20.02.2015 Views

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

96<br />

A supervisora pedagógica afirma, em relação à comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> trabalham, que<br />

ali “é bom, comparando com outras, é bom...”. Relata que começou a trabalhar como<br />

professora <strong>na</strong> Vila Dique, “a vila dos papeleiros” e lá era diferente, paupérrimo, mas lá<br />

eles respeitavam o professor: “eram pessoas vindas do interior, colonização alemã,<br />

então valorizavam o professor, tratavam com respeito, esperavam <strong>na</strong> parada,<br />

carregavam os livros...”. Quando ela saiu <strong>de</strong> lá foi para o Rubem Berta que era muito<br />

violenta “lá tinha até toque <strong>de</strong> recolher”. Na sua primeira sema<strong>na</strong>, quando chegou pela<br />

manhã <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, tinha um corpo bem em frente da <strong>escola</strong>: 22 facadas. “Aqui é<br />

diferente, é um pouco <strong>de</strong> tudo: tem violência, tem pobreza, mas não é tanta. No ano<br />

passado tiveram várias mortes <strong>de</strong> familiares <strong>de</strong> alunos. Pai, tio, mãe. Mas <strong>na</strong> <strong>escola</strong><br />

nunca teve uma ocorrência mais violenta, tem brigas. Na vila tem tráfico, mas <strong>de</strong>ntro da<br />

<strong>escola</strong> não, alguns alunos se envolvem...”.<br />

O professor <strong>de</strong> educação física que está a 17 anos <strong>na</strong> <strong>escola</strong> fala acerca das<br />

mudanças ocorridas ao longo <strong>de</strong>ste tempo:<br />

“Prá pior! Mudou muito, para começar o espaço físico. Aqui começou um CIEM com<br />

600 alunos, agora temos o dobro e a mesma estrutura física e pessoal.” “Eu <strong>de</strong>i aula<br />

para os pais e agora para os filhos e noto toda a diferença. Eu antes via que as<br />

pessoas eram do bem, davam aquela educação rígida para os filhos, eles chegavam<br />

aqui sabendo se comportar. Agora eles não tem noção <strong>de</strong> <strong>na</strong>da, nem como se sentar<br />

<strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula, se portar como aluno. A gente tem que ensi<strong>na</strong>r a postura, a se<br />

acalmar, saber como é o ambiente <strong>de</strong> <strong>escola</strong> para <strong>de</strong>pois entrar propriamente <strong>na</strong><br />

discipli<strong>na</strong>.”<br />

O meu primeiro contato com a direção nesta <strong>escola</strong> municipal foi com a vicediretora<br />

da tar<strong>de</strong> que, ao me receber, me questio<strong>na</strong> a respeito da escolha da sua <strong>escola</strong><br />

para a pesquisa, pois ali não tem nenhum projeto acontecendo: “nenhuma política<br />

pública nesta área chegou até nós”. Não tem conhecimento das formações que<br />

aconteceram recentemente, pois “não ficaram sabendo <strong>na</strong> <strong>escola</strong>”. Estão priorizando<br />

uma proposta <strong>de</strong> discutir a violência, “que aqui é uma coisa preocupante, muitas<br />

brigas...” Acha que a situação da educação é muito complicada, tem alguns alunos que<br />

ela acha que “não tem mais jeito, a coisa está <strong>de</strong> uma maneira que não tem volta, a<br />

pessoa não vai conseguir apren<strong>de</strong>r”. “A criatura já passou por tantas que já não dá.”<br />

Conta que, com o objetivo <strong>de</strong> trabalhar este tema da violência, uma professora<br />

sugeriu chamar para dar uma palestra <strong>na</strong> <strong>escola</strong> o professor Re<strong>na</strong>to Flores, que está

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!