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Volume 29 No 3 - sbmet

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Boletim SBMET novembro/05<br />

mudança de um quadrante para outro, não ocorre ao<br />

mesmo tempo em todos os níveis da atmosfera, ou seja,<br />

variações de direção e intensidade já são observadas<br />

em poucos metros de altitude. Essa variação que ocorre<br />

tanto na vertical como na horizontal é conhecida na<br />

aviação como windshear.<br />

A intensidade desse fenômeno depende<br />

principalmente da velocidade de escoamento do ar e<br />

da interferência do relevo. A velocidade do vento vai<br />

depender do gradiente de pressão formado entre a frente<br />

fria (área alongada de baixa pressão) e os dois sistemas<br />

de alta pressão envolvidos. Quanto maior for a diferença<br />

de pressão, mais intensos tornam-se os ventos e mais<br />

severa a intensidade do windshear, também conhecido<br />

como tesoura de vento, cortante de vento e gradiente de<br />

vento. A interferência do relevo é muito importante na<br />

intensificação do fenômeno, pois reforça o cisalhamento<br />

que já existe na passagem da frente fria.<br />

Essa conjugação entre o escoamento formado pelo<br />

gradiente de pressão e o efeito orográfico tem sido<br />

observada em alguns aeroportos do Brasil. <strong>No</strong> Aeroporto<br />

Internacional de São Paulo/Guarulhos, um dos mais<br />

movimentados do Brasil, quando ocorre uma situação<br />

pré-frontal, gerando ventos do quadrante norte, surge<br />

um efeito típico de onda de montanha, originado pela<br />

presença de elevações montanhosas a aproximadamente<br />

4,5 km ao norte do aeroporto. Isto resulta em um<br />

turbilhonamento do vento, o qual vai de encontro às<br />

aeronaves que estão na aproximação e subida inicial do<br />

aeródromo (Cabral e Farias, 1992; Santos et al., 1996).<br />

Na superfície, essas variações de vento são<br />

caracterizadas como rajadas e, por vezes, quando muito<br />

intensas causam alguns prejuízos materiais. <strong>No</strong> caso<br />

de uma aeronave, esta pode ter complicações em vôo,<br />

especialmente quando estiver em procedimento para<br />

pouso ou decolagem.<br />

Em termos de antecedentes, o windshear<br />

sempre trouxe problemas para a aviação, porém foi,<br />

provavelmente, a partir do exame detalhado do Flight<br />

Recorder (caixa preta) de uma aeronave da Eastern<br />

Airlines que caiu em junho de 1975, a poucos metros<br />

da cabeceira 22L do Aeroporto John F. Kennedy, em<br />

<strong>No</strong>va Iorque, que se verificou de maneira mais concreta<br />

tanto sua presença quanto sua importância como causa<br />

principal ou contribuinte de inúmeros acidentes. Após<br />

esse fato houve novas investigações de acidentes<br />

aeronáuticos antigos, inicialmente atribuídos a erros<br />

dos pilotos, que na realidade tinham esse importante<br />

fenômeno meteorológico por trás dos episódios. A<br />

conclusão dessas investigações foi que no período de<br />

1964 a 1986 houve 32 acidentes e incidentes aeronáuticos<br />

em âmbito mundial, que tiveram como causa principal<br />

ou fator contribuinte o windshear, resultando na morte<br />

de mais de 600 pessoas e 250 feridos (Cabral, 2005).<br />

Em aviação, o fenômeno pode ocorrer em todas as<br />

fases de vôo, entretanto, é particularmente perigoso em<br />

baixos níveis, nas fases de aproximação, pouso e subida<br />

inicial, em face da limitação de altitude e de tempo para<br />

manobra das aeronaves (Figura 1).<br />

<strong>No</strong> Aeroporto Internacional Hercílio Luz<br />

(AIHL) em Florianópolis, Santa Catarina,<br />

ocorre também interferência do relevo no fluxo<br />

dos ventos. Segundo Ditteberner (2001), “... o<br />

morro do Ribeirão, a S do aeroporto, e o morro<br />

do Cambirela, situado a SW, contribuem na<br />

modifi cação do fl uxo de ar em baixos níveis. Essa<br />

modifi cação resulta em movimentos turbulentos<br />

de ar, ocasionando dificuldades para pouso e<br />

decolagem no aeroporto. Essa turbulência é<br />

resultante, na maioria das vezes, por ventos do<br />

quadrante S, após a passagem de uma frente<br />

fria” (p. 5).<br />

46<br />

Figura 1: Interferência na rota de pouso provocada por windshear.<br />

Fonte:http://paginas.terra.com.br/servicos/vnw/ventonw/windshear2.html.

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