte<br />
adicional de oxigênio. (McCAFFERTY e PROVONSHA A.V., 1998).<br />
As náiades da subordem Zigoptera também respiram o oxigênio dissolvido na água,<br />
mas por folíolos caudais que funcionam como brânquias traqueais. Nestas libélulas é muito<br />
provável seja a respiração cutânea mais importante que a realizada pelos folíolos caudais<br />
(CARRERA, 1973; McCAFFERTY e PROVONSHA A.V.; 1998, BUZZI, 2002).<br />
3.6.4 Alimentação e predação<br />
A maioria dos adultos se alimentam de insetos capturados em pleno vôo, com auxílio<br />
das pernas que ficam dispostas em cesto. Alguns pousam pra comer a presa, enquanto outros
27<br />
o fazem em pleno vôo. As presas podem ser pequenos dípteros, mariposas, abelhas,<br />
borboletas e outras libélulas (BUZZI, 2002).<br />
O aparelho bucal das larvas é desenvolvido, tendo as suas peças forma característica,<br />
principalmente a do lábio, que apresenta articulações especiais, permitindo distenção brusca<br />
para a captura de larvas e ninfas de insetos aquáticos, que são prontamente devoradas.<br />
Pequenos vertebrados, como larvas e alevinos de peixes, às vezes não escapam ao ataque<br />
dessas larvas (CARRERA, 1973). Larvas maiores, como da família Aeshnidae, atacam às<br />
vezes, girinos e pequenos peixes (BUZZI, 2002).<br />
O padrão de comportamento predador demonstrado pelas larvas de libélula é similar a<br />
uma variedade de animais incluindo certas aranhas, sapos e camaleões, os quais usam a<br />
velocidade como principal armadilha para capturar suas presas. As larvas de libélula são,<br />
entretanto, únicas, utilizam um lábio curiosamente modificado para agarrar suas presas.<br />
Durante seu descanso o lábio alongado é dobrado abaixo da cabeça, mas pode ser projetado<br />
com grande rapidez e a presa é capturada pela ação de uma pinça labial. Há dois padrões de<br />
comportamento predador: as que se movem entre a vegetação aquática e utilizam seus grandes<br />
olhos para detectar a presa à distância e, subsequentemente, orientá-la até ela; enquanto outras<br />
larvas vivem no fundo dos lagos e detectam a maioria de suas presas por estímulo táctil.<br />
Estudando o comportamento de caça de dez espécies de odonata da ordem Anisoptera através<br />
de vários estímulos, o autor concluiu que o tamanho e movimento da presa são importantes no<br />
seu reconhecimento, enquanto que o formato, cor e odor não são. A velocidade da projeção<br />
para frente do lábio é na ordem de 15 a 20 milésimos de segundos, e no momento do ataque o<br />
sifão anal é fechado para que a pressão sanguínea, a qual provém a força para a extensão do<br />
lábio, seja toda direcionada para este fim (PRITCHARD, 1965).<br />
Para a projeção do lábio modificado, tanto para defesa como para o ataque, as larvas<br />
de libélula utilizam pressão hidráulica, tendo para isto duas vantagens: primeiro, um sistema<br />
hidráulico pode ser uma fonte de força multifuncional e, em segundo lugar, economia de<br />
energia para o sistema neuromuscular. A larva de libélula utiliza pressão hidráulica para os<br />
movimentos de respiração, nos movimentos de locomoção por propulsão e na extensão do<br />
lábio (TANAKA e HISA<strong>DA</strong>, 1980).<br />
A predação de alevinos por larvas de insetos da Ordem Odonata, Sub Ordem<br />
Anisoptera, vulgarmente conhecidas por libélulas ou lavadeiras, podem acarretar perdas<br />
econômicas significativas na piscicultura (PRITCHARD, 1965; TAVE et al., 1990;<br />
ZANIBONI FILHO, 2000).
28<br />
Por vários anos o controle destes insetos no Brasil vem sendo realizado por meio de<br />
aplicação de inseticidas químicos do grupo dos organofosforados realizada diretamente na<br />
água do tanque de criação. Embora eficiente este tipo de controle está proibido em vários<br />
países por causar a contaminação da água e a morte de parte do zooplâncton necessária para a<br />
alimentação das pós-larvas e alevinos, reduzindo dessa forma, a disponibilidade de alimento<br />
natural (ZANIBONI FILHO, 2000)<br />
Fonseca et. al. (2004), estudaram as principais espécies de odonata presentes em<br />
pisciculturas da região de Divinópolis e Itaúna, Estado de Minas Gerais, e avaliaram o efeito<br />
de B. Thuringiensis var. israelensis sobre o terceiro, quinto e sétimo instares da espécie P.<br />
flavescens. As espécies encontradas foram Acantharion sp. Aphylla theodorina, Brachymesia<br />
furcata, Micrathyria hesperis, Pantala flavescens, e Perithemis moorna. A espécie mais<br />
frequente nas coletas foi P. favescens, totalizando 37% do total dos indivíduos coletados. Não<br />
houve efeito significativo do produto microbiano sobre o controle da espécie estudada.<br />
Em um teste sobre predação de larvas de catfish, Ictalurus punctatus, o autor estocou<br />
viveiros com densidades de 50.000 a 100.000 larvas de peixes /ha. Antes da estocagem alguns<br />
viveiros foram tratados com metil paration para matar as larvas de libélula, enquanto que nos<br />
outros viveiros não foi realizado este tratamento. A sobrevivência das larvas de catfish nos<br />
viveiros tratados foi de 79 a 98%; as larvas de libélula consumiram todas as larvas de catfish<br />
dentro de 47 dias nos viveiros não tratados (TAVE et. al., 1990).<br />
Na comparação da preferência da larva de odonata, Pantala sp. sobre alevinos de<br />
tilápia, Oreochromis mossambicus, de cores escura e dourada, o autor concluiu que com o<br />
aumento da densidade de tilápias e de larvas de odonata aumentou também a predação com<br />
uma densidade de 1 larva de odonata a cada 7 larvas de tilápia. As larvas de odonata predaram<br />
mais significativamente as tilápias escuras do que as douradas, concluindo que a cor dourada<br />
não fez com que estas tilápias fossem mais suscetíveis à predação do que às escuras (TAVE e<br />
SMITHERMAN 1990).<br />
Estudando o potencial de predação de alguns insetos aquáticos Pantala (Libellulidae),<br />
Coenagrion (Coenagrionidae) e Notonecta (Notonectidae) sobre larvas de carpa comum,<br />
Cyprinus carpio, a predação das ninfas do gênero Pantala sp aumentaram em relação ao<br />
comprimento do corpo. Ninfas pequenas, médias e grandes consumiram em média 0,91, 1,5 e<br />
2,5 larvas de carpa comum respectivamente. Os dados também indicam que quanto maiores<br />
forem os insetos maiores são suas presas, com exceção da larva da Pantala sp. Quando as<br />
ninfas chegaram ao tamanho de 19 mm o consumo foi reduzido, provavelmente devido à<br />
preparação do inseto à metamorfose. O consumo médio diário dos gêneros Pantala,
29<br />
Coenagrion, Tropistermus, Notonecta e Sigara foram 1,64, 0,43, 0,34, 1,50 e 0,0,<br />
respectivamente (GONZÁLES e LEAL, 1995).<br />
Soares et al. (2001), avaliaram a influência da disponibilidade de presas, do contraste<br />
visual e do tamanho das larvas de Odonata (Pantala sp.) sobre a predação de cladóceros<br />
(Simocephalus serulatus). Observaram aumento na taxa de predação com o aumento na<br />
disponibilidade de presas, e quanto a cor da parede dos aquários houve maior taxa de<br />
predação em aquários com parede escura.<br />
Gabiatti (2001), estudando a fauna de Odonata do Rio Caçador, Seara-SC,<br />
identificando a diversidade de táxons e analisando a influência de algumas variáveis<br />
ambientais sobre esta fauna, constatou a presença de dez gêneros agrupados em cinco<br />
famílias: Coenagrionidae – Ammphyagrion, Acanthagrion, Argia e Enallagma;<br />
Calopterygidae – Hetaerina, Gopmphydae – Progomphus e Phyllocycla; Libellulidae –<br />
Libellula e Perithemys; Aeshnidae – Anax. As análises mostraram que a alcalinidade, o<br />
oxigênio dissolvido da água e o teor de matéria orgânica do sedimento são as variáveis<br />
ambientais que mais influenciaram na distribuição e ocorrência das larvas de odonata no Rio<br />
Caçador.<br />
Ravanello (2004) estudou a ocorrência dos gêneros de Odonata no rio Lajeado São<br />
José, relacionando a densidade e diversidade dos gêneros encontrados com os fatores<br />
físicoquímicos da água e tipo de substrato e comparou a eficiência dos métodos de coleta<br />
utilizados. Foram identificadas 344 náiades de Odonata distribuídas em sete famílias e 16<br />
gêneros, sendo as famílias: Libellulidae, Gomphidae, Aeshnidae, Coenagrionidae,<br />
Megapodagrionidae, Calopterygidae e Protoneuridae. A família libellulidae foi a que<br />
apresentou maior número de gêneros: Perithemis, Erythrodiplax, Dasythemis, Dythemis,<br />
Orthemis. As variáveis abióticas que mais influenciaram na distribuição das náiades foram<br />
textura granulométrica do rio, teor de matéria orgânica no sedimento, oxigênio dissolvido e<br />
condutividade elétrica.<br />
A dieta e o grupo trófico de uma assembléia de insetos aquáticos foi estudada em um<br />
riacho tropical. Os gêneros de algumas ordens de insetos, como Lepidoptera, Ephemeroptera,<br />
Plecoptera, Odonata e Hemiptera, apresentaram especialização alimentar. Por outro lado, as<br />
ordens Trichoptera, Coleoptera e Diptera mostraram grande variação na dieta, com gêneros de<br />
diferentes grupos tróficos. Alguns gêneros das ordens Trichoptera, Lepidoptera, Coleoptera e<br />
Diptera apresentaram variação sazonal na dieta relacionada a mudanças na composição da<br />
comunidade e à dieta generalista desses gêneros. Entretanto, a comparação sazonal de grupos<br />
tróficos não mostrou diferenças estatísticas significativas. A grande importância da matéria
30<br />
orgânica, um recurso não limitado, na dieta dos insetos aquáticos no Ribeirão do Atalho pode<br />
ser a explicação para a estabilidade da organização trófica dessa comunidade. As odonatas<br />
apresentaram-se como estritamente carnívoras alimentando-se de insetos aquáticos e<br />
anelídeos com o maior número de gêneros; são predadores especializados e se alimentam de<br />
presas de diferentes tipos e tamanhos (MOTTA e UIE<strong>DA</strong>, 2004).<br />
4. MATERIAL E MÉTODOS<br />
4.1 Material vegetal<br />
Os frutos do cinamomo Melia azedarach L. (Família Meliaceae) foram coletados na<br />
propriedade rural do Sr. André Colombi situada no município de Guatambu-SC e localizada a<br />
27º 06’ 34.24” S e 52º 42’ 39.65” O (Figura 5). As folhas do timbó, Ateleia glazioviana são<br />
provenientes do campus da UNOCHAPECÓ situado na cidade de Chapecó-SC e localizado a<br />
27º 05’ 35.23” S e 52º 39’ 52” O.<br />
Figura 5 - Em primeiro plano dois exemplares do cinamomo, Melia azedarach, na<br />
propriedade do Sr. André Colombi – Guatambu-SC.<br />
4.2 Preparo dos extratos e adsorção dos extratos vegetais e metil paration em sílica gel<br />
Os frutos do cinamomo, Melia azedarach (1,34 kg) e folhas do timbó, Ateleia<br />
glazioviana (0,30 kg), foram secos a temperatura de 40ºC e submetidos à maceração com<br />
etanol por 7 dias em um percolador e homogeneizados em intervalos de 24 horas. Para os<br />
frutos de cinamomo foram preparadas duas extrações, com 555,72 e 784,28 g em 2 L de<br />
etanol cada uma. Após este período, os macerados foram filtrados, recolhidos e concentrados
31<br />
em evaporador rotatório sob pressão reduzida, obtendo-se os extratos etanólicos brutos de<br />
cinamomo (EAC) 57,67 g e do timbó (EAT) 13,58 g.<br />
Para a realização dos testes biológicos tanto o EAC, EAT como o metil paration (MP)<br />
(adquirido no comércio local com a marca comercial Folisuper®) foram adsorvidos em sílica<br />
Gel 60 F 254 (Merck) em um evaporador rotatório com pressão reduzida para uma completa<br />
homogeneização e retirada total dos solventes, os quais foram diclorometano para os extratos<br />
e etanol para o metil paration. Foram adsorvidos 27,67 g do EAC em 200 g de sílica gel e 89<br />
µL do MP e 13,58 g do EAT em 100 g de sílica gel.<br />
4.3 Análise fitoquímica e separação dos compostos<br />
A obtenção dos extratos semi purificados foi acompanhada por cromatografia de<br />
camada delgada (CCD) para identificação do perfil cromatográfico e identificação dos<br />
eluentes para uma melhor separação dos compostos (MARINI-BETTÓLO et al., 1981 apud<br />
YUNES e CALIXTO, 2001). Para estes procedimentos foram utilizadas placas de sílica Gel<br />
60 F 254 (Merck) como fase estacionária, e como eluentes misturas de diferentes proporções<br />
com os solventes: hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol.<br />
Para revelar as diferentes classes de compostos foram utilizados reveladores<br />
específicos como: anisaldeído sulfúrico para terpenóides e esteróides, Dragendorff para<br />
alcalóides, cloreto férrico (3%) para flavonóides e taninos e raios UV para cumarinas<br />
(YUNES e CALIXTO, 2001).<br />
O EAC adsorvido em sílica foi cromatografado em uma coluna aberta (CC)<br />
(Hostettmann et al., 1997 apud Yunes e Calixto, 2001) empacotada com hexano (Hx) 100% e<br />
sílica Gel 60 F 254 (Merck). No topo da mesma foi adicionado em forma de pastilha 100 g da<br />
sílica com o EAC. Os eluentes hexano, diclorometano, acetato de etila (AE) e etanol foram<br />
utilizados em um gradiente de polaridade crescente de 5 em 5% (Figura 6). Após a separação,<br />
os mesmos foram removidos com o auxílio de um rotoevaporador a pressão reduzida. Os<br />
compostos presentes em cada fração obtida foram analisados por cromatografia de camada<br />
delgada (CCD).<br />
Uma nova CC foi realizada com o EAC adsorvido em sílica utilizado nos testes<br />
biológicos. Foram utilizados 250 mL de cada eluente (hexano, diclorometano, acetato de etila<br />
e etanol) em um gradiente de polaridade crescente. A mudança de polaridade entre os eluentes<br />
deu-se lentamente com adição de 5 em 5% do eluente com maior polaridade. Os eluentes mais<br />
os produtos carreados nas CC foram recolhidos por gotejamento em frascos de 10 mL e
32<br />
numerados sequencialmente. Posteriormente, os compostos presentes em cada um destes<br />
frascos foram analisados por CCD dando origem a subfrações semelhantes.<br />
Cinamomo<br />
(Melia azedarach)<br />
Timbó<br />
(Ateleia glazioviana)<br />
Extração alcoólica<br />
Obtenção dos extratos<br />
brutos<br />
Testes biológicos in vitro<br />
Extrato de<br />
Hexano<br />
Extrato de<br />
Diclorometano<br />
Extrato de<br />
Acetato de Etila<br />
Extrato de<br />
Etanol<br />
Figura 6 - Esquema metodológico para obtenção dos extratos alcoólicos brutos e semi<br />
purificados.<br />
4.4 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados<br />
Os compostos isolados foram identificados por métodos espectroscópicos usuais. Foi<br />
utilizada técnica de Ressonância Magnética de Hidrogênio (RMN- 1 H) e carbono (RMN- 13 C),<br />
realizados em colaboração com o professor Dr. Franco Delle Monache (CNR/Roma), e com o<br />
professor Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI). O ponto de fusão das substâncias foi determinado e<br />
comparado com dados disponíveis na literatura.<br />
4.5 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />
(Cyprinus carpio).<br />
4.5.1 Localização e preparo dos viveiros<br />
Na região Oeste de Santa Catarina o período de criação de alevinos , ocorre entre os<br />
meses de setembro a março de cada ano. Cada lote de alevinos é mantido nos viveiros por<br />
aproximadamente 45 a 60 dias.<br />
A pesquisa das larvas de odonata associadas aos viveiros de alevinagem de carpa<br />
comum (Cyprinus carpio) ocorreu em uma propriedade particular, produtora de alevinos,<br />
situada a 27º04`12`` S e 52º42`28``O, localizada na Região Oeste de Santa Catarina, na<br />
cidade de Chapecó-SC, de 30 de outubro a 29 de dezembro de 2007. O preparo dos viveiros<br />
foi realizado através de calagem de fundo utilizando 200 g m -2 de calcário dolomítico e
33<br />
adubação orgânica com 100 g m -2 de cama de aviário peneirada. O três viveiros amostrados<br />
possuem área superficial de 500, 505 e 510 m 2 , respectivamente viveiros 1, 2 e 3. O objetivo<br />
deste tratamento é propiciar o desenvolvimento de fito e zooplâncton, buscando-se otimizar a<br />
produção de rotíferos, pois possuem tamanho ideal para a primeira alimentação das póslarvas,<br />
além de alto valor nutritivo. A utilização de calcário (CaCO 3 ) mantém em bom nível a<br />
reserva alcalina dos viveiros para que o pH oscile dentro de uma faixa segura para a<br />
manutenção de uma boa qualidade de água e é uma fonte importante de carbono inorgânico<br />
para uma produção primária intensa (BOYD, 1982). O enchimento dos viveiros foi realizado<br />
durante dois dias com água oriunda de outros viveiros previamente fertilizados para que<br />
houvesse uma rápida floração do plâncton.<br />
As pós-larvas de carpa comum (Cyprinus carpio), oriundas do laboratório de<br />
reprodução induzida onde foram alimentadas com ração em pó com 56% de proteína bruta<br />
durante dois dias foram estocadas a uma densidade de 200 pós-larvas m -2 , permanecendo nos<br />
viveiros até o final da coleta das larvas de odonata, quando então foi realizada a despesca total<br />
e comercialização dos alevinos.<br />
4.5.2 Amostragem das larvas de odonata<br />
As larvas foram coletadas nos três viveiros de alevinagem descritos, através de um<br />
coletor de arrasto de fundo (APHA, 1998) com malha de 300 µm. Os arrastos foram<br />
padronizados nos três viveiros em três minutos em cada lateral (taludes ao longo do eixo<br />
longitudinal dos viveiros) e uma no centro do viveiro, com periodicidade quinzenal ao longo<br />
do período de alevinagem dos viveiros amostrados (Figura 7). Em campo as amostras foram<br />
pré triadas e as larvas foram colocadas em sacos plásticos com água do próprio viveiro e<br />
transportadas vivas até o laboratório. O restante do sedimento foi acondicionado em sacos<br />
plásticos e levado imediatamente ao laboratório onde foi lavado em um jogo de peneiras com<br />
malhas de 3,0, 2,0 e 1,0 mm, e as larvas encontradas acondicionadas em álcool 70%.<br />
Posteriormente as larvas foram identificadas ao nível gênero com o auxílio da chave de<br />
identificação publicada por Costa et al., 2004.<br />
Os dados foram analisados através dos seguintes índices:<br />
Dominância de Berger e Parker: Considera a maior proporção da espécie com o<br />
maior número de indivíduos.
34<br />
Onde: é o número de indivíduos da espécie mais abundante e é o número<br />
total de indivíduos da amostra<br />
Diversidade específica de Shannon-Winer: A diversidade de espécie refere-se à<br />
variedade de espécies de organismos vivos de uma determinada comunidade, habitat ou<br />
região.<br />
Onde é o número de indivíduos na i-nésima espécie; é o número total de<br />
indivíduos<br />
Riqueza de espécies Jackknife 1 a ordem: A riqueza refere-se à abundância numérica<br />
de uma determinada área geográfica, região ou comunidade.<br />
Onde é o número de espécies observadas; é o número de espécie que está<br />
presente em somente um agrupamento (espécie de agrupamento) e<br />
é o número de<br />
agrupamentos que contém i esima espécie de um agrupamento.<br />
Equitabilidade: refere-se ao padrão de distribuição de indivíduos entre as espécies,<br />
sendo proporcional à diversidade, exceto se houver codominância de espécie.<br />
Onde:<br />
é o índice de Shanon-Wiener e H max’ é dado pela seguinte expressão<br />
onde s é o número de espécies amostradas.<br />
Concomitante às amostragens das larvas de Odonata, foram mensuradas as variáveis<br />
físicoquímicas da água como, temperatura (através de medidor de temperatura digital), pH<br />
(pHmetro digital), condutividade elétrica (condutivímetro digital) e oxigênio dissolvido<br />
(oxímetro digital).
35<br />
Figura 7 – Viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio).<br />
4.6 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas<br />
de Odonata.<br />
4.6.1 Avaliação do controle das larvas de odonata com MP<br />
Os testes biológicos foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />
UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizados<br />
aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x 10<br />
cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com água<br />
de abastecimento local proveniente de um poço tubular profundo. Os aquários foram<br />
preparados com 0,5 cm de areia sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma<br />
hora. As concentrações dos tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida<br />
com o MP ou o EAC, em seguida aplicados sobre o substrato de areia e colocado água. Para<br />
testar a eficiência da utilização da sílica no fundo dos recipientes, foi utilizado primeiramente<br />
o MP, organofosforado largamente utilizado na piscicultura para controle de larvas de insetos.<br />
As larvas de odonata, Neuraeschna sp. (Família Aeshnidae), provenientes de um<br />
viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio) foram coletadas e levadas<br />
imediatamente ao laboratório em um recipiente com água do próprio viveiro, onde foi medido<br />
o comprimento total, a biomassa e aclimatadas no laboratório em um período de 24 horas<br />
anterior aos testes. Para a realização dos testes as larvas foram individualizadas e distribuídas<br />
aleatoriamente nos aquários previamente preparados e expostas a concentrações crescentes de<br />
paration metílico adsorvidos em sílica, e ao tratamento controle com cinco repetições. Foram
36<br />
realizados testes preliminares com metil paration nas concentrações 5,0; 2,0; 1,0 e 0,50 mg L -<br />
1 . Os testes definitivos foram realizados nas concentrações de 0,50; 0,25; 0,13 e 0,06 mg L -1 .<br />
As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />
registrando-se o número de larvas mortas em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />
água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade elétrica foram obtidos<br />
durante as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.<br />
4.6.2 Avaliação do controle das larvas de odonata com EAC e EAT<br />
Os testes biológicos foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />
UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram utilizados<br />
aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x<br />
10cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com<br />
água de abastecimento local proveniente de um poço tubular profundo. Os aquários foram<br />
preparados com 0,5 cm de areia sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma<br />
hora. As concentrações dos tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida<br />
com o EAC e EAT, em seguida aplicados sobre o substrato de areia e colocado água.<br />
As larvas de odonata, Neuraeschna sp. (Família Aeshnidae), provenientes de um<br />
viveiro de alevinagem de carpa comum (Cyprinus carpio) foram coletadas e levadas<br />
imediatamente ao laboratório em um recipiente com água do próprio viveiro, onde foi medito<br />
o comprimento total, pesadas e aclimatadas no laboratório em um período de 24 horas anterior<br />
aos testes. Para a realização dos testes as larvas foram individualizadas e distribuídas<br />
aleatoriamente nos aquários previamente preparados e expostas a concentrações crescentes do<br />
EAC adsorvido em sílica, e ao tratamento controle com cinco repetições.<br />
Para avaliar o efeito dos extratos sobre as larvas foram conduzidos testes preliminares<br />
com o EAC e EAT com três tratamentos nas seguintes concentrações: 5,0; 2,0 e 1,0 mg L -1 ,<br />
pois não é conhecido o efeito dos extratos sobre as larvas de odonata. Os testes definitivos<br />
foram realizados somente com o EAC, pois o EAT não apresentou atividade biológica, em<br />
quatro tratamentos nas concentrações de 2,0; 1,0; 0,5 e 0,25 mg L -1 .<br />
As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />
registrando-se o número de larvas mortas em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />
água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade elétrica foram obtidos<br />
durante as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.
37<br />
4.7 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />
Os testes com alevinos de carpa comum foram realizados no Laboratório de Ecologia<br />
e Química da UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram<br />
utilizados aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de<br />
largura x 10 cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos<br />
com água de um poço tubular profundo. Os aquários foram preparados com 0,5 cm de areia<br />
sobre o fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma hora. As concentrações dos<br />
tratamentos foram obtidas através da pesagem da sílica adsorvida com o EAC, em seguida<br />
aplicados sobre o substrato de areia e colocado água.<br />
Os alevinos de carpa comum (Cyprino carpio), oriundos de uma propriedade rural<br />
produtora de alevinos na Linha Simonetto, interior de Chapecó-SC, obtidos através de<br />
reprodução induzida estavam com quinze dias de permanência em um viveiro de terra onde se<br />
alimentavam de plâncton e ração balanceada em pó. Após tomada das medidas de<br />
comprimento e peso foram distribuídos aleatoriamente três alevinos por aquário previamente<br />
preparados e expostos às concentrações crescentes de EAC adsorvidos em sílica de 2,0; 1,0;<br />
0,50 e 0,25 mg L -1 , e ao tratamento controle com cinco repetições.<br />
As avaliações foram realizadas com intervalo de seis horas após o início dos testes<br />
registrando-se o número de alevinos vivos em cada tratamento. Os dados da temperatura da<br />
água, concentração de oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade foram obtidos durante<br />
as avaliações, com oxímetro, pHmetro e condutivímetro digitais.<br />
4.8 Testes de predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de<br />
Odonata com e sem exposição ao EAC<br />
Os testes de predação de alevinos de carpa comum (Cypriuns carpio) por larvas de<br />
odonata (Neuraeschna sp.) foram realizados no Laboratório de Ecologia e Química da<br />
UNOCHAPECÓ em sala climatizada a 23˚C e foto período de 12 horas. Foram utilizados<br />
aquários de polietileno com dimensões de 17 cm de comprimento x 11,5 cm de largura x 10<br />
cm de altura com capacidade para 1,0 L instalados em uma bancada e abastecidos com água<br />
de um poço tubular profundo. Os aquários foram preparados com 0,5 cm de areia sobre o<br />
fundo, previamente esterilizada a 121ºC durante uma hora. A determinação da concentração<br />
do EAC foi realizada através da pesagem da sílica adsorvida com o extrato e em seguida<br />
aplicada sobre o substrato de areia e colocado água.<br />
Os alevinos de carpa comum (Cyprino carpio), oriundos de uma propriedade rural<br />
produtora de alevinos na Linha Simonetto, interior de Chapecó-SC e as larvas de odonata
38<br />
(Neuraeschna sp.) foram coletados simultaneamente no mesmo viveiro de terra. Os alevinos<br />
utilizados, obtidos através de reprodução induzida estavam com quinze dias de permanência<br />
neste viveiro onde se alimentavam de plâncton e ração balanceada em pó. Os alevinos de<br />
carpa comum foram coletados com um puçá e as larvas de odonata através de um coletor de<br />
fundo com malha de 300µ. Foram levados imediatamente ao laboratório, em água do próprio<br />
viveiro com aeração quando então foram tomadas as medias de comprimento e peso tanto dos<br />
alevinos quanto das larvas de odonata e aclimatados por 24 horas. Para o início dos testes<br />
foram distribuídos aleatoriamente três alevinos e uma larva de odonata por aquário<br />
previamente preparados. Foram testados dois tratamentos, um com a exposição das larvas ao<br />
EAC adsorvido em sílica e outro sem exposição ao extrato. A concentração do EAC foi de<br />
0,375 mg L -1 calculada previamente durante os testes de toxicidade.<br />
As larvas de odonata foram colocadas nos aquários uma hora antes dos alevinos,<br />
momento caracterizado como início do experimento. Durante o experimento foram efetuadas<br />
contagens a cada três horas dos alevinos remanescentes (vivos) em cada unidade<br />
experimental, sendo repostos os alevinos consumidos de modo que permaneceram três<br />
alevinos de carpa após cada contagem. Os dados da temperatura da água, concentração de<br />
oxigênio dissolvido (OD), pH e condutividade foram obtidos durante as avaliações, com<br />
oxímetro , pHmetro e condutivímetro digitais.<br />
Para análise estatística foram utilizados os dados das somas dos alevinos consumidos<br />
durante o período experimental e submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade.<br />
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
5.1 Análise fitoquímica do EAC<br />
O EAC com os frutos do cinamomo apresentou um rendimento de 4,3% e o EAT com<br />
um rendimento de 14,5 % calculado sobre a massa seca das folhas de timbó utilizadas na<br />
extração de 93,15 g. Como os resultados preliminares com o EAT adsorvido em sílica não<br />
apresentaram atividade biológica deu-se prosseguimento na análise fitoquímica e aos testes<br />
biológicos restantes com o EAC.<br />
A partir do EAC realizou-se o particionamento com solventes de polaridade crescente<br />
onde foram obtidas as frações do hexano, diclorometano, acetato de etila e etanol. Foram<br />
montadas duas colunas, cada uma com 50 g de sílica gel eluída em hexano e adicionada uma<br />
pastilha com massa total de 15 g e uma concentração de 13,83 % do EAC adsorvido em sílica,<br />
portanto 2,08 g de EAC por pastilha.
39<br />
Na análise fitoquímica as frações de hexano (Hx), diclorometano, acetato de etila e<br />
etanol mostraram resultados positivos para terpenos e esteróides. As frações do<br />
diclorometano, acetato de etila e etanol também mostraram resultados positivos para<br />
cumarinas quando revelados com raios UV. Em todas as frações não houve resultado positivo<br />
para flavonóides quando revelados com cloreto férrico 3% (FeCl 3 ). Para alcalóides houve<br />
resultado positivo na fração do acetato de etila quando revelado com a solução de<br />
Draggendorf e para taninos não foi evidenciada presença em nenhuma das frações obtidas<br />
(Tabela 1).<br />
Dominguez et al. (1958), não encontraram a presença de alcalóides em extratos de<br />
éter de petróleo e etanol nos frutos de Melia azedarach revelados com a solução de<br />
Draggendorf, mas obtiveram resultado positivo com extrato aquoso, e resultado negativos<br />
foram encontrados para flavonóides e taninos. Patil et al. (2003), evidenciaram a presença de<br />
alcalóides e flavonóides em fração etanólica dos frutos de Melia azedarach.<br />
Tabela 1. Análise fitoquímica do EAC através de cromatografia em camada delgada<br />
(CCD).<br />
Terpenos Flavonóides Cumarinas Alcalóides Taninos<br />
Hx + - - - -<br />
Diclorometano + - + - -<br />
AE + - + + -<br />
Etanol + - + - -<br />
+ presente; - ausente<br />
5.2 Separação dos compostos<br />
A cromatografia em coluna é usada para separar compostos de uma mistura. É uma<br />
técnica de partição entre duas fases, sólida e líquida, baseada na capacidade de adsorção e<br />
solubilidade. O acompanhamento dos extratos semi-purificados através de cromatografia de<br />
camada delgada (CCD) é usada como uma técnica qualitativa, na verificação do grau de<br />
pureza de um composto ou na determinação do número de componentes de uma mistura<br />
(YUNES e CALIXTO, 2001).<br />
A análise fitoquímica além de revelar parcialmente as classes das substâncias<br />
presentes em cada fração analisada, permite ainda selecionar os melhores eluentes para<br />
realização das CC. Como o cinamomo é uma fonte importante de terpenos foi dada especial<br />
atenção a analise desta classe de composto.
40<br />
As subfrações aplicadas em placas de CCD quando reveladas com anisaldeído para<br />
terpenos e esteróides e que indicaram a presença de somente um composto foram:<br />
diclorometano (DCM) 30,0 mg; DCM/AE (95:5) 40,0 mg; DCM/AE (80:20) 70,0 mg;<br />
DCM/AE (60:40) 70,0 mg; DCM/AE (50:50) 30,0 mg; Hx/AE (88:12) 30,0 mg e Hx/AE<br />
(60:40). Após determinação do pondo de fusão foram enviadas para posterior identificação.<br />
5.3 Identificação das frações A1 e A2, isoladas do EAC adsorvido em sílica através de<br />
Ressonância Magnética (RMN)<br />
Foram identificados dois compostos das frações denominadas A1 e A2. A fração A1<br />
foi obtida com o eluente DCM (100 %), e a A2 com o eluente DCM/AE (60:40). Na primeira<br />
foi identificada o ácido linoléico (Figura 8); e na segunda, o triterpenóide melianona (Figura<br />
9). As massas e rendimentos obtidos foram de 40 mg - 1,1% e 70 mg - 2,0% para A1 e A2,<br />
respectivamente. A fração A2 formou cristais incolores e o ponto de fusão determinado foi de<br />
166-168 ºC. Segundo Nakanish et al. (1986) o ponto de fusão da melianona é de 214-215ºC, a<br />
diferença pode ter ocorrido devido a impurezas na amostra.<br />
Na análise de RMN para a fração A1 observou-se nos espectros de próton – H 1 -RMN<br />
(Figuras 10 e 11) sinal intenso em 5.34 e 5.36 (devido aos -CH=CH- cis); triplete a 2.31<br />
(devido ao -CH2- em alfa ao -COO-); triplete em 0.88 (devido ao Me terminal; triplete em<br />
1.59 (devido ao -CH2- em beta a -COO-); sinal intenso no intervalo 1.25 e 1.41, devido a -<br />
(CH2)n; multiplete em 2.00, devido aos -CH2- alílicos; multiplete em 2.75, devido aos -CH2-<br />
duplamente alílicos; e no espectro carbono: C 13 -RMN (Figuras 12 e 13): Sinal 14.1 Me<br />
terminal; sinal em 34,2 devido ao -CH2- alfa ao Me (C-2); em 29,9 devido ao CH2 beta ao<br />
Me; em 31,9 sinal carbono alfa ao -COO- (C-2); A cadeia -C(9)=C(10)-CH2-C(12)=C(13)- da<br />
4 sinais; 128.0/127.9 para C-9 e C-10, 130/129,7 para C-12 e C-13 . Sinal a 27.2 (CH2<br />
alílicos) e a 25.0 (CH2 duplamente alílico).<br />
18<br />
13<br />
12<br />
10<br />
9<br />
5<br />
3<br />
C<br />
1<br />
O<br />
OH<br />
Ácido cis,cis-9,12-octadecadienóico (ÁCIDO LINOLEICO)<br />
Figura 8 – Estrutura química do ácido linoléico.<br />
Enquanto os animais utilizam as gorduras para a armazenagem de energia, as plantas<br />
as utilizam principalmente para armazenar carbono. Gorduras e óleos são formas importantes<br />
de armazenagem de carbono reduzido em muitas sementes. Os ácidos graxos em plantas são
41<br />
normalmente ácidos carboxílicos de cadeia reta com um número par de átomos de carbono.<br />
As cadeias de carbono podem ser tão curtas quanto de 12 unidades ou tão longas quanto de<br />
20, mas mais comumente elas têm 16 ou 18 carbonos de extensão. Os principais ácidos<br />
graxos insaturados nos lipídeos vegetais são os ácidos oléico (18;1), linoléico (18:2) e<br />
linolênico (18:3). Estão presentes também nas membranas biológicas que são bicamadas de<br />
fosfolipídios que contém proteínas. Visto que os vegetais não podem regular a temperatura<br />
dos seus corpos, eles frequentemente enfrentam o problema de manter a fluidez da membrana<br />
sob condições de baixas temperaturas, as quais tendem a aumentar a compactação da mesma.<br />
Assim, os fosfolipídios vegetais apresentam um alto percentual de ácidos graxos insaturados,<br />
como o ácido oléico, ácido linoléico e α-linolênico que aumentam a fluidez da membrana<br />
(TAIZ, L. 2004). Vivan (2005) cita ainda óleos, glicerídeos de ácido palmítico, oléico,<br />
linoléico e esteárico, vanilina, ácido vanílico e azadiractina como principais compostos<br />
presentes nos frutos e sementes de Melia azedarach.<br />
Através da análise de RMN da fração A2 (Figuras 14, 15 e 16) observou-se no<br />
espectro de próton – H 1 -RMN: δ: 5.38 (triplete) e 5.37 (m); 5.32, 3.92 (multiplete) e 3.87<br />
(multiplete), 2.86 (multiplete) e 2.72 (multiplete) e nove sinais singletes 1.33, 1.31, 1.31, 1.11,<br />
1.04, 1.02, 1.01, 0,89 e 0.85 (totalizando 21H, 7 grupos metila). (Os sinais de ambos os<br />
espectros, de próton e do carbono, foram comparados com os espectros obtidos por<br />
Nakanishi, et. al. (1986) na identificação do triterpenóide melianona em extratos alcoólicos<br />
dos frutos de Melia toosendan. Análise do espectro de carbono C 13 -RMN da melianona<br />
(Figuras 17, 18 e 19) encontra-se na Tabela 2.<br />
R<br />
O<br />
O<br />
O<br />
R= H, OH - Epímero<br />
Figura 9 - Estrutura química do triterpeno Melianona (C 30 H 26 O 4 ).<br />
A estrutura química da melianona, triterpenos tetracíclicos foi isolada e identificada<br />
por Lavie et. al. (1967), a partir do extrato de frutos de Melia azedarach.
42<br />
Protolimonóides são considerados os precursores biogenéticos dos limonóides. Vários<br />
protolimonóides foram isolados das folhas e frutos do neem (Azadirachta indica): das folhas e<br />
óleo, melantriol; dos frutos frescos, melianona, este o maior constituinte de Melia azedarach e<br />
nimolinone, das folhas verdes nimbocinone, das camadas do fruto e folhas, limocinol,<br />
limocinone e kulactone (POLONSKY, et. al., 1977).<br />
Su et. al. (1990), avaliando os compostos fagoinibidores do fruto de Phellodendron<br />
chinese com ação sobre Reticulitermes speratus encontrou que o composto melianona<br />
mostrou atividade de inibição alimentar na concentração de 100 µg/disco, sendo mais intenso<br />
em altas dosagens (1000 µg/disco). Matias (apud FALBO et al., 2008, p. 882) cita a presença<br />
dos metabólitos triterpenóides melianona, melianol e meliantriol no fruto de Melia azedarach<br />
e que apresentam atividade anti-helmíntica.<br />
Biavatti (apud, WESTERNON, 2006, p. 24) confirmou a atividade citotóxica do<br />
protolimonóide, melianona, no biomonitoramento com microcrustáceo Artemia Salina.<br />
Melantriol e melianona são os principais compostos presentes nos frutos do gênero<br />
Melia, encontrando-se também presentes cinnamoylmelianolone e melianol (RANA, 2008,<br />
POLONSKY et al., 1977).<br />
Melantriol isolado do óleo do neem e dos frutos frescos de Melia azedarach mostrou<br />
forte ação fagoalimentar no gafanhoto do deserto Schistocerca gregária, na concentração de 8<br />
µg cm -2 . Também foi relatada ação fagoalimentar da melianona sobre Epilachna varivestis<br />
(SCHWINGER et. al., apud INTRODUCTION, [199-], pag. 9).<br />
Tabela 2. Dados do espectro C 13 -RMN do composto A2<br />
Carbono Deslocamento Carbono Deslocamento Carbono Deslocamento<br />
(ppm)<br />
(ppm)<br />
(ppm)<br />
C-1 38.46 C-11 17.71 C-21 101.83; 97.80<br />
C-2 35.10 C-12 35.18 C-22 31.51; 31.31<br />
C-3 216.89 C-13 43.76; 43.58 C-23 78.46; 77.01<br />
C-4 47.87 C-14 50.78; 50.42 C-24 67.74; 65.34<br />
C-5 52.43; 52.37 C-15 34.26 C-25 58.06; 57.28<br />
C-6 23.25 C-16 27.47; 27.32 C-26 25.01; 24.91<br />
C-7 118.2; 118.09 C-17 47.06; 45.23 C-27 19.41; 19.18<br />
C-8 145.74; 145.57 C-18 12.74 C-28 24.38<br />
C-9 40.60; 48.38 C-19 24.52 C-29 21.56<br />
C-10 34.89 C-20 33.8; 31.69 C-30 22.62
Figura 10 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1<br />
43
Figura 11 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A1 (continuação)<br />
44
Figura 12 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1<br />
45
Figura 13 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A1 (continuação).<br />
46
Figura 14 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2<br />
47
Figura 15 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação).<br />
48
Figura 16 - Espectro de próton – H 1 -RMN da fração A2 (continuação).<br />
49
Figura 17 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2<br />
50
Figura 18 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação).<br />
51
Figura 19 - Espectro carbono C 13 -RMN da fração A2 (continuação).<br />
52
53<br />
5.4 Pesquisa das larvas de Odonata associadas a viveiros de alevinagem de carpa comum<br />
(Cyprinus carpio)<br />
São raros os trabalhos na região Oeste de Santa Catarina quanto à diversidade das<br />
larvas de Odonata em viveiros de piscicultura. Klaus (2004), em um estudo que identificou as<br />
náiades de odonata em tanques de piscicultura no município de São Carlos-SC, encontrou em<br />
quatro tanques avaliados 5 famílias e 13 gêneros. Os mais frequentes foram da família<br />
Libellulidae: Orthemis com 38,18%, Perithemis, 30,18% e Erythrodiplax, 24%.<br />
Na compilação de outros dois trabalhos realizados no Oeste de Santa Catarina,<br />
Gabiatti (2003) e Ravanello (2004), encontraram 26 gêneros distribuídos em seis famílias<br />
(RAVANELLO, 2004).<br />
Os gêneros encontrados na estação produtora de alevinos na Linha Simonetto em<br />
Chapecó-SC, pertencem à família Aeshnidae: Limnetron, Neuraeschna e Rhionaeshna e à<br />
família Libellulidae: Anatya; Dythemis; Erythrodiplax; Micrathyria; Nephepeltia; Orthemis;<br />
Pantala e Tramea.<br />
Nos três viveiros monitorados nesta pesquisa foram encontradas um total de 126 larvas<br />
(INSECTA: ODONATA) da subordem Anisoptera, 80 larvas pertencentes à família<br />
Aeshnidae e 46 à Libellulidae. Embora com maior número de larvas amostradas, a família<br />
Aeshnidae foi representada por somente três gêneros, Neuraeschna com 72, Rhionaeshna com<br />
6 e Limnetron com duas larvas. Neuraeschna e Rhionaeshna foram os únicos gêneros que<br />
ocorreram nos três viveiros. Da família Libellulidae ocorreram oito gêneros e 46 larvas.<br />
Do total das larvas amostradas, as pertencentes ao gênero Neuraeschna representaram<br />
57,14%. Erythrodiplax, Orthemis e Micrathyrya foram as mais abundantes das Libellulidae<br />
com 14,29, 8,73 e 6,35%, respectivamente. Os demais gêneros foram mais raros, dentre eles:<br />
Anatya (2,38%), Dythemis (1,59%), Nephepeltia (1,59%) e Tramea (1,59%). Todas as larvas,<br />
exceto Dythemis (descrita por habitar ambientes lóticos), são descritas por habitarem<br />
ambientes lênticos, incluindo-se tanques de piscicultura (COSTA et. al., 2004). Nos três<br />
viveiros monitorados, as larvas de Neuraeschna ocorreram 15 dias após o alagamento dos<br />
mesmos com comprimento total de até 3,0 cm e, no final das coletas, apresentavam-se com as<br />
tecas alares bem desenvolvidas e em fase de emergência. Segundo Costa et. al. (2004), a<br />
Neuraeschna é uma larva de porte grande (49-51mm), apresentando o dorso do abdômen liso<br />
e vértex sem tubérculo. Na figura 21 um imago de Neuraeschna, a emergência ocorreu no<br />
laboratório.<br />
A diversidade refere-se à variedade de espécies de organismos vivos de uma<br />
determinada comunidade, habitat ou região. O viveiro 1, com 10 gêneros, apresentou a maior
54<br />
diversidade (H’), seguido por ordem decrescente os viveiros 3 e 2, respectivamente (Figura<br />
20).<br />
A riqueza, que se refere à abundância numérica de uma determinada área geográfica,<br />
região ou comunidade, diferiu significativamente entre os viveiros e entre os taludes (p
55<br />
dos machos, apresentam o triângulo anal formado por 2-4 células. Os adultos, figura 22, são<br />
facilmente reconhecidos pela semelhança entre os triângulos das asas anteriores e posteriores,.<br />
ocorrendo em ambientes lênticos, habitando poças d´água e brejos (COSTA et. al., 2000;<br />
COSTA et. al., 2004).<br />
Santos et. al. (1988), estudando a ocorrência desta família em tanques de piscicultura<br />
com os taludes em concreto, encontrou as seguintes espécies: Coryphaescha luteipennis,<br />
Burmeister, 1839, Anax amasili, Burmeister, 1839, Anax concolor Brauer, 1865 e<br />
Castoraeshna, Martin, 1908.<br />
A família Libellulidae agrupa a maioria das espécies de Odonata e as mais<br />
frequentemente encontradas entre os Anisoptera, são amplamente distribuídos no Brasil<br />
(COSTA et al., 2000). As larvas não têm ovopositor e desovam na superfície da água,<br />
raspando o abdômen e soltando os ovos (postura exofítica), daí o nome vulgar de<br />
“lavabunda”. As que melhor se adaptaram aos tanques de piscicultura, com as paredes de<br />
concreto e sem plantas nas margens ou flutuantes são: Pantala flavescens Fabricius, 1798,<br />
Tramea cophysa Hagen, 1867, Miathyrya marcella Selys, 1857, Perithemis mooma Kirby,<br />
1889 e outras dos gêneros Micrathyria sp. e Erythrodiplax sp. Nestas condições, há falta de<br />
substrato para postura das Aeshnidae (SANTOS, et. al., 1988). Fonseca et al. (2004),<br />
pesquisou as espécies de Odonata presentes em duas estações de piscicultura em Minas Gerais<br />
através da captura de ninfas e adultos. As larvas encontradas foram Pantala flavescens<br />
(Fabricius, 1978), Brachymesia furcata (Hangen, 1861) e Perithemis mooma (Kirby,1889),<br />
entre as adultas Pantala flavescens (Fabricius, 1978), Erytthrodiplax fusca (Rambur, 1842) e<br />
Perithemis mooma (Kirby,1889).<br />
O comportamento das odonatas de se distribuírem nas bordas dos viveiros, ou seja,<br />
nos taludes próximos às margens, torna especialmente expostos à predação pós-larvas de<br />
peixes que habitam estas áreas, em busca de alimento e temperaturas adequadas.<br />
Cabe ressaltar que durante o monitoramento realizado não foi encontrada nenhuma<br />
larva de Pantala flavescens (Fabricius, 1978), mas, durante coletas esporádicas a mesma foi<br />
capturada no final do mês de fevereiro e início de março de 2008 e 2009 em viveiros cujas<br />
despescas já haviam sido realizadas.<br />
Um aspecto importante do comportamento das larvas de odonata é o canibalismo. As<br />
larvas da família Aeshnidae são muito predadoras e atingem o maior porte entre as odonatas<br />
brasileiras (SANTOS et. al., 1988). Provavelmente este comportamento predatório e as<br />
condições para uma postura exofítica sejam a respostas para a dominância das larvas da<br />
família Aeshnidae. Na tabela 3 encontram-se os valores das variáveis físicoquímicas da água
56<br />
aferidas nos três viveiros amostrados. Segundo Boyd (1982), encontram-se dentro da faixa<br />
considerada ideal para piscicultura.<br />
Tabela 3. Média e desvio padrão das variáveis físicoquímicas da água nos três viveiros<br />
amostrados.<br />
Viveiros<br />
Temperatura da água Oxigênio<br />
(ºC) Dissolvido (mg L -1 )<br />
pH<br />
1 24,12±2,00 7,97±2,49 6,88±0,48<br />
2 24,25±1,48 9,49±2,41 6,80±0,19<br />
3 25,20±0,89 6,59±3,00 6,71±0,23<br />
Figura 21 - Imago de Neuraeschna.
57<br />
Figura 22 - Neuraeschna adulta e exúvia.<br />
5.5 Avaliação da eficiência dos extratos vegetais e metil paration no controle das larvas<br />
de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E)<br />
5.5.1 Avaliação do controle das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) com<br />
MP<br />
Nos testes preliminares a maior concentração testada foi de 10 vezes a concentração<br />
indicada para uso diretamente na água e a menor coincide com a concentração indicada por<br />
Woynarovich e Horvath (1981) e Garadi et. al. (1988). A razão desta diferença é porque não<br />
havia conhecimento de resultados anteriores com esta metodologia.<br />
Com 6 horas de exposição houve mortalidade nas concentrações de 5,0 e 2,0 mg L -1 de<br />
duas e uma larva respectivamente. O primeiro tratamento com mortalidade total foi na<br />
concentração de 5,0 mg L -1 às 12 horas de exposição, quando tiveram início mortalidades nos<br />
tratamentos 2,0 e 0,5 mg L -1 . Às 18 horas de teste os dois tratamentos com maior<br />
concentração apresentaram mortalidade total das larvas enquanto que nas concentrações de<br />
1,0 e 0,5 mg L -1 houve mortalidade de 80%. O experimento foi concluído às 24 horas com
58<br />
mortalidade total em todos os tratamentos exceto na concentração de 1,0 mg L -1 , onde<br />
permaneceu uma larva viva, porém não apresentava reação quando estimulada à predação.<br />
Na tentativa de encontrar uma concentração letal mínima foi dado prosseguimento aos<br />
testes biológicos com mais quatro tratamentos nas concentrações de 0,5; 0,25; 0,13 e 0,06 mg<br />
L -1 . O início da mortalidade deu-se às 12 horas de exposição com 60% e 50% nos tratamentos<br />
0,25 e 0,13 mg L -1 respectivamente, e 20% nos tratamentos 0,5 e 0,06 mg L -1 . Às 18 horas<br />
ocorreu mortalidade total das larvas em todos os tratamentos com exceção do tratamento 0,5<br />
mg L -1 . Ao final do experimento houve mortalidade de todas as larvas em todos os<br />
tratamentos (Figura 23). A CL 50-12h calculada neste estudo foi de 0,17 mg L -1 de metil paration<br />
(Tabela 5).<br />
100<br />
Porcentagem de larvas mortas<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0,5 mg/L<br />
0,25 mg/L<br />
0,13 mg/L<br />
0,06 mg/L<br />
Controle<br />
6 12 18 24<br />
Horas de exposição<br />
Figura 23 - Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA:AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />
diferentes concentrações do MP adsorvido em sílica.<br />
O metil paration é um potente inibidor de acetilcolinoesterase tendo um profundo<br />
efeito no sistema nervoso dos organismos expostos, causando excitação contínua levando à<br />
paralisia (EDWARDS e THOUNWOU, 2005; SANTOS, 2007). Os inseticidas<br />
organofosforados são utilizados, de modo geral na piscicultura em aplicação direta na água<br />
para o controle de odonatas e parasitas externos. A recomendação mais utilizada para o<br />
controle de larvas de odonata é de 0,5 mg L -1 de metil paration considerando para o cálculo de<br />
diluição todo o volume de água dos viveiros de piscicultura (WOYNAROVICH e
59<br />
HORVÁTH, 1981; GARADI et al., 1988; TAMASSIA, 1996). Não há nenhum estudo que<br />
indique qual a concentração deste organofosforado disponível para os insetos bentônicos e<br />
que possa ser comparado com este estudo.<br />
Com a incorporação no MP em sílica houve uma redução de 2,94 vezes da dose letal<br />
em relação à indicação técnica tradicional para o controle das odonatas. O resultado mais<br />
importante deste experimento foi a eficácia deste método de controle para que se possa dar<br />
prosseguimento ao trabalhos utilizando a sílica como base para a aplicação de produtos<br />
naturais (extratos vegetais) em substituição aos praguicidas sintéticos.<br />
Não houve diferença significativa (p
60<br />
Na tentativa de encontrar uma concentração letal mínima foi dado prosseguimento aos<br />
testes biológicos com mais quatro tratamentos 2,0 ; 1,0 ; 0,50 e 0,25 mg L -1 .<br />
No teste definitivo o tratamento de 2,0 mg L -1 confirmou o teste preliminar com início<br />
da mortalidade às 12 horas de exposição, nos demais iniciaram às 18 horas. Ao completar 24<br />
horas todas as larvas estavam mortas nos tratamentos 2,0 e 0,5 mg L -1 , 80% e 40% nos<br />
tratamentos 1,0 e 0,25 mg L -1 respectivamente. No tratamento de menor concentração, 0,25<br />
mg L -1 , às 30 horas de exposição, 60% das larvas estavam mortas, o que se repetiu até às 36<br />
horas quando foi encerrado o teste, pois as larvas remanescentes apresentavam-se com<br />
movimentos lentos e sem reflexos quando estimuladas à alimentação (Figura 24). Ao final do<br />
experimento as larvas do tratamento controle apresentavam-se com movimentos e reflexos<br />
normais.<br />
100<br />
Porcentagem de larvas mortas<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
2 mg/L<br />
1 mg/L<br />
0,5mg/L<br />
0,25 mg/L<br />
Controle<br />
6 12 18 24 30 36<br />
Horas de exposição<br />
Figura 24 - Mortalidade das larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E) nas<br />
diferentes concentrações do EAC adsorvido em sílica.
61<br />
Tabela 5. Equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e do EAC nos testes de<br />
toxicidade com as larvas de Neuraeschna (ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E).<br />
Equação Linear R 2 CL 50<br />
(mg L -1 )<br />
Metil paration<br />
12 h y = 248,5 x + 7,66 0,89 0,17<br />
Extrato Alcoólico de<br />
Cinamomo (EAC)<br />
18 h y = 248,56 x + 7,66 0,89 0,57<br />
24 h y = 323,10 x + 19,39 0,78 0,37<br />
30 h y = 375,72 x + 23,67 0,85 0,27<br />
36 h y = 375,72 x + 23,67 0,85 0,27<br />
Na tabela 5 encontram-se as equações lineares, R 2 e CL 50 (mg L -1 ) do MP e EAC para<br />
as larvas de Neuraeschna.<br />
Não houve diferença significativa (p>0,05) entre as variáveis físicoquímicas nos<br />
tratamentos. (Tabela 6). Os valores obtidos se encontram dentro da faixa considerada ideal<br />
para piscicultura (BOYD, 1982).<br />
Extrato de frutos e folhas de Melia azedarach e do neem Azadirachta indica tem sido<br />
estudados para o controle de insetos pragas em cultivos agronômicos e no controle de<br />
parasitoses em peixes (HAMMAD e McAUSLANE, 2006, VIEGAS, 2003, CRUZ, 2005).<br />
Experimentos realizados a partir de distintas concentrações de extrato de sementes e folhas de<br />
Melia azedarach demonstram a atividade fagoinibidora, um fagoinibidor é definido como a<br />
substância que inibe a alimentação, e efeito negativo no desenvolvimento e sobrevivência de<br />
várias espécies de insetos que atacam diversos cultivos agronômicos (VIEIRA e ANDREI,<br />
1997). Monoterpenos, como por exemplo, 1,2-epóxi-pulegona, aparentemente tem sua ação<br />
inseticida decorrente da inibição da acetilcolinesterase (VIEGAS JÚNIOR, 2003), porém não<br />
foram encontrados estudos sobre o uso de extratos desta planta para o controle de insetos<br />
aquáticos.<br />
A toxicidade aguda da azadiractina foi avaliada por Dunkel e Ricilards (1998) para<br />
seis espécies de invertebrados aquáticos: Drunella grandis, D. doddsi, Skwala paralela,<br />
Brachicentrus occidentalis, B. americanus e Caecidotea intermédia. A CL 50 - 24h estimada<br />
variou de 1,8 a 9,2 mg L -1 para estas espécies.<br />
Kreutzweiser et al. (1999), avaliaram os danos causados às comunidades de insetos em<br />
córregos naturais com exposição de 5 h e expostas a uma formulação comercial à base do<br />
neem, limitando à concentração máxima de 1,05 mg L -1 de azadiractina. Das oito espécies de<br />
insetos testados, uma era odonata, Ophigomphus sp (ODONATA: GOMPHI<strong>DA</strong>E), exposta<br />
durante 5 horas a uma concentração de 0,84 mg L -1 . Houve 15,5% de deslocamento para áreas
62<br />
sem a presença deste triterpenóide contra 26,7% do controle. Ao final de 5 dias de<br />
observação, ocorreu nesta mesma concentração, 6,7% de mortalidade das odonatas expostas à<br />
azadiractina e 8,8% no controle. As diferenças entre as espécies testadas, duração de<br />
exposição e diferenças entre as formulações comerciais do neem utilizadas não permitem<br />
fazer comparações com os resultados obtidos, mas servem de referência para futuros trabalhos<br />
(KREUTZWEISER et al., 1999).<br />
Em um programa de controle de insetos aquáticos em córregos no Canadá com<br />
aplicação de 50g ha -1 resultou em uma concentração na água de 0,035 mg L -1 , a qual não<br />
afetou os insetos alvos de controle em testes laboratoriais (KREUTZWEISER et al., 1999).<br />
Esta diferença, entre a concentração aplicada e a disponível na água justifica a incorporação<br />
tanto do MP quanto do EAC em sílica, pois permite disponibilizar os compostos químicos<br />
mais próximos às larvas alvo, e provavelmente esta seja a explicação para obtenção de uma<br />
concentração letal mínima 8 vezes inferior à concentração utilizada tradicionalmente na<br />
piscicultura.<br />
Tabela 6. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das<br />
variáveis físicoquímicas da água durante os testes com EAC.<br />
Oxigênio<br />
Condutividade<br />
Tratamentos Tamanho das Temperatura da<br />
(mg L -1 Dissolvido pH<br />
) larvas (cm) água (ºC)<br />
(mg L -1 (µS cm -1 )<br />
)<br />
5,0 4,5± 0,1 22,00±1,50 4,9±0,8 7,7±0,8 120,89 ±7,7<br />
2,0 4,4± 0,05 21,70±2,20 5,1±0,6 7,8±0,9 130,01±7,8<br />
1,0 4,6 ±0,2 22,10±2,30 5,2±0,5 7,9±0,8 129,90±9,8<br />
0,5 4,4±0,10 22,50±2,00 4,8±0,7 7,7±0,8 121,35±7,3<br />
0,25 4,5±0,15 22,60±1,95 5,0±0,4 7,6±0,9 111,50 ±1,7<br />
Controle 4,4±0,12 22,60 ±1,80 5,0±0,7 7,7±0,6 114,90± 0,7<br />
5.6 Avaliação da toxicidade do EAC em alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />
Durante as 36 horas de teste com os alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio)<br />
expostos aos tratamentos 2,0; 1,0; 0,5 e 0,25 mg L -1 do EAC adsorvido em sílica não houve<br />
mortalidade. A mobilidade e reflexos destes alevinos permaneceram inalterados quando<br />
comparados ao tratamento controle (sem EAC). Portanto, o EAC não se mostrou tóxico nas<br />
concentrações e no período testado ao alevinos de carpa comum. Como não foram<br />
encontrados trabalhos sobre a toxicidade do extrato do cinamomo em alevinos de carpa<br />
comum, observa-se que Cruz (2005) determinou a toxicidade aguda CL (I) 50-96 H de 1,30 mg<br />
L -1 em alevinos de pacu (P. mesopotamicus) com base na azadiractina, correspondendo a uma<br />
concentração de 100 mg L -1 do extrato aquoso testado, concentração esta superior às testadas
63<br />
neste experimento. Não houve diferença significativa (p>0,05) entre as variáveis físico<br />
químicas da água entre os tratamentos. (Tabela 7). Os valores obtidos se encontram dentro da<br />
faixa considerada ideal para piscicultura (BOYD, 1982).<br />
Tabela 7. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das variáveis<br />
físicoquímicas da água durante os testes de toxicidade com alevinos de carpa comum.<br />
Comprimento<br />
Oxigênio<br />
Tratamentos<br />
Temperatura<br />
(mg L -1 das larvas de<br />
Dissolvido(mg pH Condutividade<br />
)<br />
da água (ºC)<br />
Neuraeschna<br />
L -1 (µS cm -1 )<br />
)<br />
10,00 4,5± 0,10 22,46±0,67 6,64±1,31 7,43±0,12 79,3±2,9<br />
5,00 4,4± 0,05 22,50±0,65 6,70±1,32 7,46±0,15 88,6±2,8<br />
2,5 4,6 ±0,20 22,57±0,61 6,84±1,07 7,43±0,19 88,4±2,6<br />
1,25 4,4±0,10 22,59±0,55 7,00±0,88 7,58±0,35 87,7±3,3<br />
0,5 4,5±0,15 22,56±0,58 6,81±1,05 7,45±0,35 88,0±3,3<br />
Controle 4,4±0,12 22,50±0,50 6,74±0,65 7,47±0,34 88,1±2,8<br />
5.7 Predação de alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) por larvas de Neuraeschna<br />
(ODONATA : AESHNI<strong>DA</strong>E) com e sem exposição ao EAC<br />
Nos três viveiros monitorados as larvas que tiveram maior ocorrência desde o início da<br />
temporada de produção de alevinos foi o gênero Neuraeschna (ANISOPTERA:<br />
AESHNI<strong>DA</strong>E), motivo pelo qual foi utilizada para os testes de predação (Figuras 25 e 26).<br />
Figura 25 - Larva de Neuraeschna utilizada nos testes de predação<br />
(ODONATA: AESHNI<strong>DA</strong>E).
64<br />
O maior número de alevinos predados ocorreu nas primeiras três horas de teste,<br />
possivelmente devido à restrição alimentar durante aclimatação de 24 horas a que foram<br />
expostas as larvas de odonata. Foram nove alevinos predados no tratamento sem o EAC e 10<br />
alevinos no tratamento com o EAC.<br />
O total de alevinos predados foi maior no tratamento com o EAC até a terceira leitura,<br />
a partir daí o número de alevinos predados foi sempre menor do que no tratamento sem<br />
exposição ao EAC até o final do experimento (Figura27). Possivelmente devido ao efeito<br />
tóxico provocado pelo contato com o extrato de cinamomo. Houve diferença significativa<br />
(p0,05) nas variáveis<br />
físicoquímicas da água entre os tratamentos. (Tabela 8). Os valores aferidos se encontram<br />
dentro da faixa considerada ideal para piscicultura (BOYD, 1982).
65<br />
Figura 26 - Larva de Neuraeschna e efeito da predação sobre alevinos de Carpa<br />
comum (Cyprinus carpio) utilizados nos testes de predação.<br />
40<br />
Número de alevinos consumido<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Tratamento sem o EAC<br />
Tratamento com o EAC<br />
3 6 9 12 15 18 21 24 27<br />
Horas<br />
Figura 27 - Número de alevinosde carpa comum (Cyprinus carpio) consumidos pelas<br />
larvas de Neuraeschna durante os testes de predação.
66<br />
Tabela 8. Comprimento total das larvas de Neuraeschna, média e desvio padrão das<br />
variáveis físicoquímicas da água durante os testes de predação.<br />
Tratamentos<br />
Tamanho<br />
Oxigênio<br />
Temperatura<br />
Condutividade<br />
das larvas<br />
Dissolvido pH<br />
da água (ºC)<br />
(cm)<br />
(mgL -1 (µS.cm -1 )<br />
)<br />
Com EAC 3,50±0,03 22,51±0,07 5,52±0,58 7,02±0,06 94,4±3,8<br />
Sem EAC 3,50±0,04 22,50±0,47 5,62±0,43 7,015±0,05 98,6±3,9<br />
Controle 3,64±0,03 22,51±0,48 5,63±0,45 7,016±0,05 95,21±4,1<br />
6. CONCLUSÕES E CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />
A aplicação do MP adsorvido à sílica possibilitou a obtenção de uma concentração<br />
letal mínima às larvas de odonata significativamente inferior àquela tradicionalmente utilizada<br />
na piscicultura.<br />
O MP e o EAC adsorvidos em sílica mostraram-se eficientes no controle das larvas de<br />
odonata. Porém, as mortalidades retardaram 12 horas para iniciarem no teste com EAC em<br />
relação ao MP e prolongarem-se por 12 horas.<br />
O EAC comprovou sua toxicidade às larvas de Neuraeschna durante os testes de<br />
predação e não foi tóxico aos alevinos de carpa comum (Cyprinus carpio) em concentrações<br />
até 7,4 vezes superiores à menor concentração letal calculada para estas larvas.<br />
De acordo com a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP/PR), para que a<br />
aquicultura possa se desenvolver de forma responsável, contribuindo com a melhoria do meio<br />
ambiente é necessário estabelecer para os diversos sistemas, ambientes e espécies de cultivos<br />
as Boas Práticas da Aquicultura. Baseado nesses princípios, nas diretrizes de uma Aquicultura<br />
Responsável (FAO) e no código de Conduta da Aquicultura Européia, a SEAP/PR identificou<br />
a necessidade de promover a elaboração de um código de práticas responsáveis para a<br />
atividade de piscicultura, em busca de um desenvolvimento sustentado no âmbito ambiental,<br />
social e econômico que deve nortear a criação de peixes. O “Código de conduta para o<br />
Desenvolvimento Sustentável e Responsável da Piscicultura Brasileira” baseia-se na atitude,<br />
responsabilidade e compromisso do piscicultor de executar ações que respeitem o meio<br />
ambiente e o consumidor. Utilizando como instrumentos um manejo eficaz, com<br />
desenvolvimento de tecnologias “limpas”, através do profissionalismo dos produtores,<br />
resultando em um melhor combate e/ou diminuição dos impactos sociais ambientais e<br />
econômicos. Os produtores, as cooperativas, associações e empresas que decidirem iniciar na<br />
piscicultura devem respeitar os seguintes princípios: proteger e respeitar o meio ambiente;<br />
utilizar os princípios de biossegurança; respeitar os direitos e segurança de outros usuários dos<br />
recursos hídricos; obrigatoriamente cumprir com as regulamentações impostas por órgãos
67<br />
normativos e licenciadores e dispor de condições de segurança aos empregados. (BRASIL,<br />
2004). Neste contexto a substituição de pesticidas sintéticos por produtos naturais é um<br />
caminho a ser percorrido rumo à sustentabilidade da piscicultura.<br />
Sugere-se dar continuidade aos testes com as odonatas avaliando a atividade biológica<br />
da melianona e, das demais frações semipurificadas do EAC.<br />
7. REFERÊNCIAS<br />
ABUTBUL, S., GOLAN-GOLDHIRSH, A., BARAZANI, O., OFIR, R., ZILBERG, D.<br />
Israeli Journal of Aquaculture – Bamidgeh, v. 57, n. 2, p. 71-80, 2005.<br />
ACAq – Núcleo de Chapecó. Reunião da ACAq – Núcleo de Chapecó. Livro de atas.<br />
Chapecó-SC, 1987, fls. 10 – 11.<br />
ALCÂNTARA R. C. G., CECCARELLI, P. S., <strong>DE</strong> MELO, J. S. C. Eficiência de produtos<br />
químicos no combate a infestações do parasito Trichodina sp. em lambari Astyanax<br />
bimaculatus LINNAEUS, 1758 . Boletim Técnico do CEPTA, Pirassununga, v. 6, n. 2, p.<br />
1993.<br />
ALCÂNTARA ROCHA, R.C.G,; CECCARELLI, P.S.; SANTOS NETO, J.C.;<br />
RODRIGUES, A.; CERVI, R.C.; RIBEIRO, P. Eficácia de diferentes produtos químicos no<br />
controle de Ichthyophthirius multifiliis, (FOUQUET, 1876), em alevinos de Pacu Piaractus<br />
mesopotamicus (HOLMBERG, 1887). Boletim Técnico do CEPTA, Pirassununga, v. 7, p.<br />
1994 .<br />
ALEXANDRINO <strong>DE</strong> PÉREZ, A. C. Empreendimentos piscicolas e o médico veterinário.<br />
Revista de Educação Continuada do CRMV – SP, São Paulo, v.2, p.43-65, 1999.<br />
ALI, S. T. Studies on the chemical constituents of the flowers of Azardirachta indica<br />
(NEEN). Disponível em: < http://www.prr.hec.gov.pk/Thesis/995.pdf>. Acesso em: 19 jun.<br />
2009.<br />
ALMEI<strong>DA</strong>, L. C.; AGUIAR, L. H.; MORAES, G. Effect of methyl parathion on the muscle<br />
and brain acetylcholinesterase activity of matrinxã (Brycon cephalus). Ciência Rural, v. 35,<br />
n.6, p. 1424-1416. 2005.<br />
ANVISA – Agencia nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada –<br />
RDC nº 10, de 22 de fevereiro de 2008 Disponível em:<br />
. Acesso em 26 Fev 2009.<br />
APHA, AMERICAN PUBCLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the<br />
examination of Water and Wastewater. 20th ed. Washington, 1998.<br />
ARAÚJO, M. E. Química dos produtos naturais. Disponível em: < http://www.dqb.fc.ul.pt><br />
Acesso em 26 fev 2009.<br />
ARAÚJO, S. A. C.; TEIXEIRA, M. F. S.; <strong>DA</strong>NTAR, T. V. M.; MELO, V. S. P.; LIMA, F. E.<br />
S.; RICARTE, A. R. F.; COSTA, E. C.; MIRAN<strong>DA</strong>, A. M. Usos potenciais de Melia
68<br />
azedarach L. (MELIACEAE): um levantamento. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v. 76, n. 1, p.<br />
141-148, 2009.<br />
ARDÓ, L.; YIN, G.; XU, P.; VÁRADI, L.; SZIGETI, G.; JENEY, Z.; JENEY, G. Chinese<br />
herbs (Astragalus membranaceus and Lonicera japonica) and boron enhance the non-specific<br />
immune response of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) and resistance against Aeromonas<br />
hydrophila. Aquaculture, v. 275, n. 1-4, p. 26-33, 2008.<br />
ARTHUR. J. R.; LAVILLA-PITOGO, C. R.; SUBSAINGHE, R. P. (Ed.) Uso of chemichals<br />
in aquaculture in Ásia: Proceedings of the meeting on the use of chemichals in Aquaculture<br />
in Asia. Philippines: Tigbauan, p.8, 1996.<br />
BALASUBRAMANIAN, G.; SARATHI, M.; KUMAR, S. R.; HAMEED, A. S. S.; Screening<br />
the antiviral activity of medicial plants against white spot syndrome virus in shrimp.<br />
Aquaculture, v. 263, p. 15-19, 2007.<br />
BALASUBRAMANIAN, G.; SARATHI; VENKATESAN, C.; THOMAS, J.; HAMEED,<br />
A.S.S. Oral administration of antiviral plant extract of Cynodon dactylon on a large scale<br />
production against white spot virus (WSSV) in Penaeus monodon. Aquaculture, v. 279, n. 1-<br />
4, p. 2-5, 2008.<br />
BOHNENSTENGEL, F. L.; WRAY, V.; WITEE, L.; SRIVASTAVA, R. P.; PROKSCH, P.<br />
Insecticidas meliacarpins (C-seco limonoids) from Melia azedarach. Phytochemistry, v. 50,<br />
n. 6, p. 977-982, 1999.<br />
BOLL, M. G.; GARÁDI, P. Twenty years of cyprinid culture promotion in Santa Catarina,<br />
Brazil: an analysis of government initiatives. Aquaculture, v. 129, n 1-4. p. 469-473. 1995.<br />
BOYD, C. E.; MASSAUT, L. Risk associated with the use of chemicals in pond aquaculture.<br />
Aquaculture Engineering, v. 20, p. 113-132, 1999.<br />
BOYD, C.E. Water quality in warmwater fish ponds. Auburn. Auburn University, 1982.<br />
183p.<br />
BRASIL. Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca/PR. Código de conduta para o<br />
desenvolvimento responsável e sultentável da piscicultura Brasileira. Brasília: SEPA/PR,<br />
2004. Disponível em: < http://200.198.202.145/seap/conduta/pdf/ccPiscicultura.pdf> Acesso<br />
em 30 nov 2006.<br />
BRUNHEROTTO, R.; VENDRAMIM, J. D. Bioatividade de estratos aquosos de Melia<br />
azedarach L. sobre o desenvolvimento de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:<br />
Gelechiidae) em tomateiro. Neotropical entomology, v. 30, n. 3, p. 455-459, 2001.<br />
BRUNHEROTTO, R.; VENDRAMIM, J. D. Bioatividade de Extratos Aquosos de Melia<br />
azedarach L. Sobre o Desenvolvimento de Tuta absoluta (Meyrick) em Tomateiro. Neotrop.<br />
Entomol., v.30, n.3, 2001.<br />
BUZZI, Z. J. Entomologia didática. 4 ed, Curitiba: Ed. UFPR, 2002, 348p.<br />
CANTARELLI, E. B.; COSTA, E. C.; OLIVEIRA, L. S.; PERRANDO, E. R. Ciência
69<br />
florestal, v. 15, n.3, p. 249-254, 2005.<br />
CARPINELLA, C.; FERRAYOLI, C.; VALLA<strong>DA</strong>RES, G.; <strong>DE</strong>FAGO, M.; PALACIOS, S.<br />
Potent limonoid insect antiffedant from Melia azedarach. Biosci. Biotechnol. Biochem. v.<br />
66, n. 8, p. 1731- 1736, 2002.<br />
CARPINELLA, M. C.; HERRERO, G.; ALONSO, R. A., PALACIOS, S. M. Antifungal<br />
activity of Melia azedarach fruit extract. Fitoterapia, n. 70, p. 296-298, 1998.<br />
CARRERA, M. Entomologia para você. 4.ed. São Paulo: E<strong>DA</strong>RT, 1973. 185 p.<br />
CARROL, J. Big trends for agriculture. Disponível em:<br />
. Acesso em: 10 jun. 2006.<br />
CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais,<br />
potencialidades e uso da madeira. Brasília: EMBRAPA – SPI, 1994. 640 p.: il.<br />
CASACA, J. M., TOMAZELLI JÚNIOR, O. Produção de Alevinos II. Florianópolis :<br />
Epagri, 2001, v.1. p. 29.<br />
CASACA, J. M.; CASTRO, M. C. Produtos químicos x aquicultura x legislação. Trabalho<br />
apresentado na disciplina de Agrotóxicos e Meio Ambiente no Curso de Pós-graduação em<br />
aquicultra. Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Jaboticabal, 2006.<br />
CASTAGNOLLI, N. Estado da arte da Aquicultura brasileira. In: CYRINO, J. E. P.;<br />
URBINATI, E. C.; FRACALOSSI, D. M.; CASTAGNOLLI, N. (Ed.). Tópicos especiais em<br />
piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo: TecArt, 2004. 533p.:il.<br />
CESNIK, R.; QUEIROZ, J. F. de. Produção de fungos entomopatolgênicos para o controle de<br />
larvas de Odonata na piscicultura. In: I CONGRESSO <strong>DA</strong> SOCIE<strong>DA</strong><strong>DE</strong> BRASILEIRA <strong>DE</strong><br />
AQUICULTURA E BIOLOGIA AQUÁTICA, 2004, Vitória. Anais... Vitória: Sociedade<br />
Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática, 2004. 1 CD.<br />
CITROMAX. Iscas par formigas. Disponível em . Acesso em<br />
25 nov 2008.<br />
COLARES <strong>DE</strong> MELO, J. S; NASCIMENTO, V. M. Uso de inseticlda organofosforado na<br />
seleção de zooplâncton. Boletim Técnico do CEPTA, Pirassununga, v. 1, n. 1, p. 1988.<br />
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de<br />
2005. Ministério do Meio Ambiente, 23p.<br />
COSTA, E. L. N.; SILVA, R. F. P; FIUZA, L. M. Efeitos, aplicações e limitações de extratos<br />
de plantas inseticidas. Acta Biologica Leopoldensia, v. 26, n. 2, p. 173-185, 2004.<br />
COSTA, J. M. C.; MACHADO, A. B. M.; LENCIONI, F. A. A.; SANTOS, T. C. Diversidade<br />
e distribuição dos ODONATA (INSECTA) no estado de São Paulo, Brasil. Parte 1 – Lista das<br />
espécies e registros bibliográficos. Publ. Avul. Mus. Nac., Rio de Janeiro, n. 80, p.1-27,<br />
2000.
70<br />
COSTA, J. M., IRINEU <strong>DE</strong> SOUZA, L. O.; OLDRINI, B. B. Chave para famílias e gêneros<br />
das larvas de Odonata citadas para o Brasil: comentários e registros bibliográficos. Publ.<br />
Avul. Mus. Nac., Rio de Janeiro, n. 99, p. 1-44, 2004.<br />
COSTA, J. M.; MACHADO, A. B. M.; LENCIONI, F. A. A; SANTOS, T. C.; Diversidade e<br />
distribuição dos odonata (INSECTA) no estado de São Paulo, Brasil.: PARTE I – LISTA<br />
<strong>DA</strong>S ESPÉCIES E REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS. Publ. Avul. Mus. Nac. Rio de<br />
Janeiro, n. 80, p.1-27, 2000.<br />
CRUZ, C. Aspectos toxicológicos de parathion metílico e de extrato aquoso de folhas<br />
secas de nim (Azadirachta indica) para o pacu (Piaractus mesopotamicus) e eficácia no<br />
controle de monogenea Dactylogyridae. 2005. 96 f. il. Tese (Doutorado) – Universidade<br />
Estadual Paulista, São Paulo, Jaboticabal, 2005.<br />
CRUZ, C.; MACHADO-NETO; MENEZES, M. L. Toxicidade aguda do inseticida paration<br />
metílico e do biopesticida azadiractina de folhas de neem (Azadirachta indica) para alevino e<br />
juvenil de pacu (Piaractus mesopotamicus|). Pesticidas: R. Ecotoxicol. e Meio Ambiente,<br />
Curitiba, v. 14, p. 93-102, 2004.<br />
<strong>DA</strong>NTAS, D. A.; MAGANHA, M.; BERETTA, T. E.; NOZU, P.; PEREIRA, G. da S.;<br />
MATIAS, R.; SOLON, S.; RESEN<strong>DE</strong>, U.; KOLLER, W. W. & GOMES, A. Estudo<br />
fitoquímico dos frutos de Melia azedarach L. (Cinamomo, Meliaceae). In ENCONTRO <strong>DE</strong><br />
PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA <strong>DA</strong> UNI<strong>DE</strong>RP, 2., Campo Grande, 2000. Anais...,<br />
Campo Grande: UNI<strong>DE</strong>RP, p. 119-120, 2000. Resumo expandido.<br />
De MARCO, JR.; VIANNA, D. M. Distribuição do esforço de coleta de Odonata no Brasil –<br />
subsídio para escolha de áreas prioritárias para levantamentos faunísticos. Lundiana. n. 6<br />
(suplemento), p. 13-26, 2005.<br />
DICAGROECOLÓGICA. Uso do cinamomo como inseticida e repelente. Agroecolog. e<br />
Desenvolv. Rur. Sustent. Porto Alegre, v. 2, n. 3, 2001.Disponível em:<br />
. Acesso em<br />
24 set 2008.<br />
DOMINGUEZ, X. A., PAULINO R.; COLLINS, V.; MORALES, M. R. A phytochemical<br />
study of eight mexican plants. Economic Botany, v. 14, n. 2, p. 157-159, 1958.<br />
DUKE, S. O. Chemichals from nature for weed management. Weed Science, n. 50, p. 138-<br />
151, 2002.<br />
DUNKEL, F.; RICHARDS, D. Effect of an azadirachtin formulation on six nontarget aquatic<br />
macroinvertebrates. Disponível em: <<br />
http://www.entsoc.org/Pubs/ee/eetocs/PDF’s/en039800667.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2007.<br />
EDWARDS, F. L.; THOUNWOU, P. B. Environmental toxicology and health effects<br />
associated with methyl parathion exposure – A Scientific Revew. Int. J. Environ. Res.<br />
Public Health. v. 2, n. 3, p. 430-441, 2005.
71<br />
ELER, M. N.; ESPÍNDOLA, E. L. G.; ESPINDOLA, E. A.; BRIGANTE, J.; NOGUEIRA,<br />
M. M.; NOGUEIRA, A. M.; MILANI, T. J. Avaliação da qualidade da água e sedimento dos<br />
pesque-pague: Análises físicas, químicas, biológicas e bioensaios de toxicidade. In: ELER, N.<br />
M.; ESPÍNDOLA, E. L. G (Org.) Avaliação dos impactos de pesque-pague: uma análise<br />
da atividade na bacia hidrográfica do rio Mogi-Guaçu. São Carlos: RiMa, 2006. p. 101–<br />
144.<br />
EPAGRI. Produção anual da piscicultura comercial e colonial em Santa Catarina. Dados<br />
compilados por Fabiano Muller: Florianópolis: Epagri, 2008.<br />
FALBO, M. K.; SANDINI, I. E.; ISHIY, H. M.; FÁVARO, J. L.; SANTOS, C. E.; BASTOS,<br />
S.; ROGIGHERI, D.; GUZZO, D. Atividade anti-helmíntica do fruto de Melia azedarach em<br />
cordeiros naturalmente infectados com nematódeos gastrintestinais. Ciências Agrárias, v. 29,<br />
n. 4, p. 881-886, 2008.<br />
FAO. Food Agriculture Organization. The state of world fisheries and aquaculture 2004.<br />
Rome: FAO FISHERIES <strong>DE</strong>PARTMENT, 400 p. Disponível em: <<br />
http://www.fao.org/DOCREP/007/y5600e/y5600e00.htm>. Acesso em 02 jun 2007.<br />
FIGUEIREDO, G. M. de; SENHORINI, J. A. Influência de biocidas no desenvolvimento da<br />
carpa comum (Cyprinus carpio LINNAEUS, 1758) e sobre o zooplâncton, durante o período<br />
de larvicultura. Boletim Técnico do CEPTA, Pirassununga, v.3, p. 5-21, 1990.<br />
FONSECA, R. A.; SANCHES, N. M.; FONSECA, M. C.; QUINTILHIANO, D. M.; SILVA,<br />
E. S. Levantamento de espécies de Odonata associadas à tanques de piscicultura e efeito de<br />
Bacillus thuringiensis var. israelensis sobre ninfas de Pantala falvescens (Fabricius, 1798)<br />
(Odonata: Libellulidae). Acta Scientiarium, Maringá, v. 26, n. 1, p. 25-29, 2004.<br />
FUKUIAMA, Y.; OGAWA, M.; HIRONOBU, T.; MINAMI, H. The new meliacarpinins<br />
from the roots of Melia azedarach. Chem. Farm. Bull, v. 48, n. 2, p. 301-303, 2000.<br />
GABIATTI, R. L. Fauna de odonata do rio caçador, Seara-SC.Trabalho de Conclusão de<br />
Curso (Graduação) – Curso de CiênciasBiológicas, Universidade Comunitária Regional de<br />
Chapecó UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2001.<br />
GARADI, P.; DOMARCO, R.C.; ARAÚJO, O. J.; PINHEIRO, C. W. L. Avaliação do uso de<br />
inseticidas (orgânicos fosforados) no combate as odonatas e na seleção zooplanctonica em<br />
piscicultura de alevinagem. In: Estudos de piscicultura. 2. Ed. Brasília: Codevasf, 71 p.,<br />
1988.<br />
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: Fatores de influência no conteúdo de<br />
metabólitos secundários. Quím. Nova, v. 30, n. 2, p.374-381, 2007.<br />
GONZÁLES, A. V.; LEAL, J. M. Predation Potential of some aquatic insects (Pantala,<br />
coenagrion, Tropisternus, Notonecta and Sigara) on Common Carp Fry. Journal of Applied<br />
Aquaculture, v.5, n. 1, p. 77-82, 1995.<br />
GRANDO, A. Eficiência de extratos vegetais nos controle de UNASPIS CITRI<br />
(COMSTOCK, 1883) (HEMÍPTERA:DIASPIDI<strong>DA</strong>E) em laboratório e campo. ACTA<br />
AMBIENTAL CATARINENSE, v. 2, n. 1, p. 25-34. 2003.
72<br />
GRZYBOWSKY, A. Bioativos de meliáceas e anonáceas: fracionamento formulações. Livro<br />
de Resumos. 14. EVINCI: UFPR, p. 376, 2006.<br />
GUIMARÃES, A. T. B. Efeitos do uso de Trichlorfon em tratamentos contra parasitoses<br />
em piscicultura: Análise das taxas de crescimento, avaliação histopatológica e sua ação<br />
sobre a atividade da colinesterase em Oreochromis niloticus (Cichlidae, Neopterygii).<br />
2000. 62 f. Dissertação (Mestrado em Zoologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba<br />
2000.<br />
GUIRADO, M. M., BICUDO, H. E. M. C. Alguns aspectos do controle populacional e da<br />
resistência a inseticidas em Aedes aegypti (Dipetera, Culicidae). Bepa, v. 6, n. 64, p. 5-14,<br />
2009. Disponível em: <<br />
ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/outros/BEPA64_<strong>DE</strong>NGUE.pdf>. Acesso em 30 jun.<br />
2009.<br />
HAMMAD, E. ABOU-FAKHR; McAUSLANE, H. J. Effect of Melia azedarach extract on<br />
Bemisia argentifolii (Hemiptera:Aleyrodidae) and its biocontrol agent Eretmocerus rui<br />
(Hymenoptera:Aphelinidae). Environmental Entomology, v. 35, n. 3, p. 740-745. 2006.<br />
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis. Aquicultura e<br />
pesca 2006: Brasil: grandes regiões e unidades da federação. Brasília: Ibama, 2008, 174 p.<br />
INTRODUCTION to the chemistry and biology of neem. Disponível em:<br />
. Acesso em: 19 jun.<br />
2009.<br />
KALMAN, V. J., CLAUSNITZER, V.; DIJKSTRA, K. B.; ORR, A. G.; PAULSON, D. R.;<br />
TOL, J van.; Global diversity of dragonflies (Odonata) in freshwater. Hidriobiology, n. 595,<br />
p. 351-363, 2008.<br />
KAUR, R.; ARORA, S. Chemical constituents and biological activities of Chukrasia<br />
tabularis A. Juss. – A review. Journal of Medicinal Plants Research, v. 3, n. 4, p. 196-216,<br />
2009.<br />
KLAUS, G. R. Identificação de náiades de odonata em tanques de piscicultura no<br />
município de São Carlos – SC. 2004. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –<br />
Curso de Ciências Biológicas, Universidade Comunitária Regional de Chapecó<br />
UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2004.<br />
KREUTZWEISER, D. P.; CAPELL, S. S.; SCARR, T. Acute lethal and Sublethal Effects of a<br />
neem – based insecticide on nontarget aquatic insects in stream channels. Bull. Envirom.<br />
Toxicol, n. 63, p. 365-371, 1999.<br />
KREUTZWEISER, D. P.; CAPELL, S. S.; SCARR, T. A. Community-level responses by<br />
stream insects to neem products. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 19, n.4. p.<br />
85-86, 2000.<br />
KROMBAUER, M. E. Avaliação da eficiência de extratos vegetais no controle de Unaspis<br />
citri (COMSTOCK, 1883) (HEMÍPTERA:DIASPIDI<strong>DA</strong>E) em campo. Trabalho de
73<br />
Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Ciências Biológicas, Universidade Comunitária<br />
Regional de Chapecó UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2001.<br />
LAVIE, D.; JAIN, M. K.; KIRSON, I. The complete structure of Melianone. J. Chem. Soc, p.<br />
1347-1351, 1967.<br />
LOPES, R. B.; CECARELLI, P. S.; TORNISIELO, V. L. Uso químicos na piscicultura<br />
paulista. Panorama da Aquicultura, v.10, n.5, p.107, 1999.<br />
MAIRESSE. L. A. S. Avaliação da bioatividade de extratos de espécies vegetais,<br />
enquanto excipientes de aleloquímicos. 2005. 340 p. Tese (Doutorado em Agronomia) –<br />
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS).<br />
MALHEIROS A.; PERES, M. T. L. P. Alelopatia: interações químicas entre espécies. In:<br />
YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. (orgs.) Plantas medicinais sob a ótica da moderna<br />
química medicianal. Chapecó: Argos, 2001, p. 505-523.<br />
MAPA – Ministério da Agricultur e Abastecimento. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários –<br />
AGROFIT. Disponível em<br />
Acesso em 26 Fev<br />
2009.<br />
MARTINEZ, S. S. O nim Azadirachta indica – um inseticida natural. Disponível em:<<br />
http://bbeletronica.cpac.embrapa.br/2002/bolpd/bolpd_53.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2009.<br />
MASCARO, U. C. P.; RODRIGUES, L. A.; BASTOS, J. K.; SANTOS, E.; CHAVES <strong>DA</strong><br />
COSTA, J. P. Valores de DL50 em peixes e no rato tratados com pó de raízes de Derris spp e<br />
suas implicações ecotoxicológicas. Pesq. Vet. v. 2, n. 18, p. 53-56, 1998.<br />
MATAQUEIRO, I. M. Toxicidade aguda e subaguda do inseticida methyl parathion no<br />
pacu (Piaractus mesopotamicus HOLMBSRG, 1887). 2002. 47 f. Dissertação (Mestrado em<br />
Aquicultura) – Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Jaboticabal, 2002.<br />
MATIAS, F. Dados_Aquicultura [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por<br />
em 07 novembro 2008.<br />
McCAFFERTY, W. P.; PROVONSHA, A. V. Aquatic Entomology, 1998. 300 p.<br />
MEAT INTERNATIONAL. The world market for meat and meat products. Singapore:<br />
Magnum Printing Company Private Limited, v. 15, n. 9, p. 8-11 2005.<br />
MOTTA, R. L.; UIE<strong>DA</strong>, V. S. Diet and trophic groups of an aquatic insect community in a<br />
tropical stream. Braz. J. Biol, v. 64, n.4, 2004. Disponível em: <<br />
http://www.scielo.br/pdf/bjb/v64n4/22980.pdf > Acesso em 12 jun 2007.<br />
MURILO, F. Avaliação de plantas com potencial inseticida no controle da vaquinha-dofeijoeiro<br />
(Cerotoma tingomarianus Bechyné). Rio Branco: Embrapa Acre, 2002. 42 p.: il.<br />
(Embrapa Acre. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento n.37).
74<br />
NAKANISHI, T.; INA<strong>DA</strong>, A.; NISHI, M.; MIKI, T.; HINO, R.; FUJIWARA, The structure<br />
of a new natural apotirucallane triterpene and the stereochemistry of the related terpenes x-ray<br />
and 13 C NMR spectral analyses. Chemistry letters, p. 69-72, 1986.<br />
ONAKA E. Eficácia do medendazol e do levamisol no controle de parasitos<br />
monogenóides e eventuais alterações no hemograma de pacu, Piaractus mesopotamicus<br />
Holmberg, 1887 (Osteichthyes: Characidae). 2001. 104 f. Dissertação (Mestrado em<br />
Aquicultura) - Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Jaboticabal, 2001.<br />
PATIL, S. A.; MALASHETTY, V. B., PATIL, S. B. Antispermatogenic and antiandrogenic<br />
ativities of various extracts os Melia azedarch Linn. Seeds in albino rats. Oriental Pharmacy<br />
and Experimental Medicine, v. 3, n.3, p. 133-140, 2003.<br />
PAVANELLI, G. C; EIRAS, J. C.; TAKEMOTO, R. M.. Doenças de peixes: profilaxia,<br />
diagnóstico e tratamento. Maringá: EDUEM: CNPq ; Nupélia, 1998, 264 p.: il.<br />
PEREIRA, F. O.;ROQUE, R. S.; HENARIS, M. M. P.; PILARSKI, F. Eficácia do extrato<br />
aquoso de Terminalia catappa no controle de parasitos monogenéticos de Astronotus<br />
ocellatus. In: X Encontro Brasileiro de Patologistas de Organismos Aquáticos, 2008, Búzios,<br />
RJ. Anais... Búzios: Sociedade Brasileira de Patologia de Organismos Aquáticos, 2008. 1 CD<br />
PINTO, A. C.; SILVA, D. H. S.; BOLZANI, V. S.; LOPES, N. P.; EPIFANIO, R. A.<br />
Produtos naturais: atualidades, desafios e perspectivas. Quím. Nova. v. 25, n. 1, p. 45-61,<br />
2002.<br />
POLONSKY, J.; VARON, Z.; RABANAL, R. M.; JACQUEMIN, H. 21,20-<br />
Anhydromelianone and Melianone from Simarouba amara (Simaroubaceae); Carbon-13<br />
NMR Spectral Analysis of 7 - tirucallol-type Triterpenes. Israel Journal of Chemistry, v. 16,<br />
p. 16-19, 1977. Disponível em: . Acesso em: 11 jun 2009.<br />
PRITCHARD, G. Prey capture by dragonfly larvae (ODONATA: ANISOPTERA). Canadian<br />
Journal of Zoology, v. 43, p. 271-289, 1965.<br />
PROPHIRO, J. S.; ROSSI, J. C. N.D; PEDROSO, M. F.S; KANIS, L..; SILVA, ONIL<strong>DA</strong> S.<br />
Leaf extracts of Melia azedarach Linnaeus (Sapindales: Meliaceae) act as larvicide against<br />
Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae). Rev. Soc. Bras. Med. Trop, v. 6, n. 42,<br />
p. 560-564, 2008.<br />
RANA, V. AC. Plant review Melia azedarach: A phytopharmacological review.<br />
Pharmacognosy Reviews. v. 2, n. 3, p. 173-178, 2008.<br />
RAO, K.S.P.; RAO, K.V.R. Lipid derivatives in the tissues of the freshwater teleost,<br />
Saurotherodon mossambicus (alias Tilapia mossambica) (Peters) – Effect of methyl<br />
parathion. Proc. Indian Nat. Sci. Acad., v. 47, n. 1, p. 53-57, 1981.<br />
RAVANELLO, C. T. Diversidade de Odonata (INSECTA) no rio Lajeado São José,<br />
Chapecó-SC. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Ciências Biológicas,<br />
Universidade Comunitária Regional de Chapecó UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2004.
75<br />
RODRIGUES, E. L.; RANZANI-PAIVA, M. J. T., PACHECO, F. J.; VEIGA, M. L., EIRAS,<br />
A. C. Efeito agurdo do organofosforado DIPTEREX 500 (TRICHLORFON) em baço de<br />
curimbatá Prochilodus scrofa (STEIN<strong>DA</strong>CHNER, 1881). B. Inst. Pesca, n. 24, p.197-203,<br />
1997.<br />
ROEL, A R; Utilização de plantas com propriedades inseticidas: uma contribuição para o<br />
Desenvolvimento Rural Sustentável. Revista Internacional de Desenvolvimento Local. v. 1,<br />
n. 2, p. 43-50, 2001.<br />
SALLES, L. A. RECH, N. L. Efeito de extratos de nim (Azadiractha indica) e cinamomo<br />
(Melia azedarach) sobre Anastrepha fraterculus (WEID.) (DIPTERA:TEPHRITI<strong>DA</strong>E).<br />
Disponível em: < http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v5n3/artigo13.pdf> Acesso em<br />
12 jun 2007.<br />
SANTOS, N. D.; COSTA, J. M.; PUJOL-LUZ, J. R. Nota sobre ocorrência de odonatos em<br />
tanques de pisciculturae o problema de predação de alevinos pelas larvas. Acta Limnol.<br />
Brasil, v. 11, p. 771-780, 1988.<br />
SANTOS, R. L. O uso de praguicidas nas atividades aquícolas: destino e efeito após<br />
aplicações em tanques experimentais e avaliação nas pisciculturas e pesqueiros da bacia<br />
do rio Mogi- Guaçu. 2007. 158 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental ).<br />
Universidade de São Paulo, São Pulo, São Carlos. 2007.<br />
SCHNEI<strong>DE</strong>R, Paulo Renato. Cultura do cinamomo, Melia azedarach L. Santa Maria:<br />
CEPEF/FATEC, 23 p. 1987.<br />
SENHORINI, I.A, FONTES, N.A, LUCAS, A.F.B.; SANTOS JR, S. Larvicultura do pacu,<br />
Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887, (PISCES, CHARACI<strong>DA</strong>E) em viveiros com e<br />
sem organofosforado (Folidos 60%). Boletim Técnico do CEPTA, Pirassununga, v. 4, n. 2,<br />
p. 10-12, 1991.<br />
SCHNEI<strong>DE</strong>R, P. R.; LONGUHI.; FINGER, C. A. G. Cultura do cinamomo, Melia<br />
azedarach L. Santa Maria: CEPEF/FATEC, 1987, 23p.<br />
SILVA, N. J. R.da. Dinâmicas do desenvolvimento da piscicultura e políticas públicas no<br />
Vale do Ribeira/SP e Alto Vale do Itajaí/SC – Brasil. 2005. 579 f. (Doutorado).<br />
CAUNESP, UNESP, Jaboticabal/SP.<br />
SIMÕES, C. M. O. SCHENKEL, E. P., GOSMANN, G., MELLO, J. C. P. de, MENTZ, L.<br />
A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 2. ed. Porto<br />
Alegre/Florianópolis: Ed. Universitária/UFRGS/Ed UFSC, 2000. 821 p.<br />
SOARES, C. M.; HAYASHI C.; ESPER, A. C.; FARIA, A. C. E. A. Influência da<br />
disponibidade de presas, do contraste visual e do tamanho das larvas de Pantala sp.<br />
(Odonata, Insecta) sobre a predação de Simocephalus serrulatus (Cladocera). Acta<br />
Scientiarum, v. 23, n. 2, p. 357-362, 2001.<br />
SOUZA CRUZ. Reflorestar é preservar. Florianópolis: SOUZ CRUZ, 1987, 46p.
76<br />
SOUZA, L. O.; COSTA, J. M.; OLDRINI, B. B. Odonata. In: Guia on-line: identificação de<br />
larvas de insetos aquático do Estado de São Paulo. Froehlich, C. G. (org). Disponível em: <<br />
http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/Guia_online> Acesso em 23 mar 2009).<br />
SU, R. H.; TAKEHIKI, M. K.; TAKANASHI, S. Antifeeding constituents of Phellondendron<br />
chinese fruit against Reticulitermes speratus. J. Pesticide Sci., v. 15, p. 567-572, 1990.<br />
TAIZ, L. Fisiologia vegetal. Tradução de Eliane Romanato Santarém...[et al.]. 3. ed. Porto<br />
Alegre: Artmed, 2004. 570 p.<br />
TAMASSIA, S. T. J. Carpa comum (Cyprinus carpio): produção de alevinos. Florianópolis:<br />
EPAGRI, 1996. 75p. (EPAGRI, Boletim Técnico, 76).<br />
TANAKA, Y.; HISA<strong>DA</strong>, M. The hydraulic mechanism of the predatory strike in dragonfly<br />
larvae. Journal Exp. Biol, n. 88, p. 1-19, 1980.<br />
TAVE, D; REZK, M; SMITHERMAN, O. Effect of body colour of Oreochromis<br />
mossambicus on predation by dragonfly nymphs.Aquaculture research, v. 21, n.2, p. 157-<br />
162, 1990.<br />
TAYLOR, D. A. H., The chemistry of the limonoids from Meliaceae. Prod Chem. Org. Nat.<br />
Prod., v. 45, p. 1-102. 1984.<br />
TESTA, V. M.; NA<strong>DA</strong>L, R.; MIOR, L. C.; BALDISSERA, I. T.; CORTINA, N. O<br />
desenvolvimento sustentável do Oeste Catarinense (Proposta para discussão).<br />
Florianópolil: EPAGRI, 1996, 247p.<br />
TOMAZELLI JÚNIOR, O.; CASACA, J. M.; DITTRICH, R. Qualidade da água em<br />
policultivos de peixes integrados à suinocultura. Agropecuária Catarinense, v. 20, n.2, p.<br />
72-75, 2007.<br />
VIEGAS JUNIOR, C.Terpenos com atividade inseticida: Uma alternativa pra o controle<br />
químico de insetos.Quim. Nova, v. 26, n. 3, p.390-400. 2003.<br />
VIEIRA, F. C. Estudo alelopático e químico preliminar do extrato das folhas de timbó<br />
(Ateleia glazioviana Baill.) sobre a germinação de sementes de soja (Glicyne max L.) e<br />
gorga (Spergula arvensis L.). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de<br />
Agronomia, Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC, Chapecó, 2000.<br />
VIEIRA, P. C.; ANDREI, C. C. Inseticidas de origem vegetal. In: 20ª Reunião Anual da<br />
Sociedade Brasileira de Química, 1997, Poços de Caldas. Anais da 20ª. Reunião Anual da<br />
Sociedade Brasileira de Química. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 1997, v. 1 p.<br />
131-151.<br />
VIVAN, M. P. Uso do cinamomo (Melia azedarach) como alternativa aos agroquímicos<br />
no controle do carrapato bovino (Boophilus microplus). Florianópolis, 2005, 72p.<br />
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas). Curso de Pós-Graduação em Agroecossitemas,<br />
Universidade Federal de Santa Catarina.
77<br />
XIANG X.; ZHOU X. H. Application effect of Chinese herb medicine to aquatic animal<br />
feeds, Cereal Feed Ind., v.3, p. 27–29, 2000.<br />
WESTERNON, R. Analise fitoquimica, avaliações de bioatividade in vitro e in vivo de<br />
Raulinoa echinata. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) –<br />
Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, Itajaí, 2006.<br />
WESTON, D. P. Ecological effects of the use of chemicals in aquaculture. In: MEETING OF<br />
THE USE OF CHEMICALS IN AQUACULTURE IN ASIA, 1996, Tigbauan.<br />
Preceedings… Tigbauan: SEAF<strong>DE</strong>C, 1996. p. 23-29.<br />
WOYNAROVICH, E.; HORVÁTH, L. Propagacion artificial de peces de 77quic templadas:<br />
Manual para extencionistas. FAO, Rome, 187p. 1981. Disponível em: <<br />
http://www.fao.org/docrep/005/AC908S/AC908S00.HTM> Acesso em 07 dez 2006.<br />
YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais sob a ótica da química medicinal<br />
moderna. Chapecó: Argos, 2001. 523 p.: il.<br />
YUNES, R.; A; CECHINEL FILHO, V. Química de produtos naturais, novos fármacos e a<br />
moderna farmacognosia. 1. ed. Itajaí, SC: UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí, 2007.<br />
303 p.<br />
ZANIBONI FILHO, E. Larvicultura de peixes de água doce. Informe agropecuário. Belo<br />
Horizonte, v. 21, n. 203, p. 69-77, 2000.