Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac
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[...] ganha novos significados quando esse percorre diversas outras<br />
posições e cenários que envolvem posições políticas, sociais,<br />
institucionais e pessoais, muitas vezes não exploradas quando se<br />
visualiza a construção do cotidiano e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sestabilizar i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e discursos dominantes. (CARVALHO, 2002,<br />
p. 17)<br />
Se os conhecimentos sobre sexualida<strong>de</strong> estão constantemente<br />
sendo amalgamados na/pela cultura e acabam por (re)-<strong>de</strong>senhar<br />
a sua presença na escola, por que, então, sentimos, ainda, que esse<br />
chão não é um “terreno seguro” para trabalharmos?<br />
Para respon<strong>de</strong>r a essa questão, tomo emprestado, ainda que<br />
timidamente, alguns referenciais da pesquisa confeccionada por<br />
Mateus Biancon (2005), no município <strong>de</strong> Londrina (PR). <strong>Em</strong> intervenção<br />
realizada nas escolas <strong>de</strong> ensino fundamental, com professores/<br />
professoras da re<strong>de</strong> pública, são levantadas algumas dificulda<strong>de</strong>s<br />
recorrentes nas falas dos/das entrevistados/entrevistadas:<br />
1. dificulda<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>senvolver os conteúdos sobre sexualida<strong>de</strong><br />
por <strong>de</strong>spreparo pedagógico;<br />
2. dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vidas à interferência da religião e <strong>de</strong> outras<br />
crenças a respeito da sexualida<strong>de</strong> humana;<br />
3. não <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação sexual por receio<br />
da reação dos pais dos alunos;<br />
4. receio das reações negativas dos colegas professores e dos alunos<br />
e <strong>de</strong> que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas percam o “status” <strong>de</strong> aula;<br />
5. dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vido à interferência <strong>de</strong> tabus, preconceitos e<br />
pensamentos do senso comum.<br />
Reconhecemos-nos nestas falas, talvez já as tenhamos utilizado<br />
como <strong>de</strong>sculpa por nossas condutas, talvez possamos i<strong>de</strong>ntificar nelas<br />
os nossos medos e inseguranças, mas, ao meu ver, muito mais que<br />
justificativa, o suporte pedagógico, o cumprimento do programa<br />
escolar, a influência religiosa, as reações <strong>de</strong> pais, colegas e alunos<br />
têm-se mostrado, permanentemente, como dispositivos <strong>de</strong> fiscalização<br />
e controle <strong>de</strong> nossas ações como educadores/educadoras sexuais.<br />
4 EDUCAÇÃO SEXUAL: EM BUSCA DE MUDANÇAS