A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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pedagógicas, on<strong>de</strong> o tom é um pouco mais formal e se utilizam expressões<br />
politicamente corretas. Neste sentido parece que a <strong>escola</strong> está priorizando o <strong>de</strong>bate a<br />
partir <strong>de</strong> situações cotidia<strong>na</strong>s, o que, afi<strong>na</strong>l, é a realida<strong>de</strong> vivida por estes/as<br />
profissio<strong>na</strong>is que estão lidando com seus posicio<strong>na</strong>mentos no dia a dia do seu trabalho,<br />
a questão está posta. Esta vivência da <strong>escola</strong>, experienciada como uma novida<strong>de</strong>, algo<br />
inusitado, abriu um espaço <strong>de</strong> discussão e: “nos <strong>de</strong>ixou mais atentas, o olhar, a gente<br />
fica com um olhar mais atento para as situações”. Um exemplo seria a atitu<strong>de</strong> da<br />
supervisora pedagógica que utilizou um texto que encontrou <strong>na</strong> internet: Discrimi<strong>na</strong>ção<br />
contra os brancos, on<strong>de</strong> um advogado branco diz se sentir discrimi<strong>na</strong>do, pois: “Hoje,<br />
tenho a impressão <strong>de</strong> que o cidadão comum e branco é agressivamente discrimi<strong>na</strong>do<br />
pelas autorida<strong>de</strong>s e pela legislação infraconstitucio<strong>na</strong>l, a favor <strong>de</strong> outros cidadãos,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam índios, afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, homossexuais ou se auto<strong>de</strong>clararem<br />
pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.” 16 Ela levou cópias para<br />
uma reunião com as/os professores/as: “Eu fiz cópias e larguei lá, sem falar <strong>na</strong>da,<br />
como quem não quer <strong>na</strong>da, só para ver no que dava...Então aí que tu vê as pessoas se<br />
revelando, uma colega nossa, que convive normal conosco, trouxe umas idéias, e bem<br />
firme disso, que ela era a favor daquilo, que concordava!” Esta supervisora utilizou o<br />
texto para trazer a to<strong>na</strong> divergências que estavam veladas: “Claro, que como nós<br />
trabalhamos muito , ela disse que a única coisa que ela achava que não concordava<br />
era dos homossexuais, que em relação a eles tudo bem...mas no resto ela concordava.<br />
É aí, que as pessoas se posicio<strong>na</strong>m...”<br />
“Olha, até eu tô bem feliz assim, eu nunca vivi situações, vamos dizer,<br />
constrangedoras, nem em relação a colegas, nem a pais, alunos em função disso. Que<br />
a gente sabe que tem muito, então on<strong>de</strong> eu trabalhei eu não vivi isso, como também<br />
tive colegas homossexuais, colegas lésbicas, umas pessoas assim muito discretas,<br />
muito queridas, respeitadas, tanto como pessoas como profissio<strong>na</strong>is, nunca usaram<br />
isso como uma ban<strong>de</strong>ira, tanto para se colocar melhor ou diferente do grupo, então eu<br />
tenho experiências boas das <strong>escola</strong>s que eu trabalhei. Trabalhei em várias mas<br />
não...mas também o assunto nunca foi abordado <strong>de</strong> forma clara, conversada, se<br />
convivia com a situação. E nunca tinha participado <strong>de</strong> um trabalho como foi aqui:<br />
16 Em anexo. Texto atribuído a Ives Granda da Silva Martins encontrado em<br />
http://www.odiario<strong>de</strong>teresopolis.com.br/colunistas.asp?IdAutor=93