Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac

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20.02.2015 Views

homofobia, comprovadamente, é ainda o principal preconceito existente em nossa sociedade. A livre orientação sexual infantojuvenil também é direito humano fundamental e só uma educação diferenciada, que respeite as especificidades étnicas, raciais e a livre orientação sexual das crianças e adolescentes poderá fazer desabrochar em todo menino, sem traumas nem exageros, o seu lado feminino, e em toda menina, o seu inevitável e salutar lado masculino. Afinal, as crianças e adolescentes homossexuais também nasceram para ser felizes e é crueldade serem humilhadas, castigadas e violentadas, física e psicologicamente, só porque manifestam a mesma orientação sexual de Michel Ângelo, Sheakspeare, Oscar Wilde, Elton John ou Martina Navratilova, entre outros luminares gays e lésbicas que honram a espécie humana. Tendo em vista a dramática situação relativamente frequente e comum de muitos pais, educadores e profissionais da saúde que se confrontam com a presença de jovens homossexuais em seu círculo de relações, enumeramos, a seguir, um elenco de sugestões 5 que devem ser levadas em consideração pelo jovem no dificultoso e crucial processo de se assumir homossexual. O ideal é que estes conhecimentos sejam colocados ao alcance de todos jovens com tendência homossexual para que, antes de darem este importante passo em suas vidas - o “assumir-se” - possam refletir sobre as implicações decorrentes e as estratégias mais eficazes na concretização desta vital decisão. Caso o adolescente procure aconselhamento junto a profissionais ou a algum amigo ou familiar, os apontamentos que se seguem auxiliarão os mais velhos a orientá-lo de forma mais solidária e consequente na busca e realização de sua felicidade. 5 As sugestões foram inspiradas no folheto Read this before coming out to your parents: A guide for your and your parents (1984), da Federation of Parents and Friends of Gays and Lesbians, Filadélfia, USA. O JOVEM HOMOSSEXUAL: 25

Como interagir com jovens homossexuais Certamente, muitos professores e inumeráveis famílias tiveram de enfrentar a dramática situação de conviver com um jovem homossexual. Digo situação dramática por que, de fato, numa sociedade violentamente heterossexista - onde até defensores dos direitos humanos chegam ao cúmulo de referir-se à homossexualidade como “aberração”, “falta de vergonha” e “cachorrada” (VIOLAÇÃO, 1996; BOLETIM, 1998; O CRIME, 2002), ter um gay, lésbica ou travesti dentro de casa ou numa sala de aula, dá motivo a cruéis manifestações de preconceito e discriminação. Há registro de casos de meninos pré-adolescentes efeminados, em Santa Catarina e na Bahia, que foram esmurrados por seus colegas e tiveram de ser medicados no Pronto Socorro, tamanho o ódio homofóbico despertado no meio escolar. Muitos educadores costumam colocar esta questão: “Tenho um aluno homossexual na sala de aula: como devo agir?” A primeira atitude é não se surpreender nem fazer escândalo: o homoerotismo sempre existiu, sobretudo entre adolescentes. O estranho seria a ausência de estudantes com tendência ou conduta homossexual. Procure ganhar a confiança do aluno ou aluna para que este (a) sinta em você um aliado com quem pode se abrir e ter solidariedade, no caso de ser discriminado. A segunda medida, mais inteligente e respeitadora dos direitos humanos, é oferecer apoio no caso de perceber que o aluno ou a aluna demonstram necessitar este tipo de atenção. Tais jovens, geralmente, vivenciam profundos conflitos pessoais e sociais, pois costumam ser rejeitados pela família e pelos colegas. Ser gay, lésbica, travesti ou transexual não é um problema em si, nem reflete necessariamente transtornos familiares ou desajuste psicológico. O problema é a intolerância dos outros - que como os racistas e machistas, oprimem quem não é igual a si. Professores e familiares devem proteger sempre o jovem 26 EDUCAÇÃO SEXUAL: EM BUSCA DE MUDANÇAS

Como interagir com jovens homossexuais<br />

Certamente, muitos professores e inumeráveis famílias<br />

tiveram <strong>de</strong> enfrentar a dramática situação <strong>de</strong> conviver com um<br />

jovem homossexual. Digo situação dramática por que, <strong>de</strong> fato,<br />

numa socieda<strong>de</strong> violentamente heterossexista - on<strong>de</strong> até<br />

<strong>de</strong>fensores dos direitos humanos chegam ao cúmulo <strong>de</strong> referir-se<br />

à homossexualida<strong>de</strong> como “aberração”, “falta <strong>de</strong> vergonha” e<br />

“cachorrada” (VIOLAÇÃO, 1996; BOLETIM, 1998; O CRIME,<br />

2002), ter um gay, lésbica ou travesti <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa ou numa<br />

sala <strong>de</strong> aula, dá motivo a cruéis manifestações <strong>de</strong> preconceito<br />

e discriminação. Há registro <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> meninos pré-adolescentes<br />

efeminados, em Santa Catarina e na Bahia, que foram esmurrados<br />

por seus colegas e tiveram <strong>de</strong> ser medicados no Pronto Socorro,<br />

tamanho o ódio homofóbico <strong>de</strong>spertado no meio escolar.<br />

Muitos educadores costumam colocar esta questão: “Tenho<br />

um aluno homossexual na sala <strong>de</strong> aula: como <strong>de</strong>vo agir?”<br />

A primeira atitu<strong>de</strong> é não se surpreen<strong>de</strong>r nem fazer escândalo:<br />

o homoerotismo sempre existiu, sobretudo entre adolescentes. O<br />

estranho seria a ausência <strong>de</strong> estudantes com tendência ou conduta<br />

homossexual. Procure ganhar a confiança do aluno ou aluna para<br />

que este (a) sinta em você um aliado com quem po<strong>de</strong> se abrir e ter<br />

solidarieda<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> ser discriminado.<br />

A segunda medida, mais inteligente e respeitadora dos<br />

direitos humanos, é oferecer apoio no caso <strong>de</strong> perceber que o aluno<br />

ou a aluna <strong>de</strong>monstram necessitar este tipo <strong>de</strong> atenção. Tais jovens,<br />

geralmente, vivenciam profundos conflitos pessoais e sociais, pois<br />

costumam ser rejeitados pela família e pelos colegas. Ser gay,<br />

lésbica, travesti ou transexual não é um problema em si, nem reflete<br />

necessariamente transtornos familiares ou <strong>de</strong>sajuste psicológico. O<br />

problema é a intolerância dos outros - que como os racistas e<br />

machistas, oprimem quem não é igual a si.<br />

Professores e familiares <strong>de</strong>vem proteger sempre o jovem<br />

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