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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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<strong>de</strong>senvolvimento e da patologização 18 generalizada dos comportamentos dos/as<br />

alunos/as. Outra situação em que percebi esta “<strong>de</strong>cepção” ao se <strong>de</strong>parar com a<br />

“realida<strong>de</strong>” ocorreu quando eu estava sentada no pátio da <strong>escola</strong> e uma jovem iniciou<br />

uma conversa comigo; ela estava realizando seu estágio <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e se sentia muito<br />

<strong>de</strong>cepcio<strong>na</strong>da com o que encontrou, “não esperava isso...a gente estuda um monte <strong>na</strong><br />

faculda<strong>de</strong> e chega aqui e dá <strong>de</strong> cara com esta situação: os alunos não querem <strong>na</strong>da<br />

com <strong>na</strong>da e os professores só reclamam.” Diz esta jovem <strong>de</strong> 20 anos sentada em cima<br />

<strong>de</strong> um livro brochura, muito grosso...<br />

A <strong>escola</strong> tem somente dois professores, o professor João conta que: “Eu<br />

acompanhei o processo, eu pensei realmente que ele ia ter dificulda<strong>de</strong>s, porque, ele ia<br />

ser mais um motivo <strong>de</strong>...chacota, coisas assim, mas não, muito pouco, não, muito<br />

pouco. E então nesse sentido até eles tão tendo uma formação com certeza, que é<br />

mais...nesse sentido há um crescimento.” Ele esperava uma reação negativa da<br />

comunida<strong>de</strong> e Julia<strong>na</strong> tor<strong>na</strong>r-se alvo <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ções por parte dos alunos e não<br />

escon<strong>de</strong> que inicialmente teve uma sensação <strong>de</strong> estranheza com a situação: “E <strong>de</strong>pois<br />

ele fez a cirurgia, pôs implante <strong>de</strong> seio, tudo, eu achei até para mim quando fiquei<br />

sabendo da... porque como eu tive minha formação toda no interior, ainda lá as coisas<br />

não são ainda tão...como Porto Alegre, então eu achei assim: bah! Como é que vai se<br />

virar <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>pois, mas foi uma coisa...” Este professor conta <strong>de</strong> uma certa<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar com os alunos sobre <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, fato que ele relacio<strong>na</strong> com<br />

sua história <strong>de</strong> vida, cresceu no interior, on<strong>de</strong> “Lá não se vê travesti, vim ver uma<br />

quando adulto aqui em Porto Alegre, e lá <strong>na</strong> Voluntários 19 ...”<br />

“Não, é que às vezes eles usam as palavras, que eles não têm papas <strong>na</strong> língua, eu às<br />

vezes sinceramente, <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong> aula eu fico com vergonha <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, em<br />

função dos meninos e das meni<strong>na</strong>s, por que eles falam assim, por exemplo: falar em<br />

masturbação, falar em masturbação não tem problema em falar em masturbação, mas<br />

eles usam palavras mais chulas como punheta, por exemplo, aí então eu acho, eu não<br />

consigo falar com eles <strong>na</strong> frente das meni<strong>na</strong>s, se fosse eu falar com um grupo só <strong>de</strong><br />

meninos tudo bem né? Mas falar com as meni<strong>na</strong>s eu acho que, acho que tem que ter<br />

todo o respeito com as meni<strong>na</strong>s... porque as meni<strong>na</strong>s muitas vezes elas é que instigam<br />

os guris, já querem, agarram, já vão querendo <strong>na</strong>morar e já vão...” (João- professor)<br />

18 Retomaremos esta discussão mais adiante no texto.<br />

19 Rua <strong>de</strong> Porto Alegre conhecida como local <strong>de</strong> prostituição.

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