A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

92
Juliana percebe certa conquista de espaços na sociedade quanto aos direitos: “...
por que eu não nasci travesti, há vinte anos atrás, tu imagina na escola vinte anos atrás,
as humilhações que todas se queixam... do nome...”
A possibilidade de ser uma
profissional da educação e estar de fato dentro de sala de aula, ela tem consciência que
é uma exceção: “Que eu saiba eu sou a única travesti professora, não tenho notícia de
outra...” E relaciona esta conquista a um momento em especial.
“ O Programa Brasil Sem Homofobia tá tendo um efeito gradativo, eu acho que ele não
é uma coisa que pá, agora mudou tudo, não, ele vem andando, a gente vê que os
movimentos estão mais ativos em prol, a gente vê que os movimentos LGBT, eles
estão mais respaldados politicamente, eu acho, na minha opinião. O Brasil sem
homofobia, eu acho que é uma questão, não sei, é uma questão a se pensar, agora eu
acho assim que, nossa! tá tendo muitas mudanças, se tu parar para analisar o que era
o movimento antes, na década de 90, já tinha caminhada mas não era aquela coisa
respaldando os direitos, criando os direitos que ainda são. Então eu acho que é isso o
Brasil Sem Homofobia vem para reforçar tudo o que a gente pede.” (Julianaprofessora)
Realmente, nesta escola as/os educadores percebem uma maior visibilidade e
legitimidade para temas e vivências que tempos atrás não seria possível:
Então a nossa formação, da minha geração, da minha geração, talvez nem tenha sido,
não foi formal, que a escola trabalhasse isso, que estivesse previsto que tenha uma
aula disto, não tinha na televisão, não se tinha revistas, como hoje se tem acesso, em
qualquer banca o assunto que quiser está ali, isso era um tabu, verdadeiro tabu, não se
falava sobre sexualidade, era homem, era mulher, e pronto, o homem podia isso e
mulher não podia nada, casava virgem e era isso. E hoje não, a sociedade se
movimentou tanto, e os nossos alunos vêm de comunidades diferentes, que tem outras
experiências, de maneira que para se colocar a questão, para se entender, que é
normal, estão na adolescência estão se descobrindo, e eu vejo que mistura muita coisa,
tem a questão do ficar, é uma brincadeira, é uma experiência ao mesmo tempo, eu fico
com fulano mas fico com fulana também, ao mesmo tempo e é bom, e isso acontece e
surge: o que acontece com isso? Será que sou homem ou sou mulher? Será que eu
sou gay, será que eu sou o quê? (Janice - supervisora pedagógica)
6.5 Festa Junina
Participei das festas juninas das escolas como uma maneira de acompanhar as
relações num momento mais informal, onde os pais e mães estivessem interagindo com
o corpo docente e alunos/as. A festa na escola estadual foi realizada numa tarde de
sexta feira às 15 horas, cheguei à escola neste horário e já se ouvia música de
quadrilha, a escola estava decorada com bandeirinhas e desenhos com motivos da