A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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pais, era xingado pela instituição, xingado pelos professores, o menino criativo, criativo!<br />
Mas ele fazia muito alar<strong>de</strong>, ele fazia muito, vivia <strong>de</strong>sataviado, ele fazia as coisas meio<br />
sem querer, empurrava a classe, quando via batia no outro. Claro que existia todo um<br />
ranço por trás. Segurei as pontas para ele continuar aqui, até que um dia...” (Nádia-<br />
Orientadora educacio<strong>na</strong>l)<br />
Nesta <strong>escola</strong> percebi um questio<strong>na</strong>mento das intervenções da secretaria e um<br />
posicio<strong>na</strong>mento quanto à abordagem dada a temas da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. O trabalho que<br />
vem sendo proposto pela SEC, nos mol<strong>de</strong>s do SPE não foi aceito <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e suas<br />
justificativas contestadas:<br />
Até a própria questão da gravi<strong>de</strong>z <strong>na</strong> adolescência aqui <strong>na</strong> <strong>escola</strong> ainda é muito, é uma<br />
coisa muito rara, é rara, este ano tivemos meni<strong>na</strong> que teve bebê, 14 anos, 15, antes<br />
<strong>de</strong>la...talvez uma, sei lá... <strong>de</strong> 14 anos, esta outra meni<strong>na</strong> nem freqüenta a <strong>escola</strong>, esta<br />
não voltou ainda, mas é uma postura diferente, ela veio trouxe o filho <strong>na</strong> <strong>escola</strong>,<br />
assumiu isso <strong>na</strong> frente das colegas, são situações assim que... e aqui elas também não<br />
são tanto..não aparece tanto quanto em outros lugares. É interessante porque em<br />
outros lugares, não sei se foi com a Somos ou um outro grupo que perguntou para nós<br />
se tem adolescentes grávidas, é raro, é bem raro, o nosso público é adolescentes e...<br />
bem simples. Tem alunos que estudaram juntos, três quatro anos atrás, que eram<br />
<strong>na</strong>moradinhos, e até ano passado, esse ano até eu não vi, eles continuaram vindo, <strong>de</strong><br />
repente eles vinham aqui passear trazer o bebê, muito legal assim...Os três juntos ali,<br />
os três se criando juntos, muito incrível, vem passear ver os colegas, ver os<br />
professores, trazer o bebê, uma criança bem tratada, uma criança coisa mais amada,<br />
eles bem jovenzinhos, também é outra situação, que a idéia que vão <strong>de</strong>ixar a criança<br />
abando<strong>na</strong>da, que a criança fica abando<strong>na</strong>da, não é o caso daqueles, não tá todo<br />
mundo junto, o casalzinho, claro, com o apoio da família, tem situações que a gente<br />
aqui vive muito pouco, isto aparece muito pouco por aqui.(Janice- supervisora<br />
pedagógica)<br />
O GGM realizou, em 2007, um levantamento do “trabalho feito sobre<br />
<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>” em toda a re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> Porto Alegre, através <strong>de</strong> um formulário<br />
enviado às <strong>escola</strong>s através do malote da secretaria. O grupo verificou que <strong>na</strong> gran<strong>de</strong><br />
maioria das <strong>escola</strong>s se trabalhava esse tema: principalmente por professoras <strong>de</strong><br />
Ciências e orientadoras educacio<strong>na</strong>is. Claro que este levantamento privilegiava o<br />
tratamento da prevenção às DSTs/aids e controle da gravi<strong>de</strong>z <strong>na</strong> adolescência,<br />
justificativa central do projeto SPE. A <strong>escola</strong> estadual não se <strong>de</strong>u o trabalho <strong>de</strong><br />
respon<strong>de</strong>r este formulário, nesta pesquisa esta <strong>escola</strong> consta como não tendo trabalho<br />
sistemático <strong>de</strong>senvolvido “sobre <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>”. A equipe diretiva tem clareza no sentido<br />
que se está falando <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> trabalho: diferentes enfoques e diferentes<br />
propostas éticas.