A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
93<br />
festa. A maior parte dos/as alunos/as eram <strong>de</strong> séries iniciais, pois as últimas séries têm<br />
seu período <strong>de</strong> estudo pela manhã. As professoras organizavam com “os menores”<br />
apresentações <strong>de</strong> quadrilha e danças típicas. Os/as alunos/as “maiores”, da oitava série<br />
encarregaram-se da ence<strong>na</strong>ção do casamento caipira, tudo feito com muitos gritos e<br />
improviso, a turma parecia bem envolvida e se divertindo com a situação.<br />
Logo ao se entrar <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, no saguão que dá acesso ao pátio da <strong>escola</strong> on<strong>de</strong><br />
aconteceu a festa havia duas classes colocadas com a placa “fichas”. Ali sentadas duas<br />
professoras, <strong>na</strong> primeira mesa Julia<strong>na</strong> ven<strong>de</strong> as fichas que são utilizadas para a compra<br />
dos lanches, doces e das brinca<strong>de</strong>iras. Enquanto eu estava <strong>na</strong> <strong>escola</strong> não pu<strong>de</strong><br />
perceber nenhuma reação <strong>de</strong> surpresa pela sua presença ou alguma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
rechaço a ela, as/os alunos/as compravam fichas, pais e mães em fila, sem<br />
sobressaltos. Ela estava responsável por uma tarefa que lhe dava visibilida<strong>de</strong>, todos/as<br />
que quisessem comprar lanches ou brincar passavam por ela.<br />
6.6 - Questões que professoras/es se colocam:<br />
As/os educadoes/as associam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualificação do seu trabalho com o<br />
funcio<strong>na</strong>mento próprio da <strong>escola</strong> como instituição:<br />
“Eu vejo que <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, nós precisaríamos trabalhar mais com estas coisas da vida,<br />
falar sobre a vida, sobre aids, homofobia, sobre tudo e <strong>de</strong> uma forma mais<br />
sistematizada porque projetinhos se teve, tanto que vejo que isso é melhor que <strong>na</strong>da,<br />
mas eles tem que ter uma continuida<strong>de</strong>, não sei, nem sei se a <strong>escola</strong> é o lugar que<br />
conseguiria um dia fazer isso, a <strong>escola</strong> é tão fragmentada, tudo é tão pequeno,<br />
pequeno, pequeno, pequeno, cada um no seu lugar, cada um no seu tempo, cada um<br />
no seu espaço, que às vezes fica difícil, se coloca sempre outro conteúdo, o curricular,<br />
o formal, o que tá escrito, aquele é o mais importante, se <strong>de</strong>ixa, nós não conseguimos<br />
criar espaços <strong>de</strong> silêncio, assim, <strong>de</strong> uma outra relação, um espaço mais aberto, não tão<br />
formal, cada um <strong>na</strong> sua sala, <strong>de</strong>ixar a coisa aberta para outras coisas. Eu vou para a<br />
sala e falo o que eu quero, só colocar todos sentadinhos <strong>na</strong> sala um atrás do outro. Eu<br />
dou uma aula do jeito que quero e respon<strong>de</strong>m o que eu dou bem direitinho. Acaba que<br />
eles falam o que eu quero ouvir, e fica tudo bem, eu penso que eles lêem e eles fazem<br />
<strong>de</strong> conta que...enten<strong>de</strong>ram e tá tudo bem. (Janice- supervisora pedagógica)<br />
O funcio<strong>na</strong>mento institucio<strong>na</strong>l das <strong>escola</strong>s, como tem sido proposto, é percebido<br />
como exclu<strong>de</strong>nte:<br />
“Aqui foi o menino que parou <strong>na</strong> sétima série, ele tava se <strong>de</strong>scobrindo como trans e foi<br />
a coisa mais difícil levar aquele menino até a sétima, por que ele era xingado pelos