A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
80<br />
“Eles falam, se soltam, não têm vergonha, eles não têm constrangimentos. Na oitava,<br />
sema<strong>na</strong> passada, uma meni<strong>na</strong> falou que viu <strong>na</strong> Internet que têm uns tarados que<br />
querem que a gente faça xixi e cocô em cima <strong>de</strong>les. E ficamos falando disso, eu não<br />
sabia nem que isso tinha nome e fomos pesquisar no livro, e estava lá. Por sorte eu<br />
estava com o livro O Sexo Secreto, e procuramos e tinha...Eles trazem cada pergunta!<br />
Mas é assim, eles falam.”<br />
O livro <strong>de</strong> que Nádia fala se trata <strong>de</strong> “O Sexo Secreto” <strong>de</strong> Cláudio Picazio, que <strong>na</strong><br />
sua apresentação a obra é colocada como sendo: “um livro que se propõe a amparar<br />
professores que dão orientação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s <strong>de</strong> ensino médio.”<br />
Além <strong>de</strong> conversar, <strong>de</strong>bater com os alunos, a orientadora utiliza técnicas que ela<br />
pesquisou e que foram aprendidas <strong>na</strong> formação, uma das ativida<strong>de</strong>s que ela costuma<br />
<strong>de</strong>senvolver consiste em: distribuir para os/as alunos uma folha on<strong>de</strong> aparecem duas<br />
colu<strong>na</strong>s, <strong>de</strong> um lado: vantagens <strong>de</strong> ser mulher, no outro, vantagens <strong>de</strong> ser homem.<br />
Os/as alunos preenchem estas folhas e <strong>de</strong>pois discutem questões relativas a gênero a<br />
partir do material que foi produzido pelos/as alunos/as. Ela utiliza também esta tarefa<br />
com as colu<strong>na</strong>s dividas em: <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> ser homem e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> ser<br />
mulher. 15<br />
Percebi que as professoras constroem estratégias para introduzirem questões<br />
que consi<strong>de</strong>ram pertinentes e buscam conquistar espaços pedagógicos: nesta <strong>escola</strong> a<br />
matéria obrigatória Ensino Religioso passou a ser nomeada Ética e Cidadania, on<strong>de</strong> a<br />
temática dos direitos humanos é abordada.<br />
“Na turma 62, que eu sou conselheira, eu trabalho a discipli<strong>na</strong> <strong>de</strong> Ética e Cidadania,<br />
que era o antigo ensino religioso, nós mudamos o nome por conta e risco, então assim<br />
eu trabalho com eles porque eu tenho contato direto, como eles me escolheram como<br />
professora conselheira, então a gente tem uma relação muito mais próxima, então tu<br />
trabalha todas as questões <strong>de</strong> ética e cidadania, então, este ano com esta turma.”<br />
(Julia<strong>na</strong>- professora)<br />
A professora Julia<strong>na</strong> <strong>de</strong>senvolveu <strong>na</strong> matéria, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da por elas, <strong>de</strong> Ética e<br />
Cidadania um trabalho com os/as alunos/as abordando as questões <strong>de</strong> preconceito.<br />
15 Esta técnica aparece como sugestão <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para utilizar com alunos no livro “Sexo se Apren<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />
Escola” <strong>de</strong> Marta Suplicy e cols. <strong>de</strong> 1995.