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Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac

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fundamental, garantido pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral, pelo Estatuto<br />

da Criança e do Adolescente e pelos principais documentos<br />

internacionais <strong>de</strong> Direitos Humanos.<br />

Marta Suplicy, uma das mais conceituadas sexólogas do Brasil,<br />

costuma enfatizar sempre que a homossexualida<strong>de</strong> não é uma opção,<br />

do mesmo modo como ninguém optou por ser heterossexual<br />

(SUPLICY, 1983). Simplesmente, a criança ou o jovem começa a<br />

sentir atração afetiva e/ou sexual por pessoas do mesmo sexo,<br />

do sexo oposto, ou pelos dois sexos. Há um certo consenso entre<br />

os estudiosos da Psicologia infantil em situar entre os 5 e 6 anos a<br />

ida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> começa a se <strong>de</strong>finir nossa orientação sexual - e se fosse<br />

possível isolar um grupo <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> qualquer mensagem<br />

mo<strong>de</strong>ladora <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> gênero – certamente, haveria um número<br />

equilibrado <strong>de</strong> homos, heteros e bissexuais. <strong>Em</strong> nossa socieda<strong>de</strong>,<br />

marcadamente heterossexista, o que ocorre é exatamente o contrário:<br />

as únicas imagens e mensagens bombar<strong>de</strong>adas na socialização formal<br />

e informal das novas gerações é a do casal heterossexual. O<br />

menino e a menina, com <strong>de</strong>sejos afetivo-sexuais<br />

predominantemente voltados para o mesmo gênero, sentem-se<br />

perdidos e oprimidos neste mundo que rotula seus sentimentos<br />

mais íntimos e queridos com palavras insultuosas: <strong>de</strong>scaração, semvergonhice,<br />

pouca-vergonha, frescura, pecado mortal. O<br />

romancista francês Proust expressou <strong>de</strong> forma magistral o estigma<br />

homofóbico dominante em nossa tradição judaico-cristã: “Raça<br />

sobre a qual pesa a maldição e <strong>de</strong>ve viver na mentira e no<br />

perjúrio, visto que sabe ser tido por punível e vergonhoso, por<br />

inconfessável, seu <strong>de</strong>sejo, o que faz para toda criatura a maior<br />

doçura <strong>de</strong> viver.” (PROUST, 1957).<br />

Entre nós, os homossexuais representam, tão somente, 10%<br />

da população, porque vivemos numa socieda<strong>de</strong> ditatorialmente<br />

heterossexista, posto que as únicas imagens e mensagens<br />

bombar<strong>de</strong>adas na socialização formal e informal das novas<br />

gerações é a do casal heterossexual. Por quatro milênios, nossos<br />

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EDUCAÇÃO SEXUAL: EM BUSCA DE MUDANÇAS

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