A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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“Então daí eu trabalhei essas questões em grupo, eu trouxe um questionário, eu
elaborei questões básicas sobre esses temas, coisas do cotidiano, coisas dele, e
trouxe para eles trabalharem, sentarem em grupo, por afinidade e eles tinham que
discutir o texto e responder. Então foi tranqüilo, não teve gritaria em nenhum momento,
foi super tranqüilo, mesmo por que eu já tinha trabalhado o filme Saindo do Armário
com eles, que trata bem a questão da sexualidade na escola, através de dois meninos,
relação de dois meninos, assim, o filme em si provoca questões e toda aquela questão,
inclusive aquela hora do beijo dos meninos: ah! Ai, que nojo! Entendeu? E aí, bem
normal, eles olharam o filme, a gente olhou em duas partes e... foi super tranqüilo.
Então nós trabalhamos, estou trabalhando desde o início do ano, desde o tempo que
eu assumi eles, vamos dizer que em maio, em maio eu comecei a dar aula para eles,
esta disciplina, e nas aulas de Artes também se trabalha bastante essas questões, se
trabalha bem assim, já em função da postura da professora e tal, então as relações são
super tranqüilas, não tem muitos problemas.” (Juliana- professora)
O fato de Juliana ser travesti tem colocado o assunto à tona e esta professora,
juntamente com a supervisão e SOE, tem optado por não deixar o tema acontecer só
de maneira informal, mas abordar de forma sistemática em forma de conteúdo previsto
nas matérias. Ela construiu um questionário com perguntas (em anexo) e os/as
alunos/as trabalharam suas respostas com os/as colegas.
“Neste trabalho eu fui direta ao ponto que eles, que é o ponto que eles querem
responder, querem abordar, e agora as coisas que estão na mídia como esta questão
da adoção, a questão da novela, são coisas que...que são pontuadas e que eles tão de
certa forma questionando, então foi bem assim... então, a gente a partir de agora, eu fiz
um levantamento das respostas, de todas as respostas do que os grupos fizeram e aí
eu voltei na outra aula e daí eu li as respostas, mas não disse fulano disse isso, fulano
disse aquilo. E a partir disso já gerou uma polêmica, por que um respondeu uma coisa,
outro não concorda: como?! Mas é opção! Aí já queriam se engalfinhar, no final, por
que aí tu via quem é que tinha respondido o quê. (risos) Os gregos e os troianos, eles
se identificaram, eu disse não precisa botar nome nas respostas, não precisa colocar
nome nas folhas, não, mas assinaram, eu disse: bom... Eu disse porque aqui vocês vão
colocar coisas de vocês, coisas que vocês acham, não é coisa para mim, não é coisa
para o colega, vocês não vão me ofender ou ofender alguém aqui dentro por estarem
colocando suas respostas. Então não precisa colocar identificação, vai valer nota, não
é a nota do trabalho, mas é a participação de todos, então não se preocupem que vai
valer ponto por que não é prova, o que vai valer ponto é a participação, todos que
estão na aula vão ganhar o mesmo ponto. Então foi super tranqüilo. Mas uns
assinaram...” (Juliana- professora)
Neste trabalho a professora Juliana formulou perguntas com uma linguagem
direta e de situações do cotidiano, propondo pensar sobre atitudes, parece que seu
texto se diferencia um pouco da forma que aparecem nos livros e nas propostas