A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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<strong>na</strong> época todo mundo tava bem assim...E eu tava <strong>de</strong>cidida e tava esperando quem<br />
viesse, porque era uma questão <strong>de</strong> direito, <strong>de</strong> ir e vir, se tu prega isso, o direito <strong>de</strong>ntro<br />
da <strong>escola</strong>, porque tu não vai usufruir do mesmo direito, então eu tava tranqüila, mas eu<br />
senti que tavam, as pessoas tavam meio apreensivas, principalmente a direção porque<br />
não sabia o que po<strong>de</strong>ria acontecer, mas até hoje...Até hoje, sobre a questão da<br />
mudança, da transformação minha e tal, nunca nenhum pai veio falar e nunca nenhum<br />
pai veio reclamar <strong>na</strong> <strong>escola</strong>.” (Julia<strong>na</strong>- professora)<br />
A diretora conta o momento em que Julia<strong>na</strong> volta à <strong>escola</strong> “silico<strong>na</strong>da”, estavam<br />
todas as professoras <strong>na</strong> sala dos professores em reunião e: “Quando ela voltou,<br />
chegou <strong>na</strong> <strong>escola</strong> tava todo mundo no conselho <strong>de</strong> classe: foi uma gritaria, todo mundo<br />
queria tocar.”<br />
“Então, eu vi que a direção tava meio assim... assustada, mas era mais uma<br />
preocupação assim com o que po<strong>de</strong>ria acontecer, mas daí o professor <strong>de</strong> supervisão,<br />
o professor Nelson, que não tá mais aqui ele trabalhou os temas <strong>de</strong> preconceito, <strong>de</strong><br />
discrimi<strong>na</strong>ção e aí ele entrou <strong>na</strong> questão que eu ia me transformar, ele avisou, todos<br />
os alunos sabiam. O pessoal do Somos também trabalhou aqui <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, mas <strong>de</strong>pois<br />
que eu mu<strong>de</strong>i...aí eles vieram, daí eles vieram também e aí eu fiz o curso, vieram<br />
trabalhar com os alunos, a Nádia trabalhou muito também com algumas turmas, então<br />
teve assim essa...” (Julia<strong>na</strong>- Professora)<br />
6.3 - Direitos<br />
O discurso jurídico parece ser central <strong>na</strong> legitimida<strong>de</strong> da reivindicação da<br />
professora Julia<strong>na</strong> e é amplamente usado por educadoras/es <strong>de</strong>sta <strong>escola</strong>. O fato <strong>de</strong><br />
estarem explícitos <strong>na</strong> lei os direitos da livre expressão da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> confere uma<br />
legitimida<strong>de</strong> que autoriza situações novas como a vivida nesta <strong>escola</strong>. Julia<strong>na</strong> percebe<br />
nos alunos um tratamento diferenciado que ela atribui a uma legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida ao<br />
amparo legal do qual alunos/as tem conhecimento: “Se ofen<strong>de</strong>m <strong>na</strong> minha frente, <strong>de</strong><br />
bicha, boiola, veado, não sei o que, mas quando se trata da professora, ah, não!<br />
Respeito absoluto.”<br />
“Eu acho que é por uma questão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, acho que tem, <strong>de</strong> certa forma tem essa<br />
questão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, a professora exerce uma posição, que eu acho que mesmo eles, às<br />
vezes, querendo agredir e tal, mas tem aquela coisa <strong>de</strong> ser, o respeito à professora, à<br />
lei...E teve muito forte isso, que a partir da lei, tu argumentar que tem uma lei, tu<br />
argumentar que se tem uma lei que te dá o direito, e que discrimi<strong>na</strong>ção é crime, eles<br />
sabem que é, eles sabem que o preconceito por orientação é crime e tem uma lei que<br />
pune, é que nem a história das pichações, que eles vem dizer, a pichação é um crime,