20.02.2015 Views

Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac

Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac

Educação Sexual, Em Busca de Mudanças - Cepac

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para construir nossa conversa, e a<strong>de</strong>ntrar propriamente na<br />

escola, ou naquilo que, culturalmente, povoa a escola, chamo a<br />

atenção para um traço marcante do ensinar sexualida<strong>de</strong>, presente<br />

nesse espaço.<br />

Quase sempre – via <strong>de</strong> regra, as abordagens sobre<br />

sexualida<strong>de</strong>, nos espaços escolares, elegem a Biologia e os territórios<br />

do Ensino <strong>de</strong> Ciências, professores/professoras <strong>de</strong>ssas disciplinas<br />

como locais e agentes privilegiados na construção <strong>de</strong> saberes e<br />

respostas sobre <strong>Sexual</strong>ida<strong>de</strong> Humana. Esta tendência <strong>de</strong> explicar<br />

fenômenos humanos em termos biológicos é muito forte quando<br />

falamos <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>fine, muitas vezes, nossos entendimentos<br />

acerca das categorias como corpo, sexo, gênero e papéis sexuais.<br />

A preocupação redobra-se quando, também, professores/<br />

professoras <strong>de</strong> outras áreas do conhecimento como história,<br />

geografia, matemática, língua portuguesa, narram, em suas falas, o<br />

predomínio do discurso biológico, como estratégia pedagógica para<br />

se abordar sexualida<strong>de</strong> nas suas salas <strong>de</strong> aulas.<br />

Tanto professores quanto materiais pedagógicos como manuais, livros,<br />

fol<strong>de</strong>rs, posters, etc., que são responsáveis pela educação sexual na<br />

escola, analisam a questão sexual numa abordagem anato-morfofisiológica<br />

e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual. (RIBEIRO; SOUZA, 2003, p. 67)<br />

O alerta não é para dizer que o insucesso da <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong>,<br />

na escola, <strong>de</strong>ve-se a professores/professoras – seja qual for a origem<br />

<strong>de</strong> suas formações. Mas lembrar que essa tendência, como já nos<br />

disse Michel Foucault (1998), é enraizada, historicamente, e está<br />

direcionada por uma forma <strong>de</strong> saber <strong>de</strong>senvolvida graças ao<br />

conhecimento médico, ou seja, o discurso sobre sexualida<strong>de</strong>, na escola,<br />

respalda-se no discurso científico. As metodologias orientadas pelo<br />

discurso médico-biológico, (re)produzido na anatomia da reprodução<br />

humana, cumprem, portanto, a função <strong>de</strong> reger a sexualida<strong>de</strong>,<br />

através <strong>de</strong> conceitos, explicações e modos <strong>de</strong> disciplinarização,<br />

presentes na organização curricular.<br />

2 EDUCAÇÃO SEXUAL: EM BUSCA DE MUDANÇAS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!