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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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<strong>de</strong>i o assunto mesmo no ano passado, ela já assistiu todas as aulas!”. Coloca que<br />

também <strong>na</strong> sua <strong>escola</strong> elas, professoras, foram mexidas pela presença do Júlio e que<br />

então os alunos já estão propensos a discutir (percebo que Júlio é a travesti). Ela disse<br />

“Ontem ele estava aqui, tu o conheceste, eu não consigo chamar ele <strong>de</strong> Julia<strong>na</strong>, ele<br />

gosta <strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong> Julia<strong>na</strong>, eu não consigo. É que eu estava acostumada com<br />

Júlio, foi <strong>de</strong> repente. Ele já dava aula <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, nunca escon<strong>de</strong>u que era gay, mas aí<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma licença <strong>de</strong> 15 dias ele voltou mulher, com silicone e todo <strong>de</strong> mulher. Foi<br />

um choque e eu não consigo chamar ele <strong>de</strong> Julia<strong>na</strong>, então às vezes chamo <strong>de</strong> Ju, mas<br />

ele não gosta <strong>de</strong> apelidos, gosta <strong>de</strong> Julia<strong>na</strong>.” Fala que ele não tem problemas com os<br />

alunos, todos se dão muito bem com ele e nenhum pai ou mãe reclamou. Ele é<br />

professor <strong>de</strong> artes. Ao fi<strong>na</strong>l da conversa insistiu que eu fosse conhecer a <strong>escola</strong>,<br />

percebi uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar sobre esta experiência.<br />

Quando entrei em contato com estas professoras elas estavam iniciando um<br />

processo <strong>de</strong> adaptação, a professora Julia<strong>na</strong> estava se afirmando como travesti <strong>na</strong><br />

<strong>escola</strong> e isto estava trazendo a to<strong>na</strong> várias questões para a equipe diretiva e<br />

educadoras/es. A discussão sobre diferença e <strong>diversida<strong>de</strong></strong> estava se dando <strong>na</strong> prática<br />

<strong>de</strong>stes profissio<strong>na</strong>is.<br />

A formação da ong Somos tinha a proposta que os/as participantes fossem<br />

multiplicadores/as em suas <strong>escola</strong>s <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong>senvolvessem projetos, práticas com<br />

seus/suas colegas e alunos/as. De todas as <strong>escola</strong>s que participaram, esta <strong>escola</strong><br />

estadual foi a única que <strong>de</strong>senvolveu um projeto para discussão da <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong><br />

e homofobia, e fez um convite à ong para que eles <strong>de</strong>senvolvessem um trabalho com<br />

os/as alunos/as da <strong>escola</strong>, o que aconteceu.<br />

Fiz a primeira visita a <strong>escola</strong> estadual em 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008. A <strong>escola</strong> é <strong>de</strong><br />

ensino fundamental e até 2007 tinha EJA no turno da noite; tem 480 alunos e em torno<br />

<strong>de</strong> 35 professores. A <strong>escola</strong> se situa em um bairro próximo ao centro <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />

ela não é muito visível para quem transita <strong>na</strong> rua, por vezes passa <strong>de</strong>spercebida, tem à<br />

frente um muro com um portão com interfone, ao entrar tem um pátio on<strong>de</strong> ficam uma<br />

pracinha e uma quadra <strong>de</strong> futebol/basquete. Após, vemos um prédio em forma <strong>de</strong> U<br />

com um pátio interno e no fundo do terreno uma quadra e um espaço com árvores e<br />

bancos. Durante os períodos <strong>de</strong> aula os corredores ficam vazios e a <strong>escola</strong> não

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