A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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pontual, de se tratar isso com clareza, o que é homofobia e tudo o que vem a partir daí,
nunca tinha participado, para mim foi a primeira experiência e fico feliz, para mim é
positivo, tanto que o retorno que nós tivemos, do retorno das escolas que participaram
do primeiro encontro, nós fomos a única escola que realmente trabalhou. O primeiro
grupo que trabalhou, foram escolhidas algumas escolas para fazer este trabalho, foram
chamadas, selecionadas e as pessoas que foram deveriam ser multiplicadoras em
suas escolas, esse era o objetivo, o curso foi pago, as pessoas não pagaram, foi a
secretaria e o governo federal que fizeram isso, era liberado o ponto para participar,
para ser multiplicador cada um que foi. E daquele ano e do seguinte, a única escola
que trabalhou foi a nossa. Que desenvolveu um projeto. (Janice - supervisora
pedagógica)
A experiência de ter uma professora diferenciada na escola possibilitou que
várias outras situações que aconteciam, que existiam na escola, pudessem ser
explicitadas, que se falassem das lésbicas que não eram nomeadas, nos conflitos
referentes ao preconceito, etc.
Nós achamos que é importante, que é um trabalho sério, que tem que ser feito, eu
entendo que isso é diferente, então o grupo recebe de uma outra forma, de forma
aberta também e aí vem as histórias, a situação dos relatos do que eu conheço, do que
eu vi, eu sei que na família tem, as questões que nunca tinham aparecido, tem uma
pessoa assim que é homossexual que tem família, que adotou um filho, que tem seu
companheiro, esclareceu muita coisa, isso não é bem assim, que não pega, que não
faz mal! Claro porque tem que chegar essa hora que tem que ver que é minha amiga,
minha colega. Mas é o medo pela falta de conhecimento, é um preconceito sim, é o
medo do que o grupo de colegas vai pensar: bom, agora fui no curso e voltei pensando
essas coisas diferentes, modernas, sei lá o quê, por que isso muda a postura, porque é
uma postura pessoal, se não mudar a estrutura pessoal não tem como fazer o trabalho
de forma natural e séria como tem que ser. Senão tu vai trabalhar qualquer outro tema.
(Janice- supervisora pedagógica)
A diretora conta que sempre conversou muito com Juliana, inclusive quando ela
chegou na escola, se apresentou para trabalhar, algumas professoras mostraram receio
de como ela, na época ele, iria se adaptar na escola, naquele momento já havia um
certo estranhamento, pois Júlio apresentou-se na escola com seu namorado ao lado,
“nunca escondeu que era gay”. A atual diretora, naquela época vice-diretora, colocou
para as colegas que: “Vamos dar uma chance, vamos ver no que dá....” Não era
novidade na escola professoras homossexuais, mas a postura sempre foi de discrição:
“Todos sabiam, de casais dentro da escola e pessoas que tinham seus parceiros fora
da escola, porém nunca se falou abertamente sobre isso.” Então a comunicação da
Juliana que faria uma cirurgia, colocaria silicone, desestabilizou a equipe de