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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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profissio<strong>na</strong>is: “Naquela época a gente trabalhava com a constituição <strong>de</strong>baixo do braço,<br />

toda a equipe diretiva com a constituição embaixo do braço.” “A gente não sabia o que<br />

vinha pela frente”<br />

Eu vejo ainda assim: que ao mesmo tempo que nós comentamos que temos uma<br />

<strong>escola</strong> bem aberta sobre isso <strong>de</strong> conversar, <strong>de</strong> dialogar, mas tem outras situações que<br />

todo mundo sabia, todo mundo sabia mas raras pessoas ousaram tocar no assunto,<br />

tinha colegas que <strong>na</strong>moravam, que eram parceiras, que elas nunca assumiram<br />

formalmente perante o grupo. Eram duas mulheres, isso acho que também...não sei se<br />

era um pouco <strong>de</strong> preconceito, ou era uma reserva <strong>de</strong>las, todo mundo também tem esse<br />

direito, não querem abrir para o grupo, não querem, mesmo que todos saibam. Sempre<br />

foram muito bem tratadas, mas não era explicitado, e a gente sempre respeitou<br />

também, se falava em pequenos grupos, conviviam muito bem, são situações que à<br />

muito tempo o pessoal antes da chegada da Julia<strong>na</strong>, já se vivia um momento com um<br />

colega gay aqui, mais <strong>de</strong> um, já tinha esse casal, outras colegas que não tinham a sua<br />

parceira aqui <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, é que este é um assunto muito pessoal <strong>de</strong> como as<br />

pessoas...não tem que chegar aqui <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira olha esta é minha família, a minha vida<br />

<strong>sexual</strong> é <strong>de</strong>sta forma, porque tenho um companheiro, uma companheira, não tem que<br />

fazer isso. Então, se conversa, até por uma questão <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> dizem para mim, para<br />

ti, para a fula<strong>na</strong>. ( Janice- supervisora pedagógica)<br />

As professoras que estão <strong>na</strong> <strong>escola</strong> há mais tempo relatam outro momento em<br />

relação à visibilida<strong>de</strong> das <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> isto ficava no implícito e o assunto não<br />

era conversado entre os/as educadores/as e não se pensava em levar esta discussão<br />

para <strong>de</strong>ntro das salas <strong>de</strong> aula como conteúdo do currículo. Esta é uma possibilida<strong>de</strong>,<br />

um novo momento, bem recente <strong>na</strong> educação, on<strong>de</strong> este assunto ganhou uma<br />

legitimida<strong>de</strong> suficiente que permite que ele seja tratado como um conteúdo a ser<br />

trabalhado <strong>de</strong>ntro do conceito <strong>de</strong> cidadania. Neste sentido é importante perceber que<br />

no contínuo das <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s ditas periféricas, as manifestações mais discretas<br />

tiveram seus espaços sem tantas intervenções ao contrário do caso <strong>de</strong> travestis e<br />

transgêneros que já chegam “fazendo bafo”. Sua transgressão <strong>de</strong> fronteiras é explícita,<br />

está marcada no corpo e por vezes não permite a estratégia da homogeneização, o<br />

discurso da igualda<strong>de</strong>.<br />

“A época que eu virei travesti, a diretora era a Vera, a Vera estava assim um pouco<br />

assustada e preocupada com a situação, não só ela como todo mundo assim, mas eu<br />

<strong>de</strong>ixei bem claro assim, entreguei, entreguei a lei, aquela 11 mil...oito, meia dois, não<br />

sei, a lei estadual que trata da discrimi<strong>na</strong>ção e do preconceito e disse: faça-se cumprir a<br />

lei, entreguei para ela, ela trabalhava com a lei em cima da mesa, qualquer pai que<br />

chegasse a lei tava ali, enten<strong>de</strong>u? Mas a lei vem para dar uma ajuda muito maior porque

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